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Etec “Profª Anna de Oliveira Ferraz”

CONTABILIDADE DE CUSTOS

TÉCNICO EM CONTABILIDADE

2º MÓDULO

Prof. PAULO CÉSAR PIVA

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CONCEITOS E DEFINIÇÕES

A contabilidade de custos surgiu junto com a Revolução Industrial, como tentativa de se


elaborar um inventário disponível em um determinado período operacional, no qual se procurava
identificar o valor dos produtos fabricados e vendidos. Todavia, naquela época as empresas
apresentavam processos de produção muito semelhantes aos processos artesanais, e compunham sua
matriz de custos basicamente com matérias-primas e mão-de-obra, que eram sem dúvida os mais
relevantes.

Com o desenvolvimento, e o emprego cada vez mais intensivo das máquinas no processo de
produção, os novos custos apareceram, tornando-se bem mais complexos os métodos para medi-los.
A complexidade desses métodos contábeis, capazes de solucionar cada vez com mais rapidez os
custos de fabricação, foi que deu origem à contabilidade de custos.

Desde a Revolução Industrial, a contabilidade de custos sofreu uma evolução considerável,


devido à necessidade de realinhamento de seus objetivos e à expansão do campo de atuação.

A partir da I Guerra Mundial, com o incremento do processo produtivo, e consequente


aumento da concorrência entre empresas e a escassez de recursos, surgiu a necessidade de aperfeiçoar
os mecanismos de planejamento e controle das empresas. Nesse sentido, as informações de custos,
desde que devidamente apresentadas em relatórios, seriam um grande subsídio para o controle e
planejamento empresarial. Diante de tal fato, a contabilidade de custos tornou-se, devido à grande
gama de informações que a compõem, um grande sistema de informações gerenciais.

Aliado ao desenvolvimento experimentado pela contabilidade de custos nas empresas nas


quais teve origem, ou seja, nas empresas de setor secundário, foi possível criar sistemas perfeitamente
adaptáveis ao setor terciário – escolas, bancos, hospitais, empresas de ônibus, etc.

É importante ressaltar a colaboração dada pelos sistemas de processamento eletrônico de


dados à contabilidade de custos, pois estes permitiram fazer apurações com uma velocidade altíssima
e sem margem de erro, aumentando a confiabilidade dos resultados obtidos.

Pode-se definir uma classificação para os objetivos da contabilidade de custos.

Inventariar os produtos fabricados e vendidos

1– Determinar o valor inicial e final de matéria-prima em estoque.


2– Determinar o valor final dos produtos terminados e em processamento.
3– Elaborar demonstrativos do custo de produção de cada produto fabricado.
4– Elaborar demonstrativos do custo dos produtos vendidos.
5– Elaborar demonstrativos de lucros e prejuízos.

Planejar e controlar as atividades empresariais

1– Analisar o comportamento dos custos – análise vertical e horizontal.


2– Preparar orçamentos com base no custo de fabricação.
3– Determinar o custo padrão de fabricação.
4– Determinar as responsabilidades dentro do processo de produção.
5– Determinar o preço de venda de cada item de produção.
6– Determinar o volume da produção – além do ponto de equilíbrio, porém dentro da capacidade
física da empresa.

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Servir como instrumento para tomada de decisão

1– Formar preço de venda.


2– Eliminar, criar, aumentar ou diminuir a linha de produção de certos produtos.
3– Produzir ou adquirir no mercado.
4– Aceitar ou rejeitar encomendas.
5– Alugar ou comprar.

Após analisar vários autores, não existe um conceito universalmente aceito para a palavra
custo. Existe por sua vez, uma infinidade de discordâncias sobre o assunto. Porém, mesmo existindo
estas divergências, é necessário citar alguns conceitos para fins operacionais.

1. Custo – É o valor de bens e serviços consumidos na produção de outros bens ou serviços.


Exemplo: o custo com antibióticos utilizados para dar alta a um paciente com pneumonia.
2. Despesa – É o valor dos bens ou serviços não relacionados diretamente com a produção
de outros bens ou serviços consumidos em um determinado período. Exemplo: despesas
com o frete de equipamentos biomédicos para manutenção.
3. Gasto – É o valor dos bens ou serviços adquiridos pelo hospital. Exemplo: o valor da
aquisição de uma licitação de fios cirúrgicos.
4. Desembolso – É o pagamento resultante das aquisições dos bens e serviços pelo hospital.
Exemplo: pagamento de aquisição de um lote de bolsas hemoterápicas.
5. Perda – É o valor dos bens ou serviços consumidos de forma anormal e involuntária.
Exemplo: danos provocados por sinistros.
6. Desperdício – É o consumo intencional, que, por alguma razão, não foi direcionado à
produção de um bem ou serviço. Exemplo: violar pacotes esterilizados e não utilizar todo
o seu conteúdo.

É importante ressaltar, ainda, que um determinado bem, em certo instante, pode


perfeitamente ser classificado em um determinado conceito e, com o desenvolver do processo
produtivo, poderá mudar de categoria, ou mesmo estar incluído em mais de uma categoria.

Para melhorar o seu entendimento, os custos foram aglutinados em seis grupos, a saber...

1 – Quanto ao seu objeto – Quando relacionados com o tipo de atividade do hospital ou centro de
custo, classificam-se em...

1. Aplicáveis – São custos que ocorrem durante a produção de bens ou serviços relacionados
com a atividade-fim do hospital ou serviço, etc. Exemplo: o custo com o oxigênio em uma
unidade de internação.
2. Inaplicáveis – São custos que não estão relacionados diretamente com a produção de um
bem ou serviço hospitalar pertencente à atividade-fim do hospital ou serviço. Exemplo:
o empréstimo de uma sala cirúrgica para outra unidade hospitalar da rede.

2 – Quanto ao grau de detalhamento – Esse grupo está relacionado com o volume de produção.

1. Custo unitário – Custo de produção de um único produto ou serviço, obtido através da


metodologia do custo por ordem de produção. Esse método parte da aglutinação dos custos
unitários para os custos totais de produção. Exemplo: reforma de uma unidade de internação.
2. Custo médio unitário – Custo de produção de um único produto ou serviço, obtido através do
custo total de produção de n produtos dividido pela quantidade desses produtos em
determinado período. O sentido da aglutinação, nesse caso, parte do custo total para o unitário.
Exemplo: custo de um hemograma junto ao laboratório de patologia clínica.
3. Custo total – É o custo para produzir n produtos ou serviços em hospital, serviço etc.

3 – Quanto ao relacionamento com o nível de atividade – Estes custos relacionam-se com o nível
de atividade produtiva, podendo ser classificados como...

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1. Custos fixos – São aqueles que, com a estrutura de produção constante, não variam com a
quantidade produzida. Exemplo: energia elétrica gasta com a iluminação em laboratório de
análises.
2. Custos variáveis – Seu montante, no período em estudo, varia diretamente proporcional à
quantidade produzida. Exemplo: filmes radiológicos e o número de exames realizados no
serviço de radiologia.
3. Custo misto escalonado – Sua variação é direta ao nível de atividade, porém não proporcional.
Exemplo: custo de supervisão – para cada dez pacientes internados, necessita-se de mais cinco
auxiliares de enfermagem e para cada cinco novos auxiliares, necessita-se de uma nova
enfermeira supervisora para a equipe.
4. Custo misto composto – Estes custos possuem parte fixa e parte variável. Uma varia
diretamente proporcional à quantidade produzida e a outra mantém-se constante a qualquer
nível de atividade. Exemplo: a parcela de energia elétrica utilizada na iluminação e nos
equipamentos do serviço do laboratório de patologia clínica.

4 – Quanto ao elemento – Nesse caso, o custo é classificado por espécie – pessoal e encargos
sociais, material de consumo e serviços de terceiros, etc. Isso facilita sua alocação ao sistema de
apuração de custos e um controle isolado de cada categoria de custo – análise de tendência e de
estrutura.

5 – Quanto à incidência – Esta classificação está relacionada com a incidência de cada espécie de
custo ao processo produtivo...

1. Diretos ao produto – São aplicados diretamente ao produto. Exemplo: se tomarmos como


referência a alta hospitalar, são custos diretos os medicamentos, as próteses, os salários e os
encargos sociais do corpo clínico.
2. Indiretos ao produto – São os custos aplicados indiretamente ao produto. Podem, em alguns
casos, até incidir diretamente, porém apresentam dificuldade para controle individualizado,
tendo-se que utilizar bases de rateio para sua alocação ao produto.

6 – Quanto ao momento do cálculo – Esta classificação está relacionada com a localização com os
custos no tempo. Classificam-se em...

1. Custos históricos – São custos já realizados. Seu cálculo serve para medir o desempenho
empresarial.
2. Custos futuros ou predeterminados – São os custos calculados pelo método FEPS objetivando
o planejamento empresarial.

Sistemas de custeio

Existem duas filosofias que norteiam os sistemas de custeio, que são...


• custear a produção por absorção;
• considerar somente os custos diretos.

O custo por absorção parte do princípio de que os custos e as despesas indiretas fixas são
adicionados aos estoques e ao custo dos produtos vendidos.

Por sua vez, os princípios que norteiam a metodologia do custo direto não consideram os
custos indiretos como custos de produção. Estes custos são lançados nas planilhas de produção como
custos inaplicáveis ao processo produtivo, qualquer que seja o volume da atividade hospitalar.

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Na verdade, as duas filosofias utilizam-se de princípios diferentes para fazer os custos
indiretos chegarem ao produto. Uma agrega-os ao custo de produção, enquanto a outra debita da
receita de vendas esses custos, obviamente apresentando resultados distintos nos balancetes de
receitas e despesas.

Os sistemas de custeio podem ser classificados...

1 – quanto a natureza do processo produtivo...


• ordens específicas de produção: baseia-se na agregação dos custos específicos de cada
produto fabricado;
• por série de produção: tipo de produção baseada na fabricação de vários produtos.

2 – quanto ao tipo de custo escolhido...


• históricos: tem como pressuposto principal a simplificação e contabilização dos
valores tais como ocorreram;
• pré-determinados: esses custos são estabelecidos antes de realizar a produção, através
de estudos de engenharia ou valores escolhidos como amostra de um período.

I. Sistema de custeio por ordem de produção

Esse sistema é característico de empresas que produzem sob encomendas, sejam essas
unitárias ou em lotes. Podemos citar como exemplos as empresas de construção civil, tipografias,
setor imobiliário, estaleiros e produtoras de filmes.

Os custos acumulados de matérias-primas, mão-de-obra e custos indiretos de fabricação, são


computados a partir da emissão de uma ordem para produção de lotes de um bem ou serviço.

Os resultados – lucro ou prejuízo – são rapidamente diagnosticados. Para isso, basta subtrair
do preço de venda os custos acumulados naquela ordem, não havendo necessidade de ser feita uma
apuração periódica dos resultados.

Os custos primários que incidem diretamente ao produto poderão ser obtidos logo que a ordem
esteja completamente concluída. Já os custos indiretos, só poderão ser incorporados ao produto
quando terminar o período contábil.

Todo esse processo de detectação e apropriação que caracteriza o sistema requer,


frequentemente, um grande número de pessoas dedicadas a esse fim, fazendo com que os fluxos de
informações sejam inúmeros, principalmente na detectação do custo da mão-de-obra, aumentando
consideravelmente seu custo operacional.

Nesse sistema, o formulário de ordem de produção é o centro nevrálgico, tendo como


objetivo principal apresentar e registrar os gastos com material direto, mão-de-obra direta e
uma estimativa dos custos indiretos relativos a unidade produzida. Devem estar contidas no
formulário de ordem de produção...
• modelo e características do produto a ser fabricado;
• data de emissão e término esperado, bem como estimativa dos custos indiretos de fabricação;
• locais distintos para registrar material direto e mão de obra direta;
• resumo dos custos.

Sistema de custo por processo

O sistema de custeio por processo adapta-se a empresas que possuam um sistema de


produção contínua, com processos consecutivos para produção de produtos padronizados. Pode-

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se citar como exemplos, as empresas do ramo de eletrodomésticos, produtos químicos,
hospitais, etc.

Esse processo difere muito do anterior no que tange a acumulação de custos. No primeiro
sistema, os custos são acumulados previamente em ordens de produção, para, posteriormente, serem
aglutinados em seus departamentos produtivos. No sistema de custeio por processo, a metodologia é
inversa, pois primeiramente chega-se aos custos por processo ou departamento, para posteriormente
distribuí-los aos produtos que passam por esses processos. Com isto, o cerne desse sistema passa a
ser os centros de custo, e não mais o produto elaborado através de uma ordem de produção.

II. Características do sistema

As características mais relevantes deste sistema de custeio...


• aplicação: são aplicados em empresas que possuam produção contínua e seriada, com lotes de
produtos padronizados;

• acumulação: os custos com material de consumo, mão-de-obra direta e custos indiretos de


fabricação são acumulados durante o processo produtivo nos departamentos ou centros de
custo;

• custo de produção: [origina-se] na acumulação dos custos dos diversos processos produtivos,
através de cinco etapas sequenciais: fluxo físico – produtivo –, unidades equivalentes, fluxo
monetário, custo total dos procedimentos e custo médio unitário. o custo total de cada centro
de custo ou departamento, dividido [por] sua respectiva produção, dará o custo médio unitário;

• transferência de custos: cada unidade produzida, que passa de um processo anterior para um
seguinte ou para o estoque de unidades acabadas, leva consigo uma parcela do custo total dos
processos precedentes;

• frequência das apurações: essas podem ser mensais, bimestrais ou trimestrais, porém
recomenda-se [que sejam] o mais frequentes possíveis, pois proporcionam um perfil
atualizado da estrutura de custos, e permite uma tomada de decisão a nível gerencial mais
rápida e segura;

• custo operacional do sistema: é um sistema de custeio menos burocrático do o que apresentado


anteriormente, devido ao menor número de detalhamentos e registros. Com isto, ganha-se em
tempo e economia de custos.

III. Sistema de custo padrão

O termo padrão possui inúmeros significados e várias implicações. Todos os custos


padrões são oriundos de uma predeterminação, porém nem todos os custos pré-orçados podem
ser classificados como tal. Os custos padrões são estabelecidos segundo estudos de engenharia
e são cuidadosamente apurados, levando-se em conta o presente e o passado. Para
determinação dos custos padrões, há necessidade de seguir alguns critérios...
• seleção minuciosa do material utilizado na produção;
• estudos de tempo e desempenho das operações produtivas;
• estudos de engenharia sobre equipamentos e operações fabris.

Custos históricos obtidos através de gastos médios ou que não levem em conta uma base
científica do método de produção, não podem ser classificados como custos estimados. O custo
padrão sintetiza, em seu valor, o custo para se produzir um bem ou serviço. A seguir, são colocadas
algumas definições que servirão para um melhor entendimento do assunto...

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• padrão: medida de quantidade, peso, valor e qualidade, estabelecida por uma autoridade;
• custo padrão: valor do material, mão-de-obra ou gastos gerais de fabricação cuidadosamente
apurados, necessários a elaboração de um produto ou serviço;
• método do custo padrão: no ramo contábil, compara os custos atuais com o custo padrão,
testando as justificativas possíveis para as variações ocorridas.

Dentre as vantagens desse sistema, considerou-se apenas as mais importantes...


• controle e redução de custos;
• promover e medir a eficiência do sistema produtivo;
• simplificação dos processos de custo;
• avaliação dos inventários.

Essa área científica é muito polêmica, por não se tratar, em geral, de discussões e controvérsias
sobre critérios empíricos e não-científicos, tendo assim uma elevada margem de contestação. Os
problemas econômicos se assemelham mais a medicina, [em que] paralelamente ao empirismo
consciente e experiente, são utilizadas técnicas científicas.

IV. Sistema de custeio baseado em atividades – ABC

ABC é um sistema de custos que visa quantificar as atividades realizadas por uma empresa,
utilizando vetores – direcionadores –, para alocar as despesas de uma forma mais realista aos produtos
e serviços. O princípio básico do ABC é que as atividades são as causas dos custos, e os produtos
incorrem nesses mesmos custos através das atividades que eles exigem. O ABC, na prática, leva a um
rastreamento de dados que, habitualmente, não são considerados nos sistemas de custeio tradicionais,
por extensão, ele ajuda a redimensionar a mentalidade gerencial das empresas [em que] é aplicado.
Esse método de custeio visa basicamente detectar os custos ocultos existentes para produzir bens e
serviços, porém auxilia no descobrimento de custos reais dos produtos e processos, na análise mais
precisa dos custos de administração e na aferição de propostas mais competitivas em relação aos
concorrentes.

Os sistemas convencionais de gerenciamento de custeio não permitem análises mais


consistentes quanto a problemas graves das empresas como retrabalhos de produtos defeituosos ou
gargalos de produção. Medir passo a passo o processo produtivo permite a gerentes e supervisores a
quantificação econômica de atrasos e ineficiências do processo produtivo.

V. Outros sistemas de custeio

Os quatro sistemas descritos anteriormente são os mais utilizados e comentados, porém


existem outros métodos de apuração de custos que merecem ser citados.

1. método das percentagens: é o mais antigo que se conhece. Parte da premissa que atribui
percentagens de algumas despesas sobre outras. Exemplos: percentual de despesas gerais de
fabricação sobre mão-de-obra, percentual de despesas gerais de fabricação somente sobre
mão-de-obra direta.

2. método da hora/máquina: esse método parte do princípio de baixo para cima, não baseado em
elementos contábeis e escriturais a serem distribuídos entre os produtos fabricados. Calcula-
se o custo horário de cada operação produtiva em cada máquina e o tempo necessário para
cada produto fabricado. Somando-se todos os elementos básicos, à medida que os produtos
passam pelas diferentes fases de produção, chega-se ao custo total.

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3. método das equivalências: esse método possui origem francesa, e está fundamentado na
quantificação da produção diversificada, porém similar, em uma única unidade
homogenizadora e equivalente que expresse toda a produção como sendo um único produto.
Os cálculos levam ao coeficiente de equivalência, obtendo uma produção total equivalente.

4. método da unidade padrão de esforço – UEP’s: esse método identifica a empresa como
concebida, com o objetivo básico de transformar matéria-prima em produto final. Para tanto,
as unidades produtivas realizam um esforço de produção nessa transformação. Esse esforço,
por sua vez, está associado a uma série de outros esforços parciais, que são, esforço das
máquinas e equipamentos, esforço material, esforço humano e esforço utilidade.

Princípios e convenções contábeis

Com o fim de obter a uniformização dentro do campo de atuação profissional em que se


desenvolve, a Contabilidade segue princípios doutrinários que são critérios e normas de
procedimentos norteadores das diretrizes do processo contábil.
Classificamos esses critérios em Princípios de Contabilidade e Convenções Contábeis. Os
Princípios são as regras de caráter normativo geral, e as Convenções correspondem a normas de
procedimento, que qualificam, delimitam e, por vezes, restringem a aplicação de certos Princípios.

Princípio do registro pelo valor original

O princípio do registro pelo valor original determina que os componentes do patrimônio


devem ser inicialmente registrados pelos valores originais das transações, expressos em moeda
nacional.

Princípio da competência

O princípio da competência determina que os efeitos das transações e outros eventos sejam
reconhecidos nos períodos a que se referem, independentemente do recebimento ou pagamento.
O princípio da competência pressupõe a simultaneidade da confrontação de receitas e de
despesas correlatas.

Princípio da prudência

O princípio da prudência pressupõe o emprego de certo grau de precaução no exercício dos


julgamentos necessários às estimativas em certas condições de incerteza, no sentido de que ativos e
receitas não sejam superestimados e que passivos e despesas não sejam subestimados, atribuindo
maior confiabilidade ao processo de mensuração e apresentação dos componentes patrimoniais.
O princípio da prudência determina a adoção do menor valor para os componentes do ATIVO
e do maior para os do PASSIVO, sempre que se apresentem alternativas igualmente válidas para a
quantificação das mutações patrimoniais que alterem o patrimônio líquido.

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FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA

Um dos grandes problemas que as micros e pequenas empresas enfrentam hoje é a correta
determinação do preço das suas mercadorias. Atualmente, o mercado brasileiro é composto por
empresas de grande, médio e pequenos portes, como também as microempresas e os informais
(ambulantes), que têm em comum a participação em um mesmo segmento de mercado. As estruturas
operacionais destas empresas é que determinarão o real preço de venda de seus produtos,
independentemente do mercado. A que tem menor estrutura operacional, mais enxuta, certamente
conseguirá colocar uma mercadoria a um preço mais competitivo, talvez, bem abaixo do preço de
mercado. Isso é semelhante à concorrência entre um ambulante e um magazine. Por que o ambulante
consegue precificar abaixo do preço do magazine sendo a mesma mercadoria? Porque o ambulante
não tem estrutura operacional e o magazine possui uma estrutura de gastos que tem custos tributários,
financeiros, comissões, salários, telefone, aluguel, energia elétrica, dentre tantos outros. Este tipo de
concorrência está presente entre as várias empresas que compõem um mesmo segmento de mercado.
Este conjunto de gastos pesa na hora da precificação e certamente deverá ser cuidadosamente inserido
no preço de venda.
Além de preço de venda, os micro e pequenos empresários precisam estar atentos às
estratégias que são utilizadas pelas empresas para conquistar o mercado, dentre as quais destacam-se
as seguintes abaixo:

Estratégias de Preços Distintos

Diferentes preços para diferentes compradores:


• Desconto em um Segundo-Mercado.
Preços diferenciados para mercados diferentes devido ao excesso de estoque. Pretende-se
desovar os estoques num mercado secundário com preços reduzidos.

• Desnatação.
A desnatação envolve a fixação de um preço relativamente alto na vida de um produto. Ex:
Micro, Kit gás, etc. O preço é sistematicamente reduzido à medida que o tempo passa.

• Desconto Periódico e Randômico.


Descontos periódicos são os previsíveis, como os realizados pelas companhias telefônicas.
Ex: Oi nos finais de semana, Embratel idem, etc. Os descontos randômicos são oferecidos
ocasionalmente. Ex: Montadoras de veículos.

Estratégias de Preços Competitivos

• Igualando a Estratégia da Competição.


A organização estabelece preços iguais aos de seus competidores, mudando a competição para
outras áreas. Ex: Qualidade do produto.

• Cotar por Baixo do Preço da Competição.


Colocando o preço abaixo da concorrência fará com que os estoques girem mais e este giro
recuperará a margem perdida. Esta estratégia derruba a concorrência. Ex: Lojas Americanas
com as ofertas relâmpagos de peças íntimas

• Líderes de Preços e Seguidores.


Organizações com grande fatias no mercado determinam o nível de preço, devido à qualidade,
tradição, etc. Organizações mais fracas, concorrentes, o seguirão.

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• Preço de Penetração.
Colocação de um produto novo no mercado com um preço baixo com a intenção de ganhar
mercado. Mais tarde, o preço tende a aumentar. Ex: FIAT 147.

• Preço Predatório.
São preços estabelecidos, teoricamente, por tradição. Podem até dificultar a entrada de
concorrentes devido à margem de lucro estar atrelada ao mercado. Ex: Preço do cafezinho (
Pé-duro ), Preço do Jornal, etc.

• Preço Inflacionário.
Com a inflação, a empresa aumenta o preço dos produtos e depois passa a usar falsos
descontos para atrair os compradores. Ex: Mercado atual.

Estratégias de Precificação por Linha de Produtos

Maximizar os lucros para o total dos produtos da linha e não diferenciá-los


• Preço Cativo.
É a estratégia de colocar um determinado aparelho a um preço baixo, porém, para que
funcione, necessita de acessórios e estes compensam a falta de lucro no aparelho básico. Ex:
Aparelho de barba Mack III da Gillete.

• Preço Isca e Preço Líder.


É o método de atrair clientes para compras de itens de baixo preço com a intenção de que ele
compra os outros com preços mais elevados. EX: Ofertas relâmpagos das Lojas Americanas.

• Preço Pacote e Múltiplas-Unidades de Preços.


É quando o preço de uma unidade sai mais cara do que o conjunto todo.

Método de Formação de Preços (Mark Up)

O Mark Up ou taxa de marcação como é também conhecido, é um multiplicador aplicado


sobre o custo de um bem ou serviço para a formação do preço de venda. Esse multiplicador é obtido
através de uma fórmula que insere os impostos sobre venda, despesas financeiras, comissões sobre
as vendas, despesas administrativas, despesas de vendas, outras despesas e a margem de lucro
desejada. É um índice muito utilizado para precificação, mas requer um conhecimento, por parte do
micro e pequeno empresário, da estrutura operacional do empreendimento.
Aplica-se um multiplicador de tal forma que os demais elementos formadores do preço de
venda sejam adicionados ao custo, a partir desse multiplicador.
O micro e pequeno empresário poderão utilizar o mark up genérico ou por produto. O correto
seria o multiplicador por produto, pois cada produto tem a sua margem de lucro já determinada e
margens diferentes acarretarão em multiplicadores diferentes, mesmo que os demais gastos sejam
iguais.
É um índice aplicado sobre o custo de um bem ou serviço para a formação do preço de venda.
Esse índice é tal que cobre os impostos e taxas aplicadas sobre as vendas, as despesas administrativas
fixas, as despesas de vendas fixas, os custos indiretos fixos de fabricação, os custos financeiros e o
lucro desejado.

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FÓRMULAS

Mark up: 100 / (100 - (% + ...... +))

A representação na fórmula destes símbolos, (% + ... +), significa que será composta pelo
somatório de impostos sobre venda, despesas financeiras, comissões sobre vendas, despesas
administrativas, despesas com vendas, outras despesas e a margem de lucro desejada. Todos estes
itens serão comparados ao faturamento e convertidos em percentuais. Todos os componentes do mark
up são determinados através de relações percentuais médias sobre preços de vendas e, a seguir,
aplicados sobre o custo dos produtos.

Preço de Venda : Custo Unitário X Mark Up

Calculado o preço de venda da mercadoria através da fórmula do mark up, o micro e pequeno
empresário terão certeza de que dentro do seu preço de venda estarão incluídos todos os gastos de sua
empresa como também a margem de lucro desejada.

Exemplo empresa Imaginária:

Faturamento médio mensal R$ 100.000,00


Despesas Fixas médias mensais R$ 20.000,00 = 20%
Custo Unitário Produto sem ICMS R$ 20,00

ICMS 17,00 %
Simples EPP 5,40 %
Comissão 4,00 %
Propaganda 2,50 %
Frete despesa 1,65 %
Perdas Estimadas 1,50 %
Financeiras 5,00 %
Margem Desejada 5,00 %

Mark Up: 100 / (100 - ( 17 + 5,4 + 4 + 2,5 + 1,65 + 1,5 + 5 + 5 + 20 ))

Mark Up: 100 / (100 - 62,05) = 100 / 37,95 = 2,6350

Preço de Venda = R$ 20,00 X 2,6350 = R$ 52,70

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CONCEITO DO PREÇO DE VENDA

Preço de venda = custos + despesas + lucro


Lucro = preço de venda – (custos + despesas)
Custos = preço de venda – (lucro + despesas)

Lucro é resultado da venda, portanto o percentual de lucro é aplicado sobre a venda.

Estrutura Básica do Preço de Venda

R$ %

+ materiais de consumo (menos crédito de ICMS) 0,52


+ mão-de-obra + encargos 0,23
+ despesas de fabricação 0,03
A CUSTO INDUSTRIAL 0,78

B CUSTO ADMINISTRATIVO 0,02

A+B=C TOTAL DOS CUSTOS 0,80

+ despesas financeiras 1,6


+ comissões 5,0
+ publicidade e promoções 0,5
+ PIS 0,7
+ ICMS 18
+ Cofins 3,0
+ contribuição social 1,0
+ imposto de renda 1,3
D TOTAL DE DESPESAS PROPORCIONAIS 31%

E LUCRO 30%

C+D+E= PREÇO DE VENDA XR$ 100%

Preço de venda (X R$) ------------- 100%


Custos ---------------------------- PV - (despesas + lucro)

Preço de venda (X R$) -------------- 100%


R$ 0,80 ---------------------------- 100% - (31% + 30%)

Preço de venda (X R$) -------------- 100%


R$ 0,80 --------------------------------- 39%

Preço de Venda = R$ 2,05

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PRÁTICA

Compare o preço de venda para obter lucro de 20%, 30%, 40% ou 50% para os seguintes custos e
despesas:

R$ %

+ materiais de consumo (menos crédito de ICMS) 3,62


+ mão-de-obra + encargos 1,84
+ despesas de fabricação 0,53
A CUSTO INDUSTRIAL

B CUSTO ADMINISTRATIVO 0,33

A+B=C TOTAL DOS CUSTOS

+ despesas financeiras 1,2


+ comissões 4,0
+ publicidade e promoções 0,5
+ PIS 0,7
+ ICMS 12
+ Cofins 3,0
+ contribuição social 1,0
+ imposto de renda 1,3
D TOTAL DE DESPESAS PROPORCIONAIS

E LUCRO

C+D+E= PREÇO DE VENDA 100%

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PONTO DE EQUILÍBRIO

O ponto de equilíbrio equivale ao lucro variável. É a diferença entre o preço de venda unitário
do produto e os custos e despesas variáveis por unidade do produto. Isto significa que, em cada
unidade vendida, a empresa terá um determinado valor de lucro. Multiplicado pelo total das vendas,
teremos a contribuição marginal total do produto para o lucro da empresa. Em outras palavras, Ponto
de Equilíbrio significa o faturamento mínimo que a empresa tem que atingir para que não tenha
prejuízo, mas que também não estará conquistando lucro neste ponto.
É muito comum encontrarmos empresários que afirmam saber o que significa Ponto de
Equilíbrio. Alguns realmente sabem, outros pensam que sabem e têm aqueles que literalmente não
fazem a menor ideia do que venha ser Ponto de Equilíbrio. Se soubessem o quão importante é o
conhecimento deste indicador para a sobrevivência de um empreendimento, jamais se permitiriam
desconhecê-lo. Muitas micro e pequenas empresas não conseguem completar um ano de vida, em
alguns casos pelo completo desconhecimento do ramo de atividade a que se propuseram, e , na
maioria dos casos, por completo descontrole administrativo. O descontrole administrativo é tão grave
que as vezes o executivo se ilude pensando que está obtendo lucros em suas operações, mas na
verdade, acabam quebrando sem saber o motivo. Por incrível que pareça, acreditam que se as receitas
forem iguais às despesas fixas (aluguel do imóvel, salário do pessoal, condomínio, combustível,
material de expediente, pró-labore, etc) estarão pelo menos "tocando o negócio e empatando", como
se diz na gíria, não obtendo, nem lucro, nem prejuízo. A falência é uma questão de tempo.
Ponto de Equilíbrio é um dos indicadores contábeis que informa ao executivo o volume
necessário de vendas, no período considerado, para cobrir todas as despesas, fixas e variáveis,
incluindo-se o custo da mercadoria vendida ou do serviço prestado. Este indicador tem por objetivo
determinar o nível de produção em termos de quantidade e ou de valor que se traduz pelo equilíbrio
entre a totalidade dos custos e Retângulo de cantos arredondados: DIRETORIA das receitas. Para um
nível abaixo deste ponto, a empresa estará na zona de prejuízo e acima dele, na zona da lucratividade.
É o mínimo que se deve alcançar com receitas para que não amargue com prejuízo.

Ponto de Equilíbrio

Conforme se pode observar a figura acima, o Ponto de Equilíbrio é o ponto onde a linha da
Receita cruza com a linha do custo total. Para se calcular o Ponto de Equilíbrio, necessário se faz é o
conhecimento do conceito de Margem de Contribuição. Representa o lucro variável. É a diferença

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entre o preço de venda unitário do produto e os custos e despesas variáveis por unidade de produto.
Significa que em cada unidade vendida a empresa lucrará determinado valor. Multiplicado pelo total
vendido, teremos a contribuição marginal total do produto para a empresa. Margem de Contribuição,
nada mais é do que os resultados positivos, obtidos através da Receita, menos os Custos Variáveis.
Este resultado, que é a Margem de Contribuição, deverá ser igual aos Custos Fixos para que se chegue
ao Ponto de Equilíbrio.

Fórmula do Ponto de Equilíbrio: PE = Custos Fixos / % Margem Contribuição.

Descobrindo % da Margem de Contribuição

Demonstração de Resultado da empresa " XYZ "


VALORES %
ITEM
Receita R$ 100.000,00 100 %
( - ) Custos Variáveis R$ 65.000,00 65 %
= Margem de Contribuição R$ 35.000,00 35 %
( - ) Custos Fixos R$ 28.000,00
= Resultado R$ 7.000,00

Ponto de Equilíbrio Contábil

É o mínimo que deveremos vender num determinado período de tempo para que nossas operações
não deem prejuízo. Obviamente que também não estaremos conseguindo lucro. No caso da empresa
acima, o Ponto de Equilíbrio seria:

Custo Fixo
PE = --------------------------- então,
% Margem Contribuição
R$ 28.000,00
PE = --------------------------- => PE = R$ 80.000,00
35 %

Então, R$ 80.000,00 é o mínimo, aproximadamente, que esta empresa tem que vender para
conseguir bancar a sua estrutura, ou seja, para não amargar com prejuízo.

Demonstração de Resultado do PE da empresa " XYZ "


ITEM VALORES %
Receita R$ 80.000,00 100 %
( - ) Custos Variáveis R$ 52.000,00 65 %
= Margem de Contribuição R$ 28.000,00 35 %
( - ) Custos Fixos R$ 28.000,00
R$ 0,00
= Resultado

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Ponto de Equilíbrio Econômico

É o Ponto de Equilíbrio com um lucro desejado. Poderá acontecer de, no processo de


elaboração orçamentária, a diretoria determine um Ponto de Equilíbrio com um lucro desejado.
Vamos ver o cálculo, tomando como exemplo a demonstração da empresa "XYZ", considerando que
a diretoria determinou um lucro desejado de R$ 6.000,00, acima do Ponto de Equilíbrio:

PE = R$ 28.000,00 + R$ 6.000,00 => PE = R$ 97.142,86


35 %
Demonstração de Resultado do PE da empresa "XYZ"
ITEM VALORES %
Receita R$ 97.142,86 100 %
- ) Custos Variáveis R$ 63.142,86 65 %
= Margem de Contribuição R$ 34.000,00 35 %
( - ) Custos Fixos R$ 28.000,00
= Resultado R$ 6.000,00

Ponto de Equilíbrio Financeiro

É quando dentro dos Custos Fixos, existem variações patrimoniais que não significam
desembolsos para a empresa, mas que, de acordo com os Princípios Contábeis, estas variações devem
figurar no resultado do exercício, sendo confrontados com as receitas, porque contribuíram para a
constituição da mesma. Exemplo clássico é a depreciação. Usando o mesmo exemplo anterior, sem o
lucro desejado, vamos imaginar que dentro dos custos fixos exista um valor de R$ 2.000,00 referente
à depreciação. Eliminando-se a depreciação, o Ponto de Equilíbrio cai.

PE = R$ 28.000,00 - R$ 2.000,00 => PE = R$ 74.285,71


35 %
Demonstração de Resultado do PE da empresa "XYZ"
ITEM VALORES %
Receita R$ 74.285,71 100 %
( - ) Custos Variáveis R$ 48.285,71 65 %
= Margem de Contribuição R$ 26.000,00 35 %
( - ) Custos Fixos R$ 26.000,00
= Resultado R$ 0,00

Limitações da Análise do Ponto de Equilíbrio

Apesar de o Ponto de Equilíbrio ser uma ferramenta fundamental na Administração


Financeira, este coeficiente não é exato, sendo passível de alguma diferença no decorrer do período.
E isso é fácil de explicar. O Custo Fixo, na realidade, não é fixo como se diz. Ele tem esta
denominação, de custo fixo, porque ele não varia de acordo com as vendas, por isso que é chamado
de custo fixo. Porém, os custos que o compõem, na realidade variam de acordo com o desperdício
administrativo. Por exemplo, a energia elétrica, o gasto com comunicações, com combustível e outros
gastos considerados fixos, se não houver controle, eles sempre estarão variando e, com eles variando,
o Ponto de Equilíbrio também variará. Por isso, este coeficiente tem seu valor aproximado. Mas
apesar disso, o Ponto de Equilíbrio é uma ferramenta extremamente importante na Administração
Financeira.

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