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FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ


UNIVERSIDADE DE FORTALEZA
CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS – CCT
ARQUITETURA E URBANISMO
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

CONFORTO AMBIENTAL EM AMBIENTES DE TRABALHO COMPARTILHADO:


BENEFÍCIOS DA ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA E SEUS IMPACTOS NA
SAÚDE E PRODUTIVIDADE

Orientador: Amando Candeira Costa Filho


Aluno: Paulo Henrique das Neves Lassance Cunha

FORTALEZA – CE
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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................03
2. JUSTIFICATIVA................................................................................................................04
3. OBJETIVOS DE PESQUISA.............................................................................................05
3.1. OBJETIVO
GERAL.........................................................................................................05
3.2. OBJETIVOS
ESPECÍFICOS..........................................................................................05
4.
METOLOGIA......................................................................................................................06
5. COWORKING E O NOVO AMBIENTE DE
TRABALHO............................................06
X.
REFERÊNCIAS..................................................................................................................xx
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1 – INTRODUÇÃO
Antigamente, os ambientes de trabalho eram locais destinados exclusivamente à
realização das atividades laborais, os quais não possibilitavam a realização de qualquer outra
atividade que não fosse relacionada ao exercício profissional. Com isso, a distribuição
espacial destes ambientes, bem como sua organização interna, tinha o intuito de dificultar
qualquer desvio da atividade trabalhista, fosse ele provocado por uma condição do espaço ou
pela interação com os demais indivíduos.
Dessa forma, visando produtividade e economia, de maneira equivocada, as empresas
disponibilizavam ambientes pequenos e isolados, seguindo uma ideia ultrapassada de
hierarquia corporativa, carentes de qualquer estímulo físico ou social capaz de firmar reais
relações dentro da empresa, bem como de condições confortáveis do ponto de vista térmico e
acústico. Além disso, esses espaços eram - e ainda são, por vezes - totalmente iluminados e
climatizados artificialmente, o que pode acarretar em diversos problemas no que tange a saúde
e qualidade de vida das pessoas, e configurar um caso de Síndrome do Edifício Doente – SED
(1982).
A SED foi reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1982, e trata-
se de um conjunto de doenças desencadeadas pela proliferação de microrganismos infecciosos
e partículas químicas em ambientes fechados, podendo causar fadiga, dores musculares,
estresse, sonolência, e até doenças mais graves, como depressão, gripes ou resfriados. A
enfermidade pode ocorrer de diferentes formas durante o ciclo de vida de uma edificação,
podendo acontecer imediatamente após a ocupação de um novo edifício, devido a dispersão
de materiais de construção particulados acumulados no ar ou, posteriormente, devido ao
envelhecimento ou manutenção incorreta dos sistemas de ar condicionado, que propiciam a
emissão de gases poluentes também agressivos à saúde (TEIXEIRA, D.B. et al., 2005).
Ademais, erros projetuais ou de execução da obra, bem como o uso de materiais
inadequados ou de baixa qualidade, também podem gerar estas adversidades. No final do
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século XIX começaram a ser apontados os reais impactos da ausência de qualidade ambiental
nos espaços de trabalho no que diz respeito a qualidade de vida das pessoas e sua
produtividade. Rozenfeld (2006) aponta que o desconforto gerado por fatores ambientais
como iluminação, temperatura, qualidade do ar e ruídos, influenciam negativamente na
produtividade. Da mesma forma, Lucas (2016) assinala que, quando esses sistemas são falhos
ou não estão favoráveis às necessidades dos ocupantes, podem ocorrer danos ao estado de
conforto e consequentemente no desempenho das atividades do profissional.
Dessa forma, é de grande importância o conhecimento das condições ambientais nas
quais os profissionais estão submetidos, levando em consideração a disposição do espaço
físico (paredes, aberturas, esquadrias, etc), suas condicionantes ambientais (orientação solar,
ventilação e ruídos) e as formas de manutenção deste espaço, uma vez que estas estão
intimamente ligadas à qualidade de vida dos trabalhadores, influenciando diretamente no
desempenho de suas atividades, bem como na prevenção de doenças ocupacionais que as más
condições do ambiente podem ocasionar.

2. JUSTIFICATIVA
Nos últimos anos, as mudanças nas práticas empresariais de grandes entidades
modernas, como a Google, mudaram consideravelmente a forma como trabalhar no escritório.
Ao perceberem os benefícios da utilização de ambientes de trabalho open space - espaço
aberto, compartilhado – na atualidade, deixaram de lado o conceito monótono da antiga rotina
de trabalho em ambientes isolados e passaram a introduzir novos estímulos à jornada de
trabalho. Foram incluídos novos ambientes e práticas, que antes não faziam parte do
programa de necessidades ou da cultura de uma empresa, como salas de reunião informal,
salas de descompressão, salas de descanso, espaços de lazer e prática esportiva.
Com isso, o espaço de trabalho se tornou um ambiente mais agradável e diversificado,
capaz de estimular o processo criativo, aumentar o senso de pertencimento e oferecer
dinamismo no cotidiano dos profissionais, promovendo transparência, liberdade, e até mesmo
facilitando a aplicação de soluções bioclimáticas para promover o conforto de seus usuários.
Além disso, no atual momento histórico pós-pandemia, sem dúvida, o tema saúde
ocupacional tem se apresentado como um tema de extrema relevância e discussão no âmbito
organizacional das empresas. No mercado altamente competitivo em que vivemos, no qual a
produtividade e a eficiência são imprescindíveis para a conquista de bons resultados, é
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importante que sejam idealizados espaços por meio de estratégias bioclimáticas, capazes de
melhorar o bem-estar físico, psicológico e social das pessoas, contribuir com o aumento de
sua produtividade e motivação. Além disso, evitar possíveis afastamentos ou incapacidades
devido a problemas de saúde e evitar gastos desnecessários com iluminação e ventilação
artificiais.
Nessa perspectiva, seguindo as atuais tendências e necessidades de organização física
e social dos ambientes de trabalho, os espaços coworking surgem como uma opção bastante
interessante para as empresas, startups ou freelancers. São espaços adaptados que fornecem
ambientes diversos e personalizados, possibilitando a realização de diversos tipos de
atividades, profissionais ou não, de acordo com a necessidade, além de estimular a troca de
experiências entre profissionais de diferentes áreas de atuação.
Portanto, a concepção destes ambientes de trabalho compartilhado em conformidade
com um projeto arquitetônico que aplique estratégias bioclimáticas inerentes ao local,
possibilita a criação de um ambiente confortável do ponto de vista térmico, lumínico, acústico
e social, capaz atender as necessidades e expectativas da nova geração de trabalhadores,
melhorar a qualidade de vida dos usuários, sua produtividade e evitar possíveis problemas de
saúde.

3. OBJETIVOS DE PESQUISA
3.1. OBJETIVO GERAL
Este trabalho tem como objetivo desenvolver o projeto arquitetônico de um edifício
coworking com foco no conforto ambiental, apresentando uma forma sustentável de se pensar
novos ambientes de trabalho, cada vez mais integrados e capazes de impactar positivamente a
saúde e a qualidade de vida de seus usuários.

3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS


- Constatar os impactos da arquitetura na qualidade dos ambientes de trabalho.
- Analisar as características espaciais e ambientais de coworkings existentes, destacando seus
problemas e potencialidades.
- Demonstrar os benefícios da aplicação de estratégias bioclimáticas em edifício coworking
- Levantar e analisar as condicionantes urbanísticas e ambientais do terreno e seu entorno, a
fim propor estratégias bioclimáticas adequadas para local de projeto
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4. METODOLOGIA
Este trabalho foi realizado por meio de extensa pesquisa com enfoque no conforto
ambiental em ambientes de trabalho compartilhado, buscando uma melhor compreensão
acerca dos reais impactos da arquitetura não só na organização física do espaço laboral, mas
na qualidade de vida das pessoas que o usufruem.

A pesquisa teve carácter qualitativo, feita com base em referências bibliográficas e


documentais acerca do tema. Além disso, foram analisados diversos estudos científicos
quantitativos, capazes de comprovar na prática a capacidade da arquitetura de impactar na
qualidade ambiental dos espaços e, consequentemente, na saúde e qualidade de vida das
pessoas.
Por fim, com o embasamento teórico solidificado e uma completa análise do terreno
escolhido, foi possível identificar as condicionantes - urbanísticas, ambientais e sociais - do
espaço em questão e estabelecer estratégias bioclimáticas apropriadas para a realização do
projeto arquitetônico de um coworking capaz de proporcionar um ambiente confortável, do
ponto de vista ambiental, e favorecer a saúde ocupacional dos usuários.

5. EVOLUÇÃO DOS AMBIENTES DE ESCRITÓRIO E SURGIMENTO DO


COWORKING

5.1 MANIFESTAÇÃO DOS PRIMEIROS ESPAÇOS DE ESCRITÓRIO

Para compreender os conceitos dos espaços de trabalho atuais, tanto na questão


espacial quanto ideológica, se faz necessário entender as mudanças ocorridas nestes ambientes
ao longo da história, compreendendo as circunstâncias que ocasionaram a caracterização do
termo e do espaço, e suas transformações ao longo do tempo. Para isso, será apresentado o
contexto dessa evolução, partindo do surgimento dos primeiros escritórios, na Idade Média, e
seguindo até o período contemporâneo. Dessa forma, serão esclarecidos diversos fatores que
influenciaram a concepção dos espaços de trabalho atuais, consonante à ideia de que:

(...) a evolução dos escritórios ao longo do tempo revela o investimento da sociedade


humana na criação de formas de organização do trabalho voltadas para a
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maximização da eficiência na gestão de problemas econômicos e sociais cada vez


mais complexos e dinâmicos. (CALDEIRA, 2005)

Na Idade Média, que tem como marco histórico inicial a queda do Império Romano,
em 476 d.C., o sistema escravista estava em declínio, dando lugar ao sistema servil de
produção, baseado no Feudalismo (SOUSA, 2019). Nessa época, na qual a igreja católica era
praticamente a única detentora do conhecimento, surgiram os primeiros escritórios nos
mosteiros europeus, como espaços utilizados pelos monges para a produção intelectual. O
scriptorium era um local destinado à escrita e à reprodução dos livros manuscritos pelos
escribas monásticos. Esse trabalho era realizado por mais de seis horas por dia e muitas vezes
em pé, podendo ser comparado a penitência, pois era penoso e cansativo para os copistas que,
por medo de incêndios, evitavam ao máximo a utilização de luz artificial. (SICILIANO, 2016)

Figura x: Escriba monástico

Fonte: https://frontispicio.wordpress.com/2016/02/12/o-scriptorium-devocao-trabalho-
e-memoria/

Durante o período do Renascimento, a partir do século XIII, o intelecto transformou-se


de religioso para comercial e científico, tornando pela primeira vez o salário como algo moral.
Tarefas voltadas para a classificação e o arquivamento de informações continuaram sendo
importantes para os intelectuais e o comércio, porém outras atividades passaram a ser
exercidas nos escritórios, como a contabilidade e a elaboração de contratos, vindo mais tarde a
ser utilizados para a engenharia e criação artística (CAGNOL, 2013). Dessa forma, artistas e
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escritores passaram a usufruir os escritórios como espaços de isolamento independentes para o


desenvolvimento de suas técnicas e pesquisas, demonstrando os primeiros indícios de
empreendedorismo por meio do trabalho individual especializado.
Nesse período, devido à centralização dos estados da Europa, as atividades
administrativas aumentaram acentuadamente, sendo o Palácio Uffizi um marco histórico da
época por ser um dos primeiros prédios administrativos especializados, segundo Caldeira
(2005). O edifício, que está localizado em Florença, na Itália, foi projetado por Giorgio Vasari
em 1560, a pedido de Cosmo I de Médici, com o intuito de reunir em um só local os
escritórios (uffizi) dos treze principais magistrados da cidade, constituindo, portanto, uma
inovação na medida em que criou uma tipologia até o momento inexistente.

Figura x: Palácio Uffizi

Fonte: https://www.romapravoce.com/galleria-degli-uffizi-florenca/

Dessa forma, o trabalho de escritório esteve sempre associado a tarefas administrativas


e de produção intelectual. O processamento cada vez mais rápido das informações, bem como
a busca por uma produtividade cada vez maior, causou mudanças no espaço de trabalho ao
longo dos séculos. Cagnol (2013) declara que do século XVII ao século XVIII houve a intensa
expansão das atividades e organizações administrativas uma vez que, com a centralização do
estado, havia a necessidade de arquivar os documentos pertencentes a Ele.
Nesse contexto, as características marcantes do escritório eram o isolamento e a
concentração forçada, com o intuito de impor a disciplina e aumentar a produtividade do
trabalhador, em detrimento de sua qualidade de vida.
Segundo Fonseca (2004), a Revolução Industrial, registrou um marco histórico nos
espaços de escritório, visto que, resultante ao grande desenvolvimento tecnológico, tornou-se
indispensável a efetivação administrativa para a gestão da produção. Sendo assim, fez-se
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necessário a implantação de espaços de escritório nos locais de trabalho, visando o controle e


a organização da produção.

5.2 ESCRITÓRIO TAYLORISTA

No final do século XIX, a nova escala de produção e a concorrência favoreceram o


surgimento de uma série de estudos e doutrinas voltadas para a racionalização e o aumento da
eficiência no trabalho fabril e administrativo. Nesse contexto, surgiram nos Estados Unidos os
primeiros escritórios comerciais que – graças a invenções como o telefone e a ferrovia –
puderam se localizar separadamente da área de produção (CAGNOL, 2013).
Nesse contexto, surgiu a primeira teoria administrativa científica do trabalho,
elaborada por Frederick W. Taylor (1856-1915) – o taylorismo. O modelo taylorista é um
sistema de gestão do trabalho baseado em diversas técnicas para o melhor aproveitamento da
mão de obra contratada, englobando desde a organização e gestão do trabalho à configuração
do layout – janelas, portas, corredores, ventiladores e luminárias – dos locais que abrigavam
as atividades laborais (FONSECA, 2004).
Os escritórios tayloristas eram projetados como grandes pátios, onde os funcionários
eram organizados em linhas de produção, seguindo uma ordem rigorosa, racional e funcional,
enquanto os supervisores eram alocados em mezaninos, com melhores condições de conforto,
de onde poderiam supervisionar o trabalho dos empregados. Essa arquitetura, segundo
Fonseca (2004), apesar de fisicamente separada da fábrica, apresentava uma organização
espacial que lembrava a planta industrial, ou seja, preconizando a segregação espacial como
meio de reafirmar as diferenças hierárquicas, visando o incentivo da competição interna e o
estímulo das performances individuais.
Figura x: Escritório taylorista
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Fonte: https://arqnathaliamello.files.wordpress.com/2012/05/artigo-1-anc3a1lise-da-
forma.pdf
Em 1871, a cidade de Chicago precisou ser reconstruída de forma rápida e eficaz após
um grande incêndio que a deixou parcialmente destruída. Com isso, surgiu a Escola de
Chicago, um movimento arquitetônico que se utilizava da produção em série para a
construção de edificações com estrutura de aço e concreto armado, liberando as fachadas e
paredes internas de sua função estrutural e permitindo elevar as torres, criar plantas livres e
descolar os pilares das fachadas – para, então, envidraçá-las (CALDEIRA, 2005). Esse
movimento de cunho inovador contribuiu de maneira decisiva para a definição de uma nova
tipologia de edifícios de escritório – indicando o nascimento da arquitetura comercial.
Segundo Cagnol (2013), o célebre arquiteto Frank Lloyd Wright foi o primeiro a
encarar de uma forma global e integrada o projeto arquitetônico e o design de interiores e de
instrumentos de trabalho específicos – como a cadeira de rodízio. Um exemplo disso é o
projeto do Larkin Building, 1904, em Buffalo. Wright propôs layouts mais flexíveis de
ocupação dos espaços corporativos, abriu grandes claraboias sobre os trabalhadores,
privilegiou todos os funcionários – independente de seus cargos –, e introduziu o ar
condicionado para a climatização do ambiente.
Figura x: Larkin Builduing

Fonte:
Segundo Shoshkes (1976 apud FONSECA, 2004), na década de 1930, após a Primeira
Guerra Mundial, arquitetos, designers de interiores e outros profissionais começaram a se
preocupar com questões relacionadas ao trabalho e como o ambiente laboral poderia ser
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melhor projetado de acordo com as necessidades de seus usuários. Nas décadas seguintes,
questões projetuais e ambientais dos espaços de trabalho foram analisadas e revisadas com o
objetivo de propor ambientes capazes de melhorar a qualidade de vida e aumentar a
produtividade dos funcionários.
Em 1927, o psicólogo australiano George Elton Mayo (1880-1949) coordenou a
experiência Hawthorne, na fábrica da Western Electric Company, em Chicago. Seu objetivo
era determinar o efeito das condições de trabalho sobre a produtividade, compreendendo
aspectos como a relação entre a intensidade luminosa e a eficiência, bem como a fadiga,
acidentes no trabalho e a rotatividade do pessoal.
Segundo Fonseca (2004), Mayo foi, portanto, foi o primeiro a criticar o modelo
taylorista, propondo a substituição do método coercitivo pelo emprego da psicossociologia e
da comunicação interna, buscando democratizar a administração nas frentes de trabalho das
indústrias e fazendo com que os funcionários se sentissem participantes das decisões da
empresa, o que aumentaria sua produtividade.

5.3 OPEN PLAN OFFICE E SUAS VARIAÇÕES


Segundo Chávez (2002), durante as décadas de 1950 e 1960, nos Estados Unidos,
principalmente, foram concebidas novas formas de organização do espaço de trabalho.
Primeiramente surgiu o General Office ou Bull Pen, que se baseava em um ordenamento no
qual os chefes se posicionavam no perímetro do pavimento e os funcionários no centro.
Depois surgiu o Single Office ou escritório individual, aonde novamente os executivos se
situavam na periferia, mas desta vez não havia o centro ocupado pelos demais funcionários.
A partir destes dois modelos surgiu o Executive Core, que – ao contrário dos outros
sistemas – continha a ocupação dos gerentes executivos na área central e dos funcionários nas
extremidades, o qual não teve muito êxito
Por fim, originou-se a proposta do Open Plan, que consistia em um escritório com
planta livre. Segundo Fonseca (2004), este modelo foi considerado um grande avanço na
concepção dos espaços de trabalho, pois permitia maior rapidez nas comunicações,
apresentava ótima flexibilidade e reduzia consideravelmente as diferenças hierárquicas.

5.4 ESCRITÓRIO PANORÂMICO


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Toda essa padronização e falta de liberdade parece muito estranha para quem está
acostumado com os espaços de trabalho de hoje em dia. Porém, foi apenas a partir da década
de 60 que as coisas começaram a mudar. A maior valorização do trabalho criativo e a
preocupação com a ergonomia levantaram questões importantes quanto ao ambiente de
trabalho entre as décadas de 60 e 70.
Assim, a visão das organizações para construir ambientes de trabalho começou a se
concentrar nas necessidades dos trabalhadores. A economia baseada em serviços explodiu
junto com o desenvolvimento da invenção dos computadores, mudando a imagem do trabalho.
Contudo, a história dos escritórios nos mostra que os espaços ainda eram muito padronizados
e sem personalidade.
A tecnologia, o crescimento dos grandes centros urbanos, a vida corrida do século XXI
e as novas formas de trabalho revolucionaram a maneira como as pessoas lidam com essa
parte de suas vidas. Os modelos tradicionais de escritórios não atendem mais às necessidades
das empresas e muito menos dos profissionais.
Tecnologias como Skype, Zoom e outras ferramentas de comunicação virtual
começaram a permitir a implementação do trabalho remoto. Um colaborador pode estar no
Japão e trabalhar para uma empresa dos Estados Unidos. Isso, inclusive, tem sido incentivado
e visto como uma grande vantagem e oportunidade para as organizações.
Com isso, a necessidade de revolucionar os espaços de trabalho também surgiu de
forma latente. Os escritórios passaram a se tornar ambientes descontraídos, que incentivam a
criatividade, o trabalho em equipe e promovem o conforto, a praticidade e a estrutura
necessários para um profissional moderno.
A partir daí foi criado, também, o conceito de coworking, ou seja, um ambiente
compartilhado para profissionais remotos, empresas modernas e quem mais quiser fazer parte
de uma nova forma de trabalho.

8. O SURGIMENTO DO ESCRITÓRIO COMPARTILHADO

Em 1999, o designer de games estadunidense Bernard De Koven criou o termo


“coworking” para descrever algo como “extensão do trabalho no ambiente online”. Algo que
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não tem muito a ver com o conceito que conhecemos hoje, já que os coworkings são um
espaço físico e não virtual.
No entanto, em 2005, o engenheiro de software Brad Neuberg decidiu criar um novo
tipo de espaço para apoiar a comunidade e criar uma estrutura de trabalho colaborativa, dando
o nome de coworking. Esse é o início da história do escritório compartilhado, juntamente com
o surgimento da economia colaborativa.
Dentro desse contexto, vale dizer que os escritórios compartilhados evoluíram muito
nos últimos 15 anos. Eles se tornaram uma tendência mundial quando o assunto é espaço de
trabalho.
Os coworkings oferecem o melhor de dois mundos: a liberdade de um local
descontraído aliada e uma estrutura física completa. São escritórios que que incentivam a
convivência e o compartilhamento, preocupando-se em suprir as necessidades das empresas e
dos profissionais.

9. COWORKING E O NOVO AMBIENTE DE TRABALHO

Segundo o Coworking Brasil, maior referência nacional sobre o tema, “Coworking é uma
nova forma de pensar o ambiente de trabalho. Seguindo as tendências do freelancing e das
startups, os coworkings reúnem diariamente milhares de pessoas a fim de trabalhar em um
ambiente inspirador”. São espaços que fornecem toda a estrutura necessária para que
empresas ou pessoas que trabalham individualmente possam desenvolver seus projetos e
negócios, utilizando uma infraestrutura muitas vezes melhor que a de um escritório
tradicional, oferecendo diversos tipos de ambientes e práticas, fomentando o
compartilhamento dos espaços e, com isso, construindo uma nova cultura de trabalho.

É fato que as relações de trabalho estão sempre em constante mudança, se adequando às


necessidades das empresas e sendo moldadas de acordo com as formas como as relações
sociais são estabelecidas pelas pessoas. Nesse contexto, durante a pandemia da COVID-19, o
home-office foi estabelecido como método obrigatório em grande parte das áreas profissionais
e estudantis. Ao trabalhar de casa, as pessoas se acostumaram a ter a presença de filhos,
animais, café, almoço, cama, sofá, petiscos e tudo que precisam a poucos passos de distância e
isso é uma comodidade que os trabalhadores não querem perder com o retorno de suas
atividades profissionais.
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Portanto, o coworking pós-pandemia, para ser bem sucedido e amplamente utilizado pelos
trabalhadores, deve contar – além de internet estável e de alta velocidade – com bibliotecas,
salas de descanso, auditório, cafés, restaurantes e até mesmo espaços para crianças ou
animais.
Empresas e profissionais independentes, que valorizam a criatividade e inovação, buscam por
estes espaços personalizados e democráticos, nos quais possam desenvolver seus projetos e
expandir sua rede de contatos de forma confortável e produtiva, sem o isolamento do home
office ou as distrações dos espaços públicos.

7. QUALIDADE AMBIENTAL NOS AMBIENTES DE TRABALHO


COMPARILHADO

8. REFERÊNCIAS PROJETUAIS

8.1 – CONTAINER COWORKING


O container coworking é um escritório compartilhado que está localizado no município de
Itajaí, SC. É um projeto do arquiteto Rodrigo Kirck de 2016, com uma área total de 135 m².
Figura x: Fachada Container Coworking
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Fonte: Archdaily

O projeto Container, situado na cidade portuária de Itajaí (SC) tem como objetivo
intervir sobre um modelo conceitual, interagir com as questões da sustentabilidade,
propor uma construção modular industrializada e ao mesmo tempo possibilitar,
através da arquitetura e criatividade, a aproximação com a natureza e arte. (Rodrigo
Kirck, 2016.)

Figura x: Interior Container Coworking

Fonte: Archdaily
O projeto conta com a disposição de containers sobrepostos criando dois volumes, por um
sistema de abertura zenital abrigando as circulações verticais tendo como vantagem o maior
aproveitamento da iluminação natural.
Figura x: Interior Contaiener Coworking
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Fonte: Archdaily

Sobre os containers estão instalados dois grandes telhados-jardins que cumprem


várias funções: reduzir o impacto da radiação solar, captar água das chuvas para
reuso e ser um reservatório de águas pluviais, diminuindo o impacto no sistema de
coleta pública. (Rodrigo Kirck, 2016.) No projeto de interiores, tudo é muito simples
e ao mesmo tempo de grande refinamento. Aconchego, conforto térmico, visual e
integração são prioridades que recebem tratamento especial através da decoração.
Luminárias com design próprio, peças funcionais, materiais reaproveitados, cores
em harmonia e arte, muita arte impressa em todos os ambientes. (Rodrigo Kirck,
2016.) Tudo no Container tem uma razão de ser, desde o logo que faz menção à
origem indígena do arquiteto, aos laços afetivos que mantém com a cidade de Itajaí e
a sua ligação com a indústria naval, representada pelo próprio container. (Rodrigo
Kirck, 2016.)

Figura x: Planta Baixa Térreo

Fonte: Archdaily.
Figura x: Planta Pav. Superior
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Fonte: Archdaily

8.2 – IMPACT HUB SÃO PAULO


O Coworking Impact Hub São Paulo faz parte de uma rede global de empreendedores com o
propósito de desenvolver soluções e negócios de transformação. Seu design foi pensado com
o intuito de conceber um espaço de trabalho compartilhado, inovador e colaborativo, que tem
como objetivo gerar impacto social para criar um mundo melhor. A edificação, projetada pelo
escritório Luiz Paulo Andrade Arquitetos em 2016, possui 1200m² e está localizada no bairro
Pinheiros, em São Paulo.
Figura x: Fachada Impact HUB São Paulo

Fonte: Archdaily
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Figura x: Interior Impact HUB São Paulo

Fonte: Archdaily
O partido arquitetônico surgiu da necessidade de remodelação completa de dois antigos
armazéns de edifícios vizinhos, os quais estavam completamente descaracterizados. Portanto,
foi necessário bastante criatividade e resiliência para unir os dois andares de cada edifício,
interligando-os e criando espaços amplos e conectados, tendo como característica principal a
flexibilidade.
Figura x: Corte

Fonte: Archdaily
Segundo os arquitetos, primeiramente foi deixada apenas sua estrutura de concreto
aparente, para posteriormente serem inseridas as infraestruturas elétricas, hidráulicas e de
refrigeração, que ficaram aparentes. Por último, foram colocadas as divisórias e painéis, além
dos mobiliários. Dentre as dificuldades do projeto, a maior foi a necessidade de cortes e
fechamento nas lajes existentes para a inserção de novas escadas e acessos.

Figura x: Estrutura e instalações aparentes.


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Fonte: Archdaily
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9. ANÁLISE E DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE ESTUDO


O terreno escolhido para a implantação do projeto arquitetônico está localizado no bairro
Aldeota, na cidade de Fortaleza, Ceará. Situado no território 7 da Regional II, o Bairro possui
área de 3,88 km² e é limitado ao norte pelo bairro Meireles, ao sul pelos bairros Joaquim
Távora e Dionísio Torres, ao leste pelos bairros Varjota e Cocó e à oeste pelo bairro Centro.
Figura x: Localização do bairro Aldeota em Fortaleza.

Fonte: Prefeitura de Fortaleza (Elaborado pelo autor)


Segundo estudo feito pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico (SDE) em
2010, o bairro Aldeota possui um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,867,
encontrando-se em segundo lugar no ranking de Fortaleza, atrás somente do bairro Meireles,
que possui 0,953. Esses índices são considerados muito altos, principalmente se comparados
ao de outros bairros, que giram em torno de 0,1 à 0,2, nos piores casos. Dessa forma, a
Aldeota se apresenta como um dos principais e mais desenvolvidos bairros da cidade,
possuindo os melhores sistemas de infraestrutura, mobilidade, saúde e educação de Fortaleza.

Dentre as diversas... Segundo dados do site da Prefeitura de Fortaleza, o Bairro possui 16.852
inscrições comerciais e 18.167 inscrições residenciais, o que demonstra o equilíbrio e a
diversidade entre os usos, indicando ser uma área propícia tanto à moradia quanto ao
empreendimento, conferindo sentido à proposta de projeto.
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Além disso, com sua área de 3,88 km², o bairro possui um amplo sistema de transporte
público, contando com diversas linhas de ônibus e algumas ciclofaixas. Seu acesso é facilitado
pelas principais avenidas, como a Santos Dumont, Dom Luís e Heráclito Graça, no sentido
Leste-Oeste, e as avenidas Barão de Studart, Desembargador Moreira e Virgílio Távora, no
sentido Norte-Sul, permitindo um fácil deslocamento tanto entre a Aldeota e bairros
adjacentes quanto dentro do próprio bairro.

Metrô..

Proximidade da atividade turística, beira mar..

Mapas (mobilidade, uso e ocupação, equipamentos, gabaritos)

Dados climáticos gerais..

Com área de aproximadamente 1600m², o terreno está localizado


Proposta: caracterização geral do equipamento, texto explicando o projeto, o porquê de sua
importância, seu uso se é público/ privado, seus usos.
Programa de necessidades
Zoneamento

10. REFERÊNCIAS

ROZENFELD, Henrique, et al. Gestão de desenvolvimento de produtos: uma referência


para a melhoria do processo. São Paulo: Saraiva, 2006.
22

LUCAS, R. E. C. Avaliação do conforto ambiental: um estudo de caso em um laboratório


de uma faculdade na cidade de João Pessoa – PB. In: XXXVIXXXV Encontro Nacional de
Engenharia de Produção, João Pessoa, 2016
TEIXEIRA, D.B. et al. Síndrome dos Edifícios Doentes em Recintos com Ventilação e
Climatização Artificiais: Revisão de Literatura. Inmetro, 2005.
STELING, T.D. et al. A epidemiologia dos “edifícios doentes”. Rev. Saúde públ., 56-61,
1991.
NATIONAL RESEARCH COUNCIL OF CANADÁ (NRCC). Workstation Design for
Organizational Productivity: Practical advice based on scientific research findings for
the design and management of open-plan offices. Montreal: Institute for Research in
Construction (IRC), 2004.
SOUSA, Ana Amélia Ribeiro. O trabalho e sua ressignificação ao longo da história. Rev.
Âmbito Jurídico, São Paulo, jul, 2019.
SICILIANO, Thales. O Scriptorium: Devoção, trabalho e memória. Frontspício: A história
daquele que conta histórias, 2016. Disponível em:
https://frontispicio.wordpress.com/2016/02/12/o-scriptorium-devocao-trabalho-e-memoria/.
Acesso em 18/05/2022.
CALDEIRA, Vasco. Ambiente de trabalho. Revista Arquitetura e Urbanismo (AU), edição
133 – Abril/2005. Disponível em
https://www.academia.edu/29888162/AMBIENTES_DE_TRABALHO. Acesso em:
18/05/2022.
FONSECA, Juliane Figueiredo. A contribuição da ergonomia ambiental na composição
cromática dos ambientes construídos de locais de trabalho de escritório. Capítulo 02.
Evolução espacial dos locais de trabalho de escritórios, dezembro de 2004. Disponível em:
https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/Busca_ etds.php?strSecao=resultado&nrSeq=6115@1.
Acesso em: 18/05/2022
CHÁVEZ, Vicente Hernández, 2002. La habitabilidad energética emedifícios de oficinas.
2002. Tesis doctoral, Universitat Politécnica de Catalunya, Barcelona. Disponível em:
https://upcommons.upc.edu/handle/2117/93419. Acesso em: 20/05/2022
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4. CRONOGRAMA
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