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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..................................................................................... 4
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5.1.1 A definição conceitual de processos psicológicos ........................ 38
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1 INTRODUÇÃO
Prezado aluno!
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2 FATORES HUMANOS NO TRABALHO
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operador devem ser consideradas conjuntamente com as características ou
restrições das partes mecânicas, sistêmicas ou ambientais, para se ajustarem
mutuamente umas às outras [...]”. O autor defende a relevância da ergonomia e
atribui a ela os mais significativos estudos de métodos e técnicas de pesquisa
consagrados cientificamente, centrados no trabalhador enquanto este realiza a sua
tarefa de trabalho.
A Associação Brasileira de Ergonomia (ABERGO, 2019) pontua que, às
várias definições de ergonomia existentes, alguns aspectos são comuns
mundialmente: a natureza multidisciplinar; o fundamento nas ciências; e o principal
objeto de estudo como sendo a concepção do trabalho. O homem é o centro da
área de conhecimento da ergonomia, que, em algumas publicações, é designada
como “fatores humanos”, termo que mereceu um capítulo próprio na publicação
referencial do professor Iida (2005), “Ergonomia: projeto e produção”. Neste estudo,
Iida (2005, p. 341) examina as características do organismo humano que influem no
desempenho do trabalho: “[...] a adaptação humana ao trabalho abrange as
transformações que ocorrem quando o organismo passa do estado de repouso para
a atividade e também aquelas transformações de caráter mais duradouro, devido
ao treinamento [...]”
O projeto de design articula os conhecimentos das condicionantes físicas e
psicológicas humanas à concepção de produtos, sistemas, interfaces e ambientes.
Todos os segmentos que realizam análise e projetos para o desenvolvimento do
trabalho humano devem considerar três aspectos muito importantes: a monotonia,
a fadiga e a motivação. “Monotonia e fadiga estão presentes em todos os trabalhos
e não podem ser totalmente eliminados, mas controlados e substituídos por
ambientes mais interessantes e motivadores [...]” (IIDA, 2005, p. 341).
Outras questões influem diretamente no desempenho do trabalho humano
e têm atraído a atenção dos pesquisadores, são as relativas a idade, sexo e
deficiências físicas dos trabalhadores. O paradigma do trabalhador tem se
modificado, o padrão do homem adulto com idade entre 20 e 30 anos torna-se cada
vez menos real, uma vez que a diversidade de segmentos da sociedade tem sido
ampliada nas atividades produtivas. Qualquer que sejam os fatores humanos
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envolvidos, a ergonomia visa a garantir o conforto e a adaptação do homem
interagindo com o ambiente, com o artefato ou a ferramenta de trabalho (TILLEY,
2005).
Entendemos, portanto, que as condições de adaptação e conforto humano
ao trabalho são almejadas nas três especificações sugeridas pela International
Ergonomics Association (IEA, 2019): ergonomia física, ergonomia cognitiva e
ergonomia organizacional. A ergonomia física estuda os aspectos de postura,
segurança e saúde do trabalhador, área do conhecimento que enfatiza o corpo
humano e o ambiente físico onde se desenvolve a atividade laboral; a ergonomia
cognitiva centra-se na carga mental de trabalho, estudando as questões de
memória, raciocínio e percepção; a ergonomia organizacional foca seus esforços
na melhoria dos sistemas socio-técnicos que envolvem equipes, comunicação e
gerenciamento de recursos humanos (SAGAH, 2020).
As classificações da IEA (2019) contribuem na orientação dos projetos de
desenvolvimento de produtos na área do design. De acordo com Gomes (2013, p.
13), “[...] esta classificação tem apenas finalidades didáticas para compreensão de
conceitos. Uma realidade de trabalho é um sistema complexo onde cada um dos
aspectos intervém a seu modo, porém de forma interdependente ou sistêmica [,,.]”.
O conhecimento da aplicação do sistema homem–máquina–tarefa–
ambiente (SHMTA) é condicionante para falarmos de ergonomia centrada nos
fatores humanos. Trata-se da organização dos componentes “homem” (operador ou
usuário) e “máquina” (qualquer objeto físico utilizado para a realização de uma
atividade), de forma a trabalharem em conjunto para alcançar um objetivo comum,
estando integrados por uma rede de comunicações (KROEMER; GRANDJEAN,
2005). Moraes e Mont’Alvão (2000, p. 41) afirmam que “[...] um sistema homem-
máquina significa que o homem e a máquina têm uma relação recíproca um com
outro [...]”. Segundo os autores, os principais componentes desse sistema podem
ser resumidos em: interação com utensílios; evolução constante das tecnologias,
trazendo impactos aos operadores; forte presença dos aspectos cognitivos; são
planejados, construídos e operados pelo homem; as máquinas são caracterizadas
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pela alta velocidade, precisão e força; e o homem é caracterizado pelo aspecto
flexível e adaptável.
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No que se refere aos ambientes construídos — com ênfase nos postos de
trabalho —, a ergonomia é a disciplina que centra seus estudos em reconhecer a
capacidade do ser humano para a realização do seu trabalho de forma confortável
e segura, a fim de aliar bem-estar e produtividade. Entendemos, então, que os
ambientes exercem influências sobre os usuários, devendo ser saudáveis,
funcionais, acessíveis e confortáveis. A ergonomia deve estar incorporada — desde
as fases iniciais — ao projeto dos ambientes de trabalho, pois as metodologias
ergonômicas dizem respeitos às satisfações e às insatisfações dos usuários,
buscando respostas para contribuir com o processo projetual (BITENCOURT,
2011).
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espaços ou ambientes destaca que as principais condições que um bom ambiente
de trabalho deve possuir são:
Fonte: ImageFlow/Shutterstock.com.
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Em grande parte dos locais de trabalho, faz-se necessária a utilização de
iluminação artificial, e, nesses casos, há recomendações de posicionamento, de
modo a evitar ofuscamentos. Segundo Iida (2005, p. 473), as luminárias “[...] devem
situar-se acima de 30° em relação à linha de visão (horizontal) e, se possível, devem
ser colocadas lateralmente ou atrás do trabalhador, para evitar a luz direta ou
refletida nos seus olhos”. Devemos considerar que existem sistemas de iluminação
diferentes e que podem ser combinados.
Os mais comuns são: iluminação geral, iluminação localizada e iluminação
combinada, como exemplifica a Figura abaixo.
Algumas condições devem ser atingidas para garantir conforto visual e bom
desempenho ótico em um ambiente de trabalho:
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4. Eliminação de ofuscamento com luzes apropriadas: nenhuma fonte de
luz deve aparecer no campo visual dos trabalhadores durante as atividades
de trabalho (KROEMER; GRANDJEAN, 2005 apud BOLETTI; CORRÊA,
2015, p. 48)
O estudo das cores e da sua aplicação nos ambientes também tem sido
frequente quando nos referimos à “humanização dos espaços”. Nos ambientes de
trabalho, as cores podem interferir no ânimo do trabalhador e na sua consequente
produtividade. Iida (2005, p. 483) aponta que: “Em todas as épocas, as cores e
formas aparecem ligadas a diversos códigos e símbolos nas sociedades
organizadas, sendo frequente atribuir-lhes até um certo caráter mágico [...]”. Do
ponto de vista da percepção ambiental, há cores mais tranquilizantes (normalmente
as cores frias) e cores mais vibrantes, que remetem ao movimento (cores quentes)
(Figura abaixo).
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Fonte: Adaptado de Boletti e Corrêa (2015, p. 51).
Para garantir boa qualidade ambiental, a seleção dos materiais e das cores
de revestimentos de pisos, tetos, paredes e mobiliário é fundamental para controlar
a variação do nível de reflexão. Para o projeto de ambientes de trabalho, as
recomendações para a escolha de cores são: selecionar cores de luminâncias
similares para as diferentes superfícies; evitar efeitos que chamem a atenção com
contrastes de preto e branco; dar preferência ao tratamento de superfícies não
polidas, inclusive para as cores (BOLETTI; CORRÊA, 2015).
Outros importantes requisitos para a adequação ambiental de um espaço
de trabalho são o controle do calor, dos ruídos e das vibrações. Iida (2005) alerta
que condições desfavoráveis geram tensão no trabalho, sendo fatores que
acarretam desconforto, riscos acentuados de acidentes e consequentes danos à
saúde do trabalhador. As diferentes configurações espaciais para o desempenho
da atividade laboral dificultam prescrições únicas ou totalizantes. Os ambientes
voltados ao trabalho administrativo (desenvolvido em escritórios) e os ambientes
destinados às atividades industriais, por exemplo, possuem programas
arquitetônicos distintos e dimensões e estruturas específicas. O design de
ambientes para locais de trabalho deve atender às normas técnicas, às resoluções
legais e às orientações para projetos fornecidas pela bibliografia de referência da
área do conforto ambiental (SAGAH, 2020).
Os arranjos físicos podem otimizar as condições de trabalho, além de
estimular o bem-estar e a produtividade dos usuários. Esse é um aspecto que deve
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ser bem observado pelos arquitetos e designers, uma vez que a distribuição física
de um determinado espaço comercial, institucional ou de serviços precisa atender
satisfatoriamente às necessidades dos usuários, tanto trabalhadores quanto
clientes ou público em geral (CURY, 2005).
Iida (2005) considera que, no quadro de objetivos de um bom arranjo físico
(layout), está incluída a redução da fadiga. Sabemos que a boa disposição e a
escolha do mobiliário e dos equipamentos, bem como o dimensionamento
adequado das circulações, proporciona melhor interação com o ambiente e
resultam em maior eficiência dos fluxos internos das atividades. O arranjo físico atua
diretamente na percepção que temos de um ambiente, pois, do ponto de vista
psicológico, o estímulo e o ânimo são potencializados em espaços criativos,
contemporâneos e bem organizados (SAGAH, 2020).
A Figura abaixo apresenta um arranjo espacial estimulante. A iluminação
natural, advinda das janelas nas duas faces do ambiente, é apoiada pela iluminação
artificial, locada sobre cada ilha de trabalho, sendo que a sala também conta com
iluminação geral. As circulações ocorrem de forma confortável por entre os módulos
de trabalho de forma simétrica e regular, facilitando a interação e o movimento
necessário no ambiente. As cores utilizadas definem áreas de trabalho específicas,
diferenciadas pelos anteparos sobre as mesas: verde (cor fria) e cor de laranja (cor
quente). As texturas do piso e do teto são contrastantes, com acabamento polido
no piso e acabamento rústico no teto, cujo aspecto bruto confere um ar mais
informal ao projeto de interiores (SAGAH, 2020).
Fonte: Mangostar/Shutterstock.com.
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Recomenda-se que o layout seja flexível, podendo ser alterado sempre que
for necessário, para atender às constantes mudanças ocorridas nas empresas
globais (SAGAH, 2020).
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Conforme Kroemer e Grandjean (2005), as condições que desencadeiam o
surgimento de estados de monotonia são: atividades repetitivas de longa duração e
tarefas de observação de longa duração com obrigação de atenção permanente.
Em ambos os casos, as atividades que apresentam mínimo grau de dificuldade ou
pobreza de estímulos são consideradas as mais monótonas. Via de regra, a
monotonia resulta em fadiga e falta de motivação (IIDA, 2005; KROEMER;
GRANDJEAN, 2005; WISNER, 1995).
Em relação à fadiga, Kroemer e Grandjean (2005) a relacionam com
diminuição da capacidade de produção e perda de motivação para desempenhar
qualquer atividade. A fadiga também pode estar relacionada aos fatores ambientais
ou sociais. Conforme Iida (2005, p. 284):
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A razão mais óbvia para estudar as relações entre seres humanos e
artefatos e ambientes que eles usam (além da simples curiosidade) é a
intenção de mudar as coisas para melhor – seja para incrementar o
desempenho, produtividade, saúde ou segurança do usuário, ou
simplesmente para tornar a experiência do usuário mais prazerosa e
satisfatória.
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3.1 Teorias de motivação aplicadas ao trabalho
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necessidades podem ser classificadas em primárias — fisiológicas e segurança —,
que são influenciadas por estímulos externos, ou secundárias — sociais, autoestima
e autorrealização—, influenciadas por estímulos internos (VIEIRA et al., 2011).
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básicas. A autorrealização pode ser suprimida pela gratidão em ver supridas as
necessidades básicas ou por renúncia e supressão de forma voluntária ou forçada
(HESKETH; COSTA, 1980).
De acordo com Maslow (1973), uma forma simples de mensurar o nível de
necessidades dos trabalhadores é por meio de questionários, em que o nível de
reclamações encontrado nas respostas depende do nível das respectivas
necessidades. Isso implica que todos os seres humanos irão reclamar, e quanto
maior o nível da necessidade, mais elevado será o desejo. O nível de vida de um
trabalhador é diretamente proporcional ao nível de suas reclamações, em que o
maior número delas indica um elevado nível de vida e possivelmente uma maior
organização da empresa onde ele trabalha.
As reclamações citadas por Maslow (1954, 1973) para cada categoria
podem ser resumidas nos seguintes itens:
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Autorrealização: falta de eficiência ou imperfeição do mundo;
percepção de injustiça, desonestidade e falta de verdades.
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equilíbrio é a harmonia entre todos os fatores aos quais o trabalhador está exposto,
o que, por sua vez, está associado à qualidade de vida (SAGAH, 2020).
Dessa forma, o ambiente laboral pode influenciar na qualidade de vida do
trabalhador, pois é o local onde ele passa a maior parte do dia. As empresas que
visam grandes negócios têm cada vez mais atentando para a qualidade de vida de
seus funcionários. Elas promovem programas a fim de proporcionar melhores
condições para seus trabalhadores, suprindo parte de suas necessidades
motivacionais. Tais programas, somados ao resultado da motivação e
comprometimento dos trabalhadores, apontam para melhor gestão, crescimento e
desenvolvimento da empresa (SAGAH, 2020).
A qualidade de vida no trabalho (QVT) está ligada à organização e à cultura
da empresa, no sentido de estimular a missão, os valores da empresa, a
participação, o gosto em pertencer à equipe e o desenvolvimento pessoal (MATOS,
1997). Na QVT, as empresas têm ciência de que os trabalhadores são fundamentais
para o processo organizacional. Para ver uma melhoria na QVT, é preciso mensurá-
la. Para isso, a resposta em termos de satisfação por parte dos trabalhadores e em
termos de rendimento deve ser positiva, indicando um aprimoramento diretamente
decorrente de programas de QVT.
O trabalhador passa mais tempo trabalhando que em casa, e suas relações
no serviço se tornam um fator altamente influenciável na sua QVT. Essas relações
podem gerar estresses e desgastes tanto físicos quanto emocionais, considerando
que cada trabalhador possui seus propósitos e suas diferenças.
Os fatores negativos são capazes de afetar todo o círculo de convivência,
desde os trabalhadores, seus familiares, a empresa e até os clientes. O papel da
empresa seria, então, o de elaborar planejamentos de intervenção para melhorar a
QVT e consequentemente os vínculos dos trabalhadores, assim como
desenvolvimento, rendimentos, entre outros. Porém, essa implantação pode ser
complicada, pois demanda investimentos e muitas vezes coordenação por uma
equipe de gestão. Esse planejamento deve ser claro e bem argumentado para que
seja aprovado. Ganhos secundários para a empresa são os argumentos mais fortes
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que podem ser utilizados e o resultado mais visível ao olhar do gestor (ALVES,
2011b).
O planejamento bem elaborado deve envolver diagnóstico e implantação de
melhorias gerenciais, tecnológicas e estruturais tanto no ambiente de trabalho
quanto fora. O diagnóstico levanta as questões a serem abordadas e a partir dele é
planejado um modelo de intervenção para mitigar as insatisfações e elevar a QVT.
Os modelos devem ser adequados para cada empresa, sendo que não é possível
somente adotar determinada estratégia porque deu certo em outra local ou porque
foi citada como eficaz. Há casos em que a má utilização dos meios reverte o
resultado, trazendo ainda mais fatores negativos à empresa (ALVES, 2011b).
Ações visando ergonomia, ginástica laboral, reajuste salarial, treinamentos,
remanejamentos de cargos, remanejamento de horários de serviço, avaliação de
desempenho, emprego de metas e objetivos e proposição de encontros extra
jornada para confraternizações e descontrações podem oferecer grandes
benefícios, a serem abordados na próxima seção. Outras ações, como apoio
nutricional em um restaurante institucional, apoio terapêutico psicológico, plano de
saúde e revezamento em datas comemorativas, são formas de garantir benefícios
ao trabalhador e, indiretamente, benefícios revertidos à empresa (MORETTI, 2005).
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promove bem-estar físico e psicológico, elevando a disposição dos trabalhadores.
Os programas melhoram as relações entre os trabalhadores e a empresa, elevando
a satisfação pessoal e em equipe, reduzindo riscos de lesões e acidentes,
aprimorando a qualidade de vida geral e reduzindo gastos médicos.
Os exercícios promovem efeitos fisiológicos como a redução da gordura
corporal, estimulando o sistema nervoso parassimpático e deixando o trabalhador
mais calmo. Além disso, outros benefícios da atividade física incluem controle e
prevenção de doenças crônicas, como diabetes, hipertensão e doenças dos
sistemas osteomuscular e cardiovascular (SAGAH, 2020).
O treinamento e qualificação de equipes é importante para explorar novos
recursos, conceitos e ensinamentos, poupando estresses com as novas tecnologias
e conceitos. O treinamento age diretamente no desempenho do trabalhador e ainda
aprimora sua capacidade crítica e criativa e seu desenvolvimento pessoal
(FRANÇA, 2005). Os treinamentos são ministrados em forma de cursos,
aperfeiçoamento técnico e de pós-graduação, que podem ser oferecidos
diretamente na empresa ou subsidiados por ela para que o trabalhador busque um
meio de se especializar (SAGAH, 2020).
A ergonomia é outro fator importante para a QVT, sendo responsável por
adequar o trabalhador em seu posto de trabalho, bem como por corrigir suas
posturas e vícios. Ela promove efeitos positivos em relação ao posicionamento
correto do trabalhador, proporcionando melhor desempenho nas atividades
desenvolvidas e, acima de tudo, prevenindo problemas osteomusculares e
reduzindo gastos com atendimento de saúde (GOEDERT; MACHADO, 2007).
Por sua vez, a ginástica laboral é uma forma de manter a equipe ativa e
disposta para o desenvolvimento de suas atividades. Os exercícios empregados
podem ser por meio de alongamentos, caminhadas, relaxamentos, correções, entre
outros. Os benefícios gerados com a implantação da ginástica laboral em empresas
são: melhor disposição, humor, vínculo e satisfação entre a equipe, além de manter
os funcionários unidos e presentes na empresa (GOEDERT; MACHADO, 2007).
Já as avaliações de desempenho são formas de quantificar a produção e a
qualidade do trabalhador de forma justa. Tais atividades representam também um
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meio de reconhecimento que a empresa pode demonstrar para o trabalhador,
podendo ainda oferecer alguns benefícios quando as metas são alcançadas
(GOEDERT; MACHADO, 2007).
Um ambiente limpo e em boas condições de trabalho é importante, pois, de
acordo com Chiavenato (2002), a prática da higiene no ambiente laboral garante a
proteção da saúde física e psicológica do trabalhador. A segurança e a oferta de
equipamentos de segurança são importantes para proteger a saúde do trabalhador
de riscos de infecções, acidentes e outros desastres que possam acontecer dentro
do ambiente de trabalho. É importante ressaltar que, em caso de ocorrências desse
tipo, a empresa é responsável pelo colaborador; por isso, ela é a maior interessada
em meios de prevenção e segurança.
A promoção de cargos e os reajustes salariais são termos importantes para
o incentivo do trabalhador, visto que estão diretamente ligados às suas
necessidades básicas. Por sua vez, a empresa obtém maiores benefícios quando o
trabalhador se mantém estimulado, então nada mais justo que ofertar também um
melhor salário ou dar a possibilidade de mudança de cargo a esse trabalhador
(ARAÚJO, 2006).
Por fim, os planos de carreira e aposentadoria podem incentivar os
funcionários a almejarem um futuro tranquilo e garantido com uma aposentadoria
digna. A implantação desse tipo de programa normalmente é vista em empresas de
grande porte, que possuem capacidade de oferecer planos individualizados e/ou
permitir que o trabalhador se aposente e se mantenha trabalhando em período
reduzido como forma de garantir maiores rendimentos (ALVES, 2011a).
De acordo com Alves (2011a), os benefícios da implantação de programas
de qualidade de vida são extensos e fatoriais. Veja a seguir alguns programas de
ações e planejamentos e os benefícios de cada um deles.
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Treinamento e desenvolvimento dos funcionários — aumento do
capital intelectual, aperfeiçoamento de atividades, satisfação
profissional, aumento de produtividade.
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Controle de drogas e álcool — redução de riscos, melhoria da
segurança operacional e da saúde dos trabalhadores, elevação da
autoestima, diminuição dos acidentes de trabalho e absenteísmo.
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profissional de educação física. As atividades são multifatoriais e podem ser
dispostas em diversos horários, como antes, durante ou depois do período laboral.
Portanto, é importante que o profissional de educação física conheça as
teorias motivacionais que envolvem a relação trabalhador–empresa. Essa relação
deve ser reforçada com programas que promovam uma melhor qualidade de vida
para o trabalhador e um melhor ambiente para a empresa, assim como satisfação,
motivação, vínculo e redução de gastos adicionais com saúde e afastamentos
causados pela falta desses programas (SAGAH, 2020).
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4.1 Higiene e segurança no trabalho
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com a estatura das pessoas, favorecer a redução do esforço físico
através de equipamentos adequados.
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utilização de softwares de indicadores de acidentes;
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internos, falta de motivação, absenteísmo, rotatividade e consequente queda na
produtividade. Da mesma forma que o corpo humano necessita da investigação do
problema e de um tratamento, as empresas também precisam investigar a origem
dos seus problemas e buscar meios para solucioná-los. Uma empresa que não
cuida da saúde física e mental da sua equipe é uma empresa doente.
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Síndrome de burnout – É considerada uma doença cujo ponto de
partida é o estresse no trabalho. É uma depressão promovida pela
vida laboral do indivíduo. Geralmente, ocorre em profissões que
lidam diretamente com a morte, como médicos, bombeiros e
policiais.
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No contexto atual, o avanço das novas tecnologias, a disputa constante pela
vantagem competitiva entre as organizações e a busca exaustiva pela produtividade
com custos reduzidos são pontos cruciais para a sobrevivência das empresas.
Porém, são também fatores que provocam uma sobrecarga cada vez maior na vida
dos trabalhadores. Assim, muitas vezes é inevitável o corpo humano ficar suscetível
a doenças ocupacionais (SAGAH, 2020).
Algumas estratégias têm sido empregadas pelas organizações para
melhorar a qualidade de vida de seus colaboradores, mas você estudará sobre esse
tema em outro capítulo.
Com a leitura realizada até aqui, você compreendeu que uma empresa é
formada por pessoas que, interligadas, formam uma sociedade organizacional.
Nela, cada indivíduo deve desempenhar suas funções, conforme suas habilidades
profissionais. Para a maior eficiência no desempenho dessas habilidades, cada
pessoa deve estar em perfeita harmonia com seu ambiente de trabalho, ou seja, a
qualidade da vida laboral de um indivíduo contribuirá positivamente para sua saúde
e para a produtividade da empresa.
A qualidade de vida no trabalho (QVT) pode ser entendida como o conjunto
de medidas que uma empresa adota, com o intuito de implantar melhorias e
inovações gerenciais, tecnológicas e estruturais no ambiente de trabalho. Para a
melhoria na QVT, a organização deve considerar alguns fatores, como riscos
físicos, químicos e biológicos, além da carga de trabalho física- -mental, cognitiva e
psíquica. Tais fatores podem influenciar de forma direta ou indireta na saúde do
trabalhador e, por consequência, na produtividade da organização como um todo.
A ideia central da QVT é identificar os pontos favoráveis e desfavoráveis de
um ambiente de trabalho para as pessoas. Esses pontos são caracterizados pela
cultura da empresa, pelo perfil individual de cada indivíduo que forma o ambiente
organizacional social e pelos fatores internos e externos que compõem a
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organização. O homem tenta direcionar seus objetivos de forma a colaborar nos
sistemas produtivos no ambiente empresarial, mas busca atingir também seus
próprios objetivos de vida.
A análise de todas essas considerações deve levar você a refletir a respeito
dos muitos fatores que influenciam, positiva ou negativamente, o desempenho
produtivo da organização. Tais fatores precisam ser muito bem analisados e
avaliados. Assim, é possível a implementação de práticas que valorizem a dualidade
homem-organização como elemento determinante da expansão da empresa com
um todo (SAGAH, 2020).
Algumas pesquisas apontam que as empresas que direcionam ações para
melhorar a QVT de seus colaboradores conseguem uma grande evolução da sua
produtividade. Em resumo, a qualidade de vida dos trabalhadores deve apresentar
os seguintes componentes:
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Auxílio ao colaborador na identificação de riscos possíveis que
afetam a saúde;
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5.1 Os processos psicológicos
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Note que os processos psicológicos superiores são mais sofisticados do
que os básicos, que seriam as formas mais simples de interação do indivíduo com
o meio. Entretanto, há autores que defendem que essa distinção (básicos e
superiores) é essencialmente didática, não uma realidade prática (TAMAYO, 2011).
De qualquer maneira, no escopo deste capítulo, você vai se aprofundar nos
processos psicológicos entendidos como básicos.
A partir da compreensão inicial, para dar continuidade aos objetivos deste
capítulo, a partir de agora, veremos cada um dos processos citados: sensação,
percepção, atenção e emoção. Assim, inicialmente, você verá de forma conjunta os
processos de sensação e percepção e, posteriormente, verá os processos de
atenção e emoção. Essa organização se dá devido à forte relação e à proximidade
dos conceitos de sensação e percepção, o que será discutido mais adiante.
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interpretação de um estímulo sensorial. Assim, costuma-se compreender que a
percepção é um passo além da sensação, abrangendo o momento em que o
organismo se relaciona com o meio de uma forma consciente, construindo uma
informação útil e significativa sobre aquela experiência sensorial (FELDMAN, 2015;
GAZZANIGA; HEATHERTON; HALPERN, 2018).
Sendo assim, para finalizar essa discussão, pode-se dizer que a relação
entre sujeito e ambiente (contexto em que está inserido) inicia-se pela sensação (a
partir dos cinco sentidos), quando se estabelece o primeiro contato entre organismo
e meio, e passa para a percepção no momento em que esse organismo interpreta
e organiza aquele estímulo (FELDMAN, 2015; GAZZANIGA; HEATHERTON;
HALPERN, 2018). A partir desse entendimento, para dar continuidade à
compreensão dos processos psicológicos básicos, na sequência, você aprenderá
sobre o processo de atenção.
5.1.3 Atenção
40
Veja o exemplo a seguir para compreender um pouco mais sobre o
processo de atenção seletiva e sua importância.
Aprofundando essa discussão, da mesma forma, conforme discute Myers
(2015), existe o processo de desatenção seletiva, que ocorre de maneira
semelhante ao processo de atenção seletiva, mas enfatiza as informações que são
“perdidas” no contexto. Para ilustrar, o autor relata um experimento em que convida
um grupo de pessoas para analisar um jogo de basquete. Essas pessoas devem
contar quantas vezes um jogador específico pega na bola. No meio do jogo, entra
uma mulher segurando uma sombrinha (fato bem inusitado) e nenhuma das
pessoas que estava analisando o jogo a percebe. Ou seja, quando a atenção está
focada em um aspecto, ocorre o que se chama de cegueira da desatenção,
reforçando a ideia de que, com o processo de atenção, as pessoas selecionam o
estímulo que irão focalizar e deixam de perceber os demais (SAGAH, 2020).
Tendo em vista o que foi apresentado, para finalizar a compreensão dos
processos psicológicos básicos, a seguir, você aprenderá sobre o processo de
emoção.
5.1.4 Emoção
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emoção interfere na percepção das coisas, na forma como cada pessoa encara uma
situação.
As emoções existem por diversos motivos, ou seja, têm algumas funções
que as tornam importantes. Veja, a seguir, as que Feldman (2015) destaca como
principais.
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5.2 Os processos psicológicos e as disfuncionalidades relacionadas ao
trabalho
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maneiras distintas (FONSECA, 2017; MENDES, 1995; ZANELLI, 2009; FELDMAN,
2015; MYERS, 2015).
Como visto, as disfuncionalidades oriundas do trabalho perpassam a esfera
individual de cada trabalhador. Entretanto, ainda que este ponto esteja claro, as
organizações e o mundo do trabalho, de maneira global, devem estar atentos à
institucionalização dos riscos que os contextos laborais vêm apresentando. Ou seja,
ainda que se compreenda que essas disfuncionalidades são impactadas pelos
processos psicológicos (esfera individual) há de se estar atento à institucionalização
dos riscos que a forma de produção atual oferece a seus trabalhadores, visto que,
desde a revolução industrial, há cerca de 200 anos, as condições de trabalho vêm
apresentando danos à saúde do trabalhador (ZANELLI, 2009). Sendo assim, as
organizações devem prestar atenção à proteção da saúde física e mental dos seus
trabalhadores, inclusive em consonância com o que prevê a Constituição Federal
de 1988, que estabelece como princípios fundamentais o respeito à cidadania, à
dignidade, aos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa (FONSECA, 2017).
Para dar continuidade a essa discussão, na sequência, você irá estudar
sobre o contexto contemporâneo de trabalho, pautado na hiperdemanda de carga
laboral, e verá como isso afeta a produção de subjetividade dos trabalhadores.
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organizações vêm impondo aos trabalhadores (que são pressionados a aprender,
contínua e rapidamente, sobre novas tecnologias e procedimentos), assim como a
constante ameaça de desemprego, caracterizam as relações de trabalho
atualmente (ZANELLI, 2009).
De acordo com Zanelli (2009), o mercado de trabalho contemporâneo está
configurado com um número menor de trabalhadores atuando (que ainda estão
ganhando menos) e realizando mais atividades. Ou seja, o mercado de trabalho
atual é pautado pela hiperdemanda de trabalho e, por consequência, por
profissionais desgastados.
Em meio a esse contexto contemporâneo, destaca-se o papel que o
trabalho tem na formação do sujeito. Conforme discutem Coutinho, Krawulski e
Soares (2007), o trabalho ocupa um papel fundamental no desenvolvimento do ser
humano e na sua sociabilidade. Para aprofundar a discussão, as autoras relacionam
o conceito de subjetividade ao conceito de identidade, destacando que a
subjetividade pode ser entendida como o modo de ser de cada sujeito, a forma como
este se observa ou se reconhece, sendo sempre provisório (dinâmico) e fortemente
relacionado à sua identificação com o trabalho que exerce.
Mansano (2009) reforça a compreensão da subjetividade, apoiada na obra
do filósofo Félix Guattari e Rolnik (1996), afirmando que a subjetividade não está no
sujeito em si, mas é um produto da relação entre sujeito e o meio físico e social em
que está inserido. Ou seja, a subjetividade pode ser entendida como algo fabricado
ou modelado a partir da interação entre indivíduo e ambiente. Com essa
compreensão, é possível estabelecer e identificar o impacto do contexto de trabalho
na constituição da subjetividade dos trabalhadores.
Zanelli (2009) corrobora esse ponto de vista afirmando que o trabalho
influencia as aspirações e também o estilo de vida dos trabalhadores. Para ele, o
trabalho está entre as atividades mais relevantes do sujeito, sendo a principal fonte
de significado na constituição da vida daqueles que exercem funções formais ou
mesmo informais. O autor ainda destaca que, mesmo que o salário seja um item
bastante relevante na relação em que o trabalhador estabelece com o seu trabalho,
as pessoas não buscam apenas retorno financeiro com a sua atividade, mas
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previsibilidade nas relações, reconhecimento, oportunidades, convivência com
amigos, aprendizagem, ou seja, almejam um papel social a partir da função que
exercem. Essa compreensão demonstra o quanto o trabalho tem uma função
importante na constituição do sujeito e de sua subjetividade (SAGAH, 2020).
Como você viu, a relação homem-trabalho na contemporaneidade está
configurada pela hiperdemanda de trabalho e pelo consequente desgaste dos
profissionais. Essa hiperdemanda acaba por produzir um aumento nas
disfuncionalidades ou doenças relacionadas ao trabalho, como é o caso do
estresse, da síndrome de burnout, da depressão, entre outros. Não obstante, vale
destacar que a relação homem-trabalho é pautada pelos processos psicológicos,
principalmente a percepção, o que dá um caráter individual e próprio de cada
trabalhador a essa relação. Ainda assim, destaca-se a importância de se tratar
desse tema, visto que tais disfuncionalidades estão aparecendo de maneira
acentuada desde a Revolução Industrial, ou seja, há cerca de 200 anos. Dessa
forma, é possível identificar que há, de fato, fatores relativos ao trabalho na
contemporaneidade que estão afetando a subjetividade dos sujeitos e produzindo
disfuncionalidades que impactam na qualidade de vida dos trabalhadores de
maneira física e mental (ZANELLI, 2009; COUTINHO; KRAWULSKI; SOARES,
2007; MANSANO, 2009).
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6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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