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O Reparador De Reputações

Nesse primeiro conto, nos deparamos com uma distópica Nova Iorque em 1920. Visto que o
livro foi publicado em 1885, ou seja, 35 anos antes, O reparador de reputações é de certa forma um tipo
de sci-fi de Chambers. Os elementos que constroem esse futuro distópico, está em um Estados Unidos
que expulsou negros e judeus, a política é militarizada e o que mais me chamou a atenção: a existência
de câmeras de suicídios espalhadas pelo país. Essas câmeras foram feitas para as inúmeras pessoas
insatisfeitas com o cenário social e que queriam tirar a própria vida. Sim, esse é o tom dos contos que
são entregues, o absurdo e o bizarro de forma um tanto romantizada.

Nessa história, o Sr. Castaigne é o protagonista e narra sobre o tempo que ficou por equívoco
em um sanatório (ele defende que não era necessário, mas o médico insistiu) e sobre suas relações com
outros personagens que ele apresenta, como seu primo e o esquisito sr. Wilde que trabalha como um
reparador de reputações. Aos poucos, vemos a verdadeira personalidade de Castaigne tomada pela
ambição e como O Rei de Amarelo o influencia a tomar certas decisões.

A Máscara e No Pátio do Dragão


“Eu estava arrasado após três noites de sofrimento físico e
Sem dúvidas, esses são os meus contos favoritos perturbações mentais: a última havia sido a pior, e foram um
do livro. Ler O Rei de Amarelo me reacendeu a vontade de
corpo exausto e uma mente entorpecida, apesar de
ler mais livros nesse gênero de suspense, terror e fantasia.
Em A Máscara, a história conta a relação de Alec, seu extremamente sensível, que levei à minha igreja favorita para
melhor amigo Boris e a bela Geneviève. Ao mesmo tempo curar. Pois eu tinha lido O Rei de Amarelo.” - No Pátio do
que explora o triângulo amoroso, conta a invenção Dragão
alquímica de Boris. Ele inventou uma solução capaz de
transformar qualquer ser vivo, desde flores à coelhos em esculturas de mármore. Em algum momento, o livro O Rei Amarelo acaba
sendo lido e o trio é abalado pela “maldição” e caos.

Uma coisa que amei nesse conto foi a finalização chocante da história. Já em No Pátio do Dragão, a história é incrível assim como
o final. O personagem começa a narrar sobre um momento que estava na Igreja e como O Rei de Amarelo o afetou. Ali, ele se sente um
desconforto com um homem de preto, magro e sinistro, que se deslocava pela Igreja e encarava o narrador. Fui tomada pelo terror do
protagonista devido aos seus relatos de uma ameaça que o perseguia, como se fosse uma espécie de delírio.

O Emblema Amarelo

Este conto é considerado por muitos um dos melhores de Robert W. Chambers e


“finaliza” a sequência de histórias com foco no Rei de Amarelo. Acho um bom conto, mas não
me cativou tanto. O que me chamou a atenção foi a inserção de mais elementos da obra insana.
Nessa história, o pintor Sr. Scott e sua modelo Tessie possuem sempre a mesma rotina de
trabalho. Certa vez, da janela o pintor se incomoda com um homem estranho na rua que o
encarava. Ele conta para Tessie seu incômodo e de tanto falarem do homem, ambos começam
a ter pesadelos. O escritor entre os quatro contos, utiliza referências de uns nos outros. O
homem fúnebre visto pelo pintor faz alusão ao personagem do conto A Máscara, por exemplo.
E isso se repete entre as histórias, mas em todas elas há notas de Carlos Orsi que iluminam a
mente do leitor para prestar atenção nesses detalhes sutis.

Um dia a jovem modelo pega O Rei de Amarelo para ler contra as recomendações do
pintor que não gostava da ideia de chegar perto do livro. Ela entra em um estado de “transe”
(pelo menos foi o que pareceu) e temendo pelo seu futuro ele lê a peça. O final dessa história
foi um pouco previsível, mas gostei de como acabou.

Mitologia Amarela
A máscara
Durante a obra é possível ver os fragmentos da Camilla: O senhor deveria tirar a máscara.
peça fictícia escrita para compor a mitologia, assim como Estranho: É mesmo?
disse inicialmente, não há a peça na íntegra para leitura. Cassilda: É mesmo, está na hora. Todos tiramos nossos
Diversos escritores já tentaram recriar essa peça e apenas o
disfarces, menos o senhor.
americano James Blich que chegou a escrever um conto um
pouco mais fiel. Eu vou dar uma pesquisada, ver se acho o
Estranho: Eu não estou de máscara.
livro ou o conto para ler. Mas, os fragmentos que Chambers Camilla: (Horrorizada, em particular para Cassilda.) Não é
insere em sua mitologia, falam de entidades como o homem máscara? Não é máscara!
de preto (ou fúnebre), O Rei de Amarelo, simbologias como - O Rei de Amarelo, Ato I, Cena 23
o Emblema Amarelo ou a Coroa do Rei, A Máscara Pálida,
Carcosa (que parece ser um lugar estranho e mítico), o lago de Hali, as estrelas negras (Híades e Aldebarã), entre outras citações.

E se você gosta de obras dos escritores H.P Lovecraft, Stephen King e Neil Gaiman, já deve ter percebido algumas coisas
familiares nesta descrição. Isso deve-se ao fato de que Chambers influenciou esses e outros diversos escritores.

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