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Alice No Pais Das Maravilhsd Roteiro
Alice No Pais Das Maravilhsd Roteiro
1
ATO I Cena 1
Um bosque em uma tarde de verão, Alice brinca com Diná, a sua gata de estimação. Sua irmã
se aproxima e a observa.
2
ALICE:
IRMÃ: Chega Alice! Acho que você precisa de um tempo para sonhar. Vou tomar um chá, você
quer?
Não, obrigado querida irmã. Não se irrite.
(A irmã sai de cena)
ALICE: Sonhando?! É isso Diná! (Pega a gata no colo) Se esse mundo fosse só meu, tudo nele
era diferente. Nada seria o que é, por que tudo era o que não é. E também tudo que é, por sua
vez, não seria. E o que não fosse seria. Não é? No meu mundo, você não diria miau, Diná.
Diria... Sim, Dona Alice. Você seria como nós, Diná. Os animais falariam. (Suspira) Oh! No meu
mundo Diná...
MÚSICA
Meu gatinho ia ter um lindo castelinho
E andar todo bem
vestidinho Nesse mundo só
meu minhas flores,
quanta coisa eu não diria as flores Contaria
historias para as flores
Se eu vivesse, nesse mundo, só meu
Passarinhos! Como vão vocês meus passarinhos?
Vocês iam ter milhões de ninhos
Nesse meu mundo, só meu
Poderia, num regato a rir ouvir
cantar, uma canção sem fim,
quem me dera, que ele fosse
assim, maravilhosamente só pra
mim.
(Entra o Coelho apressado, vestindo um colete segundando um relógio em uma das mãos)
ALICE: Oh! Diná é só um coelho de colete (arregala os olhos surpresa) e de relógio!
COELHO: Pelos meus bigodes estou atrasado! (olhando o relógio) É tarde! É tarde! É tarde!
ALICE: Oh! Que coisa! Como é que um coelho pode estar atrasado! Espere!
COELHO: É tarde! É tarde! Tão tarde até que arde! Ai, ai meu Deus! Alô adeus. É tarde! É tarde!
É tarde!
ALICE: Deve ser muito importante como um baile ou sei lá... Senhor Coelho espere!
COELHO: Não, não, não, não. Eu tenho pressa, eu tenho pressa. A festa ai, ai, ai, meu Deus!
3
Alô Deus é tarde! É tarde! É tarde!
(O Coelho entra em um buraco. Alice se ajoelha e espia desconfiada.)
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ALICE:
Que lugar esquisito para uma festa! Eu acho Diná, que a gente não devia entrar, afinal
nós não fomos convidadas (entrando no buraco) e a curiosidade é uma coisa feeeeeeia.
(Blackout. Música tensa. Luzes piscam, a cortina se mexe, como se fosse uma tempestade)
ALICE: EM OFF - Adeus Diná! Adeeeussss!
CENA 2
Fundo preto. Acende um foco de luz em Alice, desmaiada e outro na Porta pequena, que está
no centro da cena. Alice acorda.
ALICE: Depois disso, eu ei de me acostumar a rolar da escada. Oh! Meu Deus será que eu caí e
passei pelo centro da teeerra. Oh! E se eu saísse do outro lado de cabeça para baixo! Oh! Mas
isso é tolice! Ninguém...
(O coelho passa correndo e entra na Porta, que está no centro da cena)
ALICE: Oh! Oh! Mas senhor Coelho espeeeere! Pare! ... Que coisa! Que coisa!
(Tentando abrir a porta) PORTA:
Uuuuuiii!!!
ALICE: Oh! Me desculpe!
PORTA: Oi! Não foi nada! É que me podias me amassar!
ALICE: É que eu estava seguindo...
PORTA: (Rindo) Essa é boa Hein? Amassar, maçaneta. hahahah ALICE:
Por favor!
PORTA: Um momento! Vamos ver o que é possível fazer! O que procuras tu?
ALICE: Eu, eu, procuro o coelho branco. E, e ...se puder me ajudar...
PORTA: Quem? Ou!
ALICE: Lá vai ele! Eu preciso passar! (Espiando pela maçaneta) PORTA:
Oh! És muito grande! Simplesmente impassável!
ALICE: Quer dizer impossível?
PORTA: Não! Impassável! Aqui nada é impossível! Ahahaha (rindo) Por que não tentas a garrafa
da mesa?
ALICE: Mesa?
(Acende foco em uma mesa com uma garrafa em cima) ALICE:
Oh!
(Vai até a mesa e pega a garrafa)
PORTA: Lê o rótulo! E serás dirigida diretamente na direção dele.
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(Lendo) Bebe-me!(Pensativa) Hum! Melhor olhar bem. Porque quando se bebe, de uma
garrafa marcada veneno. É quase certo fazer mal a gente, cedo ou tarde.
(A porta a observa curiosa) PORTA:
Quer explicar?
ALICE: Estava dando bons conselhos a mim mesma... Mas.... (bebe) Hum! Tem gosto de cereja...
(A atriz que faz a Alice abaixa-se um pouco, enquanto isso a porta aumenta um pouco)
ALICE:...mingau...
(Abaixa-se um pouco, enquanto isso a porta aumenta mais um pouco) ALICE:...abacaxi...
(Abaixa-se um pouco, enquanto isso a porta aumenta mais um pouco) ALICE:...de
Peru...
(Abaixa-se um pouco, enquanto isso a porta aumenta mais um pouco) ALICE:
Credo!!! O que eu fiz?
PORTA: hahaha Quase te apagaste como uma vela.
ALICE: (Surpresa se olhando) Mas olhe! Eu fiquei pequenina!
(Tentando passar pela porta e ela se vira)
PORTA: hahaha Não, não. hahaha (rindo) Esqueci de te dizer... ho, ho, (rindo ) Eu estou
trancado.
PORTA: Oh! Mas deixaste a chave lá em cima. (Os dois olham para cima. Alice estica o braço, na
tentativa inútil de pegar a chave)
PORTA: Pega o cofre, é lógico! (Surge o cofre, ela se espanta e abre o cofre).
ALICE: Tá bem! Mas eu só quero ver depois. OOOO!!! (A porta diminui repentinamente, dando
a impressão de que Alice aumentou de tamanho).
PORTA: Uaaau!
ALICE: Eu não acho graça nenhuma! (Começa a chorar) Nunca! Nunca mais eu saio daqui!
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ALICE:
PORTA: Não! Pare! O frasco, o frasco ! (Alice pega o vidro e bebe o líquido. A porta fica do
tamanho normal e abre para Alice passar). Não adianta, tenho um coração muito mole!
Blackout.
CENA 3
A CORTINA SE ABRE. Céu azul. País das maravilhas. Entra Dodô sendo empurrado por um
papagaio.
DODÔ:
Marinheiro eu sou, vivo sempre assim,
ALICE: Dodô?
DODÔ: Três pontos a estibordo. Já vamos atracar. Já vamos pisar terra firme! hahahah Para
terra eu vou virando assim, nossa roupa poderá secar
Dodô aparece cantando em cima de uma pedra cenográfica, que está no centro do palco. No
meio e alguns animais dançando na volta.
DODÔ:
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Pula, pula, pula quem parar faz muito mal
(Alice está no chão, levanta e conversa com Dodô, entrando na roda) ALICE:
Secar?
COELHO: É tarde! É tarde! É tarde! É tarde! É tarde! (Sai de cena. Alice sai correndo
empurrando um dos animais que estão na roda)
DODÔ: Ei cuidado, não empurre a dona sardinha, não empurre. Vamos embora pessoal, essa
menina é estranha!
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ALICE: Seu coelho? O Seu Coelho! Que coisa! Parece que entrou aqui! Será que acaso se
escondeu?
(Ela procura, mas não encontra e nem percebe que atrás dela estão os bonecos gêmeos)
ALICE: Hum...Será que está aqui? (Vira à esquerda e os bonecos a imitando) Não está! Onde
então? (Vira à direita)
Alice: Não! Suponho que tenha... (Vira-se para trás e se depara com os bonecos) Oh! O mas
que bonecos engraçados. (Lê nos seus colarinhos) Tweedle-dee e Tweedle-dum.
ALICE: É! Prazer em conhecê-los! Adeus! (Alice vira e ameaça sair, os bonecos fazem a volta e
para na frente dela)
TWEEDLE-DEE e TWEEDLE-DUM:
Como passou?
E aperte a minha mão.
Diga o seu nome e as coisas
e as coisas como vão.
Pois é!
ALICE: Engraçado! Pois o meu nome é Alice, e eu procuro um coelho branco e por isso...
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TWEEDLE-DUM: Ou "Abotoa, abotoa, quem ficou com o botão?"
(Alice, sem paciência não responde. Após um período de silêncio no palco o diálogo segue)
TWEEDLE-DUM: Coitadinhas.
TWEEDLE-DEE: Coitadinhas.
ALICE: É... Teria uma moral bem legal se a gente fosse uma ostra. Bem, foi uma visita bastante
agradável... (ameaçando sair) TWEEDLE-DEE: Outra declamação!
(Durante a música, Alice vai se afastando dos bonecos. Ao final, os bonecos saem de cena)
CENA 4
(Uma casa é iluminada no canto do palco. Alice se aproxima. Enquanto isso, na área escura do
palco, as flores entram discretamente e ficam congeladas na cena até a hora de suas ações)
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(O Coelho abre a porta da casa e sai)
COELHO: Não adianta! Não posso esperar! Estou muito atrasado. É tarde, é tarde, é tarde!
ALICE: Mariana?
COELHO: Não faça nada. Fique aí. Não, não! Vá procurar minhas luvas. Estou atrasado!
COELHO: Vai, vai, vai! Minhas luvas! (Empurrando Alice pra dentro da casa. O coelho toca uma
corneta para chamar atenção de Alice) Imediatamente! Tá ouvindo?
COELHO: (Olhando para o relógio) Ahhhhhhh! Não dá pra esperar. Já está tarde! (Corre para a
coxia)
(O palco todo é iluminado. Entra uma borboleta com asas que lembram pão de sanduíche)
ALICE: (Analisando atentamente a borboleta) Oh, sim, claro... Agora quem você acha... (Olha
para trás e não vê ninguém, apenas flores imóveis) Ora... Quem teria falado?
ALICE: Que mosca... Quer dizer, “moscavalo”? (Olha para trás esperando a aprovação da voz)
MARGARIDA: Claro.
ALICE: Me desculpe... mas, você... (Aponta para Margarida, que está imóvel)
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ALICE: É mesmo? (Encantada)
TULIPA: Não! Tem que ser o hit "Como é grande o meu amor por Tulipas?".
ROSA: Meninas!
ROSA: Meninas!
MARGARIDA: Amei!
ROSA: Meninas!
ROSA: Vamos cantar "O Jardim das Flores." Essa é a de todas nós. Comece com um "Lá",
maestro!
CORO
Borboletas e tulipas se beijam E
enchem a terra de alegrias mil
Como as flores no jardim vicejam
Como o céu primaveril
Tantas flores, tantas cores vibrando
Tantas violetas a cantar
As tigrinhas e os leões brincando
Tudo vão, se há sonhar
As lagartas da floresta
Brigam como cão gato
Margaridas boas-vindas
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Na rede a sonhar
Sonhar...
ALICE
Tudo pode-se aprender entre as flores
Sobretudo aquelas em botão
Quem aspira o aroma dessas flores
Sente o bater do coração
oh ohhhh
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ALICE: Mas eu não sou uma flor.
ALICE: Tudo bem, se é isso o que vocês acham... (Indignada) Se tivesse do meu tamanho
normal, poderia colher cada uma de vocês, se quisesse! E acho que isso lhes daria uma lição!
ALICE: (Ranzinza) Pode-se aprender muitas coisas com as flores... Hum! Parece-me que elas
poderiam aprender umas coisinhas sobre boas maneiras.
LAGARTA: EM OFF -
E,I,O,U
A, E, I, O, U
E, I, O, U
A, E, I, O,A
U, E, I, A
A, E, I, O, U
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LAGARTA: Quem és tu?
ALICE: Bem, eu, eu, eu... quase não sei, senhor. Já mudei tantas vezes desde a manhã,
percebe?
ALICE: Acho que não posso me explicar, senhor... porque eu não sou eu, sabe.
ALICE: Bem, não posso ser mais clara, pois também não está claro para mim.
ALICE: Bem, não acha que deveria me dizer primeiro o seu nome?
ALICE: (Suspira, quase que desistindo de conversar) Meu Deus, tudo aqui é tão confuso.
ALICE: Bem, não consigo me lembrar das coisas que eu fazia, e...
LAGARTA: Recite.
ALICE: Hein? Oh, oh, sim, senhor. "Como Doth, a abelhinha ocupada, melhora a cada canela"...
(Um foco de luz acende sobre a Lagarta, uma trilha toca ao fundo enquanto ela recita
exageradamente)
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LAGARTA: Tu? Quem és tu?
(Alice se irrita e vira de costas. A Lagarta, com expressão de desprezo sai de cena. Alice ouve
soluços repetidas vezes).
ALICE: (Procurando) Ué, de onde será que vem este som? Quem está aí? Que som é esse? É
algum animal? Já chega! Para com esse barulho irritante.
SOL: Não.
SOL: HIP! Um dia acordei com muita fome, aí comi demais e fiquei assim! HIP!
ALICE: Coitadinha...
SOL: Já tentei de tudo o que foi possível pra acabar com esse problema, mas esse soluço não
para!
SOL: Sou do reino vizinho. Vim brincar por aqui e acabei perdida. HIP!
(Ouve-se uma música ao longe. Alice, curiosa, procura para saber de onde vem o som)
SOL: HIP!
ALICE: (Assustada) Oh! Eu...eu estava... N-não. Eu, eu, eu quero dizer, eu, eu só... estava
querendo saber...
MESTRE GATO: Oh, está tudo bem. Uh, um momento, por favor. Segundo verso...
(Canta uma segunda parte da canção)
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MESTRE GATO: Mestre Gato!
(Ameaça ir embora)
ALICE: Oh, não, não, não. Obrigado, mas... Mas eu só queria lhe perguntar para que lado devo
seguir...
MESTRE GATO: Bem, vai depender... de para onde vocês querem ir.
MESTRE GATO: Então não importa o lado que vocês vão. Oh, a propósito. (Para Alice) Se
realmente quer saber, ele foi por aquele lado.
ALICE: Quem?
SOL: HIP! Você sabe como posso dar fim ao meu soluço?
SOL: Soluço! Vai dizer que você não sabe o que é? HIP!
ALICE: É tipo assim... (pensa) Quando alguém está... (pensa) É um som que sai... (Pensa) É algo
assim Hip! (Alice, faz careta e tenta reproduzir o som, mas não sai parecido)
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SOL: Está bem...
MESTRE GATO: Ah! Agora entendi! Mas não. Nunca tive essa coisa.
SOL: O soluço é uma coisa que você só entende completamente depois que você sente.
ALICE: Não fique assim... Eu tenho certeza que conseguiremos resolver esse problema!
SOL: HIP!
MESTRE GATO: Porém, se eu estivesse procurando um coelho branco e uma solução para
soluço, perguntaria ao Chapeleiro Maluco.
MESTRE GATO: Ou, tem a Lebre... naquela direção. (Aponta para a direita)
MESTRE GATO: Oh, não tem como evitar. Tudo aqui é maluco! (Ri) Deve ter percebido... que eu
não sou totalmente são. (Sai de cena cantando)
ALICE: Que coisa! Se as pessoas por aqui estão assim... É melhor não contrariar.
Olá, garota!!
SOL: Quem sabe um pouco de esquisitice possa resolver o meu problema. HIP!
ALICE: Eles não me ajudaram, mas talvez possam te ajudar. Vamos tentar!
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ALICE: Continuo sim... Escute, Dodô. A minha amiga aqui gostaria muito da ajuda de vocês.
SOL: HIP!
DODÔ: O que?
SOL: Um ataque!
DODÔ: Ah! Sim... Mas por que não disse antes. A solução é fácil... É técnica infalível! Quantos
anos você tem?
SOL: Dez.
DODÔ: Para curar um soluço basta trancar a sua respiração e contar os números de sua idade.
Nesse caso, deves contar até dez.
DODÔ: Esse método está na minha família há anos! Vamos lá? Feche os olhos. Tranque a
respiração. (Sol fecha os olhos e puxa ar) Agora vamos contar todos juntos.
TODOS: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10!
DODÔ: Não. Nunca tive! Agora temos que ir... Vamos, Piloto!
ALICE: Eu não entendo. Soluço é algo que começa e geralmente termina sozinho.
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SOL: No meu caso, não. HIP!
(Começa a tocar a música: “Bom desaniversário pra mim”. Entram a Lebre, o Chapeleiro
Maluco e o Ratinho. Conforme dançam, vão montando uma mesa de aniversário, com bolo,
xícaras e bules).
LEBRE:
Um bom desaniversario pra mim
CHAPELEIRO:
Pra quem?
LEBRE:
Pra mim
CHAPELEIRO:
Pra ti?
Um bom desaniversario pra ti RATINHO:
Pra mim?
LEBRE: Sim
sim (É sim)
TODOS:
Vamos comprimentarmos com uma xícara de chá,
Com um desaniversario pra mim
(Ao terminar a canção Alice aplaude. Os três olham para Alice e em seguida se olham).
CHAPELEIRO: Tá cheio!
SOL: Mas gostamos de ver vocês cantando e queríamos saber se poderiam me dizer...
LEBRE: (para Alice) Você gostou de nos ouvir catando? (para Sol) Você gostou de nos ouvir
catando? (para o Chapeleiro) Elas gostaram de nos ouvir catando!
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CHAPELEIRO: (Aperta as bochechas de Alice) Oh, que menina mais encantadora! Estou tão
emocionado com isso! Nunca recebemos elogios. Quer tomar uma xícara de chá?
LEBRE: Ah, sim, é mesmo, o chá. Tome uma xícara de chá. (Servindo o chá)
LEBRE: Ihhhh!
CHAPELEIRO: Hmm... Dizem que puxar a língua pra fora com certa força pode fazer os soluços
pararem.
SOL: HIP!
SOL: HIP!
LEBRE: Então, vamos fazer ela rir! Todos fazendo cócegas, vamos lá!
SOL: HIP!
CHAPELEIRO: Já sei! Sobrecarregar as terminações nervosas na boca com uma sensação doce
pode ser a solução. Pegue uma colher de chá com açúcar... melhor que isso.. USE CHÁ!!
LEBRE: CHÁ!!
(Lebre serve uma xicara de chá para Sol. Sol bebe e perde finalmente o soluço)
SOL: Obrigado por tudo o que fizeram por mim, amigos. Não sei como agradecer.
SOL: Você também, Alice. Preciso ir. Boa sorte pra você durante a sua volta pra casa.
ALICE: Obrigado.
LEBRE: Aniversário?
RATINHO: Aniversário? (Ratinho ri) Minha querida, isto não é um chá de aniversário.
CHAPELEIRO: É muito simples. Agora, setembro tem 30 dias... (confuso) Não. Bem. Um
Desaniversário... Se você tem um aniversário, então, você... (Olha para a plateia e ri) Ela não
sabe o que é um Desaniversário! (Chapeleiro, Lebre e Ratinho riem)
LEBRE: Vou esclarecer. Agora, provas estatísticas provam você tem somente um aniversário...
CHAPELEIRO: É exatamente por isso que estamos reunidos aqui para festejar.
RATINHO: Ah é?
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LEBRE: Que coincidência!
LEBRE:
Um bom desaniversario pra mim
ALICE:
Pra mim?
CHAPELEIRO:
Sim sim
Um bom desaniversario
ALICE:
Pra mim?!
RATINHO: Sim
sim
CHAPELEIRO:
Agoa sopre a vela, mas não queimes o nariz TODOS:
Um bom desaniversario feliz!
RATINHO: (sonolento)
CHAPELEIRO: E, uh, e agora, minha querida. Estava dizendo que gostaria de procurar... Perdão.
(Enche a boca de biscoitos) Estava procurando que tipo de informação? (Falando de boca
cheia)
CHAPELEIRO: Limpe a xícara, limpe a xícara. (Pegando a xícara das mãos de Alice) Deixe isso!
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ALICE: Eu ainda não bebi, portanto não posso beber mais.
LEBRE: Ah, quer dizer que não pode tomar um pouco menos?
CHAPELEIRO: E agora, minha querida, algo, uh, parece estar lhe perturbando. (Toma um gole
de chá) Uh, não vai nos dizer o que é?
ALICE: Bem, tudo começou quando estava sentada na beira do rio com Diná.
RATINHO: Ah! Gato? GATO! GATO! GATO! (Sai correndo pelo palco! Confusão.)
(Alice pega a geleia e esfrega delicadamente no nariz do Ratinho, que vai se acalmando)
(Alice ameaça tomar chá. Chapeleiro avança e retira a xícara de suas mãos)
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CHAPELEIRO: Pronto, minha querida, como estava dizendo...
ALICE: Oh, sim. Eu estava sentada na margem do rio com... com você-sabe-quem.
CHAPELEIRO: Eu sei?
LEBRE: Só meia xícara, se não se importar. (Quebra uma xícara ao meio e entrega para o
Chapeleiro servir)
CHAPELEIRO: (Servindo chá) Venha, venha, minha querida. Não quer chá?
ALICE: Charada? (Pensativa) Deixe-me ver... Qual a semelhança entre um corvo e uma
escrivaninha?
CHAPELEIRO: Calma!
ALICE: Tomar um chá, realmente! Desculpe só que estou sem tempo. Está na hora de ir
embora!
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COELHO: Não, não, não. Sem tempo, sem tempo.. É tarde! É tarde! Olá! Adeus! Estou atrasado.
Atrasado!!!
CHAPELEIRO: Bem, não me admiro que esteja sem tempo. (Analisando) Ora, este relógio está
exatamente com dois dias de atraso.
CHAPELEIRO: Claro que está atrasado. Temos que dar uma olhada nisso. (Coloca o relógio
sobre a mesa e começa a analisa-lo) Ahá!!! Já sei o que está errado. Ora, este relógio está cheio
de maquinismos... Com molas e rodinhas! (Começa a despedaçar o relógio) COELHO: Oh, meu
pobre relógio. Oh, meus maquinismos e molas. Mas, mas, mas, mas...
CHAPELEIRO: (Pegando a manteiga das mãos do Coelho) Manteiga. Oh, obrigado. Manteiga.
Sim, isso está ótimo.
COELHO: (Desesperado) Oh, não, não! Não, não, não! Vai arrebentá-lo todo.
LEBRE: Chá?
RATINHO: Açúcar?
CHAPELEIRO: (Passa a geleia no relógio) Geleia! Tinha, me esquecido da geleia. Nunca sei onde
coloco a cabeça.
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COELHO: Não! Geleia não!
RATINHO: (Para o Coelho) Confia nele! (Alcançando o pote de mostarda para o Chapeleiro)
Mostarda?
CHAPELEIRO: (Pega o pote de mostrada) Mostarda, sim! Mos... (Para e larga o pote de
mostarda antes de coloca-la no relógio) Mostarda? Não sejamos tolos. Limão... (Pega o limão e
coloca no relógio) isso é diferente. (Fecha o relógio) Pronto! Agora vai funcionar.
(O relógio começa a tremer. Ouve-se um som alto de despertador. Todos tapam seus ouvidos
ficam assustados).
(A Lebre retira um grande martelo debaixo da mesa e bate no relógio. O som de despertador
para. Após um breve silêncio, o Chapeleiro pega os pedaços do relógio e entrega nas mãos do
Coelho)
RATINHO: Já era!
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CHAPELEIRO, LEBRE E RATINHO: Um
bom Desaniversário feeliiiiz!
ALICE: Sr. Coelho. Espere! Oh, aonde ele foi agora? Desaniversário... Esta é a festa de chá mais
estúpida em que já estive em minha vida. Bem, já vi tolices demais. Vou para casa. Direto para
casa. Run! Aquele coelho... Quem se importa aonde ele está indo? Ora, se não fosse por ele, eu
não estaria aqui. (suspira) Meu Deus! Quando chegar em casa, vou escrever um livro sobre este
lugar. Isso SE um dia eu realmente chegar. (Olha para os lados) Bem, estou perdida... Talvez
seja melhor ficar no mesmo lugar, até que alguém me ache. Acho que é um bom conselho...
Mas... Mas quem iria me procurar aqui? (Começa a chorar) É um bom conselho, mas se tivesse
juízo eu não estaria aqui. Mas... Mas esse é o meu problema. Sempre me dou bons conselhos,
mas muito raramente os sigo.
(Ouve-se a música do Mestre Gato ao longe. Alice, curiosa, procura para saber de onde vem o
som. Entra o gato)
MESTRE GATO: Esperava que fosse quem? O Coelho Branco por acaso?
ALICE: Oh, não, não, não. Não quero saber de coelhos. (Chorando) Quero ir para casa! Mas não
consigo achar meu caminho.
MESTRE GATO: Naturalmente... Você não pode ir pra casa. Você não acha o caminho porque
você não tem nenhum caminho. Todos os caminhos aqui pertencem a Rainha. Tudo aqui é
dela!
MESTRE GATO: Nunca viu?!!! Oh, mas você deve ver! Ela ficará louca por você. Simplesmente
louca.
MESTRE GATO: Bem, alguns vão por essa direção. (Aponta para a esquerda) Outros vão por
aquela direção. (Aponta para a direita) Mas, pessoalmente, prefiro por aqui!! (Aponta para as
duas direções)
MESTRE GATO: Ah, é um atalho! Vem comigo! (O gato pega Alice pela mão e sai de cena)
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(A cortina se fecha. Entram as cartas carregando baldes de tinta, pincéis e uma roseira com
rosas brancas)
CARTA 1: ... E se essas rosas estiverem assim, branquinhas, não quero nem ver o que
acontecerá conosco.
CARTA 1: O mais triste é que sabemos que essas plantinhas vão parar de crescer.
CARTAS:
Bom...Bom..Bom...Bom...
É bom pintar,
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É bom passar a tinta até o fim.
Bom...Bom..Bom...Bom..
. Ooooh. Vamos
pintando, assim, As
CARTA 3:
É triste ver
CARTA 2: Que
irão morrer
CARTA 1:
As rosas do jardim.
Ooooh. Terão um
assim.
ALICE:
Desculpe a vez,
Ãhn? Ooooh!
CARTA 3:
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E a nossa...
CARTAS:
Rainha é assim, Só
CARTA 2:
Se ela chegar...
CARTA 1:
É nosso azar.
CARTAS:
ALICE:
Que horror!
CARTAS:
cor de carmim.
ALICE:
ALICE E CARTAS:
ALICE:
Sim, todas cor de carmim.
CARTA 2:
Nem azul.
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CARTA 3:
Nem verde.
ALICE:
Nem roxo, enfim.
ALICE E CARTAS:
Mas todas cor de carmim.
(Alice ri.)
CARTA 2: Se a Rainha vir essas rosas desse jeito vai fazer o maior estardalhaço.
ALICE: Puxa!
(Ouve-se uma marcha. Entra em cena o exército de cartas fazendo uma coreografia)
CARTA 3: (risada nervosa) Sim, pensávamos que fosse... pensávamos que fosse a Ra..
COELHO: ... quatro, cinco, seis, sete, oito, nove, dez, valete!
ALICE: O coelho!
COELHO: Vossa Alteza Imperial, vossa Eminência, Vossa Excelência, vossa Real Majestade, a
Rainha de Copas! ............ E o rei.
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(Do fundo do auditório entra a Rainha acompanhada pelo Rei)
RAINHA: SILÊNCIOOOO! (Aproxima-se das rosas e observa atentamente. Furiosa) Quem estava
pintando minhas rosas de vermelho? (Silêncio) Quem estava pintando minhas rosas de
vermelho? Quem ousa pintar com tinta barata na cor de carmim?!
RAINHA: Por pintar minhas rosas de vermelho alguém vai perder a cabeça!
REI: Bem. Bem, deixe-me ver, minha querida. (analisando Alice) Com certeza não é copas. Uh,
será do naipe de paus?
RAINHA: OLHA PARA MIM! FALA DIREITO! PAAARA COM ESSAS MÃOS! VIRA OS PÉS PARA FORA
E FICA EM POSIÇÃO DE CORTESIA. ABRA A BOCA E DIGA SEMPRE: OOOH, MAGESTADE! (Alice
tenta fazer exatamente como a Rainha manda)
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RAINHA: Seu caminho?!!!!! Todos os caminhos aqui são meus! SÓ MEUS!
(O Gato some)
RAINHA: (Procurando com raiva) Vou te avisar, menina... Que se eu perder minha paciência,
você perde sua cabeça! Está entendendo?!!!!!!!!!
MESTRE GATO: Ah, vai ser tão divertido. Enquanto ela falava com você eu amarrei um cadarço
no outro e uni seus pés. Na hora que ela for andar vai... pluft! hahaha (Com as mãos, faz a
simulação do impacto da queda. Ri.).
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RAINHA: Agora, menina... (Rainha tenta dar um passo, mas cai no chão. Ao cair no chão,
ouvese um efeito sonoro de um forte estrondo)
(Silêncio)
(As cartas rapidamente se posicionam ao redor da Rainha caída pelo chão. A Rainha levanta,
com um visual todo bagunçado e muito furiosa)
RAINHA: (Empurrando as cartas, que caem no chão) A CABEÇA DE ALGUÉM VAI ROLAR POR
ISTO!
RAINHA: (Apontando para Alice) A SUA! (Puxa a ar para gritar ainda mais alto) CORTEM-LHE A
CA... (O Rei a cutuca delicadamente)
REI: (Com a fala mansa) Mas, mas, mas, reflita, minha querida. Ela não poderia ter um
julgamento? Primeiro?
RAINHA: JULGAMENTO?
RAINHA: (pensativa) Hmmm... Está muito bem, então (Passando a mão na cabeça do Rei,
como se trata um cãozinho de estimação) QUE COMECE O JULGAMENTO!
(As cartas rapidamente trazem um púlpito ao centro do palco. A Rainha e o Rei ficam no
púlpito. Alice e o Coelho à direita, e, o júri formado de Cartas à esquerda. O Coelho toca o
clarim)
COELHO: Sua Majestade. (Faz reverência) Membros do júri. (Faz reverência) Súditos leais (Abre
um pergaminho, antes de iniciar a leitura o Rei o cutuca)........ Ah, e o Rei. (Lendo) A prisioneira
em questão é acusada de irritar Vossa Majestade, a Rainha de Copas, em uma simples
conversa, de forma intencional, premeditada, provocativa, e torturante... E, de outras formas,
incomodando nossa amada...
(O olhar do Coelho desce até o fim do pergaminho, procurando a parte que a Rainha pediu)
RAINHA: (Para Alice) Agora, está pronta para sua sentença? Vou dizer agora...
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ALICE: Sentença? Oh, mas deve haver um veredito primeiro.
RAINHA: Uh, sim, meu bem. CORTEM-LHE A CA... (O Rei a cutuca delicadamente)
REI: (Com a fala mansa) Mas reflita minha querida. Não chamamos nenhuma testemunha. Uh,
não poderíamos ouvir talvez uma ou duas? Talvez?
RAINHA: (Entediada) Oh, muito bem. (Gritando) MAS VAMOS LOGO COM ISSO!
REI: (Batendo com o martelo) Primeira testemunha. Primeira testemunha. Mensageiro, chame
a primeira testemunha!
(A Lebre entra em cena carrega por duas cartas e tomando uma xícara de chá)
LEBRE: Nada.
RAINHA: (Para o Rei) ISSO É MUITO IMPORTANTE! Júri, tomem nota disso.
(O Ratinho entra em cena carrega por duas cartas e também se servindo de chá)
RATINHO:
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Brilha bem devagarinho
RAINHA: (Para o Rei) Essa é a evidência mais importante que já tivemos. (Para os jurados, que
se assustam) TOMEM NOTA DISSO!
(O Chapeleiro entra em cena carrega por duas cartas e tomando uma xícara de chá. Ao chegar,
faz reverência e as lanças dos soldados fincam o seu traseiro)
CHAPELEIRO: Aiii!
CHAPELEIRO: (Levando um grande susto) Oh, que coisa! Hehehe (Tira o chapéu. Debaixo dele,
há uma xícara de chá)
CHAPELEIRO: Estava em casa tomando chá. (Tomando o chá que estava na sua cabeça) Sabe...
hoje é o meu desaniversário.
RAINHA: (Vaidosa) É?
REI: É.
Um bom desaniversário
RAINHA:
Pra mim?!
RATINHO: Sim
sim
CHAPELEIRO:
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Agora sopre a vela, mas não queimes o nariz.
(O Gato some)
RATINHO: Ah! Gato? GATO! GATO! GATO! (Sai correndo pelo palco! Confusão.)
(Alice pega o vidro de geleia, o Chapeleiro pega a colher e atira geleia no rosto da Rainha)
(Silêncio)
RAINHA: (Empurrando as cartas, que caem no chão) A CABEÇA DE ALGUÉM VAI ROLAR POR
ISTO!
(Todos nervosos. O Chapeleiro passa a colher para a Lebre, que por sua vez passa para Alice,
que já está com o vidro de geleia na outra mão)
(Música tensa, luzes piscam e a confusão é geral no palco. Todos correm e falam ao mesmo
tempo, em uma bagunça organizada)
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REI: (Gritando e batendo o martelo) Ouviram o que a “véia” disse?
(Neste momento Alice passa por todos os personagens que encontrou no País das Maravilhas.
Fugindo da Rainha, desce do palco e corre até o fundo do auditório. Todos correm atrás. A atriz
que fará o papel da Alice deve ser rápida e voltar para o palco sem ser percebida pelo público.
Blackout. A música se modifica)
(A luz acende. O cenário é o bosque em uma tarde de verão do início do espetáculo. Alice está
deitada, dormindo agitada)
ALICE: (Acordando assustada) Hein? Com que destreza o crocodilo não espadana a cauda?...
IRMÃ: Lagarta? Oh, que sonhadora! Alice, eu... Oh, bem. Venha. Está na hora do chá.
(Alice pega Diná e sai de cena com a sua irmã. A trilha cresce e em seguida o pano fecha com
um blackout).
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