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Inácio de Loyola
Os exemplos de santos e santas nos ajudam
a buscar viver também nossa vocação à santidade.
Apresentamos aqui um roteiro de oração
inspirado nas experiências de Inácio de Loyola,
que soube discernir os sinais da vontade Divina.
O discernimento espiritual é uma prática profunda
para exercitar um caminho de oração e construir
um Projeto de Vida. Assim como Inácio, somos
convidados e convidadas a nos colocarmos diante
da Cruz “olhando para mim mesmo e perguntando
o que tenho feito por Cristo, o que faço por Cristo e
o que devo fazer por Cristo” (EE 53).
Texto bíblico:
Lc 18, 35-43
“O que quer que eu faça por você?”
Provocações:
• Quais são os obstáculos
que me impedem de viver plenamente?
• Qual é minha persistência
nas minhas buscas?
• Sinto que Deus ouve o meu grito
e me chama?
• Tenho claro o que quero
para minha vida?
Encontrar Deus em todas
as coisas e ver que todas as
coisas vem do alto.
(Santo Inácio de Loyola)
O CAMINHO DE MANRESA E
O DESPOJAMENTO
Contemplemos as aventuras que Inácio
empreende para chegar a Jerusalém, após sentir-
se tocado por Deus. O jovem se põe a andar e,
ao mesmo tempo, a caminhar por suas veredas
interiores. Inácio faz uma parada em Montserrat,
na qual se sente chamado a despir-se de sua
vaidade e posição social, deixando ali suas vestes
nobres e armas. Dirige-se a Manresa, onde
adota um modelo de vida austero, mendicante
e severamente penitencial, sem medir esforços
para sentir-se agradando a Deus. Mesmo assim,
vivenciava confusões, como se estivesse apegado
a seus pecados e faltas. Certo dia, o jovem põe-
se a caminhar e, nas águas do Rio Cardoner, faz
uma profunda experiência de Deus, na qual
recebe uma revelação que o faz aprofundar-
se na fé, e aprender que Deus habita nas coisas
mais simples. Manresa foi lugar de aprendizado
e amadurecimento na fé. Ali, a experiência
do amor de Deus libertou Inácio das amarras
sociais que o oprimiam, de si mesmo e da rigidez
e exageros que o impedia de viver plenamente.
Inspirados pela peregrinação de Inácio, somos
convidados a meditar sobre o que tem nos
aprisionado no cotidiano.
Pedido de graça:
Senhor, amplia nosso entendimento
e liberta-nos diante de ti e das
coisas do mundo.
Texto bíblico:
Mt 19, 16-22
“O que é que ainda me falta?”
Provocações:
• Me sinto livre para o serviço do Reino?
• Olhando minha realidade
e minha vida, o que me aprisiona?
• Quais são as minhas respostas
cotidianas para os apelos de Cristo?
Senhor Jesus, ensina-me
a ser generoso a te servir
como tu o mereces, a dar
sem contar, a combater sem
medo de feridas, a trabalhar
sem procurar repouso,
a me dedicar sem esperar
outra recompensa que não
seja a de saber que faço
a tua vontade.
(Santo Inácio de Loyola)
JERUSALÉM E O
PROJETO DE VIDA
Somos convidados e convidadas a contem-
plarmos as aventuras do jovem peregrino até
Jerusalém. Tomado por uma extrema confiança
na providência divina, Inácio parte de Manresa
em direção ao sonho de chegar a Terra Santa, onde
acredita que poderá ficar mais próximo de Cristo.
Inácio atravessa difíceis caminhos, depara-se com
a fome, falta de saúde, o medo. Quando finalmente
ele consegue adentrar esse território sagrado,
deseja permanecer para sempre. No entanto, mais
uma vez a realidade o interpela e obriga a sair
do comodismo, determinando que ele partisse
dali. Nesse instante, o jovem foi confrontado com
seu projeto de vida, percebendo que o segmento
à Cristo deveria independer da localização, ele
buscou novos horizontes onde pudesse prosseguir
em sua missão de “ajudar as almas”. A experiência
de encontro com Cristo ganha mais sentido
quando somos impulsionados a voltarmos para
o mundo, para a sociedade e para os outros, com
desejo de transformação. Desse modo, somos
inspirados a nos apropriarmos de nosso projeto
de vida para, descobrindo nossa vocação, nos
colocarmos a serviço da construção do Reino.
Pedido de graça:
Senhor, inspirai-nos,
segundo vossa vontade,
na persistência com relação a nossos
projetos de vida e serviço.
Texto bíblico:
Lc 5, 1-11
“Não tenhais medo.”
Provocações:
• Como percebo minha
liberdade diante de Deus,
dos outros e das coisas?
• Diante dos apelos de Cristo,
como faço escolhas,
tomo decisões e assumo
as consequências?
• Como o medo me paralisa
para responder o projeto de vida
que o Cristo me chama?
Como Inácio
e os primeiros companheiros,
como tantos irmãos nossos
que militaram e militam
sob o estandarte da cruz,
servindo só ao Senhor
e a sua Igreja, queremos
também nós contribuir
com tudo aquilo que hoje
parece impossível:
uma humanidade reconciliada
na justiça, que vive em paz
numa casa comum bem cuidada,
onde há lugar para todos,
porque todos nos reconhecemos
irmãos e irmãs, filhos e filhas
do mesmo e único Pai.
(Arturo Sosa, SJ,
Padre Geral da
Companhia de Jesus)
OS COMPANHEIROS
DA MISSÃO
Até aqui vivemos as experiências do Inácio
peregrino, por vezes solitário, mergulhando no
mais profundo de seu ser. No entanto, Inácio e seu
espírito acolhedor foi responsável por unir diversos
jovens que compartilhavam o ideal de seguir a
Cristo e abraçar o projeto do Reino de Deus, os quais
mais tarde seriam o corpo fundante da Companhia
de Jesus. Em 1529, com 38 anos, vai estudar em Paris
e fica alojado junto com dois outros estudantes, 15
anos mais jovens que ele: Pedro Fabro e Francisco
Xavier. Durante a vida comum de estudos,
também partilhavam dúvidas, impressões, desejos,
medos. Com o crescimento dessa amizade, Inácio
apresentou para os jovens os Exercícios Espirituais,
que os levou a aprofundar a vida de oração e o
conhecimento da vontade divina. Que riqueza
perceber que não somos Igreja sozinhos. E a
Companhia e até mesmo os Exercícios Espirituais
também são construídos a partir da relação e
interação, do cuidado de construir aproximações
e o acompanhamento.
Pedido de graça:
Senhor, fazei-nos gratos e gratas
por poder partilhar como companheiros
e companheiras o serviço da
construção do Reino.
Texto bíblico:
Lc 10, 38-42
“Maria escolheu a melhor parte
e esta não lhe será tirada.”
Provocações:
• Olhar minha história
e ver pessoas que me falaram de Deus.
Relembrar com alegria o rosto de cada um
e cada uma que foi um reflexo de Deus
em minha história. Agradecer e rezar
por essas pessoas.
• Como é a qualidade das minhas relações
familiares e sociais hoje? Estou por inteiro?
Ouço e sou escutado? Quanto tempo gasto
com elas? Compartilho minha vida,
meus sonhos, meus desejos com pessoas
que estão próximas a mim?
• Como sinto a presença de Deus nas redes
de relações que cultivo e construo?
Aceitar o que é
construtivo e faz viver,
rejeitar o que destrói e
aprisiona, a questão é
exatamente o encontro
com Deus, mas também o
sucesso de uma existência
humana; uma coisa não
acontece sem a outra.
Não há nenhuma
necessidade de se afastar
de si mesmo para encontrar
Deus. É reunindo o que
há de melhor em si que
o homem consegue esse
encontro, com a condição
entretanto de se libertar
de tudo aquilo que possa
a vir alterar sua decisão.
(Pierre Emonet)
OS EXERCÍCIOS ESPIRITUAIS
Os Exercícios Espirituais, cujo título completo
traz seu objetivo, “para vencer a si mesmo e ordenar a
própria vida, sem se determinar por nenhuma afeição
desordenada”, são o fruto das experiências vividas
por Inácio. Seus confrontos, suas inconstâncias,
oscilações; mas também reflexões, uma peregrinação,
tanto interna como externa, um itinerário de oração
inspirado na vida dos santos e santas e nas Escrituras.
Os escritos dos Exercícios Espirituais de Inácio
também estão sistematizados em quatro semanas
temáticas, que propõe um caminho ao exercitante
para o encontro com Deus. Na primeira semana em
que somos convidados a olhar para nós mesmos, nossa
realidade, por mais difícil que ela seja, mas contanto
sempre com a misericórdia de Deus. Na segunda
semana, Inácio convida o exercitante a comtemplar
a vida de Cristo, tirando proveito para a própria vida,
percebendo o jeito do Senhor agir, a maneira como
Jesus se relacionou com os demais, a forma como ele
enfrentou cada desafio. Nas terceiras e quarta semanas,
Inácio propõe um caminho especial com o Senhor,
saboreando sua caminhada dolorosa e gloriosa, como
forma de unir, cada vez mais, a vida do exercitante ao
compromisso de construção do Reino.
Pedido de graça:
Senhor, colocai-nos sempre
no caminho de busca da Verdade,
para que possamos, atentos e atentas,
ouvir a vontade divina.
Texto bíblico:
Lc 9, 18-27
“Que adianta um homem ganhar o mundo
inteiro, se perde e destrói a si mesmo?”
Provocações:
• Quais são as minhas ambições que não
me colocam no caminho do Cristo?
• Meus desejos e sonhos são os desejos
e sonhos de Deus para mim?
• Qual cruz devo abraçar
para seguir Jesus Cristo?
OS PRIMEIROS
COMPANHEIROS
Santo Inácio de Loyola (31/07)
Inácio de Loyola nasceu em 1491, na Espanha,
numa família da nobreza basca. Aos 26 anos, os
seus sonhos de grandes conquistas caíram por
terra, ferido de morte por uma bala de canhão que
o deixou manco para o resto da vida. Durante a sua
longa convalescença, entreteve-se com os livros
que lhe conseguiram arranjar: vida de Jesus e dos
santos. Tocado por esses relatos, experimentou
uma alegria profunda e duradoura ao imaginar-se
seguindo os passos de Cristo, na radicalidade de uma
vida entregue a Deus.
A inspiração de Inácio de
Loyola permaneceu viva, muito
além da sua morte, em 1556,
até os nossos dias, através da
Companhia de Jesus e de todos os
que partilham do desejo de Inácio
de amar a Deus em todas as coisas,
e todas as coisas em Deus.
São Pedro Fabro (02/08)
Pedro Fabro era francês, natural da Saboia, onde
passou a adolescência apascentando os rebanhos de seu
pai. Ajudado por um tio sacerdote, veio a ser também
estudante da Sorbone em Paris, onde conheceu Inácio
de Loyola e os primeiros companheiros. A amizade entre
Pedro e Inácio começou com a ajuda que Pedro dava a
Inácio com relação aos estudos e, por outro lado, pelas
orientações a respeito dos Exercícios Espirituais que
Inácio ofereceu a Pedro. Ordenado sacerdote e tendo
feito os Exercícios Espirituais, Pedro celebrou a missa
em Montmartre, em que os seis primeiros jesuítas, ainda
não sacerdotes, fizeram seus primeiros votos de pobreza,
castidade e de ir à Terra Santa, para lá gastarem suas vidas
na ajuda das almas. Mais tarde, Pedro Fabro foi enviado em
missões importantes à Alemanha, onde conquistou Pedro
Canísio. Também foi missionário nas regiões da França,
Portugal e Espanha. Chamado pelo Papa para participar
do Concílio de Trento, morreu em Roma, em 1546.
Foi beatificado por Pio IX em 1872. Foi canonizado
pelo Papa Francisco em 17 de dezembro de 2013.
São Francisco Xavier (03/12)
Espanhol de Navarro, nascido em 1581. Santo
Inácio conheceu Francisco Xavier em Paris, quando
era estudante. Conquistou-o com sua amizade e
convidou-o a fazer os Exercícios Espirituais, a partir
dos quais ressiginificou sua vida, voltada para glórias
e fama pessoais. Depois de ordenado sacerdote, em
1537, foi enviado à Portugal a pedido do rei D. João
III, junto de alguns companheiros. Posteriormente foi
mandado às índias e ao Japão, como legado do Papa.
Desembarcou em Goa, na Índia, e percorreu quase
todos os países litorâneos do extremo oriente. Foi o
primeiro missionário que aportou no Japão. Morreu
às portas da China, cuja importância cultural era
sem par em todo o Oriente. Suas cartas comoveram
toda a Europa e suscitaram generosas vocações.
Foi canonizado por Gregório XV em 1622 e hoje é
um dos padroeiros das Missões.
Produzido por:
Equipe do Centro
MAGIS Anchietanum
Ilustrações:
Acervo digital da
Companhia de Jesus
Diagramação:
Rodrigo TZK•D