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ELEMENTOS DE PROJETO ARQUITETÔNICO

Módulo de Aulas – Parte I


1° semestre - Curso de Arquitetura e Urbanismo - UNIJORGE
Professora Mila Peixoto

ELEMENTOS DE PROJETO ARQUITETÔNICO

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ÍNDICE

PARTE I
Página

1. APRESENTAÇÃO E CONCEITOS INICIAIS.................................................03


1.1. Arquitetura
1.2. Características necessárias em um bom projeto arquitetônico

2. ANTROPOMETRIA E ARQUITETURA..........................................................03
2.1. Dimensões do corpo e medidas sem régua
2.2. Ergonomia

3. PROJETO GRÁFICO.....................................................................................06
3.1. Tipos, tamanhos e dobragem de papéis
3.2. Carimbo
3.3. Escala
3.4. Tipos de desenho e outros recursos
3.5. Simbologia e representação de objetos
3.6. Materiais mais utilizados

4. ROTEIRO DE PROJETO..............................................................................17
4.1. Tipos de projetos / clientes

5. FASES DO PROJETO..................................................................................23
5.1. Primeira reunião com o cliente
5.2. Levantamento de dados iniciais
5.3. Estudo Preliminar
5.4. Anteprojeto
5.5. Projeto Básico
5.6. Projeto Legal
5.7. Projetos Complementares
5.8. Projeto Executivo
5.9. As Built

6. ELEMENTOS CONSTRUTIVOS...................................................................27
6.1. Piso
6.2. Paredes
6.3. Portas
6.4. Janelas
6.5. Teto e forro
6.6. Pilares e Vigas
6.7. Telhado
6.8. Escadas e rampas

ELEMENTOS DE PROJETO ARQUITETÔNICO

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1. APRESENTAÇÃO E CONCEITOS INICIAIS
1.1. Arquitetura

A Arquitetura existe desde que o homem viu a necessidade de se abrigar para


sua proteção. Ela tem como principal objetivo planejar, projetar e desenhar os
espaços urbanos visando melhorar a qualidade de vida das pessoas que neles
vivem.
As atividades exercidas pelo arquiteto são muitas, de maneira geral elas
envolvem todo o design ou projeto do ambiente construído pelo homem, o que
engloba desde o desenho de mobiliário (desenho industrial) até o desenho da
paisagem (paisagismo), da cidade (planejamento urbano e urbanismo) e da região
(planejamento regional ou Ordenamento do território). Neste percurso, o trabalho de
arquitetura passa necessariamente pelo desenho de edificações (considerada a
atividade mais comum do arquiteto) como prédios, casas, igrejas, entre outros
edifícios cujos espaços internos e externos ele projeta e organiza de acordo com
critérios de estética, conforto e funcionalidade, além de determinar os materiais que
serão utilizados na obra, a disposição dos objetos, a ventilação e a iluminação.

1.2. Características necessárias em um bom projeto arquitetônico

Cada pessoa sente o espaço de uma forma diferente decorrente de


influências pelas referências culturais, hábitos, etc. Quando projetamos um ambiente
residencial especialmente para um cliente determinado, podemos adequá-lo ao
usuário final, imprimindo gostos e preferências do cliente. No caso de projetos
coorporativos, devemos adequar às atividades da empresa e a sua imagem. Nos
projetos comerciais que receberá diferentes públicos consumidores, devemos buscar
entender o que o consumidor espera daquele ambiente e então oferecer um
ambiente atrativo para o mesmo. Em todos os casos, o projeto deverá oferecer
espaços planejados para atender a cada função exercida nele, assim como
iluminação, ventilação, conforto térmico, cores, texturas, materiais adequados ao
espaço e elementos arquitetônicos que agradem e encantem o usuário de cada
ambiente.

2. ANTROPOMETRIA E ARQUITETURA
Antropometria é o conjunto de técnicas utilizadas para medir o corpo
humano ou suas partes. Sua relação com a arquitetura se dá pelo fato de que as
edificações são construídas para serem habitadas e utilizadas por pessoas e, em
cada projeto, as dimensões e os movimentos do corpo humano devem ser os
determinantes das formas e dimensões dos equipamentos, mobiliário e espaços.
Ernst Neufert (15 de março de 1900 – 23 de fevereiro de 1986), em 1936
lançou o livro Arte de projetar em arquitetura, que é até hoje uma importante
referência desta relação Homem X Ambiente que habita.
Neufert salienta que “todos os que pretendem dominar a construção devem
adquirir a noção de escala e proporções do que tenham que projetar: móveis, salas,

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edifícios, etc; e, só obtemos uma ideia mais correta da escala de qualquer coisa
quando vemos junto dela um homem, ou uma imagem que represente as suas
dimensões.” O autor enfatiza ainda que todos os que projetam devem conhecer as
relações entre os membros de um homem e qual é o espaço que este necessita
para se deslocar, trabalhar ou descansar, em várias posições.
É importante que os arquitetos observem também em seus projetos as
dimensões e adaptações necessárias para pessoas portadoras de necessidades
especiais, para que os espaços possam também ser utilizados por elas de maneira
confortável.

2.1. Dimensões do corpo e medidas sem régua

Os nomes de muitas unidades de medida, utilizadas hoje em dia são


derivados de segmentos do corpo humano. Assim, nos servimos, para dar a noção
de dimensão, de elementos tais como: pés, polegadas, dentre outros... Estas
unidades realmente têm sua origem remota nas medidas das partes dos corpos das
pessoas, e posteriormente foram padronizadas por autoridades e leis a fim de
prevenir discórdias e facilitar o comércio.
Estas unidades de medidas são bastante utilizadas em alguns países e,
obviamente, representam dimensões precisas. No entanto, ainda podemos utilizar
do mesmo princípio que lhes deu origem para auxiliar na medição de determinados
objetos ou ambiente quando não contamos com o auxílio de materiais específicos
como réguas ou trenas, por isso, é importante que um arquiteto tenha noção das
dimensões de elementos como o seu palmo, seu pé e seu braço por exemplo.

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Na figura acima pode se observar uma cozinha. Suponha que precisássemos
saber sua largura ou altura aproximadas e não tivéssemos nenhum equipamento
para medi-la, como faríamos? Existem varias formas possíveis para fazer isso, e
quanto mais partes do próprio corpo soubermos a dimensão, de mais maneiras
diferentes poderemos fazer. Algumas das opções mais simples são:
- Calcular o número de pés de um lado ao outro do cômodo e multiplicar esse
número pela medida que você conhece, o tamanho do seu pé, assim terá a largura
ou comprimento!
- Utilizar o palmo ou a polegada para medir as dimensões de um azulejo e
multiplicar pela quantidade de peças em cada sentido, assim conseguiria também a
altura!
É importante lembrar que essas medidas são muito boas para nos dar uma
noção ou chegar facilmente a uma média de tamanho (área) do ambiente, mas elas
serão sempre aproximadas, para ter as dimensões exatas precisamos de
ferramentas adequadas.

2.2. Ergonomia

Para melhorar a relação do homem com o meio ambiente, a ergonomia


estuda as características físicas do homem junto com suas características
fisiológicas e psicológicas, auxiliando o dimensionamento do espaço para ele. Pode
ser descrita como a ciência de projetar os equipamentos e ambientes
(principalmente de trabalho) para adequá-los ao usuário.
Desta forma temos medidas básicas de referência que auxiliam no momento
do projeto dos ambientes.
As diferentes atividades do dia a dia precisam de espaços mínimos
adequados a execução dos movimentos. O dimensionamento correto dos ambientes
e dos equipamentos, evita acidentes e o aparecimento de doenças como a LER
(Lesão por Esforço Repetitivo), e ainda aumentam a produtividade das pessoas.
Algumas medidas padrão devem ser observadas, por exemplo:

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 Manter 30cm de diferença entre a altura do assento e da bancada.
Assim, para uma bancada de 75cm de altura, o assento deve ter 45cm;
para uma bancada de 90cm de altura, o assento deve ter 60cm;
mantendo esta proporção, assegura-se o conforto do usuário.
 Bancadas de pia devem estar 5cm abaixo da altura do cotovelo do
usuário.
 No caso de cadeiras de trabalho, estas devem ser totalmente
ajustáveis, pois deverão garantir que o usuário esteja com os pés
apoiados no chão, coluna sustentada e ereta, com os cotovelos
apoiados nos braços da cadeira. Caso a mesa de trabalho esteja na
altura correta, os cotovelos poderão ser apoiados na mesa.
Obs. Muitas vezes, o mesmo espaço de trabalho (nos turnos
diferentes), é utilizado por pessoas com biótipo diferente, por esta
razão, e para padronizar os espaços, as mesas de trabalho são
escolhidas de forma padrão e fixa, ficando as regulagens de altura por
conta das cadeiras.

3. PROJETO GRÁFICO
Para representar as ideias pensadas, o arquiteto pode utilizar diversos
recursos, entre eles os gráficos (como fachadas decoradas, perspectivas, plantas
baixas decoradas, croquis, maquetes físicas e eletrônicas, dentre outros) e os
desenhos que são feitos em escala, seguindo a proporção real de todos os
elementos, chamados de desenho arquitetônico.
O desenho arquitetônico é um desenho técnico normatizado voltado à
execução e a representação de projetos de arquitetura. Em uma perspectiva mais
ampla, porém, o desenho de arquitetura poderia ser encarado como todo o conjunto
de registros gráficos produzidos por arquitetos ou outros profissionais durante, ou
não, o processo de projeto arquitetônico. O desenho de arquitetura, portanto,
manifesta-se como um código para uma linguagem, estabelecida entre o emissor (o
desenhista ou projetista) e o receptor (o leitor do projeto).
A representação gráfica do desenho em si corresponde a um conjunto de
normas internacionais, porém, geralmente, cada país costuma possuir suas próprias
versões das normas, adaptadas por diversos motivos. No Brasil, as normas são
editadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), sendo as
principais:
ABNT NBR - 6492 – Representação de projetos de arquitetura
ABNT NBR - 10067 – Princípios gerais de representação em desenho técnico

Cabe notar, no entanto, que se por um lado recomenda-se a adequação a tais


normas quanto à apresentação de desenhos para fins de execução de obras ou em
situações oficiais (como quando os profissionais enviam seus projetos à aprovação
em prefeituras), por outro lado admite-se algum nível de liberdade em relação a elas
em outros contextos. Durante o processo de elaboração e evolução do projeto, por
exemplo, normalmente os arquitetos utilizam métodos de desenho próprios
apropriados às suas necessidades momentâneas, os quais eventualmente se
afastam das determinações das normas. Esta liberdade se dá pela necessidade de

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elaborar desenhos, que exijam uma facilidade de leitura maior por parte de leigos ou
para se adequarem a diferentes publicações, por exemplo.

3.1. Tipos, tamanhos e dobragem de papéis

Os desenhos arquitetônicos podem ser feitos à mão (livre ou com réguas) ou


impressos e diversos tipos de papéis e gramaturas podem ser utilizados. Para os
desenhos à mão é mais comum utilizar papéis semitransparentes como o Papel
Vegetal ou Papel Manteiga, enquanto que para impressões papéis opacos como o
Papel Sulfite e Papel Couché são mais comuns, mas também é possível imprimir em
papeis semitransparentes.

Exemplos de
papeis semi-
transparentes
e opacos.

Devem ser utilizados os formatos de papel da série Tamanhos de folhas (mm)


A, considerando o formato máximo A0 a partir da qual se
obtém submúltiplos (a folha A1 corresponde à metade da A4 210 X 297
A0, assim como a A2 corresponde à metade do A1, etc.).
O formato mínimo a ser utilizado deve ser o A4. Pode-se A3 297 X 420
ainda utilizar os formatos chamados de “estendidos”, onde
a altura do papel se mantem a mesma e o seu A2 420 X 594
comprimento é “esticado” no máximo até o comprimento do
tamanho múltiplo seguinte (ver imagem abaixo). A1 594 X 841
As folhas da série A, de qualquer tamanho, podem
ser dobradas em formato A4 para arquivamento. A0 841 X 1189

Exemplo de
A0
A1 A0 como fazer
papel em
A1 ESTENDIDO tamanho
estendido.

A1

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Para a dobra das folhas em formato A4 existe um padrão que deve ser
seguido e pode ser encontrado na NBR 6492 – Representação de Projetos em
Arquitetura.

Ilustrações retiradas da ABNT NBR 6492 – Representação de projetos de arquitetura

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Ilustrações retiradas da ABNT NBR 6492 – Representação de projetos de arquitetura

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3.2. Carimbo

O canto inferior direito das folhas de desenho deve ser reservado ao carimbo,
que contém informações, legenda e numeração dos desenhos.
As Informações mínimas são:
 Identificação da empresa e do profissional responsável pelo projeto;
 Identificação do cliente, nome do projeto ou do empreendimento;
 Título do desenho;
 Indicação sequencial do projeto (números ou letras);
 Escala do desenho;
 Data;
 Autoria do desenho e do projeto;
 Indicação de revisão.

Para a faculdade podemos fazer uma adaptação e utilizar o modelo abaixo:

3.3. Escala

Escala é a definição dada em arquitetura para a relação entre as medidas de


um espaço ou edificação e a sua representação, usualmente gráfica. A necessidade
de se utilizar a escala surge quando arquitetos precisam elaborar os projetos de
suas obras, representando esta edificação. Como não são representados em suas
dimensões reais, são representados em uma relação proporcional. É utilizada em
desenhos arquitetônicos e também empregada na realização de maquetes.

As escalas podem ser:


Escalas de Redução: Utilizamos quando necessitamos obter representações
gráficas menores que os objetos. É o tipo mais utilizado em arquitetura, para
representarmos edificações e objetos que precisam ser desenhados em tamanho
menor do que o real.

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Escalas de Ampliação: Caso precisemos obter representações gráficas
maiores que os objetos utilizamos escalas de ampliação. São mais utilizadas em
outras profissões que trabalham com objetos muito pequenos, como a fabricação de
jóias, por exemplo, onde é necessário mostrar o objeto em tamanho maior do que o
real.
Escala Real: É a representação do objeto com as suas dimensões reais.
Utilizamos algumas vezes em detalhamentos.

As escalas mais usuais são:


1:500 ou 1:1000 – Para plantas de localização que informam o local e a
posição da edificação a projetar, acessos, limites do terreno, etc.
1:100 – para plantas de implantação, para mostrar o projeto como um todo,
ou plantas sem muitos detalhes de edificações maiores.
1:50 – plantas de distribuição geral, com locação de paredes, escadas,
janelas, mas sem detalhes; planta de layout de mobiliário.
1:20 ou 1:25 – para representação de ambientes menores, com mais detalhes
e representações em desenho do mobiliário.
1:10 ou 1:5 – para detalhes onde a precisão é essencial, como maçanetas,
encaixes, acabamentos, etc.

3.4. Tipos de desenhos e outros recursos

Os desenhos servirão para representar o projeto e guiar sua execução.


Assim, em um único projeto serão produzidos diversos tipos de desenhos que serão
direcionados para diferentes profissionais. Além disso, como já citamos antes,
existem outros recursos como perspectivas, croquis e maquetes, dentre outros, que
podem ser utilizados para representação.
Planta – Desenho que representa a projeção horizontal de um elemento da
construção, de uma edificação, de um terreno ou de uma área. Existem vários tipos
de plantas, que, de acordo com o que representam, recebem denominações
especiais.
 Planta baixa – É uma vista a partir de uma altura de aproximadamente
120 cm do chão, e paralela a ele, bidimensional, onde marcaremos as
larguras e profundidades dos ambientes, aberturas e demais
elementos que compõem o projeto.
 Planta de layout – É uma planta com melhor representação (mais
detalhada) dos móveis, que devem estar desenhados em escala
adequada e seguindo seu tamanho real, e consequentes circulações.
 Planta de localização – Sua função é mostrar a localização do terreno
onde o projeto está situado em relação ao entorno imediato.
 Planta de situação – Sua função é mostrar a localização do projeto
dentro do terreno, com a medida de seus recuos, áreas e índices de
ocupação, permeabilidade, etc.
 Planta de cobertura – É a representação da parte superior da
edificação (cobertura) e terreno.

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Para cada planta serão necessárias informações específicas, entretanto, as
informações básicas que devem estar sempre presentes independentemente do tipo
de planta são: carimbo, orientação (norte), escala e hierarquia de linhas.

Planta baixa (Ilustrações retiradas do livro Desenho Arquitetônico de Gildo Montenegro).

Corte – É o desenho resultante de uma seção feita em plano vertical no


edifício olhando para um dos lados. É uma representação bidimensional que mostra
pés-direitos, alturas de peitoris de janelas, forros, balcões, etc. Nesta representação
são vistas as espessuras das paredes, e de lajes de piso e teto, se necessário. É
também chamada de seção.

Corte (Ilustrações retiradas do livro Desenho Arquitetônico de Gildo Montenegro).

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Vista – Projeção vertical de um dos lados da edificação, ou de seu interior ou
de elementos da construção. Resumidamente é o mesmo tipo de representação do
corte, porém sem espessura de parede, teto ou piso, pois ela representa o que o
olho veria estando exatamente de frente para o objeto/edifício.

Fachada – É o desenho da vista de uma das faces externas do edifício. Ela


serve para mostrar o aspecto externo do prédio e, em geral, nela são especificados
os materiais de revestimento utilizados, o funcionamento das esquadrias, dentre
outros. É também chamada de elevação ou alçada.

Vistas e fachadas (Ilustrações retiradas do livro Desenho Arquitetônico de Gildo


Montenegro).

Perspectiva – É uma representação tridimensional do edifício em desenho ou


imagem, pode ser usada para mostrar detalhes, ou o projeto como um todo. Existem
várias técnicas de traçar uma perspectiva que são utilizadas de acordo com o que se
pretende representar. As perspectivas podem ser feitas à mão livre, com réguas ou
utilizando computadores, pois hoje já existem muitos programas que facilitam a sua
execução. Existem também profissionais especializados em confecção de
perspectivas chamadas “renderizadas” que procuram se assemelhar ao máximo com
a realidade.

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Maquete – É a representação física em escala (normalmente em “miniatura”)
e em três dimensões do edifício, terreno ou objeto. Ela auxilia na visualização da
obra ou na escolha da solução a ser adotada no projeto.

Maquete (Iago de Carvalho de Freires), perspectiva a mão (Danilo Bressiani Zamboni) e


perspectiva renderizada – Edifício 360º, projeto de Isay Weinfeld.

Croquis – desenhos feitos à mão livre que servem para conceituar uma
proposta, podem ser esquemas, perspectivas, etc.

Palácio da Alvorada, Brasília.


Croquis de Oscar Niemeyer,
1957.

3.5. Simbologia e representações de objetos

É importante que todos os símbolos utilizados em um desenho sejam


identificados em uma legenda na planta, assim diferentes profissionais poderão
compreendê-la. Alguns símbolos já são conhecidos e utilizados como um “padrão”,
mas, se for necessária a criação de um novo símbolo, este deverá ser identificado
na legenda.

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Outra questão que deve ser observada é o desenho das aberturas de acordo
com o seu funcionamento, para tornar mais claro o entendimento dos elementos no
projeto. Ou seja, ao invés de indicar apenas um vão, é importante desenhar a porta
com a representação apropriada de cada tipo.

Representação de diferentes tipos de portas (de abrir / de correr / pivotante)

No caso de janelas, é mais difícil essa representação em planta (apenas a


janela de correr tem um desenho mais distinto), mas é possível entender o tipo de
funcionamento nas representações em cortes e vistas.

Representação de diferentes tipos de janelas (pivotante / de correr / basculante)

A representação do mobiliário pode ser feito de acordo com o design do


móvel escolhido ou um desenho genérico (por exemplo, uma cadeira que tem um
design diferente pode ser representada de modo fiel em planta baixa ou com um
desenho padrão que represente uma cadeira), mas o mais importante é que seja
representado com as dimensões corretas do mobiliário especificado. No caso de
armários é importante também considerar o tipo de abertura (portas de correr, de
abrir, etc).

3.6. Materiais mais utilizados

Escalímetro
Um escalímetro é, normalmente, uma espécie de “régua” que tem 3 faces e 6
escalas, mas também pode ser encontrado como um conjunto de réguas que
possuem diferentes graduações. A ideia principal do escalímetro é poupar cálculos
de proporção, já mostrando o quanto cada tamanho representa em cada nível de

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ampliação e redução, ou seja, ele facilita a medição e o
desenho em escalas diferentes.
Exemplo: Tenho que desenhar uma parede de 4 m.
Nós sabemos que 4 m não cabe no papel A4, A3, A2, A1 e
nem no A0. Se torna necessário então a
redução dessa representação sem que o desenho perca a
proporção (as escalas mais trabalhadas são 1:50, 1:100
e 1:200). Iremos reduzir nossa parede 100 vezes, então,
no escalímetro utilizaremos a escala 1:100. Como cada
medida no escalímetro equivale a 1 metro (esta medida é o
centímetro no caso da escala 1:100 e muda nas outras
escalas) então 4 cm seria a dimensão da nossa parede no
desenho. É simples usar essa ferramenta que é muito
prática, entretanto, seu uso exige atenção para utilizar
apenas a escala correta no desenho.

Esquadros
Os esquadros são utilizados como instrumento de
desenho que auxiliam no traçado de paralelas e também
para marcar ângulos retos (90°) com mais precisão. O par
de esquadros é composto por um esquadro triângulo
retângulo isósceles de 45º / 45º / 90º e outro triângulo
retângulo escaleno de 30º / 60º / 90º.

Lapiseiras e minas grafite


Utilizadas para desenhar, possuem diversos
diâmetros de minas (0,3; 0,5; 0,7; 0,9; 2.0 mm...) que são
utilizadas para diferenciar a espessura dos traços (também
chamada de hierarquia de linhas ou penas). A hierarquia de
linhas é fundamental para a clareza do desenho.
Resumidamente, as espessuras das linhas são
determinadas nas plantas, cortes, fachadas, a partir da
proximidade com o observador ou plano de corte.
Exemplo: Numa planta baixa, que se obtém a partir de um plano de corte
horizontal a cerca de 1,2 m do piso, as linhas mais espessas serão para os objetos
cortados pelo plano, ou seja, paredes, esquadrias, etc. Já as linhas finas serão para
os objetos mais distantes do corte como soleiras, escadas que descem, pisos. Para
os objetos não cortados, mas que também não estão tão distantes, como o
mobiliário, costuma-se utilizar linhas intermediárias.
As minas grafite (e também os lápis) podem ser classificadas, além da
espessura, de acordo com a graduação (dureza). As graduações padrão disponíveis
incluem tipos, por exemplo: 6H, 5H, 4H, 3H, 2H, H, F, HB, B, 2B, 3B, 4B, 5B e 6B.
Quanto maior o número H (referência à palavra inglesa HARD/duro), mais claro e
mais duro é o traço. Por outro lado, quanto maior o número B (referência à palavra
inglesa BLACK/preto), mais preto e macio será o traço. Também existem as
graduações HB (HARD e BLACK), e F (referência à palavra inglesa FINE), que
apresenta um traço fino e resistente.

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Trena
A trena, também conhecida como fita métrica é
um instrumento de medida usada para medir distâncias.
Pode ser construída com tecido ou outro material flexível
(chamada mais comumente de fita métrica) ou pode ser
retrátil e de material mais rígido como metal, plástico ou fibra
de vidro. Serve para medições diversas, especialmente de
ambientes por profissionais de arquitetura.

4. ROTEIRO DE PROJETO
O roteiro é a ordem que um projeto deve seguir para garantir o sucesso após
sua finalização. O inicio de um projeto é um trabalho de pesquisa, onde o arquiteto
colhe informações, analisa e organiza todos os fatores que estarão envolvidos no
projeto. À primeira vista um projeto pode parecer muito complicado devido à
quantidade de quesitos que têm que ser cumpridos e, por esta razão, o profissional
precisa processar toda a informação que recolheu. A melhor forma é setorizar estas
informações para conseguir chegar a um universo menor e mais compreensivo.
É muito importante fazer um organograma do espaço a ser projetado, desta
forma o projeto final irá garantir o cumprimento de todas as funções que o espaço
precisa cumprir. Para garantir o fluxo adequado das atividades a serem executados
dentro do espaço que esta sendo projetado, deve-se fazer um fluxograma.

ÁREA GARAGEM
EXTERNA
PISCINA JARDIM
LAZER SOCIAL
QUIOSQUE
SALA
SERVIÇO ÍNTIMO
COZINHA
LAVABO QUARTOS
Exemplo de organograma de LAVANDERIA
uma residência.
Relaciona os setores em Exemplo de fluxograma de uma residência.
grandes blocos de função. Relaciona os fluxos entre os ambientes.

Etapas do roteiro comercial:

1. Quem é o seu cliente? (as características dele)


2. Qual o tipo do projeto?
3. Qual será o cliente deste espaço?(a que publico se destina este projeto)

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4. Definição do local – neste momento deverão ser estudadas as
características espaciais, com pontos positivos e negativos. E qual o
tamanho físico do projeto (porte).
5. Definição das características, estilo e caráter – identidades de marca da
empresa, cores padrão, materiais a serem usados, qual a impressão que
deseja causar no cliente. Definição das tecnologias que serão usadas
neste projeto.
6. Definição de orçamento – deve ser definido junto ao cliente. Em
orçamentos maiores podemos usar mais recursos para atingir os objetivos
propostos, mas o importante é adequar os objetivos e as expectativas ao
orçamento disponível.
7. Definição do layout – com todas as informações, passaremos para a etapa
de desenho, e, neste momento, iremos trabalhar para a solução de layout
mais adequada ao projeto em questão. (As forma de representação gráfica
possíveis de serem usadas para expressar uma ideia estão descritas no
capitulo 4)
8. Checagem avaliativa do projeto – após uma definição do layout devemos
fazer uma checagem com pontos de fundamental importância para o
sucesso do projeto. Por exemplo (considerando um projeto comercial de
uma empresa):
- Quanto à empresa: Todos os setores da empresa estão contemplados no
projeto? A setorização está de acordo com o organograma da empresa? A
imagem da empresa está representada?
- Quanto à função e objetivos do espaço: Todas as atividades previstas
têm espaço para sua realização? Os setores possuem os equipamentos
necessários para o desenvolvimento de suas atividades? As circulações
estão corretas? A proporção entre espaço e usuário está a contento? A
iluminação está adequada? Foram atendidas as normas de
acessibilidade? Foram atendidas as normas do projeto legal?
- Quanto ao material escolhido: Os materiais estão em acordo com a
atividade do local? A facilidade de manutenção está satisfatória? Os
materiais são de qualidade e com boa relação custo X benefício? Atendem
aos quesitos de segurança?
- Quanto ao resultado estético: a imagem da empresa está bem
representada? A mensagem que está sendo passada está correta? O
público-alvo está corretamente identificado?
- Quanto às leis e normas técnicas: Foram checados os órgãos
competentes? Está de acordo com o código de obras atual? Está de
acordo com as normas brasileiras?
- Quanto ao orçamento: O projeto está dentro da meta de orçamento?
Onde se pode reduzir custo, sem perda de estética?

4.1. Tipos de projetos / clientes

Para um bom projeto a primeira coisa a fazer é conhecer seu cliente e suas
necessidades para definir os parâmetros do projeto.
É importante atentar que, muitas vezes, o que o cliente diz querer não é
exatamente a real necessidade dele. Então o arquiteto, processando todas as

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informações que recebe, deve decifrar a verdadeira necessidade do seu cliente.
Alguns clientes chegam ao arquiteto com uma definição certa do que querem
contratar, outros têm um terreno e não sabem bem o que querem fazer!
Porém, cada tipo de cliente/projeto terá necessidades diferentes para serem
atendidas, vamos observar alguns:

1. Projeto residencial

Em um projeto residencial, seja uma casa, seja um apartamento, precisamos


entender a rotina da família e um pouco do gosto de cada um. É muito importante
que todos os membros da família estejam envolvidos nas definições iniciais do
projeto. Por exemplo, ao projetar uma cozinha, é necessário envolver a esposa para
chegar ao layout que melhor atende a rotina da casa, e o homem também se ele se
interessar por culinária. Em uma sala de estar, o que irá determinar ter ou não uma
televisão, ter ou não uma poltrona para leitura, ter ou não uma mesa de jogos, são
os hábitos da família. Por isto é essencial conversar com o cliente e conhecer um
pouco do seu dia a dia.

1.2. Casa

O cliente que procura o arquiteto para contratar o projeto de uma casa,


normalmente será o usuário final desta casa.
O projeto de uma casa, muitas vezes é o grande sonho do seu cliente, na
maioria das vezes é a primeira casa de sua vida. Muitos deles moravam
anteriormente em apartamentos, então o que eles entendem como maior
necessidade são espaços amplos. Com este cliente, a primeira preocupação é situar
o cliente do custo de cada m² que será construído. O cliente tem que entender que o
limite de sua casa será a ocupação máxima permitida em seu terreno, mas
principalmente seus recursos disponíveis para realização deste sonho. Não
queremos ao final um cliente frustrado, que perdeu o controle dos gastos de sua
obra!
Para adequar a casa aos seus usuários, é muito importante o
desenvolvimento de uma planta baixa adequada ao funcionamento do dia a dia da
família, assim como seus costumes e hábitos.

1.3. Edifício de apartamento - residencial

O projeto de um edifício residencial, na maioria das vezes será contratado por


uma construtora, que não será o usuário final dos apartamentos.
Casos mais raros de contratação para o projeto de um edifício residencial
para apenas uma família, existem, e neles os usuários finais dos apartamentos
estarão envolvidos com o projeto desde o início.
Mas, no caso mais comum da contratação do projeto por uma construtora, o
seu cliente (a construtora) estará interessado em ocupar o máximo permitido no
terreno, fazendo o máximo de apartamentos possíveis (dentro do padrão
determinado pela conceituação do projeto). A planta baixa do apartamento deverá
ser bem dividida, com espaços amplos com o mínimo de circulação possível, mas
será impessoal. Costumes locais e parâmetros legais também interferem na

ELEMENTOS DE PROJETO ARQUITETÔNICO

19
distribuição da planta baixa de um apartamento. No momento da escolha dos
acabamentos finais, deve-se escolher cores e texturas neutras e que se adaptem as
decorações de seus futuros proprietários.

1.4. Apartamento

O projeto de interiores de um apartamento pode variar muito, e, mais uma


vez, o que irá ditar este projeto são os hábitos e costumes das pessoas que
utilizarão este espaço.
Neste projeto os materiais que serão usados no acabamento dos espaços
internos terão que ser, além de adequados à função do espaço, totalmente ao gosto
do cliente.
Para a modificação da planta do apartamento, caso seja contratada uma
reforma (não apenas decoração) deve-se consultar o condomínio ou construtora
sobre a possibilidade da retirada de paredes. Também devem ser observadas
plantas estruturais, pois pilares e vigas não podem ser removidos, além das plantas
de hidráulica e elétrica, para evitar problemas futuros.

1.5. Fazenda, casa de praia, casa de campo

Os projetos de casas de veraneio e férias já assumem características


diferentes mesmo até da casa dos clientes. Por exemplo, para uma família ter em
sua casa de praia uma grande varanda, com mobiliário confortável e cozinha
gourmet pode ser essencial, e esta mesma família optar em eliminar a varanda de
seu apartamento. Investir mais em uma sala, uma cozinha da casa de praia é
razoável, pois é onde você estará com o convívio de seus convidados. Já investir em
um quarto com bastante marcenaria, closet, e objetos caros e de grande valor em
uma casa de praia não é muito apropriado.
Os acabamentos também deverão levar em consideração as características
de cada local, usar um piso polido na sala de uma casa onde haverá circulação de
pessoas molhadas torna-se bastante perigoso para causar acidentes.
Exemplo de um projeto: - Necessidade: uma casa de praia para receber
muitas pessoas, convidados de grande poder aquisitivo, ocupantes de grandes
cargos políticos e em empresas, muitas destas pessoas de fora do país. Soluções:
todo material usado na construção da casa foi brasileiro, inclusive o mobiliário. A
decoração ficou por conta de peças variadas trazidas pelos proprietários da casa em
suas diversas viagens dentro e fora do Brasil, colocando um pouco da historia
destes lugares dentro da casa.

2. Sede de uma empresa – espaço corporativo

Quanto mais organizada uma empresa, mas fácil fica de definir suas
necessidades de espaço. O organograma de uma empresa deverá ser levado em
consideração na definição da planta baixa, pois ele indicará a necessidade de
comunicação entre os diversos setores. Este então será o ponto de partida de um
projeto, conhecer a estrutura da empresa, compreender o papel de cada setor, a
inter-relação entre os departamentos e a função de cada pessoa que trabalha no
departamento e a relação entre elas.

ELEMENTOS DE PROJETO ARQUITETÔNICO

20
Por exemplo, o diretor de marketing precisa estar diretamente em contato
com seu staff (equipe), inclusive fazendo-se necessária que a parede que separa o
diretor de seu staff seja de vidro. O arquiteto deverá também, além de entender o
funcionamento físico da empresa, compreender as necessidades de autoridade de
cada cargo. Muitas vezes a importância do cargo naquela empresa torna necessária
uma sala maior para aquele determinado diretor.
Entrada, sala de espera, recepção de um espaço comercial, são os primeiros
contatos do cliente, estes espaços deverão ter coerência que a imagem da empresa,
com o conceito adotado no projeto arquitetônico como um todo.

3. Shoppings e lojas

Os shoppings centers atualmente concentram grande parte do comércio nas


na cidade de Salvador, com isso necessita de grandes espaços para melhor
circulação dos consumidores. O posicionamento das lojas também é algo pensado
para um melhor funcionamento interno neste tipo de edificação, por exemplo, as
lojas âncoras – as quais são as de maior porte – se localizam, normalmente, nas
extremidades dos shoppings. Entretanto, as demais são distribuídas de acordo com
seu tipo, como lojas de serviços são posicionadas mais próximas às entradas; e as
lojas de alimentos, geralmente, estão centradas em uma praça de alimentação. O
projeto de um shopping centers deverá prever espaço para as instalações de apoio,
acesso de carga e descarga, e as inúmeras particularidades deste tipo de atividade.

4. Edifícios comerciais

Edificações comerciais, normalmente, são as mais personalizadas o possível.


Para que possam atender as necessidades de cada cliente, variando de uso para
uso. Como exemplificação tem-se restaurantes, os quais exigem um programa de
necessidades diferenciado dependendo de sua especialidade. Varia-se também da
grandeza da empresa que ocupará a construção, como uma loja de fast-food ou
uma pizzaria.
Há aqueles edifícios que abrigam em quase sua totalidade escritórios
empresariais. Usualmente são empresas que optam por se fixar em salas por
questões financeiras ou até mesmo de logística empresarial. Neste tipo de
edificação também segue a personalização de lojas em construções próprias. Uma
clínica ortodôntica, por exemplo, possui toda uma distribuição interna diferente de
um escritório de advocacia, porém ambos podem estar no mesmo pavimento de um
edifício comercial.

5. Edifícios mistos
Os edifícios mistos são aqueles os quais, normalmente, possuem dois ou
mais tipos de usos. O mais comum é: comércio / serviços nos primeiros pavimentos
e residencial nos pavimentos seguintes. Acontece também do comércio na planta
térrea e serviços nas plantas superiores de uma mesma edificação. Se vê muito
desse tipo de edifício nos centros comerciais das cidades.

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6. Igrejas e templos religiosos

Historicamente as igrejas são tipos de edificações usadas para demonstrar a


importância de uma determinada religião. As mais conhecidas no Brasil são as
catedrais, basílicas, capelas. Mas todas exercem papeis fundamentais na expressão
dos princípios de cada crença. De tal forma o arquiteto é responsável em transmitir
através da edificação os princípios de tal religião, se assim for requerido. No caso de
templos Protestantes não há o uso de imagens / esculturas, ao contrário dos
Católicos. O que torna este tipo de edificações as mais singulares dentre as outras,
variando de diferentes vertentes das crenças.

7. Sedes governamentais – poder público

As sedes os órgãos governamentais são, em sua maioria, edifícios de baixo


custo de construção e de manutenção. Estes prédios tendem a serem os mais
funcionais e burocráticos o possível. Exceto casos em que as edificações tenham
como objetivo representar o poder público, como é o caso de Brasília.

8. Escolas, universidades e espaços de ensino

Nestes tipos de edificações há, principalmente, o cuidado com questões de


acústica, visibilidade e circulação. Quanto a acústica o arquiteto deve ater-se aos
tipos de materiais os quais vão compor a sala de aula ou auditório. No caso da
visibilidade o projetista deverá ter a precaução de não por nenhum elemento
estrutural – como um pilar – que atrapalhe a visão de um aluno ou professor. Já em
questão à circulação o arquiteto deve ater-se ao dimensionamento das áreas de uso
comum e de evacuação em caso de uma eventualidade.

9. Indústrias

Os prédios industriais necessitam de cuidados, principalmente, com


circulação e segurança. Cujos itens são de extrema importância na prevenção de
acidentes em caso de imprevistos. Quanto à segurança a escolha de materiais está
diretamente ligada à redução de danos. O projeto de uma edificação industrial é
técnico, ou seja, o principal objetivo é abrigar e planejar a atividade industrial, neste
caso faz-se essencial o estudo do organograma e fluxograma para resultar na
melhor planta industrial possível.

10. Hotéis / Hospitais

Hotéis e hospitais são edificações as quais exigem uma complexidade quanto


aos projetos, que são: estrutural, hidráulico, elétrico, arquitetônico (conforto
ambiental / acústica). Pois cada um tratará de forma específica a construção da
edificação. Este tipo de projeto precisa de muita área de apoio, como lavanderia,
cozinha, restaurante, neste caso, é necessário saber qual é o numero mínimo de
quartos para viabilizar a operação.

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5. FASES DO PROJETO

5.1. Primeira reunião com cliente

O cliente demonstra seus objetivos e necessidades. Como já foi dito, algumas


vezes é preciso que o arquiteto relate as necessidades do cliente, conversar com
outros envolvidos no projeto (se for uma casa, por exemplo), e até fazer sugestões.
É interessante que o cliente já tenha alguns dados em mãos sobre o terreno
ou edificação existente (no caso de reformas ou ampliações) como área total, planta
de topografia ou cadastro e plantas executivas existentes, para facilitar a conversa.

5.2. Levantamento de dados iniciais

São necessárias dimensões e características do local:


No caso de um terreno, precisaremos da planta topográfica. Caso não tenha,
deve-se contratar um topógrafo para fazer o levantamento topográfico do local,
contemplando curvas de nível, vegetações de grande porte ou outros elementos
relevantes para o projeto. Será também necessária uma sondagem do terreno, desta
forma saberemos qual o tipo de solo e esta informação definirá o tipo de fundação
que será adotada na construção. Dados constantes na escritura também serão
estudados.
Quando for o caso de uma edificação existente que será reformada, é
importante coletar o maior numero de plantas executivas possíveis, originais da
edificação, como o projeto estrutural e de fundação, o projeto elétrico, hidráulico, e
fazer uma conferencia no local, pois muitas vezes estes projetos sofrem
modificações durante a obra que não são registradas posteriormente no as built.
Em qualquer caso, características como dimensões do terreno, legislação do
local, orientação solar (para saber a direção dos ventos e incidência de sol, etc)
serão estudadas. Um registro fotográfico e de filmagem também auxilia bastante,
inclusive no decorrer do desenvolvimento do projeto para relembrar situações
especificas do terreno ou da edificação existente. O registro fotográfico deve
contemplar as fachadas e áreas internas, e deve também incluir o entorno e seus
vizinhos.

5.3. Estudo Preliminar

Através das informações obtidas no “Levantamento de dados”, o arquiteto já


tem condições para fazer um esboço inicial do projeto. Nessa fase podem ser
usados croquis, desenhos livres, perspectivas, para conceituar uma proposta, além
de planta e cortes esquemáticos. Esta é uma etapa que deve ser acompanhado de
perto pelo cliente, já que se trata do início da elaboração da planta e formação da
“ideia” ou “cara” do projeto com a proposição de soluções estéticas e funcionais.
Nessa etapa é importante apresentar também um estudo de viabilidade e estimativa
de custos, para que o cliente possa avaliar se é possível a continuação desta
proposta ou se será necessário buscar outras soluções mais baratas.
Antes de continuar o projeto, o arquiteto, nesta fase, deve receber a
aprovação do cliente.

ELEMENTOS DE PROJETO ARQUITETÔNICO

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5.4. Anteprojeto

É a etapa intermediária do projeto arquitetônico, que consiste em


uma configuração definitiva da construção proposta. É formado por um conjunto
de desenhos que representam o projeto com maior clareza e personalidade para
uma analise do cliente.

5.5. Projeto Básico

No projeto básico são incorporados os dados necessários à aprovação


pelo cliente e pelas autoridades competentes.
Este projeto será a base para o desenvolvimento dos
projetos complementares (estrutura, elétrica e hidráulica, etc). Ele é o projeto
arquitetônico propriamente dito, sofrerá apenas as revisões necessárias identificadas
após a compatibilização de todos os projetos complementares ou requisitadas pelos
órgãos legais para aprovação.

5.6. Projeto Legal

Nesta etapa, a configuração do projeto deve estar de acordo com as normas


indicadas pelos órgãos competentes, com o objetivo de ser aprovada pela prefeitura
municipal, e outros órgãos como bombeiros e meio ambiente, caso sejam pertinente
ao projeto.

5.7. Projetos Complementares

Projetos complementares são atribuições de especialistas de cada área,


cabendo ao arquiteto indicação de pontos de luz, energia, telefone, lógica (internet),
água, etc.. O arquiteto tem que ter conhecimento dos símbolos mais comuns usados
em cada um destes projetos, só assim poderá conferir e compatibilizá-los.
São projetos que complementam tecnicamente as proposições do projeto
arquitetônico e são, muitas vezes, essenciais para sua execução correta e podem
variar de acordo com o caráter e dimensão do edifício a ser executado. Os mais
importantes são os de estrutura e instalações (elétricas e hidráulicas), além de
outros mais específicos como os de acústica, combate a incêndio, instalações de ar
condicionado, etc.
Usualmente estes projetos não são elaborados pelo arquiteto e sim por
profissionais especializados, a partir das informações contidas no projeto básico. Por
esse motivo, os projetos complementares são normalmente coordenados pelo
arquiteto responsável pelo projeto arquitetônico, pois costumam gerar interferências
que precisam ser solucionadas/compatibilizadas.
Alguns outros projetos como de iluminação e paisagismo podem ser feitos
pelo próprio arquiteto a depender dos conhecimentos que ele possua.
Vale ressaltar que em projetos de elétrica e hidráulica o autor do projeto
arquitetônico tem participação fundamental.

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 Pontos de ligação elétrica
O projeto elétrico completo deve ser feito por um profissional especializado,
engenheiro eletricista. O arquiteto deverá fornecer a este profissional uma planta
com a localização desejada para tomadas, interruptores, computadores, telões,
pontos de iluminação, equipamentos elétricos, e tudo que necessitará de
eletricidade. Deverá também listar os equipamentos que serão utilizados para que o
dimensionamento das tomadas seja correto. Nesta planta é necessário ter uma
legenda com a identificação correta de cada símbolo usado. Em casos de utilização
de equipamentos especiais devem-se ter projetos específicos.
Pisos suspensos facilitam as instalações elétricas. Deve-se evitar ao máximo fazer
instalação por baixo do piso (caso este não seja suspenso), pois uma manutenção
será mais cara e difícil, sempre que possível é melhor faze-las pelas paredes ou
forro.

 Pontos de ligação hidráulica


Os pontos hidráulicos deverão ser indicados no desenho pelo arquiteto. Se for
o caso de reforma em edificação existente, deverão ser consultadas as plantas
hidráulicas originais da edificação, pois somente através das plantas poderemos
saber se é possível e como fazer a alteração desejada. No caso de um edifício, por
exemplo, não se pode desviar ou cortar a tubulação geral que alimenta todos os
andares. Outro item a observar é se o tanque e vazão de água serão suficientes
para alimentar a alteração desejada. Se for um projeto novo, maior ou que envolva
ar condicionado, deve-se solicitar ao engenheiro hidráulico um projeto que
contemple cálculos e dimensionamento de caixa d’água, tubulações e sistemas de
condicionamento de ar.

 Tratamento acústico
Janelas e portas podem deixar passar o barulho externo e prejudicar o
conforto acústico dos espaços. Alguns materiais de acabamento ajudam a absorver
os ruídos do ambiente.
Em projetos onde uma boa acústica é fundamental, como teatros e auditórios,
por exemplo, são necessários estudos mais aprofundados e projetos específicos.

 Ar condicionado
Sistemas de ar condicionado devem ser escolhidos de acordo com cada
projeto. Existem casos de projetos como hospitais, áreas de saúde, que devem ter
sistemas especiais que evitem a proliferação de bactérias. Alguns espaços como
laboratórios, salas de cirurgia, tem normatização especifica que deve que ser
seguida. Mesmo nos casos em que não existem exigências técnicas específicas, a
escolha do sistema correto e do dimensionamento adequado dos aparelhos
resultará em maior eficiência do sistema e economia significativa de energia e água.
Entre os sistemas de ar condicionado temos:
Centrais de ar condicionado – São indicadas para edificações onde não se
podem utilizar aparelhos individuais, como edifícios comerciais por exemplos. As
centrais de ar precisam de um espaço físico com instalação elétrica adequada e
água para fazer a refrigeração das máquinas (casa de máquinas), dimensionada
durante o projeto. São também necessários dutos ligando a central aos espaços a

ELEMENTOS DE PROJETO ARQUITETÔNICO

25
serem condicionados. A chegada destes dutos nos espaços será finalizada com
grelhas nas aberturas que ficarão locadas no teto dos ambientes, esta locação será
estudada pelo arquiteto na planta de forro.
Outro ponto a atentar na escolha da central é a possibilidade de controle
individual de temperatura por ambiente, muitas vezes é necessário reduzir ou
aumentar a temperatura por ambiente, como por exemplo, em salas de exame de
consultório médico, onde normalmente o paciente está despido e sente frio se a
temperatura estiver muito baixa.
Aparelhos tipo janela – Menos utilizados a cada dia, por gastar mais energia
que os splits, são instalados na parede ou janela dos ambientes, e precisam apenas
da tomada de energia. Este aparelho drena a água por meio de uma mangueira fina,
instalada atrás dele e normalmente direcionado para uma jardineira externa.
Splits – São aparelhos compostos de 2 unidades: unidade condensadora que
fica em uma área externa e necessita de energia e dreno de água, e a unidade
evaporadora que fica dentro do ambiente e é ligada a unidade externa por dutos. A
locação da unidade interna dos ambientes deve ser estudada pelo arquiteto para
que se tenha o melhor condicionamento do ambiente.
Algumas premissas devem ser observadas, tais como: locar a unidade na
dimensão mais comprida do ambiente; evitar locar em frente à cama para que o ar
frio não incomode a pessoa deitada; evitar instalar em cima de armários para que,
caso ocorra entupimento de dreno e vazamento de água pela unidade, estes não
sejam danificados; locar de forma a encurtar a distancia entre as unidades, pois
quanto maior a tubulação menos eficiente a máquina se torna; dimensionar a
máquina considerando a área e o uso do ambiente a ser condicionado e o número
de usuários do espaço.

Em qualquer um dos sistemas de condicionamento de ar escolhido, é


essencial programar manutenção periódica a fim de aproveitar melhor a capacidade
do aparelho e garantir a salubridade do ar.
Para ambientes que precisem de mais silêncio como bibliotecas, auditórios,
salas de leitura, deve-se optar por aparelhos mais silenciosos.

 Segurança
O ambiente projetado deve ser seguro para a pessoa que irá utilizá-lo. Para
isso os materiais utilizados devem ser adequados ao uso que, o layout e detalhes
construtivos e de mobiliário devem garantir o pleno desenvolvimento das atividades
a serem realizadas no espaço determinado e com segurança.
Os projetos devem estar de acordo com as normas de segurança
estabelecidas por órgãos responsáveis por supervisão e liberação de licenças e
alvarás de funcionamento e estas devem ser respeitadas e seguidas na execução
do projeto e obra. Cada tipo de empreendimento será submetido a diferentes regras,
estas normas podem inclusive variar de cidade para cidade, país para país. Porém,
além de atender às normas oficiais, o arquiteto precisa também se preocupar em
garantir a segurança do usuário do espaço. Materiais e detalhes construtivos
adequados ao uso do local garantem a prevenção de acidentes. Em áreas
molhadas, ou que recebam chuva, como entradas de edificações, não devem ser
instalados pisos escorregadios, em escolas infantis não se pode deixar quinas e
acabamentos que coloquem em risco as crianças que utilizarão o espaço.

ELEMENTOS DE PROJETO ARQUITETÔNICO

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O projeto de combate a incêndio e pânico deve seguir as normas locais, e vai
estudar a rede de hidrantes, rota de fuga, extintores, sinalização de emergência e
outros equipamentos necessários, mas cabe ao arquiteto na escolha de materiais os
quais atente para sua composição não inflamável. O projeto de incêndio irá também
dimensionar o reservatório de água específico para uso em casos de incêndio.
Empresas que trabalhem com estoque de material altamente combustível, como
postos de gasolina, fábricas de roupa, papel, etc., deverão redobrar o cuidado com a
prevenção a incêndios.
Outra forma de cuidar da segurança nos projetos é sinalizar corretamente
desníveis, adequar escadas e corrimãos às normas, iluminar corretamente estes
espaços de transição e desnível, acrescentar barras de segurança em locais a
serem utilizados por pessoas idosas, quando optar por tapetes soltos utilizar
antiderrapantes que evitem que saiam do lugar, garantir a circulação mínima
necessária entre os mobiliários do ambiente, dentre outras.

5.8. Projeto Executivo

Muito mais técnico, consiste no desenvolvimento detalhado do projeto básico,


já integrado aos projetos complementares, dando plenas condições à execução da
obra. Nesta fase são criados todos os desenhos de detalhamento necessários à boa
execução da obra, como por exemplo, detalhe de esquadrias, fixação de gradis e
corrimãos, paginação de pisos e azulejos, detalhes de acabamento na junção de
materiais diferentes, etc, enfim, todo o material necessário para nortear a perfeita
construção do edifício.

5.9. As Built

“As Built” é uma expressão inglesa que significa “como construído”.


O trabalho consiste no levantamento de todas as medidas existentes nas
edificações, transformando as informações aferidas em um desenho técnico, que irá
representar a atual situação de dimensões, dados e trajetos de instalações elétricas,
hidráulicas, estrutural, etc. Desta forma, cria-se um registro das alterações ocorridas
durante a obra, facilitando a manutenção e/ou futuras intervenções.
A revisão As Built indica que é a revisão final, ou seja, que o desenho está
finalizado de acordo com o projeto construído, com isso, ele não deve mais sofrer
modificações.

6. ELEMENTOS CONSTRUTIVOS

6.1. Piso

O piso é uma das maiores superfícies de um ambiente, por esta razão, exerce
influência grande no resultado final do projeto. Sua interferência pode ser estética,
acústica, na reflexão de luz, na manutenção do ambiente, ou seja, mesmo que
esteticamente ele seja neutro, ele irá influenciar na qualidade da acústica do
ambiente, etc.

ELEMENTOS DE PROJETO ARQUITETÔNICO

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A escolha de pisos na mesma tonalidade, em diferentes ambientes do projeto,
pode ser um recurso para dar uma sensação de amplitude em espaços pequenos.
A diagramação do piso (o desenho com a disposição do piso assentado) pode
ser um recurso para utilizar de forma diferenciada um material, quando dispomos um
piso na diagonal obteremos um resultado diferente da diagramação do mesmo piso
de forma reta. Em um corredor, se o piso for assentado no sentido longitudinal criará
a sensação de um corredor mais comprido. Um piso em tabuas, assentado
perpendicular às paredes de um corredor estreito ajudam a dar a sensação de
alargamento deste corredor.
Uma diagramação utilizando vários tipos de piso e cores deixam o ambiente
“cheio”, se esta for a opção, deve-se escolher um mobiliário mais neutro, para não
pesar na decoração geral do ambiente.
Na diagramação o piso pode ser usado como divisor de ambientes ou
direcionador de transito.
Quanto mais duro o piso, pior será a acústica do ambiente, pois o piso irá
refletir o som e não absorvê-lo. Se o ambiente necessitar de uma boa acústica,
deve-se optar por pisos como carpete e madeira. A baixa absorção de som pelo piso
pode ser corrigida com o uso de tapetes e cortinas no ambiente, ou forros acústicos.
A dimensão do piso também influencia no resultado final. Um piso com maior
dimensão, como uma cerâmica de 80x80 terá muito menos juntas do que um piso de
30x30, deixando o ambiente mais “uniforme”, mais “limpo”.
Pisos com maior área de rejuntamento não são indicados para áreas
molhadas, pois acumulam água e sujeira, dificultando a higienização e manutenção.
Em boxe de sanitários, além de utilizar piso antiderrapante, é aconselhável optar por
pedras maiores para ter menos rejuntamento e evitar estes problemas.
Existem inúmeros materiais para piso disponíveis no mercado, mas escolher
o piso de um ambiente é uma das tarefas mais difíceis da especificação do projeto.
Na escolha do piso devem ser levadas em conta algumas características como:

Tráfego – A maioria dos pisos trás em sua especificação técnica o índice PI,
que indica a resistência do piso. Quanto mais trafego for ter no ambiente, mais
resistente deverá ser o piso. Portanto, pisos próximos a elevadores, piso de
shopping center, etc., devem ter um PI elevado (PI 5) para que o seu desgaste
ocorra em um prazo mais longo.
Pisos de garagens e locais de acesso de veículos deverão ser específicos
para este tráfego. Quando o tráfego for de veículos pesados/caminhões deverão ser
utilizados pisos resistentes para aguentar a carga definida e, neste caso, também
deve-se atentar para que a fundação (ou seja, o preparo do terreno abaixo do piso)
tenha sido calculada para suportar a carga destes veículos.

Localização – De acordo com o local onde será colocado, o piso deve ser
escolhido com cuidado. Devemos atentar especialmente para a localização interna
ou externa ao edifício.
Uso externo: pisos a serem utilizados em áreas externas deverão ser
antiderrapantes (para evitar escorregões) e resistentes a sol e chuva. Pisos usados
em bordas de piscinas e áreas de lazer, além de atender a estes itens citados,
devem ser atérmicos, pois as pessoas estarão descalças nestas áreas e se o piso
esquentar fica impossível de transitar sem sapatos.

ELEMENTOS DE PROJETO ARQUITETÔNICO

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Uso interno: o uso em áreas internas é bem mais amplo, deverão ser
observadas as características do projeto e adequação ao estilo e estética. Deve ser
levado em consideração também para qual cômodo/ambiente será especificado e o
tipo de projeto.

Piso suspenso ou elevado – é o piso que é instalado a uma determinada


altura do chão (essa altura é variável de acordo com o projeto), deixando um vão
livre por onde passam as instalações elétricas, de telefonia e lógica. É uma base
onde em cima pode ser colocado qualquer tipo de piso. O custo do piso suspenso é
alto, então se deve avaliar o custo X beneficio desta opção, pois ele também possui
vantagens como a flexibilidade das instalações. Seu uso pode ser muito interessante
para empresas que mudam o seu layout interno com frequência ou edifícios de salas
comerciais.

Deve-se, ainda, atentar para as normativas e legislação em vigor na


localidade do projeto. Outra questão são as normas de acessibilidade, que indicam a
instalação dos pisos táteis em locais determinados, que funcionam como guias para
orientar e direcionar o deficiente visual.
A seguir veremos um pouco sobre alguns tipos de piso:
 Carpete
É uma espécie de tapete que reveste por completo e é fixado no chão, ou
seja, quando é fixo chama carpete e quando é solto é tapete. O carpete é excelente
como elemento acústico, em espaços comerciais o tipo Buclê é mais indicado (ele
tem o pelo curto que faz uma volta e fixa de novo na base). O mercado oferece uma
enorme variedade de cores, padrões e acabamentos, cabendo em diversos níveis
de orçamentos e para os mais distintos projetos.
O carpete pode acumular poeira, então em locais de muita umidade torna-se
mais difícil sua manutenção, deve-se optar por carpetes com tratamento antiácaro.
Pelo mesmo motivo, deve-se evitar seu uso em quartos de pessoas com alergias
respiratórias. Em lugares frios o carpete se torna uma ótima solução para se obter
conforto térmico.
 Concreto
O piso em concreto deve ser executado por pessoas especializadas, a fim de
evitar trincas e acabamentos malfeitos. Deve ter juntas de dilatação, e dependendo
do tipo de concreto, pode ter ou não contrapiso. Pode ser acabado com uma resina
de poliuretano, acrílica ou verniz. É um piso uniforme, frio, duro, com baixa absorção
de som. É bastante usado em projetos comerciais por ser prático na manutenção e
resistente.
 Mármores e granitos
Sofisticados e de fácil manutenção, a padronagem e o custo variam de acordo
com a jazida de origem. Polidos são escorregadios, apicoados, hidrojateados ou
flameados são antiderrapantes. Os mármores são porosos e tem menos resistência
a água e ao desgaste do que os granitos.
 Granilite
Assim como o concreto, se não for aplicado corretamente pode apresentar
trincas. É resistente, frio e de fácil manutenção.
 Cerâmica, porcelanatos, pastilhas de vidro

ELEMENTOS DE PROJETO ARQUITETÔNICO

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Bastante utilizados no Brasil, tem uma variedade enorme no mercado, podem
ser assentados com diagramações bem variadas. Atentar para a resistência de cada
produto e suas indicações de uso.
 Madeira
Existem vários pisos de madeira, como o parquet, tábua larga, taco, carpete
de madeira, etc. e diferentes acabamentos, como verniz, clareamento, pátina, etc. O
uso da madeira escura pode dar mais sobriedade no ambiente, mas para não torná-
lo muito escuro deve-se complementar a decoração com cores claras.
 Laminados
Existem várias opções no mercado e sua qualidade depende de suas
especificações técnicas, por exemplo, podem ser mais resistente ao risco, umidade,
etc. Ele é vendido em réguas ou placas e a qualidade do produto, juntamente com a
colagem/instalação, determinará sua durabilidade.
 Pisos vinílicos
Com grande variedade, atende a diversos níveis de exigência, podem ser
bastante resistentes, para tráfego intenso de pessoas, antiderrapante, acústico, etc.
São fáceis de aplicar e uma boa opção para hospitais, e salas de cirurgias onde se
deve evitar pisos com rejuntamento. Não são indicados para áreas molhadas.
 Pisos de borracha
Econômicos, de fácil manutenção, são comumente usados em academias,
vestiários, clinicas de fisioterapia.
 Aço
Chapas de aço podem ser usados de modo específico para caracterizar um
ambiente, como uma loja com cara de hightech por exemplo.

6.2. Paredes

São elementos construtivos que a depender de sua função podem ser de


diversos materiais e ter diferentes alturas. Por exemplo, uma parede com altura de
1,80m bloqueia a visão sem bloquear iluminação e ventilação.
As paredes podem ser estruturais (quando sustentam a laje ou outros
elementos acima delas) e neste caso não podem ser removidas, pois poderá ocorrer
o desabamento da estrutura. As paredes podem também servir apenas para
fechamento de vãos, podendo ser de diferentes materiais a depender da localização.
As externas deverão ser de material que resista às intempéries, já as internas
podem ser de praticamente qualquer material, como drywall (gesso acartonado),
bloco, madeira, por exemplo.
Algumas paredes têm seu material estrutural deixado à mostra, como um
recurso decorativo, é o caso de paredes de pedra ou de tijolinho, ou o próprio
concreto.
Deve-se lembrar que existe uma grande diferença entre o material estrutural
da parede e o seu revestimento. Por exemplo, uma parede de pedra e uma parede
revestida com pedra, a primeira é feita de pedra e a segunda é apenas revestida
com pedra, sua estrutura pode ser em bloco ou concreto por exemplo.
Abaixo podemos ver alguns dos materiais que podem ser utilizados em
paredes.

ELEMENTOS DE PROJETO ARQUITETÔNICO

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 Parede de alvenaria de bloco
É um dos materiais mais comuns para construção de paredes no Brasil. Tem
como vantagem a resistência, nelas podem ser fixados quadros e prateleiras, com
parafusos comuns e sem muita preocupação em caírem.
Antigamente o custo de uma parede de bloco era muito menor do que de uma
parede drywall, mas hoje, com o aumento dos custos de mão de obra e material, a
de drywall pode ficar até mais barata.
O peso de uma parede de bloco é grande, o que é uma desvantagem, muitas
vezes numa reforma a laje de piso não está preparada para aguentar a sobrecarga
de uma nova parede de blocos, nestes casos a parede terá que ser de material mais
leve como o drywall.
 Parede de gesso acartonado (Drywall)
Sua principal vantagem é ser de rápida execução e pouco peso. Entretanto,
qualquer coisa que se deseje instalar na parede drywall terá que ser planeja antes
de sua execução, isso porque se faz necessário um reforço estrutural interno para a
sustentação de armários, quadros, televisores, etc, na drywall. Outro ponto
importante é que a parede deve ser bem executada, com alinhamento das placas e
emenda perfeita, caso contrário se gastará muita massa corrida para cobrir os
defeitos da instalação.
Esta parede pode ter isolamento acústico e térmico, se forem colocadas na
sua estrutura mantas isolantes. Não pode ser usada como parede estrutural.
 Vidro
Uma parede de vidro será uma divisória e nunca uma parede estrutural.
Pode-se utilizar diversos tipos de vidro. Uma parede em vidro duplo permite
isolamento acústico sem bloquear a visão, assim, muitas vezes são usadas nos
“aquários” que servem como salas de reunião em espaços coorporativos. As
paredes de vidro opaco (que não permite a visão através dele) podem ser usadas
em divisórias de sanitários públicos, por ser de fácil de higienização e ter grande
resistência a arranhões e vandalismo. Paredes feitas com tijolos de vidro podem
permitir a entrada de luminosidade.
O vidro também pode ser usado como revestimento de uma parede estrutural,
de alvenaria de bloco por exemplo.

Uma parede estrutural pode receber inúmeros tipos de revestimentos como


do papel de parede, lambri de madeira, cerâmica... A Formica (laminado
melamínico) é uma grande opção de revestimento para paredes, pois diminui a
necessidade de manutenção já que é fácil remover a sujeira de sua superfície.
Como alternativas para melhorar a acústica de um ambiente pode-se ainda
usar carpetes especiais e espumas como revestimento de paredes uma vez que
estes elementos absorvem bastante o som. No caso de um estúdio, teatro ou
auditório é essencial se utilizar destes revestimentos para melhorar a acústica.

6.3. Portas

Existem portas de diversos tipos de abertura, materiais e modelos, em um


mesmo projeto muitas portas serão necessárias e cada uma delas deverá ser

ELEMENTOS DE PROJETO ARQUITETÔNICO

31
cuidadosamente escolhida para melhor se adequar a funcionalidade e estética
desejada.
Inicialmente é necessário estudar a localização correta da porta, verificando
as atividades que ocorrerão no ambiente, a melhor circulação interna, a disposição
do mobiliário, a incidência de luz natural, etc. A locação correta de uma porta
representa o melhor aproveitamento do espaço.
Para atender a função devemos avaliar o bloqueio visual necessário,
privacidade, segurança, etc. Devemos ainda avaliar qual a frequência do uso para
decidir a forma de abertura e até para optar entre acionamento manual ou
automático. Avaliar a manutenção que a porta irá necessitar e, por fim, mas não
menos importante, o impacto visual que trará ao projeto.
De modelos tradicionais ou diferenciados, a porta principal (de entrada) é
sempre um convite a quem entra. Em um espaço comercial a porta poderá fazer
grande diferença na primeira impressão de um cliente.
As portas são compostas por diversos
elementos que podem estar presentes ou
serem diferenciados de acordo com cada
tipo de porta, entretanto, um elemento
sempre presente é a folha, que é a parte
móvel da porta (que corre, que gira, etc.). O
batente é o elemento que guarnece o vão da
parede e contra o qual a folha da porta é
fixada, existem vários tipos de batentes que
são conhecidos por diferentes nomes como
aduela, marco e caixão. A guarnição dá o
arremate à parede, ela é presa ao batente e
serve como moldura da porta. Já as
ferragens, como são chamadas em geral as
várias peças metálicas, tem função de
sustentar, fixar, movimentar ou trancar as
portas, entre elas citamos dobradiças,
fechaduras, ferrolhos, rodízios, maçanetas,
fixadores, puxadores, etc.

Atenção! As portas de ambientes não residenciais devem respeitar


dimensões, distâncias e espaçamentos necessários para manobras de cadeiras de
rodas e acesso de pessoas com mobilidade reduzida. Portas de algumas áreas
específicas também precisam estar de acordo com normas de segurança para casos
de incêndio e pânico.
Algumas considerações gerais podem ser vistas nas normas de referência:
ABNT NBR - 9050 – Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e
equipamentos urbanos
ABNT NBR - 9077 – Saídas de emergência em edifícios

Estas considerações se aplicam às áreas comerciais e de acesso ao público,


(as edificações residenciais multifamiliares como edifícios, condomínios e conjuntos
habitacionais devem seguir essas normas em suas áreas de uso comum). As
principais delas são:

ELEMENTOS DE PROJETO ARQUITETÔNICO

32
- As portas, inclusive de elevadores, devem ter pelo menos uma folha de 80
cm de largura em qualquer modelo escolhido, respeitando sempre um vão livre
mínimo de 0,80 m e altura mínima de 2,10 m. Em academias e outros locais
destinados ao esporte, o vão mínimo deve ser 1,00m.
- As maçanetas utilizadas devem ser do tipo alavanca, instaladas a uma altura
entre 0,90 m e 1,10 m do piso.
- Em sanitários e vestiários em instalações de saúde, os puxadores devem
ser horizontais, com pelo menos metade da largura da porta.
- Em sanitários adaptados para pessoas com mobilidade reduzida e
cadeirantes, as portas devem abrir para fora.
- O acionamento de abertura de portas por sensores deve ser regulado para a
altura de crianças, pessoas de baixa estatura e cadeirantes.
- Trilhos inferiores de portas de correr não devem ter mais que 15mm e tem
que estar nivelados com o piso.
- Portas de saídas de emergência devem abrir para fora, no sentido da rota de
fuga.

Espaços necessários junto às portas para passagem de cadeirantes em diferentes


situações. (1) Aproximação frontal e (2) aproximação lateral.
Ilustrações extraídas da ABNT NBR - 9050 – Acessibilidade a edificações, mobiliário,
espaços e equipamentos urbanos.

Tipos de portas (classificadas a partir do modo de abertura):


 Porta de abrir (tradicional)
Pode ser de uma ou duas folhas com dobradiças de abrir, que podem ser de
90º ou 180º.
A direção de abertura da porta deve ser planejada de forma a não prejudicar a
circulação interna do espaço e não expor a privacidade interna do ambiente. Por
exemplo, num consultório médico, quem entra pela porta não pode ter contato visual
com a maca onde o paciente esta sendo examinado.
 Porta pivotante
Gira em torno de um eixo deslocado. É normalmente usada em portas de
entrada, quando a dimensão da folha é superior a 90cm. Deve-se ter atenção para

ELEMENTOS DE PROJETO ARQUITETÔNICO

33
que a estrutura pivotante suporte o peso da folha, para evitar empenos e dificuldade
no manuseio da porta.
 Porta giratória
Gira em torno de um eixo central. É muito usada como porta de segurança em
estabelecimentos como bancos e hotéis, já que pode ser regulada para girar apenas
em um sentido e ainda aliar a um dispositivo de travamento acionado por detectores
de metal.
 Porta vaivém
Usada em restaurantes, tem abertura nos dois sentidos, com a vantagem de
permitir a passagem sem o uso das mãos, as folhas retornam à posição original.
Deve-se observar que se torna perigosa quando não se tem a visão de quem esta
do outro lado.
 De correr
Existem variedades desta porta que pode correr interna ou externamente à
parede. A grande vantagem é não ocupar espaço do ambiente, como as portas que
precisam do vão livre para fazer o giro.
 Sanfonada / camarão
Abre fazendo dobras, pode correr em trilhos ou não. Quando suas folhas de
porta são menores, ocupa menos espaço ao abrir. É bom para espaços pequenos,
mas não é ideal para uma porta que se abra com muita frequência.

Materiais usados para fabricação de uma porta:


A escolha de um material para uma porta deve atender a própria função da
porta. Portas que estarão expostas as intempéries devem ser fabricadas com
materiais resistentes à chuva e sol. Já nos ambientes internos, protegidos de água,
poderão variar de acordo com o estilo do projeto. As portas em instalações não
residenciais, muitas vezes, precisar receber uma sinalização diferenciada para
indicar a qual ambiente ela levará.
As portas, mesmo dentro de um mesmo projeto, irão variar o material, o
acabamento, a cor, para que melhor exerçam suas funções.
 Ferro
O ferro por ser um material muito resistente, consegue vencer grandes vãos,
mas também pode deixar as portas muito pesadas. Portas de ferro necessitam de
manutenção constante, mas são bastante seguras. Podem ser confeccionadas em
diversos modelos, inclusive combinando o ferro com outros materiais.
 Alumínio
Como o alumínio resiste ao salitre, as portas em alumínio tem grande
durabilidade e não precisam de manutenção ou pintura. São mais leves que o ferro,
mas precisa-se ter cuidado para que não sejam muito vulneráveis no ítem
segurança. Podem ser feitas em diversos modelos, com veneziana para permitir
ventilação (ideal para depósitos ou espaços que precisam ficar ventilados mesmo
com a porta fechada), com vidro (que permite a visualização do outro lado), lisa, etc.
 Vidro temperado
Uma porta de vidro temperado não requer caixão/aduela, etc., com a
ferragem específica, ela será fixada diretamente na alvenaria. Quando feita em vidro
incolor dá total transparência ao espaço, já com vidro jateado, permite a passagem
de luz mas impede a visualização do ambiente. Pode-se ainda utilizar vidro em

ELEMENTOS DE PROJETO ARQUITETÔNICO

34
diversas tonalidades, de acordo com o efeito desejado no projeto, além de películas
ou vidros especiais para diminuir a transmissão de calor através dele. Este tipo de
porta não permite isolamento acústico.
 Madeira
Portas que estarão expostas às intempéries, terão que ser feitas com madeira
maciça para serem resistentes e isto também lhes dará grande propriedade acústica.
O MDF, que hoje é mais comumente utilizado, é mais leve e também menos
resistente. O acabamento de uma porta de madeira pode variar e assim sua
manutenção. Uma porta lisa pintada exigirá mais cuidados do que uma porta
laminada em melaminico resistente. Uma porta laqueada também necessitada de
manutenção, porém menos que a pintada com tinta comum, já que no processo da
laca a pintura é mais resistente. Mesmo as portas com acabamento em madeira
natural precisam de verniz ou seladora.

6.4. Janelas

Janelas são vãos de abertura de comunicação entre dois ambientes, esta


comunicação pode ser entre o ambiente interno e externo ou entre dois espaços
internos. A comunicação interna entre os ambientes, em um projeto comercial, pode
ser feitas através de janela ou visores.
Dimensões mínimas permitidas para o vão de abertura de um espaço são
ditadas por leis, normas e códigos de obra para garantir o conforto do ambiente
interno, mas as dimensões ideais e características de uma janela serão norteadas
pelas necessidades e singularidades de um projeto. Janelas bem dimensionadas e
bem posicionadas poderão ser o diferencial de sucesso de um projeto.
A altura do peitoril de uma janela deve atender à função e privacidade
esperada para um determinado ambiente.
As janelas são as grandes fontes de iluminação natural e ventilação do
espaço, mas deve-se atentar para as características do local onde o projeto está
situado. Por exemplo, em um país onde as temperaturas são muito elevadas e não
costuma ventar, não é desejado que o ambiente interno tenha muitas aberturas para
o exterior. Em áreas comerciais as janelas são usadas normalmente apenas como a
fonte de iluminação, pois os ambientes internos são condicionados durante o turno
de trabalho, desta forma a existência de muitas aberturas, em um local de clima
quente, irá resultar na entrada de calor no ambiente, aquecendo-o. Com o ambiente
mais aquecido, necessita-se de mais potencia de ar condicionado pra mantê-lo em
temperatura agradável, aumentando muito os custos com energia elétrica.

As áreas de abertura/ janelas que utilizarem vidro incolor permitirão maior


entrada de raios UV e calor, funcionando como uma estufa. Para evitar ou inibir
parte da entrada deste calor pode-se usar vidro com tratamento adequado de filtro
de calor, películas protetoras, ou ainda bloqueios internos (como cortinas e
persianas, que também tem um custo elevado) ou externos (como os brises
solaires).

Tipos de janelas:
 De abrir

ELEMENTOS DE PROJETO ARQUITETÔNICO

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Abertura pode ser para dentro ou para fora do ambiente. Deve-se atentar no
caso de colocar grades na janela, pois se as folhas abrirem para fora, a grade irá
dificultar o seu fechamento. Permite abertura total, aproveitando toda luz e
ventilação possível. Pode ser em diversos materiais como madeira, vidro, alumínio,
veneziana, etc.
 De correr
Corre em trilhos, na sua abertura as folhas são acumuladas em um dos lados,
diminuindo o vão aberto. É bastante usada, pois não ocupa espaço dentro do
ambiente.
 Fixa
Na verdade funciona mais como um visor, um pano de vidro que permite a
visualização e/ou a entrada de luz, a depender do vidro escolhido.
 Maxi-ar
Abertura do vão total, porém a própria folha bloqueia parte da entrada de ar.
 Guilhotina
Com uma folha fixa e outra móvel, que corre no sentido vertical, terá apenas
metade da abertura do vão.
 Pivotante
O eixo pivotante pode ser deslocado ou central, se for com eixo central
precisará do espaço de seu raio, livre, dentro do ambiente, se for deslocado
precisará do espaço do seu diâmetro.
 Basculante
De uma ou mais folhas, que abrem em conjunto, podem ser em vários
materiais. As folhas móveis podem direcionar a entrada do vento e impedir a entrada
de chuva, podendo ficar aberto o tempo todo. São muito usados em áreas de serviço
e sanitários, com altura de peitoril que impedem a visão.

Materiais (matérias primas de uma janela):


Janelas podem ser de madeira, alumínio, ferro, vidro, pvc, e os acabamentos
irão variar de acordo com cada material.
O perfil do alumínio poderá ser natural, anodizado (que é um tratamento
químico que aumenta sua durabilidade), ou com pintura eletrostática (pintura feita
em estufa e de grande resistência). Desta forma, além de aumentar a proteção do
alumínio, podemos ter uma variação de cores nos perfis. A madeira poderá ser com
vários acabamentos, como vernizes adequados a cada necessidade, seladores e
pintura.

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36
6.5. Teto e forro

Teto é a superfície plana, horizontal ou inclinada, que forma a parte superior


interna de um recinto coberto ou construção, como a face inferior de uma laje, por
exemplo. Já o forro é instalado abaixo da cobertura a uma distância que pode variar,
sendo o revestimento da face inferior da laje ou de telhados. Pode ser de diversas
formas e materiais.
O forro pode desempenhar um papel importante em um projeto, tanto estético
como acústico. Como função, o forro permite que seja feita de forma mais livre a
distribuição das instalações no teto e locação de pontos de luz conforme
necessidade de projeto, além de dar acabamento e melhorar o conforto térmico e
acústico em alguns casos. Ele também pode ser instalado a certa distância da
cobertura.
Existem muitos tipos de forros e é importante saber quais as possibilidades
existentes para poder escolher o mais adequado. Nesse momento, deve-se levar em
conta as necessidades do projeto X características do tipo de forro, considerando a
absorção acústica, estética, proteção contra fogo, facilidade de manutenção, rapidez
e facilidade de montagem, durabilidade, etc.

Principais tipos de Forro:

 Forro de gesso maciço em placas


O sistema consiste de uma superfície de gesso presa por arames à cobertura
ou a uma estrutura intermediária de forma que, por baixo, o usuário veja apenas um
plano liso (também pode-se fazer recortes e detalhes de acordo com o projeto).
Vantagens:
- Custo relativamente baixo, em relação às demais alternativas;
- Possibilidades de detalhamento arquitetônico requintado, com sancas e
rodatetos em diversos formatos;
- Elevada resistência ao fogo - protege instalação contra incêndios.
Desvantagens:
- Sensível à água (não indicado para áreas molhadas);
- Remoção é destrutiva - não permite acesso posterior às instalações;
- Instalação artesanal, com muito desperdício e sujeira na execução;
- Mais pesado que outros tipos de forro.

 Forro de gesso acartonado (drywall)


O forro de drywall é executado com grandes placas de gesso que vêm
envolvidas em um papel similar ao kraft. O sistema é o mesmo utilizado para fazer
paredes. Esse tipo de forro, que ganha cada vez mais mercado, tem uma tecnologia
maior do que o tradicional forro de placas. Podem ou não ter a estrutura aparente.
Vantagens:
- Pode ser usado em áreas molhadas (apenas o tipo especial);
- Montagem menos artesanal que o gesso comum, seu sistema de aplicação
é bem mais limpo;
- Boa resistência ao fogo;
- Removível, quando a estrutura é aparente;

ELEMENTOS DE PROJETO ARQUITETÔNICO

37
- Há uma facilidade maior para executar forros curvos e detalhes dessa
natureza no teto.
Desvantagens:
- Quando a estrutura não é aparente, a remoção é difícil e normalmente
destrutiva.
- Custo é relativamente mais alto.

 Forro de madeira
Existem os forros de madeira prontos que são de instalação simples: as ripas
vêm com um encaixe do tipo macho e fêmea e devem ser pregados ou parafusados
a distâncias regulares, numa estrutura de madeira auxiliar, ou diretamente na laje.
No entanto, os forros de madeira incluem também os forros projetados, ou seja
forros de madeira diferentes, em ripas, curvos, em placas, em OSB, ou qualquer
possibilidade que o projetista desejar. Nesses casos de forros sob medida, é
interessante conversar longamente sobre os detalhes de acabamento e fixação com
o marceneiro que for executar.
Vantagens:
- Estética - Existem vários tipos de madeira e acabamentos e ainda é possível
realizar variações com vernizes e tintas;
- Material renovável e biodegradável (deve-se sempre optar pelos que utilizam
madeira sustentável).
Desvantagens:
- Baixa resistência ao fogo;
- Baixa resistência à umidade;
- Remoção difícil, não acessível, porém algumas vezes pode ser desmontado.

 Forros metálicos
Existem tipologias bastante diferentes, com dois grandes grupos: os forros
metálicos lisos e os forros metálicos compostos. Os forros metálicos lisos são em
geral constituídos por finas chapas metálicas, usualmente perfuradas. Essas
perfurações podem ter muitas variações, compondo o desenho do forro, assim como
o acabamento da chapa metálica. As chapas também podem ser estampadas com
alto ou baixo relevo. Já os forros compostos, em geral produzidos por grandes
fabricantes, são como que elementos vazados colocados na horizontal. Existem
muitos tipos, mas o mais comum é o do tipo colméia: um quadriculado com cerca de
10 centímetros de altura.
Vantagens:
- Resistente ao fogo;
- Resistente à umidade;
- Vários tipos de formas e cores;
- Totalmente removível (acessível);
Desvantagens:
- Baixa absorção térmica e acústica;

 Forros de PVC
Composto por basicamente lâminas de PVC com uma pequena estrutura
interna e que se encaixam entre si. Essas lâminas possuem diferentes larguras,
conforme os padrões de cada fabricante e são afixadas conforme cada sistema.

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Vantagens:
- Facilidade de limpeza e manutenção;
- Leve;
- Boa resistência a umidade;
- Remoção fácil, quando em placas;
- Custo baixo em relação às demais opções;
- Rápida execução.
Desvantagens:
- Baixa resistência ao fogo;
- Baixa absorção térmica e acústica;
- Remoção difícil, quando em réguas;
- Pouca variedade de acabamentos e também não é indicado para pintura.

 Forros modulares
Os forros modulares são muito comuns em escritórios e ambientes
corporativos. São chamados de forros modulares ou removíveis porque são
formados por um conjunto de estrutura metálica (que, em geral, fica aparente ou
semi-aparente), e fechamentos, que são placas de tamanhos variáveis apenas
apoiadas sobre essas estruturas metálicas.
Vantagens:
- Totalmente acessíveis
- Os elementos de fechamento dos módulos podem ser de diversos tipos,
como os forros minerais, de lã de vidro, de isopor, dentre outros.
As principais vantagens e desvantagens serão determinadas pelo material e
acabamento escolhido para fechamento.

Diferentes movimentos podem ser criados no teto de um ambiente e irão


trazer efeitos diferentes, alterando a sensação do espaço através dos forros. Às
vezes estes movimentos propostos podem ter o objetivo de esconder ou disfarçar
elementos estruturais como vigas, ajudar a delimitar o espaço abaixo de acordo com
o layout, ou ainda quebrar a monotonia de um teto muito extenso, criando vários
planos neste teto. Em casos de forros ou tetos nos quais não é possível fazer
alterações, existem recursos que os arquitetos podem utilizar para modificar as
sensações do usuário do ambiente de acordo com a necessidade do projeto.
Para dar a sensação de rebaixamento do forro ou teto:
- Pintar em tonalidade mais escura que as paredes;
- Direcionar os fachos de todas as luminárias para baixo;
- Usar um roda-teto escuro como o teto;
- Colocar as luminárias em um plano abaixo do teto – o espaço entre o
plano da iluminação e o teto, ficará escuro, dando a sensação de que o teto
está mais baixo do que realmente esta.
Para elevar, visualmente, o forro ou teto:
- Pintar em tonalidade mais clara que as paredes;
- Direcionar fachos de luzes para o teto;
- Manter a superfície do teto o mais homogêneo possível, se existirem
vigas ou outros elementos, deve-se pintar na mesma cor do teto.

ELEMENTOS DE PROJETO ARQUITETÔNICO

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6.6. Pilares e vigas

Pilares e vigas são elementos construtivos resultantes do projeto estrutural e


responsáveis pela sustentação da edificação.
O arquiteto deve ter conhecimento de cálculo e estruturas, pois ao projetar,
ele irá locar pilares e programar os layouts internos levando em consideração estas
locações.
Estas estruturas serão locadas e dimensionadas no projeto estrutural para
que exerçam suas funções, porém devem prejudicar o mínimo possível os espaços
internos. Em alguns casos, como garagens, os pilares têm que seguir o
dimensionamento das vagas e corredores de acesso dos veículos, senão não há
como utilizar o espaço como estacionamento.
Nos casos em que pilares e vigas já instalados incomodam a decoração
interna dos espaços, podemos usar artifícios decorativos para minimizar a
visualização destes elementos. A simples pintura de vigas na mesma cor do teto, e
de pilares na mesma cor das paredes, já camufla a visualização destes elementos.
Outra forma é rebaixar todo o teto com gesso liso, ou outro tipo de forro, deixando a
estrutura escondida. Ainda usando o gesso liso, pode-se criar planos diferentes
neste teto, fazendo um movimento muito interessante, e com custo relativamente
baixo.

Existem outros casos em que se exploram estes elementos como algo decorativo,
esse recurso é muito utilizado com estruturas metálicas, que são intencionalmente
pintadas com cores diferentes do teto para marcar e tirar partido da própria estrutura.

ELEMENTOS DE PROJETO ARQUITETÔNICO

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Outra solução que pode ser interessante é “abandonar” toda estrutura e
instalações que existam no teto e criar um “segundo teto” – um forro – em uma altura
mais baixa. Este pode ser um forro aberto (tipo colméia), com treliças, etc. neste
caso, ainda pode-se aliar a uma iluminação também baixa e direcionada para baixo,
que deixará no escuro tudo que estiver cima da luz.

6.7. Telhado

Costuma se chamar de telhado qualquer tipo de cobertura em uma edificação,


porém, o telhado, rigorosamente falando, é apenas uma categoria de cobertura, em
geral caracterizado por possuir um ou mais planos inclinados em relação à linha
horizontal (diferente, por exemplo, das lajes planas ou das cúpulas). A função
principal do telhado é a mesma que a de qualquer outra cobertura: proteger o
espaço interno do edifício das intempéries do ambiente exterior
Os telhados existem em vários formatos, mas todos são constituídos pela
composição de planos inclinados. A cada um destes planos inclinados, dá-se o
nome de água e costumamos classificar os telhados de acordo com a quantidade
dessas águas. Assim têm-se telhados de uma, duas, três, quatro ou mais águas (um
telhado pode ter uma quantidade bastante variável de águas, porém, a partir de
quatro já não nomeamos pelo número).
Normalmente a inclinação das águas de um telhado corresponde às
necessidades climáticas da região no qual é construído e da cultura do lugar, além
disso, está diretamente ligada ao tipo de cobertura empregada, ou seja, o tipo de
telha.
Os telhados são compostos basicamente pela estrutura de sustentação e
pelas telhas. A estrutura será projetada de acordo com o tipo de telha escolhido e as
características do projeto. Conhecer os tipos de telhas é importante para especificar
telhados adequados, pois dependendo do tipo que for utilizado podem proporcionar
conforto térmico, transparência, leveza, economia, beleza etc.

Principais tipos de telhas:


 Telha cerâmica
As telhas cerâmicas são largamente utilizadas pelo Brasil. É um das mais
antigas formas de coberturas de edificações. Proporcionam ótimo isolamento
térmico, fazendo com que a edificação fique com o ambiente interno mais fresco que
o meio externo. Existem diversos tipos de modelos de telhas feitas com esse
material, colonial, plan, americana, francesa, italiana, portuguesa, romana, etc.
 Telha de concreto
As telhas de concreto são mais recentes no mercado, elas também
proporcionam conforto térmico e possuem versatilidade de formatos e cores. São
mais fortes e resistentes que as telhas cerâmicas, porém são também mais pesadas.
 Telha de fibrocimento
São as mais econômicas do mercado. São resistentes e leves, por isso
precisam de um engradamento de telhado mais simples, mas devem ser bem
fixadas nas terças para que não tenha problemas com chuvas e ventos.
 Telha de vidro

ELEMENTOS DE PROJETO ARQUITETÔNICO

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As telhas de vidro proporcionam a entrada de luz nos ambientes. São
utilizadas em ambientes que precisam de iluminação conjugadas com as telhas
cerâmicas ou de concreto, por isso possuem os mesmos modelos/formatos.
 Telha metálica
O uso de telhas metálicas tem crescido nos últimos anos, principalmente
quando há necessidade de coberturas leves e vencer grandes vãos, por isso são
muito utilizadas em galpões e obras industriais.
 Telha termoacústica
Normalmente é constituída por duas telhas metálicas convencionais
preenchidas por material inerte (poliuretano, isopor, lã de vidro ou lã de rocha)
formando um "sanduíche". É uma ótima solução para coberturas onde se deseja
conforto térmico e acústico, tendo essa vantagem aliada ainda às características das
telhas metálicas.

6.8. Escadas e rampas

Existem normas técnicas que precisam ser cumpridas no momento de


projetar escadas e rampas, elas visam garantir a segurança do usuário. Algumas
normas são gerais, e outras variam de acordo com o tipo do ambiente a ser
projetado. Normas de referência:
ABNT NBR - 9050 – Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e
equipamentos urbanos
ABNT NBR - 9077 – Saídas de emergência em edifícios

A largura das rampas e escadas deve ser estabelecida de acordo com o fluxo
de pessoas. A largura livre mínima recomendável em rotas acessíveis (para rampas
e escadas) é de 1,50 m, sendo o mínimo admissível 1,20 m.
As rampas para pedestres devem ter inclinação de acordo com os limites
estabelecidos na tabela abaixo. Para inclinação entre 6,25% e 8,33% devem ser
previstas áreas de descanso nos patamares, a cada 50 m de percurso. Estes
patamares devem ter dimensão longitudinal mínima de 1,20 m, sendo
recomendáveis 1,50 m. Os patamares situados em mudanças de direção devem ter
dimensões iguais à largura da rampa.

As dimensões dos pisos e espelhos devem ser constantes em toda a escada,


sendo que os espelhos devem ter entre 16 cm e 18 cm de altura e os pisos devem
ter entre 28 cm e 32c m de largura.
Toda vez que a escada mudar de direção, deve-se utilizar um patamar da
mesma largura da escada e um patamar mínimo de 1,20m deverá ser utilizado toda
vez que a escada atingir desnível de 3,20m.

ELEMENTOS DE PROJETO ARQUITETÔNICO

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Nas rotas acessíveis não devem ser utilizados degraus e escadas fixas com
espelhos vazados.
Rampas e escadas têm que ter corrimão lateral contínuo de ambos os lados
sem arestas vivas. O corrimão deve ter de 3 a 4,5cm de largura (em caso de secção
circular o diâmetro máximo admissível é de 6,5 cm) e ser, no mínimo, distante 4 cm
da parede.
Guarda-corpo para escadas e rampas deve ser a 105cm do piso, e os
corrimãos a 92cm.

Ilustração extraída do livro Desenho Ilustração extraída da ABNT NBR - 9077 –


Arquitetônico de Gildo Montenegro Saídas de emergência em edifícios.

Módulo de aulas - Elementos de Projeto Arquitetônico-Parte I (Prof. Mila Peixoto)

ELEMENTOS DE PROJETO ARQUITETÔNICO

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