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CURSOS Gestão Financeira e Bancaria &

Administração e Gestão de Empresas HABILITAÇÃO Licenciatura


Contabilidade & Auditoria
DISCIPLINA Contabilidade de Gestão I CRÉDITOS

CARGA HORÁRIA Semestral SEMESTRE 3º


PRÉ-REQUISITO (S)

DOCENTES Jeremias Francisco Sitoe

Texto de Apoio n.º 2


PRINCIPAIS CONCEITOS DA CONTABILIDADE DE CUSTOS

I. Terminologias contabilísticas aplicadas na Contabilidade de Custos

Proveito
É a componente positiva do resultado do exercício. É todo o custo inventariável e armazenado.
Nem sempre um proveito corresponde à receita.

Receita
È o direito de receber, nasce a partir do momento em que fornecemos ao exterior os bens ou
serviços.

Pagamento
Saída de meios monetários para terceiros que pode ou não coincidir com a contratação da dívida.

Recebimento
Verifica-se quando da entrada de meios monetários e vem regularizar ou não uma dívida. Pode
coincidir ou não com a receita.

Despesa
Pressupõe a obtenção do direito de uso de factores, com ou sem pagamento imediato. Constitui uma
obrigação de pagar a terceiros quer um serviço prestado, quer um bem adquirido.

Jeremias Sitoe, Doutorando em Riscos Complexos


Custo
É o esforço, sacrifício ou dispêndio de energias, recursos e valores para alcançar um determinado
objectivo, ou, seja, tudo o que custou um objecto ou um serviço num determinado período. É a
quantidade de bens ou serviços consumidos na produção. Ocorre com a utilização dos factores
adquiridos. Só existe custo quando há consumo. As matérias armazenadas não são custo.

II. Acepções da palavra custo


Em termos económicos, dentro das diversas acepções da palavra, interessam-nos duas:

 Custo tecnológico ou material – conjunto de recursos físicos consumidos ou utilizados, ou


seja, o conjunto formado pelas quantidades de bens e serviços consumidos ou utilizados;
n
Custo tecnológico =  Qi = Q1 + Q2 +.............+ Qn
i=1

 Custo monetário – valor monetário dos recursos físicos consumidos, obtido pela expressão
monetária dos recursos físicos em unidades monetárias, que é o valor que resulta do
somatório dos produtos das quantidades pelos respectivos preços.
n
Custo Monetário = Q1 x P1 + Q2 x P2+....+ Qn x Pn =  Qi x P1
i=1
Nota: Ao converter o custo tecnológico em moeda, obtém-se o custo monetário.

Exemplo: Custo de Produção do Produto Alfa:

Designação Quantidade Preço Valor (MT)


(Custo Tecnológico) (MT) (Custo monetário)
Matéria A 500 Kg 100,00 50.000,00
Matéria B 200 Kg 50,00 10.000,00
Mão-de-obra 100 horas 200,00 20.000,00
Energia 50 kWh 50,00 2.500,00
82.500,00

Nota:
1 - A contabilidade de custos privilegia o apuramento do custo monetário. Sempre que falamos de
custo nos referimos ao custo monetário.
2 - O custo monetário tem dois componentes: As quantidades, cuja magnitude depende da
racionalidade com que se usam os recursos, e o preço, determinado pelas condições de procura e
oferta de factores no mercado.

III. Destino dos Custos


Os custos têm dois destinos, nomeadamente:
 Destino Funcional – a que função é que o custo respeita;
 Destino Final – a que produto ou serviço é que o custo respeita.

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IV. Classificação dos Custos
1. Quanto à espécie

 Custo tecnológico – quantidades de bens e serviços aplicados na produção e


expressos em quantidades físicas ou trabalho (quantificação técnica de um custo);

 Custo monetário – expressão monetária do custo tecnológico;

2. Quanto à base de cálculo

a. Custos reais ou históricos – são os custos que realmente se verificaram.


São determinados com base nos valores aplicados e registados na
contabilidade (a posteriori);

b. Custos teóricos ou básicos – são custos predeterminados, isto é,


calculados a priori com base em quantidades e preços preestabelecidos;
são custos teóricos, definidos “a priori” para valorização interna de
matérias-primas, produtos acabados e prestação de serviços. Os custos
básicos são um instrumento precioso para o controlo de gestão. Permitem
a comparação do custos reais com os custos padrões, a determinação dos
desvios e análise das suas causas, para a tomada de medidas correctivas.

3. Quanto ao âmbito

 Custo de produtos – aqueles que se referem a um produto ou determinado grupo


de produtos;

 Custos operacionais – referem-se a uma operação determinada (fabricação,


montagem);

 Custos funcionais – relativos às funções empresariais: custos de


aprovisionamento, custos de transformação, custos de distribuição e custos de
administração e financiamento.

4. Quanto aos períodos contabilísticos a que respeitam


 Custos do período – todos os custos incorridos no período em análise.

 Custos transferidos de outros períodos – aqueles que não foram


aprovisionados nas contas de Acréscimos de Custos e são lançados em Contas
de Custos e Perdas Extraordinárias imputáveis a exercícios anteriores.

5. Quanto à conexão, forma de imputação, ou em relação aos produtos

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Jeremias Sitoe, Doutorando em Riscos Complexos
 Custos directos – são todos os que são especificamente originados por este ou
aquele serviço (custos directos das funções e departamentos) ou por este ou
aquele produto (custos directos dos produtos);

 Custos indirectos – são todos aqueles originados não por este ou aquele serviço
ou produto, mas sim por vários serviços ou produtos (gastos gerais da empresa),
desconhecendo-se, no momento da sua efectivação, o seu destino funcional e/ou
final.

6. Quanto à fase de estádio de transformação ou laboração

 Custo industrial ou de produção – custo dos produtos à saída da fábrica;

 Custo comercial ou complexivo – custo dos produtos vendidos no momento da


entrega aos clientes;

 Custo económico-técnico – aquele que compreende todos os custos da empresa.


7. Quanto às funções ou serviços em que foram incorridos( Custos funcionais)
 Custos de compra ou de aprovisionamento
 Custos de produção ou de fabrico
 Custos de investigação e de qualidade
 Custo de vendas ou de comercialização
 Custos financeiros
 Custos administrativos

Os Custos de compra, de produção, de investigação e qualidade são custos


industriais e os restantes (de vendas, financeiros e administrativos) são chamados
custos não industriais.

8. Quanto ao processo de decisão e optimização dos resultados


 Custos médios
 Custos marginais
 Custos diferenciais
 Custos irrelevantes
 Custos de oportunidade

9. Quanto ao grau de ligação com a actividade

 Variáveis – são os resultados da relação existente entre os custos e o nível


de actividade da empresa. Estes custos dependem do nível de actividade
da empresa (produção ou venda);

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Jeremias Sitoe, Doutorando em Riscos Complexos
 Fixos ou de estrutura – são os ligados à estrutura da empresa ou da
secção praticamente independentes da sua actividade.

Custos Variáveis

 São custos que variam necessariamente quando o volume aumenta ou diminui;


 São custos que resultam da utilização da capacidade existente;

Podem ser:
 Proporcionais - quando variam proporcionalmente com o volume;
 Progressivos - quando crescem a uma taxa maior que a taxa de crescimento do
volume, e;
 Digressivos - quando crescem a uma taxa menor que a taxa de crescimento do volume.

Para facilitar análise dos custos variáveis, geralmente se assume que eles são variáveis
proporcionais.
Nota:
1 - Os custos variáveis totais é que aumentam ou diminuem conforme o volume (de produção ou de
venda) aumenta ou diminui, respectivamente.
2 - Os custos variáveis unitários (proporcionais) mantêm-se invariáveis mesmo que varie o volume
(de produção ou de venda);

Custos Semi-variáveis ou mistos


Custos que tem uma parte variável e uma parte fixa. Exemplo: a remuneração mensal de um
vendedor e os custos de conservação de equipamento. O comportamento dos custos semi-variáveis
pode ser expresso pela equação:

Y = a + bx
Y - custo total misto
a - Parte fixa do custo misto (intercepto vertical)
b - Custos variáveis unitários
X - Nível de actividade ou volume

Nota: a equação da recta dos custos mistos pode ser estimada com recurso ao método dos mínimos
quadrados.

Custos Fixos
São aqueles que não variam quando se altera o volume ou são pouco sensíveis à sua
variação.
São os que proporcionam a capacidade para produzir ou vender, razão porque também se
chamam custos de capacidade.
Tipos de capacidade:
 Capacidade física, que é dada pelos edifícios, equipamentos;
 Capacidade organizacional, dada pelos quadros da empresa, e;
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Jeremias Sitoe, Doutorando em Riscos Complexos
 Capacidade financeira, dada pelas possibilidades financeiras da empresa.
Nota:
1 - Os custos fixos totais mantêm-se invariáveis mesmo que varie o volume (de produção
ou de venda);
2 - Os Custos fixos unitários aumentam ou diminuem conforme volume (de produção ou de
venda) diminui ou aumenta, respectivamente.

V. Custos Funcionais
Custos de Aprovisionamento

Designa-se por custo de aprovisionamento o custo das matérias no momento da sua incorporação
na produção, isto é, quando saem do respectivo armazém para entrar no processo produtivo.

Então, os custos de aprovisionamento compreendem os seguintes elementos:


1. Preço de compra facturado pelos fornecedores;
2. Despesas adicionais de compra (directas e indirectas), tais como: comissões, fretes,
seguros, direitos aduaneiros, etc.
3. Despesas de armazenagem, tais como: rendas, seguros, iluminação, despesas com o
pessoal e amortizações do armazém de matérias.

Ca = Custo de factura líquido + Despesas de compra+Despesas de armazenagem


CEC (custo das existências consumidas) = EI + Compras – EF
EI ( existências iniciais)
EF (existências finais)

Custos de Transformação

O custo de transformação compreende:

1. A mão-de-obra directa utilizada na produção;

2. Os gastos gerais de fabrico, tais como todos os fornecimentos, seguros, força motriz,
mão-de-obra indirecta, amortizações, etc., exigidos pela produção.
CT=MOD + GGF

Custos de Distribuição ou de Venda


Os Custos de Distribuição ou de Venda compreendem todas as despesas efectuadas com a venda
e distribuição dos produtos, tais como: publicidade, ordenados, comissões, deslocações e estadias
do pessoal de vendas, frete para o armazém dos clientes, seguros destes transportes, etc. Em geral,
todos os negócios tem custos de distribuição ou de venda, quer se tratem de empresas de produção,
quer se tratem de prestação de serviços.Todos estes elementos, directos ou indirectos, são “custos
de períodos” e, portanto, não inventariáveis.

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Jeremias Sitoe, Doutorando em Riscos Complexos
Custos Administrativos
Os Custos de Administrativos compreendem todas as despesas exigidas pela direcção da empresa,
tais como: ordenados dos membros dos órgãos sociais, respectivas deslocações e estadas, despesas
de representação, material de escritório, ordenados do pessoal de escritório, etc.

Custos financeiros
Os Custos Financeiros são os que representam o custo dos capitais alheios aplicados na empresa.

VI. Custo Industrial, Custo Complexivo, e Custo Económico Técnico

Custo de Produção ou Industrial


Designa-se por Custo Industrial o custo dos produtos à saída da fábrica, isto é, no momento em que
entram no armazém de produtos fabricados.

O custo industrial ou de produção integra:


 O custo da matéria directa consumida – matérias que são parte integrante do produto
final e que são facilmente imputáveis aos produtos;
 Custo da Mão-de-Obra Directa (MOD) – que respeita aos custos com trabalhadores que
se ocupam directamente do fabrico do produto;
 Gastos Gerais de Fabrico (GGF) – constituídos por todos os restantes custos industriais
imputáveis ao produto.

A soma dos custos das matérias directas consumidas e da mão-de-obra directa designa-se
Custo Primo

CP=MP + MOD
Por outro lado, a soma dos custos da mão-de-obra directa e dos gastos gerais de fabrico
chama-se Custo de Transformação (CT).
CT=MOD + GGF

Esquematicamente:
Matérias Directas Custo Primo
Custo de Produção
Custo de Mão-de-obra Directa ou Directo
ou Industrial
Transformação Gastos gerais de Fabrico

 Matérias Directas
As matérias directas são os bens que se laboram para obter o produto final, e que geralmente são
incorporados no produto final (Madeira e móvel, farinha e pão, papel e livro, etc.).

 Mão-de-obra Directa
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Jeremias Sitoe, Doutorando em Riscos Complexos
Designa-se por mão-de-obra directa o custo com o pessoal que trabalha directamente na fabricação
do produto, excluindo-se os encargos com o pessoal da área industrial, que tem funções de supervisão
(encarregados, chefes de secção, directores) ou de apoio (direcção fabril, planeamento e controlo de
produção, etc.) que são considerados Gastos Gerais de Fabrico (GGF).

 Gastos Gerais de Fabrico


Fazem parte dos gastos gerais de fabrico os restantes custos da função industrial. Entre as diversas
naturezas de custos salientaremos:
 Remunerações e demais encargos com mão-de-obra directa indirecta;
 Matérias indirectas;
 Serviços de conservação e reparação;
 Seguros dos edifícios e equipamentos;
 Ferramentas e utensílios de desgaste rápido;
 Amortizações dos edifícios e equipamentos.
Não existem, em princípio, dificuldades de maior no apuramento dos custos das matérias directas e da
mão-de-obra directa a considerar no custo do produto. Com efeito, tratam-se de custos directos dos
produtos.

Com os Gastos Gerais de Fabrico não se passa o mesmo, pois neles são fundamentalmente
englobados gastos que são comuns aos diversos produtos que se fabricam.

Por esta razão, têm que ser definidos critérios de imputação (de distribuição ou de repartição) dos
gastos Gerais de Fabrico verificados no período pelos produtos fabricados nesse período.

Recorre-se para o efeito às chamadas bases ou unidades de imputação.

As bases de imputação mais utilizadas são as seguintes:


 Custo da mão-de-obra directa;
 Número de horas de mão-de-obra directa:
 Número de unidades fabricadas;
 Custos das matérias-primas transformadas;
 Número de horas de trabalho das máquinas;
 Número de horas de trabalho do centro ou secção;
 Custo primo.
Na imputação dos GGF parte-se do princípio de que os mesmos variam proporcionalmente com a
quantidade ou valor que se torna por base. Portanto não é de forma alguma indiferente, por esta razão,
a base de imputação que se escolhe. Deves escolher a base de imputação que tenha uma maior
correlação com os GGF.

Imputação de Base Única e de Base Múltipla

A imputação dos GGF aos produtos pode ser feita de duas maneiras:
 A totalidade dos GGF é imputada aos produtos através de uma única base de imputação
(imputação de base única);
 Repartem-se previamente os GGF por grupos de custos com certas afinidades, escolhendo-
se para cada agrupamento a base de imputação mais conveniente (imputação de base
múltipla).

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A imputação de base única enferma de muitas limitações, pois só por mero acaso se encontrará
uma relação de proporcionalidade aceitável entre todos os GGF e a base de imputação
escolhida.

Com efeito, repare-se que alguns GGF variarão com a mão-de-obra directa, outros com as horas
de trabalho das máquinas, etc. Por outro lado, um produto pode recorrer a uma secção em que o
trabalho se encontra sensivelmente mecanizado, outro a uma secção em que o trabalho é
sobretudo manual. Podem mesmo todos os produtos recorrer às mesmas secções, mas ser diferente o
contributo que cada uma dá para cada produto.

Portanto, raramente se pode recorrer ao método de base única, sendo necessário agrupar previamente
os GGF por grupos com certas afinidades e depois, para cada grupo de custos, escolhe-se a base mais
adequada.

Custo Comercial ou Complexivo


Designa-se por Custo Comercial ou Complexivo o custo dos produtos no momento da sua venda, ou
seja, a soma do custo industrial com os custos relativos às restantes funções da empresa (custos não
industriais).
Note-se o custo industrial é um custo inventariável, enquanto os custos não industriais (de
comercialização, administração e financiamento) são, regra geral, considerados como custos de
período.

Tal significa que, para a determinação dos resultados, a empresa considera a diferença entre o preço
de venda e o custo industrial dos produtos vendidos (designada por resultado bruto), deduzindo-
lhe depois os restantes custos de período, para apurar o resultado líquido

Refira-se que, o cálculo analítico do custo comercial apenas interessa para a elaboração de
orçamentos relativos a encomendas (em fase anterior à produção) e para a fixação dos preços de
venda, trabalhando-se geralmente com valores previsionais, de acordo com as informações obtidas
em anos anteriores.

Custo Económico-Técnico
O Custo económico-técnico resulta do somatório do custo comercial ou complexivo com os Gastos
Figurativos. Estes gastos – respeitam a cálculos previsionais referentes a investimentos
monetários que se podiam ter efectuado em Instituições de Crédito, por exemplo em depósitos a
prazo, obtendo-se assim os respectivos proveitos em juros e ao terem feito os investimentos na
empresa podem não obter esses proveitos ou estes serem menores que se tivessem efectuado outra
aplicação monetária. Considera-se portanto que estes juros não obtidos constituem custos.
Os gastos figurativos não são contabilizados, servem apenas para calcular o custo económico-
técnico e o eventual lucro que poderia surgir mesmo com a imputação destes custos.

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Esquema geral da configuração de custos

Lucro
Puro
Lucro
Lucro Liquido
Gastos Bruto (Resultado)
Figurativos (Margem
Preço
de Bruta)
Custo Venda
Custos Económico
Não Técnico
Industriais Custo
Comercial
GGF Custo Ou
Industrial Complexivo
MOD Custo ou de
MP Primo Produção

VII. Margens e Resultados


Para a gestão empresarial é indispensável ter conhecimento dos custos que se vão verificando e
evoluindo até se atingir a situação de produto acabado, bem como o custo comercial. Após este
conhecimento e havendo informação correcta dos preços de venda praticados pelas empresas
concorrentes, há que determinar o preço por que se vai vender os produtos de forma a obter
resultados positivos.

Com conhecimento do custo dos produtos nas suas diversas fases de fabricação, há que determinar os
resultados que se vão verificando. Assim, ao subtrairmos às vendas o custo industrial dos produtos
que se venderam obtém-se uma “margem bruta”.

Adicionando ao custo industrial dos produtos vendidos os custos não industriais e efectuando a
subtracção ao valor das vendas, obtém a “margem líquida”.

VIII. Custos de Produtos e Custos de Períodos


Para podermos fabricar os produtos que pretendemos torna-se necessário consumir, sacrificar, bens e
serviços (matérias, instalações, mão-de-obra, etc.). Desses consumos e sacrifícios nasce o produto,
cujo custo unitário é necessário determinar, pois, entre outras finalidades, há que proceder à
valorização dos produtos acabados que se encontram em armazém no fim de cada período.
Segundo o Princípio de Relação entre Custo e Proveitos, as despesas incorridas para gerar um
benefício devem ser reconhecidas como custo no mesmo período em que o benefício é reconhecido
como proveito.

 Custos do Período – são custos que são relacionados com os proveitos à base temporal. São
deduzidos dos proveitos do exercício em que foram incorridos. Todos os custos não industriais
(de venda, administrativos e financeiros) são custos do período.
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 Custos do Produto – são Os custos incorridos na compra de matérias ou na fabricação de
produtos. Contrariamente aos custos do período, os custos do produto não são necessariamente
tomados em conta no cálculo dos resultados do período em que foram incorridos. Figuram na
demonstração de resultados do período em que os produtos a que respeitam forem vendidos.
São também conhecidos por custos inventariáveis.
Por conseguinte, todos os custos que entram na determinação do custo industrial dos produtos
são custos de produtos e não custos de períodos. Só na altura em que os produtos são vendidos é
que os custos dos produtos passam a ser custos de períodos.

Em suma, os custos industriais dos produtos vendidos e os custos não industriais constituem custos
de períodos.

IX. Custos e Proveitos, Despesas e Receitas, Pagamentos e Recebimentos

Na actividade económica, as várias relações estabelecidas entre os agentes económicos podem


representar-se através de duas correntes:

 Real

 Monetária

A todo o fluxo real corresponde um fluxo monetário de sentido inverso. Estes fluxos podem ser
simultanêos ou não. Haverá desfasamento quando o fluxo monetário de contrapartida se verificar
num período posterior ao do fluxo real.

Assim temos;

 No momento do fluxo real há uma obrigação a cumprir, cujo valor corresponde à despesa do
período;

 Quando a dívida for liquidada, ou seja, no período em que se verificar o fluxo monetário, far-
se-á o pagamento.

Então, no caso de não haver sincronismo entre as duas correntes, o período em que se verificar a
despesa não coincide com o momento em que se faz o pagamento.

Por outro lado, nem toda a despesa do período será, na maioria das vezes, custo desse mesmo
período, como se pode comprovar nos exemplos seguintes:

 O pagamento da renda de Janeiro de 2001, feito no mês de Dezembro do ano anterior, não
constitui um custo de Dezembro, visto que diz respeito ao mês seguinte;

 Todas as despesas verificadas após e durante a fabricação constituem custos do produto e não
do período. Isso só acontece no período em que o produto é vendido (custos do período).

Tudo o que foi dito anteriormente é extensivo aos fluxos reais de saída e consequentes fluxos
monetários de entrada.

Resumidamente temos:
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Jeremias Sitoe, Doutorando em Riscos Complexos
 No momento do fluxo real (venda de produtos fabricados) há um direito a receber, cujo valor
corresponde à receita do período.

 Quando o crédito for cobrado, ou seja, no período em que se verificar o fluxo monetário,
surge o recebimento.

Também aqui pode não haver sincronismo entre as duas correntes. Quanto isso acontece há a
considerar momentos diferentes para a receita e para o recebimento.

Por outro lado, a receita verificada num período (mês) pode não corresponder totalmente ao proveito
obtido. Nesse caso, apenas se consideram como proveitos os referentes ao exercício (mês) e só esses
– princípio de especialização económica dos exercícios. Este princípio contabilístico determina
que:

“No apuramento dos resultados de cada exercício devem ser considerados todos os custos e
proveitos desse exercício e só esses.”

Diz-se que a contabilidade funciona em regime de competência económica, isto é, os resultados da


actividade empresarial são apurados pela diferença entre os proveitos e os custos verificados durante
o exercício económico.

 Resultados = proveitos – custos

Por outro lado, fala-se em regime de competência financeira se os resultados são determinados pela
diferença entre as receitas e as despesas de um período.

 Resultados = receitas – despesas

Podemos considerar ainda o regime de competência de caixa, quanto os resultados da actividade são
determinados através da diferença entre os recebimentos e os pagamentos.

 Resultados = recebimentos – pagamentos

É precisamente o regime de competência económica o considerado pela contabilidade e pela Lei. A


sua aplicação exige que se determinem os proveitos e custos do exercício, o que significa dizer que é
necessário considerar as duas correntes para saber a sua periodicidade e se a despesa ou receita
verificada é custo ou proveito do exercício em causa.

Em suma, temos:
 Receita - é o direito de receber e nasce a partir do momento em que fornecemos ao
exterior serviços ou bens;
 Recebimento – verifica-se quando da entrada de meios monetários e vem regularizar ou
não uma dívida. É sempre a importância recebida, que pode coincidir ou não com a receita
(antecipada-adiantamento, simultânea, ou postecipada-venda a crédito);
 Proveito – componente positiva do resultado do exercício;
 Despesa – constitui uma obrigação de pagar a terceiros quer um serviço prestado quer um
bem adquirido;
 Pagamento –É a saída de meios monetários a terceiros/credores que pode ou não coincidir
com a contracção da dívida;
 Custo – componente negativa do resultado, que representa o valor dos consumos
incorporados no processo produtivo.

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X. Custos controláveis e custos não controláveis

Nem sempre os custos de um determinado centro podem ser controlados pelo respectivo
responsável. Há casos de custos que, em alguns casos são controlados por uma autoridade
hierarquicamente superior.

Chamam-se custos controláveis os custos de um centro de responsabilidade que podem ser


controlados pelo respectivo responsável e, custos não controlados a parte dos custos do
centro que só podem ser controlados por um outro centro ou por um órgão superior. Os
gestores devem ser responsabilizados pelos custos controláveis.

Exemplo: Num departamento fabril, o chefe do departamento fabril é responsável pelo


custo das matérias-primas consumidas mas já não pode ser responsabilizado pela
amortização do edifício fabril.

XI. Custos Relevantes e custos Irrelevantes

Acontece muitas vezes que a escolha de uma ou de outra alternativa não implica nenhuma
alteração em certos elementos de custo. No exemplo anterior o salário do motorista poderia
não ser afectado pela possibilidade de oficializar ou não a actividade. Neste caso diríamos
que o salário do motorista é um custo irrelevante (Sunk Cost) para a tomada da decisão.

Os custos relevantes são aqueles cujo comportamento se alterará quando uma dada decisão
for tomada. Por isso são relevantes para a tomada da decisão. No exemplo anterior as
amortizações da viatura, os impostos e o salário do cobrador, são custos relevantes.

XII. Custos Diferenciais

As decisões são geralmente tomadas perante alternativas. Para se decidir entre as diferentes
alternativas possíveis há que medir os resultados (ou cash-flows) associados a cada uma
delas e compara-los. Esta comparação deve ser feita relativamente a uma das alternativas
que se toma como referencia. De qualquer forma, haverá sempre duas alternativas para
decidir, que consistem: (i) na alteração da situação que é objecto de análise: (ii) na
manutenção da situação (que será a alternativa de referência).

Custos diferenciais são a diferença de custos referentes a duas alternativas. Representam a


diferença entre os custos da situação actual e os custos relativos à alternativa de alteração
da situação actual. São os custos totais que resultam especialmente da decisão a tomar.
Paralelamente aos custos diferenciais, temos os proveitos diferenciais, que são os proveitos totais
que resultariam especialmente da decisão em análise. Representam a diferença entre os proveitos
da situação actual e os proveitos relativos a alternativa de alteração da situação actual.
Resultado diferencial - é a diferença entre custos e proveitos diferenciais. Na óptica
contabilística este é o indicador para avaliar as alternativas.
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Exemplo

Um transportador semi-colectivo de passageiros pirata está estudando a hipótese de


legalização da sua actividade. Para obter a licença teria de fazer investimentos adicionais
de 25.000 contos colocando assentos e cobertura, conforme as exigências da legislação em
vigor. A vida útil da viatura é estimada em 4 anos. Com a oficialização passaria a operar
em rotas mais rentáveis, pelo que os proveitos passariam dos 150.000 contos para 175.000.
Por outro, as despesas operacionais (impostos e salário do cobrador) aumentariam em
20.000.

Problema: Oficializar ou não a actividade deste transportador?

Solução

1. Proveitos diferenciais (150.000 - 175.000) 25.000


2. Custos Diferenciais
Aumento dos custos diferenciais 20.000
Aumento das Amortizações (25.000/4) 6.250
26.250
3. Resultado diferencial (1-2) -1.250

A decisão de oficialização implicaria uma redução dos resultados da condição actual. Na


óptica contabilística a decisão de oficialização não é vantajosa.

XIII. Custos de oportunidade


Com frequência, verifica-se que certos recursos que se encontram aplicados na empresa têm
alternativas de aplicação. Esta aplicação alternativa possibilitaria proveitos que é necessário
comparar com os que se estão a obter na que está a se dada ao recurso. Assim, uma forma de
verificar o interesse da aplicação actual é considerar, como custo desta, na determinação da sus
rendibilidade, o proveito da alternativa, que designamos por custo de oportunidade da aplicação
actual.

Admitamos que a empresa dispõe de edifício que serve de armazém da actividade comercial
grossista que também desenvolve. Aquele edifício pode ser facilmente arrendado a terceiros, para
armazém, por 12 000 MTn por ano. Na análise daquela actividade da empresa, deverá considerar-se
como seu custo de oportunidade o valor do arrendamento possível, ou seja, 12 000 MTn por ano. O
conceito de custo de oportunidade permite reter que a rendibilidade dos recursos aplicados na
empresa deve ser sistematicamente comparada com a de aplicações alternativas possíveis.

XIV. Custo Marginal


É o aumento de custo ocasionado pela produção de uma unidade extra de produto. Em
outras palavras, indica quanto custa cada aumento unitário de produção.

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