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VOLUME 4
PSICOLOGIA PERINATAL
E DA PARENTALIDADE
PUBLICAÇÕES MATERONLINE
VOLUME 4
Instituto MaterOnline
Ficha catalográfica
Prefácio
Sumário
CAPÍTULO 1
DEPRESSÃO PÓS-PARTO E O
DESENVOLVIMENTO DO APEGO NA
CRIANÇA: POSSÍVEIS
CONSEQUÊNCIAS
LAURA HELENA DE OLIVEIRA PIRES
Introdução
Pressupostos Metodológicos
Resultados
Discussão
ceder sua subjetividade ao bebê para que este possa construir sua própria.
Com isso, percebe-se que mães que sofrem de depressão pós-parto se
veem impossibilitadas de fornecer um bom ambiente aos filhos, podendo
causar as interferências supracitadas. Um intenso desamparo emocional
surge quando há a privação deste cuidado e de um ambiente
suficientemente bom que possa prover os cuidados vitais, causando
extrema frustração e desilusão. (CAMBUÍ, NEME; ABRÃO, 2016; BORSA,
FEIL; PANIÁGUA, 2007).
Contudo, Fonseca, Silva e Otta (2010), em seus estudos, encontraram
resultados em que a depressão pós-parto materna não altera a relação
mãe-bebê em suas vicissitudes, bem como tem baixas possibilidades de
interferências futuras.
A grande maioria dos estudos (ALT; BENETTI, 2008; BORSA; FEIL;
PANIÁGUA, 2007; SCHMIDT; PICCOLOTO; MÜLLER, 2005; BRUM;
SCHERMANN, 2006; CARLESSO; SOUZA, 2010; CAMBUÍ, NEME; ABRÃO
2016; SILVA; OTTA, 2010) discutiram sobre os impactos da depressão
materna na relação mãe-bebê, deixando, assim, de lado a perspectiva
paterna.
Neste sentido, Silva e Piccinini (2009) embasaram suas pesquisas na
relação paterna no contexto de depressão materna, sendo este o possível
moderador dos efeitos que o transtorno pode causar aos filhos, tornando-
se um essencial fator de proteção. Estar presente e cumprir a função de
principal cuidador da criança pode proporcionar o ambiente
suficientemente bom que a criança precisa para se desenvolver, bem como
prestar apoio emocional a mãe. O pai tem papel fundamental como
cuidador e intermediador da relação, porém, quando está ausente numa
situação de depressão materna ou simultaneamente depressão paterna,
podem se intensificar os comprometimentos na criança.
Com relação ao apego, é possível vislumbrar que falhas nos cuidados
iniciais da vida do bebê podem causar severas alterações quanto ao seu
padrão. (CARLESSO; SOUZA, 2010; DALBEM; DELL’AGLIO, 2005; RAMIRES;
SCHNEIDER, 2010; BRUM; SCHERMANN, 2004).
O bebê recém-nascido já possui uma imensa capacidade para interação.
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Considerações Finais
REFERÊNCIAS
CAPÍTULO 2
CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA
PERINATAL NO CICLO GRAVÍDICO
PUERPERAL
MARIA DOS MILAGRES COSTA LIMA
A Maternidade em evolução
Considerações Finais
REFERÊNCIAS
ZORNING, Silva Maria Abu- Jamra. Tornar-se pai, tornar-se mãe: O processo
de construção da parentalidade. Rev. Tempo Psicanalítico, v.42, n.2,
p.453-470, 2010. http://pepsic.bvsalud.org/pdf/tpsi/v42n2/v42n2a10.pdf.
Acesso em: 13/ 03/ 2020.
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CAPÍTULO 3
MULHERES E MULHERES GESTANTES
VÍTIMAS DE VIOLÊNCIAS
MARISTELA DE MELO ALMEIDA
INTRODUÇÃO
Problematização
Objetivos
Específicos
a) Apontar os tipos de violências contra mulheres; b) Identificar políticas
públicas de enfrentamento à violência contra a mulher; c) Investigar o
processo histórico; d) Explanar sobre o CREAS (Centro de Referência de
Assistência Social).
Justificativa
Revisão Da Literatura
Definição de violência
enfrentar um problema que aflige uma grande parte das mulheres do Brasil e
no mundo, que é a violência. Hermann (2008, p.82) destaca que a Lei nº
11.340, de agosto de 2006:
Sobre a história da Lei Maria da Penha, Campos (2007) relata que em 1983
a biofarmacêutica Maria da Penha Maia Fernandes levou um tiro nas costas
que a deixou paraplégica aos 38 anos de idade, sendo que o autor do disparo
foi seu esposo, que após uma primeira tentativa ainda tentou matá-la por
eletrocussão. Tal caso chegou a Comissão Interamericana dos Direitos
Humanos da organização dos Estados Americanos, ocasião em que o Brasil foi
responsabilizado por omissão e negligência em relação à violência doméstica.
De acordo com Dias (2008), os ditos populares: “em briga de marido e
mulher ninguém mete a colher”, “mulher gosta de apanhar”, “ele pode não
saber por que bate, mas ela sabe por que apanha” parecem ter absolvido a
violência contra a mulher. No entanto, segundo a autora, isto é um engano
gerado pela dificuldade que as vítimas têm de denunciar estes agressores,
algumas vezes por medo, vergonha, por não conseguirem sustentar seus
filhos ou se manter sozinha.
Cavalcanti (2008) fala que com a Lei Maria da Penha abriram-se atuações
ao Ministério Público, sendo elas: Institucionais; Administrativas e Funcionais.
As institucionais dizem respeito à integração operacional que deve ser feita
entre o Ministério Público e as demais entidades envolvidas, sendo assim
todas as ações voltadas à violência contra a mulher devem ser elaboradas e
pensadas de forma articulada entre os órgãos responsáveis. Nas
administrativas, cabe ao Ministério público fiscalizar junto às entidades
públicas ou privadas que prestaram atendimentos a estas mulheres vítimas de
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Feminicídio
para o combate à violência contra a mulher, havendo três motivos para essa
data. Primeiramente, a Campanha UNA-SE Pelo Fim da Violência contra as
Mulheres, lançada pelo secretário-geral das Nações Unidas, a qual é descrita
como um movimento solidário que tem como foco a igualdade de gênero.
Também o 25 de novembro foi instituído como o Dia Internacional de
Eliminação da Violência contra as Mulheres, sendo que em 1999 a Assembleia
Geral das Nações Unidades escolheu esse dia como lembrança do 25 de
novembro de 1960, quando as três irmãs Mirabal, ativistas políticas na
República Dominicana, foram assassinadas a mando do ditador Rafael Trujillo;
e, por último, os 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres,
referentes ao período de 25 de novembro a 10 de dezembro, datas em que
são celebrados o Dia Internacional para Eliminação da Violência contra
Mulheres e o Dia Internacional dos Direitos Humanos, respectivamente.
Pasinato (2011) cita que a violência contra as mulheres é definida como
universal e estrutural e fundamentada no sistema de dominação patriarcal.
Dessa forma, o feminicídio é apresentado como resultado das diferenças de
poder entre homens e mulheres, sendo também condição para a manutenção
dessas diferenças.
O Instituto Patrícia Galvão (2017) mostra que no Brasil o cenário mais
preocupante é o do feminicídio cometido por parceiro íntimo e que
geralmente é precedido por outras formas de violência. Tal ato trata-se de um
problema global e se caracteriza como crime de gênero ao carregar traços
como ódio, que exige a destruição da vítima, e também pode ser combinado
com as práticas da violência sexual, tortura e/ou mutilação da vítima antes ou
depois do assassinato.
Com uma taxa de 4,8 assassinatos em 100 mil mulheres, o Brasil está entre
os países com maior índice de homicídios femininos, ocupando assim a quinta
posição em um ranking de 83 nações, segundo dados do Mapa da Violência de
2015.
Segundo o Instituto Patrícia Galvão (2017), o principal ganho com a Lei do
Feminicídio (Lei nº 13.104/2015) é justamente tirar o problema da
invisibilidade. Além da punição mais grave para os que cometerem o crime
contra a vida, a tipificação é vista por especialistas como uma oportunidade
para dimensionar a violência contra as mulheres no país, quando ela chega ao
desfecho extremo do assassinato, permitindo, assim, o aprimoramento das
políticas públicas para coibi-la e preveni-la.
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De acordo com Coelho et al. (2014) para que seja exposto o processo
como se constituíram as políticas públicas de enfrentamento da violência é
necessário fazer uma retrospectiva sobre a conquista dos direitos das
mulheres no âmbito nacional e internacional, sendo que o marco foi a
Conferência Mundial do Ano Internacional da Mulher em 1975, na Cidade do
México. Logo após houve o lançamento da Década da Mulher (1975-1985),
quando ocorreu a convocação dos governos para a promoção da igualdade
entre homens e mulheres diante da lei, sendo assim teriam igualdade a
emprego, educação, salário, formação profissional e assistência social.
Conforme Coelho et al. (2014) existiu, ainda, na década de 1970 a
Convenção sobre a eliminação de todas as Formas de Discriminação contra a
Mulher que teve como principal compromisso a promoção e a proteção dos
direitos das mulheres. Na década de 1990 ocorreu a inclusão dos direitos das
mulheres na agenda mundial dos direitos humanos e na pauta política dos
governos. Os eventos mais significativos desse período foram: Conferência de
Viena e seu Programa de Ação (1993); Declaração das Nações Unidas sobre a
Eliminação da Violência Contra as Mulheres (1993); Conferência sobre a
População e Desenvolvimento e sua Plataforma de Ação; Convenção
Interamericana para Prevenir e Erradicar a Violência Contra a Mulher também
conhecida como Convenção de Belém do Pará (1994); IV Conferência da
Mulher em Beijing e a Plataforma de Ação Mundial da Mulher (1995) (COELHO
et al., 2014).
No período de 1992 a 2012 muitas alterações institucionais ocorreram no
país no que se refere às políticas de enfrentamento a violência contra as
mulheres. Como mostra o Relatório sobre o Progresso Das Mulheres no Brasil,
nos anos de 2003 a 2010, existiu uma produção crescente de estudos e dados
estatísticos sobre a incidência da violência contra as mulheres, na adoção de
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O CREAS tem como demanda pessoas com direito violado, que sofrem
negligência e abandono, que foram ameaçadas ou sofreram maus tratos,
vítimas de violência ou que tenham sofrido discriminação de qualquer tipo.
Neste sentido não se pode deixar de citar o Programa de Atendimento
Especializado à Família e Indivíduo (PAEFI), sendo este um serviço voltado para
famílias e pessoas em situação de risco social ou com violação de direitos. Ele
oferece apoio, orientação e acompanhamento para superação de situações
mais graves, como exemplo: violência, abuso ou exploração sexual, trabalho
infantil, adolescentes em conflito com a lei. Esse serviço tem como objetivo a
reconstrução das relações sociais e familiares e a superação de padrões de
relacionamento (BRASIL, 2016).
Conforme o CFP (2013), os fenômenos sociais que transcorrem às pessoas
que chegam até ao CREAS não são somente direitos da população pobre. A
violação de direitos, o afastamento do convívio familiar, a fragilização ou
rompimento de vínculos, o agravamento de situações de risco pessoal e social,
as violências intrafamiliares ou domésticas acontecem em todas as classes
sociais. O público atendido no CREAS é encaminhado por promotores, juízes
ou conselheiros tutelares, a partir de denúncias.
O atendimento psicossocial realizado no CREAS tem um efeito terapêutico,
no entanto, vale lembrar que a psicoterapia não faz parte da sua proposta,
tendo em vista que há locais destinados como as Unidades de Saúde ou
Clínicas Escolas. Porém, em alguns momentos os profissionais não conseguem
fazer os encaminhamentos devido à falta de vagas, sendo assim, pela
importância deste tratamento, os psicólogos se propõem a realizar
psicoterapia (CFP, 2013).
Segundo o CPF (2013), a psicologia quando compôs as equipes de
referência do CREAS, contribuiu para um olhar no aspecto do sujeito em sua
relação na sociedade e na família. Cabe ao psicólogo apontar um
posicionamento ético-político, romper com hipóteses que servem à
manutenção da desigualdade posta, além de ter olhar e posicionamento
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REFERÊNCIAS
CAPÍTULO 4
FEMINILIDADE E MATERNIDADE Á
LUZ DA REFLEXÃO PSICANALÍTICA
RAYANE KELLY DOS SANTOS MORAIS
INTRODUÇÃO
igual para todas as mulheres, considerando que cada mulher lida com o seu
ser de maneira muito singular. Qual o desejo da mulher? Essa é uma pergunta
que Freud se fez e que trataremos no discorrer do texto. Mas como explicar
então quando uma mulher não nutre e nem demostra seu amor pelos filhos?
Campista e Caldas (2017) nos apresenta o trágico caso de Medeia, um
mito escrito por Eurípedes na Grécia antiga, que conta a história de uma
mulher importante e poderosa, que mata seus filhos quando é deixada pelo
pai dos mesmos. Apaixonada de forma avassaladora por Jasão, ela abandona
sua família e sua terra natal para viver esse amor, cometendo assim, vários
crimes durante a sua fuga. Ao chegar na Grécia o casal vive feliz, logo após
celebrando uma felicidade maior com o nascimento dos dois filhos. Porém,
como toda mulher, Medeia não esperava que Jasão fosse se interessar por
outra mulher, mas foi isso mesmo que aconteceu. Jasão se apaixonou por
Creuza, filha do rei de Corinto- Creonte, a ponto de abandonar Medeia para
casar-se com esta. A preferência de Jasão por outra mulher fez com que
Medeia perdesse o controle sobre si, pois este ato de Jasão foi uma violação
contra seus princípios. Abraçada pelo sentimento de ódio Medeia começa
então a tecer a sua vingança, para punir Jasão por desejar outra mulher.Com o
seu feitiço Medeia mata Creonte e Creuza e para fazê-lo sofrer tal como ela
própria havia sofrido, decide também matar os filhos, fruto de seu casamento
para depois fugir (CAMPISTA, CALDAS, 2017).
Segundo Campista e Caldas (2017) o amor na mulher é sublinhado pela
incerteza, pela procura do homem que seja o significado do que ela deseja. De
acordo com o contexto histórico social da mulher, podemos ver que era
solicitado que estas ficassem limitadas ao homem e aos filhos, porém ao
discorrer sobre o mito de Medeia, pode-se ver que a mesma dá provas de que
isto não lhe basta. Medeia considera que a maternidade não lhe é suficiente.
“Na liberdade, muitas vezes aparente, que permeia a contemporaneidade,
existe a possibilidade de que a mulher, viva o próprio desejo, de que viva a sua
subjetividade”. (EMIDIO, 2011, p. 75).
Portanto, desde a Grécia antiga que a mulher está dividida entre ser
mulher e mãe. “Á medida que a sociedade vai se modificando, surgem novos
sujeitos e novas necessidades e, consequentemente, novos direitos” (MATOS,
GITAHY, 2007, p.74). Portanto, com os avanços políticos significativos em
diversas áreas, as mulheres passam a defender outros estilos de vida,
reivindicando o direito de viver sua sexualidade de maneira mais livre e
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todo seu direito de devir, muitas mulheres buscam por outros meios, algo que
as satisfaçam, que supra seu desejo. Nem todas as mulheres desejam filhos e
não pensam a maternidade como meio de suprir a sua falta. Porém, ainda há
controversas e a grande maioria das mulheres ainda vê a maternidade como
uma realização.
Contudo, após todo o arcabouço que até aqui foi construído, no que
concerne aos aspectos sociológicos da feminilidade e consequentemente da
maternidade, buscaremos na teoria psicanalítica as explicações sobre o
tornar-se mulher e a função do filho na economia libidinal de uma mulher na
contemporaneidade.
Considerações Finais
REFERÊNCIAS
COUTO, Margaret Pires do; MATTOS, Cristina Pittella de. Quais os impasses
para a criança se inscrever no outro hoje? Maternidades contemporâneas.
Revista Curinga, n.40, p.145-161, 2015.
CAPÍTULO 5
PAPEL DO PSICÓLOGO PERINATAL NO
PARTO
TAIANA SANTOS LOURENÇO DA SILVA
INTRODUÇÃO
Humanização Do Parto
e compreensão das mudanças, bem como, um espaço para uma fala sem
julgamento sobre seu novo papel, que é a maternidade. Promover a saúde
mental é apresentar a gestante que aquele espaço e tempo é dela, e ali ela
pode relatar suas angústias diante do ser mãe. Além de auxiliar com casos
específicos, como o planejamento familiar, quando um casal decide ter filho, e
acontece alguma intercorrência, como a gestação de risco, prematuridade,
infertilidade, luto perinatal, entre outros casos que há um envolvimento
emocional muito grande e o psicólogo auxilia neste momento que pode ser a
felicidade de descobrir a gestação, igualmente como um período de dor e
sofrimento.
Segundo Cerávolo (2019) o verdadeiro papel do psicólogo acompanhando
uma gestante com o pré- natal psicológico, ou no dia tão importante, que é o
seu parto, é oferecer suporte emocional para a parturiente, ao pai do bebê e
sua rede de apoio; identificar gatilhos emocionais que possam influenciar no
dia do parto, independente da via escolhida; facilitar modificações
comportamentais necessárias para um bom parto; minimizar o sofrimento;
intervir quando necessário para que a tríade mãe-pai-bebê iniciem um vínculo
na primeira hora do bebê; identificar a qualidade do vínculo mãe com o bebê,
inclusive para que a mãe possa amamentar; identificar a necessidade de
maiores cuidado no pós-parto, de modo a evitar a depressão e outros
transtornos.
Outro papel fundamental do psicólogo perinatal é o empoderamento das
gestantes, nas últimas décadas, muito tem se usado o termo empoderamento,
na área da saúde é utilizado como dar força e voz de ação para mulheres
diante das incertezas e conceitos já existentes. Segundo Ferreira (2012) o
empoderamento de gestantes é um processo de dar voz para que elas sejam
capazes de tomar decisões e reconhecer seus direitos, a assumir o controle
sobre os fatores que podem afetar a sua saúde física, emocional e social.
Portanto, mulheres emponderadas são capazes de se sentirem
autorrealizadas, com autonomia e independência.
Com o empoderamento as gestantes têm mais energia e motivação para
buscar pelos direitos, assim como se impor e passar pelo período gravídico-
puerperal de forma mais tranquila e assim tem a autoeficácia que é primordial
para o empoderamento de uma gestante, visto que a autoeficácia é a
capacidade do sujeito para resolução de problemas e sentir-se capaz, o que
permite a gestante conseguir gerir suas emoções e sua gestação de forma
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amigos, etc. Muitas vezes a rede de apoio se encontra tão ansiosa e aflita, que
pode desfavorecer o momento da espera e do parto, visto que a gestante já
está propensa a essas emoções. Dessa mesma forma, o psicólogo perinatal
deve estar atento às necessidades da rede de apoio e a equipe de saúde,
muitos sentem a extrema necessidade de ter um psicólogo ali, pois, assim
sabem que a gestante estará mais tranquila, e consequentemente podendo
evitar as manifestações de angústia, ansiedade, choro, pânico e medo, que
podem atrapalhar o andamento do trabalho de parto.
As autoras e psicólogas Ismael e Guidugli (2015) explicam no livro, do
Nascimento à Morte: Novos Caminhos na Prática da Psicologia Hospitalar, que
a presença do psicólogo na sala de parto, dá a possibilidade da parturiente de
expressar suas emoções, como o medo, a expectativa, o desespero, a dúvida
sobre o bebê vir ao mundo saudável, se daria tudo certo no parto, ou se pode
acontecer algo que acometa sua saúde e a do bebê. Ou seja, conforme
afirmam, o psicólogo está ali para auxiliar a parturiente a vivenciar o parto no
presente, estar ali de verdade, porque muitas não conseguem se concentrar e
focar naquele momento, então o psicólogo entra com técnicas e acolhimento,
para que a parturiente consiga se manter tranquila e vivenciar o parto de
forma estável e se sentindo segura.
Conforme Ismael e Guidugli (2015) afirmam, terão casos em que as
gestantes não veem a necessidade da psicóloga na sala de parto, e essa
decisão deve ser prontamente respeitada, assim como se prontificar a estar lá
caso ela precise, como após o parto, ou em casos específicos, na primeira
visita ao bebê que se encontra na UTI neonatal. Sendo assim o importante é
respeitar o desejo e vontades dessa mãe, ou do casal. Quando o psicólogo é
aceito na sala de parto, de forma espontânea, sempre deve ter um olhar
sensível e apurado as necessidades da parturiente, com base na ética
profissional e respeitando a equipe médica, muitas vezes a parturiente não
consegue ver o que estão fazendo com o bebê após o parto e o psicólogo
pode verbalizar de forma tranquila, como:
Informações que dizem respeito: bebê estar sendo manuseado para a
limpeza de seu corpo, para ser examinado, o fato de ter feito xixi, de ser mais
cabeludinho como ela imaginava ou não, de ser preparado para pesar, ou seja,
satisfazer a curiosidade e necessidade da mãe de conhecer esse bebê antes
que este lhe seja efetivamente apresentado, uma vez que a mãe, com metade
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de seu corpo anestesiado, não encontra ali a condição autônoma para fazê-lo
por si só, ou seja, o momento é para ser cuidada (ISMAEL; GUIDUGLI, 2015, pg.
12).
Terão casos específicos, como nos casos de gestações de risco, e gestações
em que o bebê nascerá com algum tipo de síndrome ou deficiência física, e
que a situação é delicada, o psicólogo terá o mesmo papel, que é propiciar um
ambiente tranquilo e auxiliar a parturiente a vivenciar este momento de forma
mais saudável emocionalmente, porém, deve ter um olhar ainda mais
minucioso para as alterações emocionais. Deve oferecer todo suporte a
parturiente, casal ou rede de apoio, dando a possibilidade de compartilharem
seus sentimentos, que muitas vezes são de medo, tristeza e anseio pelo o que
está por vir, a vida com um bebê que traz consigo alguma doença, muitas
vezes ainda não aceita pelos pais.
Ismael e Guidugli (2015) afirmam que em qualquer gestação, logo que é
descoberta, são depositadas todas as expectativas e sentimentos nesse bebê
que está por vir, geralmente os pais depositam as expectativas que não
conseguiram realizar, ou seja, uma projeção de sonhos e objetivos, mas ao
descobrir que o bebê tem algum problema de saúde, nesse caso as autoras
Ismael e Guidugli (2015), apresentam a cardiopatia fetal, esses mesmos pais,
não sabem lidar com o mar de emoções. Visto que ali já se encontra muitos
sentimentos, além de toda ambivalência vivenciada no período gestacional,
terão que considerar um novo modelo de vida, com adaptações, os inúmeros
pensamentos de como lidar com o que não se esperava, além de vivenciar
constantemente que este bebê tem a possibilidade de não conseguir viver
após o parto, ou até mesmo antes.
Deve ser oferecido o completo apoio emocional a gestante e sua rede de
apoio, uma vez que o nascimento de um bebê saudável, para os pais é como
se fosse um espelho, conseguem se reconhecer, se veem e projetam suas
expectativas e decisões, Ismael e Guidugli (2015) explica que, ao receberem a
notícia de estarem gestando um bebê com algum problema de saúde, ocorre
uma frustração da criança idealizada desde a infância, e passa a verem o real,
neste caso o real não é o que queriam e esperavam.
Essa é, sem dúvida, uma clínica na qual a condição emocional das
pacientes traz à tona os mais diversos conflitos, dentre eles, o principal
pesadelo que uma mulher grávida poderia ter, o de gestar um bebê
malformado (ISMAEL E GUIDUGLI, 2015, p.15).
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O Acompanhante Da Parturiente
Considerações Finais
MENSAGEM DA AUTORA
casal grávido, leve amor, não diminua a dor de perder e de amar o bebê que
se foi, mas a abrace e diga que a entende e se você não entende e está
sofrendo também, tudo bem, mas não a julgue, não tenha vergonha de dizer
que também precisa de ajuda, afinal todos nós precisamos em algum
momento.
Simplesmente se permitam, se consintam viver e conhecer este
profissional que ajudará a todos a passar por esse momento, que é a chegada
de um bebê de forma tranquila e saudável, a você mãe, pai e rede de apoio.
PUBLICAÇÕES MATERONLINE Página 87
REFERÊNCIAS
ANDRADE, B.P. AGGIO, C.M. Violência obstétrica: a dor que cala Andrade.
Anais do III Simpósio Gênero e Políticas Públicas. Universidade
Estadual de Londrina - Violência contra a Mulher e Políticas Públicas-
Coord. Sandra Lourenço. 2014. Disponível em: <
http://www.uel.br/eventos/gpp/pages/arquivos/GT3_Briena%20Padilha%20
Andrade.pdf>. Acesso dia 12 de set. de 2020.