Você está na página 1de 32

Antonio Castelnou

INTRODUÇÃO
 O PROJETO ARQUITETÔNICO é uma composição artística e
técnica ao mesmo tempo, que jamais substituirá a edificação
propriamente dita, cuja avaliação será sempre realizada sobre o
próprio objeto tridimensional – o espaço arquitetônico –, por meio de
uma experiência individual (concreta, sensorial e epidérmica).
 Contudo, por utilizar uma linguagem própria e assumir sempre uma
configuração peculiar, o PROJETO materializa sua realidade
específica, sendo invólucro de um potencial resolutivo, que pode
ser analisado através de instrumentos conceituais específicos
 No contexto do ensino, o trabalho
projetual é uma modalidade de
SIMULAÇÃO, que visa facilitar o
aprendizado de conhecimentos,
técnicas e habilidades, bem como o
desenvolvimento de aptidões específicas.
 Trata-se de um processo de treinamento ou
exercício didático, que se constitui também
de um fenômeno cultural, sendo portanto
compatível com a abordagem teórica e,
assim, passível de ser estudado.
 Além de suas componentes gráficas,
de representação e comunicação, o U
PROJETO possui 03 (três) dimensões que
compõem a sua essência como
ARQUITETURA:
✓ Dimensão Funcional (Utilitas) V
✓ Dimensão Técnica (Firmitas)
✓ Dimensão Estética (Venustas)

 Atualmente, a questão da sustentabilidade


S
vem contribuir para o GREEN VITRUVIUS.
Vitruvio
(Séc. I d.C.)
UTILITAS
 A FUNCIONALIDADE de um
espaço arquitetônico corresponde
à organização das funções ou
atividades que ali acontecerão.
Por sua vez, cada atividade ou
uso pode variar conforme as
formas de realizá-la(o), o tipo de
ações adicionais e sua função
simbólica.
 Da conjunção disso tudo origina-se
uma FORMA específica dos
assentamentos, assim como
sua importância relativa e a
quantidade de tempo empregado.
 Considera-se FUNCIONAL a
arquitetura em que há uma perfeita
adequação de dada necessidade
humana à respectiva solução espacial,
atendendo à sua praticidade,
comodidade e habitabilidade.
 O estudo funcional para um projeto
inicia-se com a elaboração do
PROGRAMA de necessidades
– e de acordo com a sua
complexidade –, é feita a montagem
do ORGANOGRAMA e dos
FLUXOGRAMAS referentes.
Somente após esta análise
programática e demais
condicionantes, pode-se chegar ao
PARTIDO ARQUITETÔNICO.
 O PROGRAMA DE NECESSIDADES corresponde ao conteúdo
programático de um espaço arquitetônico, ou seja, ao conjunto de
funções e recomendações para sua configuração – incluindo
expectativas e aspirações dos usuários –, a partir do qual se elabora
um projeto de arquitetura, paisagismo e/ou urbanismo.
MUSEU

CINE-
AUDITÓRIO

 Denomina-se ORGANOGRAMA o gráfico dos dados programáticos que


tem a finalidade de apresentar seus diversos elementos junto às variadas
formas de relação entre eles. É um esquema que não representa a
disposição em planta de uma obra arquitetônica, mas a RELAÇÃO
ESPACIAL entre suas diversas funções.
 Já um FLUXOGRAMA
consiste no gráfico dos
fluxos funcionais da obra
arquitetônica, que visa
identificar pontos de conflito e
sobreposições de circulação.
Normalmente, ele é montado
sobre o organograma,
podendo haver vários para
um mesmo projeto.
 Por fim, a FUNCIONALIDADE
de uma edificação depende
da adequação dos espaços
nela contidos para as diversas
atividades às quais se
destinam. Tal adequação é
consequência de 03 (três)
fatores básicos:
▪ Dimensionamento
▪ Zoneamento ou Setorização
▪ Circulação
Dimensionamento
 As dimensões espaciais dependem das
áreas necessárias para que suas
atividades sejam realizadas, assim como
o tipo e número de usuários (staff), o que
exige um estudo ergonômico que
considere também fatores psicológicos.
 Não se pode menosprezar os HÁBITOS
e costumes tradicionais, além de
condicionantes socioeconômicos,
imposições legais e intenções plásticas.
Tamanho
de mesas

Tamanho de colchões

DIMENSIONAMENTO
DE QUARTOS E SALAS
DIMENSIONAMENTO
DE COZINHAS
DIMENSIONAMENTO
DE GARAGENS
Zoneamento
 No planejamento de espaços, deve-se
diferenciar as atividades, observando
quais têm ou não afinidades, para,
na sequência, setorizá-las em zonas
próximas, o que é coordenado pelo
ORGANOGRAMA. Por fim, deve-se
concentrá-las, de modo a reduzir
percursos, economizando instalações e
melhorando a funcionalidade espacial.
TERMINAL
RODOVIÁRIO
GINÁSIO
ESPORTIVO
CLÍNICA DE REPRODUÇÃO HUMANA
N

HOSPITAL VETERINÁRIO
Circulação
Funcionários
Público

POSTO DE
SAÚDE

 Também é possível diferenciar fluxos de circulação afins em um projeto,


os quais podem coexistir, se sobrepor ou provocar conflitos, exigindo que
sejam separados. É o FLUXOGRAMA que permite identificar tais pontos,
indicando o acesso (entrada/saída) e as rotas de diferentes usuários
Programa-Exemplo
 Consultório odontológico:
✓ 01 Recepção (atendimento e registro)
✓ 01 Sala de espera com sanitários
✓ 02 Salas de consulta (adulto/infantil)
✓ 01 Ludoteca (brinquedoteca)
✓ 01 Laboratório de próteses
✓ 01 Almoxarifado
✓ 01 Depósito de material (limpeza)
✓ 01 Copa/cozinha (acesso independente)
✓ 01 Vestiário para funcionários
Organograma-Exemplo LABORATÓRIO

RECEPÇÃO ALMOXARIFADO SALA DE


CONSULTA 2

SALA DE SALA DE
CIRCULAÇÃO
ESPERA CONSULTA 1

SANITÁRIOS COPA VESTIÁRIOS

LUDOTECA DEPÓSITO
Fluxogramas LABORATÓRIO

RECEPÇÃO ALMOXARIFADO SALA DE


CONSULTA 2

SALA DE SALA DE
CIRCULAÇÃO
ESPERA CONSULTA 1

SANITÁRIOS COPA VESTIÁRIO

LUDOTECA pacientes DEPÓSITO*


médicos
funcionários
 Conforme Graeff (1986), as
obras arquitetônicas podem ser
classificadas de acordo com seu
PROGRAMA FUNCIONAL em
edificações para:
✓ SOBREVIVÊNCIA
✓ PRODUÇÃO
✓ ORGANIZAÇÃO
✓ DESENVOLVIMENTO
Edifícios para sobrevivência

✓ HABITAÇÃO: casas, apartamentos,


resorts, hotéis, motéis, flats, albergues,
condomínios, palácios, castelos, etc.;

✓ ALIMENTAÇÃO: restaurantes, bares,


confeitarias, sorveterias, cafeterias,
casas de chá, lanchonetes (snack-bars),
refeitórios, cantinas, etc.;

✓ SAÚDE: hospitais (gerais ou não), spas,


sanatórios, maternidades, casas de repouso,
postos de saúde, clínicas, farmácias, etc.
Edifícios para produção
✓ ATIVIDADES INDUSTRIAIS: fábricas,
oficinas, gráficas, laboratórios,
frigoríficos, etc.;

✓ ATIVIDADES AGROPECUÁRIAS: sítios,


fazendas de criação, granjas, haras,
estâncias, estações experimentais, etc.;

✓ ATIVIDADES ISOLADAS: escritórios


de profissionais liberais, consultórios,
espaços de co-working, estúdios, ateliês,
lofts, etc.;
✓ DISTRIBUIÇÃO (DEPÓSITO): armazéns, galpões, silos de grãos, moinhos,
tendas, estações de eletricidade ou de saneamento, etc.;

✓ EXPOSIÇÃO: pavilhões, quiosques (stands) de exposição; centros de


convenções, exposições agropecuárias ou industriais, feiras, vitrines, etc.;

✓ VENDA (COMÉRCIO): bancas, lojas, lojas de departamentos, locadoras,


mercados, hipermercados, feiras, shopping centers, etc.;

✓ TRANSPORTE: estações ferroviárias ou rodoviárias; aeroportos e heliportos;


portos marítimos, fluviais e lacustres; terminais de passageiros; etc.;

✓ CRÉDITO: bolsas de valores, agências bancárias, caixas econômicas,


cooperativas de crédito, etc.;

✓ COMUNICAÇÃO: agências postais, telegráficas ou telefônicas, teleportos


(internet), etc.
Edifícios para organização
✓ PODER EXECUTIVO: palácios de governo,
prefeituras, ministérios, secretarias, etc.;

✓ PODER LEGISLATIVO: palácios do congresso,


senados, assembleias, câmaras de vereadores, etc.;

✓ PODER JUDICIÁRIO: palácios de justiça, tribunais,


fóruns, etc.;

✓ ASSOCIAÇÃO: sedes de sindicatos, associações


comerciais, diretórios, etc.;

✓ SEGURANÇA: quartéis, delegacias, postos policiais,


postos de bombeiros, cadeias, penitenciárias, etc.
Edifícios para desenvolvimento
✓ ATIVIDADES CULTURAIS: bibliotecas,
midiatecas, teatros, cinemas, óperas, circos,
museus, galerias de arte, etc.;

✓ ATIVIDADES RELIGIOSAS: capelas, igrejas,


conventos, mosteiros, templos budistas,
sinagogas, mesquitas, etc.;

✓ ATIVIDADES EDUCACIONAIS: creches,


escolas, faculdades, universidades, centros de
pesquisa, laboratórios, escolas técnicas,
escolas especiais, etc.;
✓ ATIVIDADES COMEMORATIVAS:
monumentos, altares, santuários,
mausoléus, túmulos, etc.;
✓ ATIVIDADES ESPORTIVAS: vilas
olímpicas, estádios, ginásios,
hipódromos, autódromos, academias
esportivas, marinas, clubes, etc.;
✓ ATIVIDADES RECREATIVAS: cassinos,
arenas, casas de baile, danceterias,
parques, campings, praças, jardins
zoológicos ou botânicos, etc.
BIBLIOGRAFIA
❑ APOSTILA – Capítulo 12.
❑ BUXTON, P. Manual do arquiteto. 5. ed. Porto Alegre: Bookman,
2017
❑ GRAEFF, E. A. Edifício. 3. ed. São Paulo: Projeto, 1986.
❑ NEUFERT, E. A arte de projetar em arquitetura. 17. ed. Barcelona:
Gustavo Gili, 2004.
❑ PANERO, J.; ZELNIK, M. Dimensionamento humano para
espaços interiores. Rio de Janeiro: Gustavo Gili, 2003.
❑ SILVA, E. Uma introdução ao projeto arquitetônico. 2. ed. Porto
Alegre: UFRGS, 1998.

Você também pode gostar