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Circuitos Elétricos- módulo F4

MP
2014
Curso Profissional Módulo F4: Circuitos eléctricos
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 Corrente eléctrica

A corrente eléctrica consiste num movimento orientado de portadores de carga eléctrica por
acção de forças eléctricas.
Os portadores de carga podem ser electrões livres, como nos condutores metálicos, ou iões,
como nos condutores líquidos e condutores gasosos.

Uma corrente eléctrica diz-se estacionária quando a quantidade de carga que atravessa
qualquer secção recta de um condutor, por unidade de tempo, é sempre a mesma; não há
acumulação nem rarefacção de cargas em nenhum ponto do circuito.
Por exemplo, a corrente contínua é uma corrente em regime estacionário.

 Grandezas eléctricas relacionadas com a corrente eléctrica

Intensidade de corrente, I – Quantidade de carga eléctrica que atravessa uma secção recta
de um condutor, na unidade de tempo.
q
I (1)
t

A unidade de intensidade de corrente é, no SI, o ampere, A.

1coulomb 1C
1ampere ou 1A
1segundo 1s

A partir da expressão (1) pode escrever-se: q I t


Esta equação permite definir a unidade SI de carga eléctrica, o coulomb, C.

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1 coulomb é a carga eléctrica transportada por uma corrente estacionária de intensidade 1


ampere, durante 1 segundo.
Num condutor metálico, onde os portadores de carga são os electrões, o sentido real da
corrente é oposto ao sentido convencional.
Por convenção, o sentido da corrente num circuito – sentido convencional – é o sentido do
potencial mais alto para o potencial mais baixo, ou seja, é o sentido contrário ao do movimento
dos electrões.

Diferença de potencial, U, entre os terminais de um condutor percorrido por uma corrente


eléctrica é a energia eléctrica transferida para esse condutor por unidade de carga eléctrica
que o atravessa.
E
U
q

A unidade de diferença de potencial é, no SI, o volt, V.

1 joule 1J
1volt ou 1V
1coulomb 1C
1 volt é a diferença de potencial que se estabelece entre os terminais de um condutor que,
atravessado pela carga de 1 coulomb, transforma 1 joule de energia eléctrica noutra forma de
energia.

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Resistência eléctrica de um condutor – Grandeza física, característica do condutor a


temperatura constante, que mede a oposição que esse condutor oferece à passagem da
corrente eléctrica. Pode ser calculada pelo quociente entre a diferença de potencial aplicada
nos terminais do condutor e a intensidade de corrente que o percorre.
U
R
I
A unidade de resistência é, no SI, o ohm, Ω.

1volt 1V
1ohm ou 1
1ampere 1A

1 ohm é a resistência eléctrica de um condutor que é percorrido por uma corrente de


intensidade 1 ampere quando, nos seus terminais, lhe é aplicada uma diferença de potencial
de 1 volt.

 Lei de Ohm e condutores óhmicos

Lei de Ohm – Num condutor óhmico e a temperatura constante, existe uma razão constante
entre a diferença de potencial nos terminais do condutor e a intensidade da corrente que o
percorre ou, dito de outra forma, a diferença de potencial aplicada aos terminais de um
condutor homogéneo e filiforme, a temperatura constante, é directamente proporcional à
intensidade da corrente que o percorre.
U
cons tan te ou U RI
I

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onde R, resistência eléctrica do condutor, é a constante de proporcionalidade.

Condutor óhmico – Condutor em que as tensões aplicadas são directamente proporcionais


às intensidades da corrente, isto é, a resistência eléctrica tem um valor constante.
São exemplos de condutores óhmicos os condutores metálicos e as soluções aquosas
diluídas de electrólitos.

Para os condutores óhmicos, o gráfico da intensidade de corrente em função da diferença de


potencial é uma recta que começa na origem, isto é, para estes condutores, I é uma função
linear de U. Por esta razão, os condutores óhmicos também se chamam condutores lineares.

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Há condutores que não obedecem à Lei de Ohm e que se designam por não óhmicos. São
exemplos de condutores não óhmicos os díodos, os tríodos e os transístores, usados em
circuitos electrónicos. A resistência destes não é constante, pois depende da diferença de
potencial, conforme se pode concluir da análise do gráfico seguinte. Nestes não faz sentido
falar em resistência a dada temperatura.

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 Associação de resistências

Habitualmente, nos circuitos eléctricos, são utilizadas associações de resistências em série,


em paralelo e mistas. O modo como se ligam as resistências depende da aplicação prática
que se vier a fazer de determinado circuito.

Se tivermos um conjunto de resistências associadas, podemos substituí-lo por uma resistência


única, que tenha a mesma resistência que o conjunto. Chama-se resistência equivalente a
esta resistência única.

 Associação de resistências em série

Quando num circuito os condutores se encontram ligados como a figura indica dizemos que
estão associados em série.

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Neste tipo de associação:


A intensidade da corrente que atravessa todos os condutores associados em série
num circuito é a mesma.

A diferença de potencial nos terminais da associação dos condutores é igual à soma


das diferenças de potencial nas extremidades de cada um.

U = UAB + UBC + UCD

A resistência equivalente da associação dos condutores que constituem a série é


igual à soma das resistências dos condutores associados nessa série.

Req = R1 + R2 + R3

 Associação de resistências em paralelo

Quando num circuito os condutores se encontram ligados como a figura indica dizemos que
estão associados em paralelo.

Neste tipo de associação:


A intensidade da corrente que passa no circuito principal é igual à soma das
intensidades das correntes nas derivações.

I = I 1 + I2 + I3

A diferença de potencial aplicada nos terminais de cada condutor da associação é a


mesma.
UAB = UCD = UEF = UGH

Como o valor da diferença de potencial é o mesmo para todos os condutores, temos:

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UAB = R1I1; UAB = R2I2; UAB = R3I3


Assim:
R1I1 = R2I2 = R3I3

O que significa que a corrente de maior intensidade passará pelo condutor de menor
resistência.

O inverso da resistência equivalente da associação em paralelo é igual à soma dos


inversos das resistências associadas.

1 1 1 1
Req R1 R2 R3

Nota: O inverso da resistência é a condutância, G.

1
G
R

A unidade de condutância é, no SI, o siemens, S.

 Transferência e conversão de energia num circuito eléctrico

Efeito de Joule ou efeito térmico da corrente eléctrica – Este efeito consiste na libertação
de energia, sob a forma de calor, num condutor metálico, devido à passagem da corrente
eléctrica.

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Lei de Joule – A energia dissipada, por efeito Joule, num condutor óhmico de resistência R,
por unidade de tempo, é directamente proporcional ao quadrado da intensidade da corrente
eléctrica que o percorre.
E RI 2 t

Potência dissipada num condutor, por efeito Joule, é:

E
P
t

Como: E RI 2 t , vem P RI 2

Pela Lei de Ohm, U RI .

U2
Então, também se pode escrever: P UI ou P
R

A unidade de potência é, no SI, o watt, W.

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 Geradores e receptores de corrente eléctrica

Um gerador é um dispositivo capaz de transformar energia química, ou mecânica, ou outra


forma de energia, em energia eléctrica. São exemplos de geradores as pilhas e os
acumuladores de chumbo, que transformam energia química em eléctrica, e os dínamos, que
transformam energia mecânica em energia eléctrica.

O papel desempenhado pelo gerador num circuito é, precisamente, aumentar a energia


potencial eléctrica da carga, à custa da sua energia química ou mecânica E, realizando
trabalho sobre ela.

Força electromotriz (f.e.m.), ε, de um gerador – Energia transformada de uma forma não


eléctrica (química ou mecânica) em eléctrica pelo gerador, por unidade de carga que o
atravessa.

E
q

A força electromotriz exprime-se, no SI, em volt, V.

Energia total e potência total de um gerador


Resolvendo a equação da força electromotriz em ordem a E e atendendo a que q I t
obtém-se a equação da energia total do gerador:

E .I . t

E
Como P , pode dividir-se a expressão anterior por t , obtendo-se assim a equação da
t
potência total do gerador:

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Pg .I

Resistência interna de um gerador

Para medir, de uma forma muito rápida, a força electromotriz de um gerador, ligam-se os pólos
deste a um voltímetro.
Se o gerador for ligado a um circuito constituído por uma resistência exterior, Re, e mantiver
uma corrente de intensidade I nesse circuito, o voltímetro, ligado aos pólos do gerador,
indicará um valor inferior ao da força electromotriz.
Conclui-se que nem toda a energia fornecida pelo gerador é transportada para o circuito
exterior. Que acontece à energia “perdida”? O facto interpreta-se admitindo que o próprio
gerador tem alguma resistência (Resistência interna, ri). Isto implica que uma parte da
energia seja consumida, por efeito Joule, dentro do gerador, ficando, assim, menos energia
utilizável no circuito exterior. Só um gerador com resistência interna nula, ou gerador ideal,
seria capaz de manter, nos terminais de um circuito exterior, uma diferença de potencial de
valor igual ao da sua força electromotriz.

Balanço energético de um circuito, contendo um gerador e uma resistência óhmica

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Fazendo o balanço de energias, para o circuito representado na figura, atendendo a que há


conservação de energia, tem-se no intervalo de tempo t:

Etransf. – Energia transformada pelo gerador


Eu – Energia fornecida ao circuito
Etransf . Eu Ed (1) Ed – Energia dissipada por efeito Joule na resistência interna Ri do
gerador

Como: Etransf . .q e q I. t vem: Etransf . .I . t

Eu U g .I . t

Ed ri .I 2 . t

Substituindo em (1), vem:


.I . t U g .I . t ri .I 2 . t

Dividindo todos os membros por t , vem:

.I U g .I ri .I 2 (2)

onde: Pg .I
Pg – Potência do gerador

Pu – Potência útil do gerador


Pu U g .I
Pd – Potência dissipada no gerador

Pd ri .I 2

pois Pg Pu Pd

Dividindo todos os termos da expressão (2) por I, vem:

Lei de Ohm para um circuito contendo um


Ug ri I (3) ou U g ri I gerador e uma resistência óhmica

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Recorrendo à expressão (3) e fazendo U g R.I , vem:

R.I ri .I R ri .I

Resolvendo em ordem a I, obtém-se:

Equação do circuito (com um gerador e uma


I resistência óhmica)
R ri

Rendimento de um gerador – É dado pelo quociente entre a energia útil e a energia


transformada pelo gerador ou pelo quociente entre a potência útil e a potência do gerador.

Eu Pu
g ou g
Etransf . Pg

Como: Eu U g .I . t ; Etransf . .I . t ,

Ug
vem: g

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