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OVERLORD EDIÇÃO ESPECIAL

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Aviso Legal:
A tradução de OVERLORD — para inglês e português — é feita e revisada de fã
para fã, não monetizem em cima da obra e não compactuem com quem o faz. Se
quiserem e puderem contribuir com o autor, comprem o livro ou ebook (japonês,
inglês ou português) em sua livraria de preferência.

Sobre:
A obra faz uso de muitos anglicismos, ainda mais por se basear em RPGS, então
há muitos termos em inglês e tentei preservar vários desses aspectos em alguns
termos, nomes de armas, itens, raças e coisas do tipo.
Claro, algumas coisas precisam ser adaptadas, outras é preciso generalizar. Dito
isto, àqueles que são adeptos do Dia do Saci em vez do Halloween podem não gos-
tar. Estejam avisados.

Tentei remover o máximo possível de erros de português e concordância. Mas


somos apenas pessoas com boa vontade e não especialistas da língua portuguesa.
Quando encontrarem algum erro, sintam-se à vontade para entrarem em contato
através do e-mail disponível no blog :)

Créditos:
CRÉDITOS PT-BR:
ainzooalgown-br.blogspot.com
CRÉDITOS EN-US:
skythewood.blogspot.com
REFERÊNCIA DE NOMES:
overlordmaruyama.wikia.com

Atenção: Se baixou este arquivo de outro link que não o oficial do blog. Ou se
tem muito tempo que baixou e deixou guardado, que tal dar uma conferida no
blog? Talvez esta seja uma versão desatualizada :)

Revisão: 2.1 | Versão: 1.0


OverlorD
オーバーロード
-Prólogo Parte 1-

OVERLORD EDIÇÃO ESPECIAL


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Sumário
Prólogo - 1 ............................................................................................................................................ 5
Parte 1................................................................................................................................................ 6
Parte 2.............................................................................................................................................. 16
Glossário............................................................................................................................................... 82
Prólogo – 1

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Parte 1

porta maciça rangeu enquanto lentamente era aberta. O som estri-

A dente nunca desaparecia, independentemente de quantas vezes a lu-


brificasse.

A razão era óbvia — porque as partes metálicas estavam deformadas


além do reparo.

Substituir essas partes significava que a porta não faria mais o rangido, mas ele —
Suzuki Satoru — não achava necessário.

Gastar dinheiro nessa porta, que só usava quando ia e voltava do trabalho, era um
desperdício.

Além disso, de certa forma, ele pensava que este ruído horripilante soava como
um “bem-vindo”, então havia um apelo emocional.

A coisa mais importante era que esse barulho poderia servir como um alarme con-
tra ladrões — claro, isso se quaisquer ladrões se interessassem por este aparta-
mento em ruínas.

Ninguém pensaria que haveria algo valioso escondido atrás de uma porta que fi-
zesse esse tipo de barulho.

Afinal, se alguém estivesse tentando roubar uma casa, provavelmente roubariam


outra em melhores condições.

As luzes brancas do teto se acenderam, acionadas por sensores de movimento, e


o antigo purificador de ar ressoou ao ligar.

A sensação de vazio, frio e escuro ainda permanecia, apesar das luzes se acende-
rem. A cena além dessa porta era a própria imagem do solitário e sombrio aban-
dono. No entanto, esta era uma visão cotidiana para ele.

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Ele fechou a porta e engatou as três fechaduras, afinal, ainda havia a mínima pos-
sibilidade de algum ladrão tentar entrar.

“Uma fechadura eletrônica... huh?”

Talvez ele devesse usar algo melhor aqui.

No entanto, os cálculos mentais de alta velocidade de Suzuki Satoru concluíram


que ele não deveria desperdiçar seu capital limitado na prevenção de roubo. A pos-
sibilidade de alguém roubá-lo era muito baixa, ele sentia que seu esforço seria des-
perdiçado, então descartou a idéia de gastar dinheiro com isso.

E para ser honesto, ele não era tão pobre assim. Seu salário não era dos melhores,
mas ele ainda vivia acima da linha da pobreza. Ele tinha um amplo equilíbrio em
suas contas bancárias, mas não tinha idéia de como gastar esse dinheiro.

Ele se forçou a ser econômico, pois achava que não deveria desperdiçar dinheiro.
Ele sentia que algum dia teria a chance de usar esse dinheiro para se divertir.

Após tirar os sapatos surrados e jogá-los para um lado, de repente, seus passos
pelo hall de entrada pareceram muito leves, como se o peso de seus movimentos
anteriores fosse tudo por causa de seus sapatos.

A cozinha situava-se perto do corredor e estava praticamente vazia. Pois não ha-
via utensílios de cozinha. Suzuki Satoru lavou as mãos na cozinha, depois pegou
uma toalha e a umedeceu com um pouco de água. Em seguida, ele abriu a pequena
e velha geladeira — por algum motivo, se sentiu mal por ela ainda estar lá — e
retirou seu jantar.

Comer era importante. A fome reduziria sua capacidade de pensar e isso seria in-
conveniente para seus companheiros. Ele passou por três portas ao longo do ca-
minho — banheiro, sala de banho e quarto, antes de finalmente abrir a porta mais
interna, para ser recebido por uma sala um pouco pequena.

Uma moldura preta de cerca de 100 centímetros de largura repousava sobre um


suporte de algum tipo. Na frente, havia uma poltrona de alta classe de aparência

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confortável, com um apoio para os pés. Ao lado havia um controle remoto e cabos
de energia, apoiados em uma mesa de duas camadas com rodas. Essas eram as
únicas coisas na sala, além de um calendário na parede.

A mobília estava agrupada no centro. A falta de qualquer outra coisa pode fazer
as pessoas pensarem que o dono desta sala era uma pessoa apática, que não tinha
interesse em nada. Sobre a mesa estava o único bastião que atestava sua humani-
dade; uma foto de uma família feliz segurando um bebê.

Suzuki Satoru chegou à cadeira e pôs o jantar na mesa. Então, ele soltou a gravata
e a jogou no chão. Depois disso, tirou sua máscara de filtragem de ar e os óculos
em um único movimento.

A seguir foram os casacos. Ele os retirou, um após o outro, e a sensação de liber-


tação que sentia florescendo por dentro era evidente em seu rosto. Por fim, ele
tirou as calças. Ficou apenas de camisa e samba-canção, ele se limpou com a toalha
úmida. Embora planejasse tomar banho de vapor depois, ele não suportava o des-
conforto de um corpo pegajoso.

Enquanto se limpava, juntou a roupa e com a ponta do dedão e a chutou para um


montinho no canto da sala. Embora estivessem contaminadas pelo ar exterior, ele
tinha comprado cada peça com seu suado dinheiro, só precisava lavar e estariam
novinhas em folha. Mas isso ele faria mais tarde — era muito problemático agora.

Ele se concentrou em limpar o rosto e as mãos, as partes que haviam sido expostas
ao ar exterior, e depois colocou o pano enegrecido na mesa. Depois disso, ele pra-
ticamente se jogou na cadeira. A marca que a fez era bem famosa, feita por uma
das oito grandes corporações mundiais. Pode muito bem ser a coisa mais cara em
todo o apartamento. Apesar da aparência delicada, nem sequer gemeu com o peso
de um homem adulto, um claro contraste com a porta.

O homem suspirou profundamente e olhou para o teto com olhos sem expressão.
Então, ele olhou com atenção para o calendário.

“Ah, ainda tá muito longe...”

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Ainda era o meio da semana. Seu próximo dia de descanso parecia insuportavel-
mente distante.

“Ah—. Ah—. Ah—. Ah—.”

Quando Suzuki Satoru refletiu sobre o número de dias restantes, ele acabou fa-
zendo um monte de sons estranhamente modulados e no fim, ficaram ininteligíveis
em sua boca. Depois disso — como se as baterias tivessem acabado — os barulhos
pararam.

Então, um sorriso apareceu em seu rosto.

“Ah, bem, deixa pra lá.”

E certamente o fez. Enquanto pensasse no que viria a seguir, até mesmo uma cha-
teação como essa poderia ser esquecida.

Suzuki Satoru pegou o jantar que acabara de colocar sobre a mesa.

Ele inseriu o canudo na comida líquida de sabor carne e a sugou.

Era pouco mais que um gel glutinoso de carne. Na verdade, era horrível, mas ele
sentia fortemente que a busca da perfeição em comida era inútil. Afinal de contas,
tudo se tornava merda, então investir dinheiro nisso se provara inútil.

O importante era encher o estômago, e se não fosse nutritivo o suficiente, sempre


havia pílulas para suprir isso.

Depois disso, Suzuki Satoru engoliu vários comprimidos multivitamínicos e suple-


mentos com um belo gole de bebida saudável.

Esse foi o fim de seu jantar de 220 ienes. Ele geralmente almoçava na rua, o que
era mais caro do que a refeição mais econômica que ele podia conseguir, quando
acontecia, ele economizava dinheiro no café da manhã e jantar.

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Depois de reabastecer seus nutrientes, Suzuki Satoru finalmente começou a agir
como um ser humano.

Ao contrário do atrapalhado e desajeitado de agora a pouco, seus olhos brilhavam


e seus movimentos eram ágeis.

Ele pegou um cabo preto, que estava conectado na parede.

Suzuki Satoru removeu a cobertura protetora de plástico em uma extremidade do


plugue, revelando um plugue de aproximadamente 3 centímetros de diâmetro. Um
brilho prateado se misturava com o brilho líquido do lubrificante protetor.

Ele segurou o cabo em uma mão e, com a outra, levantou o cabelo cobrindo a nuca.
Um brilho opaco do objeto feito pelo homem embutido em sua nuca pôde ser visto.

Com facilidade praticada, ele abriu a tampa de cerca de três centímetros presente
em sua nuca. A ação expôs o soquete escondido debaixo.

Ele conectou o plugue sem qualquer hesitação.

“Ohh...”

Com o tempo, com seu suspiro silencioso, pôde sentir a luz movendo-se através
de seu corpo, como se seus vasos sanguíneos estivessem cheios de radiação.

A sala não havia mudado, mas seu campo de visão era diferente agora.

Várias janelas apareceram dentro de sua linha de visão, mostrando-lhe informa-


ções fluindo diretamente para o processador dentro de seu cérebro.

Ele começou a operar a CPU.

Alguém de uma idade mais avançada poderia olhar com desconfiança para os es-
tranhos gestos que estava fazendo no espaço vazio. No entanto, sua CPU craniana
leu os fracos impulsos elétricos de suas sinapses — em outras palavras, uma inter-
face de controle usando o cérebro — e os converteu em dados.

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Seus pensamentos alcançaram seu supercomputador através do cabo e ligaram a
televisão. A energia foi ativada, e uma tela apareceu no quadro preto.

Dentro dela, uma mulher japonesa primorosamente vestida começou a ler as no-
tícias.

“—O conflito que começou no ano passado entre a segunda Arcologia Europeia e
a terceira Arcologia Europeia—”

Ele manipulou um console invisível e mudou o canal.

“—Em relação às três megacorporações na capital, Neo Kyoto—”

Ele mudou o canal novamente.

“—Preso pela venda de cyberware ilegal em Neo Kyoto Hachijo—”

A tela piscou rapidamente entre vários canais, mas as notícias que ele esperava
não apareceram. Suzuki Satoru moveu a mão e desligou a TV.

“Então— hora de começar.”

Ele pegou o capacete que quase cobria toda a cabeça, conforme exigido pelas Leis
da Informática, conectou outro fio ao pescoço e o ligou ao capacete, depois o colo-
cou sobre a cabeça.

Embora fosse um capacete de rosto inteiro, a câmera montada no lado de fora


transmitia seu sinal de vídeo diretamente para o cérebro, então seu campo de vi-
são ainda estava desobstruído.

Este capacete incluía um sistema que registrava automaticamente tudo o que


acontecia no mundo virtual. Como um aparte, ele manteria as imagens por um mês,
excluindo-as automaticamente depois disso.

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Muita gente queria evitar usar esse capacete. Era natural, já que colocá-lo era
como desistir da privacidade.

No entanto, quase todos o usavam.

Não foi só por causa da lei. Era um dispositivo de segurança pessoal.

A nano-interface neural era um biohacking para aprimoramento do cérebro hu-


mano, o que lhe permitia funcionar como um supercomputador — um computador
pessoal de altíssimo desempenho. Era essencial para a vida cotidiana, mas às vezes
eram usados em crimes.

Em particular, os hackers usavam os cérebros dos outros como um trampolim


para cometer crimes.

Por causa disso, capacetes como esses podem provar a inocência, mesmo que o
usuário fosse envolvido em um crime. Pode-se dizer que esta era a rede de segu-
rança do mundo da computação. Em contraste, não ter um deles aumentava muito
as chances de alguém ser acusado quando envolvido em um crime, então apenas
um punhado de pessoas optou por não o usar.

Ele notou as palavras que diziam que a gravação havia começado, e então operou
a janela do console flutuando perto de sua mão. Abriu várias janelas novas perto,
depois aproximou uma delas e a tocou.

A janela que ele tocou tinha a palavra YGGDRASIL escrito.

Logo, a vida real de Suzuki Satoru iria começar. Contudo—

De repente, um alerta soou em seu ouvido. Só ele podia ouvir. E uma expressão
frustrada apareceu em seu rosto.

A janela recém-exibida dizia: “Diminuição de nanomáquinas intracraniana


acima de 85%. Por favor, recarregue suas nanomáquinas.”.

“Haa...”

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Suzuki Satoru suspirou com um volume exagerado, uma resposta natural ao
abrandamento de sua felicidade. Claro, não havia ninguém aqui, mas ainda assim
ele queria expressar seus sentimentos.

“Tudo bem, tá bom, entendi, já entendi...”

Suzuki Satoru minimizou a janela, que estava fazendo ruídos irritantes de alerta.

“Eu sei. Eu não quero ser expulso no meio do caminho por causa disso, espere um
pouco aí que já vou...”

Ele agarrou a seringa indolor enquanto murmurava para si mesmo.

O injetor parecia um carimbo, ele levou até o braço e depois o apertou. Muito pa-
recido com o que ele sentiu quando inseriu o plugue em sua cabeça, ele sentiu um
brilho se movendo através de seu corpo.

Começou de seus braços e depois se espalhou por seu corpo como um incêndio.

Ele calmamente colocou a seringa vazia na mesa. Ele poderia trocar por uma pe-
chincha e obter uma nova em uma clínica, mas se a quebrasse, a substituição seria
muito cara. Portanto, ele tratou com cuidado, a fim de não desperdiçar dinheiro
sem motivo.

Uma mensagem lhe disse que uma quantidade de nanomáquinas cerebrais havia
sido infundida em seu corpo e depois desapareceu automaticamente.

Finalmente, as preparações estavam completas. Isso deve ser tudo. Não haveria
mais nada para entrar em seu caminho.

Já que ninguém telefonaria para ele, então não havia necessidade de desligar a
rede integrada de telefonia móvel.

Seus olhos brilhavam como os de um adolescente em um parque temático, Suzuki


Satoru clicou na janela chamada YGGDRASIL.

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—O mundo mudou.

Suas nanomáquinas cerebrais começaram seus cálculos, interrompendo seu


campo de visão e assumindo o controle de seu sistema nervoso somático, tudo mu-
dou.

Uma imensidão vazia se estendia em todas as direções — não, havia coisas cinti-
lando na escuridão como estrelas — como o espaço. Entre eles flutuava uma gigan-
tesca árvore que parecia abranger tudo.

Parte de seu campo visual piscou, e se inclinasse a cabeça para o lado, ele poderia
ver alguma coisa.

Era um monstro. Chamas vermelhas e pretas queimavam nos olhos do monstro


esquelético.

Ele não sentira confusão ou medo para com a coisa grotesca que surgira do nada.
Naturalmente, era porque aquela criatura era o seu outro eu, com a qual ele estava
intimamente familiarizado.

Ele estendeu a mão — e no momento em que tocou o esqueleto, seu ponto de vista
mudou mais uma vez.

Inúmeras linhas de algoritmos passaram por sua visão e desapareceram em um


instante. Pareciam ter algum significado, mas desde que ele não sabia nada sobre
aquilo, era sem sentido prestar atenção. Além disso, não os conhecer não o inco-
modava nem um pouco.

No entanto, havia uma que ele reconhecia.

Estava na barra superior de seu campo de visão. Se o número da direita não atin-
gisse 100%, a aventura não começaria.

Sem nada para fazer, ele olhou para as mãos. Estavam desprovidas de carne, com
apenas mãos esqueléticas e desumanas em seu lugar.

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Ele cerrou os punhos e os abriu novamente. Mesmo as sensações sendo atenuadas,
era bem perto da realidade.

O número na barra superior se tornou o 100%, era o que ele esperava, e vários
ícones apareceram. O que ele selecionou era composto por um triângulo unido a
um retângulo.

Em outras palavras, o botão HOME.

Se ele clicasse, mudaria de forma em uma barra que representaria uma área de
espera.

Os 18/30 representavam que, do máximo de 30 pessoas, 18 já estavam lá. Ele es-


condeu sua excitação crescente sob o rosto imóvel e esquelético, depois disso, o
tocou com a mão ossuda. Apareceu uma janela, ele selecionou SIM quando foi per-
guntado “Tem certeza?”.

—Iniciando Login.

—Por favor aguarde.

A voz feminina vinda do lado de sua orelha tinha qualidade musical e soava como
um humano. Claro, foi gerada eletronicamente.

Mesmo pessoas com boa audição não podiam dizer a diferença. Apenas uma pes-
soa entre seus companheiros, com excelente audição, sabia discernir, dita compa-
nheira a chamava de “tom inútil”. Essa informação veio da irmã mais velha daquele
amigo, que lhe contou em detalhes.

Mesmo que tenha sido legal o modo que ela disse, em momento algum ela teve a
intenção de esconder o ódio das pessoas que roubaram seu trabalho, então ele es-
cutou um sermão de 30 minutos — mais um protesto, na verdade — enquanto
sentia uma pontada de medo.

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Mesmo muitos falando que era inútil, ele ainda acreditava em um rumor do
mundo on-line — o rumor dizia que se ele pedisse para a voz, isso o deixaria entrar
no jogo mais rápido. Portanto, ele disse para a voz:

“Rápido, me deixe entrar.”

Parte 2

O mundo de trevas se encheu com luz.

Era uma sensação estranha — embora ele fechasse os olhos, parecia que ainda
estavam abertos —, mas depois que passou, ele se viu de pé em uma sala dentro
de uma construção de algum tipo. A breve desorientação que sentiu após sua
mente mudar para um mundo fictício rapidamente desapareceu.

Ele olhou cuidadosamente ao redor de seu entorno.

A sala era feita de algum tipo de material inorgânico cinza, parecia concreto, e
tinha um teto alto. Embora não houvesse fontes de luz visíveis, um lado do teto
brilhava com luz branca.

“Yo~ Momonga-san. Ainda bem que veio.”

Alguém chamou por ele.

Suzuki Satoru — Momonga — entrou em YGGDRASIL inúmeras vezes antes, mas


ninguém nunca havia falado com ele nesta sala, e isso o deixou confuso por um
momento. No entanto, graças à familiaridade da voz — ou talvez por ser a voz de
alguém no clã a quem era muito próximo — seu humor mudou imediatamente, e
ele respondeu:

“Oh— Peroroncino-san, boa noite. Que bom que você veio.”

A voz que se dirigia a ele vinha de um homem com a cabeça de ave e asas nas
costas. Ele usava uma armadura reluzente de ouro.

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“Cara~ você me assustou. Foi a primeira coisa que vi quando entrei aqui, Mo-
monga-san.”

“Eu que o diga! Acho que entramos quase ao mesmo tempo.”

“Bem, esse tipo de coisa acontece, né. A única surpresa é isso não tão ter aconte-
cido antes. Quer dizer, deve haver muitas pessoas que saem do trabalho e se co-
nectam imediatamente, praticamente na mesma hora.”

Seu amigo — Peroroncino — caminhou em direção a ele.

A cada passo que Peroroncino dava, partículas douradas se espalhavam de sua


armadura e desapareciam no ar. Como se banhado no crepúsculo, ele impunha
uma figura imponente.

“Eu nunca vi esse efeito antes. Como conseguiu isso? Foi um cristal de dados dei-
xado por monstros naquela área que descobrimos esses dias?”

“Só que não~”

O rosto de Peroroncino não mudou. Uma deficiência lamentável, o avatar de uma


pessoa não podia alterar as expressões para corresponder à voz. Ainda assim, sua
voz era perfeitamente límpida, e assim era distinguível felicidade em suas palavras.

“É um efeito de personagem, um item de cash da loja.”

Momonga sentiu como se tivesse perdido o chão. Ele deveria ter exibido um emo-
ticon, mas não estava com disposição para isso. Em vez disso, ele se aproximou de
Peroroncino.

“Essa não! Por quê? Peroroncino-san, como pôde me trair assim!? Como pôde trair
nossa amizade ardente! Prometemos jogar sem usar dinheiro, esqueceu?”

De fato. Embora soubessem que alguém poderia usar a modalidade pay-to-win


com itens de cash, eles haviam formado a “Aliança Sem Itens de Cash”, suas almas

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brilharam com a idéia de compensar fraqueza com habilidade. Mais precisamente,
Peroroncino e Ulbert foram os que tiveram essa idéia primeiro. Ser o primeiro a
traí-los foi absolutamente imperdoável.

“Momonga-san, me desculpe!”

Peroroncino juntou as palmas das mãos em desculpas, mas suas palavras não ti-
nham arrependimento.

“Quer incluir todos os efeitos possíveis nisso, pelo menos pensa antes. A sua ar-
madura não ficou mais fraca agora?”

Em YGGDRASIL, os jogadores podiam projetar seus equipamentos como quises-


sem. Assim como seus poderes. No entanto, as habilidades não podiam ser empi-
lhadas a esmo; a capacidade de um item para dados era determinada pela constru-
ção do item e pelo material.

Em contraste, os efeitos especiais ocupavam uma quantidade menor de capaci-


dade de dados, portanto não era incomum que os imbuíssem em um item apenas
para ocupar a capacidade restante.

Mas Peroroncino era um jogador de alto poder de fogo, e pessoas desse tipo bus-
cavam poder a qualquer custo. Eles eram do tipo que eram obcecados por habili-
dades e builds de personagens. Assim, dedicar até mesmo um pouco de capacidade
de dados a meros efeitos especiais era um desperdício.

“Bem, eu sei disso...”

Momonga assentiu, mudando um pouco o tom de voz. De todo modo, ele soava
sério sobre suas acusações.

“Peroroncino-san, você sempre preferiu as Builds Perfeitas.”

“Ainda prefiro. Cara, eu não colocaria dados inúteis no meu conjunto.”

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Peroroncino estava tentando construir o combo de itens “Sunfall”, que precisava
de uma seleção rigorosa de muitos cristais de dados, bem como armaduras e armas
para instalá-los. Ainda assim, já havia algum retorno para seu árduo trabalho; ele
tinha conseguido recriar a aparência de um dos itens.

“E foi isso que aconteceu, aí não tive escolha senão instalar o efeito no meu avatar
com um item de Cash! Você mais do que ninguém deveria saber, né? Também não
gosto de usar esses itens. Se fosse algo simples de fazer na armadura, eu não pre-
cisaria fazer tudo isso. Não deu pra evitar. Cara, tô com tanta inveja do efeito de
explosão do Touch-san, ele tem até um efeito em modo espera. Queria ter aquilo
também.”

“Ah. Aquilo... Sim, é realmente bem chamativo.”

A pessoa em questão era o líder de seu clã, assim como a pessoa a quem Momonga
estava em dívida. Ele estava apaixonado por heróis que podiam se transformar, e
se o tópico surgisse, ele ficaria mais do que feliz em começar a discutir sobre os
heróis mascarados que foram uma febre em programas de TV há mais de 150 anos
atrás.

Assim, pode-se dizer que era seu estilo. Um de seus efeitos especiais foi progra-
mado para disparar automaticamente uma explosão sem sentido atrás dele
quando fazia uma certa pose. O outro efeito era—

“Veja bem, a explosão é uma coisa, mas aquelas palavras... A primeira vez que as
vi, sendo honesto aqui, não tinha idéia de como reagir. Quero dizer, elas são um
tanto...”

“Sério? Eu meio que gosto delas.”

“—A Justiça Chegou”. As palavras apareceriam atrás dele, quando ele fizesse a
pose apropriada.

“Eh? Jura? Peroroncino-san, você é incrível. Você é realmente incrível.”

“Incrível?”

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“Bem, acho que entre nós, só você gosta desse tipo de coisa.”

“Ah, é verdade, minha irmã mais velha também não gosta muito... Calma aí, isso
significa que sou eu que tenho um gosto estranho?”

“...Se eu concordar com você, isso se refletirá sobre os gostos do Touch-san, então
reservarei minha opinião.”

“...Mas se reservar não é o mesmo que concordar comigo?”

Embora suas expressões não tivessem mudado, o clima no ar havia se tornado


muito solene. Bem, não que antes realmente estivesse sombrio. Ou melhor, parecia
mais que eles estavam brincando.

Momonga riu.

Por alguma razão, falar sobre essas coisas sem importância o deixava muito feliz.

Ele sentia que poderia continuar conversando assim para sempre, mas isso o li-
mitaria apenas a um amigo, e ele queria ver seus outros amigos também.

Momonga apontou para o túnel.

“A gente não deveria perder tempo aqui. Melhor ir para o ponto de encontro.”

“Sim, sim, vamos nessa.”

Os dois caminharam para frente, com passos iguais.

O túnel era feito do mesmo material inorgânico de antes, poderia ser facilmente
confundido com uma prisão, e se estendia para frente. Embora houvesse portas
em ambos os lados, os dois ignoraram-nas e seguiram em frente. Pode-se dizer que
as portas ao lado de seu destino eram pouco mais que decorações, e não podiam
abri-las, mesmo que realmente quisessem.

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“Mas e aí, o que vamos fazer hoje?”

“Não estava escrito no e-mail, mas acho que vamos ajudar alguns membros a su-
birem de nível. Quero dizer, os novos membros têm nível baixo. Bem, eles ainda
podem lutar se quiserem, mesmo com uma diferença de dois ou três níveis.”

“Bem, seria bom juntar uns tesouros ao longo do caminho.”

Em YGGDRASIL, os monstros derrotados tendiam a deixar dinheiro como drop,


era corriqueiro. Isso porque havia muitas profissões relacionadas a Artesãos no
jogo. A maioria deles fazia pergaminhos, varinhas e bastões, que eram frequente-
mente usados por magic casters, os quais eles poderiam usar também.

Se menos dinheiro fosse deixado pelos monstros, a produção de itens mágicos se


tornaria muito difícil, e as profissões que usavam magia teriam que pensar duas
vezes antes de ir em aventuras com combates intensos. Isso era contra a filosofia
de design de ter jogadores explorando o mundo. Portanto, o jogo era muito mais
generoso do que seus contemporâneos em relação a recompensas.

“Em qual sentido? Cristais de dados? Ou dinheiro?”

“Dinheiro, é claro. Se bem que há uns cristais de dados que eu quero...”

Os dois caminharam lado a lado.

Ambos estavam em plena marcha, alinhados lado a lado, então precisavam de


muito espaço. Entretanto, as dimensões deste túnel foram projetadas para serem
variáveis, o caminho mudaria automaticamente para coincidir com seus tamanhos
de corpo. Foi por isso que eles puderam andar por este caminho.

“Os cristais de dados que tá procurando são para a arma da sua build dos sonhos,
né?”

♦♦♦

Uma build dos sonhos.

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Criar um segundo personagem é proibido no DMMO-RPG YGGDRASIL. Como re-
sultado, para aproveitar ao máximo seu avatar, o jogador precisava desenvolver
seu personagem através de tentativa e erro. O objetivo da maioria dos jogadores
era poder, ou desenvolver plenamente as habilidades de uma profissão que não
fosse de combate, como cozinhar ou alquimia ou algo parecido.

Mas entre eles estavam pessoas que procederam de certo modo em direção às
suas builds dos sonhos.

Este foi o título dado àquelas pessoas que orgulhosamente declararam seu viés
romântico, que evitavam a busca do poder e procuravam representar os papéis.

Por exemplo, se desejassem fazer um bárbaro que cantasse em batalha, eles não
ganhariam níveis nas profissões de Vanguarda que se adequavam aos bárbaros,
mas em vez disso se subiriam de níveis em profissões como Sacerdote do Dragão
ou Bardo, o que era considerado um desperdício.

A propósito, a maioria das pessoas desdenhavam de quem desejava as builds dos


sonhos.

Em YGGDRASIL, a abrangência máxima de uma incursão era de cinco grupos de


seis pessoas cada, ou 30 pessoas no total. Não considerando casos excepcionais
como batalhas de guildas ou lutar contra um Inimigo Mundial, então pessoas que
estivessem acima do limite seriam submetidas ao fogo amigo. Em outras palavras,
às vezes grupos com apenas 30 pessoas tinham que enfrentar chefões difíceis. Pois
se houvesse companheiros recebendo golpes de seus próprios amigos, isso redu-
ziria a quantidade de poder de luta que eles poderiam usar.

Por causa disso, era popular que a maioria dos que seguiam as builds dos sonhos
formassem guildas com outros que se sentiam da mesma maneira que eles.

Então, e quanto a Momonga?

Prologo de OVERLORD - 1
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O clã em que ele se encontrava não estava cheio de pessoas que compartilhavam
essa ideologia, mas ao mesmo tempo, eles eram bastante generosos para acomo-
dar tais pessoas.

♦♦♦

“Ah, sim. Mas é difícil dizer que vai ter algum. Não sei se aquela dungeon deixa
cristais de dados úteis... bem, pense pelo lado bom, ninguém vai brigar com você
se pegar todos.”

“E onde descobriu isso?”

“Acessei o Nyaru-chan.”

Depois de Momonga dizer o nome do famoso site de inteligência, embora seu


rosto não se movesse, Peroroncino exibia um emoticon de desconforto.

“Do Nyaru, cara. Esses sites gratuitos geralmente tem muita coisa falsa. Eles ficam
em conluio com sites pagos, a melhor maneira de obter informações úteis é acessar
sites pagos. Houve casos em que eles espalharam informações falsas de propósito,
só pra afastar o pessoal dos lugares que deixam cair cristais de dados raros, então
já viu, né...”

Havia muitos sites com informações falsas sobre o jogo YGGDRASIL, especial-
mente aqueles em que os colaboradores podiam editar livremente suas informa-
ções.

Tudo isso porque em YGGDRASIL, conhecimento era poder. Como resultado, a


maioria dos jogadores não compartilhariam o que aprenderam com as massas,
principalmente para quem não conheciam nem confiavam. Portanto, se alguém
visse uma informação valiosa e altamente questionável, poderia ter certeza de que
havia algum tipo de esquema oculto por trás.

“Ah, disso eu sei. Mas parece ser confiável. Sabe aquela guilda de alto ranque cha-
mada Seraphim, aqueles só permitem raças angelicais? Dizem que a informação
veio deles.”

OVERLORD EDIÇÃO ESPECIAL


23
“Ah. Bem, se esse é o caso, pode realmente ser verdade, afinal, são eles...”

Nesse ponto, os dois finalmente chegaram às portas duplas no final do túnel.

Momonga abriu as portas e deixou Peroroncino ir primeiro. Naturalmente, essa


era a cortesia que se esperaria de um assalariado. Por acaso, se uma situação como
essa acontecesse novamente, de acordo com a etiqueta, seria a vez de Peroroncino
abrir as portas.

“Muito obrigado.”

Depois que Peroroncino entrou pela porta com aquelas palavras, Momonga se-
guiu atrás dele.

A sala do outro lado das portas era construída de concreto. Se fosse a base de uma
guilda, não seria considerada bonita, mas dado que esse lugar havia sido alugado
com a moeda do jogo, eles não tinham o luxo de gastar dados em coisas inúteis.
Ainda assim, havia vantagens em uma sala tão insossa. Como a quantidade de da-
dos usada era excessivamente pequena, a sala poderia ficar muito grande.

Havia vários sofás e cadeiras espalhados por toda a sala, com um grande número
de personagens heteromórficos — deveria haver 18 no total — sentados em seus
lugares favoritos em suas poses favoritas. Uma onda de boas-vindas e emoticons
sorridentes apareceu quando os dois entraram.

Momonga mostrou vários smileys em resposta.

“Onde vamos então?”

“Que tal lá?”

Momonga e Peroroncino sentaram-se em duas cadeiras perto dos demais.

“Ah, onde estávamos?”

Prologo de OVERLORD - 1
24
Momonga pensou em sua conversa anterior em resposta à pergunta de Peroron-
cino.

“Ah, acho que estávamos falando de informações confiáveis.”

“Sim, isso! É isso aí! Como eu estava dizendo, você tem que determinar se a infor-
mação pode ou não ser confiável com seus próprios olhos. O que me diz, se não
houver atividades de clã hoje, eu vou com você.”

“Eh!? Tem certeza disso, Peroroncino-san?”

“Claro, Momonga-san! Minha irmã diz que vai também — bem, ela pode não estar
aqui ainda, mas levamos ela. Além disso, um grupo precisa de alguém pra Tankar.”

“Obrigado mesmo, Peroroncino-san.”

“Não é nada, não é nada. Se for com você não tem problema. Mas fique ciente que
da próxima vez, você terá que sair e caçar comigo.”

“Com prazer!”

“Bem, se esse for o caso, teremos um Attacker, um Tank e um Wildcard. Para um


grupo perfeito, precisaremos de mais três pessoas — uma Healer, um Seeker e ou-
tro Attacker.”

“—Oh, e onde planejam ir caçar?”

Eles olhavam para o som da terceira voz, e o que viram foi o organizador desse clã.

“Ohh, é o Touch-san. Boa noite~”

“Boa noite.”

“Ah, boa noite.”

OVERLORD EDIÇÃO ESPECIAL


25
Ali estava um paladino prateado. Abaixo de sua aparência de paladino havia um
corpo de inseto.

Ele usava uma capa vermelha que parecia uma echarpe.

Embora não houvesse vento, ainda oscilava como se houvesse um. Mas Momonga
há muito tempo deixou de ser curioso sobre isso. Deve ser algum tipo de item de
cash. Tudo o que ele sentia agora era admiração — o desejo de ter uma capa ver-
melha esvoaçante como aquela, isso caso alguma vez usasse armadura.

O homem chamado Touch Me sentou ao lado de Momonga com um grunhido de


“yoi~ sho~”, como se fosse um homem velho. Sob seu comando, a capa se acomo-
dou. Talvez achasse que isso atrapalhava quando sentado.

“Líder do Clã, onde vamos hoje?”

Um líder de uma guilda seria chamado de Chefe de Guilda, mas isso não era uma
guilda. Pelo contrário, era um passo abaixo de uma guilda ou mesmo de um clã.
Mas mesmo assim, como líder deste diminuto clã, Touch Me foi nomeado como
Líder do Clã.

“Na verdade, eu não sei. Ainda não há planos. Mesmo assim, achei que seria bom
realizar uma reunião habitual.”

O clã de Momonga realizava reuniões regulares semanalmente. Embora houvesse


algumas pessoas que não — ou não pudessem — participar, esses membros rece-
biam solicitação para examinar o quadro de mensagens do clã.

“Oh, em outras palavras, ainda está pensando no que fazer?”

Reuniões eram uma chance para a maioria dos membros se encontrarem, com
isso, as chances de poderem conduzir atividades de grande escala como uma ca-
çada aumentavam muito. Se não houvesse realmente nada planejado mais tarde,
seria o melhor lugar para recrutar membros para um grupo, então conversariam
e planejariam antes de saírem em grupos.

Prologo de OVERLORD - 1
26
Em resposta às perguntas de Peroroncino, Touch Me simplesmente disse “Hmm—”
e olhou para o teto.

“...Bem, não exatamente, há algumas coisas, uma coisa aqui e outra ali que eu
quero mudar, isso...”

Momonga e Peroroncino se entreolharam enquanto Touch Me murmurava.

Isso estava completamente diferente do Touch Me que conheciam. Ele era uma
pessoa muito direta, do tipo que era muito conciso em suas palavras e ações.

Assim que Momonga estava prestes a perguntar sobre isso, ele viu a porta abrir
com o canto do olho e Bukubukuchagama entrou na sala.

A irmã mais velha de Peroroncino, ela parecia uma Pink Slime. Embora ela se cha-
masse de “Guro-kawaii”, ninguém concordava com esse apelido. Todo mundo es-
tava certo de que ela havia dito isso como uma forma de irritar as pessoas.

Momonga, Peroroncino e em seguida Touch Me, cumprimentaram-na e ela retor-


nou as saudações.

Várias outras pessoas haviam chegado à sala depois de Momonga e Peroroncino.


Momonga tinha feito o seu melhor para mostrar smileys quando entrassem, porém,
quando ficava absorvido na conversa, às vezes se esquecia de fazer isso. Mas ele
definitivamente notaria se ela chegasse. Afinal de contas, os Pink Slimes eram es-
pecialmente notáveis mesmo entre esse clã de seres heteromórficos.

O corpo de Bukubukuchagama ondulava enquanto ela se arrastava em direção a


Momonga e os outros. Mesmo sendo um Slime, ela era capaz de se mover rapida-
mente.

De acordo com Bukubukuchagama, ela disse que era como caminhar vestindo
uma saia longa sem a ajuda de ninguém para segurar o embainhado.

Ela alcançou Momonga e os outros e imediatamente se sentou. Embora o corpo de


um Slime não possuísse curvas femininas, ainda poderia ter uma idéia aproximada

OVERLORD EDIÇÃO ESPECIAL


27
do lugar que deveria estar a cintura, partindo do modo como seu corpo estava cur-
vado.

“—Eaí. Vocês parecem estar falando sobre algo sério. Quais as novidades?”

“Nada de mais. Apenas discutindo o que vamos fazer hoje.”

“Haha~, será que acredito em você, maninho? Touch-san, o que faremos depois
da reunião de hoje?”

“Pensando bem, acho que é um bom momento. Todos... ah, isso é muito bom. To-
dos vieram hoje.”

Atingido pelas palavras de Touch Me, Momonga olhou em volta. Ele viu 27 outros
seres heteromórficos de todos os tipos — parece que todo o clã estava aqui.

Isso era muito raro, mesmo para uma reunião regular.

Esse clã era uma raridade, pois não continha estudantes, apenas adultos que tra-
balhavam. Como resultado, dificilmente tinham tempo livre no mesmo dia, e difi-
cilmente poderia ser considerado uma boa guilda. Ter todos os membros juntos
não era uma coisa comum.

“Ei, Yama-chan, boa noite~”

Bukubukuchagama acenou com a mão gosmenta e um ser enorme acenou com a


mão gigantesca para ela.

“Ah, boa noite, Bukubukuchagama-san.”

Disse uma mulher de voz gentil.

Era Yamaiko, a Nephilim. Ao contrário de gigantes comuns, os Nephilins não po-


diam esconder sua feiura, não importando o quanto tentassem se disfarçar. Era
difícil imaginar que dentro daquele corpo havia a única outra integrante feminina
do grupo, além de Bukubukuchagama.

Prologo de OVERLORD - 1
28
Ela havia dito no passado que poderia mudar a raça de seu personagem, mas como
ainda não havia feito isso, ela deve estar satisfeita com sua estranheza atual.

Graciosamente sentada, Yamaiko levantou-se devagar e foi até eles com passos
firmes e pesados.

“Yama-chan~ me chame de -chan também~ Hei, que tal isso~”

“Ehh?”

Yamaiko exibiu um emoticon “🙄” enquanto pensava.

Então ela respondeu:

“...Buku-chan?”

Bukubukuchagama ficou indiferente. Yamaiko percebeu que não gostou desse


nome e tentou outra coisa.

“Então, Bukubuku-chan?”

Bukubukuchagama desmoronou em uma pilha de gosma depois de sofrer outro


golpe direto, e em uma voz monótona e desmoralizada, ela disse:

“...Desculpa. Por favor, não me chame de Buku-chan.”

Por causa de seu trabalho, ela poderia atuar com a voz de forma extremamente
convincente. E esta era uma voz de uma alma derrotada em angústia.

“Ah... me desculpe então, Chagama-chan.”

“Não é ruim, mas, hm... não é fofo o suficiente.”

Seu irmãozinho estava dizendo algo do tipo “Já se olhou no espelho...”, mas Mo-
monga e Touch Me permaneceram em silêncio.

OVERLORD EDIÇÃO ESPECIAL


29
Eles sabiam que permanecer em silêncio era a escolha mais sábia.

“Já sei~! Da próxima, me chame de Kazetchi.”

“Kazetchi? Eu pensei que você queria -chan?”

“Eu sei~ Yama-chan~”

Bukubukuchagama, agora revitalizada, escorria rapidamente ao lado de Yamaiko.

Como Yamaiko, Momonga e Touch Me não tinham idéia do motivo pelo qual ti-
nham que chamá-la de “Kazetchi”. Eles olhavam para a única pessoa que poderia
lançar alguma luz sobre isso.

“Ah, minha irm... ela tinha um nome artístico menos conhecido, Kazeumi Kumi.
Seus antigos fãs costumavam chamá-la de Kazetchi. Ela mudou várias vezes, mas
acabou gostando.”

“Entendi...”

De relance, a Pink Slime parecia estar girando ao redor da Nephilim. Embora pu-
desse ser uma espécie de dança, essa visão inacreditável e bizarra lembrou os es-
pectadores de uma cerimônia ritualística maléfica. Claro, era uma cena cotidiana
em um clã de seres heteromórficos.

“Então, peço desculpas por interromper a diversão de vocês, mas como todos es-
tão aqui, devemos começar. Ou melhor, quanto mais rápido começamos, mais rá-
pido terminamos. Ei, pessoal, a reunião está prestes a começar.”

Depois que Touch Me empostou a voz e se levantou, os demais o seguiram. Todos


se dirigiram para a mesa redonda, e um a um encontraram e se sentaram nos lu-
gares que gostavam.

“Então, declaro iniciado a reunião. Eu tenho algumas coisas que quero discutir
com vocês mais tarde, então espero que todos possam me ceder um pouco de seu

Prologo de OVERLORD - 1
30
tempo. Vejamos, alguém descobriu alguma coisa esta semana? Alguém tem alguma
coisa para compartilhar?”

Pode-se dizer que essas reuniões eram uma conferência para conversar. Era um
compartilhamento organizado semanalmente de informações e pedidos de ajuda.
Dito isto, novas informações não apareciam facilmente.

Segundo o site dos desenvolvedores, YGGDRASIL era um jogo de exploração e


muitas coisas eram mistérios. Era o tipo de jogo que só ensinava os controles antes
de enviar todos para o fundo do poço. Até então, muitas informações já haviam
sido coletadas, a maioria delas referentes a dungeons ou outros locais, e estima-se
que apenas 30% dos nove mundos tenham sido mapeados até o momento.

Por exemplo, havia os itens World-Class, também conhecidos como “Quebradores


de jogo”. Segundo o enredo, havia 200 deles no total, mas de acordo com os desen-
volvedores, apenas 50 haviam sido encontrados até agora. Muitos jogadores ten-
taram arduamente procurá-los, mas isso foi tudo o que foi encontrado.

Como adultos trabalhadores, os membros do clã jogavam durante seu tempo livre
e não tinham tempo para investigações profundas. Então era comum que não ti-
vessem informações importantes para compartilhar.

No entanto, hoje foi diferente.

“Eu.”

Uma mão subiu em resposta à pergunta de Touch Me ao clã.

Para ser descrito em uma palavra, o orador era um ninja. Ele usava a roupa ninja
estereotipada e uma máscara estranha, com duas espadas na cintura. Dizer que ele
era outra coisa senão um ninja seria uma mentira.

Ele foi um dos primeiros camaradas de Momonga — Nishikienrai.

“Nishiki-san. Descobriu alguma coisa?”

OVERLORD EDIÇÃO ESPECIAL


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“Isso mesmo, Touch-san. É uma descoberta realmente incrível.”

Quando ele disse, todos os outros ressoaram com um “ohhhh” em curiosidade e


inquietação.

“—Eu descobri uma dungeon inexplorada.”

Alegria e curiosidade foram mascaradas de surpresa, e muitos dos membros do


clã fizeram sons ainda maiores de reverência.

Todos fizeram perguntas a Nishikienrai. Momonga, Peroroncino e Touch Me não


foram diferentes. As únicas que não pareciam animadas foram as meninas, Ya-
maiko e Bukubukuchagama.

O jogo YGGDRASIL era composto de nove mundos separados. Cada um deles era
ridiculamente grande, e havia muitos lugares dentro deles que eram difíceis de ex-
plorar. Por exemplo, havia pântanos gigantescos, extensões verdejantes de flores-
tas tropicais, desertos escaldantes e coisas do gênero. Era necessário equipamento
especial para aprofundar nas dungeons de lá, bem como uma estratégia adequada
e a determinação de se sacrificar em aventuras. Mesmo assim, com todas as difi-
culdades, havia muitas pessoas que perdiam tempo em aventuras do tipo.

Isso porque essas dungeons difíceis de encontrar continham monstros que deixa-
vam valiosos cristais de dados ao serem mortos. Qualquer um ficaria empolgado
em encontrar uma dungeon até então inexplorada. Pode-se dizer que era uma
mina de ouro.

Além disso, descobrir uma dungeon poderia afetar o ranque mundial de uma gui-
lda. Portanto, partindo dessa premissa, não havia tantas desvantagens.

“E fica onde esse lugar?”

Aquele que perguntou em nome dos incrédulos membros do clã não fôra o Líder
do Clã, Touch Me, mas o homem que se apresentava como um demônio com cabeça
de bode, Ulbert Alain Odle.

Prologo de OVERLORD - 1
32
Ele era membro de uma profissão chamada Desastre Mundial. Em YGGDRASIL,
havia um número limitado de pessoas que poderiam participar — porque a exi-
gência para ganhar os níveis nesta profissão estava em matar seu detentor ante-
rior. Era uma profissão especializada em magia destrutiva, e ele era o homem com
o maior poder de fogo do clã.

Antes de abrir a boca, Nishikienrai — que era tão inexpressivo quanto o resto do
clã — deu uma olhada para Touch Me.

“...Sabe aquele imenso pântano venenoso nos pântanos de Helheim?”

“Fala daquele com os acampamentos imensos cheios de Tuvegs resistentes a ve-


neno? Aquele pântano venenoso?”

“Esse mesmo. Eu encontrei algo naqueles pântanos.”

“Que demais. Mas como fez isso? Muita gente fez reconhecimento aéreo lá, nin-
guém relatou ter encontrado uma dungeon lá. Eu vi as gravações deles e eles não
estavam mentindo.”

O orador silencioso fazia parte da elite intelectual do clã, Tabula Smaragdina.

Seu temível avatar heteromórfico, vestindo roupas que faziam os espectadores


pensarem em ferramentas de tortura, foi o fruto de seu trabalho e dedicação.

“Não é que estamos duvidando de você~”

O homem que continuou também fazia parte dos intelectuais do clã, o homem que
passou pelo pseudônimo de Zhuge Liang, Punitto Moe.
[ V i d e i r a s Mortíferas]
Ele era composto inteiramente de plantas conhecidas como Death Vines.

“Quando os Tuvegs detectam intrusos, eles gritam e alertam a tribo inteira. Por
isso que são adversários chatos, não é nada fácil permanecer sem ser detectado
até chegarmos à dungeon.”

OVERLORD EDIÇÃO ESPECIAL


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“Ah, é bem fundo nos pântanos. Mas eu a encontrei enquanto procurava outra
coisa, então não sei bem a distância indo em linha reta.”

“Alguém aqui foi junto com o Nishiki-san?”

Todos negaram com a cabeça quando ouviram a pergunta de Punitto Moe.

“E o que fez? Liderou um grande bando de NPCs mercenários até lá? Não, te ve-
riam logo de cara e te venceriam pela vantagem numérica. Lá é muito difícil, por
isso que todo mundo só faz reconhecimento aéreo. Bem, se todo mundo fosse não
seria um problema, mas eu acho que não é o caso. Mas e aí, como descobriu isso,
Nishiki-san?”

Punitto Moe bateu na têmpora com uma trepadeira que parecia um dedo. Pode
ter havido alguma razão por trás disso, mas, infelizmente, Momonga não sabia o
porquê. Por algum motivo, seu típico discurso questionador não estava coerente
como o habitual.

Mesmo assim, os dramas de Punitto Moe foram bastante eficazes na disseminação


da informação para os outros membros do clã.

“Policial-san, você cometeu um erro fatal.”

O ninja mascarado declarou com uma risada e continuou:

“Tudo o que você precisa fazer é aproximar-se silenciosamente de um Tuveg e


acertá-lo bem na cabeça. Dessa forma, ele não alerta os outros.”

Punitto Moe não tinha nada a dizer.

Este foi o fim do jogo de adivinhação.

“Yaa, sabe como é, atacar alguém por trás sem ninguém vê é brincadeira de cri-
ança pra mim. Foi assim que mergulhei nas profundezas do pântano. Embora hou-

Prologo de OVERLORD - 1
34
vesse alguns monstros parecidos com minhocas que usavam vibrações para nave-
gar, tenho certeza de que posso me esgueirar além da capacidade de detecção de-
les.”

“...Nishiki-san, ainda assim tem algo que não se encaixa. Fazer isso, mesmo para
um ninja... como você construiu seu personagem para fazer todas essas coisas es-
tranhas?”

Disse Punitto Moe um pouco confuso e Nishikienrai respondeu com uma risada.

“Ah, você não sabe? É apenas um simples ataque furtivo. Há um multiplicador de


danos para dar backstabs nas pessoas. Minha defesa é um lixo e se me notarem é
morte certa... mas eu amo essa emoção. Eu sempre gostei do conceito canhão de
vidro, e do tipo de personagem de alta velocidade. Você pode dizer que é minha
build dos sonhos. Por falar nisso, Punitto Moe-san, você também jogou ABERAGE,
não é? Qual máquina era mesmo, hein? É exatamente como eu falei.”

O jogo que eles estavam falando era um que Momonga não jogou. A temática en-
volvia construir trajes motorizados e usá-los para lutar uns contra os outros.

“Ah, eu jogo um tipo equilibrado com armadura média. O objetivo é enfrentar


qualquer um.”

“Fazer algo assim é bem seu tipo. No meu caso é tão resistente quanto papel, mas
tem alta velocidade e alto poder de fogo. Eu até desativei meu radar, confiando
apenas nos meus olhos para me mover mais rápido.”

“...Isso é muito estranho.”

“Pode ser que sim, Punitto-san. Minha máquina está entre os melhores ranques,
com o título de Violet.”

O Rei Besta Mekongawa, sentado ao lado de Nishikienrai, de repente exclamou:

“Eh!? É sério isso? Então você é um jogador primeira classe? ...Estou classificado
apenas como Green. Talvez eu deva desistir do ABERAGE...”

OVERLORD EDIÇÃO ESPECIAL


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“Não, não, por favor, não diga isso. A gente joga junto na próxima vez.”

Foi meio solitário ver os membros do clã se animarem com coisas sobre as quais
ninguém sabia. Enquanto Momonga se sentia machucado por isso, o som de várias
palmas soou.

“Tudo bem, tudo bem, saímos demais do tópico. Nishiki-san, conte sobre a dun-
geon.”

“Ahhh, sim, Touch-san, perdão. Então, há uma ilha nas regiões mais profundas do
pântano venenoso — ou melhor, há uma base, e no meio está a entrada para a dun-
geon.”

Nishikienrai disse que se chamava Tumba de Nazarick.

“Por que ninguém encontrou por reconhecimento aéreo antes?”

Em resposta a essa pergunta, Punitto Moe respondeu:

“Eu acho que deve ser daquelas dungeons que só podem ser descobertas em cir-
cunstâncias especiais.”

Algumas dungeons só podiam ser encontradas sob certas condições. Por exemplo,
a entrada de uma dungeon em meio a um campo de flores nas profundezas de uma
floresta só podia ser vista sob a luz da lua cheia. Um exemplo notável disso foi a
Cidade Congelada em Niflheim, que só podia ser acessada durante uma nevasca.

Embora esta fosse apenas uma hipótese, Tabula Smaragdina continuou:

“Talvez essa Tumba de Nazarick apareça apenas para as pessoas que atravessa-
ram o pântano venenoso a pé? Ou talvez seja apenas visível sob uma certa altitude.”

Depois que as respostas de “Entendo” e “Faz sentido” foram ditas, Nishikienrai


continuou falando:

Prologo de OVERLORD - 1
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“Então — eu tenho uma sugestão. Por que não vamos lá quando essa reunião aca-
bar?”

A resposta dos membros foi mais contida do que quando anunciou a notícia de
“há uma dungeon inexplorada”.

Sendo inexplorada, não havia como dizer quais perigos os aguardavam. Poderia
ser uma dungeon muito difícil, o que levaria a um massacre. As dungeons de
YGGDRASIL não eram do tipo que diziam quais níveis eram adequados se aventu-
rar.

O que mudou a mente de todos foi a mulher que diziam ter a cabeça oca.

“É interessante, não acham? Afinal, é uma dungeon inexplorada, certo? Devemos


tentar, independentemente do nível de dificuldade.”

“Eu também concordo. Se for uma dungeon perigosa, a recompensa quando a


completarmos será bem maior. Quero aproveitar nossa descoberta exclusiva e ten-
tar conquistá-la por tentativa e erro, ainda podemos ganhar a recompensa por
vencê-la. Dungeons desconhecidas são um pé no saco. Então é melhor coletar in-
formações sobre como vencê-la antes que outras pessoas a descubram.”

Havia muitos pontos relevantes nas palavras de Yamaiko e Ulbert Alain Odle com
as quais as pessoas poderiam concordar.

Momonga apoiou a idéia também.

A primeira vez que chegassem no fim de uma dungeon, haveria um bônus, ou


cerca de 10% a mais de baús de tesouro. Além disso, na primeira vez que uma dun-
geon fosse vencida, a grande arca do tesouro ofereceria equipamentos com níveis
de itens com até 10-20% mais altos que o normal.

Seria lamentável se eles não pudessem encontrar esses tesouros e deixar que ou-
tras pessoas os reivindicassem. Como eles poderiam permitir que a mina de ouro
diante de seus olhos fosse saqueada por outros?

OVERLORD EDIÇÃO ESPECIAL


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“Parece que a maioria já aprovou. Então, nós iremos para essa dungeon depois da
reunião. Afinal, é muito raro que todos estejamos reunidos.”

Aplausos de aprovação soaram em resposta a Touch Me.

Embora houvesse alguns poucos que se opusessem, eles foram movidos pelo en-
tusiasmo das outras pessoas animadas.

A excitação ferveu dentro dos membros do clã reunidos ao redor da mesa.

“Então, há mais alguma coisa que alguém queira compartilhar?”

Não houve resposta à pergunta de Touch Me.

“Perfeito. Então, embora este ainda não seja o fim, gostaria de dizer algo.”

Touch Me olhou para todos e depois soltou uma bomba.

“Primeiro, eu quero dissolver esse clã.”

Por um momento, todos ficaram em silêncio.

Então, a sala foi engolida por confusão e pânico. O grito de Momonga veio do fundo
do seu coração. Embora fosse verdade que esse clã tinha poucas pessoas e que fôra
fundado por Touch Me, o clã chegara onde estava hoje, graças aos esforços de to-
dos aqui. Era muito frustrante se uma pessoa pudesse decidir esse tipo de coisa
sozinha.

Touch Me levantou a mão, aparentemente para dizer algo mais, mas em seguida
uma voz cortou em meio ao caos.

“Ele nos deixou porque você é egoísta.”

O ar congelou.

Prologo de OVERLORD - 1
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Aquele que falou foi Ulbert. Sua educação desapareceu— não, seria mais correto
dizer que seus sentimentos ocultos haviam finalmente subido à superfície. Suas
palavras foram sinceras, dado que a pessoa a quem estava mais próximo anunciou
deixar o jogo.

Personagens em YGGDRASIL não podiam mostrar expressões faciais, mas o rosto


de Ulbert dava a impressão de estar sombrio, como se estivesse distorcido pelo
ódio.

“Você é um filho da puta.”

“Ulbert-san, você está indo longe demais.”

Momonga não pôde deixar de dizer essas palavras. Ulbert se virou para encarar
Momonga, mas não havia inimizade em seus olhos. Seus ombros encolheram, como
se estivessem respirando. Então, depois de reprimir as chamas de sua raiva, ele
falou novamente em uma voz calma que buscava aprovação.

“Momonga-san... Você está certo. Eu fui longe demais. Ainda assim, você não acha
que ele está sendo egoísta? Primeiro ele afugentou aquela pessoa e agora isso. Já
que pretendia fazer isso, não era melhor ter nos dissolvido mais cedo?”

O fato era que Momonga concordava parcialmente com o que Ulbert disse.

Quando o clã foi fundado, houve um grande desentendimento que levou uma pes-
soa a deixar o jogo. O assunto deixou uma grande cicatriz no coração de Momonga.
Parecia uma mancha nas gloriosas lembranças de um clã muito unido, assim como
em seus amigos queridos.

Mesmo assim, Momonga ainda teve que repreender Ulbert por isso.

A contenda entre essas duas pessoas poderia ter sido resolvida se qualquer um
deles explicasse calmamente a situação um para o outro. Mas se ele deixasse Ulbert
ao léu, aquele tipo de situação poderia acontecer novamente.

OVERLORD EDIÇÃO ESPECIAL


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“Entendo perfeitamente como Ulbert-san se sente, eu também fiquei chocado com
aquele incidente... Isso pode não parecer grande coisa, mas eu o conhecia por mais
tempo que o Ulbert. Mesmo assim, acho que seria melhor se ouvíssemos o Touch-
san primeiro. Que tal isso, Touch-san? Vamos ouvir, o que tem a dizer?”

“Obrigado, Momonga-san. Ah... desculpa por alarmar todo mundo, eu escolhi mal
as minhas palavras. Eu tenho pensado por um tempo que desde que nossos núme-
ros aumentaram, creio que a classificação de clã não é mais adequada para nós.
Por isso, planejei dissolver o clã, assim nós nos reencontraremos como uma guilda
oficial.”

Exclamações de “Oh” e similares foram ouvidas por toda a sala.

Ao contrário de um clã, havia muitas vantagens em ser uma guilda. Portanto, mui-
tas coisas teriam que ser decididas ao fundar uma guilda. Isso porque havia muitas
coisas que não poderiam ser retomadas se um erro fosse cometido.

Em particular, havia duas coisas que mereciam atenção especial: O nome da guilda
e o Chefe de Guilda.

O clã não tinha sido atualizado para o status de uma guilda por causa dessas duas
razões.

O tumulto no ambiente finalmente se acalmou e ouviu-se Ulbert dizer: “Era só ter


dito isso logo de cara...”

Touch Me viu que esta era a hora e levantou a voz.

“...Há alguma objeção em dissolver esse clã fundar uma guilda no lugar?”

Não havia nenhuma. Isso era de se esperar — afinal, todos estavam ansiosos para
o clã se tornar uma guilda. No entanto, Momonga se sentia um pouco solitário.

Isso porque a razão pela qual ele tinha se imergido tanto neste jogo — a razão pela
qual ele trabalhou tanto e fez tantas memórias preciosas —, o nome desse clã, iria
desaparecer. Por outro lado, ele nunca pensara que o nome não se adequasse mais

Prologo de OVERLORD - 1
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às circunstâncias atuais. Ele nem pensara que as pessoas poderiam não estar feli-
zes com isso.

O nome do clã era Nine’s Own Goal.

Fôra fundado quando caçar seres heteromórficos era a moda. Isso porque havia
algumas profissões fortes que precisavam de PK um certo número de seres hete-
romorfos para entrar. Portanto, os jogadores de personagens heteromorfos escon-
diam-se nos três mundos onde tinham vantagens — Niflheim, Helheim e Muspe-
lheim — e recusavam-se a ir para outros mundos. Afinal, um mundo era grande o
suficiente para divertir-se, mesmo que determinados grupos não os deixassem.

No entanto, Touch Me e os membros fundadores — incluindo Momonga — eram


diferentes. Eles não estavam dispostos a restringir suas ambições e bravamente se
aventuraram a outros mundos. Quantas pessoas conseguiram entrar em uma pro-
fissão forte por causa do PKing em Momonga e os outros? Então esse nome era
autodepreciativo para um grupo de idiotas suicidas que só serviam para fortalecer
seus inimigos.

Agora o número deles havia crescido e havia mais membros do que se podia con-
tar nas duas mãos. Além disso, um dos membros fundadores não estava mais por
perto. Ele deixou o clã e o jogo.

Sendo o caso, mudar o nome seria o caminho natural das coisas.

Embora Momonga chegasse a essa conclusão, seu coração doía ao pensar em seu
amigo ausente, aquele que havia jogado desde o início não estava mais com ele.
Enquanto Momonga se afundava em ruminação, a conversa continuou em torno
dele.

Depois disso, Touch Me abriu a conversa uma vez mais com “E por fim”.

“Desta vez, vou me destituir da liderança do clã — não, de Chefe de Guilda. Eu me


sinto mal em dizer esse tipo de coisa antes mesmo de ser escolhido, mas espero
que todos levem isso em consideração.”

OVERLORD EDIÇÃO ESPECIAL


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Os membros do clã se entreolharam em silêncio. Ele tá falando sério? O que quis
dizer com isso? Quem vai ser o sucessor do Touch Me? Seus olhos transmitiram as
perguntas em seus corações.

“Então, quem será o próximo líder— o próximo Chefe de Guilda? Alguém quer o
papel, ou alguém quer indicar alguém para esse papel?”

Momonga concordou com quem quer que tenha feito essa pergunta. Ninguém po-
deria substituir um homem tão notável. Ele sentiu pena de quem quer que fosse o
próximo homem.

Touch Me olhou para todos, e o que ele disse a seguir tirou o chão de Momonga.

“Pessoalmente, eu gostaria de recomendar o Momonga-san.”

“Guehhh!”

Momonga não pôde deixar de fazer um barulho estranho.

Ele não conseguia entender o porquê de seu nome estar sendo citado neste mo-
mento.

Procurando por alguém para ajudá-lo, ele encontrou um coro de vozes dizendo
coisas como “Não seria ruim” e “Podemos deixar com o Momonga-san”.

Embora parecesse impossível, ele não ouviu uma única voz discordante. Isso o fez
pensar se havia uma conspiração acontecendo.

“Estão falando sério!? Acham mesmo que eu posso fazer isso!?”

Em resposta à exaltação de Momonga, Touch Me realizou um subterfúgio magní-


fico, digna do guerreiro mais forte.

“Bem, eu repassei isso a vocês sem aviso prévio, bom, não consegui a aprovação
de Momonga-san, então há alguém que vocês querem recomendar? Alguém quer
ser voluntário?”

Prologo de OVERLORD - 1
42
Ninguém respondeu às perguntas de Touch Me.

Droga.

Embora seu corpo não pudesse suar, ele podia sentir o suor nas costas do mesmo
jeito. Essa era uma situação comum nas reuniões da empresa. Se ele não fizesse
nada, de fato seria o escolhido.

Quando olhou para Touch Me — o guerreiro mais forte que usou um subterfúgio
para desequilibrá-lo e dar-lhe um golpe fatal —, Momonga decidiu solidificar sua
defesa.

“Ei, ei, ei, ei, calma, dá um tempo. Sério, me dê um tempo, Touch-san. Isso tudo é
muito repentino; querem decidir isso assim? Não pode decidir uma coisa dessas
tão rápido. Me dê um pouco mais de tempo.”

A pessoa que respondeu ao protesto de Momonga não foi Touch Me, mas Ulbert.

“Acho que não. Pessoalmente, sinto que o Momonga-san é um excelente candidato.


Ele entra regularmente, é meticuloso e não tem hábitos estranhos. Além disso, ele
é uma parte neutra que não favorece ninguém.”

Et tu Brute—!

Honestamente, não era uma traição. Foi apenas que a recomendação de um colega
da “Aliança Sem Itens de Cash”, e como consequência, extraiu murmúrios de apro-
vação de todos os que o cercavam, então parecia que ele estava sendo traído. Em-
bora estivesse um pouco orgulhoso de que ninguém se opusera a ele, este não era
o momento para esse tipo de coisa.

“Não, espere, espere um minuto! Ulbert-san! Não estou confiante de que posso
guiar a todos tão extraordinariamente bem quanto o Touch-san. Não seria melhor
outra pessoa para isso?”

OVERLORD EDIÇÃO ESPECIAL


43
“Todos aqui te apoiam nesse aspecto. Não há ninguém neste clã que não te apoia-
ria, Momonga-san.”

Com isso, Touch Me repetia:

“Vai ficar tudo bem, relaxe.”

Momonga olhou nos arredores, e todos que ele viu estavam assentindo.

Este foi um nível de ansiedade que Momonga nunca sentiu antes em sua vida.

Como ele poderia ser um Chefe de Guilda? Houve muitas razões para recusar.
Além disso, como alguém como ele poderia substituir um homem como Touch Me?

Enquanto Momonga pensava em como recusar essa indicação, uma nova janela
apareceu no canto do olho. Ele recebeu e-mails de três pessoas. Todas as comuni-
cações que não fossem in-game eram pagas com itens de cash, então parece que
esses e-mails eram muito importantes.

Suas mãos se moveram por baixo da mesa e ele abriu os e-mails.

Momonga ficou muito surpreso ao ver que havia três remetentes diferentes, mas
se ele pensasse calmamente sobre isso, pareceria que todos os três e-mails haviam
sido enviados quase ao mesmo tempo.

Os três remetentes eram Punitto Moe, Tabula Smaragdina e Bellriver.

Ele rapidamente os examinou enquanto os outros estavam discutindo animada-


mente sobre o novo Chefe de Guilda. Apesar de terem sido escritos de maneiras
diferentes, todos diziam a mesma coisa.

Se alguém que não fosse Momonga se tornasse o Chefe de Guilda, a guilda — em


outras palavras, este clã — certamente seria destruída. Portanto, eles teriam que
se juntar a uma guilda diferente da de Momonga.

Esta foi a razão pela qual Momonga precisava ser o Chefe de Guilda.

Prologo de OVERLORD - 1
44
Estava claro que os três estavam certos de que a guilda iria se separar, mas ao
mesmo tempo eles tinham motivos diferentes.

Se eles jogassem o jogo por prazer e entretenimento, seria natural que uma guilda
se separasse pois desejariam coisas diferentes. Como era difícil reunir todos esses
membros diferentes, manter todos juntos para que todos pudessem se divertir era
a coisa certa a fazer.

Em sua opinião pessoal, Momonga queria o último resultado.

Como as três pessoas que lhe enviaram os e-mails eram inteligentes ou instruídos,
era mais provável que houvesse algum motivo oculto por trás disso. No entanto,
não tinham nada a ver com Momonga em si.

No final, a escolha dependia dele. Momonga procurou a resposta em sua alma. E a


conclusão foi muito simples.

Estavam em um jogo. Um de seus amigos já tinha ido embora, e chegaria o dia em


que todos os outros também fariam o mesmo, afinal, o mundo real era mais impor-
tante que um jogo. Mas esse dia não será hoje. Além disso, Momonga queria conti-
nuar se divertindo com essas pessoas.

Assim, só poderia haver uma resposta.

Claro, Momonga estava preocupado ao ponto de quase perguntar “Vocês confiam


mesmo em mim?”. O desconforto com a possibilidade de trazer problemas a todos
o assombrava, assim como o medo de conseguir lidar com as muitas coisas que o
futuro lhe traria.

Mesmo assim — embora ainda estivesse hesitante, ele já havia tomado sua deci-
são.

“Tudo bem. Se não houver mais ninguém, então assumirei o papel.”

OVERLORD EDIÇÃO ESPECIAL


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O olhar de todos se fixara nele. Bem, algumas pessoas não tinham rostos, então
era mais de virar em sua direção. Ainda assim, Momonga podia sentir o peso de
seus olhares, e de repente ele estava muito consciente do ditado de que havia na
força dos olhares.

Esmagado pela súbita pressão, Momonga pensou em recuar, mas as palavras que
saíram de sua boca eram completamente diferentes daquelas em seu cérebro.

“Cla-claro, só se todos estiverem dispostos a me ajudar.”

Sem uma única palavra, os membros do clã já haviam decidido ajudar Momonga.

Já que esse era o caso — Momonga, em sua determinação titubeante, se levantou.

“Então... não estou confiante que farei isso direito e ainda tem a possibilidade de
causar problemas pra vocês, mas vou assumir a posição de Chefe de Guilda. Vamos
trabalhar juntos hoje e no futuro.”

Momonga foi ovacionado por estrondosos aplausos.

“Então, como o futuro Chefe de Guilda, vou começar a trabalhar. E o nome da nossa
guilda? Eu que tenho de escolher?”

Um burburinho tomou conta após a sugestão de Momonga. Isso foi um sinal do


desconforto deles?

Os personagens de YGGDRASIL não tinham expressões faciais, mas sentia que ha-
via um semblante sombrio em todos os rostos. Pesava mais nele do que seus olha-
res.

“Não, não precisa, não se preocupe com isso, eu acho—”

Bukubukuchagama falou, e suas palavras limparam as nuvens tóxicas que paira-


vam no ar.

Prologo de OVERLORD - 1
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Foi seguido por várias vozes de aprovação. Embora tentassem encobrir, todos pa-
reciam em pânico.

Momonga não podia imaginar o porquê eles se sentiriam assim, e naquele mo-
mento notou seu amigo levantando a mão nervosamente.

“Diga, Peroroncino-san.”

“...Eu gostaria de saber, apenas por alto, hipoteticamente falando, para efeito de
comparação apenas... mas que tipo de nome o Momonga escolheria para a guilda?”

Momonga atormentou seu cérebro quando ouviu a pergunta.

“Assim de repente, eu não tenho nada em mente.”

“Bem, qualquer nome serve.”

Por que eles são tão inflexíveis sobre isso?

Quando esses pensamentos passaram por sua mente, Momonga começou a tentar
pensar em um bom nome.

“Que tal algo como Zoológico Heteromórfico?”

“É até decente”, alguém deve ter murmurado de algum lugar.

“Zoológico Heteromórfico, huh? É surpreendentemente bom e se encaixa na nossa


imagem. Mas... bem, parece que a gente é tão ameaçador quanto crianças com ar-
minhas d'água.”

“É meio exótico, mas não é ruim... Se bem que parece aquelas organizações que só
fazem sentido em mangás. Sabe aquelas de arcos de torneio?”

“Parece o tipo de equipe que aparece num torneio de luta, mas acaba perdendo
logo de cara. Se eu escrevesse um, faria isso, aí os leitores pensariam que era uma
equipe forte, mas quando virassem a página, já teriam perdido a luta.”

OVERLORD EDIÇÃO ESPECIAL


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“Eu até gostei, sabe? Tem uma sensação bem vil.”

“Pra ser sincero, isso nos faria parecer como um bando de lixo, não gostei nem um
pouco. Ah, desculpe, Momonga-san.”

Yamaiko estava murmurando para si mesma entre as pessoas discutindo nas pro-
ximidades.

“Eu acho que é um desperdício abandonar completamente o nome do nosso clã


atual. Seria bom se pudéssemos escolher um novo nome que tivesse alguma rela-
ção com o antigo.”

O silêncio de repente caiu na sala, seguido por vozes concordando com Yamaiko.

Momonga poderia aceitar essa sugestão — embora não tivesse a feito com essa
intenção. Fechar os olhos trouxe à mente os momentos agradáveis passados com
esses membros do clã. Momonga considerou que essas memórias inesquecíveis
desapareceriam com esse nome, e ele odiava isso.

“Nine’s Own Goal. Nove pessoas suicidas? Há algo relacionado à—?”

“Se esse é o caso, que tal os Cavaleiros Templários? Afinal, Touch-san é como Hu-
gues de Payens. Bem... mas ainda faltaria um.”

Embora ele não tivesse idéia do que Tabula Smaragdina estava falando, Momonga
sentiu que isso deveria estar relacionado a algum conhecimento oculto. Afinal, Ta-
bula Smaragdina era bastante versado em lendas ocultas. Havia muitas coisas que
Momonga não sabia.

“Cavaleiros Templários não têm nem sequer uma palavra em comum com o Nine’s
Own Goal.”

“Tabula Smaragdina-san tá sempre falando sobre coisas que não podemos enten-
der.”

Prologo de OVERLORD - 1
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“Ah, sim, desculpa.”

“Que tal Beisebol? Um time de beisebol precisa de nove pessoas.”

“Coisas relacionadas a times estão fora de questão. Além disso, você deve lembrar
que a razão pela qual estamos discutindo isso é porque não temos mais nove pes-
soas. Você deveria pensar em algo que não tem nada a ver com o número nove.”

O Nephilim, Guerreiro Takemikazuchi não participou do diálogo.

Em vez disso, ele mergulhou em pensamentos, escreveu algumas coisas em seu


PDA e então falou.

“Se quisermos usar o som de ん... que tal Ains? Nine’s começa com a letra N e em
Hiragana, N é ん. Dessa forma, se pegarmos o primeiro caractere N e o substituir-
mos por A, obteremos Ains.”

“Não é ruim. Então, isso representa o fim do clã atual e um novo começo em forma
de Ains?”

“Parece um pouco forçado, mas é definitivamente a melhor sugestão até agora.


Ains... retornar como Ains, certo? Que tal Ainz com Z?”

“Ambos são bons, né? Não é um grande problema. Melhor pensar em como vamos
fazer com o Own e Goal.”

“Seguindo essa linha de raciocínio.”

Começou Punitto Moe e então continuou:

“Que tal o Ooal Gown? Agora nós temos Own e Goal que virou Ooal Gown.”

“Ohh! É perfeito... hm? Há um O extra, de onde veio? Se bem que sem isso ficaria
Gwn, né? Ainz Ooal Gwn? Hm...”

“Bem, não é sempre que temos a chance de brincar com anagramas.”

OVERLORD EDIÇÃO ESPECIAL


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“Antes disso, Ooal é pronunciado oo-ul?”

“Algo assim. É como a diferença de um Ooze pra um Slime.”

Essa grande insistência veio de Herohero, um Slime.

“N, W e G são todos usados. North, West... Acho que é isso aí.”

Embora o tópico tivesse mudado completamente para fazer anagramas do nome,


as vozes lentamente ficaram mais suaves, como se estivessem cansadas.

Em meio ao debate acalorado, Momonga sentiu que provavelmente não haveria


idéias melhores. Ele considerou cuidadosamente as sugestões e depois de certifi-
car-se de que não havia outras, ele olhou para todos os membros e anunciou sua
decisão a todos.

“Então, vamos combinar as sugestões de Takemikazuchi-san e Punitto Moe-san


para criar o novo nome da guilda. Alguém discorda?”

“Não~!”

Todos apoiaram a declaração de Bukubukuchagama.

Se esse fosse o caso—

“Então, o novo nome da nossa guilda é Zoológico Heteromórfico!”

Naquele instante, os sons de risadas e zoações vieram de todos os cantos. Ele mos-
trou ambas as palmas das mãos para indicar que entendeu, então tossiu.

“Calma, foi só uma piada ruim. Enfim — estamos decididos a usar Ainz Ooal Gown,
então?”

Os membros do clã concordaram em uma só voz.

Prologo de OVERLORD - 1
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“Então, quem vai fazer a missão para montar a guilda? Alguém está disposto a
ajudar? Se estiverem ocupados, eu mesmo faço no meu tempo livre...”

Era necessário realizar uma missão quando se tratava de registrar uma guilda.
Havia oito tipos de missões para escolher, mas apenas uma precisava estar perfei-
tamente concluída. Momonga se perguntou qual seria a mais simples.

E então, não havia necessidade disso.

“Não se preocupe, Momonga-san. Já completei a missão e trouxe o item necessário,


aqui, pode usar.”

Foi Touch Me quem disse isso.

“Podemos?”

“Claro. Eu desisti no meio do caminho — isso é o mínimo que posso fazer.”

Momonga pegou um pergaminho de Touch Me.

Quando o desenrolou, uma nova janela se abriu em sua linha de visão. Era um
formulário de solicitação de configuração da guilda.

Se seguisse suas instruções e inserisse as informações relevantes, ele poderia fun-


dar uma guilda.

“Então, eu vou desmantelar o clã.”

Uma música sombria e triste veio da posição de Touch Me.

Após cerca de um minuto de música, a mensagem de dissolução do clã que apare-


ceu informava a todos que a solicitação de Touch Me havia sido completada. Mo-
monga terminou de preencher os dados com o teclado flutuante sobre seu console
e, em seguida, pressionou ENTER.

Naquele momento, um breve som de festejo soou.

OVERLORD EDIÇÃO ESPECIAL


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“Pessoal! Criei a guilda. Vou enviar os convites. Fiquem atentos.”

Após selecionar o amonte necessário de pergaminhos de convite para a Ainz Ooal


Gown, ele os enviou. No instante seguinte, mensagens apareceram na frente de to-
dos.

Momonga achou muito engraçado como todos abriram os pergaminhos e inseri-


ram seus personagens da mesma maneira.

Uma notificação tocou continuamente conforme o número de membros da guilda


continuava a aumentar. No final, todos os membros do Nine’s Own Goal estavam
agora na Ainz Ooal Gown.

Assim, o clã do passado desapareceu e uma nova guilda nasceu.

Sua janela de status indicava que o território pertencente ao clã chamado Nine's
Own Goal havia sido transferido para a guilda chamada Ainz Ooal Gown.

Não era nada digno de espanto.

Novas guildas surgiam em YGGDRASIL quase na mesma taxa que as antigas desa-
pareciam. No entanto, houve um sentimento estranho no coração de Momonga.

Isso porque, quando começou a jogar, ele havia sido salvo do PKing por Touch Me.
Após o ocorrido, ele havia sido convidado para o Nine’s Own Goal e aprendeu como
o jogo poderia ser divertido. Então, quando os membros aumentaram, ele gostou
ainda mais de jogar com seus novos amigos.

E agora, o clã que foi a fonte de grande parte de sua alegria não mais existia.

Mas a solidão que ele sentiu passou em um instante. Isso porque a guilda recém-
fundada continuava com todos.

De fato, isso não foi um fim, mas um começo. Ainda assim, não foi apenas a felici-
dade que ele sentiu. Agora, um fardo pesado repousava em suas costas.

Prologo de OVERLORD - 1
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Até agora, ele tinha ficado feliz o suficiente jogando e ajudando seus colegas do
clã. Mas agora, como um Chefe de Guilda, ele deveria ajudar todos a se divertirem.

Enquanto Momonga observava todos falando sobre o que fariam em seguida, Mo-
monga sentiu a pressão esmagadora que seu senso de dever lhe dava. Ele respirou
fundo e depois se levantou.

A julgar pelos movimentos do novo Chefe de Guilda, ele provavelmente tinha algo
a dizer, e assim eles imediatamente calaram a boca.

Rodeado pelo silêncio, Momonga explicou o que estava pensando.

“Então, para nossa primeira atividade de guilda como Ainz Ooal Gown, eu planejo
conquistar a dungeon no pântano que o Nishiki-san acabou de encontrar.”

Respostas de “Vai ser legal” vieram de todos ao redor dele. Em meio a essa atmos-
fera de excitação, Momonga engoliu em seco e lutou contra a tensão dentro de si.

Ele poderia ser marcado com um fracasso em sua recém posição de Chefe de Gui-
lda pelo o que ele diria em seguida.

Mas antes que Momonga pudesse falar, alguém perguntou:

“Chefe de Guilda, eu tenho uma pergunta. Já que é uma dungeon desconhecida, é


melhor fazer um reconhecimento primeiro. Então, quando iremos pra conquistar
ela a sério? Porque assim, nossos equipamentos e preparações podem precisar ser
alterados dependendo disso.”

A pergunta parece ter sido enviada pelos céus.

Este foi o último ponto de decisão. Se fosse para desistir, ele teria que fazer isso
agora. No entanto, Momonga se comprometeu com sua decisão.

“Não. Na verdade, eu tenho uma idéia diferente.”

OVERLORD EDIÇÃO ESPECIAL


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Momonga tossiu e levantou a voz:

“Pessoal, me escutem.”

A tensão pairava pesada no ar, dado que Momonga havia levantado a voz. Aguen-
tando essa pressão esmagadora ao invés de fugir o fez querer vomitar, mas Mo-
monga declarou sua intenção.

“Por favor, me escutem. Eu estava esperando conquistar a dungeon do pântano


inexplorado de uma só vez.”

Um alvoroço tomou conta. Mas isso era esperado. Momonga sabia muito bem o
quão temerário suas palavras foram. Dungeons inexploradas eram habitadas por
todos os tipos de monstros desconhecidos e não havia indicação de quais armadi-
lhas estavam presentes.

Portanto, eles teriam de montar várias estratégias de ataques para dar conta das
surpresas da dungeon. Desta forma, poderiam identificar formas eficazes de der-
rubar os monstros e chegar ao caminho mais curto para o coração da dungeon,
bem como alguma maneira de vencer o chefão. E, melhor dizendo, normalmente
uma dungeon não pode ser vencida sem usar esses métodos.

“Cara, isso deve ser impossível. Nem sabemos o nível ideal pra vencer a dungeon
e, tentar sem informações é ainda mais difícil, mesmo que seja uma dungeon de
nível baixo.”

A pessoa que apresentou isso foi Bellriver, um Guerreiro Místico heteromórfico


que parecia um pedaço de carne coberto de bocas.

Vários outros também começaram a expressar sua oposição, em apoio à conclusão


sensata de Bellriver. Naturalmente, Momonga entendia como eles se sentiam. No
entanto, ele queria ir adiante com isso.

Era natural franzir a testa ao querer usar esta dungeon para celebrar a fundação
da Ainz Ooal Gown. Uma atividade mais simples teria sido uma escolha mais sábia,
a fim de deixar boas lembranças e fortalecer seus laços.

Prologo de OVERLORD - 1
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Mas se falhassem, seria um começo desfavorável para uma guilda recém-criada.
No entanto, grandes dificuldades também podem deixar lembranças fortes.

O pensamento de Momonga era que a luta uniria a guilda, da mesma forma que os
inimigos poderiam se tornar aliados em circunstâncias desesperadoras.

Momonga teve uma premonição de que se ele não os unisse agora, a guilda se des-
moronaria por conta própria cedo ou tarde. A possibilidade era muito alta, assim
como insinuado nos e-mails que os três homens sábios da guilda lhe haviam envi-
ado. A única razão pela qual isso não aconteceu até agora foi por causa de Touch
Me e pelos laços de amizade que os atrelavam ao Nine's Own Goal.

Mas agora, estes laços estavam se deteriorando. Portanto, Momonga precisava


restaurá-los novamente, mesmo que isso significasse usar sua posição como Chefe
de Guilda para forçá-los a fazê-lo.

Como esperado, houve aqueles que se opuseram fortemente à proposta anormal-


mente ambiciosa de Momonga. Uma contagem silenciosa revelou que cerca de um
terço deles se opunha a isso.

Ele podia entender completamente os motivos. Eles achavam que os benefícios


eram muito pequenos em comparação com as penalidades de um massacre total
do grupo.

Morrer dava dois tipos de penalidades. A primeira é a perda de XP e uma conse-


quente perda de níveis, embora isso dependesse da maneira pela qual eles fossem
ressuscitados.

Esta não era uma grande desvantagem em YGGDRASIL, pois o XP poderia ser re-
cuperado facilmente, ao contrário de outros jogos. Mesmo que perdessem níveis,
a perda pode ser rapidamente recuperada.

O que todo mundo odiava era o segundo tipo de perda, que era o Drop aleatório
de um item equipado. Em YGGDRASIL, armas e armaduras eram feitas inserindo

OVERLORD EDIÇÃO ESPECIAL


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um cristal de dados em uma skin de item. Poucas pessoas permaneceriam inaba-
ladas depois de perder um equipamento personalizado.

Às vezes um ou mais equipamentos eram perdidos se a expedição à dungeon fosse


muito difícil. Por causa disso, as pessoas comumente se preparavam com itens de
segunda categoria, do tipo que não se importariam em perder. Claro, os jogadores
não podiam vencer a dungeon de uma só vez com material de segunda categoria,
então tinham que usar seus melhores equipamentos.

Além disso, os desenvolvedores projetaram o jogo para que o equipamento mais


valioso fosse descartado primeiro, o que significava que as chances de um item
essencial para a estratégia do jogador ser descartado eram bem altas.

Foi por isso que se sentiram desconfortáveis com a sugestão.

Assim que a inquietação estava prestes a saltar para os outros dois terços da gui-
lda—

“Vamos fazer. Não acham que vai ser divertido?”

Disse Guerreiro Takemikazuchi.

“Bem, eu não vou dizer que o Touch-san está errado ou que ele é covarde, mas a
dungeon investigada que ele planejava ir pode ser bem chata. Eu só quero partici-
par dessa maluquice e me divertir como um idiota. Momonga-san, você é o melhor.
Não tinha dúvidas que te escolher como o Chefe de Guilda era a escolha certa.”

“Se todos nós formos massacrados, então seremos realmente tolos.”

Punitto Moe não expressou nenhuma oposição até agora. Assim que ele terminou
de falar, Guerreiro Takemikazuchi riu.

“É só um jogo. Um jogo. Sermos massacrados é apenas parte da diversão. Afinal, o


Nine’s Own Goal foi um clã fundado por tolos. Olha o nome que a gente escolheu?
Todos aqui já erraram no passado, não é? Humanoides zombaram de nós por nos-
sas tolices, enquanto nossos colegas heteromorfos nos odiavam porque fazíamos

Prologo de OVERLORD - 1
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coisas sem sentido. Só aprenderam a nos respeitar depois que nossos números au-
mentaram. Na verdade, acho que até hoje não respeitam... e não se lembram de
como o primeiro item World-Class que encontramos foi roubado? Só pra ficar claro,
Touch Me não planejou nada errado em nossa jornada até aqui. Mas... mas eu ainda
quero fazer essas coisas que só gente idiota faz.”

No silêncio, um camarada que estava com eles desde que o Nine’s Own Goal foi
fundado — Ancient One — falou.

“...Eu concordo com os sentimentos do Take-san. Não veem o quanto isso é bom?
Vamos começar nossa guilda botando pra quebrar. Afinal de contas, não foram os
mesmos idiotas aqui que obtiveram aquele item World-Class? Vamos olhar essa
situação usando uma proposta base do jogo. Este jogo foi feito para os jogadores
se colocarem em perigo, com isso em mente, não é bom desbravar uma dungeon
desconhecida? Vamos nos tornar uma guilda que faz esse tipo de coisa.”

“E se o nosso equipamento desaparecer? Eu não quero depender de itens Cash...”

“Ah, isso é verdade. As preocupações do Bellriver são bem fundamentadas. Afinal


de contas, a perda de itens é quase um trauma para quem foi vítima das PKs. Há
muitos aqui que estão tentando reprimir a raiva por essa injustiça.”

Guerreiro Takemikazuchi olhou seriamente para a katana que ele estava segu-
rando.

“Bem, eu ficaria chateado se perdesse esta belezinha. Que se dane, tudo o que eu
preciso fazer é forjar uma lâmina ainda mais forte, certo? Como não sei tudo desse
jogo, não posso dizer que o equipamento que possuo é o mais forte. Quanto mais
eu aprender, melhor será a arma que eu posso fazer. O mesmo vale para o minha
MK VI. Eu percorri um grande caminho desde o seu estado de MK I. Mmn. Se eu
fizesse a katana mais forte, eu a chamaria de Zero ou Ultimate ou Void ou algo as-
sim.”

Guerreiro Takemikazuchi coçou a cabeça. Ele não estava cansado, apenas confuso
com o que acabara de dizer.

OVERLORD EDIÇÃO ESPECIAL


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“Ah— o que eu estava dizendo? No fim é apenas equipamento. Não acham que
seria muito triste se nos negássemos o mundo — nosso prazer do jogo — porque
temos medinho de perdê-los?”

“Acho que todo mundo gosta do jogo à sua maneira e forçar o ponto de vista dos
outros é errado.”

“Nossa! Nunca achei que o Momonga-san diria isso. Fui baleado nas costas por um
camarada.”

Depois de se desculpar com Guerreiro Takemikazuchi, Momonga olhou para os


membros da guilda e disse:

“Pessoal, sendo sincero, a idéia de derrotar uma dungeon desconhecida de uma


só vez é capricho meu. E estão certos de perguntar: Esse desafio vale o risco de per-
der o equipamento que gastamos nosso tempo e esforço criando? Bellriver está certo.
Eu sei que o que proponho é loucura. Mas ainda sinto que devemos fazer isso. Eu
sinto que os membros da nossa guilda são pessoas que fazem de seu líder um idiota,
e quando esse idiota pede que façam algo tolo, eles riem e cuidam disso imediata-
mente. Vocês podem me ajudar com a tolice que sugeri? Por favor.”

Momonga baixou a cabeça ligeiramente. Vários segundos depois, a primeira res-


posta veio.

“Bem, já que este é um pedido do meu amigo Momonga, fico feliz em ajudar.”

Foi a voz de Ulbert.

“Como líder de uma guilda, eu colocaria a segurança em primeiro lugar... mas


como jogador eu quero é me divertir.”

Depois dele foi o Touch Me.

“Eu estava planejando fazer isso desde o começo. Só fiquei quieto porque o Ta-
kemikazuchi disse primeiro.”

Prologo de OVERLORD - 1
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“Como parte integrante dessa guilda, eu tenho que apoiar o novo Chefe de Guilda,
sabe como é, né...”

Os irmãos Peroroncino e Bukubukuchagama deram suas opiniões.

“Não é algo que me interesse tanto assim, mas como se trata do Momonga-san,
então eu vou participar. Que fique anotado em algum lugar, eu me opus a isso.”

E por fim, Bellriver disse o que pensava a respeito.

Embora suas palavras parecessem as de uma criança infeliz, a aprovação de Bell-


river parecia ter dado início a um incêndio, e os que se opunham à idéia foram
diminuindo um a um.

“Obrigado.”

Disse Momonga abaixando a cabeça, e então continuou:

“Então, nosso próximo objetivo é derrotar o chefão nas profundezas daquela dun-
geon desconhecida!”

“Ooooooh!”

Os membros reunidos responderam com gritos sinceros.

OVERLORD EDIÇÃO ESPECIAL


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Prologo de OVERLORD - 1
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♦♦♦

Havia 27 pessoas reunidas aqui.

Em YGGDRASIL, os grupos eram feitos de 6 pessoas, e uma incursão poderia ter


um máximo de 5 grupos.

A julgar pela contagem atual de membros, havia três vagas.

Ter três pessoas faltando representava uma enorme lacuna nas capacidades de
um dos grupos, a intenção era preencher esses lugares com NPCs mercenários.

Uma coisa boa sobre os NPCs mercenários era que eles podiam permitir que um
jogador solo formasse um grupo, mas sua I.A. não era muito boa e, além disso, sua
habilidade de combate era menor que de um jogador de nível equivalente. Conse-
quentemente, quando formassem grupos com NPCs, os jogadores que não eram
bons o bastante seriam prejudicados ao enfrentar dungeons difíceis.

Momonga pensou em quem seria a pessoa certa para liderar os NPCs.

Era uma escolha entre o poder combativo de Touch Me ou a astúcia de Punitto


Moe. Enquanto pensava sobre isso, percebeu que havia cometido um erro funda-
mental.

Em vez de deixar toda a missão para um dos grupos, ele deveria dividir entre dois
grupos.

“Ah, desculpe por isso. Punitto-san, Touch-san, tem algo que preciso da ajuda de
vocês.”

Os dois eram os pináculos de força mais confiáveis entre todos os presentes.

Touch Me tinha poder de luta, enquanto Punitto Moe tinha habilidade de comando.
Os dois provavelmente poderiam fazer bom uso dos NPCs mercenários.

“Ahh, Momonga-san. Tenho uma sugestão também. Poderia vir aqui rapidinho?”

OVERLORD EDIÇÃO ESPECIAL


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Momonga não tinha motivos para recusar o pedido de Punitto Moe.

Os dois foram para o canto da sala.

“Minha sugestão é que você coloque sentinelas na entrada da dungeon.”

Sentinelas eram o que os grupos usavam para vigiar a entrada da dungeon, preci-
savam ficar de olho em quem se aproximasse e, dependendo das circunstâncias,
eliminar qualquer intruso.

Momonga suspirou e rejeitou. Tinha que ser uma atividade grupal, com todos en-
frentando os desafios da dungeon juntos. Ele não queria deixar nenhum de seus
companheiros na porta.

“Não, eu não vou comprometer isso. Eu não quero ser Espremido.”

“Espremido” era o nome de Punitto Moe para um método de PK que envolvia ata-
car por trás um grupo de jogadores que tinha acabado de começar a entrar em uma
dungeon. Uma vez que seus oponentes fossem forçados a irem mais fundo na dun-
geon, eles teriam que lidar com os monstros das dungeons, assim como com os PKs
atacando-os por trás. Era um típico movimento de pinça.

Embora fosse uma tática de PK que usara com grande sucesso, por outro lado, ele
provavelmente estava fazendo essa sugestão porque sabia o quão perigoso pode-
ria ser.

Contudo—

“—Não acha que está sendo um pouco paranoico? Ninguém mais sabe sobre essa
dungeon, certo?”

Punitto Moe rebateu a resposta de Momonga com um “Ingênuo”.

“Não saberemos sobre a situação até que estejamos lá. E até onde sabemos, pode
ser uma armadilha ou algum tipo de campo de caça.”

Prologo de OVERLORD - 1
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“Bem, mesmo assim... não é só usar o ícone que aparece quando estamos perto
para saber se a dungeon já foi explorada antes? Não há como disfarçar isso, então
tudo bem, não?”

“Isso é ingênuo também, Momonga-san. Não exploradas e não descobertas são se-
melhantes, mas diferentes. Se fosse comigo, eu ficaria cerca de um degrau antes do
sistema de sinalização da dungeon fosse ativado, ou marcado como foi descoberto,
então qualquer outra pessoa que tenha descoberto — é apenas uma hipótese, é
claro — pode te surpreender com a guarda baixa.”

“...Punitto-san, você é realmente o mais assustador daqui. É o cara mais assustador


neste clã, não, nesta guilda. Mas tem razão, é bom ser cauteloso sobre isso.”

“O mais assustador, huh. Então, talvez não seja cautela e sim covardia.”

“Mas não te acho covarde. Afinal, teve aquela vez que—”

“Oh! Momonga-san, não fale disso por favor. Bem, vamos deixar isso de lado por
enquanto. Eu estou totalmente ciente dos perigos de dividir nosso poder de luta,
mas esta é a primeira atividade de grupo da nossa guilda, afinal. Nós não queremos
falhar por causa de um pequeno erro, não?”

“Bem, isso é verdade...”

“Durante esse empreendimento, o pior cenário é que recebamos o PK. Momonga,


eu entendo seu desejo de que todos se aprofundem na dungeon juntos. Mas deixar
alguém na entrada é uma parte importante do nosso plano. Afinal, você não quer
ser eliminado, mas sim derrotar todos os desafios da dungeon, não é?”

“É claro.”

“Então pense no que proponho.”

OVERLORD EDIÇÃO ESPECIAL


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Momonga não tinha nada a dizer em face das palavras de Punitto Moe. Embora
ainda estivesse tentando aceitar essa proposta, a um nível intelectual, ele já havia
concluído qual seria a resposta certa.

Ele sobrecarregaria o grupo caso se permitisse ser governado por suas emoções.
O camarada diante dele sabia que o Chefe de Guilda deveria ter se refinado, mas
escolheu ajudar e contribuir com sua sabedoria para esse esforço. Momonga la-
mentou profundamente por ter incomodado a todos com a difícil tarefa de derro-
tar uma dungeon desconhecida.

Um Chefe de Guilda precisa agir com racionalidade. Mas ele estava meio confuso
com essa mistura repentina de felicidade e responsabilidade.

Ele se lembrou da solidão que sentiu quando um de seus camaradas saiu e então
acenou para Punitto Moe.

“Deixa comigo. Vou compartilhar com todo mundo.”

“Beleza, conto com você.”

Momonga já tinha vários candidatos em mente para a retaguarda. Como esperado,


esse tipo de coisa era melhor para os membros das profissões Artesãs.

“Ah, por favor, diga que eu sugeri isso.”

Ele não tinha idéia do porquê, mas concordou de qualquer maneira.

“Eh? Ah, tá. Tudo bem. Mas isso já é bem sua cara, Punitto Moe-san. Não sou bom
em pensar em PKs e possibilidades parecidas.”

“Bem, o PKing é muito popular neste jogo. A maioria dos jogos não deixaria o PK
chegar tão longe, nem promoveria o PK assim.”

“Sério? Não cheguei a jogar outros jogos, então não tenho certeza.”

Prologo de OVERLORD - 1
64
“Ah, quer tentar um jogo diferente qualquer dia desses? Vamos juntos. Há um que
eu realmente gostaria de tentar.”

“Mm, não é uma má idéia, mas não seria melhor dominar o YGGDRASIL primeiro?”

“Tem certeza que consegue dominar este jogo? Se bem que você pode realmente
conseguir, mas só depois de muitos anos.”

Uma coisa que os desenvolvedores de YGGDRASIL esqueceram foi tornar o jogo


amigável ao usuário.

O próprio fato de existirem piadas sobre isso já destacavam a pouca informação


que havia no jogo. Além disso, havia uma montanha de coisas que não podiam ser
verificadas sobre o jogo, mesmo com os melhores esforços dos jogadores. Mesmo
depois de vários anos, não era estranho que ainda existissem muitas coisas desco-
nhecidas.

Que tipo de lunático dominaria este jogo, Punitto Moe riu.

“Então, vou te passar umas táticas de PK que criei, Momonga-san. Eu também es-
tou pensando em escrever um livro chamado “PKing para Bobos”.”

“NMR?”

NMR — em outras palavras, No Mundo Real.

“Não, não, como faria isso? Eu quis dizer dentro, neste mundo.”

Em YGGDRASIL, pode-se armazenar um manuscrito em forma de livro e lê-lo


como se fosse um livro no mundo real.

Havia jogadores que convertiam livros cujos direitos autorais haviam expirado
para livros dentro do jogo e os vendiam a preços baixos.

“Ah, sim. Então, vai me deixar ler esse manual quando terminar? Lições sobre
como atacar também são úteis para a defesa.”

OVERLORD EDIÇÃO ESPECIAL


65
“Naturalmente. Quando chegar a hora faço questão que seja o primeiro.”

“Já estou ansioso! Fufufu. Vou fazer umas cópias e vender.”

“Ficou maluco, Momonga-san!?”

Depois de sua exclamação embaraçosa, Punitto Moe mergulhou em pensamentos


profundos e falou bem baixo com Momonga.

“...Tem certeza que quer fazer isso? Se muitas pessoas souberem dos segredos,
você perderá sua vantagem, Momonga-san. Não há necessidade de compartilhar
conhecimento com todos. Apenas alguns poucos precisam saber. O conhecimento
é valioso porque é raro. Quando você o espalha, torna-se inútil.”

“Pensando bem, isso é verdade.”

“Claro que é! Momonga-san, você é meu amigo, assim como meu Chefe de Guilda.
É por isso que vou te ensinar.”

“Mudando de assunto, está escondendo seu passado obscuro porque é muito ver-
gonhoso ou tem outro motivo?”

“É algo assim. É como gravar a si mesmo cantando uma música, ou algo assim, e
quando você a ouve vários anos depois bate aquela vontade de se matar.”

Isso foi um desabafo de desespero. No entanto, o rosto de Punitto Moe permane-


ceu inalterado.

Este inconveniente de YGGDRASIL incomodava. Seria mais interessante se sua ex-


pressão pudesse mudar com suas palavras.

Enquanto pensava sobre isso, ele percebeu que era impossível.

Não seria tão difícil para os jogadores humanoides, mas escrever macros para mo-
ver os rostos de seres demi-humanos e heteromórficos era extremamente difícil.

Prologo de OVERLORD - 1
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Além disso, havia o rosto ósseo de Momonga a se considerar. O rangido dos ossos
quando eles se moviam provavelmente seria muito asqueroso.

“Ah, cara, desculpa. Aquilo foi uma porta pro meu passado cruel, algo que ninguém
deveria ouvir. Se fosse para abrir alguma, eu escolheria uma que levasse a um sen-
timento mais acolhedor— Enfim, Momonga, o que queria discutir comigo? Tem
algo a ver com os NPCs mercenários?”

“Mnm. Quantos posso confiar a você para comandar?”

“Vejamos, posso lidar com três sem problemas.”

“Que demais. Talvez não precise de tantos, dependendo do número de sentinelas


da porta. Então, contarei com você.”

Momonga deixou Punitto Moe, e depois de fazer o mesmo pedido a Touch Me, ele
retornou ao centro da sala e gritou:

“Perdão por interromper de novo! Pessoal, atenção aqui, por favor!”

Assim como antes, Momonga sentiu a atenção de todos focados nele.

Ainda assim, mesmo que as expressões não tenham mudado, ele pôde captar os
ânimos, o que o surpreendeu. De acordo com Touch Me, quando em batalha, al-
guém pode instantaneamente sentir as intenções de um oponente, evitando assim
seus ataques. Algo semelhante parecia estar acontecendo aqui. No entanto, Mo-
monga não era tão sensível. Talvez apenas alguém proficiente em ser Guerreiro
pudesse fazer algo assim.

“Eu pretendo organizar os grupos. Como de costume, eles serão agrupados em


atacantes físicos, atacantes mágicos, defensores, curandeiros e outros. Eu também
preciso atribuir os batedores—”

Momonga fez uma breve pausa.

“Vamos atribuir sentinelas na entrada. Alguém se opõe?”

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Isso era algo que ele, o Chefe de Guilda, havia decidido com base na sugestão de
um membro da guilda. Mencionar o nome dele não parecia certo.

Ninguém se opôs. Embora Momonga tenha feito contato visual com Punitto Moe
por um instante, o último apenas deu de ombros e sorriu amargamente.

“Se for esse o caso... bem, podemos continuar normalmente.”

“—Sem objeções.”

“—Por mim, tudo bem.”

Várias pessoas aprovaram e ninguém pareceu se opor.

“A seguir decidiremos as sentinelas da entrada... Alguém se dispõe?”

“Eu ficarei feliz em ficar para trás.”

A primeira pessoa a levantar a mão foi o ferreiro Amanomahitotsu. Depois disso,


mais duas pessoas levantaram as mãos. Por sinal, também eram artesãos.

O clã nunca havia se concentrado em dungeons ou PKing. Havia muitas pessoas


que jogavam apenas por seu espírito aventureiro.

Eles estavam cheios do desejo de pisar em terras desconhecidas e descobrir coisas


misteriosas. Naturalmente, até os membros das profissões artesãs não passavam
o dia todo em suas oficinas, pois tinham níveis em outras áreas de combate para
que pudessem lidar com qualquer problema, até certo ponto, claro. Dito isso, uma
vez que suas builds continham profissões Artesãs, eles sentiam que seriam um
fardo durante as incursões às dungeons.

Momonga sabia muito bem o porquê deles se voluntariarem diante de uma pro-
posta assim. Ele sabia que se sentiam mal com isso. Ainda assim, Momonga se cur-
vou para os três.

Prologo de OVERLORD - 1
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“Sinto muito por isso, podemos contar com vocês?”

“Não fique assim, Momonga-san. Levante a cabeça, vai. Veja nosso lado, ficaremos
conversando à toa enquanto todo mundo está lutando.”

“Eu quero tentar fazer uma nova arma também. Acabei de descobrir uma técnica
rara de processamento de metais, não vejo a hora de pôr em prática.”

“Faremos nossas tarefas na entrada da dungeon. Não se preocupe com isso.”

Depois que Amanomahitotsu falou, os outros dois rapidamente seguiram o exem-


plo.

Ainda assim, Momonga se curvou para eles novamente.

“Então, Nishiki-san, seria bom se compartilhasse seu mapa com o resto de nós.
Você não se importa, né?”

“Naturalmente. Ah, também coletei informações sobre os monstros que aparecem


no pântano. Ninguém vai se importar se eu compartilhar, não é?”

Claro, não havia motivo para se opor.

Nishikienrai produziu uma série de pergaminhos — um para todos — do nada e


começou a trabalhar nele.

Um flash de luz saltou dos pergaminhos.

Todos os presentes estenderam a mão para pegar um pergaminho. Momonga fez


o mesmo.

Depois que o pergaminho abriu, apareceram as letras que diziam “Novas Infor-
mações Obtidas”.

Momonga ignorou o pergaminho que havia desaparecido e tocou aquelas letras.


Imediatamente, linha após linha de texto apareceu.

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A primeira informação dizia respeito ao terreno.

Havia um X no centro exato do extenso pântano. Um homem escreveu em letras


não muito apresentáveis “Dungeon aqui”. Ao lado havia três símbolos marcados
“Base dos Sapos”. Então, havia outros ícones chamados “Coisas Gosmentas”, “Gás
Venenoso”, “Chefão de Área” e assim por diante. Além disso, havia linhas rotuladas
como “Prováveis Rotas de Patrulha”.

Entendi...

Momonga refletiu enquanto digeria a informação. Em seguida, ele tocou os carac-


teres correspondentes ao próximo conjunto de informações.

Em seguida, os dados do monstro.

Havia fotos borradas de monstros, com seu nome, nível e outros dados.
[ L i c h Diabo de Grenbera]
• Nível 64: Grenbera Devil Lich
[ V e r m e R o x o d e Grenbera]
• Nível 74: Grenbera Purple Worm
[Sobe ra no Enxa me G r e n b e r i a n o ]
• Nível 78: Swarmlord Grenberan
[Comedor L o u c o ]
• Nível 80: Mad Eater
[ N a g a d o Pântano]
• Nível 80: Swamp Naga
[ T u v e g d e Gre n be ra ]
• Nível 80: Grenbera Tuveg
[ L u t a d o r Tuveg de Grenbe ra]
• Nível 83: Grenbera Tuveg Fighter
[ S a c e r d o t e T u v e g d e Grenbera]
• Nível 83: Grenbera Tuveg Priest
[ C a v a l e i r o Tuve g de Grenbera]
• Nível 84: Grenbera Tuveg Knight
[ S e n h o r d a G u e r r a Tuveg de Grenbera]
• Nível 85: Grenbera Tuveg W a r lo r d

“E então—”

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As palavras de Nishiki fizeram Momonga parar no meio do estudo dos monstros
e ele se virou para olhá-lo.

“—E são esses aí que achei. Confirmei visualmente, mas pode haver monstros que
ainda não encontrei, tenham cuidado. Além disso, eu vi alguns caras mais fortes à
distância, mas estavam perto das bases rotuladas, mas não me aproximei pra veri-
ficar.”

“—Hm. Nível oitenta e poucos é a média, significa que os monstros mais fortes nas
profundezas da dungeon serão noventa ou mais. Esse é o nível ideal para nós.”

A maioria dos membros da Ainz Ooal Gown estava por volta do nível 90 ou mais.
Ele sentiu que eles poderiam vencer a dungeon sem nenhum problema.

“Take-yan. O descuido é proibido. É de conhecimento comum que as dungeons são


mais difíceis do que as áreas circundantes.”

Naturalmente, o caso oposto também poderia ser verdadeiro, mas eles nunca ti-
nham ouvido falar de tais exemplos antes.

“Mesmo assim, vamos ter que contar com a sorte. Derrotar uma dungeon de nível
noventa de uma vez não é completamente impossível. Já que é assim, então vamos
com todas as nossas armas em chamas. Não tem momento melhor pra torrar nos-
sos itens de cash.”

“Se fizermos isso, vai ser uma visão bem incrível.”

A idéia de que eles poderiam fazer isso tomou conta da sala, e Momonga sentiu o
estômago fisgar.

Se eles sentissem que era impossível, poderiam se consolar caso falhassem


usando um “Foi como esperado”. Mas se eles achassem que era possível e fracas-
sassem, o impacto seria muito maior.

Momonga lamentou seu tolo anúncio.

OVERLORD EDIÇÃO ESPECIAL


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Tentar moderar a excitação com cautela era o pensamento de um perdedor.

No entanto, essa cautela os poderia ajudar.

Claro, como tinha sido ele a organizar o evento, ele não poderia dizer isso.

Só então, um salvador apareceu.

“—Pessoal, vocês estão confiantes demais. Todos têm noção do quão baixas são
as chances de conseguir vencer uma dungeon desconhecida de primeira? O nível
efetivo de uma dungeon sobe várias vezes quando você tenta pela primeira vez.”

O orador foi Ulbert.

Com certeza, essas palavras foram como jogar água na fogueira, mas por causa
disso, todo mundo se acalmou. Ao mesmo tempo, uma notificação atingiu o ouvido
de Momonga. Era uma「Message」de Punitto Moe.

『—Boa sorte, Momonga-san.』

Momonga entrou no canal dedicado e lançou sua magia 「Message」. Dessa


forma, sua voz só alcançaria o destinatário.

“Obrigado.”

『Não se preocupe, mas tenha em mente que tumulto é o fracasso de um país,


você deve sempre manter um modo equilibrado e lógico de pensar. Mantenha a
calma, planeje com antecedência e não perca seu tempo pensando sobre coisas in-
significantes, Momonga-san. Entretanto, também estou planejando derrotar
aquilo de uma só vez. Boa sorte pra nós!』

Depois de dizer o que queria, a 「Message」 terminou.

“Certo! Atenção pessoal, vamos definir o nosso objetivo em trinta minutos. Por
favor, se preparem!”

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Continua—

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Glossário

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Glossário
-Magias, Habilidades & Passivas-
Tradução livre de seus nomes
-Nomes-
Message: ................................................................................Mensagem.
Amanomahitotsu:Na mitologia japonesa, esse é o mesmo nome
do deus da forja, metalurgia e ferraria.
-Termos & Terminologias- Bukubukuchagama:ぶくぶく茶釜, ぶくぶく é algo relacionado
a borbulhar, mas também tem correlação com pessoas gordas. Já
Arcologia:Arcologia é um termo utilizado para descrever cida- 茶釜 é um tipo de bule de chá.
des fictícias com uma densidade demográfica extremamente Guro-kawaii:グロカワイイ é uma expressão para dizer que algo
grande. O termo foi cunhado pelo arquiteto Paolo Soleri, e é uma é grotesco e fofo.
corruptela de “arquitetura” e “ecologia”. Herohero:へろへろ é uma onomatopeia que significa " inconsis-
Attacker:.................................................. O responsável pelo Ataque. tente ", mas também "estar exausto".
Backstab:Esfaquear o inimigo por trás, o que geralmente per- Hugues de Payens:Ou Hugo de Payens, um fidalgo francês da re-
mite acertos críticos. gião de Champanhe, foi o primeiro mestre e fundador da Ordem
Biohacking: ... É a prática de misturar biologia com ética hacker. dos Templários.
Build:Configuração dos atributos de um personagem nos jogos Momonga:É o mesmo nome de um tipo o esquilo planador origi-
eletrônicos conhecidos como RPG, onde cada personagem tem nal de Hokkaido – Japão.
características distintas e onde cada mudança afeta o comporta- Rei Besta Mekongawa:メコン川 – o mesmo nome de um dos
mento do personagem no jogo podendo, assim, uma build fazer maiores rios do mundo localizado no sudeste asiático. Também é
total diferença tornando cada personagem único no jogo. chamado de Mekong, Mecom ou Mecão.
Dungeon: O termo é usado em jogos de RPG para designar caver- Sunfall:......................................................................................... Sol Cadente.
nas ou labirintos repletos de monstros, armadilhas e tesouros. Tabula Smaragdina:A Tábua de Esmeralda (ou Tábua Esmeral-
Uma Dungeon normalmente é composta por salas e corredores dina) é o texto escrito por Hermes Trismegisto que deu origem à
que as conectam, podendo haver também passagens secretas. Alquimia.
Com etimologia na palavra francesa donjon. Substantivo signifi- Takemikazuchi:Provável referência a 建御雷/武甕槌 (Takemi-
cando calabouço ou masmorra. kazuchi). É uma divindade na mitologia japonesa, considerada
Drop:Itens deixados por monstros após serem mortos em jogos, um deus do trovão e deus da espada.
o termo também vale para a taxa com qual os itens vindos de sor-
teios e lootboxes.
Et tu Brute:Pronunciado [ɛt ˈtuː ˈbruːtɛ], é uma expressão latina
que significa “e tu, Brutus?” ou “até tu, Brutus?”, e que teria sido
-Raças & Monstros-
proferida pelo ditador romano Júlio César, no momento de seu
assassinato, ao seu amigo Marco Bruto. Death Vines: ......................................................... Videiras Mortíferas.
Fogo Amigo:Ou também fogo aliado, do inglês, Friendly fire, é Grenbera Devil Lich: ................................. Lich Diabo de Grenbera.
uma expressão eufêmica utilizada militarmente no que tange os Grenbera Purple Worm:....................... Verme Roxo de Grenbera.
aspectos de ataques aliado a aliado, ou inimigo a inimigo. Grenbera Tuveg: ................................................ Tuveg de Grenbera.
Healer: .......................................................... O responsável pela Cura. Grenbera Tuveg Fighter: .................. Lutador Tuveg de Grenbera.
In-game: ......................................................... Literalmente “No jogo”. Grenbera Tuveg Knight: ................ Cavaleiro Tuveg de Grenbera.
Itens de Cash:............................ Itens comprados usando dinheiro. Grenbera Tuveg Priest: ................ Sacerdote Tuveg de Grenbera.
Macros: ...................................... Script de automatização de tarefas. Grenbera Tuveg Warlord:Senhor da Guerra Tuveg de Grenbera.
Pay-to-win:Pague para vencer, jogos que dão vantagens para Mad Eater: ...................................................................Comedor Louco.
quem paga ao invés de quem se dedica. Nephilim:Nefilim (hebraico:. ‫ )נְפִ ילִ ים‬termo derivado do hebraico
Seeker: ..............................................Quem procura, quem Investiga. naphal (ele caiu), é um termo que ocorre duas vezes na Bíblia, em
Seraphim: ................................................................... Serafim - Guilda. Gênesis 6:4 e Números 13:33. A Septuaginta traduziu o termo
Skin:Geralmente é um visual alternativo dado a um programa pela palavra grega que significa, literalmente, nascido da terra, e
computacional. as traduções seguintes verteram o termo para gigantes. Lutero
Tankar:Termo usado em RPG para personagens focados em de- traduziu nefilim como tiranos.
fesa e usam isso para atrair os ataques do inimigo. Pink Slime: ...........................................................................Slime Rosa.
Wildcard: ....................... Aquele que é a carta secreta, o “Curinga”. Swamp Naga: ........................................................... Naga do Pântano.
Yoi~ sho~:よいしょ é comumente classificada como uma pala- Swarmlord Grenberan:.............. Soberano Enxame Grenberiano.
vra kakegoe (掛け声), uma chamada ou um grito de encoraja-
mento para si mesmo ou para os outros.

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-Honoríficos & Tratamentos- San:さん - O sufixo “San” é um honorífico que pode ser usado em
praticamente todas as situações, independente do sexo da pessoa.
Normalmente é usado para pessoas que temos pouca ou ne-
Chan:ちゃん - O sufixo “chan” é um termo carinhoso usado ge-
nhuma intimidade. Também usado quando a pessoa considera o
ralmente para crianças ou pessoas que temos muita intimidade.
interlocutor como um de igual hierarquia.
O “chan” é usado após o nome inteiro ou abreviado.

Glossário
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Notas de Tradução
Aprimoramento. Em inglês é “Augmented”. Mas a tradução é meio que não faz
sentido com a proposta. Augmented é muito usado para se referir a melhorias em
humanos por Bio-hacking. Então “aprimoramento” nesse contexto aqui é referente
à “Augmented”.

Curiosidade
O Japão realmente inventou uma seringa indolor: Link

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