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Era Uma Vez Uma Estrela

Casper Graham

Zeke Wu fica preso na estrada depois que o seu carro quebra


repentinamente. Então ele conhece um velho estranho que o convida
para tomar uma xícara de chá. É quando sua visão do passado fica
mais forte. Ele vê dois homens, Wayne e James, e embora pareçam
familiares ele não os reconhece. Pelo menos não no início.
Sterling sonha com Wayne e James há anos, mas à medida
que envelhece, os sonhos se tornam mais vívidos, especialmente
depois de um encontro inesperado com um velho estranho que lhe
oferece uma xícara de chá. É quando ele descobre que é a
reencarnação de Wayne nesta vida e tem um desejo irresistível de
localizar James. Ou quem James deveria ser atualmente.
Quando eles se encontram, Sterling sente uma conexão
instantânea com Zeke, mas leva um tempo para ter certeza de que
Zeke é quem está procurando. Além disso, a história de amor de
Wayne e James terminou em tragédia, e parece que a história de
amor dele e de Zeke pode seguir o mesmo caminho.
Sterling e Zeke terão seus felizes para sempre? Ou estão
condenados a seguir os passos de Wayne e James?
Capítulo Um

— Não olhe para a câmera, por favor. — Zeke Wu instruiu


gentilmente enquanto sorria para Gerald, o aniversariante de cinco
anos posando para uma foto. — Corra com seus amigos. Torne mais
natural. Divirta-se.
Gerald assentiu enquanto sorria abertamente para Zeke.
— OK.
Zeke riu quando Gerald e seus amigos começaram a brincar
entre si. Ele tinha certeza de que Gerald não entendia totalmente o
que realmente queria, mas estava feliz e aliviado que o menino
cumprisse suas instruções de qualquer maneira. Nos minutos
seguintes, Zeke foi completamente ignorado por todas as crianças e
não se importou nem um pouco com isso. Era o fotógrafo contratado
pelos pais de Gerald para registrar o evento em nome deles.
— Oi, Zeke.
Ele olhou para a esquerda. Era Nancy, a mãe de Gerald. Ela
ofereceu a Zeke uma garrafa de refrigerante gelado, que ele aceitou
com gratidão.
— Obrigado.
— Por nada. Como estão as fotos?
— Ótimas. — Zeke respondeu ao abrir a garrafa antes de
beber o conteúdo e dar um pequeno suspiro depois. — Gerald é um
garoto incrível.
Nancy sorriu.
— Obrigada. Ele realmente é. Eu queria que o pai dele... me
desculpe. Esqueça isso.
Ela parecia um pouco envergonhada agora por quase revelar
um assunto pessoal para Zeke, mas não precisava ser um leitor de
mentes para compreender o ponto que ela estava tentando fazer. Ele
havia testemunhado August, o pai de Gerald, saindo da festa cerca
de uma hora atrás, alegando que tinha coisas para fazer no
escritório, embora fosse sábado à tarde. Gerald parecia realmente
com o coração partido e desapontado com isso. Zeke percebeu como
Gerald teve que se esforçar para não chorar na frente de August. Ele
ficou triste com a visão. Felizmente, Gerald, como a maioria das
crianças, parecia ter se recuperado e se tornado mais alegre
rapidamente. No entanto, Zeke não sabia como responder a Nancy,
então simplesmente limpou a garganta e apontou para Gerald.
— Acho que está quase na hora do bolo. Por que você não
reúne todas as crianças e alguns dos outros pais no jardim? Farei o
possível para fotografar Gerald de todos os ângulos que puder.
A expressão de Nancy se iluminou imediatamente,
obviamente aliviada pelo tato de Zeke e também pela abrupta
mudança no assunto da conversa.
— Essa é uma excelente ideia.
Depois disso, Zeke passou os próximos minutos fazendo o
que havia prometido, e continuou fazendo isso até o fim da hora do
jantar. Ele realmente não se concentrou no hambúrguer e nas duas
fatias de pizza que Nancy trouxe para ele porque queria ter certeza
de que faria bem o seu trabalho. Em vez disso, os devorou o mais
rápido que pôde antes de lavar as mãos e pegar a câmera
novamente. Também fez questão de obter gravações em vídeo de
algumas das atividades que ocorreram durante a festa. No final da
noite, estava bastante exausto, mas acreditava ter feito um trabalho
maravilhoso naquele dia.
— Vou salvar todos os arquivos em um pen drive. — Zeke
informou Nancy enquanto os dois caminhavam em direção à porta
da frente da mansão. Os amigos de Gerald e seus pais já haviam
saído para casa alguns minutos atrás. O próprio Gerald havia
adormecido no sofá da sala. — Tenho certeza de que posso fazer
tudo nos próximos dois dias. A que horas posso ligar para você na
segunda-feira?
— A qualquer momento. Sou desenvolvedora de sites e
trabalho em casa. Isso me dá mais tempo para ficar com Gerald, e
assim posso cuidar melhor de suas necessidades.
— Tudo bem então. — Zeke disse enquanto apertava a mão
dela. — Obrigado, Nancy. Você vai ouvir falar de mim em breve.
— Estou ansiosa por isso.
Eles se despediram e, alguns minutos depois, estava
voltando para casa, dirigindo seu carro velho e surrado para fora do
bairro rico. Seu próprio apartamento ficava a aproximadamente
quarenta minutos de distância, então seria uma longa jornada para
casa. Não surpreendentemente, a estrada estava realmente
silenciosa e bastante vazia naquela noite. Zeke adorava morar em
Ostal, um país insular com uma população de quase onze milhões de
pessoas, mas, fora o centro da cidade, a maioria dos bairros do país
ficava bastante deserta, mesmo nas noites de sábado.
Estava feliz por ter ido em seu carro em vez de usar trens e
ônibus. Estava começando a se sentir morto de cansaço e, em sua
condição atual, não gostava de ficar parado nos ônibus e trens para
chegar ao seu bairro do outro lado da ilha. No entanto, ficou surpreso
quando o motor do carro começou a engasgar e a emitir ruídos
estranhos. Podia sentir as frustrações e a irritação crescendo dentro
dele quando pisou no acelerador, mas alguns segundos depois, o
carro começou a desacelerar. Felizmente, conseguiu manobrar o
carro para o meio-fio e para longe do meio da estrada antes que ele
morresse completamente. Ele bateu as mãos no volante antes de
sair.
— Que porra é essa? — Ele murmurou enquanto abria o capô
e olhava dentro. — Merda! Não tenho ideia do que fazer com...
— Problemas no paraíso?
Assustado ao ouvir a voz, acabou batendo a cabeça no capô
dianteiro. Então ficou surpreso quando viu um senhor idoso com um
bigode grosso e branco e uma barba branca densa e ondulante
sentado em um banquinho à beira da estrada. Uma mesa estava ao
lado do homem e em frente a outro banquinho. Zeke apontou para
si mesmo antes de se dirigir a ele.
— Você está falando comigo?
O velho deu uma risadinha.
— Há mais alguém nesta estrada em particular a esta hora?
São sete e cinquenta e sete horas e a maioria das pessoas está se
divertindo no centro da cidade, não é?
Zeke riu.
— É verdade, e sim, estou tendo alguns problemas com o
meu carro. Esta é a terceira vez este mês.
O cara apontou para o banquinho vazio.
— Por que você não senta?
Zeke ia rejeitar a oferta, mas mudou de ideia no último
segundo. Seu carro não iria a lugar nenhum e estava irritado. Ele
poderia muito bem conversar um pouco com o senhor idoso. Podia
não saber quem era o homem, mas o estranho parecia uma boa
pessoa. Jogou a cautela ao vento e decidiu aceitar o convite do velho.
— OK. Me dê um momento. — Zeke disse enquanto fechava
o capô e pegava a chave do veículo antes de trancá-lo com
segurança.
— Tome um chá comigo. Tenho algumas folhas de chá
perfumadas que serão perfeitas para nós.
Zeke pensou ter ouvido mal as palavras do homem, mas
quando olhou na direção da mesa, percebeu que não. Sobre a mesa
agora havia duas xícaras e um bule. Zeke notou o vapor saindo do
bico do bule. Ele achou estranho. Não tinha ideia de onde o homem
havia conseguido os itens. Mais importante, não conseguia descobrir
como o cara conseguiu obter água quente para deixar as folhas de
chá em infusão. Mesmo assim, foi até o banquinho e sentou. No
fundo de seu ser, sabia que deveria ter sido mais cauteloso, mas sua
curiosidade inata era esmagadora. Observou enquanto o senhor
idoso derramava chá em sua xícara. O aroma que chegou ao seu
nariz era leve e doce.
— Obrigado.
O homem sacudiu a cabeça.
— Não há necessidade de me agradecer. Estou aqui para
fazer o meu trabalho.
Zeke estava confuso agora.
— Seu trabalho?
— Sim. — Respondeu o estranho. — Por que você não
prova?
Zeke hesitou, mas quando o homem bebeu chá de sua
própria xícara, ele fez o mesmo. Imaginou que deveria estar seguro
o suficiente, já que o chá tinha vindo do mesmo bule. Se o cara não
fosse envenenado depois de consumi-lo, Zeke tinha certeza de que
estaria seguro o suficiente. No instante seguinte, ficou feliz por ter
assumido o risco. O chá, sem sombra de dúvida, foi o melhor que já
tomou. Era celestial e requintado.
— Isso é incrível. — Zeke elogiou antes de beber pela
segunda vez.
O velho sorriu para Zeke enquanto colocava a xícara na
mesa.
— É, não é?
— Absolutamente. De que tipo é?
— Chá preto oolong, mas acrescentei um ingrediente
secreto.
— Posso receber uma dica? Eu gostaria de saber o que esse
ingrediente pode ser.
O homem riu.
— Infelizmente, não é algo que pode ser encontrado aqui na
Terra.
Os olhos de Zeke arregalaram com a incredulidade da
declaração.
— O que você quer dizer?
O homem colocou os dois braços sobre a mesa e se inclinou
para ficar bem mais perto de Zeke.
— Diga-me uma coisa, Zeke. Você acredita em destino e
sorte?
Zeke estava atordoado. Não conseguia se lembrar de ter se
apresentado. Se perguntou como o cavalheiro era capaz de saber
seu nome. Antes que pudesse resolver as coisas, algo nebuloso
apareceu do nada dentro de sua cabeça...
— Merda! — Um jovem exclamou espantado quando alguém
lhe deu um tapinha na nuca. O toque foi tão leve e terno que ele
estremeceu com a sensação. Ele olhou para cima aborrecido, mas
seu humor se iluminou quando percebeu quem era. — Wayne!
Wayne sorriu enquanto ocupava o lugar vazio no sofá ao lado
dele.
— Ei, James. O que você está lendo? Chamei você duas
vezes, mas você estava tão absorto no livro que não respondeu.
James fechou o livro e o passou para Wayne.
— Mitos e lendas chinesas.
Wayne bufou.
— OK. Em que você está tão interessado, afinal?
— O fio vermelho do destino.
— E daí?
— Supostamente, duas pessoas que deveriam ficar juntas
serão conectadas pelo fio vermelho. Eles são amantes destinados,
independentemente do lugar, hora ou circunstâncias. Este fio mágico
pode esticar ou se emaranhar, mas nunca se partirá.
Wayne zombou.
— Besteira! Não existem almas gêmeas.
James se aproximou muito mais de Wayne.
— Mas e se for real? Isso não vai ser tão romântico?
Wayne começou a rir.
— Vamos, James. Caia na real. Isso soa tão louco. Por que
você deve acreditar em porcarias como essa de qualquer maneira?
— Eu acho que é doce. Isso me dá esperança, especialmente
em nosso tipo de situação.
A expressão de Wayne ficou séria.
— Sinto muito, James. Ainda estou tentando acertar as
coisas para que possamos fugir da maneira mais segura possível. Eu
prometo que as coisas serão diferentes um dia. Viveremos juntos, só
nós dois, e não precisaremos mais esconder nossos sentimentos. Não
enquanto estivermos em casa.
James assentiu.
— Eu confio em você. Não se desculpe se precisar de mais
tempo. A culpa é do meu pai. Ele é um senador ultraconservador e
nunca aprovará a nós e o nosso amor. Esqueça minha mãe. Ela nunca
ousará ir contra as palavras e desejos de meu pai. Não posso confiar
nela.
Wayne deslizou um braço sobre os ombros de James e o
puxou para mais perto. Então descansaram suas cabeças uma contra
a outra. James saboreou a sensação de estar tão próximo de Wayne.
Era quente e reconfortante. Nenhum deles trocou uma única palavra
pelos próximos minutos. Então Wayne agarrou o queixo de James e
puxou seu rosto para frente.
— Diga-me uma coisa, James.
— O que?
— Você acredita em destino e sorte?
James soltou uma gargalhada alta.
— Claro!
Wayne riu antes de pressionar seus lábios juntos. O beijo foi
casto, gentil e doce, mas James podia sentir a paixão queimando
profundamente dentro dele. Ele aprofundou o beijo e ficou
agradecido quando Wayne respondeu com a mesma intensidade...
Zeke ofegou e balançou a cabeça. Ainda estava sentado no
banquinho. A xícara de chá fumegante ainda estava em suas mãos.
Olhou para o velho sorridente. Ele não estava nem um pouco
assustado. Em vez disso, a curiosidade ameaçou dominá-lo.
— Quem é você?
O estranho riu.
— Uma pergunta de cada vez. Você não respondeu a minha.
Zeke hesitou por um segundo ou dois, colocando a xícara de
chá na mesa.
— Eu acredito.
O cara simplesmente sorriu.
— Você sabe alguma coisa sobre o fio vermelho do destino?
Zeke ficou surpreso mais uma vez, mas decidiu responder à
pergunta de qualquer maneira.
— Muitos anos atrás, quando meus pais ainda estavam
vivos, eles sempre me contavam sobre alguns dos mitos e lendas
que podiam ser encontrados na cultura chinesa. Um deles é sobre o
fio vermelho do destino. É uma corda mágica que une duas almas
gêmeas. Seus dedos estão conectados pelo fio vermelho. Lugar,
tempo e circunstâncias não importam. Almas gêmeas acabarão
juntas no final.
— Algo mais?
Zeke ponderou a questão por mais alguns segundos.
— Algo sobre a divindade do destino e do casamento, mas
não consigo me lembrar muito sobre isso. Ele é o responsável pelo
fio vermelho.
— Isso mesmo.
Levou um momento para Zeke entender a implicação por
trás das palavras do velho. Seus olhos arregalaram quando olhou
diretamente em seus olhos.
— Você é...?
— Acho que seu carro está funcionando bem.
— O que? — Zeke murmurou surpreso antes de levantar e
girar em direção ao carro.
Ficou surpreso quando percebeu que os faróis estavam
acesos. Ele vasculhou os bolsos, mas não conseguiu encontrar a
chave do carro em lugar nenhum. Queria continuar a conversa, mas
quando virou para o estranho, engasgou ao descobrir que o senhor
idoso, a mesa, os bancos, as xícaras e o bule haviam desaparecido.
Zeke esfregou os olhos em descrença. Então recuou
horrorizado antes de correr rapidamente em direção ao carro. Soltou
um suspiro de alívio quando percebeu que a chave do carro já estava
na ignição. Entrou e apertou o cinto de segurança antes de sair
dirigindo apressado. Devia estar excessivamente exausto ou algo
assim. Tudo o que ocorreu nos últimos minutos foi pura alucinação.
Deve ser isso. Ele não era louco. De jeito nenhum.

Capítulo Dois

— Ei, Wayne.
— Sim?
— Você acredita em reencarnação?
Wayne respirou fundo enquanto continuava sentado na
campina e olhava para o lago à sua frente. Ele podia ouvir o som dos
grilos enquanto olhava mais alto para o céu noturno. Uma estrela
brilhante à distância chamou sua atenção por um breve momento.
Ele ajustou as posições das palmas das mãos atrás dele no chão para
se equilibrar melhor. Então virou a cabeça para a direita e sorriu para
o homem mais jovem sentado de pernas cruzadas ao seu lado.
— E você, Jimmy?
Jimmy torceu o nariz e olhou para Wayne.
— É James, idiota. James! Você sabe que eu odeio quando
você me chama de Jimmy.
Wayne jogou a cabeça para trás e riu enquanto olhava para
o céu noturno, cheio de estrelas cintilantes.
— Está bem, está bem. Tudo bem, James! Você também?
— O que?
— Me ama. — Wayne disse em tom de provocação antes de
piscar para James.
O homem corou em um tom profundo de vermelho, que era
perceptível mesmo à luz do entardecer.
— Até parece. Em seus sonhos, talvez.
Wayne se firmou com a mão esquerda e passou o braço
direito sobre os ombros de James antes de puxá-lo para mais perto.
James lutou um pouco para se afastar dele, mas Wayne segurou com
força até que James finalmente desistiu, riu e encostou em seu
ombro.
— Você me ama?
Wayne pôde ver que as bochechas de James ficaram
impossivelmente mais vermelhas. Até a ponta da orelha direita
parecia estar corada. Após alguns segundos de silêncio prolongado,
James assentiu.
— Eu te amo com todo o meu coração, corpo e alma. Para
sempre e sempre.
Wayne sorriu.
— Idem.
James estreitou os olhos, irritação em seu rosto.
— Você trapaceia!
Wayne riu.
— Como eu fiz isso?
— Você precisa usar suas palavras.
— Eu usei.
— Não, você não usou.
Wayne riu enquanto beijava James na ponta do nariz,
fazendo o jovem se contorcer.
— Eu, Wayne Lee, amo você, James Wong. Com todo o meu
coração, corpo e alma. Para sempre e sempre. Farei uma promessa
solene aqui e agora. Até mesmo um voto.
James chorou visivelmente.
— O que é?
Wayne inclinou a cabeça em direção à estrela mais brilhante
do céu, aquela que havia notado antes.
— Se realmente existe reencarnação, com aquela estrela
resplandecente como nossa testemunha, dou-lhe minha palavra de
que vou procurá-lo em nossas próximas vidas e estaremos sempre
juntos.
Uma lágrima solitária escorreu pela bochecha esquerda de
James.
— Você promete?
— Eu prometo. — Wayne respondeu antes de pressionar
seus lábios contra os de James...
Sterling Lim abriu os olhos e olhou para o teto. Seu rosto
estava ligeiramente molhado de lágrimas. Ele nunca tinha sonhado
tão vividamente no passado. Certamente nunca chorou por causa de
um sonho triste ou de um pesadelo horrível. Passou as mãos no rosto
antes de sentar na cama. Se permitiu descansar um pouco mais
antes de seguir em direção ao banheiro e tomar um banho rápido.
Tinha muitas coisas para fazer e teria que começar na hora certa.
Caso contrário, podia acabar chegando em casa tarde do trabalho.
De novo.
— Onde está a fotógrafa? — Sterling perguntou a Marsha,
uma de suas funcionárias, ao entrar no estúdio fotográfico
exatamente às oito horas.
Marsha parecia apavorada, e Sterling teve um
pressentimento sobre isso imediatamente. Ele não tinha dúvidas de
que não gostaria do que Marsha tinha a dizer.
— Cynthia não está se sentindo bem, Sr. Lim.
Sterling podia sentir a irritação queimando profundamente
em seu estômago. Cynthia já havia usado essa mesma desculpa
muitas vezes antes, e Sterling tolerou várias vezes porque ela era
uma excelente fotógrafa. No entanto, estava perdendo a paciência
com a falta de profissionalismo dela. Ele, junto com todos os outros
que trabalhavam em sua empresa, sabia que ela provavelmente
estava de ressaca depois de uma noite de festa. Ele permaneceu
quieto por mais alguns segundos.
Notou que Marsha estava inquieta. Ela também estava
tremendo um pouco. Sterling sabia que poderia ser realmente feroz
com seus funcionários quando mereciam ser repreendidos. Não
ajudava que fosse frio com as pessoas na maior parte do tempo. Mas
Marsha não tinha com o que se preocupar. Sterling fez o possível
para manter a calma enquanto pigarreava.
— Obrigado, Marsha. Eu mesmo cuidarei da Cynthia. — Ele
a informou antes de olhar para todos os seus outros funcionários e
as modelos que esperavam o início da sessão de fotos. A atmosfera
parecia realmente tensa. Era como se todos estivessem prendendo
a respiração e esperando que ele explodisse de raiva. Ele respirou
fundo para controlar seu temperamento.
— Alguém conhece um fotógrafo incrível, de preferência
alguém de confiança, que possa nos atender agora? Eu realmente
quero que a sessão de fotos termine antes das seis horas desta noite,
o mais tardar.
Sterling ficou irritado quando silêncio o cumprimentou. Ele
estava prestes a desistir quando um jovem desconhecido levantou o
braço.
— Senhor, tenho um amigo que é fotógrafo freelancer. O
nome dele é Zeke Wu. Ele tem a mesma idade que eu, apenas 22
anos, mas trabalha como fotógrafo freelancer há anos. Desde o
primeiro ano do ensino médio, na verdade.
Sterling assentiu.
— Ele é bom no que faz?
O cara caminhou rapidamente em direção a Sterling
enquanto tocava na tela de seu smartphone antes de passá-lo para
ele. Sterling olhou os slides das fotos, um após o outro. Quem quer
que fosse esse Zeke Wu, ele era definitivamente talentoso.
— Posso ligar para ele agora mesmo, senhor. Tenho certeza
de que ele pode chegar ao estúdio em cerca de trinta minutos.
Sterling devolveu o smartphone ao homem.
— Faça isso, por favor. Aliás, quem é você? Tenho tantos
funcionários neste prédio que estou tendo dificuldade em
acompanhar todos.
— Robert, senhor. Eu sou novo aqui. A senhorita Lydia, do
departamento de figurinos, me contratou há duas semanas.
Sterling agora se lembrava de ter assinado os vários
formulários para aprovar a contratação de alguns novos funcionários
algumas semanas atrás.
— Certo. Então, você é o novo figurinista?
Robert assentiu.
— Assistente senhor. A senhorita Lydia ainda é a designer
principal.
— OK. Você e Zeke são amigos de infância ou vizinhos?
— Sim para ambos, senhor. — Robert respondeu. —
Também frequentamos a mesma universidade. Apenas cursos
diferentes.
— Entendo.
— Devo ligar para ele agora?
— Sim. Diga a ele para me encontrar em meu escritório para
que possamos discutir os detalhes.
— Farei isso, senhor.
— Obrigado.
Sterling concentrou sua atenção em seus outros
funcionários.
— Quanto ao resto de vocês, certifiquem-se de ficar por
aqui. Não vão a lugar nenhum. Assim que o novo fotógrafo chegar,
começaremos a sessão de fotos.
Depois disso, ele saiu do estúdio para o saguão, entrando no
elevador privativo que o levaria até seu escritório particular no
centésimo andar. Então instruiu Lance, seu assistente pessoal, a
entrar em contato com Cynthia para informá-la de que o seu contrato
foi rescindido porque ela violou os termos. Lance também teve que
instruir a segurança a acompanhar Cynthia quando ela entrasse no
escritório para arrumar suas coisas e acompanhá-la para fora do
prédio. Por último, mas não menos importante, Lance teve que
mostrar a Zeke o escritório de Sterling no momento em que o
fotógrafo chegou.
Sterling não tinha tempo para lidar com nada disso, pois
tinha muitos documentos eletrônicos para ler em seu laptop. Ele
possuía vários negócios, todos estavam dentro deste edifício. Eles
variavam desde a administração de várias revistas, produtoras e
estações de transmissão, até restaurantes, cafeterias e padarias.
Inicialmente, havia inventado um aplicativo de busca de emprego
para smartphones quando era calouro na universidade. Ele fez isso
por diversão e também porque estava entediado na escola, pois suas
aulas eram muito fáceis.
Não esperava que o aplicativo se tornasse um grande
sucesso, ganhando seu primeiro pagamento de um milhão de dólares
em menos de um mês. Seu império de negócios cresceu aos trancos
e barrancos ao longo dos anos, e ele participava de quase todos os
setores existentes. Aos trinta anos, com seu patrimônio líquido de
quase noventa bilhões de dólares, era um dos bilionários mais jovens
do mundo. Às vezes, se perguntava se não tinha sido ambicioso
demais e brincava com a ideia de se aposentar para sempre. Já tinha
muito dinheiro. Seu futuro estava garantido. No entanto, mudou de
ideia todas as vezes. Gostava de se manter ocupado. Mais
importante, sabia que ficaria louco se fosse deixado por conta
própria, sem nada para preencher seus momentos livres dia após
dia.
Além disso, odiava aqueles sonhos estúpidos que vinha
tendo há muitos anos, sonhos que giravam em torno de dois homens
chamados Wayne e James. Sterling não os reconheceu. Nem mesmo
quando os sonhos ficavam mais claros a cada ano que passava, e ele
conseguia ver seus rostos. Ele sempre acordava com uma dor
estranha no coração. Infelizmente, não podia pesquisar os homens.
Podia saber seus nomes completos, mas muitas pessoas no mundo
usavam os mesmos nomes, e Sterling não conseguia reduzi-los.
A única vez que não pensava em Wayne e James era quando
estava preocupado com um assunto após o outro no escritório. O
trabalho o mantinha são. Certo, poderia alcançar o mesmo resultado
se exercitando como um louco possuído na academia em casa, mas
não poderia fazer isso por dez, doze horas por dia sem desmaiar de
exaustão. Pelo menos no escritório, tinha vários negócios que
exigiam toda a sua atenção e podia se concentrar neles. Era melhor
do que enlouquecer em casa.
Seus negócios estavam todos indo bem no momento. Agora,
só tinha que se preocupar com a sessão de fotos. Era o décimo
aniversário de uma de suas revistas e estava determinado a
transformá-lo em um grande evento comemorativo. Com sorte, Zeke
seria um fotógrafo maravilhoso. Caso contrário, Sterling teria que
procurar outra pessoa. Isso significaria um atraso temporário em seu
plano, e odiava quando algo assim acontecia sob sua supervisão.
Alguém batendo na porta de seu escritório o tirou de seu
devaneio.
— Senhor Lim, o Sr. Wu está aqui.
Sterling assentiu.
— Obrigado, Lance. Mande-o entrar e você pode pegar algo
para ele beber, por favor?
— Certamente, senhor.
Sterling guardou seu laptop por enquanto. Ele sempre
poderia ler os documentos mais tarde. Não tinha muita vida social
de qualquer maneira.

Zeke ainda estava boquiaberto com a luxuosa decoração do


escritório quando Lance chamou seu nome e o conduziu a um
espaçoso escritório particular. Tudo dentro da sala parecia
incrivelmente caro, mas o que chamou sua atenção foi o homem
sentado atrás da mesa - Sterling Lim, o bilionário de trinta anos que
se fez sozinho.
Ele caminhou até a mesa e estendeu a mão. Sterling
levantou e a apertou antes de apontar para uma cadeira vazia. Zeke
sentou imediatamente, mas antes que pudesse pronunciar uma
única palavra, Sterling chegou antes dele.
— Senhor Wu, obrigado por vir em tão pouco tempo.
— Me chame de Zeke, por favor. — Zeke disse o mais
calmamente que pôde, embora seu coração estivesse batendo a mil
por hora.
Por alguma razão insondável, seu coração doía ao ver
Sterling. Algo sobre o homem parecia muito familiar, mas não
conseguia identificar exatamente o que era. Certamente, com
Sterling sendo tão rico, sua fama o tornou reconhecível em todo o
mundo, mas havia algo mais, algo pessoal sobre o homem que
parecia familiar para Zeke. Ele não tinha ideia do porquê, mas
realmente queria abraçar Sterling e nunca mais soltá-lo. Era
estranho e assustador, e não conseguia entender sua estranha
reação. Levou um momento para perceber que havia se afastado por
vários segundos. Teria ficado mais embaraçado se Sterling não
parecesse um tanto aborrecido. Ele não tinha certeza se era sua
imaginação, mas Sterling poderia estar olhando-o como se quisesse
atacá-lo e devorá-lo sexualmente. Isso não fazia sentido, porém, já
que eles nunca se conheceram.
Sterling limpou a garganta.
— Certo. Uh, de qualquer maneira, eu preciso de um
fotógrafo.
— Eu sou seu homem. — Zeke deixou escapar no instante
seguinte enquanto sorria para Sterling antes de cair em si.
Ele estremeceu por dentro. Estava agindo e falando como
um pervertido desesperado e idiota. Na verdade, sua última
declaração beirava o flerte, e isso era rude, especialmente porque
seu encontro com Sterling era profissional.
Antes que pudesse se desculpar, Sterling sorriu para ele. Não
era um sorriso enorme, mas Sterling parecia ainda mais lindo do que
já era enquanto ostentava uma expressão séria. Zeke estava
definitivamente hipnotizado por ele, e também estava com bastante
inveja do homem. Sterling era bonito, famoso e rico, e quando o
homem apertou a mão de Zeke mais cedo, era óbvio que ele devia
ser pelo menos dez centímetros mais alto que Zeke, que tinha
apenas um metro e sessenta. A julgar pelos ombros largos e roupas
bem ajustadas de Sterling, o homem devia ter uma grande
constituição. Enquanto isso, Zeke pesava sessenta e sete quilos. Ele
podia não ser feito de pele e ossos e tinha uma ligeira definição
muscular no peito, mas não podia se comparar a Sterling com
certeza.
— Espero que seja. — Sterling disse, ainda sorrindo para
Zeke.
Zeke se sentiu corar. Não sabia como continuar. Ele sempre
foi tão desajeitado quando se tratava de flertar com as pessoas de
quem gostava. Então suspirou internamente. Deve ser por isso que
nunca saiu com ninguém, embora já tivesse vinte e dois anos.
Quando se tratava de romance, não sabia o que fazer para se expor.
No ritmo que as coisas estavam indo, ele provavelmente morreria
virgem.
Para se distrair, pegou seu smartphone e tocou na tela
algumas vezes, abrindo a pasta que continha algumas de suas
melhores fotos.
— T-talvez você queira dar uma olhada no meu portfólio.
Sterling balançou a cabeça.
— Eu vi algumas de suas fotos no telefone de Robert. Se
você é realmente tão talentoso é meu dia de sorte.
Zeke ficou ao mesmo tempo satisfeito e tímido ao ouvir isso.
— Obrigado.
Depois disso, eles discutiram os detalhes da tarefa. Zeke não
estava sobrecarregado com o que Sterling precisava. Como
fotógrafo, havia encontrado demandas semelhantes no passado. No
entanto, o generoso pagamento que receberia o chocou
profundamente. Nem precisou pensar duas vezes e aceitou a tarefa
imediatamente.
Quando o advogado de Sterling entrou na sala com o
contrato alguns momentos depois, Zeke o examinou o mais rápido
que pôde antes de assinar. Durante todo o tempo, estava altamente
consciente do intenso olhar de Sterling sobre ele. No entanto,
percebeu que isso poderia ser normal para um empresário tão
poderoso. Decidiu que estava pensando demais na coisa toda. Não
havia nada nisso. Não importava que o seu coração sentisse como
se estivesse apertando dolorosamente enquanto lançava olhares
para Sterling. Não estava tremendo alguns minutos depois, quando
Sterling o levou para o elevador privado com uma palma na parte
inferior das suas costas, e eles desceram para o estúdio. Estava
apenas animado com a sua nova missão. Devia ser isso.

Capítulo Três

Sterling cruzou os braços sobre o peito e se perguntou pela


enésima vez nas últimas duas horas se tinha sido muito precipitado
ao contratar Zeke. Ele pode ter cometido um erro colossal. Zeke era
diferente de todos os fotógrafos que já havia encontrado ou
trabalhado. Zeke não tinha rima ou razão em sua maneira de tirar
fotos. Ele não parecia estar focado em certos ângulos. Estava
simplesmente clicando repetidamente. Sterling beliscou a ponta do
nariz. Estava ficando com enxaqueca. Essas fotografias podiam ser
desastrosas.
— Zeke. — Sterling chamou quando não aguentou mais.
Zeke virou para ele e sorriu.
— E aí cara. Já estamos nos divertindo ou o quê?
Sterling apertou os dentes de irritação, mas rapidamente
começou a desaparecer. Não tinha ideia do que diabos havia de
errado com ele. Tudo bem, Zeke era lindo, e o homem parecia
realmente magro e ágil, mas também poderoso ao mesmo tempo.
Zeke era exatamente o tipo de pessoa de que Sterling gostava. Ele
nunca tinha sido tão afetado por ninguém como estava pelo Zeke,
no entanto. Muitos homens e mulheres bonitos e sensuais se
jogaram em cima dele. Ser rico e famoso tinha suas vantagens. No
entanto, algo sobre Zeke roía Sterling em algum lugar dentro dele.
Zeke parecia estranhamente familiar. Não era o rosto do homem;
Sterling tinha certeza disso. Nunca teria esquecido um rosto como o
de Zeke porque o fotógrafo era bonito demais para ser real.
— O que você está fazendo? — Sterling perguntou enquanto
fazia o possível para fazer uma careta. — Por que você está correndo
por todo o meu prédio e tirando fotos idiotas dos meus funcionários,
em vez de ficar no estúdio, como discutimos antes?
Zeke sorriu para ele.
— Sua revista fará dez anos em breve. Certo?
— Certo. O que isso tem a ver com...
— Tudo. Seja paciente.
Sterling continuou franzindo a testa, mas se forçou a se
acalmar e gesticulou para Zeke continuar com o que estava fazendo.
Ele não precisava acompanhar Zeke enquanto o fotógrafo corria de
andar em andar, mas era obrigado a fazê-lo como se por um fio
invisível. Uma estranha sensação de puxão no fundo de seu
estômago o fez querer permanecer perto de Zeke tanto quanto
possível. Na hora do almoço, eles mal haviam terminado os primeiros
vinte e cinco andares do prédio. Perplexo e curioso, Sterling seguiu
Zeke até o estúdio. Nenhum deles pronunciou uma única palavra,
mesmo quando Zeke começou a trabalhar nas fotos em seu laptop.
Nos minutos seguintes, Sterling ficou ainda mais confuso
com as ações de Zeke. O fotógrafo alterou e acrescentou certas
coisas nas fotos. Sterling ficou irritado porque não se pareciam em
nada com o que haviam combinado. Ele queria que as fotos do
décimo aniversário de sua revista parecessem elegantes, sofisticadas
e bonitas, e não conseguia compreender o que Zeke estava fazendo
com elas. Teve que reprimir sua fúria quando a dor de cabeça
ameaçou dominá-lo. As coisas estavam indo de mal a pior, e o dia
estava longe de terminar. Sterling fechou os olhos e se concentrou
em inspirar e expirar. Ouviu o som da impressora ganhando vida,
mas não deu a mínima. Podia estar estranhamente encantado com
Zeke, mas tinha que demitir o fotógrafo. Ele abriu os olhos e ficou
surpreso ao encontrar Zeke parado na sua frente com a primeira de
algumas impressões.
— Imprimi algumas delas em papéis comuns para dar uma
ideia aproximada de como ficarão quando forem publicadas. Você
ainda pode incluir os modelos profissionais na edição do décimo
aniversário, mas a mera elegância e beleza cuidadosamente
trabalhada nunca serão tão atraentes quanto as fotografias naturais.
Olhe para os rostos de seus funcionários. Reconhecidamente, a
maioria deles nunca chegará ao mundo da moda, mas eles dão à sua
revista uma vantagem nova e mais fresca. Além disso, acho que esta
é uma excelente maneira de promover seus vários negócios de
maneira discreta.
Os pontos de Zeke eram válidos e Sterling concordava com
eles, mas já podia imaginar a quantidade de trabalho de sua equipe
jurídica. Eles teriam que obter a permissão desses funcionários para
aparecer na revista.
— Zeke, me escute. Eu penso...
— De uma chance. Incluir vários funcionários na décima
edição também fará com que eles se sintam especiais. Você precisará
de apenas algumas páginas para seus funcionários. Você ainda tem
páginas mais do que suficientes para todas as coisas usuais. Você
também tem a opção de publicar uma edição única com mais páginas
do que o normal. Basta conversar sobre isso com o editor. Vai ser
incrível.
Sterling podia ser obstinado quando pensava nisso, mas era
impossível resistir ao olhar de Zeke. Ele não conseguia entender o
que estava acontecendo com ele. Zeke perfurou sua armadura
emocional e achou impossível rejeitar a ideia do homem. Além disso,
era uma excelente ideia. No final, suspirou e acenou com a cabeça.
— Tudo bem. Vamos fazer isso.
Zeke sorriu em resposta.
— Ótimo.
Sterling não pôde deixar de sorrir para ele. Então checou seu
caro relógio de ouro. Eram meio-dia e treze.
— Zeke, você quer almoçar comigo? Meu deleite.
Zeke sorriu, o que fez o coração de Sterling bater mais rápido
e mais forte a cada segundo que passava. Não tinha ideia do que
estava acontecendo com ele. Nunca teve uma reação tão forte e uma
atração instantânea por alguém. Não ajudava que Zeke parecesse
estar olhando-o com frequência. Podia ser sua imaginação
hiperativa, mas o homem mais jovem parecia gostar dele tanto
quanto.
— Parece bom. — Zeke respondeu. — Deixe-me guardar
minha câmera e laptop. Então podemos ir.
— Sem pressa. Sem pressa. — Sterling observou em silêncio
enquanto Zeke guardava suas coisas. — A propósito, o que você quer
comer?
Zeke riu.
— Essa é a pergunta errada, cara.
Sterling arqueou a sobrancelha esquerda.
— Por que?
— Se eu puder escolher, nunca vou consumir nada além de
sobremesas.
Os olhos de Sterling arregalaram. Algo mexeu no fundo de
sua mente. Quase parecia uma lembrança...
— Do que você gosta, James?
A bela risada de James veio alta e clara.
— Pergunta errada, Wayne.
— Por que?
— Se eu puder escolher, nunca vou consumir nada além de
sobremesas.
— Oh?
— Absolutamente. Eu amo bolos, tortas, brownies e muito
mais. Não me importaria de comer apenas sobremesas pelo resto da
minha vida.
Wayne riu.
— Você já tem um problema de coração. Não adicione
diabetes a isso.
— Sterling!
O som de seu nome o trouxe de volta à realidade, e olhou
nos belos olhos castanhos escuros de Zeke.
— S-sim?
Zeke o olhou sua expressão era de preocupação.
— Você está bem? Você se distraiu por um momento.
Sterling limpou a garganta.
— Claro. Sim, estou bem. Obrigado por perguntar.
Zeke não parecia convencido.
— Tem certeza?
Sterling sorriu.
— Sim. Você está pronto para sair agora?
— Estou. Onde vamos almoçar?
Sterling ponderou por um breve momento.
— Bife? Tem uma excelente churrascaria aqui perto.
— Por acaso pertence a você? A churrascaria no segundo
andar deste prédio, talvez? — Zeke perguntou provocando.
Sterling sorriu.
— Sim.
Zeke começou a rir.
— Mostre o caminho então. Estou morrendo de fome. Espero
que tenha dinheiro suficiente na carteira para pagar o nosso almoço.
Sterling não pôde deixar de piscar para Zeke.
— O proprietário e eu nos damos muito bem. Tenho certeza
que posso convencê-lo a nos dar uma refeição grátis. Ou duas.
Zeke revirou os olhos.
— Você pode ser um idiota tão adorável. Você sabe disso?
Sterling foi pego de surpresa. Alguém havia dito a mesma
coisa para ele, mas as palavras pareciam vir de um passado distante,
e isso não fazia sentido.
Ele simplesmente sorriu para Zeke e apontou para a saída.
Sterling ignorou qualquer estranheza que estivesse acontecendo com
ele. Teria que entender isso mais tarde.
Nesse ínterim, iria desfrutar de seu almoço com Zeke
enquanto fazia o possível para não tocar no homem mais jovem com
muita frequência, embora estivesse muito tentado a fazê-lo.
Prometeu a si mesmo que não faria nada, não até que o seu
relacionamento profissional terminasse. Depois disso, todas as
apostas estavam canceladas.

Zeke não sabia o que havia acontecido com ele. Nunca se


sentiu confortável com pessoas que achava atraentes. Ele
geralmente se transformava em uma enorme bagunça gaguejante.
Surpreendentemente, no entanto, estava bem perto de Sterling,
embora o homem mais velho fosse o homem mais sexy e lindo que
já conhecera. Era capaz de se comportar como um ser humano
normal perto de Sterling, e isso surpreendeu Zeke. Sterling parecia
muito familiar, e houve momentos nas últimas horas em que
realmente queria envolver os braços ao redor da cintura do homem.
Felizmente, teve a presença de espírito de não fazer algo tão
assustador. Sterling e ele tinham um relacionamento profissional e
não queria ser processado por assédio sexual.
— Como está a comida?
— Deliciosa. — Zeke respondeu antes de enfiar outro
pequeno pedaço de bife em sua boca. — Todos os seus negócios
parecem ser realmente bem-sucedidos. Eu te admiro muito.
Sterling fez algo que Zeke nunca esperava do homem que
parecia ter uma carranca constante. Sterling realmente corou. Suas
bochechas, pescoço e até as pontas de ambas as orelhas ficaram
deliciosamente avermelhadas. Atônito, Zeke soltou uma gargalhada.
Em resposta, Sterling pareceu bastante perplexo.
— Obrigado pelo elogio, mas o que há de tão engraçado?
Tem algo no meu rosto?
Zeke olhou diretamente nos olhos de Sterling. Teve que
morder o lábio inferior para não cair na gargalhada. De novo.
— Nada mesmo.
Sterling, com as bochechas ainda bastante vermelhas,
lançou a Zeke uma expressão suspeita.
— OK.
Zeke voltou apressadamente ao tópico anterior.
— Você se importa de me dizer como consegue que todos
os seus negócios sejam tão bem-sucedidos?
— De jeito nenhum. Posso presumir que você sabe como
comecei no mundo dos negócios?
— Todo mundo em Ostal sabe sobre você. Você é o orgulho
de nosso país insular.
Sterling deu de ombros.
— Eu não sou tão bom.
Zeke bufou.
— Não seja tão modesto. Você é o homem mais rico de Ostal
e um dos homens mais ricos do mundo. Muitas pessoas aspiram ser
como você.
Sterling sorriu.
— Obrigado. De qualquer forma, tenho que admitir que tive
alguns negócios falidos ao longo dos anos. Mas tive a sorte de ter
capital mais do que suficiente para trocá-los por algo diferente. Você
ganha alguns, você perde alguns.
— Qual é a sua motivação? Ou quem? Seus pais, talvez?
Sterling ficou quieto por um breve momento.
— Você pode rir da minha resposta à sua pergunta.
— Sim? Por quê?
— Porque vai parecer loucura.
A curiosidade de Zeke foi despertada. Ele se inclinou mais
perto.
— Me teste.
Sterling respirou profundamente antes de expelir lentamente
o ar pela boca.
— Eu amo meus pais, mas eles nunca me pressionaram para
ir tão longe. Eles só querem que eu faça o meu melhor. Eles
continuam me dizendo que minha felicidade é a coisa mais
importante da vida.
— E? — Zeke cutucou. — Vamos lá, cara. Não me deixe em
suspense.
Sterling mais uma vez não pronunciou uma única palavra por
alguns momentos, e Zeke pensou que ele poderia ter passado dos
limites. Antes que pudesse se desculpar, no entanto, Sterling falou.
— Eu quero que quem quer que eu termine nunca tenha que
se preocupar com uma única coisa na vida. Eu cuidarei bem dele ou
dela. Sempre.
Zeke ficou boquiaberto. As últimas palavras soaram
estranhamente familiares. Algumas imagens borradas apareceram
em sua mente...
— Pintando de novo, James?
Ele virou para Wayne, radiante.
— Sim. O que você está fazendo aqui?
— Eu sou seu guarda-costas. É meu dever estar ao seu lado
o tempo todo.
No segundo seguinte, a mágoa de James estava estampada
em seu rosto.
— Só porque você é meu guarda-costas, então?
Wayne passou os dois braços em volta da cintura de James,
aninhando-se na curva entre seu pescoço e ombro.
— Porque eu te amo. Muito. Não suporto ficar separado de
você. Nem mesmo por um segundo.
A expressão de James se iluminou.
— Eu me sinto da mesma forma.
— Temos que ter cuidado, no entanto. Seu pai nunca
aprovará nosso relacionamento, e não tem nada a ver com o fato de
sermos ambos homens.
James deslizou seus próprios braços ao redor da cintura de
Wayne antes de abraçá-lo.
— Wayne...
— Gostaria de ter nascido com uma colher de prata na boca.
Então eu seria rico o suficiente para cuidar de você, e o seu pai
estaria bem com o nosso relacionamento. Ele anseia por dinheiro,
poder e influência para ajudá-lo a alcançar seus objetivos políticos.
James segurou ambas as nádegas de Wayne em suas mãos.
— Você é um bom homem e eu te amo.
Wayne assentiu.
— Eu sei. Eu também te amo, mas isso não é bom o
suficiente para o seu pai.
— Eu não me importo. — James retrucou acaloradamente.
— Sempre podemos fugir.
— Seu pai é um senador influente e poderoso. Não há lugar
nesta ilha onde possamos nos esconder dele e das pessoas que
trabalham para ele.
— Então podemos fugir para outro país.
Wayne tinha uma expressão angustiada.
— Eu não tenho muito dinheiro, James. Não poderei lhe dar
a vida a que está acostumado.
James começou a chorar.
— Não importa.
— Como você pode ter certeza disso?
— Porque eu sei que você realmente me ama e vai cuidar
bem de mim.
Wayne ficou quieto por um breve momento. Eventualmente,
ele sorriu para James.
— OK. Vou dar um jeito de nos tirar do país. Podemos fugir
juntos. Prometo que cuidarei bem de você. Sempre. Eu farei o meu
melhor. Vou me certificar de que você nunca terá que se preocupar
com nada na vida.
James se apoiou no peito de Wayne e sorriu em meio às
lágrimas.
— Estarei esperando esse dia chegar.
— Zeke!
Ouvir seu nome deixou Zeke tão assustado que quase
perdeu o controle sobre o garfo e a faca.
— Sim?
— Onde você foi? Você estava muito quieto e tive que
chamar seu nome três vezes antes de você responder.
— Nenhum lugar. — Zeke respondeu. — Apenas pensei em
algo.
— Foi algo importante?
— Eu... não tenho certeza.
Sterling se inclinou mais perto.
— Posso te ajudar com isso?
Zeke balançou a cabeça.
— Obrigado, no entanto. Eu vou ficar bem.
Sterling não parecia convencido.
— Tudo bem, mas me deixe saber se você precisar de ajuda
com isso.
— Claro.
Depois disso, Sterling e Zeke continuaram com o almoço.
Zeke fez o possível para se concentrar na conversa, mas estava
distraído com o que acabara de acontecer. Parecia que aquelas
imagens eram suas memórias. Ao mesmo tempo, elas eram muito
confusas e desconhecidas para ele entender. Além disso, havia
sonhado com James e Wayne enquanto dormia, mas agora via
imagens deles enquanto estava acordado. Se isso acontecesse
novamente, poderia ter que consultar um especialista em cérebro ou
até mesmo um psiquiatra. Esperava não precisar. Francamente não
achava que estava perdendo a cabeça. Se sentia muito bem. Podia
ser simplesmente um incidente isolado.

Capítulo Quatro

Naquela noite, às dez horas, Sterling conteve um bocejo


enquanto se dirigia para o elevador. Como era mais do que provável,
provavelmente era o último a deixar o prédio, exceto o pessoal da
equipe de segurança ou os zeladores que trabalhavam no turno da
noite. Tinha muitas coisas para resolver porque havia passado a
maior parte do dia com Zeke. Não se arrependeu, no entanto. Zeke
valeu a pena.
Sterling entrou no elevador e desceu até o estacionamento
no subsolo. Tinha acabado de sair quando esbarrou em alguém na
sua frente. Ficou surpreso quando notou o velho com bigode branco
grosso e barba longa e branca, agora caído no chão. Correu para
frente imediatamente.
— Eu sinto muito. Você está bem?
— Sim, estou. — Respondeu o homem em um tom alegre,
o que Sterling achou bastante estranho, mas estava feliz e aliviado
pelo senhor idoso não ter sofrido nenhum osso quebrado, ou pior,
morrido com a queda. — Você pode me ajudar a levantar, por favor?
— Claro. — Sterling respondeu enquanto gentilmente
levantava o estranho.
— Obrigado, jovem.
— De nada, e novamente, sinto muito por...
— Não se preocupe com isso. Estou bem. Agora, posso lhe
oferecer uma xícara de chá quente?
— Mas...
— Quero agradecer por me ajudar. Além disso, será bom ter
companhia de vez em quando.
Sterling iria rejeitar a oferta e, em qualquer outro dia, o teria
feito. No entanto, estava com um humor maravilhoso. E se
perguntou se Zeke estava afetando positivamente seu
temperamento. Soaria estranho para qualquer outra pessoa, mas já
estava sentindo falta da companhia de Zeke, embora tivessem se
separado apenas cerca de cinco horas atrás. Mais uma vez, ponderou
por que algo sobre Zeke parecia tão familiar, mas ainda não
conseguia identificar exatamente o que era.
Foi arrancado de seu devaneio quando o homem deu uma
tapinha em seu ombro.
— Uh, acho que aceito. Claro. Só uma xícara, por favor.
A expressão do velho se iluminou.
— Excelente. Venha comigo.
— OK.
Sterling o seguiu até uma esquina no porão do
estacionamento quase vazio. E ficou surpreso ao descobrir uma
pequena mesa de madeira com dois bancos. Duas xícaras e um bule
estavam sobre a mesa e, a julgar pelo vapor que saía do bico do bule
e pelo aroma perfumado, a bebida devia ter sido recém-infundida.
Sterling não conseguia entender por que o cara tinha essas coisas no
canto do porão, mas não era da sua conta. Imaginou que o homem
devia ser um dos zeladores. Contratou algumas pessoas maduras
que queriam ganhar um dinheiro extra para fazer limpezas leves.
— Sente-se. — Disse o homem enquanto apontava para um
dos bancos.
Sterling obedeceu enquanto o estranho servia o chá.
— Obrigado. Está trabalhando aqui há algum tempo?
O homem riu levemente.
— Você pode colocar dessa forma.
Sterling pensou que era uma resposta estranha, mas
empurrou para o fundo de sua mente. Alguns idosos tinham
maneiras estranhas de responder às perguntas. E se lembrava com
carinho de seus falecidos avós, especialmente de seu falecido avô
paterno, que sempre falava por meio de enigmas. Pegou a xícara e
bebeu. O chá estava delicioso, o sabor diferente de tudo que já havia
bebido.
— Isto é incrível.
O cara riu enquanto olhava nos olhos de Sterling com seus
próprios olhos brilhantes.
— É, não é? Outro jovem me disse exatamente a mesma
coisa recentemente. O nome dele é Zeke Wu.
Sterling foi pego de surpresa.
— Que mundo pequeno. Ele trabalha como fotógrafo
freelancer e, atualmente, está me ajudando com a minha revista.
O velho sorriu.
— Bom Bom. Fico feliz em ouvir isso.
— Huh? Por que?
O cara tinha um sorriso aparentemente misterioso no rosto.
— Diga-me uma coisa, meu rapaz. Até onde você está
disposto a ir para salvar a pessoa que ama?
Ao ouvir a pergunta, o coração de Sterling doeu de repente.
Agarrou um ponto em seu peito logo acima de seu coração. Seu
coração bateu abruptamente mais rápido e mais forte, especialmente
quando notou o sangue manchando sua camisa branca imaculada.
Enfiou os dedos mais fundo na camisa e no peito. Seu coração doía.
Também podia sentir o início de uma dor de cabeça. Parecia que algo
estava batendo na parte de trás de sua cabeça.
— James…
Sterling parou quando sua visão ficou embaçada. Também
estava suando profusamente. Então algo apareceu dentro de sua
mente. Quase parecia uma memória tentando abrir caminho para a
superfície…
— James, vamos. Precisamos correr mais rápido. Minha
moto está bem na beira da floresta. Só mais um pouquinho.
James ofegou.
— Estou fazendo o meu melhor, Wayne. Meu peito parece
que está queimando, no entanto.
Wayne olhou para James, com uma expressão aterrorizada
no rosto.
— Desculpe. Devo carregar você? Deixe-me...
— Não, eu estou bem. Continue. Não podemos deixar que o
meu pai e sua assassina favorita nos peguem. Ela tem uma mira
mortal. Seremos mortos com certeza.
— Mas...
Wayne não conseguiu terminar a frase. Notou o brilho do
metal sob o forte luar. Devia ser a assassina. Estava a uma boa
distância, mas depois de trabalhar como guarda-costas de James por
tantos anos, estava ciente de sua mira mortal. E se lançou sobre
James e o empurrou antes do estrondo. Caiu no chão, pressionando
a palma da mão direita sobre o peito, logo acima do coração.
— Wayne! Não! V... Você não pode m... Morrer. Não,
Wayne. Por favor! — James gritou enquanto ajoelhava ao seu lado.
— Você prometeu que fugiríamos juntos.
Wayne ergueu a palma da mão ensanguentada e fez o
possível para enxugar as lágrimas de James, mas a dor em seu peito
era insuportável. Estava começando a sentir frio e sono.
— James. — Wayne sussurrou. — Pode me segurar, por
favor?
James assentiu freneticamente enquanto segurava a cabeça
e o corpo de Wayne em seus braços.
— Sim. Qualquer coisa.
— Obrigado. Eu te amo, James.
— Eu também te amo. Wayne, por favor. Não me deixe. Por
favor. Você prometeu.
Wayne lhe deu um último sorriso antes de fechar os olhos…
Sterling ofegou quando apertou o peito. Então percebeu que
não estava sangrando. Devia estar alucinando. Tentou processar
tudo o que havia ocorrido, mas não conseguia entender. E virou para
o velho, agora o olhando com simpatia.
— Eu sou... Wayne?
O velho tinha uma expressão séria.
— Você é?
— Eu... não tenho certeza, mas acho que posso ser o
Wayne.
O cara sorriu.
— Está bem então.
Sterling ficou momentaneamente sem palavras. Seu coração
ainda doía um pouco.
— Isso foi uma memória de uma vida anterior ou algo
assim?
— Não me pergunte algo que você já sabe a resposta.
Sterling apertou os punhos.
— O que aconteceu com o James?
O homem parecia muito triste, e isso era tudo que Sterling
precisava. James deve ter morrido também. Ele levantou e foi
embora.
— Ei.
Parou em seu caminho e virou.
— Quem é você?
— O que você sabe sobre o fio vermelho do destino?
Sterling se lembrou de ter ouvido sobre isso de seu falecido
avô paterno. Ele entendeu as coisas quase imediatamente.
— Você é a divindade do destino e do casamento.
O velho não confirmou nem negou.
— Ouça-me, Sterling. Só porque duas pessoas devem ser
unidas em um casamento, isso não significa necessariamente que
seja uma coisa infalível. Às vezes, o destino decreta o contrário. É o
que aconteceu com James e Wayne. Estou aqui para consertar as
coisas para eles.
Sterling assentiu.
— Onde está o James agora? Ou devo dizer, quem é ele
agora?
— Ele também renasceu e já é familiar para você. Sinta-o
com o coração.
— Como devo fazer isso?
O estranho sorriu.
— Não posso te dizer isso, meu garoto.
Sterling bufou e foi embora. No entanto, sua curiosidade e
aborrecimento venceram. Virou pela segunda vez. Precisava de mais
respostas.
Então ficou surpreso ao não encontrar nada no canto do
porão. Sterling podia sentir o agravamento de uma dor de cabeça na
parte de trás da cabeça. Foda-se esse velho! Sterling iria descobrir
as coisas por si mesmo. Podia não ter certeza de quem era James
agora, mas iria consertar as coisas. Desta vez, nada ficaria em seu
caminho. E se certificaria disso.

Zeke esfregou as palmas das mãos no rosto molhado de


lágrimas. Tinha acabado de acordar de um pesadelo horrível. Wayne
foi morto a tiros em sua tentativa de salvar James. Infelizmente,
James aparentemente tinha um problema cardíaco, e morreu
momentos depois que Wayne faleceu. Zeke não conseguia entender
por que teve um sonho tão trágico, mas podia sentir seu coração
doer. Na verdade, tinha uma dor fantasma correndo por ele em todos
os lugares. Levantou e foi até o banheiro. Lavou o rosto algumas
vezes enquanto tentava controlar suas emoções.
Então olhou para seu reflexo no espelho do banheiro. Estava
vestindo apenas seu calção, então notou que as marcas de nascença
em seu peito estavam mais vermelhas do que o normal. Colocou a
palma da mão sobre elas. Não foi a primeira vez que fez isso. Quando
tinha apenas quatorze anos, descobriu que se posicionasse os dedos
e a palma da mão direita sobre as marcas de nascença em um gesto
semelhante a uma garra, como se tentasse apertar e agarrar seu
peito, elas se encaixariam perfeitamente. Quando fez isso naquela
noite, outra percepção veio sobre ele. James fez exatamente o
mesmo gesto no sonho de Zeke no momento em que o coração fraco
do homem palpitou e doeu.
— Isso não pode ser. — Zeke murmurou. — Isso é loucura.
Não sou James. Eu não posso ser James. Eu sou Zeke e estou vivo.
Saiu correndo do banheiro, correndo até a cozinha. Precisava
de um copo d'água. Devia estar ficando louco. Suas mãos tremiam
enquanto engolia vários goles de água. Então acendeu a luz da sala
de jantar e sentou em uma cadeira antes de colocar o copo de água
sobre a mesa. Permaneceu quieto por vários momentos enquanto
tentava resolver as coisas dentro de sua cabeça.
No entanto, não conseguia tirar a última imagem lamentável
de seu sonho de sua mente, especialmente quando James deu seu
último suspiro antes de cair no peito sem vida e ensanguentado de
Wayne. Uma única lágrima rolou por sua bochecha enquanto jazia
morto em cima de Wayne. Se os homens fossem reais, sua história
de amor era muito comovente, e Zeke não queria imaginar como
seria ser qualquer um desses homens.
Não tinha ideia de quanto tempo permaneceu na sala de
jantar, mas quando se acalmou o suficiente para apagar a luz e voltar
para o quarto, eram quase onze e meia. Estava prestes a deitar
quando percebeu a luz de seu smartphone piscando.
Tocou na tela. Apareceu o símbolo da mensagem, junto com
um número desconhecido, que o surpreendeu. Como órfão, não tinha
parentes que conhecesse e não tinha amigos próximos que o
contatassem tão tarde. O número devia pertencer a um estranho. No
entanto, ficou curioso o suficiente para verificar a mensagem e ficou
surpreso quando percebeu o remetente.
Oi, Zeke. Aqui é o Sterling. Esquecemos de trocar os
números. Então dei seu número para Lance sem salvá-lo
pessoalmente, então tive que obtê-lo em seu site pessoal. Espero
que esteja tudo bem.
Zeke respondeu rapidamente. Não tinha ideia do que estava
acontecendo, mas devia ser algo importante. Caso contrário, Sterling
não o teria contatado tão tarde. Provavelmente tinha algo a ver com
a sessão de fotos. Zeke terminou de tirar todas as fotos de que
precisava e prometeu trabalhar nelas antes de enviá-las nos
próximos três dias para a prévia e aprovação de Sterling. Sterling
concordou em estender o prazo para a revista.
Oi, Sterling. Está tudo bem?
Antes que Zeke pudesse inventar outros cenários terríveis
para o motivo plausível por trás da mensagem, seu telefone tocou.
Ele atendeu em um instante. No entanto, Sterling o cumprimentou
primeiro.
— Oi, Zeke.
— Oi, Sterling. Está tudo bem?
Uma pequena pausa do outro lado.
— Uh, sim. Lamento entrar em contato com você tão tarde.
Só quero... preciso ouvir sua voz.
Se Sterling estivesse presente dentro do quarto, poderia ter
rido das bochechas de Zeke, agora quentes e provavelmente
vermelhas. No momento, se sentiu ao mesmo tempo confuso e
tímido. Seu batimento cardíaco estava fora de controle. E teve que
inspirar e expirar profundamente enquanto se forçava a se acalmar.
Tremeu quando limpou a garganta.
— Está tudo bem. Você pode me ligar a qualquer hora.
Zeke achou que parecia tímido e convidativo o suficiente, e
instantaneamente sentiu suas bochechas e pescoço esquentarem
ainda mais. Estava tão envergonhado. Nunca tinha flertado com
ninguém. Pelo menos não intencionalmente. Brevemente se
perguntou se havia um livro que pudesse lhe ensinar essa habilidade
em particular. Não tinha certeza se Sterling estava atraído por ele,
mas queria descobrir. Se não fosse tão desajeitado, virgem de vinte
e dois anos! Seu coração batia ainda mais rápido e mais forte quando
Sterling começou a rir.
— Vou cobrar isso de você. Então, podemos conversar um
pouco antes de ir para a cama?
Zeke ficou tentado a informar a Sterling que estava sentado
em sua cama, mas estava muito envergonhado para dizer algo
assim. Não queria parecer excessivamente sexual. Isso seria
mortificante.
— Uh, sim. — Respondeu eventualmente. — O que você fez
depois que saí do prédio?
— Essa é uma longa história. — Sterling respondeu,
suspirando.
— Tudo bem. Conte-me tudo.
— Tem certeza?
Zeke riu.
— Absolutamente.
— Tudo bem então. Você pediu por isso.
Zeke se divertiu enquanto se acomodava e se preparava
para uma conversa agradável. A voz de Sterling era rouca e baixa, e
parecia muito sexy, mas não teve coragem de elogiar o homem mais
velho. Guardou em seu coração. Talvez tivesse a chance de dizer a
Sterling como se sentia algum dia. Nesse ínterim, ficou mais do que
satisfeito em aproveitar a voz pelo telefone no conforto de seu
quarto. Assim que a conversa terminasse, não tinha dúvidas de que
teria o melhor sono de todos. Esperançosamente, Sterling iria gostar
do bate-papo tanto quanto ele, e poderiam continuar a fazê-lo pelo
maior tempo possível.
Zeke realmente gostava de Sterling. Havia algo caloroso e
reconfortante nele, especialmente quando estiveram tão próximos
antes. Zeke foi incapaz de descobrir o que havia exatamente em
Sterling que o atraiu como uma mariposa para uma chama, mas
podiam ser almas gêmeas ou algo assim. Corou ainda mais quando
o pensamento cruzou sua mente. Estava se tornando
excessivamente dramático. Devia ter algo a ver com todas aquelas
séries e filmes românticos de televisão que gostava tanto. Estavam
começando a afetá-lo.
Não estava delirando, no entanto. Sterling e ele não
poderiam ser almas gêmeas. Estava tudo dentro de sua cabeça.
Sterling estava simplesmente sendo um bom amigo e patrão. No
momento, Zeke devia se concentrar em ser um bom ouvinte. Sterling
precisava de um parceiro de conversa, e era isso que Zeke faria por
ele. Todo o resto era apenas uma fantasia.

Capítulo Cinco

Sterling sabia que estava começando a aterrorizar seus


funcionários. Mesmo aqueles que faziam parte da alta administração
começaram a evitá-lo. Ele não podia evitar, no entanto. Fazia três
dias que não via Zeke. Todas as suas mensagens de texto e
telefonemas não eram suficientes. Pelo menos não para Sterling. Não
tinha ideia do que havia de errado com ele. Podia ser a pressão no
trabalho. Podia ser o fato de que não estava nem perto de descobrir
quem era James agora, e isso o estava deixando louco. Também
estava se sentindo culpado porque gostava de conversar com Zeke.
Bastante. Parecia que estava traindo James, o que era estranho,
considerando que nem o conhecia pessoalmente. Isso não impedia
seu coração de doer toda vez que pensava em James, porém, e
estava mexendo com a sua cabeça de uma forma horrivelmente
espetacular.
— Senhor Lim.
Sterling fez o possível para não brigar com Lance, que
acabara de bater na porta de seu escritório.
— Sim, Lance.
— Senhor Wu está aqui para vê-lo, senhor.
Seu coração disparou quando seu humor melhorou
abruptamente. Zeke estava aqui.
— Deixe-o entrar.
Lance parecia bastante apavorado. Sterling não tinha ideia
de como ele parecia no momento, mas devia estar dando um grande
susto em Lance. Nos últimos três dias, estava mal-humorado e
rosnando. Agora, não conseguia parar de sorrir.
— S-sim, senhor. Imediatamente senhor.
Sterling se sentiu mal por Lance, mas não pensou nisso.
Encontraria Zeke em questão de segundos. Nada poderia ser mais
importante do que isso. Seu coração quase parou quando o homem
entrou em seu escritório, parecendo ainda mais lindo do que se
lembrava de seu último encontro. Quase lhe tirou o fôlego. Por um
breve momento, seu coração doeu. Não conseguia entender por que
sentia tanta falta dele e ansiava por abraçar o homem mais jovem,
mas não podia fazer isso. Tinha um relacionamento profissional com
ele e não queria confundir a linha.
Além disso, ainda estava ligado a James, ou quem quer que
ele fosse nesta vida. Não podia se envolver com Zeke por mais
atraído que estivesse pelo homem mais jovem. Enquanto ainda
estivesse preso ao James, não tinha o direito de namorar Zeke. Isso
não seria justo com ele. Sterling assumiu uma expressão neutra
quando o cumprimentou um momento depois. Gostaria de poder
ficar mais perto do homem mais jovem, no entanto. Zeke sempre
tinha um cheiro maravilhoso, um perfume que o lembrava de talco
de bebê doce e perfumado e algo mentolado.
— Sente-se por favor. Como vai?
Zeke riu enquanto se jogava em uma das duas cadeiras em
frente a Sterling.
— Nós conversamos ao telefone várias vezes nos últimos
três dias. Tenho certeza de que sabe que estou bem.
Sterling sorriu.
— Está bem então. Como estão as fotos?
— No meu bolso. Um segundo. — Zeke puxou um pen drive
e o entregou a Sterling. — Prontinho.
— Obrigado.
Depois disso, eles conversaram sobre as fotos. Sterling ouviu
as ideias de Zeke, mas teve dificuldade em se concentrar. Os lábios
dele o estavam distraindo. Eles pareciam tão cheios e macios, e se
perguntou como seria beijá-lo. Também ficou mais confuso a cada
segundo. Algo dentro dele ansiava estranhamente por James, mas
havia uma parte maior que ansiava por Zeke. Sterling amaldiçoou a
divindade do destino e do casamento em silêncio. A divindade estava
escondendo muitas coisas dele. Na sua opinião, se a divindade
realmente quisesse consertar as coisas para Wayne e James, ele
deveria ter contado tudo a Sterling em vez de falar em enigmas ou
de maneira misteriosa.
— Sterling, você acha que o editor-chefe aceitará a minha
ideia?
Ele assentiu rapidamente.
— Claro. Além disso, sou o dono. Se eu gostar, o editor não
pode rejeitá-la. Simples assim.
Zeke corou e Sterling ficou instantaneamente encantado
com a visão. Ele era realmente bonito e adorável, especialmente com
aquelas bochechas rosadas. Sterling teve que apertar os punhos em
uma tentativa desesperada de se impedir de estender a mão sobre
a mesa e beliscar as bochechas dele. Agora que sua discussão
profissional havia terminado, ele sabia que Zeke partiria em breve.
Sterling vasculhou seu cérebro, tentando pensar em algo mais para
dizer, mas não conseguiu pensar em nada.
Felizmente, Zeke quebrou o longo silêncio.
— Você já foi a um piquenique?
Uma pergunta extremamente aleatória, mas Sterling estava
grato demais para se importar. Estava procurando por motivos,
qualquer coisa que mantivesse Zeke perto dele pelo maior tempo
possível.
— Faz tempo que não faço isso. Por que você pergunta?
As bochechas e o pescoço de Zeke ficaram vermelhos
novamente. Embora curioso, Sterling se forçou a permanecer
paciente, pois ele obviamente estava criando coragem para
responder.
— Eu... uh, veja, eu tenho essa outra tarefa para um site
online.
— Certo, e...?
Zeke se inquietou enquanto sorria para Sterling.
— É um site profissional que lida com fenômenos naturais
raros. Nada superficial.
Sterling riu quando Zeke começou a se contorcer. O homem
era tão inocente. Por um segundo ou dois, se perguntou se Zeke
ainda era virgem, mas afastou esse pensamento. O cara tinha vinte
e dois anos, e Sterling não conhecia nenhum homem virgem dessa
idade. Não acreditava que existisse um homem assim na Terra.
Sterling sorriu para ele.
— Zeke, você pode ir direto ao ponto, por favor?
— Claro — ele respondeu com pressa. — Estou querendo
saber se você está livre esta noite. Eu ouvi sobre o aparecimento de
uma estrela brilhante por volta das nove horas. Supostamente, esse
fenômeno ocorre apenas uma vez a cada vinte anos ou mais. Talvez
possamos jantar primeiro. Depois podemos levar umas sobremesas
para a praia e comê-las enquanto esperamos pela estrela.
O nervosismo dele o divertia, mas a coragem do jovem
também o impressionava. Sterling se inclinou sobre a mesa enquanto
colocava os braços em sua superfície.
— Estamos falando de um encontro?
As bochechas de Zeke ficaram impossivelmente mais
vermelhas quando ele baixou o olhar.
— S-só um passeio amigável e-entre dois amigos.
Sterling riu.
— Só estou brincando com você.
Zeke coçou a nuca e mordeu o lábio inferior antes de olhar
para cima.
— Ok. Então, o que você acha?
— Aceito com uma condição.
— Qual é?
— Já que vou poder desfrutar da sua deliciosa companhia
durante toda a noite, serei eu quem pagará o jantar e as sobremesas.
É uma troca justa, na minha opinião.
Zeke sorriu.
— Então eu vou pagar da próxima vez.
Sterling sorriu.
— Negócio fechado.
Então Zeke apontou para as fotos no laptop de Sterling.
— Eu acredito que você tem todos elas. Apenas deixe-me
saber se encontrar algo que precisa que eu refaça. Tenho certeza de
que posso incluir isso na minha agenda.
— Claro. Você tem muitas tarefas ultimamente?
— Bastante. Quero dizer, não tantas quanto espero
conseguir, mas acho que estou indo bem, profissionalmente falando.
Certamente ganho o suficiente todos os meses para sobreviver e
economizar um pouco para os dias chuvosos.
Sterling levantou e ofereceu a mão a Zeke, que levantou e a
apertou.
— Muito obrigado, Zeke, por tudo, especialmente por ter
vindo no último minuto. Sei que foi uma tarefa curta, mas posso ter
várias outras no futuro com as quais posso precisar da sua ajuda.
— A qualquer momento. Obrigado também pela
oportunidade.
Sterling gesticulou para a porta.
— Deixe-me acompanhá-lo até o elevador.
— Claro.
Eles quase chegaram à porta quando Zeke de alguma forma
tropeçou no tapete grosso e começou a se debater enquanto tentava
recuperar o equilíbrio. Sterling agarrou a cintura dele com a mão
esquerda e o girou. Então o puxou para mais perto antes de abraçá-
lo.
— Você está bem?
Zeke riu.
— Estou. Sou tão desajeitado às vezes. Obrigado por me
salvar.
— De nada. O prazer é meu.
Sterling sabia que deveria soltá-lo, mas não podia. A verdade
era que não queria fazer isso. Estar com Zeke em seus braços parecia
tão certo. Era como se tivessem sido feitos um para o outro. Sterling
segurou o homem com muito mais força quando ele tentou se
afastar. Então o ouviu rindo contra o seu peito.
— Se você queria tanto me abraçar, poderia ter me dito
usando suas palavras. Eu não teria me importado nem um pouco.
Sterling estava atordoado. Tinha ouvido essas exatas
palavras antes...
— Wayne, pare com isso. Estou com cócegas, — James
gritou rindo enquanto Wayne e ele rolavam no jardim.
Eventualmente, eles pararam. Wayne estava deitado em cima de
James. — Se você queria tanto me abraçar, poderia ter me dito
usando suas palavras. Eu não teria me importado nem um pouco.
Então James bufou e piscou para Wayne, que se inclinou para
um beijo. No entanto, o som da porta da frente abrindo e fechando
os assustou, e eles levantaram com pressa. Eles se separaram bem
a tempo de John, o pai de James, entrar no jardim pela porta de
correr...
— Solte-me! — Zeke exclamou, apertando o ombro direito
de Sterling.
Ele olhou nos olhos dele.
— Sim. Desculpe. Eu me afastei um pouco.
Zeke tinha uma expressão preocupada.
— Alguma coisa está te incomodando?
Sterling ficou tentado a confiar nele, mas soaria como um
louco. Não sabia como ou por onde deveria começar a conversa sobre
Wayne e James. Além disso, Zeke provavelmente pensaria que
estava perdendo a cabeça e não culparia o jovem por pensar isso.
Afinal, não conhecia nenhum outro humano normal que pudesse se
lembrar de pedaços de uma vida anterior.
— Não — Sterling respondeu enquanto gentilmente, embora
com relutância, o soltava. — Nada mesmo.
— Está bem então. De qualquer forma, eu preciso sair.
Tenho uma reunião com outra empresa.
— Mais tarefas?
— Possíveis atribuições, — Zeke corrigiu, retomando sua
caminhada para fora do escritório.
Sterling o seguiu em direção ao elevador, fazendo o possível
para não colocar a palma da mão na parte inferior das costas do
homem. Conhecia sua limitação. Não queria cruzá-la, especialmente
porque Zeke não havia demonstrado nenhum interesse romântico
por ele. Só tinha que ser paciente. Talvez algum dia eles pudessem
namorar de verdade. Enquanto isso, poderiam ser apenas amigos.

Zeke não conseguia parar de rir enquanto Sterling lhe


contava uma piada cafona após a outra enquanto dirigiam para a
praia depois do jantar. Estava no banco do motorista, então tinha
que se concentrar no trânsito. No entanto, Sterling estava
dificultando. Ele tinha um estranho senso de humor que Zeke achava
bastante charmoso e fofo. Não que estivesse fazendo anotações
mentais e armazenando aquele petisco dentro de seu cérebro. Pelo
menos não intencionalmente. Estava simplesmente conhecendo-o
melhor como amigo.
— Isso é muito bom — Sterling murmurou alguns momentos
depois.
Zeke o olhou brevemente antes de voltar sua atenção para
o tráfego novamente. Ele engoliu em seco nervosamente. Sterling
estava encostado no encosto do assento e fechando os olhos. Parecia
simultaneamente forte e vulnerável. Zeke achou isso sexy. De vez
em quando, lançava olhares furtivos na direção dele. O homem havia
aberto os três primeiros botões de sua camisa, exibindo um pouco
de seu peito musculoso. Também arregaçou as duas mangas,
exibindo seus antebraços musculosos. Zeke se sentia fisicamente
inadequado em comparação com alguém como Sterling. Ele tinha um
pouco de desenvolvimento muscular, mas definitivamente não
estava na mesma liga dele.
Ele engoliu a saliva enquanto continuava a olhar para frente
e segurava o volante.
— Concordo.
— Você gostou da comida?
— Gostei. Mas o que você pediu para nossas sobremesas?
Sterling riu. — Esse é o meu segredo.
Zeke fez um beicinho.
— Você é mau.
Sterling começou a rir.
— Eu realmente gosto de te provocar. É muito divertido.
— Sorte a minha.
— Eu sei certo? — Sterling respondeu em um tom
brincalhão, e Zeke encarou o homem mais velho bem a tempo de
pegar a piscadela de flerte lançada em sua direção.
— Tanto faz.
Sterling gargalhou ainda mais alto.
— Você verá as sobremesas mais tarde. Eu prometo.
— Espero que sim.
— Para onde estamos indo, afinal? O trecho de praia à nossa
direita já está cheio de curiosos e provavelmente alguns turistas
também.
Zeke sorriu.
— Eu conheço o lugar perfeito. Vai ser isolado. Eu posso te
prometer isso.
— Onde?
— É um segredo — Zeke respondeu, sorrindo para a
expressão atônita dele.
Então Sterling soltou uma gargalhada.
— Certo. Guarde para si. Eu vou saber em breve de qualquer
maneira.
Zeke não se incomodou em responder. Em vez disso, sorriu
enquanto dirigia o carro para uma área deserta, com muitas árvores
altas ao longo da estrada. A expressão perplexa de Sterling o divertiu
quando o homem mais velho saiu do carro com sua caixa de
sobremesas misteriosas. Zeke pegou a esteira de piquenique no
banco de trás e apontou para as árvores.
— Passe por elas e chegaremos a um caminho pequeno e
íngreme que leva a uma área escondida da praia. É cortado do trecho
principal por uma pedra enorme. A área arenosa é pequena, mas
deve ser grande o suficiente para nós dois.
Sterling sorriu.
— Ótimo. Vamos.
Zeke ficou hiperconsciente de tudo enquanto liderava o
caminho para seu local secreto. Sterling tinha sido bastante tátil com
ele durante o jantar. Os toques não eram sexuais. Na verdade,
parecia que Sterling nem estava ciente deles. Zeke definitivamente
não se importava com eles. Estava apenas surpreso e mais do que
um pouco animado. Agora, seu coração batia muito mais rápido e
mais forte enquanto Sterling equilibrava a caixa de sobremesas com
uma mão enquanto colocava a outra em seu ombro. Os dois também
estavam próximos um do outro enquanto caminhavam em direção
ao local bem escondido. De repente, Sterling tirou a mão do ombro
de Zeke.
— Sterling, o que há de errado?
— Desculpe. Eu não deveria ter colocado minha mão em...
— Eu não me importo, — Zeke deixou escapar antes que
pudesse pensar claramente sobre a implicação por trás de suas
palavras. Mortificado, desejou poder enterrar a cabeça na areia como
um avestruz.
Sterling ficou quieto por alguns segundos antes de sorrir.
— Ok. Vou manter isso em mente.
Depois disso, eles continuaram até a praia. Zeke ficou feliz
quando ele se aproximou dele pelo restante do caminho. Eles não
tiveram nenhum contato de pele, mas a distância entre eles se
tornou minúscula. Zeke quase podia sentir o calor do corpo de
Sterling. Desejou poder abraçar o homem, mas se absteve de fazê-
lo. Além disso, ficaria muito envergonhado de fazer algo assim.
Talvez algum dia no futuro. Precisava criar coragem primeiro.

Capítulo Seis

— Isso é incrível. — Sterling sussurrou enquanto deitava na


esteira ao lado de Zeke. Suas cabeças estavam a poucos centímetros
de distância. Em sua posição atual, Sterling poderia facilmente beijar
a ponta da orelha esquerda de Zeke, mas não tinham esse tipo de
relacionamento. Pelo menos ainda não. — A brisa da noite também
é muito boa.
— Concordo.
Sterling colocou as palmas das mãos sob a cabeça e olhou
para o céu noturno.
— Que horas são?
Zeke verificou seu smartphone.
— Doze minutos para as nove. Deve ser a qualquer
momento agora.
— Você preparou sua câmera?
Zeke bufou.
— Claro. Sou um fotógrafo profissional.
Sterling sorriu.
— Ok, Sr. Fotógrafo Profissional. Sinto muito por duvidar de
você.
Zeke piscou.
— Desculpas aceitas.
Sterling zombou.
— Isso era para ser sarcasmo, e não um real...
— Tarde demais.
Sterling riu, mas não pronunciou outra palavra. Em vez
disso, permaneceu quieto enquanto a estrela resplandecente
aparecia no céu escuro. Observou quando Zeke começou a tirar
várias fotos do fenômeno incomum. A estrela era tão brilhante que
era quase como se estivesse envolta em uma bola de fogo. Sterling
também podia ouvir os suspiros e gritos de outros espectadores
provavelmente localizados do outro lado da praia, já que o volume
de suas vozes era quase inaudível.
Então voltou sua atenção para Zeke, e isso o chocou quando
lágrimas abruptamente encheram seus olhos. Não tinha ideia do que
estava acontecendo, mas seu coração doía, como se tentasse lhe
dizer algo. Sua visão ficou embaçada e ficou surpreso quando
direcionou sua visão para Zeke porque quase parecia que havia dois
homens em vez de um. Ambos tinham uma constituição semelhante
e pareciam quase idênticos, mas Sterling sabia, sem sombra de
dúvida, que o homem um pouco mais baixo tinha que ser Zeke. Não
tinha ideia de quem poderia ser o outro homem. Porém, tinha suas
suspeitas, que foram confirmadas quando o desconhecido o encarou
e sorriu.
— James. — Sterling murmurou enquanto a dor fantasma
percorria todo o seu ser, e memórias nebulosas vinham à sua
mente...
Wayne riu enquanto se inclinava para beijar James na ponta
do nariz, fazendo o jovem se contorcer.
— Eu, Wayne Lee, amo você, James Wong. Com todo o meu
coração, corpo e alma. Para sempre e sempre. Farei uma promessa
solene aqui e agora. Até mesmo um voto.
James chorou visivelmente.
— Qual é?
Wayne inclinou a cabeça em direção à estrela mais brilhante
do céu, aquela que havia notado antes.
— Se realmente existe reencarnação, com aquela estrela
resplandecente como nossa testemunha, dou-lhe minha palavra de
que vou procurá-lo em nossas próximas vidas e estaremos sempre
juntos.
Uma lágrima solitária escorreu pela bochecha esquerda de
James.
— Você promete?
— Eu prometo. — Wayne respondeu antes de pressionar
seus lábios contra os de James…
Então Sterling voltou a si. Seu corpo inteiro doía, mas não
era nada comparado à sensação de aperto em seu coração. Sentia
falta de James. Ou talvez não fosse ele, mas Wayne quem sentia
falta de James. Sim, Sterling podia sentir isso. Wayne sentia muita
falta de James. Sterling podia detectar o amor, afeição e proteção de
Wayne em relação a James em algum lugar profundo dentro dele. A
mistura de sentimentos era tão poderosa que ameaçou dominá-lo.
Não estava chorando, mas as lágrimas estavam definitivamente
escorrendo por suas bochechas. Tentou recuperar o fôlego antes de
enxugar as lágrimas o melhor que pôde.
Depois disso, se aproximou ainda mais de Zeke, ainda
ocupado com a câmera. Sterling não via mais dobrado, mas apenas
Zeke na sua frente. Queria envolver Zeke em seus braços, mas ainda
tinha a presença e clareza de espírito para não fazer isso. Estava
apavorado. E se Zeke não fosse a reencarnação de James? E se
Sterling estivesse apenas confuso com seus sentimentos por Zeke e
uma parte sua desejava que James tivesse renascido como ele?
Enquanto os pensamentos guerreavam dentro da cabeça de Sterling,
Zeke lhe passou abruptamente a câmera. Sterling aceitou
automaticamente.
— Graças a Deus você está aqui. Segure isso para mim, por
favor. — Zeke disse enquanto lutava para tirar o suéter. — Este
maldito suéter é muito grande em mim. Isso me mantém aquecido,
mas também restringe meus movimentos às vezes, e acho bastante
desconfortável quando estou tentando operar minha câmera.
Sterling não conseguiu pronunciar uma única palavra. E
continuou olhando para Zeke, mas não tinha ideia do que estava
procurando. Talvez estivesse ficando louco de desespero.
Provavelmente estava tentando encontrar um rastro de James em
Zeke. Ao mesmo tempo, uma parte sua estava furiosa com James e
Wayne. Ele não era Wayne. Certo, se a lenda da reencarnação fosse
para ser acreditada, Wayne e ele estavam essencialmente
compartilhando a mesma alma, uma que residia em dois corpos
físicos diferentes. Sterling queria se livrar das memórias de Wayne.
Ansiava por namorar Zeke e ver se havia uma chance de os dois
ficarem juntos, mas estava sendo amarrado pelas memórias de
James de Wayne.
Estava tão perdido em sua própria cabeça que quase não
notou as marcas de nascença extremamente familiares no peito de
Zeke. A camisa de Zeke tinha subido quando o jovem tentou tirar o
suéter. Sterling conheceria bem essas marcas de nascença. Ele tinha
as mesmas no peito logo acima do coração. Se posicionasse os dedos
e a palma da mão direita sobre as marcas de nascença em um gesto
de garra, como se estivesse tentando apertar e agarrar o peito, se
encaixariam perfeitamente. Foi pego de surpresa quando outra
percepção o invadiu. Wayne foi morto a tiros. A mão direita de
Sterling estava agora bem acima do mesmo local onde Wayne havia
levado um tiro em nome de James. Ergueu a palma da mão esquerda
e colocou-a sobre as marcas de nascença de Zeke, fazendo com que
o homem gritasse e se afastasse.
— Zeke, eu...
Zeke balançou a cabeça quando finalmente conseguiu tirar o
suéter.
— Desculpe. Exagerei. Minhas marcas de nascença são
estranhas. Estão por todo o meu peito acima de onde meu coração
está. Apenas fiquei surpreso com a sua mão quente em meu peito,
e também com o fato de que você ser capaz de descobrir que a sua
mão caberá sobre elas se colocar os dedos nos lugares certos. Na
verdade, tenho outra marca de nascença na nuca, mas não é tão
óbvia.
Sterling não forneceu uma resposta verbal. Tremeu
enquanto descansava a câmera em seu colo e lentamente
desabotoou sua própria camisa enquanto Zeke estava boquiaberto.
Sterling se lembrava de uma parte da conversa que teve com a
divindade do destino e do casamento...
— O que você sabe sobre o fio vermelho do destino?
Sterling se lembrava de ter ouvido sobre isso de seu falecido
avô paterno. Entendeu as coisas dentro de sua cabeça quase
imediatamente.
— Você é a divindade do destino e do casamento.
O velho não confirmou nem negou.
— Ouça-me, Sterling. Só porque duas pessoas devem ser
unidas em um casamento, isso não significa necessariamente que
seja uma coisa infalível. Às vezes, o destino decreta o contrário. É o
que aconteceu com James e Wayne. Estou aqui para consertar as
coisas para eles.
Sterling assentiu.
— Onde está James agora? Ou devo dizer, quem é ele
agora?
— Ele também renasceu e já é familiar para você. Sinta-o
com o coração.
— Como devo fazer isso?
O estranho sorriu.
— Não posso te dizer isso, meu garoto.
Assim que Sterling desabotoou a camisa até o fim, levou a
mão esquerda de Zeke ao peito, o ponto logo acima do coração.
Zeke o encarou confuso.
— Você tem as mesmas marcas de nascença que eu. — Ele
sussurrou.
Sterling notou as lágrimas começando a encher os olhos de
Zeke.
— Eu tenho. Você conhece Wayne e James?
A respiração de Zeke falhou, choque aparente em seu rosto.
— Sonhei com eles muitas vezes, mas não tenho ideia de
quem são.
— Você acredita em reencarnação?
Zeke desviou o olhar por um momento.
— Isso soa tão familiar. É como se tivesse dito isso antes.
— Não você, mas James.
Os olhos de Zeke arregalaram.
— Eu sou... James?
Sterling ainda não estava cem por cento certo sobre isso. E
decidiu não responder. Em vez disso, levantou a camisa de Zeke e
pressionou a mão esquerda sobre a marca de nascença. Então
gentilmente acariciou a bochecha de Zeke.
— Tudo o que sei com certeza é que fui Wayne na minha
vida anterior. Ele fez uma promessa, um voto, a James com aquela
estrela ardente como testemunha, que iria procurar por James em
suas próximas vidas. Depois...
— Então estariam juntos para sempre. — Zeke o
interrompeu enquanto lágrimas escorriam pelo seu rosto. — E aqui
estamos.
Sterling conteve as próprias lágrimas.
— Você lembra.
Zeke balançou a cabeça.
— Na verdade. Apenas alguns pedaços.
Sterling soltou um suspiro de alívio.
— Como você está se sentindo agora?
— Meu coração está doendo. James...James amava tanto
Wayne. E ficou com o coração partido quando Wayne morreu na
frente dele. Desejou desesperadamente ter sido ele quem levou o
tiro em vez de Wayne. Vê-lo morrer foi demais para o coração de
James aguentar. Era fraco para começar. Ele…
Zeke parou, mas Sterling não precisava que ele continuasse
com a história. Poderia adivinhar que James deve ter morrido não
muito depois de Wayne.
— Eu sinto muito. Wayne também lamenta. Posso sentir sua
angústia dentro de mim. Ele amava James. Queria apenas protegê-
lo, o homem que amava mais do que a própria vida.
Zeke continuou a chorar enquanto se aproximava de
Sterling.
— Mas estamos aqui agora.
Sterling assentiu.
— Desta vez, teremos nosso final feliz.
— Você não pode garantir isso.
— Vou me esforçar muito para ter certeza disso. — Sterling
disse com um grunhido.
Zeke envolveu a cintura de Sterling com as duas mãos antes
de descansar a cabeça no peito do homem mais velho.
— OK.
Sterling exalou a respiração enquanto o segurava com força.
— Há algo que preciso te dizer, no entanto.
Zeke o olhou.
— O que é?
— Mesmo antes de saber com certeza que era Wayne em
minha vida anterior, já me sentia atraído por você. Eu sou Sterling e
você é Zeke. Podemos continuar o amor de James e Wayne porque
foi interrompido, mas não somos eles.
Zeke sorriu enquanto assentia.
— Eu sei.
— Bom.
Então Sterling empurrou todos os pensamentos para o fundo
de sua mente e se concentrou em Zeke. Se agarraram um ao outro.
Sterling desejou silenciosamente que ficassem juntos pelo resto de
suas vidas e em todas as vidas futuras. O segurou com mais força
enquanto olhava na direção da estrela ardente. Por um segundo ou
dois, pensou que a estrela poderia ter queimado ainda mais brilhante
e mais forte do que antes, mas imaginou que poderia estar apenas
alucinando. Provavelmente estava no alto de suas emoções, e isso
pode ter afetado sua visão ou algo assim. Precisava seriamente se
acalmar.

Zeke arrancou um pequeno pedaço do pão com recheio de


cream cheese e o levou até a boca de Sterling. O homem, deitado na
esteira com a cabeça apoiada na coxa de Zeke, arrancou o pão de
Zeke com os dentes.
— Não morda meus dedos. — Zeke advertiu brincando.
— Posso lambê-los em vez disso?
O rosto de Zeke estava quente.
— Não fale besteira.
Sterling riu.
— Você é sempre tão tímido quando se trata de qualquer
coisa de flerte ou sexual.
Zeke mostrou a língua para Sterling.
— Claro! Falar sobre coisas dessa natureza pode ser
realmente embaraçoso.
Sterling mastigou e engoliu o pão antes de piscar para Zeke.
— Você parece um virgem.
O coração de Zeke quase parou completamente. Não estaria
fazendo sexo com Sterling ainda. Definitivamente não nas próximas
horas ou mesmo nos próximos dias. No entanto, se o relacionamento
progredisse para um determinado estágio, poderiam fazer sexo
eventualmente. Zeke se perguntou como Sterling se sentiria sobre a
ideia de estar com um virgem inexperiente como ele. Não que fosse
completamente inocente. Havia passado por aulas de educação
sexual na escola. E também assistia um pouco de pornografia às
vezes. Conhecia pelo menos a mecânica.
Continuou a alimentar Sterling com pequenos pedaços de
pão, uma das poucas sobremesas que haviam comprado no
restaurante. Observou Sterling da cabeça aos pés e, pela primeira
vez, ponderou seriamente sobre o quanto o homem devia ser
sexualmente mais experiente. Um homem atraente como Sterling
deve ter recebido muitas ofertas. Zeke não seria capaz de competir
com aquelas pessoas. Podia ser tão bagunçado e desajeitado, e
agora estava preocupado que Sterling fosse rejeita-lo. Foi tirado de
seus pensamentos aleatórios quando Sterling acariciou a testa de
Zeke.
Olhou para baixo perplexo.
— Tem algo no meu rosto?
— Não, mas você está franzindo a testa com tanta força que
temo que comece a ter rugas nos próximos minutos.
Zeke revirou os olhos.
— Não fale besteira.
Sterling riu.
— OK. E se eu disser que realmente amo seu rosto? Você é
muito, muito bonito. Bonito demais para ser real. Alguém já te disse
isso?
Zeke se sentiu corar quando balançou a cabeça.
— Não.
Sterling zombou.
— Idiotas cegos. Não importa. Deixe-os permanecer alheios
para sempre. Quero que você seja meu para sempre.
O rosto de Zeke ficou ainda mais quente.
— OK.
Depois disso, dividiram todas as sobremesas restantes
enquanto desfrutavam da leve brisa. A estrela ardente continuou a
brilhar intensamente.
Zeke ficou surpreso quando Sterling sentou abruptamente e
sorriu.
— Tenho uma ideia. Por que não fazemos um pedido?
A sugestão deixou Zeke totalmente perplexo.
— Que tipo de desejo?
— Qualquer coisa. Vamos fazer agora. Podemos fazer
pedidos à estrela.
A confusão de Zeke se transformou em diversão.
— Você realmente acredita em algo assim?
— Sim!
Sterling parecia tão sério que Zeke não teve coragem de rir
dele.
— Está bem então. Como devemos fazer isso?
— Apenas olhe para a estrela resplandecente e faça o seu
desejo. É isso.
Zeke riu, mas fez como instruído. Silenciosamente.
— OK. Feito.
Sterling sorriu.
— O que você pediu?
Zeke sorriu.
— É um segredo.
Sterling deu uma gargalhada.
— Certo. Seja misterioso então.
— E você?
Sterling passou um braço sobre os ombros de Zeke e o puxou
para mais perto, descansando suas cabeças juntas.
— Para ficarmos juntos pelo resto de nossas vidas, e quando
um dia renascermos, ainda quero que fiquemos juntos.
Zeke ficou comovido com a sinceridade das palavras e tom
de voz de Sterling. Lágrimas vieram quando olhou nos olhos de
Sterling. Ele fez exatamente o mesmo desejo que Sterling. Seu
coração batia forte quando Sterling gentilmente pressionou seus
lábios juntos.
Por um breve momento, pouco antes de ser dominado pela
sensação e sabor do beijo, pensou ter notado através de sua visão
periférica a estrela ardente brilhando um pouco mais forte do que
antes, mas afastou o pensamento. Suas lágrimas deviam estar
afetando sua visão. Então se perdeu em seu primeiro beijo com
Sterling e esperava que fosse o primeiro de muitos outros que viriam.

Capítulo Sete

Nas semanas seguintes, Sterling sentia como se estivesse


flutuando nas nuvens. Ele passou muito tempo com Zeke. Eles não
puderam desfrutar de todas as refeições juntos, já que Sterling tinha
um enorme império de negócios para administrar, e Zeke podia não
ser um fotógrafo famoso, mas conseguiu algumas ofertas de
emprego de várias empresas. No entanto, eles fizeram o possível
para arranjar tempo um para o outro. Na maioria das vezes, eles
tomavam café da manhã e jantavam juntos. O almoço era o único
fator incerto. Por estarem ocupados, geralmente não conseguiam se
encontrar ao meio-dia. Sterling estava mais do que satisfeito com o
seu arranjo atual, no entanto. Teve bastante tempo de qualidade
com Zeke, e os dois foram gradualmente se conhecendo melhor.
— Senhor Lim.
Sterling ergueu os olhos da tela de seu laptop para encontrar
Lance parado do lado de fora da porta de seu escritório.
— Sim, Lance.
— É a Cynthia, senhor. Ela insiste em falar com você.
Sterling suspirou.
— Certo. Deixe-a entrar.
Um breve momento depois, Cynthia estava sentada em
frente à sua mesa. Ele manteve uma expressão neutra no rosto
enquanto ela parecia toda arrogante e condescendente.
— Eu exijo que você me devolva meu emprego, junto com
todo o dinheiro devido a minha ausência forçada.
Sterling podia estar se apaixonando lentamente por Zeke, e
estava muito mais feliz ultimamente. Ele também sorria muito mais.
No entanto, ainda era um dos empresários mais poderosos do mundo
e não era nada mole. Ele a olhou friamente.
— Sra. Cynthia Reeves, você violou os termos do seu
contrato mais de uma vez. Muitas vezes você não estava presente
no estúdio no horário combinado. Seu trabalho ficou muito mais
desleixado. Você foi rude com meus outros funcionários. Você
apareceu embriagada no trabalho duas vezes. Você deixou o estúdio
antes de terminar seu trabalho três vezes. De acordo com o rígido
contrato que você assinou no início de seu emprego, me reservo o
direito de processá-la por todas as perdas que o meu negócio
incorreu por causa de suas ações.
A expressão de Cynthia desmoronou um pouco.
— Mas não consigo encontrar emprego em outro lugar
depois de deixar sua empresa. Ninguém está disposto a me
contratar.
— Você não saiu da minha empresa. Eu a demiti. Posso
sugerir que você saia do meu escritório agora antes que eu chame a
segurança para removê-la fisicamente?
Cynthia ficou boquiaberta com Sterling por um momento.
Então sua expressão endureceu quando ela levantou. Ela caminhou
em direção à porta, mas parou no meio do caminho e virou para
encará-lo novamente.
— É melhor você tomar cuidado.
Sterling ignorou sua ameaça. Ele havia recebido
advertências semelhantes de muitos de seus adversários nos
negócios. Idiotas como eles e Cynthia simplesmente queriam dar a
última palavra. Era como se estivessem tentando salvar o pouco de
seu patético e tolo orgulho que restava dentro deles. Ele apertou o
botão do interfone.
— Lance.
— Sim senhor.
— Por favor, certifique-se de que todos nas equipes de
segurança em todo o mundo saibam que Cynthia nunca terá
permissão para pisar em nenhum dos meus estabelecimentos. Passe
a fotografia dela. Ela está oficialmente na lista negra.
— Imediatamente senhor.
— Obrigado, Lance.
Depois disso, Sterling continuou com seu trabalho, e todos
os pensamentos sobre seu encontro com Cynthia foram empurrados
para o fundo de sua mente. Ele realmente não se importava em se
preocupar com alguém como ela. Seria uma perda de seu precioso
tempo. Ele tinha muitas coisas mais importantes com as quais lidar.
Além de seu império de negócios, sua maior prioridade atual era
Zeke. Todos e tudo mais poderiam ficar em segundo plano.
Zeke estava sentado em um banco do hospital enquanto
esperava pacientemente que um dos funcionários da administração
se aproximasse e mostrasse a ele o prédio. Ele havia sido contratado
pela diretoria do Merciful Heart Hospital para tirar fotos das
enfermarias, médicos e enfermeiras. As fotografias seriam usadas
nos folhetos promocionais. Enquanto esperava, decidiu enviar uma
mensagem a Sterling.
Você sabia que o nome “Sterling” significa” estrela” enquanto
o nome “Zeke” significa “estrela cadente”? Legal certo?
Zeke pensou que demoraria um pouco até que Sterling
respondesse, mas estava errado. A mensagem de Sterling chegou
alguns segundos depois.
Fantástico.
Zeke sorriu ao responder.
O que você está fazendo? Estou no hospital para a tarefa de
que falei ontem à noite. Acho que este vai ser um dia bastante longo.
Posso não conseguir chegar ao meu apartamento antes das sete
horas. Devemos pedir pizza para o jantar?
A mensagem de texto de resposta de Sterling foi muito
gentil. Zeke sorriu ao ler pela segunda vez.
Ocupado com inúmeros documentos que tenho que ler no
meu laptop. Mas não consigo parar de pensar em você. Eu sinto sua
falta o tempo todo. Pizza parece perfeito. Você quer me visitar em
minha casa em vez disso? Sempre tivemos nossos encontros fora ou
em seu apartamento. Você deveria vir à minha casa esta noite. Eu
prometo que não vou morder. Muito.
Zeke revirou os olhos. Sterling era uma maldita provocação.
Está bem então. Vejo você em sua casa mais tarde. Me
mande seu endereço, por favor. Eu te ligo mais tarde. Acho que o
guia do hospital designado para mim já está aqui. Eu tenho que ir.
Eu te amo.
Zeke enviou a mensagem antes de lê-la cuidadosamente.
Seu rosto ficou quente quando engasgou com as últimas três
palavras. Ele pode ser a reencarnação de James, e Sterling pode ser
Wayne em sua vida anterior, mas eles eram pessoas diferentes
agora. Se perguntou se poderia estar se movendo rápido demais. Ele
sabia que estava se apaixonando rápido e forte por Sterling. Era
difícil não fazer isso. O homem tinha um exterior duro e de aço, mas
no fundo era um verdadeiro amor. Zeke estava prestes a enviar uma
mensagem para Sterling e se desculpar quando seu smartphone
apitou. Ele abriu a mensagem com algum temor em seu coração.
Eu também te amo.
Zeke ficou tão animado ao ler essas quatro palavras simples
que não teve dúvidas de que seu sentimento deveria estar escrito
claramente em seu rosto. Ele não poderia se importar menos, no
entanto. Estava nas nuvens. As coisas estavam indo muito bem entre
ele e Sterling até agora, e estava ainda melhor agora. Guardou o
smartphone e levantou para cumprimentar o funcionário do hospital
antes que ele e a gentil mulher começassem a discutir o que deveria
fazer. Ele teve uma ideia aproximada, mas ela confirmou o que a
diretoria exigia. Depois, ele agradeceu e garantiu que ficaria bem
sozinho.
Nas horas seguintes, obteve muitas belas fotografias. Fez
questão de não tirar fotos de nenhum dos pacientes. Em vez disso,
se concentrou nas instalações e na maioria dos equipamentos
médicos tecnologicamente mais avançados. Ele também parou na
cantina do hospital para um almoço rápido antes de continuar.
Estava determinado a fazer tudo o mais rápido possível. Precisaria
de tempo para trabalhar nas fotografias. Não gostava de alterá-las
se pudesse evitar, mas ocasionalmente esse processo era inevitável.
Quando eram quase cinco horas, Zeke entrou em uma
enfermaria luxuosa que parecia diferente de todas as outras. Ele
também se perguntou por que era a única enfermaria no andar mais
alto. Tanto quanto conseguia se lembrar, os outros andares
consistiam de duas enfermarias separadas, uma na ala leste e outra
na ala oeste. Se aproximou da recepção e chamou a atenção da
enfermeira de plantão.
— Boa tarde senhor. Eu sou Zeke Wu. Sou o fotógrafo
contratado pela diretoria para fotografar o máximo possível de
lugares, instalações e equipamentos dentro do hospital. Tudo bem
se eu andar por aí?
O enfermeiro hesitou um ou dois segundos antes de acenar
para ele.
— Só não perturbe nosso paciente, por favor.
— Absolutamente, senhor. Eu não vou.
— Está bem então. Vá em frente.
— Obrigado.
— De nada.
Depois disso, Zeke caminhou por todo o andar, maravilhado
com o quão opulento e caro tudo parecia ser. Quase parecia que
estava visitando uma suíte de hotel cinco estrelas em vez de passear
em um hospital. Estava tão hipnotizado por tudo, que quase esbarrou
em um senhor idoso. Estava prestes a se desculpar quando medo
tomou conta dele, e ele permaneceu enraizado no local. Algo parecia
familiar no homem mais velho, mas não conseguia reconhecer o
rosto. No entanto, uma parte sua definitivamente sabia quem era o
homem mais velho. Ele levou alguns momentos para recuperar o
controle de suas emoções e suas faculdades.
— Eu sinto muito.
O homem mais velho o olhou pelo que pareceu uma
eternidade, mas, na realidade, provavelmente durou apenas cerca
de dez segundos.
— James, meu filho.
Zeke sentiu o terror correndo por sua espinha enquanto
ficava boquiaberto em estado de choque. Ele não conseguia se
mover. Enquanto isso, o homem levantou as duas mãos em direção
ao seu rosto. Zeke ficou aliviado quando outro homem, que devia ter
mais ou menos a sua idade, correu para eles.
— Pai, não faça isso. Esse não é o James.
— Quem é James? — Zeke deixou escapar antes que
pudesse se censurar.
O homem virou para ele surpreso.
— Peço desculpas em nome do meu pai. Ele está muito
doente. Ele tem câncer e não tem muito tempo. Ele pode ficar
bastante delirante às vezes e lúcido em raras ocasiões. De qualquer
forma, antes de meu pai se casar com minha mãe, ele teve outro
filho, James, de sua esposa anterior. Ela morreu alguns meses depois
que James faleceu de um ataque cardíaco. Meu pai era senador.
Os lábios de Zeke secaram. Seu coração batia forte e rápido.
— Seu nome era James Wong?
O jovem parecia ainda mais surpreso.
— Sim. Acho que você já ouviu algo sobre isso.
Zeke olhou para o meio-irmão mais novo de James e
ofereceu sua mão.
— Eu sou Zeke Wu.
O cara apertou a sua mão.
— Oliver Wong. Mais uma vez, peço desculpas em nome do
meu pai.
— Está tudo bem. Eu estava apenas surpreso. Sou um
fotógrafo freelance, — Zeke explicou enquanto indicava sua câmera.
Oliver assentiu.
— Acho que ouvi falar de você pelo conselho de
administração.
— Você faz parte desse projeto?
— Não, — Oliver respondeu com um sorriso. — Minha família
é dona deste hospital. Este vigésimo segundo andar é a ala privada.
É para uso exclusivo dos membros da minha família.
— Vinte e dois é um número tão estranho de andares para
um hospital. Por que não vinte ou trinta andares?
Oliver suspirou.
— Meu pai mandou construir este hospital em memória de
James. Morreu com vinte e dois anos. Na verdade, esta ala tem o
nome dele. Acho que meu pai se arrepende do que aconteceu com
James, mas nunca revelou exatamente o que aconteceu com o meu
meio-irmão há mais de trinta anos.
Zeke teve que apertar os punhos para não chorar na frente
de Oliver e do homem mais velho, que agora sabia que devia ser
John Wong. Em vez disso, ele sorriu para Oliver.
— Talvez seja melhor deixar certas coisas do passado
desconhecidas.
Oliver riu e deu de ombros.
— Verdade. De qualquer forma, preciso levar meu pai de
volta para a cama.
— Tudo bem.
— Tchau, Zeke.
Zeke acenou para Oliver e então o observou conduzir John
em direção a um dos quartos. Ele sentiu uma leve dor por dentro,
especialmente quando John virou para encará-lo uma última vez
antes de entrar no quarto com Oliver.
Zeke ficou surpreso quando sentiu lágrimas escorrendo pelo
rosto. Ele não conhecia John, é claro. Pelo menos não pessoalmente.
Mas James certamente conhecia seu próprio pai, e Zeke derramou
lágrimas silenciosas em nome de James antes de passar as mãos no
rosto e respirar fundo. Ele fez o possível para recuperar o controle
de suas emoções antes de continuar com seu trabalho. Ele
permaneceu no hospital por mais quarenta minutos antes de decidir
encerrar o dia.
Quando entrou em seu velho carro, fechou os olhos. Tinha
sido um longo dia, mas não estava fisicamente exausto. Em vez
disso, estava emocionalmente exausto após aquele encontro
inesperado com John.
Ele realmente não sabia o que fazer com as emoções
conflitantes que continuava experimentando. Sentiu a tristeza de
James e primeiro se perguntou se James queria a oportunidade de
se reconectar com o pai.
Então, novamente, quando Zeke inicialmente avistou John
antes, sentiu o enorme medo de James profundamente dentro dele.
Então, James podia nem mesmo desejar ter qualquer interação com
o homem, porque se John não tivesse enviado aquela assassina para
matar James, Wayne não teria atrapalhado e morrido, e James
também poderia estar vivo agora.
Zeke pensou nas emoções conflitantes de James
repetidamente antes de chegar à conclusão de que a tristeza que
experimentou era meio compreensível. O relacionamento de James
e John pode não ter terminado bem, mas eles ainda eram pai e filho,
e fazia sentido que James ficasse triste e angustiado ao ver John.
Ele respirou fundo e soltou lentamente o ar pela boca antes
de verificar seu smartphone em busca de alguma mensagem de
Sterling. Ele tinha uma, contendo o endereço residencial de Sterling.
Verificou o endereço on-line e obteve instruções detalhadas antes de
sair do estacionamento subterrâneo do hospital. Ele teria que
informar Sterling sobre este último desenvolvimento desconcertante
e confuso. Sterling poderia aconselhá-lo sobre o que deveria fazer a
seguir.
Capítulo Oito

— Há algo de errado? — Sterling perguntou quando abriu a


porta.
Zeke ficou boquiaberto com ele.
— Sua casa é única.
— Oh! Obrigado. Gosto do fato de ser construída no sopé da
montanha e estar localizada bem na borda, por isso fica escondida
da vista na maior parte do tempo, a menos que alguém realmente
dirija até o final da entrada.
— É privada, muito bom. Sinceramente, pensei que algo
estava errado com o mapa on-line em meu smartphone quando a
voz robótica me disse para continuar por mais alguns metros.
Esperava um beco sem saída. Em vez disso, encontrei sua casa à
minha esquerda. — Zeke disse enquanto entrava. — Mas não fica
quente aqui? Provavelmente vai precisar do ar-condicionado ligado o
tempo todo.
— Na verdade. Existem muitas árvores na montanha, e você
também pode ver algumas delas em frente ao prédio. Ajudam a
proteger a casa e seus arredores do calor, principalmente durante a
estação mais quente. Preciso do ar-condicionado apenas enquanto
durmo à noite. A única desvantagem é a falta de iluminação natural
mesmo durante o dia. Deixe-me fazer um tour rápido.
— Isso vai ser incrível. Obrigado.
Sterling conduziu Zeke pelo primeiro andar. Primeiro
apontou para a porta na extremidade mais distante da sala de estar.
— Isso liga a garagem à casa. Você deve estacionar lá
depois que terminarmos o passeio. O carro estará mais seguro.
Zeke assentiu.
— Eu vou. O que mais há no primeiro andar? Além da
garagem, sala de estar, sala de jantar e cozinha.
— Dois quartos extras com um banheiro entre eles. —
Sterling respondeu enquanto mostrava os quartos para Zeke. — Há
outro banheiro a um metro e meio da entrada principal da casa. No
segundo andar, tenho o quarto principal com banheiro privativo e
escritório. Você pode verificá-los mais tarde.
Zeke corou.
— Isso não será necessário.
Sterling sorriu.
— Por que ainda é tão tímido comigo? Estamos namorando,
não estamos?
O rosto de Zeke ficou muito mais vermelho e rapidamente
desviou o olhar. Sterling riu baixinho, mas sabiamente calou a boca.
— Isso significa que você tem que ir muito longe para ir à
academia? — Zeke perguntou. — Quero dizer, sei que deve se
exercitar para parecer... uh, como você.
Sterling bufou.
— Como o que? Sexy e musculoso?
Zeke fez um movimento de engasgo.
— Seu ego é impressionante.
— Essa não é a única coisa impressionante sobre mim. —
Sterling disse, balançando as sobrancelhas de forma sugestiva.
Zeke zombou.
— Poupe-me, por favor.
— Eu posso te mostrar.
— Estou indo embora.
Sterling correu para Zeke e o segurou com força.
— Está bem, está bem. Desculpe. Apenas provocando. Não
faça beicinho, por favor.
Zeke riu.
— Eu só estava brincando com você.
Sterling bufou.
— Está um tanto travesso hoje. Talvez devesse te bater.
Ficou satisfeito ao notar as bochechas e o pescoço de Zeke
ficando vermelhos. De novo. Zeke era tão adorável. Era uma mistura
de timidez e flerte, tudo em um pacote delicioso e compacto. Sterling
gostava dessa combinação.
— Apenas responda à minha pergunta, por favor. — Zeke
disse.
— Qual delas?
— A academia.
— Oh, certo. Tenho uma academia em casa. — Sterling
apontou na direção da garagem. — Por lá tem uma porta de conexão.
Está localizada dentro de um prédio separado. Até tenho uma
piscina.
Zeke ficou boquiaberto antes de gesticular
descontroladamente para tudo ao seu redor.
— Como conseguiu a permissão para construir tudo isso?
Quero dizer, esta casa, a garagem, o prédio separado para sua
academia e piscina...
— Fácil, há três montanhas em Ostal, e esta é a menos
popular porque fica muito longe do centro da cidade e de qualquer
uma das áreas residenciais. O governo não sabia o que fazer com
isso. A maioria dos cidadãos e turistas prefere visitar ou acampar nas
outras duas montanhas. E me ofereci para comprar isso do governo
anos atrás, então tinha o direito de fazer o que quisesse.
Zeke ofegou, obviamente chocado.
— Toda esta montanha pertence a você?
— Sim.
— Então, se alguém andar ou escalar...
— Então ele ou ela está realmente invadindo a minha terra.
— Puta merda! — Zeke exclamou.
Sterling deu de ombros.
— Não é grande coisa realmente. Quase ninguém quer vir
até aqui. Como provavelmente viu durante a viagem, a área povoada
mais próxima fica a cerca de meia hora de distância. As outras duas
montanhas são muito maiores e, mais importante, mais facilmente
acessíveis.
— É seguro aqui fora?
— Foi instalado um sistema de segurança de última geração.
Além disso, uma parede de aço bem espessa à prova de balas cobre
toda a frente da minha casa e daquele outro prédio à noite.
— E quanto à eletricidade, água e gás?
Sterling sorriu.
— Não notou a enorme área restrita a alguns quilômetros
de distância?
Zeke ficou obviamente surpreso quando percebeu.
— Deixe-me adivinhar. Essa área contém instalações do
governo para eletricidade, água e gás.
— Bingo. Foram construídos ao mesmo tempo que a minha
casa. Mais uma vez, a terra me pertence e o governo a está
arrendando de mim.
— Droga! Não é de admirar que você esteja ficando mais
rico a cada segundo. Você realmente tem interesse em tudo.
Sterling sorriu antes de guiar Zeke de volta para a sala de
estar.
— Sou um homem de negócios. Enfim, você está pronto
para pedir pizza agora? São quase sete horas.
— Claro. Alguém vai entregar aqui?
— Todos ficarão encantados. Dou gorjetas extremamente
generosas.
— Você deveria dar. Você mora longe de tudo e de todos.
— Não vai ser tão ruim em cerca de três ou quatro anos.
Zeke se jogou no sofá.
— Porque você disse isso?
Sterling sentou ao lado dele.
— O governo ainda não anunciou, mas Ostal terá um
sistema ferroviário de alta velocidade que conectará toda a ilha de
ponta a ponta, começando primeiro pelo meu lado.
— Como você sabe disso? E por que o governo iniciará um
projeto tão lucrativo do seu lado? Oh espere! Você é um dos
investidores.
Sterling balançou a cabeça.
— Sou o único investidor.
— Você já não está ocupado o suficiente?
— Sim, mas os negócios são sempre muito fáceis para mim.
Estou entediado a maior parte do tempo.
— Existe alguma coisa em que você é ruim?
— Colocar você na minha cama. — Sterling respondeu
enquanto piscava para Zeke, que imediatamente corou. De novo.
Sterling precisou de cada grama de autocontrole para não o
agarrar e atacá-lo. Nunca havia encontrado alguém tão cativante e
encantador quanto Zeke. Não tinha ideia de como o homem
conseguia ser tão inocente e sedutor o tempo todo. Ainda se
perguntava se Zeke era tão inexperiente quanto agia. No entanto,
isso parecia impossível, com Zeke tendo vinte e dois anos.
No entanto, Sterling não pensou muito sobre isso por
enquanto. Em vez disso, pegou seu smartphone e clicou no aplicativo
de sua pizzaria favorita e pediu várias para serem entregues.
— Talvez se você for um bom menino. — Zeke finalmente
disse.
— Sempre sou bom. — Sterling protestou enquanto sentava
ao lado de Zeke.
Zeke sorriu.
— OK. Certo. Você é.
— Certo.
Zeke se aconchegou perto de Sterling.
— A propósito, preciso falar com você sobre algo
importante.
O coração de Sterling começou a bater mais forte e mais
rápido. Isso soou realmente ameaçador. Além disso, a expressão de
Zeke ficou séria.
— É sobre o que?
— John Wong.
— O ex-senador?
— Você o conhece?
— Pessoalmente não. Por que?
— Ele é o pai de James.
Sterling enrijeceu. Algo dentro dele ficou dormente enquanto
de repente sentiu uma mistura de medo e fúria.
— O que tem ele?
— Ele está em um hospital. Câncer.
Então Sterling ouviu atentamente enquanto Zeke o
informava sobre tudo o que havia ocorrido no hospital. Embora em
sua posição conhecesse muitos políticos, nunca havia negociado com
John. Afinal, o homem se aposentou anos antes de Sterling se tornar
rico, poderoso e influente. Claro, recentemente percebeu que tinha
algumas das memórias de Wayne, e talvez até uma parte da
consciência do homem. Agora sentia que Wayne estava
definitivamente e simultaneamente assustado e enfurecido por
qualquer coisa relacionada ao John.
— Você acha que eu deveria abordá-lo? — Zeke perguntou,
olhando diretamente nos olhos de Sterling.
— Francamente, não sei.
Por um momento, nenhum deles pronunciou uma única
palavra até que Zeke quebrou o silêncio.
— Acho que James está ansioso pelo encerramento de tudo
o que aconteceu todos esses anos atrás.
— Wayne pensa do mesmo jeito. — Sterling admitiu. — Eu
acho. Não sei como explicar a sensação para você. Simplesmente sei
disso. É essa sensação dentro de mim.
Zeke apertou a mão de Sterling.
— Eu, de todas as pessoas, entendo. Não precisa colocar em
palavras.
Depois disso, ficaram quietos novamente por vários minutos.
Sterling tinha muitas coisas em mente. Também tinha problemas
para separar as várias emoções que o percorriam. As memórias dele
e de Wayne eram separadas. Ainda estava totalmente ciente das
seus e as que pertenciam a Wayne. No entanto, as emoções eram
totalmente diferentes. Sentia como se ele e Wayne compartilhassem
as mesmas emoções, embora o seu lado lógico soubesse muito bem
que algumas dessas emoções não eram suas. Olhou para Zeke antes
de se decidir.
— Se você acha que pode ajudar você e James, não vejo
nenhum mal em visitar John no hospital.
Zeke virou para ele, preocupação claramente escrita em seu
rosto.
— E você?
— Eu não sei. — Sterling respondeu honestamente. — Não
tenho ideia de como Wayne realmente se sente em relação ao John.
Parece-me que está convencido de que John foi o responsável por
sua morte, o que levou James a morrer de ataque cardíaco
momentos depois. Ao mesmo tempo, se sente mal porque pensa que
foi sua culpa por causar o desentendimento entre pai e filho, que
resultou na dolorosa morte de James. Suas emoções estão
emaranhadas, e tenho meu próprio conjunto de sentimentos para
lidar. Tudo está uma bagunça dentro de mim.
Zeke assentiu.
— Talvez eu tome a iniciativa. Vou... Vou tentar falar com o
John. Acho... acho que James sente falta do pai. Independentemente
de como as coisas terminaram no passado, foram pai e filho uma
vez. Se eu conseguir um pouco de paz em nome de James, talvez
tudo fique bem mais tarde.
— Faça isso. Tenho que entender as coisas. Realmente não
consigo compreender os sentimentos de Wayne. Estão todos
misturados.
— OK.
Então Sterling puxou Zeke para mais perto enquanto
continuavam a se aconchegar. Permaneceram na mesma posição até
que o entregador de pizza bateu na porta. Sterling aceitou as caixas
de pizza e deu uma generosa gorjeta ao entregador antes de voltar
para o sofá.
— Por que não abre essas caixas enquanto pego algo para
bebermos?
— Coisa certa. O que você tem?
— Alguns tipos diferentes de suco de frutas, refrigerantes,
leite, um pouco de cerveja, vinho, água...
— Suco de laranja?
Sterling sorriu.
— Já está saindo.
Levou menos de cinco minutos para voltar à sala de estar
com a caixa de suco de laranja e um copo para Zeke e uma lata de
refrigerante. Concordou facilmente quando Zeke sugeriu que
assistissem a um filme enquanto desfrutavam do jantar. Sterling
assinava um serviço de streaming, então tinham uma ampla seleção
de filmes e séries de televisão para escolher. Sterling não ficou
surpreso quando Zeke finalmente escolheu uma comédia.
Obviamente, seu namorado não estava com disposição para um filme
com um tema pesado e, verdade seja dita, ele também não. A
combinação de jantar e um filme os ajudou a esquecer
temporariamente James, Wayne e John.
— Deixe-me limpar, já que você pagou pelo jantar. — Zeke
disse quando o filme terminou.
Sterling agarrou as mãos de Zeke para deter seus
movimentos.
— Vai passar a noite comigo? Apenas dormir um ao lado do
outro. Nenhum negócio engraçado. Eu prometo. Não farei nada para
o qual você não esteja preparado.
Zeke corou e ficou quieto por tanto tempo que Sterling teve
um forte pressentimento de que não concordaria. Então sorriu
quando Zeke assentiu.
— Sim! — Sterling exclamou, e isso fez com que o rosto de
Zeke ficasse muito mais vermelho do que antes.
Sterling ficou de pé e gentilmente empurrou Zeke em direção
à porta da frente antes de lhe entregar o controle remoto que tirou
de sua calça.
— Para que serve isso?
— Vou limpar tudo enquanto você estaciona o carro na
garagem. Vai precisar do controle remoto para abrir e fechar a porta.
— Não tem medo que eu roube os carros dentro da sua
garagem? Sei que tem seis diferentes e são todos muito caros.
— Tenho oito na verdade. Pode levá-los todos. Não ligo.
— Realmente?
Sterling assentiu enquanto inclinava a cabeça para mais
perto da de Zeke.
— Porque você já tem meu coração na palma da sua mão.
O rosto de Zeke ficou ainda mais vermelho do que antes, e
Sterling começou a rir enquanto beliscava as bochechas do
namorado. Forte.
Zeke fez beicinho antes de dar um tapa nas mãos de
Sterling.
— Pare com isso. Estou envergonhado.
Sterling riu, mas levantou os braços no gesto universal de
rendição total antes de começar a limpar o resto do jantar. Estava
se divertindo e não conseguia parar de repassar a adorável imagem
da expressão tímida de Zeke dentro de sua cabeça.
— Você fica tão tímido sempre que flerto com você. Você é
quase como um virgem.
— Eu sou!
Atordoado, Sterling girou para encarar Zeke, agora olhando
para tudo menos para ele. Estava excitado e chocado.
— S... Sério?
Zeke deu um passo para trás em direção à porta.
— Sim.
— Zeke...
— Vou colocar meu carro na garagem agora.
Antes que Sterling pudesse pronunciar uma única palavra,
Zeke saiu correndo de casa. Sua mente ficou em branco por um ou
dois segundos. Nunca esperou que Zeke fosse virgem de verdade.
Não tinha dúvidas de que o sono escaparia pelo resto da noite. Não
seria capaz de cochilar, sabendo que poderia ser a primeira e única
pessoa com quem Zeke teria relações sexuais. Não estava assustado
ou desanimado com a perspectiva. De jeito nenhum. A parte primária
e primitiva dele gostava disso. Muito. Ficou parado no local por vários
minutos enquanto tentava recuperar o controle de si mesmo. Agora
que sabia que Zeke não tinha nenhuma experiência sexual, precisava
ser mais cuidadoso com suas palavras e ações. Jurou que deixaria
Zeke dar o primeiro passo, não importava quanto tempo levasse.
Mesmo que a espera pudesse matá-lo.

Capítulo Nove

— Pare com isso! — Zeke murmurou baixinho enquanto


entrava no elevador do hospital.
Ele iria fazer uma visita ao John, já que não tinha nenhuma
tarefa naquele dia. No entanto, não conseguia parar de pensar no
evento que ocorrera naquela manhã. Ele havia acordado na cama
com Sterling. O homem se agarrou a ele como um polvo. Na noite
anterior, os dois haviam usado calções para dormir, mas Zeke
certamente foi capaz de sentir o tamanho da palpitante
masculinidade de Sterling contra suas costas. Sabia que alguns
homens eram tremendamente bem-dotados. Embora o pênis de
Sterling não parecesse assustadoramente enorme, ainda era
enorme, e Zeke ficou mais do que um pouco intimidado. Na verdade,
ainda estava apavorado. No entanto, todos os pensamentos
desapareceram no momento em que chegou ao vigésimo segundo
andar. Ele levou alguns momentos para reunir coragem para se
aproximar da enfermaria.
— Bom dia. — Cumprimentou a recepcionista. — Você está
aqui para tirar mais fotos?
Zeke ficou aliviado ao notar que era a mesma pessoa que
conhecera no dia anterior, e também ficou feliz por ter trazido sua
câmera de sempre, mesmo que apenas por um ardil. Ele imaginou
que uma mentirinha não faria mal a ninguém.
— Sim. Terminarei o mais rápido possível.
— Está tudo bem. Apenas tente manter o ruído baixo, por
favor. O Sr. Wong está dormindo no momento, e a sua esposa e filho
não chegarão antes do meio-dia.
Zeke ficou aliviado ao ouvir isso. Essa era exatamente a
informação que precisava.
— Obrigado. Vou ficar quieto como um rato.
— Está bem então. Vá em frente.
Zeke fingiu verificar a área em busca de coisas que queria
fotografar. Assim que teve certeza de que a atenção da recepcionista
estava focada em outro lugar, entrou no quarto que vira John entrar
no dia anterior. Quando entrou, encontrou o homem dormindo em
uma enorme cama king-size. Zeke quase assobiou com a
extravagância. Então, novamente, não deveria ter ficado surpreso.
Todo o prédio do hospital foi construído pela família Wong.
Ele se aproximou da cama, planejando simplesmente
observar o velho adormecido. Por isso, ficou surpreso quando John
abruptamente abriu os dois olhos para olha-lo. Eles se olharam nos
olhos por vários segundos.
— Quem é você?
— Eu... eu sou Zeke Wu. Nós nos encontramos brevemente
ontem à tarde.
— Entendo.
— Sou um fotógrafo freelancer contratado pela diretoria
deste hospital.
— O que você está fazendo no meu quarto?
Zeke não tinha uma resposta adequada. Ele permaneceu
sem fala por vários momentos antes de apresentar o que pensou ser
uma desculpa plausível.
— Eu queria tirar fotos do quarto, mas entrei no quarto
errado. Desculpe.
Zeke ignorou seu coração acelerado enquanto se dirigia para
a porta. Ele podia sentir que James sentia muita falta de seu pai.
Apesar de como as coisas terminaram tantos anos atrás, eles ainda
eram pai e filho. Zeke poderia simpatizar com James. Tipo isso. Ele
havia perdido seus pais há muitos anos, mas ainda sentia muita falta
deles.
— Espere.
Zeke parou em seu caminho e virou para enfrentar John.
— Sim?
John levantou uma mão e acenou fracamente para Zeke se
aproximar.
— Você pode me mostrar a sua nuca, por favor?
Zeke achou aquele pedido estranho, mas achou que não
havia mal em agradar ao John. Então sentou na beirada do colchão
e deu um pulo quando sentiu John passar os dedos em sua nuca. Ele
virou para encarar o homem, surpreso ao notar as lágrimas nos olhos
de John.
— Senhor Wong...
— Você tem a mesma marca de nascença que o meu filho.
Ele tinha uma estrela de quatro lados como marca de nascença na
parte inferior do pescoço.
O coração de Zeke batia muito mais rápido e mais forte.
— Você quer dizer o Oliver?
John balançou a cabeça.
— James. Meu primogênito. Eu fiz mal a ele.
Zeke apertou os punhos enquanto lutava para conter as
lágrimas.
— Senhor Wong...
— Você ainda tem o mesmo olhar intenso que ele tinha
naquela época.
Zeke assentiu enquanto lutava para conter suas emoções
turbulentas lá no fundo. Ou talvez fossem de James.
— Que coincidência.
— Ele morreu há muitos anos. Ele teve um...
— Ataque cardíaco.
John pareceu surpreso por um ou dois segundos antes de
suspirar.
— Isso mesmo. Achei que tinha conseguido enterrar aquela
história tantos anos atrás. Deveria saber que nenhum segredo pode
permanecer oculto para sempre. Você é jornalista? Quanto você sabe
sobre o que aconteceu?
— Só um pouquinho, mas não sou jornalista. Sou fotógrafo
freelancer. Você gostaria de falar sobre isso?
John riu, mas ofegou enquanto parecia lutar para recuperar
o fôlego.
— Uma confissão final, hein?
Zeke deu de ombros.
— Pense nisso da maneira que quiser.
John pareceu hesitar enquanto inalava e exalava algumas
vezes antes de finalmente apontar para a cadeira vazia ao lado da
cama.
— Sente-se.
— Tudo bem. — Zeke disse. — Obrigado.
— Fui senador há muitos anos. Eu tinha poder, fama e muito
dinheiro. Estava no topo do mundo. Não estava satisfeito, no
entanto. Queria mais.
— O que você fez?
Zeke não precisava realmente fazer a pergunta. Tinha
pedaços das memórias de James, e era inteligente o suficiente para
ligar os pontos. No entanto, desejava ouvir as palavras de John.
— James era... ele era homossexual. — John respondeu
enquanto uma única lágrima escorria por sua bochecha. — Eu odiava
o fato de que ele era... inclinado a isso.
— Por quê?
— Principalmente porque eu não conseguia entender como
ele poderia gostar de alguém do mesmo sexo. Ainda tenho
dificuldade em aceitar pessoas como ele. Eu também tinha grandes
esperanças nele. Eu ia arranjar um casamento entre ele e uma
mulher de outra família influente e rica. Quando descobri sua
propensão sexual, pensei que era o fim do meu sonho. Então
descobri que um conhecido meu estava no mesmo barco.
— O filho dele também era gay?
— Sim, mas James já estava apaixonado por outra pessoa,
alguém que eu considerava muito abaixo dele em termos de dinheiro
e status.
— Wayne.
Os olhos de John arregalaram.
— Como você...
— Eu tenho meus caminhos. Continue por favor.
John olhou para o teto.
— Seu nome era Wayne Lee. Ele era o guarda-costas do
meu filho e oito anos mais velho que James. Ele era órfão. Fui eu
quem o mandou para um campo de treinamento especial para que
pudesse se tornar o guarda-costas do meu filho. Eu nunca esperei
que as coisas acabassem do jeito que aconteceram.
O coração de Zeke doía, mas estava determinado a
continuar.
— É verdade que você enviou uma assassina atrás deles?
John parecia quase zangado.
— Não! Pelo menos não os dois. Cindy deveria tirar Wayne
do caminho. Nunca James. Posso não ser o pai perfeito, mas amei
meu filho.
— Só não o suficiente para colocar a felicidade dele antes
da sua. — Zeke rebateu, mas rapidamente tentou recuperar o
controle de suas emoções.
John parecia bastante envergonhado agora.
— De fato. Infelizmente, as coisas não saíram conforme o
planejado. Cindy estava apaixonada por Wayne, algo que eu não
sabia inicialmente, e ela tentou matar James em vez disso.
Zeke ficou surpreso ao ouvir isso. Era óbvio que James
também não percebeu isso. Zeke podia sentir a emoção de James
alta e clara dentro dele.
— Como você sabia sobre a Cindy...
— Eu tinha meus caminhos.
A expressão de John era horrível agora, e Zeke não precisava
ser um leitor de mentes para saber o que estava dentro da cabeça
do homem mais velho. Com base nas poucas memórias de James
que Zeke conseguiu acessar, sabia que John faria o que fosse
necessário para adquirir o que queria na vida. Ele tinha certeza de
que Cindy devia ter sido torturada e possivelmente assassinada. Ele
precisava saber com certeza, no entanto.
— O que aconteceu com a Cindy?
John zombou.
— Tenho certeza que você é inteligente o suficiente para
adivinhar. É o suficiente para você saber que a filhinha dela ficou órfã
da noite para o dia, trinta anos atrás.
— Ela era uma mãe solteira?
John assentiu.
— É justiça. Cindy tentou matar o meu filho.
Zeke sentiu uma enorme pena de John agora.
— Se você não tivesse ordenado que ela matasse Wayne, a
tragédia poderia ter sido evitada.
A expressão de John desmoronou no instante seguinte.
— Você tem razão. Tudo é tarde demais agora.
Zeke sentou desajeitadamente enquanto John soluçava. Ele
também não conseguiu detectar nenhuma das emoções de James.
No final, esperou até que John se acalmasse o suficiente antes de
levantar e dar um tapinha no braço do velho. Estava prestes a ir
embora quando John agarrou sua mão.
— Você tem mais alguma coisa para confessar?
John sorriu e balançou a cabeça.
— Não. Eu quero te agradecer. Não consigo falar sobre isso
com ninguém há trinta anos. É um grande alívio.
— Você não está preocupado que eu possa revelar toda a
sua roupa suja ao público?
John riu.
— Eu estarei morto em breve. Isso importa?
Zeke olhou nos olhos de John em silêncio por vários
momentos antes de finalmente balançar a cabeça.
— Não. Acho que não.
John riu baixinho.
— Você vai fazer isso?
— Eu não sou esse tipo de pessoa.
John sorriu para Zeke.
— Eu posso dizer. Você tem um espírito gentil e amável.
Assim como James. É quase como se a alma dele tivesse renascido
em você.
Zeke ficou atordoado, mas manteve sua expressão neutra
enquanto apertava suavemente a mão de John.
— Tenha um bom descanso, Sr. Wong.
— Eu vou. Obrigado novamente por ouvir as divagações de
um velho. Obrigado.
Zeke não forneceu uma resposta verbal. Ele simplesmente
deu um tapinha na mão de John antes de se dirigir para a porta. Ele
virou uma última vez para encontrar John ainda o olhando. Ele
abaixou a cabeça antes de sair do quarto. Por alguma razão
insondável, se sentia um pouco mais leve agora. Não foi o
fechamento perfeito que esperava, mas foi bom o suficiente. Tinha
que ser.

Sterling saiu do elevador privativo e atravessou o saguão,


ignorando os olhares curiosos das pessoas ali presentes. Ele
raramente aparecia lá, então eles devem ter ficado surpresos ao vê-
lo. Não poderia se importar menos, no entanto. Zeke estava quase
chegando ao prédio e convidou Sterling para um brunch juntos.
Naturalmente, Sterling concordou com isso, especialmente porque
não tinha nenhuma reunião importante no momento. Além disso,
odiaria perder qualquer momento precioso que pudesse passar com
Zeke. Ele saiu correndo do prédio e esperou na porta pela chegada
de Zeke.
Um breve momento depois, ouviu o som familiar e distinto
do velho motor do carro de Zeke. Ele sorriu na direção de Zeke
enquanto levantava a mão direita e acenava. Ele notou que Zeke
estava prestes a dirigir em direção à frente do prédio comercial. Ele
estava prestes a caminhar em direção ao carro de Zeke quando ouviu
um estrondo. A princípio, ficou chocado, mas não tão chocado quanto
sentir a dor excruciante em seu peito. Ele olhou para baixo e notou
a mancha de sangue se formando em sua camisa. Sua visão ficou
embaçada mesmo quando as pessoas ao seu redor começaram a
gritar e correr.
— Sterling!
Ele podia ouvir a voz de Zeke, quase como se viesse de
longe. Sentiu um pouco de frio e sono. Alguém o estava segurando.
Ele podia sentir o cheiro de talco de bebê e menta. Sterling
reconheceria o cheiro doce e perfumado de Zeke a qualquer hora,
em qualquer lugar. A última coisa que ouviu foi Zeke chamando seu
nome várias vezes, o guincho de pneus, depois mais gritos. Depois
disso, não conseguia se lembrar de mais nada.

Capítulo Dez

— Você precisa pegar algo para comer? — Sarah, a mãe de


Sterling, perguntou ao entrar no quarto do hospital, seguida por
Bernard, seu marido e pai de Sterling.
Zeke balançou a cabeça. Estava de volta ao mesmo hospital,
desta vez sentado em uma cadeira ao lado da cama de Sterling
dentro de um quarto privado no oitavo andar. Estava exausto e tinha
certeza de que devia parecer um louco no momento. Seus olhos
deviam estar vermelhos de tanto chorar horas antes enquanto
acompanhava Sterling na ambulância, e tinha sangue em suas
roupas. Sangue de Sterling. Alguém no hospital deve ter contatado
os pais de Sterling porque eles chegaram ao hospital enquanto seu
filho estava dentro da sala de cirurgia. Zeke teria se sentido muito
mais estranho em seu primeiro encontro com eles se não estivesse
tão mais preocupado com a situação de seu namorado.
Felizmente, os pais de Sterling reconheceram quem era. Eles
o informaram que Sterling já havia falado com eles sobre ele. Zeke
ainda sentia uma mistura de preocupação e constrangimento,
enquanto esperavam que os médicos salvassem Sterling. Estava
preocupado sobre como se sentiriam sobre ele. Afinal de contas, uma
coisa era ter uma vaga imagem do namorado do filho, e outra
totalmente diferente era conhecê-lo pessoalmente. Ao mesmo
tempo, estava assustado com o estado de saúde de Sterling. Quando
Sterling saiu da sala de cirurgia quatro horas depois, os três
suspiraram de alívio quase ao mesmo tempo. De acordo com o
cirurgião chefe, a bala não atingiu nenhum órgão vital e foi removida,
e Sterling acordaria a qualquer momento.
— Zeke, você precisa pegar alguma coisa na cantina do
hospital. Você perdeu o almoço. São quase cinco horas.
— Ainda não estou com fome — respondeu enquanto olhava
para Bernard. — Mas eu vou jantar às seis.
Sarah deu um tapinha na cabeça de Zeke antes de ocupar a
cadeira ao lado dele. Estava prestes a oferecer sua cadeira a Bernard
quando percebeu um leve movimento de Sterling. Ele moveu os
olhos para a mão de Sterling, deitada debaixo da sua. Sarah e
Bernard notaram a mesma coisa que ele.
— Vou chamar o médico — Bernard disse antes de correr
para o botão de emergência ao lado da cama.
Sterling gradualmente abriu os dois olhos. Zeke queria
abraçá-lo, mas estava apavorado com a possibilidade de, que de
alguma forma, poderia piorar a atual condição frágil de seu
namorado. No final, decidiu se aproximar da cama antes de passar a
mão na testa do namorado.
— Sterling, você pode me ouvir?
Sterling não respondeu, no entanto. Zeke estava muito
alarmado agora. Ele se perguntou se algo mais estava errado com
Sterling. Antes que pudesse pensar mais, o médico e algumas
enfermeiras entraram no quarto e fizeram seus respectivos
trabalhos. Estava impaciente pelo veredicto sobre o estado de saúde
de Sterling, mas ele, junto com os pais de Sterling, tiveram que
permitir que os profissionais médicos cumprissem suas funções.
Eventualmente, o médico virou para eles.
— Sr. Lim parece estar se recuperando bem. Os sinais vitais
estão melhores do que esperávamos. Ele adormeceu no momento e
provavelmente não acordará nas próximas horas. Sugiro que vocês
vão até a cantina, tome um banho rápido e descanse o máximo
possível.
— Posso passar a noite com ele? — Zeke perguntou.
O médico pareceu hesitar.
— Você é o marido dele, senhor? Se não, temo que não
posso...
— Somos os pais de Sterling — Bernard disse enquanto
gesticulava para Sarah e para si mesmo. — Zeke é o namorado de
longa data de Sterling. Podemos autorizá-lo a acompanhar Sterling
durante a noite, não podemos?
O médico assentiu.
— Claro. Isso vai ficar bem então. Vou pedir a uma das
enfermeiras que lhe entregue o formulário de autorização em alguns
minutos.
— Obrigado — Sarah disse antes de virar para Zeke. — Por
que você não volta para o seu apartamento para tomar um banho
rápido? Faça um jantar leve e depois volte para o hospital.
Zeke estava hesitante, mas tinha que concordar que a
sugestão era a mais lógica no momento. Então lembrou que havia
deixado o carro em frente ao prédio comercial de Sterling e informou
Sarah e Bernard sobre isso.
— Está tudo bem. Vou levá-lo ao escritório — Bernard
ofereceu. — Sarah pode ficar aqui com Sterling. Tudo bem?
Zeke sorriu agradecido para ele.
— Sim. Obrigado.
Então ele se aproximou da cama de Sterling e beijou a testa
de seu namorado antes de se despedir de Sarah. Estava um pouco
tímido por ser tão abertamente afetuoso com Sterling na frente de
seus pais, mas eles pareciam muito legais sobre isso. Talvez o
relacionamento dele com Sterling tivesse uma conclusão diferente
em comparação com a história de amor de James e Wayne. Enquanto
seguia Bernard em direção ao elevador, se sentiu mais otimista sobre
o futuro agora.
Sterling abriu os olhos. Se sentia um pouco tonto e dolorido
em todos os lugares. Não conseguia entender onde estava. A última
coisa de que se lembrava era da visão de sua camisa ensanguentada.
Ele também se lembrava de estar nos braços de Zeke, mas a
memória era confusa. Seus lábios estavam secos e sua garganta
arranhava. Tentou fazer alguns ruídos, mas não conseguiu. Se sentia
muito fraco, mas não estava com sono. Virou a cabeça ligeiramente
para a direita e viu Zeke sentado em uma cadeira com a cabeça
apoiada na beirada da cama. Devia ser uma posição desconfortável
para dormir. Ele queria chamar Zeke, mas não conseguiu. No
entanto, deve ter conseguido fazer algum tipo de barulho porque
Zeke levantou a cabeça abruptamente.
— Excelente! Você está acordado! Estou tão aliviado.
Zeke começou a chorar e o coração de Sterling doeu por seu
namorado. Desejou poder enxugar as lágrimas de Zeke, mas sua
condição atual tornava isso impossível. Ele tentou consolar Zeke,
mas acabou tossindo.
— Uh-ua.
Sterling queria um pouco de água, mas não conseguiu
articular a palavra corretamente. Foi também quando percebeu que
estava conectado a vários equipamentos médicos por tubos
intravenosos. Zeke olhou para Sterling, obviamente confuso antes
que a sua expressão mudasse.
— Oh! Água! Um momento.
Sterling agradeceu que Zeke pelo menos conseguiu
compreendê-lo e o que ele pedia. Ele também estava grato por Zeke
ter tido o bom senso de alimentá-lo lentamente com a água usando
uma colher para que não tivesse que levantar a cabeça. Não achava
que estava forte o suficiente para fazer isso de qualquer maneira.
— Ob-do.
Zeke pareceu confuso por um segundo antes de sorrir.
— Oh, você quer dizer 'obrigado'. De nada. Você está se
sentindo bem agora?
— Sim.
— Ótimo. Fico feliz em ouvir isso. Fiquei tão assustado
quando alguém atirou em você.
— Quem?
Sterling não conseguia se lembrar do rosto do atirador. Tudo
tinha acontecido muito rápido. Ele também havia perdido a
consciência poucos segundos depois de ter ocorrido. Zeke enxugou
as lágrimas enquanto sentava na cadeira mais uma vez.
— Fui interrogado pela polícia mais cedo. Seus pais também.
Eu conheci os dois. Eles estiveram aqui antes, mas tiveram que sair.
O hospital não permite que mais de uma pessoa acompanhe o
paciente.
Sterling ficou surpreso com a notícia. Ele havia planejado
apresentar Zeke aos seus pais em breve, mas certamente não
esperava que o primeiro encontro entre as três pessoas mais
importantes de sua vida fosse sob uma condição tão estressante.
— De qualquer forma, o detetive me disse que o nome do
atirador é Cynthia Alguma Coisa.
Sterling ficou chocado.
— Cynthia?
Zeke assentiu.
— Ela não era a fotógrafa que você despediu por estar
ausente da sessão de fotos? Eu fui o substituto dela, não foi?
— Sim.
— Entendo. De qualquer forma, ela estava aparentemente
bêbada e drogada quando abriu fogo contra você. O detetive
informou aos seus pais os resultados do legista que cuidou do caso,
e eles me contaram isso.
— Ela está morta?
— Sim. Depois de tentar matá-lo, ela fugiu para o outro lado
da rua. Ou eu acho que ela tentou. Infelizmente, um caminhão
estava vindo muito rápido e a atingiu. Supostamente, ela morreu
com o impacto.
Sterling não tinha certeza de como deveria reagir. Olhou
para Zeke por mais alguns segundos enquanto inalava e exalava
profundamente.
— O corpo dela?
— O governo vai cuidar disso. Ela é órfã.
Sterling imediatamente percebeu que Zeke estava
escondendo algo.
— O que é? O que você não está me contando?
— Eu conversei com John hoje cedo. Bem, são sete minutos
depois da meia-noite agora, então tive aquela conversa com John
ontem. Se formos precisos sobre isso.
— Tudo bem, e?
— De acordo com o detetive, o nome da mãe de Cynthia era
Cindy.
— Quem é...
— A assassina que John contratou décadas atrás para se
livrar de Wayne.
Sterling ficou surpreso. Ao mesmo tempo, achou a coisa toda
completamente estranha e um tanto mórbida.
— Mundo pequeno.
— De fato. Aparentemente, Cindy havia sido contratada
para assassinar Wayne, mas ela estava apaixonada por ele. Em vez
disso, mirou em James.
— Mas Wayne ficou no caminho para proteger James.
— Sim, e agora Cynthia, filha de Cindy, quase conseguiu
terminar o que a sua mãe não conseguiu realizar.
— O que aconteceu com a Cindy?
— John...
Zeke parou, e Sterling pôde adivinhar o que seu namorado
quis dizer com aquela simples palavra.
— Ele a matou.
Zeke assentiu.
— Eu fiz um pouco de pesquisa sobre ele enquanto você
estava inconsciente. John era um senador poderoso. Ele tinha tudo.
Chegou onde estava com dinheiro, notoriedade, crueldade e sangue.
Ninguém tinha coragem de ir contra ele. Pelo menos não naquela
época. Ele ainda é rico, no entanto.
— Oliver vai seguir os passos do pai?
— Não sei.
— Você vai contar ao Oliver sobre James e Wayne?
Zeke balançou a cabeça.
— Uma parte minha queria, mas decidi não. James e Wayne
morreram há muitos anos. Posso ter as memórias de James, mas
não sou ele. É melhor para mim não ter nenhum relacionamento com
Oliver e o resto da família. Você já pensou em procurar a família de
Wayne? De acordo com John, Wayne era órfão, mas pode ter
parentes em algum lugar.
Sterling ponderou suas opções por um breve momento antes
de se decidir.
— Eu não acho que vou. O passado é chamado de “passado”
por uma razão. Além disso, não sou Wayne. Você vai continuar se
encontrando com John?
Zeke ficou quieto por alguns momentos.
— Francamente, não sei. Não sou James, mas posso sentir
suas emoções. Ele realmente sente falta de John. É uma merda. A
ação de seu pai levou à sua morte, mas...
— Eles ainda são pai e filho — Sterling interrompeu, sorrindo
para Zeke.
— Sim.
— Apenas faça o que achar melhor.
Zeke sorriu para ele.
— OK. Você vai voltar a dormir agora?
Sterling bocejou um pouco.
— Acho que vou.
— Vá em frente. Estarei bem aqui com você.
— OK. Obrigado, Zeke.
— De nada.
Depois disso, Sterling fechou os olhos. Muitas coisas
encheram sua mente. Estava aliviado por ter sobrevivido ao atentado
contra sua vida e grato por ter alguém leal e atencioso como Zeke
ao seu lado. Pensou que poderia demorar um pouco antes que
pudesse cochilar, mas devia estar mais exausto do que imaginava. A
última coisa de que se lembrava era da sensação da mão de Zeke na
sua. Então não havia mais nada.

Capítulo Onze

— Você está aqui de novo.


Zeke sorriu para John quando entrou no quarto do hospital.
Ele vinha visitando o homem quase diariamente nas últimas três
semanas. Ele ia lá de manhã cedo porque não queria encontrar Oliver
ou qualquer outro membro da família Wong. John parecia gostar do
tempo que passavam juntos, mas seria difícil para Zeke explicar sua
presença aos outros membros da família Wong. Achou que era
melhor fazer as coisas dessa maneira. Embora não tivesse mais a
desculpa de fotografar a enfermaria, as enfermeiras também não o
incomodavam. Imaginou que John deve ter lhes dito para deixá-lo
entrar no quarto.
— Sim — Zeke disse enquanto mostrava a John uma
pequena cesta de frutas. — Isto é para você.
— Obrigado.
— De nada. — Zeke colocou a cesta na mesa ao lado da
cama antes de sentar em sua cadeira habitual. — Como você está
hoje?
— Nem melhor nem pior do que ontem. Como está seu...
amigo?
Zeke notou a pequena pausa, mas a ignorou.
— Sterling está muito melhor. Ele está confinado em casa
há doze dias e está ficando um tanto rabugento. Estou na casa dele
desde que recebeu alta. É como um longo encontro com ele.
— Você está cuidando dele?
— Sim, mas seus pais geralmente estão lá para o café da
manhã até por volta das duas ou três da tarde.
John riu.
— Sou grato aos pais de Sterling, então.
— Por quê?
— Se eles não estivessem lá, você não estaria aqui comigo
todas as manhãs.
Zeke riu.
— É verdade, mas ainda faria o meu melhor para verificar
você independentemente disso.
John sorriu para ele.
— Eu aprecio isso.
Zeke notou a leve careta no rosto de John.
— Você está bem? O remédio não está mais funcionando?
John suspirou.
— Estou bem por enquanto, mas acho que não tenho muito
tempo. O médico precisou aumentar a dosagem de morfina para
atenuar a dor. Meu câncer de fígado deve estar piorando. Minha
esposa e filho ainda estão fingindo que tudo está melhorando, no
entanto.
Zeke engoliu o nó na garganta enquanto seus olhos
lacrimejavam um pouco.
— Eles te amam.
— Eu sei que sim, mas estou doente, não sou idiota.
— Todo mundo lida com suas frustrações de maneiras
diferentes. Oliver deve ter puxado à mãe nesse aspecto.
— Ele puxou — John confirmou, sorrindo. — E você?
— Não tenho certeza — Zeke admitiu.
John ficou quieto por um breve momento.
— Você realmente me lembra James. Bastante. Ele era cerca
de um centímetro mais alto que você, mas você tem a mesma
constituição. Algumas de suas expressões e maneirismos são
idênticos aos dele. Se realmente existe reencarnação, você pode ter
sido James em sua vida anterior.
Zeke ficou nervoso ao ouvir isso, mas fez o possível para
manter a expressão neutra.
— Possivelmente.
— Você ainda tem a mesma marca de nascença na nuca. Eu
realmente sinto muita falta dele, mas agora é tarde demais. Ele se
foi. Eu deveria ter sido um pai melhor.
Zeke limpou a garganta antes de dar um tapinha na mão de
John.
— Tenho certeza de que você fez o que achou certo por ele.
John olhou nos olhos de Zeke em silêncio pelo que pareceu
um longo tempo. Eventualmente, ele assentiu.
— Obrigado por dizer isso.
— De nada.
Zeke acompanhou John por mais uma hora e meia antes de
se despedir do homem mais velho. Ele podia sentir a tristeza de
James profundamente dentro dele. Ou talvez fosse dele mesmo.
Tinha dificuldade em separar as emoções dele e de James,
especialmente quando se tratava de John. Não se importava, no
entanto. Estava determinado a passar por isso. Percebeu que era a
melhor maneira de dar a James o fechamento que ele precisava. Não
tinha ideia do que aconteceria depois que John falecesse. Lidaria com
isso quando chegasse a hora.

Sterling se sentia muito melhor agora. Estava mais do que


pronto para voltar ao trabalho, mas Zeke não queria saber disso. Por
mais que gostasse de passar tempo com Zeke várias horas por dia,
estava ficando louco por estar confinado em casa. Para se distrair,
resolveu decorar com a ajuda dos pais. Ele queria ter um encontro
maravilhoso e romântico com Zeke. Poderia passar sem todas as
provocações de seus pais, no entanto. Felizmente, eles deixaram sua
casa assim que a decoração foi concluída.
Ele pensou que teria que esperar um bom tempo até que
Zeke voltasse do hospital, mas estava errado. Seus pais haviam
partido há cerca de vinte minutos, e agora ouviu o som do carro de
Zeke estacionando na garagem. Apagou as luzes rapidamente e
esperou impacientemente que Zeke entrasse na casa pela porta de
conexão. Estava muito animado quando ouviu a porta de conexão
abrir.
— Sterling? Por que está...
Sterling acendeu as luzes, deixando Zeke em silêncio. Ele
observou enquanto Zeke observava todos os balões, depois as
pétalas de flores espalhadas por todo o chão, começando pela porta
de conexão até a área de jantar. Sterling pegou o pesado buquê de
rosas vermelhas da mesa de jantar e caminhou para Zeke, ainda
boquiaberto.
Quando finalmente ficou na frente de Zeke, ele apresentou
as rosas para ele.
— Cem hastes de rosas vermelhas para o meu adorável e
incrível namorado.
Zeke chorou ao aceitar o buquê, colocou o nariz perto das
rosas e inalou profundamente.
— Obrigado. Elas têm um cheiro tão incrível.
— De nada, e é um prazer. Realmente. Você está pronto
para o almoço?
— Estou morrendo de fome — Zeke respondeu.
— Sente-se então. Vou tirar a comida do forno.
— Você cozinhou? — Zeke perguntou, espanto evidente em
seu tom.
Sterling bufou.
— Não é uma boa ideia. A menos que você queira desmaiar
de intoxicação alimentar. Não, pedi comida para viagem em nossa
churrascaria favorita.
Zeke riu.
— Obrigado Senhor.
Sterling o olhou enquanto se dirigia à cozinha e abria o forno,
onde mantinha o bife quente desde que chegara.
— Um dia vou impressioná-lo com a minha comida.
— Vou esperar para ver.
— Sarcasmo é tão século passado.
— Está de volta à moda hoje em dia.
— Ha! Ha! Engraçado.
Zeke piscou para Sterling da sala de jantar.
— Você precisa de alguma ajuda?
— Estou bem. Estou me recuperando há três semanas e não
sou inválido. Como o John está?
— Piorando, eu acho.
— Você vai para o... uh, você sabe? Quando acontecer,
quero dizer.
— Acho que vou. Como um encerramento final para o bem
de James.
— Vou acompanhá-lo então — Sterling ofereceu enquanto
levava dois pratos de bife e legumes variados para a mesa de jantar.
Zeke pareceu bastante surpreso ao ouvir isso.
— Você tem certeza que deseja fazer isso?
Sterling deu de ombros.
— Pode ser bom para Wayne. Eu realmente não sei.
— OK. Você decide.
Depois disso, Sterling mudou de assunto quando começaram
a comer.
— Vou visitar o médico amanhã. Se tudo estiver bem,
espero obter a aprovação dele para voltar ao trabalho. Não suporto
ficar em casa o dia inteiro sem nada para ocupar meu tempo livre.
— Isso é porque você é um viciado em trabalho incurável.
— Talvez. Eu só preciso de algo para fazer.
— Você será capaz de se aposentar algum dia?
Sterling sorriu.
— Se você se casar comigo e se tornar meu marido.
Zeke corou.
— Talvez.
Sterling engoliu a comida em sua boca antes de se inclinar
para perto de Zeke, sentado à sua frente.
— Podemos viajar pelo mundo juntos. Tenho dinheiro mais
do que suficiente para cuidar de você.
O rosto de Zeke ficou vermelho.
— Eu posso concordar se você me pedir em casamento com
um belo anel.
Sterling sorriu para ele.
— Negócio fechado.
A atmosfera permaneceu quente e reconfortante enquanto
almoçavam juntos. Terminada a refeição, ambos levantaram a mesa.
Zeke lavou os pratos enquanto Sterling os secava. Parecia muito
doméstico e Sterling gostou muito.
— Isso é bom — Zeke apontou antes de entregar o prato
final para Sterling. — Trabalhamos bem juntos.
— Sim. Posso imaginar nós dois assim pelo resto de nossas
vidas. Quero dizer, não apenas lavar a louça, mas também todo o
resto. Isso será maravilhoso — Sterling acrescentou em um tom
casual, mas uma expressão ilegível no rosto de Zeke o surpreendeu.
— Zeke, você está bem?
— Você realmente acha que ficaremos juntos pelo resto de
nossas vidas?
Sterling sorriu para ele.
— Claro. Eu quero estar com você sempre. E você?
Zeke ficou quieto pelos próximos momentos, e Sterling
começou a ficar inquieto. Não tinha certeza do que estava dentro da
mente de Zeke, mas permaneceu enraizado no local enquanto Zeke
se inclinava para ele.
— Eu desejo a mesma coisa que você.
O coração de Sterling batia cada vez mais rápido enquanto a
emoção e o júbilo da confissão de Zeke o percorriam.
— Realmente?
De repente, Zeke pareceu dominado pela timidez ao desviar
o olhar.
— Realmente, e acho que estou pronto para o próximo
passo em nosso relacionamento.
— O que vem depois... oh!
— Sim.
Zeke ficou ainda mais vermelho enquanto Sterling o olhava
boquiaberto.
— Tem certeza?
Zeke assentiu.
— Por favor.
Sterling colocou o último prato no balcão da cozinha antes
de pegar a mão de Zeke.
— Vamos para o quarto.
— OK.
Enquanto subiam as escadas em direção ao quarto principal,
Sterling não conseguia parar de olhar furtivamente para Zeke ao
longo do caminho. Estava prestes a fazer amor com Zeke. Ele
esperava por esse momento há algum tempo e queria garantir que
fosse memorável para os dois. Eles nunca esqueceriam sua primeira
vez juntos pelo resto de suas vidas.

Capítulo Doze

Zeke tremeu quando Sterling tirou sua roupa uma peça de


cada vez. Estava ansioso para experimentar sexo, mas também
estava mais do que um pouco apavorado. Queria sentir o pênis de
Sterling dentro de sua bunda, mas sabia que a primeira vez poderia
ser dolorosa. Esperava que Sterling soubesse o que fazer porque ele
não sabia. Conhecer a teoria e a mecânica dos atos não era o mesmo
que ter experiências práticas para sustentar isso. No momento em
que estava nu, Sterling gentilmente o deitou na cama antes de
acariciar sua bochecha direita. A outra mão de Sterling passou pelo
cabelo de Zeke.
— Não tenha medo. Podemos ir tão devagar quanto você
precisar. — Sterling sussurrou contra os lábios de Zeke.
— OK.
Então Zeke estremeceu em antecipação quando Sterling
apertou seus lábios juntos. O beijo foi carinhoso, e não foi nada do
que imaginou que poderia ser. Foi melhor. Sterling estava sendo tão
gentil com ele, e ele apreciava muito isso. Tentou retribuir o beijo de
Sterling com tanta paixão quanto pôde, mas não era bom nisso.
Sterling não parecia se importar, no entanto. Zeke podia sentir a
evidência da excitação de Sterling pulsando contra sua coxa. Sterling
ainda estava completamente vestido, mas não precisava estar nu
para que Zeke se lembrasse de como o pênis de seu namorado era
muito maior em comparação com o seu.
De repente, Sterling lambeu a orelha esquerda de Zeke,
passando a língua por toda parte. Foi tão incrível que Zeke empinou
os quadris em uma mistura de surpresa e prazer. Ele até gemeu.
Ficou constrangido com a sua reação, então colocou a palma da mão
sobre a boca para abafar o barulho. No entanto, Sterling afastou sua
mão do rosto.
— Não faça isso. Grite se for preciso. Quero te ouvir. Me
excita saber que posso excitá-lo tanto.
Zeke se sentiu ainda mais tímido agora, mas acenou com a
cabeça em resposta. Então engasgou quando Sterling lambeu cada
centímetro da frente de seu pescoço antes de deslizar para baixo e
sugar seus mamilos, um após o outro, uma e outra vez. Ele nunca
havia experimentado esse tipo de alegria. Tudo parecia novo para
ele. Ele nunca imaginou que sua orelha, pescoço e mamilos
pudessem ser tão sensíveis. Ele gemeu enquanto Sterling brincava
habilmente com o seu corpo. Ele ainda tentou manter a voz baixa,
mas isso pareceu estimular Sterling, a provocá-lo com muito mais
força até que não pudesse se conter.
— Sterling, por favor.
Sterling sorriu para Zeke.
— Por favor, o que, querido?
Zeke não sabia exatamente o que estava implorando. Estava
simplesmente desesperado para que a tortura feliz terminasse e
acabasse. Ao mesmo tempo, não queria que acabasse. Nunca.
— Eu... eu não sei. Qualquer coisa. Apenas... apenas faça
alguma coisa. Por favor.
Sterling riu, e Zeke pegou o brilho malicioso nos olhos de seu
namorado antes que o homem rastejasse para baixo e mergulhasse
em seu pênis, engolindo-o até a base. Zeke ofegou quando a incrível
sensação tomou conta de todo o seu corpo. Ele podia sentir todo o
seu corpo ficando mais quente. Estava suando um pouco enquanto
Sterling chupava todo o comprimento de seu pênis. Ele abriu os olhos
com espanto quando Sterling enterrou um de seus dedos
profundamente em sua bunda.
Sterling se afastou do pênis de Zeke.
— Relaxe querido. Eu posso sentir você apertando seu ânus
em volta do meu dedo. Vai doer muito mais se você não conseguir
relaxar.
Zeke bufou enquanto fazia o possível para seguir as
instruções de Sterling.
— Eu n-não posso.
— Sim, você pode, querido. Não lute contra a intrusão.
Zeke assentiu freneticamente, mas parecia impossível.
Apenas quando pensou que queria se render, Sterling beijou
abruptamente suas bolas antes de lambê-las repetidamente. A
sensação o dominou tanto que se esqueceu temporariamente do
dedo dentro de sua bunda, indo muito mais fundo.
— Ugh!
— É isso, querido. Apenas se acostume com isso por
enquanto.
Zeke ofegou enquanto balançava a cabeça uma e outra vez.
Estava suando tanto, era como se tivesse acabado de completar uma
maratona. Tentou recuperar o fôlego, mas Sterling aparentemente
tinha uma ideia diferente. Zeke foi pego de surpresa quando Sterling
chupou seu pênis pulsante mais uma vez. A sucção foi muito mais
forte quando o dedo de Sterling deslizou para dentro e para fora de
seu ânus. Então ele engasgou em choque quando Sterling de repente
inseriu um segundo dedo. Ele grunhiu de surpresa, mas ter dois
dedos dentro de sua bunda não o machucou tanto. Na verdade,
ansiava por mais e disse isso.
Sterling riu.
— Tem certeza?
— Sim!
— OK, querido. Seu desejo é uma ordem.
Zeke esperava se sentir muito mais cheio quando Sterling
enfiasse três dedos nele com sucesso, mas a dor era muito mais
intensa. Estava prestes a gritar com a sensação de picada, mas
falhou. Em vez disso, engasgou ao tentar fugir de Sterling. No
entanto, Sterling era muito mais forte que ele, e Zeke agarrou o
lençol enquanto Sterling o fodia com os três dedos. A queimação
dentro de sua bunda durou tanto tempo que pensou que nunca iria
parar. Então Sterling esfregou contra algo dentro de sua bunda, e
ele sentiu como se estivesse sendo eletrocutado com a sensação
mais prazerosa.
— Ah, porra!
Sterling riu.
— Sente-se bem?
— Sim! — Zeke exclamou enquanto empurrava a bunda
contra os dedos de Sterling. — Faça isso novamente.
— Claro, Querido.
Depois disso, Zeke não conseguiu permanecer coerente.
Sterling fodeu com os dedos a sua bunda, acertando aquele ponto
incrível todas as vezes. Ele sentia como se fosse gozar, mas não
aconteceu. Em vez disso, ficou suspenso à beira do orgasmo pelo
que pareceu uma eternidade. Ele gemia como uma vagabunda
frenética e teria ficado mortificado se estivesse no estado de espírito
certo. No entanto, não poderia se importar menos agora.
Simplesmente queria gozar. Infelizmente, não podia, o que o
frustrou. De repente, Sterling engoliu todo o comprimento do pênis
de Zeke. A força da sucção era tão poderosa que Zeke engasgou com
o ar antes que o orgasmo explodisse de dentro dele. Desceu pela
garganta de Sterling, e foi o melhor clímax que já teve. Estava sem
fôlego e ainda mais suado quando Sterling soltou seu pênis.
Ele ainda estava curtindo o orgasmo quando Sterling saiu da
cama e se despiu. Zeke o encarou, cada centímetro de sua pele
exposta. Sterling era musculoso e sexy, e Zeke admirava seu físico
incrível. Então seus olhos arregalaram, sentindo uma mistura de
desejo e medo, quando olhou para o pênis duro e vazando de
Sterling. Era enorme. Zeke estava bem com o tamanho de seu
próprio pênis, cerca de 16 centímetros e meio de comprimento, mas
Sterling o venceu por cerca de 4 a 5 centímetros. Estava apavorado
mais uma vez. Se perguntou se aquela coisa em algum momento
caberia dentro de sua bunda. Já podia imaginar o rasgo e o
sangramento. De jeito nenhum ele seria capaz de acomodar algo
como a masculinidade de Sterling. Quando Sterling voltou para a
cama, Zeke tremeu. Esperava que Sterling começasse a transar com
ele. Em vez disso, Sterling sorriu antes de deitar de costas, e Zeke
não tinha ideia do que Sterling tinha em mente.
— Sente-se na minha cara, querido.
Zeke ficou boquiaberto.
— O quê?
— Sente-se na minha cara. — Sterling repetiu.
— Mas...
— Apenas faça. Vai ser muito bom. Eu prometo.
Zeke hesitou, mas concordou, já que Sterling era
obviamente mais experiente. Zeke montou o rosto de Sterling,
encarando o eixo latejante e as enormes bolas de seu namorado. Ele
estava se perguntando se poderia provar o pênis e as bolas de
Sterling, mas uma sensação abrupta e prazerosa interrompeu seus
pensamentos. Ele quase escapou de Sterling, mas o aperto mortal
de seu namorado em sua cintura o impediu de escapar. Gemeu de
descrença e alegria quando Sterling lambeu cada parte de sua bunda
com aquela incrível língua. Engasgou e teve que se firmar colocando
as duas palmas na cama. Isso colocou seu rosto muito mais perto do
pênis e do saco de Sterling.
Ele mordeu o lábio inferior antes de decidir simplesmente ir
em frente. Tomou tanto do eixo de Sterling dentro de sua boca. No
entanto, não esperava que ele fosse engasgar. Sterling foi capaz de
engolir profundamente o pênis de Zeke, e parecia tão fácil. Agora
que Zeke estava tentando realizar a mesma ação, porém, percebeu
que era muito mais difícil do que imaginava. Sem trocadilhos. Deixou
a sensação passar enquanto inalava e exalava repetidamente antes
de envolver o pênis de Sterling um centímetro de cada vez. Mal
passou da metade do caminho antes de pensar que poderia vomitar.
No entanto, desta vez, estava pronto para isso. Podia não ser capaz
de engolir toda a masculinidade latejante de Sterling, mas estava
determinado a sugar tudo o que pudesse com tanto gosto quanto
pudesse.
Não tinha gosto de nada. Cheirava a pênis, mas não era nada
mau. Zeke conseguiu se divertir e, a julgar pelas reações de Sterling,
seu namorado estava no mesmo barco. Ele até brincou com as bolas
de Sterling. Ele alternava entre o saco e o pênis de Sterling, e ficou
tão absorto no que estava fazendo que foi pego de surpresa quando
Sterling o ergueu e o colocou de costas. Então Sterling pegou
preservativos e lubrificante de uma gaveta da mesa de cabeceira.
Quando Sterling estava prestes a rasgar a embalagem da
camisinha, Zeke pegou as mãos do namorado. Sterling olhou para
Zeke, sua confusão estampada em seu rosto.
— Eu fiz o teste alguns dias atrás. Apenas no caso de algum
dia...
Zeke estava muito envergonhado para completar a frase.
Sterling ficou quieto por um momento antes de sorrir e beijá-
lo nos lábios.
— Eu fiz a mesma coisa enquanto ainda estava no hospital.
Zeke se sentiu corar ainda mais agora e não teve coragem
de olhar nos olhos de Sterling.
— P-podemos fazer sem camisinha?
Sterling colocou os preservativos e o lubrificante na cama
antes de segurar as bochechas de Zeke.
— Olhe para mim, querido.
Zeke hesitou antes de obedecer.
— OK.
Sterling sorriu para ele e beijou brevemente seus lábios
novamente.
— Você tem certeza sobre isso?
Zeke estava se sentindo muito tímido, mas estava
determinado a seguir em frente. Ele realmente amava Sterling e
desejou pela primeira vez estar com seu namorado dessa maneira.
Mais importante, não queria que houvesse nenhuma barreira entre
eles.
— Sim.
Sterling sorriu.
— OK.
Zeke observou enquanto Sterling lubrificava seu pênis. Ele
tremeu em antecipação quando Sterling fez o mesmo com a bunda
de Zeke, surpreso como o lubrificante parecia frio.
— Merda!
— Desculpe amor. Vai esquentar logo.
Então Sterling apontou a ponta de seu pênis contra o ânus
de Zeke.
— Respire, amor. Não lute contra isso. Vai doer menos
assim.
Zeke transpirou ainda mais enquanto fazia o possível para
relaxar, mas nada o preparou para o momento em que a cabeça do
pênis de Sterling violou seu ânus. Doeu e queimou ainda mais
quando Sterling tentou deslizar mais fundo.
— Ai! Muito grande. Eu n-não posso. Sterling, n-não posso.
Tire.
Sterling se equilibrou sobre os cotovelos e antebraços
enquanto beijava o rosto de Zeke em todos os lugares.
— A dor vai durar apenas um pouco. Eu prometo.
— Não! Não cabe. Você é muito grande.
Sterling parou de empurrar. Em vez disso, pressionou seus
lábios contra os de Zeke por vários segundos. Então passou os dedos
pela testa de Zeke.
— Você está indo muito bem, querido. Estou quase na
metade do caminho.
Zeke bufou, mas era quase impossível relaxar. Cada vez que
Sterling se movia mais fundo nele, Zeke ficava rígido por alguns
segundos antes de se soltar novamente. Não tinha ideia de quanto
tempo se passou, mas quase chorou de alívio quando finalmente
sentiu os pelos pubianos de Sterling roçando suas nádegas.
— Você está tudo dentro?
— Sim. — Sterling respondeu com uma risada suave. —
Você tem tudo, querido. Espero que você não esteja desapontado.
Eu só tenho esse pênis para te dar.
Zeke começou a rir mesmo enquanto ofegava.
— Você tem muito. É mais do que suficiente. Confie em
mim.
Sterling sorriu.
— Feliz em saber disso. Agora, acostume-se por um
momento. Avise-me quando estiver pronto para eu me mexer.
— OK. Enquanto isso, você pode me beijar? Por favor?
— Claro.
Sterling beijava muito bem, e Zeke se perdeu no sabor dos
lábios e da língua do namorado. Isso o distraiu o suficiente, e foi
capaz de se ajustar à intrusão dentro de sua bunda. Gradualmente,
empurrou contra o pênis de Sterling. Ele repetiu os movimentos mais
algumas vezes antes de se afastar do beijo.
— Estou pronto.
Sterling soltou um suspiro.
— Obrigado Senhor. Estou duro o suficiente para perfurar
um diamante.
Zeke riu, mas rapidamente se transformou em um gemido
quando Sterling repetidamente deslizou para dentro e para fora de
sua bunda. O movimento era lento, mas prazeroso. Sterling também
conseguiu esfregar aquele ponto mágico dentro da bunda de Zeke
com seu pênis uma e outra vez. A sensação aumentou rápido e forte,
e logo Zeke sentiu seu segundo orgasmo subindo à superfície.
Envolveu seus braços e pernas ao redor de Sterling enquanto gemia
com cada estocada do pênis de seu namorado.
— Mais forte, por favor. Mais rápido. Eu estou quase lá.
Sterling obedeceu e Zeke só pôde sucumbir à sensação de
ser espancado pelo namorado. As sensações eram avassaladoras.
Mesmo sabendo que o seu clímax estava próximo, ainda o
surpreendeu quando finalmente o atingiu. Ele gozou pelo que
pareceu muito tempo. Sua visão empalideceu por um breve
momento. Seu corpo inteiro parecia como se estivesse apertando.
Seu prazer ficou mais intenso quando Sterling abruptamente
martelou nele com ainda mais paixão do que antes, de repente
rosnando ao lado de sua orelha e enfiando em sua bunda uma última
vez. Ele podia sentir a força do sêmen quente de Sterling disparando
dentro dele. Sua primeira experiência íntima foi tudo o que esperava
e muito mais. Ele ainda estava flutuando nas nuvens quando Sterling
finalmente saiu e deitou ao seu lado.
— Venha aqui, querido. — Sterling sussurrou no ouvido de
Zeke antes de puxá-lo para perto.
Zeke estava se sentindo realmente maravilhoso e permitiu
que Sterling o manipulasse. Ambos estavam suados e pegajosos,
mas não se importava. Estava feliz por Sterling querer abraçar depois
do sexo. Isso tornou a experiência muito melhor. Estava tão exausto
que nem percebeu que estava cochilando aos poucos. Tudo o que
lembrava era do calor e cheiro de Sterling ao seu redor. Se sentia
verdadeiramente seguro e confortável e não tinha dúvidas de que
nunca esqueceria essa experiência.
Sterling não tinha ideia de quanto tempo ele e Zeke haviam
dormido. Ele também não sabia que horas eram quando o toque do
telefone o acordou sobressaltado. Veio de algum lugar no chão, mas
não parecia o seu toque. Ele se desvencilhou delicadamente de Zeke,
ainda dormindo profundamente, enquanto procurava o telefone.
Felizmente, o encontrou quase imediatamente e olhou para a tela.
Era um número desconhecido. Ele ia rejeitar instintivamente a
ligação, mas como não era seu telefone, ele foi até Zeke, que estava
acordando lentamente.
— É o meu telefone? — Zeke perguntou, parecendo
sonolento e bastante incoerente.
Sterling passou o telefone para ele.
— É um número desconhecido. Vou ao banheiro.
— OK.
Depois disso, ele foi para o banheiro e fechou a porta atrás
de si antes de se aliviar. Ficou exultante ao relembrar sua experiência
de fazer amor com Zeke. Correndo o risco de soar como um
neandertal, estava bastante orgulhoso de ser o único a roubar a
virgindade de Zeke. Gostava de pensar que era o primeiro homem
de Zeke, sexualmente falando, e se tivesse algo a dizer sobre isso,
seria o último. Tudo dependia de Zeke concordar em se casar com
ele algum dia.
No entanto, quando Sterling saiu do banheiro, a expressão
sombria de Zeke o surpreendeu. Ele sabia que algo estava errado.
— Era sobre o John. — Zeke disse.
Os lábios de Sterling secaram.
— Ele...
— Ainda não, mas ele não está bem. Ele entrou em coma.
Era Oliver ao telefone. Aparentemente, John havia deixado uma
instrução com as enfermeiras para informar Oliver para entrar em
contato comigo caso algo assim ocorresse.
Sterling não sabia bem como deveria responder.
— Uh, você vai visitá-lo?
— São quase oito horas e sei que perdemos o jantar, mas
você se importa de me acompanhar ao hospital?
— De jeito nenhum. Vamos tomar um banho rápido antes
de sairmos.
Zeke sorriu, mas parecia bastante forçado. Sterling o
abraçou e Zeke soluçou um pouco enquanto enterrava o rosto no
peito de Sterling.
— Obrigado.
Sterling não respondeu verbalmente. Ele simplesmente
levou o namorado ao banheiro para que pudessem se limpar. Ele
sabia que este próximo encontro com John poderia ser o último, e
poderia ser o encerramento que Zeke e James realmente precisavam
para seguir em frente para sempre.

Capítulo Treze

— Devemos subir agora?


Zeke hesitou um ou dois segundos antes de balançar a
cabeça para Sterling e apontar na direção do banheiro no primeiro
andar do hospital.
— Deixe-me jogar um pouco de água no rosto.
— Você está bem, bebê? Precisa que eu vá com você?
Zeke forçou um sorriso.
— Estou bem. Eu só... preciso de um momento para mim.
Sterling parecia relutante, mas concordou mesmo assim.
— Tudo bem então. Vou ficar perto do elevador. Assim que
terminar, podemos ir juntos para o vigésimo segundo andar.
— Claro.
Zeke foi até o banheiro e foi direto para a pia. Ele deixou a
água escorrer um pouco pelas mãos antes de lavar o rosto. Não tinha
ideia de por que estava tão apreensivo com essa visita em particular.
Ele nem sabia ao certo por que sentia vontade de chorar. John estava
se tornando um conhecido próximo, possivelmente quase um amigo,
mas eles não eram parentes de sangue. Pelo menos não mais. Zeke
estava perdendo sua capacidade de separar as suas emoções das de
James e isso estava mexendo com ele. Ele suspirou, imaginando se
estava cometendo um erro ao visitar o hospital hoje, antes de
esfregar mais água no rosto para se refrescar.
Quando levantou a cabeça para olhar no espelho, quase
cambaleou para trás em estado de choque. Uma imagem borrada de
um jovem estava do seu lado esquerdo, a apenas um ou dois
centímetros de distância. Ficou tão surpreso que não conseguia tirar
os olhos de seus reflexos. O homem desconhecido era um pouco mais
alto, mas a constituição corporal deles era quase idêntica. Um
momento depois, o rosto do homem ficou mais claro e Zeke o
reconheceu de seus sonhos. Era James, e ele tinha uma expressão
triste. James moveu os lábios. Nenhum som saiu de sua boca, mas
Zeke podia ouvi-lo muito bem dentro de sua cabeça.
Por favor, Zeke. Permita-me uma última chance de dizer
adeus ao meu pai.
Zeke não respondeu a princípio, mas acabou concordando.
— Farei isso pelo seu bem. Você precisa do encerramento,
e eu também, de certa forma.
James pareceu aliviado.
Obrigado.
Uma palavra simples, mas com muita emoção por trás dela.
Zeke inalou e exalou profundamente enquanto fechava os olhos.
Tinha que recuperar o controle de si mesmo. Quando abriu os olhos,
James não estava mais ao seu lado. Ele saiu correndo do banheiro e
encontrou Sterling, que imediatamente passou um braço em volta
de sua cintura.
— Você está pronto?
— Sim, — Zeke respondeu. — Eu acredito que estou.
O caminho até o vigésimo segundo andar foi realmente
rápido, mas Zeke sentia como se durasse uma eternidade. Quando
ele e Sterling chegaram à enfermaria particular, Oliver e uma mulher
mais velha - presumivelmente sua mãe - os cumprimentaram. Ela
não tinha expressão, mas era óbvio para Zeke que ela estava
apavorada e bastante exausta. A doença de John deve ter afetado
ela também, embora de uma maneira diferente. Zeke os
cumprimentou antes que Sterling se apresentasse.
— Obrigado por ter vindo, Zeke. Sei que o meu pai
realmente gostou de todas as suas conversas.
— Você sabe?
Oliver assentiu.
— Eu acompanho seus visitantes, médicos, remédios e tudo
mais.
— Entendo.
— Não tenho ideia de por que você visitou meu pai
regularmente, mas minha mãe e eu realmente apreciamos isso. Ele
falou conosco sobre você às vezes. Ele ficava dizendo que a sua
semelhança com James era incrível. Era quase como se vocês dois
fossem a mesma pessoa, embora todos saibamos que isso é
impossível. O corpo de James foi enterrado no jazigo de nossa família
décadas atrás.
Zeke não sabia disso, e isso o deixou curioso sobre outra
coisa.
— E quanto ao Wayne?
Oliver pareceu surpreso, mas sua expressão ficou neutra
rapidamente.
— Ao lado de James. Meu pai é quem os juntou.
Zeke chorou um pouco, mas forçou um sorriso para Oliver e
a Sra. Wong. Sterling apertou ainda mais a cintura de Zeke, mas não
disse uma palavra.
— Como está o seu pai?
Para surpresa de Zeke, a Sra. Wong respondeu.
— O médico nos informou antes que ele poderia não acordar
mais. Agora é uma questão de horas.
O coração de Zeke doía. Ou talvez fosse James quem estava
triste. Zeke não fazia mais ideia.
— Tudo bem se eu entrar no quarto e falar com ele?
— Claro —a Sra. Wong respondeu. — É um de seus pedidos
finais.
— Obrigado.
A Sra. Wong balançou a cabeça.
— Oliver e eu deveríamos agradecer a você. Você trouxe
tanta felicidade para ele em seus últimos dias. Ele até mencionou
para mim que se sentiu muito mais leve depois de falar com você.
Não sei sobre o que eram suas conversas, mas agradeço por você
dedicar um tempo para ele. Por vários anos em nosso casamento,
não consegui que ele se abrisse, mas você conseguiu. Ele parecia
muito mais em paz nas últimas semanas. Por isso, você tem minha
eterna gratidão.
Zeke apertou os punhos enquanto fazia o possível para não
chorar na frente de Oliver e da Sra. Wong.
— De nada.
A Sra. Wong apontou para o quarto.
— Por que você e Sterling não entram no quarto primeiro?
Oliver e eu precisamos pegar um café na cantina do hospital.
Devemos estar de volta em cerca de dez minutos.
— OK.
Zeke e Sterling foram para o quarto. Então engasgaram ao
mesmo tempo. Zeke não podia acreditar em seus olhos. A divindade
do destino e do casamento, o velho de barbas brancas, estava
sentado na cadeira que Zeke geralmente ocupava. Ele sorriu para
eles.
— Me dá tanto prazer que vocês finalmente estão unidos
como um.
Zeke ficou inicialmente confuso com essa declaração, mas
Sterling pareceu entender. Ele também parecia envergonhado
porque suas bochechas estavam levemente vermelhas. Então Zeke
ficou todo quente quando pegou o significado por trás das palavras
da divindade.
— É um desenvolvimento recente — Zeke disse.
— Oh, eu sei, — a divindade respondeu antes de virar para
John, deitado imóvel na cama. — Ah, todos os karmas, provações e
tribulações do passado estão quase concluídos agora. Vocês dois
devem dizer a ele as palavras de seus corações enquanto ele ainda
é capaz de ouvi-las.
— Ele pode realmente nos ouvir?
A divindade assentiu antes de mover seus olhos entre Zeke
e Sterling. Eventualmente, seu olhar pousou em Sterling.
— Eu sei que você não sente muito por John. O maior desejo
de Wayne era se reunir com James, e você cumpriu isso quando se
juntou ao Zeke, mas pode ser necessário fazer mais uma coisa para
fechar completamente.
Sterling olhou para a divindade.
— O que seria isso?
— John se ressentiu do relacionamento de Wayne e James
anos atrás porque sentiu que Wayne estava muito abaixo de James
em termos de riqueza e status. As coisas são diferentes nesta vida.
Você é mais do que capaz de sustentar Zeke. Agora, eu não estou
dizendo para você cuspir na cara de John, figurativamente falando,
e se gabar disso, mas sugiro que você diga algumas palavras de
despedida para John. Ele se arrependeu do que fez todos aqueles
anos atrás. Ele enterrou Wayne e James um ao lado do outro, e isso
deve contar para alguma coisa. É a sua vez de dar a ele um pouco
de paz de espírito, e acredito que isso ajudará Wayne a seguir em
frente para sempre. Perdoe o John, não apenas pelo bem dele, mas
também pelo seu e pelo de Wayne. Carregar a mácula em sua alma
não fará nenhum bem a longo prazo.
— Entendo. Você faz isso para cada par de amantes trágicos
por aí?
A divindade riu.
— De vez em quando. Além disso, o vínculo entre a sua alma
e a de Zeke é brilhante demais para ser ignorado.
— Que vínculo?
A divindade levantou o dedo mindinho esquerdo.
— O fio vermelho que conecta vocês. Nenhum de vocês pode
vê-lo, mas está aí. Agora, acho que você deveria falar com o John.
Ele não tem muito tempo sobrando nesta terra.
Sterling parecia atordoado e um tanto perdido ao ouvir isso,
então Zeke decidiu que deveria começar. Ele deixou o lado de
Sterling e se aproximou da cama de John. A divindade sorriu para
ele antes de levantar e se afastar da cama. Zeke pegou a mão de
John enquanto lutava para conter as lágrimas.
— O-oi, pai. Sou eu, James, — ele disse em uma voz instável
e lágrimas rolavam pelo seu rosto uma após a outra. — Eu só quero
que você saiba que eu te perdoei. Por favor, vá e fique em paz.
Esqueça a raiva e a mágoa. Vamos deixar tudo isso no passado. Eu...
eu te amo, pai.
Então Zeke olhou para a esquerda quando notou Sterling
caminhando em sua direção. Ele enterrou o rosto no peito de Sterling
enquanto soluçava baixinho. Sentiu uma mistura de alívio e tristeza,
mas também uma sensação avassaladora de paz e leveza dentro
dele. Era como se todos os fardos pesados que estavam acorrentados
ao seu coração tivessem finalmente desaparecido.
— Ei, John. Sou eu, Ster... quero dizer, Wayne. James e eu
nos reunimos e prometo cuidar dele. Sou mais do que capaz de dar
tudo o que ele precisa e deseja e o amo mais do que a própria vida.
Eu cuidarei dele. Você não tem nada com o que se preocupar. Eu te
dou minha palavra.
Depois disso, Zeke e Sterling continuaram a se abraçar.
Quando finalmente se separaram, Zeke ficou um pouco surpreso ao
descobrir que estava sozinho com Sterling e John. A divindade do
destino e do casamento não estava mais com eles. Zeke estava
prestes a falar quando Oliver e a Sra. Wong entraram.
— Acho que Sterling e eu vamos embora agora — ele disse
a eles. — Vocês dois precisam de um pouco de privacidade com John.
A Sra. Wong assentiu.
— Obrigado, Sterling, Zeke. Oliver manterá contato com
você.
— Tudo bem então.
Zeke e Sterling se despediram deles antes de se dirigirem
para a porta. Zeke olhou para John uma última vez. Notou o cansaço
nos rostos de Oliver e da Sra. Wong. Houve muita tragédia e tristeza.
Era hora de seguir em frente.

Sterling se concentrou na estrada deserta enquanto dirigia o


carro. Zeke estava quieto há cerca de dez minutos, e Sterling estava
começando a se preocupar com o estado de espírito de seu
namorado.
— Amor, você está bem?
Zeke pareceu surpreso quando virou para ele. Então ele
sorriu.
— Sim.
— Você vai contar ao Oliver e a Sra. Wong sobre as coisas
que John fez para Wayne e James?
Zeke balançou a cabeça.
— Devo deixar o passado no passado. Também não vou
informá-los que sou a reencarnação de James. Oliver pode ser o
meio-irmão mais novo de James, mas ele não é meu parente. Acho
que é melhor para Oliver e a Sra. Wong seguirem em frente com
suas vidas sem saber. É muito surreal de qualquer maneira, e
também soa um tanto inverossímil quando você pensa sobre isso de
uma maneira lógica.
Depois disso, nenhum dos dois trocou uma única palavra.
Em vez disso, Sterling apertou a mão de Zeke. Ele esperava
tranquiliza-lo com aquele simples gesto. Zeke sorriu para ele em
resposta. Eles passaram o restante da viagem para casa em silêncio
sociável.
Quando Sterling estava prestes a entrar na garagem, o
telefone de Zeke tocou. Sterling largou a mão de Zeke para deixar
seu namorado atender a ligação, então estacionou. Quando virou
para Zeke e viu as lágrimas, soube instantaneamente que algo
deveria ter acontecido com John. Ele simplesmente enxugou as
lágrimas de Zeke e esperou que o namorado falasse.
— Ele se foi. Ele será enterrado no jazigo da família amanhã
de manhã. Um funeral privado. Apenas familiares próximos. Mas
Oliver nos convidou para participar.
Sterling certamente não esperava isso.
— Por que?
— Não faço ideia, mas agradeço mesmo assim. Quero
prestar meus últimos respeitos ao John, não apenas como amigo,
mas também porque ele é o pai de James. Eu realmente acredito que
o encerramento chegará a um círculo completo então.
— Tudo bem. Podemos fazer isso juntos.
Zeke sorriu.
— Obrigado.
— Não chore mais, bebê. Me dói cada vez que você faz isso.
Zeke assentiu.
— Sinto muito, mas eu sofro por dentro. Dê-me um pouco
de tempo para controlar minhas emoções.
— Claro.
Sterling saiu do carro e clicou no controle remoto da porta
da garagem, então ativou o alarme para proteger toda a propriedade
antes de apertar outro botão. Ele observou com satisfação como a
parede de aço gradualmente cobria a frente da propriedade,
acrescentando outra camada de proteção.
Ele ouviu Zeke soluçando dentro do carro e isso partiu seu
coração. Sabia que Zeke precisava liberar as lágrimas, no entanto.
Zeke estava de luto pela morte de John em nome de James. A única
coisa que Sterling podia fazer era segurar Zeke em seus braços
durante a noite. Eles se despediriam de John na manhã seguinte e
finalmente poderiam encerrar este capítulo de suas vidas para
sempre.

Capítulo Quatorze

Eram oito horas da manhã, mas o céu estava bastante


escuro. Parecia que ia chover. Zeke achou que o clima combinava
perfeitamente com seu humor. Ele e Sterling estavam entre os
membros da família Wong na área onde John acabara de ser
enterrado. O clima era sombrio. Zeke podia ouvir algumas pessoas
chorando baixinho, mas estava surpreendentemente calmo.
Observou como, um após outro, os membros da família Wong
colocavam suas flores no solo antes de deixarem o terreno da família.
Nenhum deles virou a cabeça para trás enquanto se dirigiam para os
carros. Zeke sabia que era uma coisa cultural. Antes que a lápide
pudesse ser erguida sobre o túmulo, os membros da família não
deveriam olhar para trás enquanto se afastavam. Acreditava-se que
isso tornaria mais difícil para o espírito do falecido passar para o
outro mundo. Zeke e Sterling esperaram até que fossem as únicas
duas pessoas restantes antes de colocar suas flores no solo.
— Adeus, pai. Por favor, fique em paz agora porque estou
em paz com você. Depois da dolorosa separação pela qual passamos,
espero que você não se apegue às amarguras e arrependimentos. Eu
te amo.
Sterling colocou uma mão no ombro de Zeke enquanto
olhava para o chão.
— Vou cumprir minha promessa e cuidar bem de James.
Você pode ter certeza disso.
Depois disso, Zeke e Sterling se dirigiram para o carro. Zeke
ficou surpreso ao ver Oliver parado ao lado dele. Oliver tinha um
grosso rolo de papeis na mão e uma pequena sacola no chão ao lado
dele.
Oliver sorriu para Zeke enquanto apontava para o rolo de
papéis e a sacola.
— Um dia antes de meu pai entrar em coma, ele me instruiu
a passar tudo isso para você.
— O que são?
Oliver deu o rolo de papeis para Zeke.
— Essas são as pinturas de James.
Zeke foi pego de surpresa.
— Mas não posso aceitá-las.
Oliver tirou um envelope do bolso interno de seu paletó
preto.
— Você tem que aceitar. Há uma carta para você de meu
pai.
Zeke hesitou, mas acabou aceitando.
— Obrigado. E a sacola? Mais coisas de James?
Oliver balançou a cabeça.
— Acredito que contém os diários de Wayne. Não sei por
que o meu pai queria que você ficasse com eles, mas vou fazer o que
ele pediu.
— Tudo bem. Obrigado.
Oliver assentiu.
— Adeus, Zeke, e obrigado novamente por trazer tanta
alegria para o meu pai em seus últimos dias na Terra.
Zeke chorou. Ficou surpreso por ainda ter lágrimas
restantes. Ele chorou por horas desde que recebeu a notícia da morte
de John.
— De nada. Adeus, Oliver.
Zeke observou enquanto o homem se dirigia para o seu carro
antes de pegar a sacola e colocá-la no banco de trás do carro. Em
seguida, colocou o rolo de pinturas ao lado da sacola antes de sentar
no banco do carona. Esperou até que Sterling saísse do cemitério
particular antes de abrir o envelope lacrado. Havia um pedaço de
papel junto com duas alianças douradas. Estava curioso sobre as
alianças, mas decidiu ler a carta primeiro.
Olá, Zeke.
Surpresa! No momento em que você estiver lendo esta carta,
eu já estou morto. Ha! Por favor, perdoe meu senso de humor
mórbido, mas preciso encontrar minha felicidade em cada pequena
coisa agora que o fim está próximo.
De qualquer forma, tenho certeza de que você está se
perguntando por que te dei as pinturas de James e os diários de
Wayne em vez de deixá-los para minha esposa e filho. Uma das
razões é porque eles não têm apegos sentimentais a essas coisas.
No entanto, a razão mais importante é porque você realmente me
lembra muito James. Você até compartilha a mesma marca de
nascença na nuca. Quero acreditar que ele renasceu como você. Por
meio de nossas conversas, sei que você tem um relacionamento
maravilhoso com Sterling. Acredito que ele é mais do que capaz de
cuidar de você. Se James reencarnou como você, estou realmente
aliviado. Ele está em um bom lugar agora.
Obrigado por passar o tempo com este velho. Eu não posso
te dizer o quanto aprecio o tempo que passamos juntos. Eu vejo
muito de James em você. Vocês dois têm o mesmo olhar intenso.
Você até sorri do jeito que James fazia. Seu olho direito tende a
semicerrar mais do que o esquerdo, e seus lábios se curvam para
cima, para o lado direito. Quando você é tímido, inconscientemente
esfrega a nuca enquanto mostra um pouco a língua. James fazia a
mesma coisa. O que é mais incrível para mim é a maneira como você
anda, especialmente olhando para você por trás. Você se move
exatamente como James. Existem muitos outros gestos menores,
mas não consigo listar todos. Isso levará uma eternidade, e o tempo
é um bem precioso para mim.
James adorava pintar enquanto você é um fotógrafo
freelancer. Gosto de pensar que há uma correlação entre vocês dois.
Estou lhe dando as pinturas de James por segurança. Sei que não
valem nada, mas são alguns dos meus bens mais preciosos. Você
pode ler os diários de Wayne, se quiser. Não tenho ideia se Sterling
é possivelmente a reencarnação de Wayne, mas se for, será uma
coisa incrível. James e Wayne podem finalmente continuar com o seu
relacionamento através de você e Sterling. Se você quer que Sterling
leia os diários de Wayne, vá em frente. Wayne escreveu sobre suas
experiências de vida neles, mas nos últimos diários, a maior parte da
escrita era sobre ele e James, e como eles estavam contentes juntos.
Fiz mal a eles, e esse arrependimento é algo que levarei comigo para
o túmulo.
Agora, sobre aquelas duas alianças dentro do envelope. São
as alianças de casamento da minha mãe biológica e do James.
Zeke parou de ler por um breve momento. Ele ficou chocado.
Ele certamente não esperava isso. Olhou para as alianças por vários
segundos antes de continuar lendo.
As alianças de casamento não são caras, mas quero que
fique com elas. Pense nelas como um presente de despedida meu
para você. Também não consigo parar de pensar em você como
James em vez de Zeke, e gosto de pensar que as alianças serão
passadas para meu filho primogênito por meio de você. Faça o que
quiser com elas. Você pode até derretê-las e transformá-las em um
anel. O que quer que você decida, espero que cuide bem delas.
Vou parar aqui mesmo. Estou ficando exausto. Não sou mais
jovem e minha doença não está ajudando em nada. Obrigado
novamente, Zeke, por tudo. Por favor, não fique triste com a minha
passagem. Finalmente vou me reunir com a minha primeira esposa
e James. Eu amo e sinto muita falta dos dois.
Com gratidão,
John Wong
Zeke dobrou a carta e a colocou de volta dentro do envelope
antes de retirar as alianças por um breve momento. Depois disso,
ele virou para Sterling.
— Estas são as alianças de casamento dos pais de James.
Sterling assentiu.
— Eu imaginei isso.
— Mostrarei a carta quando chegarmos em sua casa.
— OK.
Nenhum dos dois trocou uma palavra durante o resto da
viagem de volta para casa. Zeke estava verdadeiramente em paz
agora, e acreditava que James sentia o mesmo. Poderia colocar o
passado para descansar agora.

Sterling parou na campina e olhou na direção do lago. O céu


escuro pela noite e brilhava com as luzes de milhares de estrelas, e
o chilrear dos grilos preenchia o silêncio da noite. De repente, dois
homens apareceram atrás dele, rindo enquanto corriam atrás um do
outro. Sterling estava atordoado. Os dois homens eram Wayne e
James, mas Sterling nunca tinha visto seus rostos como naquele
momento. Era quase como se os seus rostos brilhassem de felicidade
palpável. Eles tinham expressões despreocupadas e felizes
semelhantes. A vibração deles era uma mistura de calma e alegria.
Sterling ficou tão surpreso que não percebeu que Zeke havia se
aproximado para ficar ao seu lado. Então eles sorriram um para o
outro enquanto observavam Wayne e James brincando na campina.
— Eu acho que eles estão bem agora.
Sterling olhou para Zeke e assentiu.
— Absolutamente.
De repente, Wayne e James olharam para eles, sorrindo
enquanto abriam a boca. Sterling não conseguia ouvir suas vozes em
voz alta, mas as palavras vieram direto à sua mente.
— Obrigado.
Antes que Sterling pudesse responder, Wayne e James
começaram a brilhar. Ele instintivamente ficou na frente de Zeke, de
costas para Wayne e James, abraçando seu amante e protegendo
seu namorado da luz brilhante. Ele também fechou automaticamente
os dois olhos.
Sterling engasgou baixinho quando abriu os olhos. Estava
deitado de lado na cama, de frente para Zeke, que sorria para ele.
— Um sonho?
— Sim — Sterling respondeu.
— Você viu Wayne e James no prado com o lago próximo a
ele?
— Sim — Sterling repetiu. — Você também?
Zeke riu.
— Eu vi. Acho que os dois estão bem agora.
— Eles estão.
Zeke se moveu para mais perto de Sterling até que
estivessem quase nivelados. Sterling se reposicionou de costas antes
de apoiar a cabeça de Zeke em seu peito. Depois disso, eles ficaram
em silêncio por um breve momento.
— Obrigado, — Zeke sussurrou.
— Pelo que?
— Por renascer, por me conhecer e me amar, mas o mais
importante, por cumprir sua promessa solene, seu voto da vida
anterior, de me procurar em todas as nossas vidas para que
possamos estar sempre juntos.
Sterling o abraçou ainda mais forte.
— Eu sempre vou manter minha palavra com você.
Zeke subiu e pressionou seus lábios juntos. Começou casto
e gentil, mas logo se tornou acalorado e urgente à medida que a
paixão crescia entre eles. Sterling podia sentir a evidência de sua
excitação ameaçando estourar seu calção. Seu pênis ficou tão duro
em questão de segundos que parecia que estava pronto para
perfurar diamantes. Ele sibilou na boca de Zeke quando seu
namorado acariciou seu membro latejante por baixo da cueca. A
sensação aumentou rapidamente, e o prazer ficou intenso. No
entanto, não era nada comparado à sensação da boca molhada de
Zeke ao redor de seu pênis, e ficava ainda melhor quando a língua
de seu namorado entrava em ação.
Sterling não permaneceu ocioso, no entanto. Agarrou o
quadril de Zeke com uma mão e gentilmente o manobrou até que a
virilha de seu amante estivesse bem acima de seu rosto. Ele tirou a
cueca de Zeke antes de engolir todo o comprimento de seu pênis.
Ele chupou por vários momentos antes de trabalhar em direção às
bolas de Zeke. Ele fez o possível para ser paciente, mas não
conseguiu se conter. Não por muito tempo, especialmente quando
Zeke parecia estar ficando muito melhor e mais hábil em chupar mais
da metade de seu eixo. Sterling quase engasgou de surpresa quando
Zeke quase conseguiu engolir todo o comprimento de seu pênis. Ele
se distraiu de ter uma ejaculação precoce comendo a bunda de Zeke
como um homem faminto. O quarto se encheu de ruídos enquanto o
prazer aumentava entre eles. De repente, Zeke se afastou do pênis
de Sterling e montou em seus quadris.
— Quero cavalgar o seu pênis. Posso?
Sterling ficou sem fala por alguns segundos. Zeke
normalmente era tão tímido e reservado, especialmente quando o
assunto estava relacionado a qualquer coisa sexual. Isso era uma
anomalia. Então Sterling notou as bochechas e o pescoço
avermelhados de Zeke e gemeu. Zeke ficava adorável quando ficava
tímido assim, e Sterling realmente gostava disso. Pegou o
lubrificante na mesa de cabeceira e cobriu seu eixo pulsante com o
líquido escorregadio antes de guiar seu namorado em direção ao seu
pênis duro e vazando. Não tinha certeza de quem acabou gemendo
mais alto, mas não importava. O ânus de Zeke estava tão apertado
como sempre, e Sterling teve que apertar os dentes enquanto lutava
para não gozar. Parecia uma impossibilidade, no entanto. A bunda
de Zeke era como uma bainha de veludo, apertando e massageando
a masculinidade de Sterling da maneira mais incrível.
— V-vá devagar, bebê. Eu não quero g-gozar ainda. Você
está tornando isso d-difícil.
Zeke balançou a cabeça.
— Está bem. Estou muito p-próximo também. Seu pênis
está muito quente, grande e vivo dentro da minha bunda. Quero que
você me encha com o seu esperma. Por favor.
Sterling estalou no instante seguinte. Empurrou seus quadris
para cima e empurrou o comprimento restante de seu pênis na bunda
de Zeke antes que batesse com tanto vigor quanto pode reunir. Zeke
gemeu e ganiu acima dele, e isso só estimulou Sterling a martelar o
traseiro de seu namorado ainda mais rápido. Estava desesperado
para atingir o orgasmo, mas determinado a levar Zeke ao limite com
ele. Empurrou na bunda de Zeke, deslizando para dentro e para fora
uma e outra vez, e batendo no ânus de Zeke sem piedade. Zeke
estremeceu. Ele devia estar com dor. No entanto, ele não implorou
a Sterling para parar.
Além disso, Sterling estava perdendo o controle. Tudo o que
desejava era bater na bunda de Zeke repetidamente até que eles
chegassem ao clímax juntos. Um breve momento depois, podia sentir
seu saco apertando. Ele fez o seu melhor para se esfregar contra
aquele ponto mágico dentro da bunda de Zeke, mas seu ataque se
tornou mais errático conforme se aproximava do orgasmo. Agarrou
os quadris de Zeke com tanta força que tinha certeza de que deixaria
marcas. Abruptamente, Zeke gritou, soltando vários jorros de
esperma sobre o rosto, pescoço e peito de Sterling antes de pingar
em sua barriga.
Isso o empurrou para o limite. Ele bateu em Zeke uma última
vez antes de encher a bunda de seu amante com esperma. Seu
clímax foi tão intenso, sua visão empalideceu e todo o seu corpo
enrijeceu por alguns segundos. Podia sentir a tensão na parte inferior
da cabeça e descendo pelo pescoço. Até o seu estômago ficou tenso
quando gozou uma e outra vez. Quando terminou, ele relaxou,
ofegando e tentando recuperar o fôlego enquanto Zeke caía sobre
ele. Ambos estavam suados e pegajosos, mas Sterling não se
importava. Ele também apertou seu abraço em Zeke quando seu
namorado tentou se afastar.
— Fique, querido.
— Estou pesado em cima de você.
Sterling riu.
— Não, você não é. Eu gosto de ter você em cima de mim.
Zeke não parecia totalmente convencido.
— Tem certeza? E se eu dormir?
— Está tudo bem — Sterling respondeu. — Vou colocar o
cobertor sobre nós e podemos cochilar assim.
Zeke riu enquanto descansava o queixo no peito de Sterling.
— Está bem então. Não me culpe se você sufocar por ter
que carregar meu peso até amanhã de manhã.
Sterling bufou.
— Eu vou viver.
— É melhor. Quero que fiquemos juntos até ficarmos mal-
humorados, velhos e carecas.
Sterling soltou uma gargalhada alta.
— Eu prometo que ficaremos. Eu te amo muito.
— Eu também te amo.
Zeke encostou a bochecha no peito de Sterling. Sterling
aproveitou a oportunidade para acariciar a cabeça de Zeke enquanto
se abraçavam. Ele podia sentir o amor avassalador que tinha por
Zeke dentro dele, e garantiria que eles nunca se separassem pelo
resto de suas vidas, especialmente depois de tudo que passaram
para chegar onde estavam no momento. Eles estariam juntos. Para
sempre.

Epílogo

— Ei, querido — Sterling cumprimentou Zeke no momento


em que entrou no estúdio fotográfico. — Você está pronto para o
almoço?
Zeke assentiu.
— Estou, mas tenho uma surpresa para você.
— O que é?
— Lembra daquele canto vazio no meu estúdio que eu
reclamei com você?
— Sim. O que tem isso?
Zeke sorriu enquanto liderava o caminho para o canto em
questão.
— Eu fiz algo com ele.
Zeke finalmente, e oficialmente, se mudou para a casa de
Sterling depois que estavam namorando por cerca de oito meses. No
ano seguinte, suas vidas foram repletas de alegria sem fim e muito
amor. Sterling teve mais sucesso do que nunca e Zeke decidiu abrir
seu próprio estúdio fotográfico. Ele ainda aceitava trabalhos de várias
fontes, mas sempre que tinha tempo livre, permanecia em seu
estúdio fotográfico, que por acaso ficava no prédio comercial de
Sterling. Ele sabia que não era realmente uma coincidência Sterling
de repente ter uma sala extra no saguão para abrigar o estúdio
fotográfico de Zeke. Zeke gostou muito disso. A melhor coisa de ter
o estúdio no prédio de Sterling era o fato de que eles podiam tomar
café da manhã e almoçar juntos. Eles até jantavam fora às vezes,
quando Sterling tinha que trabalhar até tarde. O fato de Zeke não
ter que pagar o aluguel do estúdio era um bônus adicional.
— Por que este canto está coberto com um grande pedaço
de pano preto do teto ao chão?
Zeke sorriu.
— Porque quero manter isso em segredo até que tudo esteja
pronto.
Sterling olhou para o pano preto.
— Tudo bem então. O que você está escondendo de mim?
Zeke sorriu para ele, mas não disse uma palavra. Em vez
disso, deixou Sterling naquele canto e pegou uma escada da sala dos
fundos, que colocou ao lado do pano. Ele escalou todo o caminho até
o topo para alcançar a borda do pano preto, que prendeu no teto
com uma longa tira de poderosa fita dupla face. Agora, ele removeu
a fita e soltou o pano até que se acumulasse no chão. Então desceu
e ficou ao lado de Sterling.
— O que você acha?
Sterling ficou boquiaberto com as pinturas emolduradas na
parede.
— São do James?
— Sim.
Depois disso, Sterling apontou para a vitrine de vidro que se
encaixava no canto.
— Os diários de Wayne?
Zeke assentiu.
— Legal certo?
— Muito. O que te inspirou a fazer isso?
— O amor entre eles, — Zeke respondeu, e ele podia se
sentir corando. — E também o amor que compartilhamos.
Sterling puxou-o abruptamente para um abraço apertado.
Zeke ficou surpreso no início, então endureceu por um segundo ou
dois, mas rapidamente se soltou e retribuiu o abraço.
— O que você fez com as alianças de casamento dos pais de
James?
Zeke puxou uma corrente de ouro branco por baixo da
camisa.
— Eu as pendurei nisso.
— E algum dia, eu vou te pedir em casamento. Quero que
você se amarre a mim com uma aliança no dedo anelar.
Zeke ficou encantado ao ouvir isso.
— Mal posso esperar por esse dia.
— Logo. Eu prometo.
Zeke assentiu e, depois disso, eles admiraram as pinturas e
os diários enquanto ficavam lado a lado e entrelaçavam os dedos, se
segurando com força. Zeke moveu os olhos de uma pintura para a
outra antes de finalmente se decidir pelos diários. Ele e Sterling
podem não ter conseguido seu final feliz em suas vidas anteriores
como James e Wayne, respectivamente, mas estavam juntos agora.
O caminho para o felizes para sempre não foi fácil, e quando
descansou a cabeça no ombro de Sterling e olhou para o rosto
sorridente de seu namorado, ele realmente acreditava que
finalmente havia encontrado sua alma gêmea. Aquele com quem
deveria estar. Agora e para sempre.

Fim

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