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É CUSTO OU É DESPESA?

Você já deve ter escutado a frase “custos são como unhas, devem ser cortados com regularidade”. Contudo,

antes de demitir funcionários ou trocar a matéria-prima dos seus produtos por outra mais barata para reduzir

custos, é preciso fazer uma imersão nos conceitos relativos aos gastos da empresa para identificar os custos, as

despesas e as perdas que fazem parte do processo produtivo.

Contabilidade de Custos não serve apenas aos contadores. Dominar e aplicar esse conhecimento, que é uma

excelente ferramenta de gestão para qualquer tipo de empresa, pode representar um diferencial perante os

concorrentes. Vamos entender esses conceitos?

Para começar, devemos saber que todo desembolso feito em uma empresa é um gasto que precisa ser

identificado como custo, despesa, investimento ou perda.


Tudo é gasto
Para exemplificar como seria classificar os gastos de uma empresa dessa forma, imagine que
determinada empresa adquiriu dois tipos de mercadorias para revenda (uma pronta para ser
vendida e outra semiacabada) e alugou um galpão para finalizar as mercadorias e montar a
estrutura administrativa. A empresa também contratou uma secretária, um segurança e três
profissionais de venda, e, como parte da mercadoria para revenda não está finalizada,
contratou cinco funcionários para finalizar as mercadorias, três empacotadores e um
supervisor para o setor de produção. Além disso, durante o processo produtivo, houve um
erro de cálculo no corte e parte da mercadoria não pôde ser reaproveitada. Ao classificarmos
esses gastos, teremos:
Os custos diretos são os que integram o produto que está sendo
fabricado ou que podem ser facilmente identificados em relação a
cada produto; enquanto os custos indiretos, apesar de estarem no
processo produtivo, não são facilmente identificados em cada produto
fabricado e sua alocação necessita de critérios de rateio.

Considere os seguintes gastos no processo produtivo de uma empresa que fabrica roupas: a compra
de 1.000 metros de tecido e a quitação da conta de energia elétrica consumida para a produção. Sabemos
que ambos são custo e não despesa, porque estão no processo produtivo, mas que de tipo de custo eles
representam?
Analisando o gasto, a empresa consegue identificar quantos metros de tecido vai utilizar para produzir um
vestido, mas saber quanto foi consumido de energia elétrica na produção da peça não é tão simples, uma
vez que a conta de energia elétrica está relacionada ao gasto geral da fábrica, não simplesmente à produção
específica daquele item.
Nesse caso, o tecido será um custo direto, por ser facilmente identificado no produto, e seu
gasto mensurado de forma direta em relação à matéria-prima total. Já a energia elétrica será
custo indireto, uma vez que não é fácil identificar qual o consumo apenas para o vestido
produzido – é preciso observar critérios de rateio para esse gasto ser associado ao custo do
vestido pronto, que poderia ser alguma métrica de kwh (quilowatt-hora), por exemplo.
Quanto aos conceitos de custo fixo e custo variável, eles podem ser entendidos em função
de uma pergunta: “esse custo tem variação conforme o volume de produção?” Na produção
de uma cadeira, por exemplo, quanto mais cadeiras forem produzidas, mais madeira será
necessária, e o gasto com a madeira será um custo variável, ou seja, que se altera com a
produção.
Quando o custo não muda conforme o volume de produção, ele será considerado custo fixo.
É o caso do aluguel do galpão da fábrica. A empresa pode produzir 1.000 peças, 100 peças
ou nenhuma peça, o valor do aluguel não se altera em função da produção.
Pode ocorrer, também, de um custo ser semifixo ou semivariável, ou seja, parte dele ser fixo apesar
do volume de produção. Esse é o caso da energia elétrica, que tem uma tarifa de utilização cobrada
mesmo sem consumo. A mão de obra tem salário fixo independente da produção, mas, em função
do volume de produção, pode exigir horas extras, as quais podem ser consideradas como custo
variável.
ELEMENTOS DO
CUSTO
Toda empresa, para controlar seus custos, precisa
detalhar seus gastos de forma a entender em que
etapa, com que atividade e com que frequência os
realiza. Por isso, além das classificações acerca do
volume de produção ou da relação direta ou
indireta com o produto, os custos também podem
ser classificados como custos primários, custos de
transformação e custos de fabricação.
Para saber a diferença entre eles, primeiro
precisamos aprender sobre os elementos de
custos e formação do custo de fabricação,
também conhecido como custo fabril.

O custo de fabricação é formado pela soma dos


gastos na produção. Na sua composição, entram
os materiais utilizados, a mão de obra direta e os
custos indiretos de fabricação – os chamados
elementos do custo.
Os materiais podem ser classificados de acordo com a utilização no
processo de produção.
São eles: matéria-prima, material secundário, material auxiliar ou
material de embalagem. É possível entender a diferença entre eles
da seguinte forma:
Vale destacar que a embalagem normalmente
gera dúvida quanto à sua classificação, pois em
alguns momentos a embalagem também será
despesa. E para esclarecer, quando uma
embalagem será considerada custo, lembre-se
que esse gasto não está relacionado à venda,
ou seja, não é a embalagem feita para entrega
da mercadoria ao cliente, mas o gasto incorrido
na finalização do produto no processo fabril.
No caso da mão de obra direta, ela compreende os salários, benefícios, encargos e gastos necessários
para remunerar os profissionais que cuidam da fabricação dos produtos. A mão de obra pode ou não
ser especializada, mas deve estar relacionada com a produção. Por isso, denominamos mão de obra
direta, porque está vinculada diretamente a elaboração dos produtos.
Os custos indiretos de fabricação são todos os gastos de manutenção do ambiente fabril (como
aluguel, energia elétrica, salário do supervisor, depreciação das máquinas) que não podem ser
diretamente atribuíveis aos produtos porque são utilizados no processo como um todo e precisam de
rateio para serem alocados aos produtos.
Mas e os custos primários e de transformação, como eles são formados? Assim como o custo de
fabricação, eles utilizarão os elementos de custos, mas não todos ao mesmo tempo. Os custos
primários envolvem os gastos com matéria-prima e mão de obra; e o gasto de transformação
contempla a mão de obra e os gastos indiretos de fabricação.
A apresentação dos custos, desta forma, serve para a gestão da empresa analisar, por exemplo, o
efeito dos custos indiretos no final de um produto, o que se torna uma excelente forma de
gerenciamento de gastos, tornando possível tomar decisões para aumentar a lucratividade, reduzir
custos ou até descontinuar produtos que não geram lucro.

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