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2� PARTE - CAP�TULO VIII
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EXPIA��ES TERRESTRES
(Paris - 1863)
"Agrade�o, meus amigos, o terdes lembrado de mim. Pode ser que tal se n�o
desse independente da suposi��o de proveito da minha comunica��o, mas, ainda
assim, estou certo de que motivos s�rios vos animam e eis porque com prazer atendo
ao chamado, uma vez que, por feliz, me � permitido orientar-vos. Assim possa o meu
exemplo avolumar as provas assaz numerosas que os Esp�ritos vos d�o da justi�a de
Deus. Cego e surdo me conhecestes, e para logo vos propusestes saber a causa de tal
destino.
"Eu vo-lo digo: Antes de tudo, importa dizer que era a segunda vez que eu
expiava a priva��o da vista. Na minha precedente exist�ncia, em princ�pios do
�ltimo
s�culo, fiquei cego aos 30 anos, em decorr�ncia de excessos de todo o g�nero que,
arruinando-me a sa�de, me enfraqueceram o organismo. Note-se que era j� isso uma
puni��o por abuso dos dons providenciais de que fora largamente cumulado. Ao inv�s,
por�m, de me atribuir a causa original dessa enfermidade, entendi de acusar a
Provid�ncia, na qual, ali�s, pouco cria. Anatematizei Deus, reneguei-o, acusei-o,
acrescentando que, se acaso existisse, devia ser injusto e mau, por deixar assim
penar
as criaturas. Entretanto, eu deveria dar-me ainda por feliz, isento como estava de
mendigar o p�o, � fei��o de tantos outros m�seros cegos como eu. Mas � que eu s�
pensava em mim, na priva��o de gozos que me impunham. Influenciado por id�ias tais,
que o cepticismo mais exaltava, tornei-me fren�tico, exigente, numa palavra,
insuport�-
vel aos que comigo privavam. Al�m disso, a vida era-me um moto-cont�nuo, pois que
eu n�o pensava no futuro - uma quimera. Depois de esgotar baldamente os recursos
da Ci�ncia e reputada imposs�vel a cura, resolvi antecipar a morte: suicidei-me.
Que
despertar, ent�o, que foi o meu, imerso nas mesmas trevas da vida! Contudo, n�o
tardou muito o reconhecimento da minha situa��o, da minha transfer�ncia para, o
mundo espiritual. Era um Esp�rito, sim, por�m, cego. A vida de al�m-t�mulo tor-
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