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PORTFÓLIO - LITERATURA PORTUGUESA

Por: Mariana Henriques; nº13; 11ºE

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Índice:

1. Apresentação da obra “A Morte do Palhaço”.

1.1. Ficha de Leitura da respetiva obra.


1.2. Apreciação Crítica à obra.
1.3. Reescrita do final do livro.

2. Relatório Final.

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1. Apresentação da obra “A Morte do Palhaço”.

A obra “A Morte do Palhaço”, é um romance português escrito por Raúl Brandão. Foi
lançado primeiramente em 1896, sob o título de “História d’um Palhaço (A vida e o Diário de
K. Maurício)”. A segunda versão, foi publicada, posteriormente, em 1926.
A ação gira em torno de um personagem, o Palhaço. O Palhaço é um homem honesto,
sonhador e sensível. Nunca experienciou o amor, e, por isso vivia preso no mundo da
fantasia. Em certo dia, conheceu Camélia, que também trabalhava no circo, mas por quem
nunca conseguiu exprimir o seu amor.
O Palhaço vivia desconectado da realidade, refugiando-se no mundo dos sonhos, pois a
realidade mostrava-se dura e cruel. Sofria e dava preferência ao mundo dos “sonhos” onde
podia “ser quem quiser”, “viver” e “realizar” os seus desejos.
Os temas maioritantes desta obra é a dor, o sofrimento, e o sonho.

Autor Raúl Brandão.

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1.1. Ficha de Leitura da respetiva obra:

Título: A Morte do Palhaço.


Autor: Raúl Brandão.
Editora: Maruja Editora.
Alguns dados sobre o autor:
Raúl Brandão foi um escritor, ficcionista, dramaturgo e pintor português. Originário da Foz
do Douro, na cidade do Porto, nasceu a 12 de março de 1867. Viveu a maior parte da sua
vida em Lisboa, onde veio a falecer a 5 de dezembro de 1930, com 63 anos.
Ainda jovem, conviveu com escritores como António de Oliveira, António Nobre e Justino
de Montalvão. Inspirado, iniciou a sua carreira literária em 1890, com o livro “Impressões e
Paisagens”.
Frequentou a Universidade de Letras do Porto, mas, eventualmente, acabou por dedicar-
se à carreira militar. Foi colocado em Guimarães e lá o autor escreveu a maior parte das
suas obras literárias.
Alternava a sua estadia no Norte com Lisboa, onde participava em jornais. Sofreu a
influência do simbolismo e do modernismo, registado em processos como a fragmentação
do “eu”.
Raúl Brandão revelou uma escrita romanesca, que se desenvolveu de forma circular, em
volta de símbolos e palavras chave (dor, morte, sonho, entre outros...).
Algumas das suas obras mais emblemáticas são: Húmus (1917); A Morte do Palhaço
(1926); Os Pescadores (1923); O Doido e a Morte (1923).

Resumo da obra:
Na obra “A Morte do Palhaço” existem vários personagens. Estes são: o Palhaço, o
Doido, o Anarquista, o Pita, o Gregório, a Patroa, a D. Felicidade e a Velha.
O Palhaço é um homem honesto, sentimentalista e sonhador. Como as outras
personagens, trabalha no circo e empenha-se em fazer rir o público. Durante as atuações, o
Palhaço demonstra o seu estado de espírito e a sua vida, por meio dos gestos e das
palavras. É um homem que nunca vivenciou o amor, e que apenas o experienciou em
sonhos.
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Um certo dia, uma mulher que trabalhava no circo suscitou a sua atenção. Camélia era
uma mulher de riso fácil, que sempre se ria quando o Palhaço lhe fazia algo.
O Palhaço, sem qualquer experiência romântica, pediu conselhos a Pita, que lhe disse
“Estiveste este tempo todo a viajar nos teus sonhos, que nunca desceste à realidade. Agora
que acordaste, é tarde. Vai-te a ela, diz-lhe que a amas.” O Palhaço, motivado, encheu-se
de coragem, mas, novamente, não conseguiu dizer a Camélia o que sentia. Pois, apesar de
em todas as atuações as exprimir, Camélia acabara sempre por se rir das suas lágrimas e
dos seus sentimentos.
No último espetáculo do Palhaço, este estava com a raiva à flor da pele. E, consciente do
que fazia, cortou uma das cordas do trapézio, onde Lídio, namorado de Camélia, estava.
Porém, este salvou-se.
“... um palhaço não tem direito ao amor, embora seja belo por dentro e a alma só lhe
abrase em amor? Quem passou a vida a sonhar, se chega ao momento em que a vida não
se compreende sem amor, não tem direito de ser amado? Amar ou morrer?” disse, uma
última vez, o Palhaço, antes de Camélia responder desesperada “Amar! Amar!”. Porém, já
era tarde, o Palhaço já estava no cimo do circo, prestes a se atirar, e, de facto, atirou-se,
como uma pedra. Morreu onde passou a maior parte da sua vida, morreu sem ser amado,
mas morreu a amar.
Conclui-se, então, que a obra “A Morte do Palhaço” é uma intriga focada, principalmente
em um só personagem, o Palhaço. O Palhaço vivia desconectado da realidade, refugiando-
se no mundo da fantasia e do sonho, pois a realidade mostrava-se dura e cruel. Sofria, e
dava preferência ao mundo dos “sonhos” onde podia “ser quem quiser”, “viver” e “realizar”
os seus objetivos. Vivia numa ilusão eterna, da qual não conseguia se desligar.
A temática dominante desta obra de Raúl Brandão, é a dor, o sofrimento e o sonho.

Breve caracterização dos personagens:


A obra “A Morte do Palhaço” é uma intriga focada, principalmente em um só personagem,
o K. Maurício. O Palhaço é um homem honesto, sincero, sentimentalista e sonhador. É
evidenciado ao longo da obra, que a sua vida, de facto, não foi de modo nenhum facilitada,
uma vez que, nunca foi objeto de amor por parte de ninguém, para além de que, eram
frequentes os risos e a troça. É, então, um homem que recorre á fantasia para se refugiar
da crueldade que é o mundo real. Contudo, essa sua fantasia é excessiva e
desproporcionada, pelo que, então, vive numa ilusão eterna da qual não se vê capaz de
sair.

Espaço central da ação: A ação decorre, na sua totalidade, no circo.

Tempo da História: O tempo em que se desenrola a narrativa não é referido, uma única
vez, no decorrer do livro.

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O melhor do livro:
A partir da minha leitura individual, a melhor parte do livro foi a personagem do Palhaço.
A intriga principal é focada em um só personagem, o Palhaço. Desta forma, o livro dá a
conhecer as origens da personagem, o caráter, os valores e os seus princípios. Ao longo da
ação, o leitor é capaz de afeiçoar-se ao personagem, e até mesmo identificar-se.
Eu, como leitora, senti compaixão para com a personagem. É um personagem que nunca
experienciou qualquer linguagem de amor, e que, crê que não é digno de tal. É um
personagem com que vários leitores podem acabar por se identificar, devido a problemas,
como, a baixa autoestima, a dor de amar e de não ser amado, e também pelo sofrimento de
não poder realizar os seus sonhos e os seus objetivos.
O personagem não é irreal, pelo contrário, é realista. Comete erros, ao cortar a corda do
trapézio de Lídio e ao se suicidar. Não tem um amor recíproco, que é real, é um amor não
correspondido. Não tem quaisquer sonhos realizados, e é por isso, que o seu trabalho é
trazer felicidade ao público, mesmo, este, não tendo a capacidade de sentir essa alegria.
É um personagem de certa forma trágico, que nunca teve qualquer felicidade, quer no
amor, quer profissionalmente. E que, acaba por morrer de forma igualmente trágica, por
suicídio.

Frases mais marcantes da obra:


“Tive esta noite uma sensação de frio no coração: não havia cobertor que mo
agasalhasse... Que vale viver? Ilusão morta, ilusão nascida, até que se vai para a cova,
transido e ainda absorto o olhar!... Ponho-me a repassar sensações antigas, pela minha
alma de agora, e é sempre a mesma coisa, só com o tédio em lugar da candura... Da
mocidade ficou-me uma recordação amarga: correria de botas rotas atrás da ilusão. Quem
foi que disse que era uma coisa que toda a gente sabia – viver? É por certo a mais dura
aprendizagem, para quem tiver nervos e coração...”

Breve comentário pessoal á obra e/ou autor:


A obra “A Morte do Palhaço” denuncia, só pelo título, o seu final. É uma obra trágica, pois
culmina em morte, dor e sofrimento.
É uma narrativa de leitura complicada, e que, particularmente, foi difícil de ler. No entanto,
essas dificuldades foram logo ultrapassadas, e o diálogo, mais claro e sucinto, ajudou a ter
uma ideia mais clara sobre a obra (Um homem que amava uma mulher que não o amava de
volta, um homem que nunca experienciou o amor sem ser em sonhos, e, que nunca foi
feliz).
É um livro triste, que, ao contrário de prender o leitor, o desmotiva e o sensibiliza.
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1.2. Apreciação Crítica à obra:

A obra “A Morte do Palhaço” foi a minha proposta para o projeto individual de leitura.
O título do livro, foi, de facto, o que me suscitou expectativas na leitura. Durante o
processo de escolha, tentei imaginar sobre do que se tratava o enredo, e, só consegui
pensar em uma sinopse mirabolante, que girasse em torno da morte de um palhaço. Então,
ao iniciar a leitura, não pude ficar mais dececionada com o enredo. Não foi, de todo, o que
esperava.
A obra por si só, não capta o leitor, e o enredo mostra-se simples. Conhecendo o autor,
e algumas das suas obras, pensei que esta seria mais uma em que este satirizava e
criticava a sociedade, mas, na verdade, é apenas um livro que conta a história triste de um
palhaço que cresceu no circo e nunca foi amado.
Apesar de ter aspetos positivos, como o ambiente em que gira a ação, o personagem e
até as lições de “vida” de Pita, a obra não se mostra original, ou seja, não se destaca e não
impõem um lugar significativo na nossa lista de leituras.
O fim, apesar de ser previsível é inesperado, o Palhaço que parece um homem ingênuo e
inocente, age por impulso e mostra-se capaz de assassinato, ao cortar a corda do trapézio
de Lídio. O amor mostra-se a perdição do personagem, e até o seu fim.
A mensagem, que eu creio que tenha sido passada no livro, é de, não nos prendermos na
fantasia. De vivermos, e não nos refugiarmos do mundo real, ou seja, do amor. O Palhaço
viveu tanto tempo a fantasiar que acabou por não viver, viu a sua vida a passar, e, por isso,
o amor a passar pelos seus olhos. E, quando este acorda para a realidade, já é tarde, o
amor não lhe corresponde.
A obra tem um final trágico, o suicídio do Palhaço. E, apesar de já estar anunciado na pré
leitura, não deixa de ser triste e emocionante.
De todos os livros que já li, este, foi, de facto, o que menos gostei. Pois, apresenta um
mundo mais escuro e mais depreciativo, é um livro que gira em volta da tragédia e da
tristeza, e, foi exatamente por esses aspetos, que não gostei de ler a obra.

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1.3. Reescrita do final do livro:

O perfil fino de Camélia cortara-se de pavor e o Palhaço não tirava dela os olhos
pequenos e quietos, encostado ao bengalão, o chapéu velho cada vez mais arripiado.
Gelada, a boca torcia-se-lhe de terror... Um minuto enorme de silêncio em que aquela figura
grotesca fitou Camélia e em que Camélia o compreendeu enfim:
- Amar ou morrer? Amar ou morrer?
E ela, sem demonstrar qualquer sentimento, disse:
- Morrer.
Então, como que por magia, tudo foi esclarecido. As dúvidas constantes, os receios
incessantes, a tristeza permanente, tudo foi dissolvido. Surgiu-lhe uma resposta, uma
resposta que esteve sempre ali para ele e cuja existência havia ignorado. “Porque é que
tenho de ser eu a morrer?”, questionava-se. “Não fui eu que fiz algo de mal, não sou eu que
sou indigno de ser amado. O amor é que não é digno de mim. Camélia não é digna de mim,
não é digna de ninguém. É só mais uma parasita, uma parasita a ser eliminada.”
Olhou para baixo, para a pessoa que outrora era a luz dos seus dias e olhou para o céu,
para esse lugar longínquo onde, muito provavelmente, não havia lugar para ele. “Mas há
lugar para mim aqui na Terra. Ainda posso provar o meu valor.” Decidiu descer do alto de
onde se pretendia atirar e dirigiu-se para Camélia. “Camélia, tu és o meu anjo. Se há
alguém que me pode levar para a vida eterna e encontrar um lugar para mim no céu és tu.”
Camélia olhou para ele, confusa com o objetivo daquele discurso todo. “Mata-me, Camélia.”
Sem pensar duas vezes, movida pela raiva, Camélia fisgou o primeiro metal que viu e
tentou utilizar a sua força física para atingir K. Maurício. Porém, Camélia, mal viu o
momento em câmara lenta, em que o Palhaço fisgava para fora uma navalha, a mesma
com que tinha cortado a corda de Lídio. E, no fim das contas, a presa entardecendo pelo
seu fim, e enganando o destino era Camélia.
Tudo girava, o chão abaixo de Camélia parecia cada vez mais adormecido, e, a sua alma
saía lentamente do seu corpo. O seu estômago dava pontadas, e apesar de esta tentar fugir
do seu fim, não tinha forças. “Eu caí na armadilha como um peixe cai num anzol.” Pensava
enquanto se debatia contra o sangue que escorria do seu abdômen.
“Não sei o que te levou a correr atrás de mim como um gato corre atrás de um rato. Ou
como um cão corre atrás de um osso”, disse entre gemidos de dor.
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“O Amor, Camélia. O Amor!” gritou o palhaço assassino.


“Eu posso não saber muito, mas eu sei que isso não é amor”. Disse uma última vez, antes
de dar o seu último suspiro.
Força alguma tinha tirado dali o Palhaço, mas a sabedoria... Talvez.

2. Relatório Final:

Para o último período do 11º ano e, por conseguinte, para o último Portfólio, escolhi
apresentar uma obra de Raúl Brandão. A obra “A Morte do Palhaço” mostrou-se diferente
das que conhecia do autor, apesar de ser curta, como as outras obras do autor, não fica
claro uma satirização da sociedade, como por exemplo no livro dramático “O Doido e a
Morte”.
Apesar desta diferença, as temáticas e as palavras chave do autor mostram-se
semelhantes, em ambas as obras que li. Estas: a vida e o seu respetivo valor, a presença
da morte e a problemática existencialista. No que diz respeito ao livro “A Morte do Palhaço”,
podemos perceber uma consciência pesada no protagonista, uma vida trágica, e a sua
própria existência é questionada, levando, por isso ao seu suicídio.
No livro “O Doido e a Morte”, a temática da morte está vivencialmente presente, mais
precisamente, no momento em que o Governador Civil é levado a um ultimato pelo Sr.
Milhões, “É hora de morrer”. Ao contrário de “A Morte do Palhaço”, este livro é uma onda de
tensão e de expectativa para o final, que capta a atenção do autor até à última página.
É, por isso, que esta obra de certa forma me dececionou. Coloquei muita expectativa,
cativada pelo título da obra, e acabei por tê-las destruídas. Isto não quer dizer que a obra
não seja bem escrita, e não tenha um bom enredo, mas sim que simplesmente não foi de
meu gosto.
Relativamente aos textos escritos deste portfólio, senti dificuldade em escrever a
apreciação crítica. Nunca tinha ficado tão desmotivada com uma obra para este projeto,
então sempre dei boas críticas, mas, neste, como não foi de meu gosto, não conseguia
simplesmente escrever, era como se estivesse parada em uma linha. Daí, não sentir que
este portfólio, em geral, tenha sido o meu melhor até aos dias de hoje, envolvendo os do
ano passado e deste ano.
Não era bem assim que pretendia acabar o meu último portfólio de Literatura, desmotivada
com a minha escolha, mas compreendo que, nem sempre vou gostar dos livros que vou
escolher para iniciar uma leitura. 9

Já o texto que mais gostei de produzir, foi, claramente a reescrita do final do livro, pois,
abri asas á minha criatividade, que, mesmo sendo limitada, me permitiu colocar em prática
a minha escrita. Apesar de ainda estar a aprender a passar as ideias para o papel,
compreendo que não seja uma escrita tão cativante como os de escritores “sérios”, e sim de
uma pessoa que está a tentar desenvolver essa habilidade.
Em geral, tentei escrever corretamente, sem erros gramaticais, tentei escrever textos mais
completos, apesar de, por vezes não haver muito o que acrescentar, pois a obra é
relativamente pequena (146 páginas). Tentei também, buscar perceber as temáticas de
Raúl Brandão e relacionar as obras entre si, em aspetos positivos e negativos.
Como último portfólio da disciplina de Literatura, obviamente queria puder ter realizado um
trabalho melhor, mas, sinto que ainda esteja a aprender, e, por isso, não tenha conseguido
feito um trabalho ao qual se possa chamar “excelente”.
De qualquer modo, nestes últimos dois anos na disciplina, conheci e abri o meu
conhecimento para vários escritores que fazem parte da História da Literatura Portuguesa,
tentei superar as minhas dificuldades, quer nos testes, nos trabalhos escritos ou
apresentações.
Creio que agora já esteja mais perto de conseguir fazer uma interpretação mais rigorosa
de poemas, de entender as temáticas dos autores e, claro, já conheço várias correntes
literárias, muitas delas que ainda são famosas pelo impacto que tiveram na História da
literatura (realismo, existencialismo, modernismo, romantismo).

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