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As grandes rotas do comércio externo:

Nos séculos XII e XIII, os mercadores aventuraram-se a percorrer grandes


distâncias, reativando as rotas do comércio internacional. As cidades da
Flandres, as do mar Báltico e do Mar do Norte, bem como as do Norte de Itália
e as cidades-feira de Champagne, tornaram-se os polos mais ativos desse
novo comércio europeu, onde se cruzava toda a sorte de gentes e de
mercadorias.

A Flandes:
Desde cedo que, na Flandres, uma ativa indústria de lanifícios fez prosperar as
cidades. Gand, Ypres, Bruges, Donai, entre outras, eram cidades
manufatureiras cujos tecidos chegavam a toda a Europa e até, por intermédio
dos italianos, ao Oriente. A Flandres atraía, por força da sua posição geográfica,
mercadores dos quatro cantos da Europa. Do Norte, vinham os alemães das
cidades hanseáticas.
As cidades flamengas, com destaque para Bruges, acolhem os mercadores
estrangeiros com privilégios, concedendo-lhes residência e autorização para
construírem as suas casas de comércio, com oficinas, armazéns, locais de carga
e descarga.

O comércio da Hansa:
Quando, no século XI, as trocas se reativaram, o comércio à distância era uma
aventura arriscada, em que se perdiam muitas vezes homens e mercadorias.
De todas estas associações, a que uniu as cidades do Mar do Norte e do mar
Báltico, conhecida por Hansa Teutónica, foi, sem dúvida, a mais poderosa, de
tal modo que, muitas vezes, a ela nos referimos simplesmente como «a
Hansa». Constituída formalmente em meados do século XIII, a Hansa Teutónica
atingiu o seu apogeu no século seguinte. A Hansa era uma vasta associação de
cidades destinada a assegurar o monopólio do comércio do mar Báltico e,
quanto possível, do Mar do Norte.
Desempenhavam igualmente um papel importante no comércio entre a
Flandres e a Inglaterra, transportando, no século XV, mais de 70% das
mercadorias inglesas para a Flandres.
As cidades italianas e o domínio do comércio
mediterrânico:
De todas as regiões europeias, as cidades italianas foram as que melhor
preservaram a memória e o saber das ligações mercantis. Amalfi, Génova, Pisa
e Veneza dedicaram-se, bem antes do século XI, ao comércio marítimo,
mantendo ligações com o Império Bizantino e, até, com Alexandria.

O desencadeamento da Primeira Cruzada em 1095 contribuiu para enfraquecer


o domínio muçulmano no Mediterrâneo, abrindo espaço para o comércio
europeu. Os genoveses, venezianos e pisanos, apesar de rivais, competiam nas
rotas comerciais em direção à Ásia Menor, Síria e Egito, trazendo especiarias,
tecidos finos, pérolas, pedras preciosas e alúmen para os mercados europeus.
As especiarias eram valorizadas por serem leves e de fácil transporte. Além
disso, os tecidos de lã fabricados em Florença, Pádua e Milão também eram
importantes nesse comércio. As cidades italianas prosperaram, como
evidenciado as suas moedas de ouro, que eram valorizadas em toda a Europa,
e pela ousadia de seus mercadores, que se aventuravam até o Oriente muito
antes da chegada dos portugueses às Índias.

As feiras de champagne:
Os mercadores medievais eram viajantes incansáveis, percorrendo as estradas
europeias, desafiando os riscos do mar para comprar e vender mercadorias.
Em algumas regiões, feiras periódicas desenvolveram-se, alcançando
rapidamente dimensão internacional. Para atrair os feirantes, reis e senhores
ofereciam condições vantajosas de alojamento, armazenamento e redução de
impostos, além de garantir a segurança dos mercadores por meio de salvo-
condutos. As feiras da Champagne, como as de Lagny, Bar-sur-Aube, Provins e
Troyes, destacaram-se como pontos de encontro para mercadores de toda a
Europa, devido à sua localização estratégica entre o Norte flamengo e o Sul
italiano. O calendário preciso e encadeado das feiras ao longo do ano
transformou a região da Champagne em um mercado contínuo e próspero.
As novas práticas comerciais e financeiras:
Durante a Idade Média, mercadores buscavam segurança e facilidade em suas
transações, levando ao surgimento de práticas inovadoras. Sociedades
comerciais, seguros e pagamentos em papel como cheques e letras de câmbio
se desenvolveram. Os cambistas e banqueiros desempenharam papéis
essenciais, expandindo suas atividades para incluir depósitos, transferências de
dinheiro e operações de crédito, delineando assim as primeiras atividades
bancárias modernas. Inicialmente desaprovados pela Igreja, sua posição social
foi reconhecida a partir do século XII, legitimando seus ganhos devido aos
benefícios econômicos gerados.

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