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brasileira e
interculturalidade
Cultura brasileira e
interculturalidade
Presidente
Rodrigo Galindo
Conselho Acadêmico
Dieter S. S. Paiva
Camila Cardoso Rotella
Emanuel Santana
Alberto S. Santana
Regina Cláudia da Silva Fiorin
Cristiane Lisandra Danna
Danielly Nunes Andrade Noé
Parecerista
Fábio Pires Gavião
Editoração
Emanuel Santana
Cristiane Lisandra Danna
André Augusto de Andrade Ramos
Daniel Roggeri Rosa
Adilson Braga Fontes
Diogo Ribeiro Garcia
eGTB Editora
ISBN 978-85-8482-358-1
CDD 981
2016
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Sumário
Olá, aluno!
Objetivos de aprendizagem
Introdução à unidade
Seção 1
• A cultura popular era entendida como aquela que possui um caráter de tradição,
ligada à oralidade, permanência e coletividade. Era normalmente associada aos
camponeses.
• A cultura erudita, por sua vez, valoriza o indivíduo criador, a obra pensada e
racionalizada dentro de um processo de estudos. Apesar de ter entre seus criadores
personagens de origens humildes, seus consumidores eram as classes mais
abastadas.
Porém, apesar dessas definições ainda serem usadas, segundo Néstor García
Canclini, antropólogo argentino nascido em 1939 e pesquisador das culturas na
contemporaneidade, “muitos são os fatos que vem conspirando contra essa rigorosa
distinção entre os sistemas simbólicos” (CANCLINI, 1983, p. 52). Já Abreu (2003, p.
9), seguindo na mesma linha do outro autor, irá dizer que “pensar a interação e
compartilhamento entre estas culturas seria sempre uma boa opção”. Ou seja, apesar
dessas três instâncias ainda serem utilizadas numa análise da estrutura cultural, seus
limites nunca foram bem definidos e, de umas décadas pra cá, com o surgimento
da cultura de massa, as fronteiras entre uma e outra têm se tornado cada vez mais
difusas e maleáveis.
Fonte: Álbum Itaú Cultural. Disponível em: <http://albumitaucultural.org.br/radios/villa-lobos/>. Acesso em: 29 mar. 2016.
Seção 2
2.1 Bumba-meu-boi
Assim como o carnaval, a encenação do Bumba-meu-boi é uma das
manifestações culturais mais conhecidas do Brasil. Ela é marcada pela incorporação
de simbolismo religioso e assimilação das tradições culturais de diversos povos,
revelando características que se moldam nas várias regiões do país, prevalecendo as
culturas negra, indígena e europeia.
revivido pelo pajé. Com sua volta, todos festejam o acontecimento. A moral do alto
gira em torno da ideia de que, um dia, o boi deixe de pertencer ao patrão e torne-se
do povo, como uma alegoria que representa o desejo de mudança e melhorias na
vida do povo trabalhador.
Além dos personagens da trama central, outras figuras compõem a festa, tais
como os brincantes, os caboclos, as índias, os vaqueiros, os instrumentistas e os
personagens folclóricos próprios de cada região.
O boi de Mamão, por sua vez, espalhou-se pela região sul do Brasil, agregando-se
à cultura tradicional gaúcha por meio da incorporação dos vaqueiros e das prendas.
Além do boi, outro personagem icônico dessa festa é a Bernúncia, espécie de bicho-
-papão que assusta as crianças.
do século XIX, chega ao Brasil trazido pelos portugueses e, muito diferente do que
é hoje, era festejado apenas pela aristocracia do Rio de Janeiro. Porém, as classes
menos favorecidas economicamente, predominantemente formadas por negros,
passaram a fazer seus próprios carnavais e, influenciadas pelas músicas e danças de
origem africanas, formaram os blocos e os cordões de carnaval presentes até hoje.
No Rio de Janeiro, além dos blocos de rua, nasceram as escolas de samba que até
hoje organizam anualmente grandes desfiles de carros alegóricos. Como o próprio
nome diz, o samba é o ritmo predominante, seja na bateria, no samba-enredo ou
entre as passistas. O cortejo das escolas é dividido em alas, sendo elas a comissão de
frente, o mestre-sala e a porta-bandeira, as baianas, a bateria e as alegorias. A comissão
de frente tem por função abrir o desfile saudando o público e apresentando o samba
enredo. O mestre-sala e a porta-bandeira são a representação da nobreza do século
XVIII, trajando fantasias volumosas, com muito brilho e detalhes. A ala das baianas é
uma homenagem às tias que amparavam os sambistas no passado e é também uma
Fonte: Imagens do Povo. Disponível em: <http://www.imagensdopovo.org.br/blogip/page/14/>. Acesso em: 29 mar. 2016.
Na Bahia, a principal marca do carnaval são as folias nas ruas ao ritmo do axé e
dos trios elétricos. Assim como o carioca, o carnaval de rua baiano, originalmente
ligado às classes mais pobres, surgiu em oposição aos carnavais em clubes privados.
A partir do sexto dia que antecede a quarta-feira de cinzas, os blocos e os foliões
saem para as ruas de Salvador atrás do trio elétrico, que pode ser um caminhão ou
ônibus, local onde ficam os músicos que animam a festa.
Figura 1.14 | Multidão no carnaval de Salvador
Há muito tempo, o maior e, para muitos, o mais belo afoxé na Bahia foi o grupo
Filhos de Gandhy, propagadores da cultura Nagô. Desde seu surgimento, na década
de 1940, seus integrantes esforçam-se em preservar os aspectos tradicionais do
grupo, que vai desde a clássica indumentária azul e branca, os turbantes, colares,
até a restrição à partição de mulheres. Também existe um esforço em manter o
comportamento e os princípios durante os desfiles.
O tambor de crioula é uma festa para homenagear São Benedito e pode acontecer
nos festejos juninos, como a celebração do Bumba-meu-boi. Assim como em outros
batuques, estão presentes os tocadores de atabaque e a punga, mas uma de suas
particularidades é que as mulheres dançam e rodopiam, levantando lindas e leves
saias de padrões florais.
Findado o ciclo da cana-de-açúcar, essa dança foi se tornando cada vez mais
urbana e, devido ao crescente deslocamento de trabalhadores para o Sudeste, o
samba de roda chegou à cidade do Rio de Janeiro, adquirindo uma nova cara. Com
isso, tornou-se o samba de partido alto, ou simplesmente o samba carioca, conhecido
e difundido em todo território nacional por todos os meios de comunicação. O samba
de partido alto tornou-se tipicamente urbano, sendo realizado principalmente nos
morros, locais em que se encontram as classes mais pobres. Sua celebração traz
consigo um sentimento de coletividade, envolvendo música, dança, comidas, bebidas
e conversas. O pandeiro, o cavaquinho, o violão e a cuíca dão o ritmo da festa.
Figura 1.20 | Amigos tocando bamba de partido alto
Uma característica marcante das festas juninas são as comidas típicas, tais como
pipoca, bolo de fubá, quentão, chocolate quente, milho cozido, pamonha, pé de
moleque, entre outros. Nesse cardápio, percebemos uma grande quantidade de
pratos que têm como ingrediente principal o milho. Isso se deve ao período da
colheita desse vegetal que coincide com a data das comemorações.
Se quiser saber mais sobre as festas juninas, uma dica é a leitura do texto
a seguir, no qual a autora traça as origens remotas, as características e os
significados da festa:
RANGEL, Lúcia Helena Vitalli. Festas Juninas, Festas de São João – Origens,
Tradições e História. São Paulo: Publishing Solutions, 2008. Disponível em:
<http://www.bfp.uff.br/sites/default/files/servicos/documentos/festas_
juninas_festas_de_sao_joao_origens_tradicoes_e_historia.pdf>. Acesso
em: 29 mar. 2016.
2.5 Congadas
As congadas são festas ligas às irmandades de Nossa Senhora do Rosário, Santa
Efigênia e São Benedito, caracterizando um festejo popular inserido no calendário
católico desde os tempos coloniais. Assim como no Maracatu Nação, na congada
também existe a coroação do Rei do Congo, mas com algumas características
próprias, de acordo com cada região. No geral, caracteriza-se como procissão
com pessoas que representam escravos, capatazes, a nobreza, os músicos e o rei e
rainha, que, ao final do cortejo, serão coroados em uma igreja. Durante o caminho
ao som de muita música e festa, a procissão é descontinuada para a encenação de
batalhas com espadas. Esse momento surge como uma alegoria às batalhas entre
mouros e cristãos.
2.7 A cavalhada
Figura 1.24 | Cavaleiros na cavalhada de Pirenópolis
cotidiano das pessoas. Desse modo, fazem parte do folclore as festas, as religiões,
a medicina popular, o artesanato, as cantigas e os velhos costumes. A expressão
“folclore” pode, portanto, ser um sinônimo de cultura popular, expressão que dá
nome a esta unidade. Porém, apesar da amplitude do termo, iremos focar nas antigas
lendas e fábulas regionais que resistem ao passar do tempo e que não estabelecem
vínculos com autores, mas com a aceitação coletiva e com o anonimato.
Pelo modo como certas lendas se espalharam Brasil afora, em muitos casos,
torna-se difícil localizar suas verdadeiras origens, embora alguns traços indiquem
uma possível procedência. A lenda do negrinho do pastoreio, por exemplo, tornou-
-se muito popular no Sul do Brasil, em meio ao sofrimento dos escravos diante de
seus patrões. A ressurreição do menino negro que, como punição por ter perdido
um cavalo, foi amarrado em um formigueiro, reflete o sentimento de revolta e da
fé dos negros escravos do passado. O mito do Caipora, por sua vez, é tipicamente
indígena. Dizem que, desde antes dos portugueses chegarem ao Brasil, os índios
transmitem às futuras gerações a história do anão ligado à caça e à proteção da
Além desses mitos citados, podemos mencionar a lenda da Iara, uma espécie
de sereia que enfeitiça os homens com sua beleza; a lenda urbana da pisadeira,
entidade que pisa sobre a barriga das pessoas enquanto dorme, provocando falta
de ar; o mito do Boto e da Vitória Régia, ligado aos rios da Amazônia; da Mula sem
cabeça, que tem ligação com o catolicismo; entre outros. Todas essas lendas fazem
parte da rica cultura popular brasileira e, apesar do caráter sobrenatural e mágico,
carregam um sentido prático na vida cotidiana daqueles que o vivenciaram ou dos
que ainda os vivenciam.
Além das cantigas de roda, muitas outras brincadeiras trazidas pelos portugueses
se popularizaram e se mantiveram como parte da cultura popular brasileira, mesmo
depois de séculos de sua chegada. Segundo Alves (2010, p. 5), “Grande parte dos
jogos tradicionais popularizados no mundo inteiro, como o jogo de saquinhos (cinco
marias), amarelinha, bolinha de gude, jogo de botão, pião, pipa e outros, chegou ao
Brasil por intermédio dos primeiros portugueses”.
Como necessidade humana e pelo caráter social das brincadeiras e jogos, é natural
que essas se prolonguem através dos anos, tornando-se elementos fundamentais na
consolidação das culturas populares.
Mesmo que muitas dessas brincadeiras não sejam mais tão comuns na vida das
crianças, a necessidade do brincar nunca desaparecerá. Desse modo, as brincadeiras
sempre existirão na vida dos pequenos, que a cada novo momento de diversão
Seção 3
Além dos grupos que mantêm firmes suas tradições, resistindo ao processo de
massificação, como alguns dos que mencionamos nas sessões anteriores desta
unidade, existem outros que se fundamentam em suas raízes, mas também incorporam
e interagem com outras culturas. Um exemplo são os
Figura 1.30 | Chico Science, tradicionais bate-bolas do Rio de Janeiro. Sem perder a
figura do manguebeat essência de suas festas, inspiram-se em elementos da
cultura de massa para a criação de suas vestimentas, tais
como personagens de desenhos animados, histórias
em quadrinhos, novelas, marcas internacionais, entre
outras. Na verdade, hoje esses elementos já fazem
parte da tradição dos bate-bolas.
Chico Science, junto com o grupo Nação Zumbi, lançou apenas dois
discos antes de sua morte. Apesar da curta carreira, suas obras já figuram
entre as mais importantes da música brasileira. Vale a pena conferir!
No mundo contemporâneo, fica cada vez mais claro que as culturas populares
não são mais práticas exclusivas a determinados grupos, mas, como percebemos nos
exemplos do manguebeat e da tropicália, um mesmo indivíduo pode participar de
diversas manifestações culturais, em lugares diferentes, sem mesmo ter sido criado
naquele ambiente. Os meios de comunicação nos permite vivenciar e assimilar
experiências culturais das mais diversas, mesmo estando longe no tempo ou no
espaço. No contexto em que vivemos, a multiplicidade é consequência natural e cabe
às culturas populares buscar modos de se colocar nesse contexto, para que não venha
um dia a perder o significado de sua presença na vida dos que a constituem.
Referências
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Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1973.
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www.mma.gov.br/estruturas/pda/_arquivos/cartilha_reencantando_a_infncia_com_
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CANCLINI, Néstor García. Culturas híbridas: estratégias para entrar e sair da
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Trad. Ana Venite Furtado. São Paulo: Moderna, 2003.
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br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-88392001000200005>. Acesso em: 29
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SILVA, Kalina Vanderlei; SILVA, Maciel Henrique. Dicionário de conceitos históricos.
São Paulo: Contexto, 2006.
FERRETTI, Sergio F. Dimensões da cultura: popular e erudita. [s/d]. Disponível em:
<http://www.gpmina.ufma.br/pastas/doc/Dimensoes%20da%20Cultura.pdf>. Acesso
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FREYRE, Gilberto. Casa-Grande & Senzala: Formação da família brasileira sob o regime
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HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 9. ed. Rio de Janeiro: DP&A,
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HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do brasil. 26. ed. São Paulo: Cia. das Letras,
1995.
IPHAN. Complexo cultural do bumba-meu-boi do maranhão: Dossiê do registro
como Patrimônio Cultural do Brasil. São Luis: Iphan, 2011.
LARAIA, R. B. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
IDENTIDADE CULTURAL
Objetivos de aprendizagem
Você compreenderá o conceito de nação como algo que pode ser construído
historicamente, que a construção narrativa não determina que a nação seja
algo irreal e que ela não está resumida a ser apenas uma criação política, já que
pode existir o sentimento sincero de pertencimento a uma nação. Desse modo,
você irá observar que a busca ao longo do tempo por uma identidade nacional
brasileira ainda hoje permanece, sendo transformada a cada instante.
52 Identidade cultural
U2
Introdução à unidade
Por meio deste material, você poderá identificar as particularidades que envolvem
a construção do que se entende por identidade cultural brasileira, analisando a
história e os exemplos concretos expressos nas manifestações artísticas e populares
do povo brasileiro.
Identidade cultural 53
U2
54 Identidade cultural
U2
Seção 1
Cultura e identidade
Nesta seção, iremos conhecer os vários conceitos da palavra cultura, além de
compreender que a cultura não é estática. Você irá observar que todo sistema cultural
apresenta aspectos materiais e imateriais e que são esses aspectos combinados que
vão resultar nas singularidades de cada povo. No correr da leitura, você entenderá
que a identidade cultural, por sua vez, é um sistema de representação das relações
sociais, que envolve o compartilhamento de patrimônios comuns. Assim, irá perceber
a influência que a globalização estabelece nas diferentes estruturas culturais pelo
mundo, como evento que pode gerar homogeneização e perda de referências locais.
Identidade cultural 55
U2
O conceito moderno de cultura foi formulado por Edward Tylor, em seu livro
Primitive Culture, de 1871, estabelecendo a cultura como “um complexo que
compreende os conhecimentos, as crenças e as artes, a moral, as leis, os costumes
e todos os demais hábitos ou aptidões adquiridas pelo homem na qualidade de
membro de uma sociedade” (TYLOR apud AZEVEDO, 1963, p. 31). Ou seja, podemos
dizer que cultura é tudo aquilo que rodeia e forma o indivíduo ou um grupo de
pessoas, sendo cada cultura única nas suas características.
Tylor (apud AZEVEDO, 1963) também irá dizer que não há conexão entre genética e
cultura. Cultura é todo o comportamento aprendido quando se está inserido em um
contexto especifico e não transferido geneticamente de pai para filho. Um recém-nascido
vai assimilar a cultura do ambiente em que cresceu, independentemente de sua herança
genética. A cultura é um processo acumulativo, ou seja, as experiências e os conhecimentos
são acumulados através das gerações e repassados às novas.
56 Identidade cultural
U2
Enquanto um animal que habita o Ártico, como o urso-polar, não poderia transferir-
se para um ambiente tropical, já que suas características biológicas são adaptadas
para as baixas temperaturas, contrariamente, um esquimó poderia deixar as baixas
temperaturas em que habita, apenas alterando suas vestimentas, alimentação, entre
outros hábitos, moldando-se ao novo habitat. Isto explica a presença de humanos
Identidade cultural 57
U2
Figura 2.3 | Debret, Família de um chefe Camacã se prepara para uma festa – Sem data
Fonte: Iba Mendes. Disponível em: <http://www.ibamendes.com/2012/05/blog-post_7897.html>. Acesso em: 10 abr. 2016.
58 Identidade cultural
U2
Porém, é importante salientar que a cultura não é estática. Todo sistema cultural
pode sofrer transformações pelo dinamismo do próprio sistema cultural, resultando
em uma modificação que acontece naturalmente de geração para geração, por
uma transformação repentina, podendo ser causada por uma grande inovação
tecnológica ou uma catástrofe, ou por meio de aculturação, que é consequência do
encontro de uma cultura com a outra, modificando-as.
Identidade cultural 59
U2
60 Identidade cultural
U2
Para conhecer mais da obra de Drebet, artista que registou, por meio de
suas obras, a vida e os costumes dos índios, negros e europeus no Brasil,
acesse o acervo da Enciclopédia Itaú Cultural:
Identidade cultural 61
U2
Ainda segundo o IPHAN (2014, on-line), sob essa definição de patrimônio cultural,
conclui-se que:
62 Identidade cultural
U2
Identidade cultural 63
U2
64 Identidade cultural
U2
Identidade cultural
Identidade cultural pode ser entendida como os aspectos próprios de cada cultura,
aquilo que a distingue das outras, tornando-a única e singular, manifestando-se por
meio dos bens materiais e imateriais.
Identidade cultural 65
U2
66 Identidade cultural
U2
De algumas décadas pra cá, notamos, por exemplo, a forte presença da música
americana no Brasil, como o rock e hip-hop. Estes estilos musicais, ao serem
introduzidos na cultura brasileira, tiveram de passar por adaptações, recebendo
influências da cultura vigente por aqui. O grupo Os Mutantes criou um estilo próprio
por meio da junção do rock (tendo como marca a guitarra elétrica) com as canções
populares do Brasil, característica típica do movimento tropicalista do qual faziam
parte. Já no hip-hop, grupos e cantores brasileiros, como Racionais Mcs, Emicida
e Criolo, apropriaram-se desse estilo musical norte-americano para narrar fatos
relacionados à cultura, política e questões sociais próprias de nosso país.
Identidade cultural 67
U2
mais riquezas e inovações dessa cultura" (AGIER apud DAMASCENO, 2010, p. 821).
O mesmo autor apresenta a tradição como um elemento inventivo e a identidade
como algo que se mantém em construção, manifestando-se de forma “múltipla,
inacabada, instável, sempre experimentada mais como uma busca que como um
fato” (AGIER, 2001, p.10).
A pluralidade cultural tem cada vez mais influenciado na formação das identidades
dos indivíduos, tornando-os cada vez mais fragmentados e múltiplos. Conforme Hall
(2000, p. 12): “O sujeito, previamente vivido como tendo uma identidade unificada e
estável, está se tornando fragmentado; composto não de uma única, mas de várias
identidades”.
68 Identidade cultural
U2
Identidade cultural 69
U2
Sobre a globalização, Hall (2000) afirma que ela colabora para que as identidades
percam suas referências locais, levando a uma homogeneização de culturas, já que
a globalização integra todas as diferentes identidades culturais em um único local.
Sobre homogeneização e a perda de referências locais, escreve Hall (2000, p. 69):
Assim, nesse único local onde todas as diferentes identidades culturais são
integradas e postas, novas maneiras de conhecimento, de cultura e de identidades
podem se manifestar de modo híbrido.
70 Identidade cultural
U2
Identidade cultural 71
U2
Mas por que a cidade tornou-se o terreno mais fértil para o contato entre culturas
e surgimento de novas identidades? Simples: a cidade é o local único e exclusivo
do ser humano. Como homens, compartilhamos uma identidade comum, a de
humanos. E esse minúsculo grau de identidade nos possibilita dialogar com todos
os outros humanos. Esse atributo particular humano instala o entendimento, mesmo
que mínimo, entre todas as culturas e os diferentes cenários a que viermos nos
relacionar.
72 Identidade cultural
U2
Seção 2
Identidade nacional
Nesta seção, observaremos que a construção histórica da identidade brasileira
está conectada ao intento de estabelecer uma unidade em nossa sociedade.
Você compreenderá o conceito de nação como algo que pode ser construído
historicamente, que a construção narrativa não determina que a nação seja algo irreal
e que ela não está resumida a ser apenas uma criação política, já que pode existir o
sentimento sincero de pertencimento a uma nação. Desse modo, você irá observar
que a busca ao longo do tempo por uma identidade nacional brasileira ainda hoje
permanece, sendo transformada a cada instante.
Identidade cultural 73
U2
Fonte: Itaú Cultural. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa18749/debret>. Acesso em: 10 abr. 2016.
74 Identidade cultural
U2
Identidade cultural 75
U2
Fonte: Itaú Cultural. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra3043/iracema>. Acesso em: 10 abr. 2016.
76 Identidade cultural
U2
Segundo Silva (2011, p. 15), o interesse de Machado de Assis não era “tirar o índio
da literatura, nem fazer dele seu único assunto”. Para ele, o indígena, assim como
o negro e branco, faz parte da realidade brasileira, portanto deve estar na literatura,
sem a necessidade de se criar idealizações ou exclusões. Machado de Assis destaca
a beleza e esplendor da cultura indígena e negra, sem necessariamente tratá-las de
forma estereotipada e exótica.
Identidade cultural 77
U2
Entre os séculos XIX e XX, o Brasil irá presenciar uma forte onda da chegada
de novos imigrantes vindos da Europa, da Ásia e da África. Da Europa veio uma
quantidade significativa de italianos, suíços e alemães. Do Oriente Médio e de
países do norte da África vieram judeus, sudaneses e libaneses. Chegou ao Brasil,
também, um grande número de japoneses, que se deslocaram na tentativa de fugir
do sofrimento causado pelas guerras. A vinda desses povos fez com que a cultura
brasileira se tornasse ainda mais heterogênea e, consequentemente, diversificada.
78 Identidade cultural
U2
Nesse período, surgiram artistas e escritores que traziam em seus trabalhos uma
discussão sobre a formação da cultura e da raça brasileira, que está expressa nas obras
de dois importantes autores. O primeiro, Gilberto Freyre, em seu livro Casa-Grande
& Senzala (1933), apresenta a mestiçagem do povo brasileiro de maneira positiva.
Assim como ele, Sérgio Buarque de Holanda, em Raízes do Brasil (1936), também
não compreende a miscigenação como um elemento danoso na construção da
raça brasileira.
Identidade cultural 79
U2
Segundo Reis (1999, p. 118), Sérgio Buarque de Holanda deseja legitimar “a inclusão
de negros, índios, mulheres, pobres de todo tipo, enfim, de todos os marginalizados
da sociedade oligárquica, do passado, os quais deverão ser integrados à sociedade
brasileira no futuro” e, para Dias (1998, p. 16), ao se atentar para documentos e
elementos não utilizados em pesquisas históricas no Brasil em determinado período,
ele “enfatizava o provisório, a diversidade, a fim de documentar novos sujeitos
eventualmente participantes da história”.
A influência militar sobre o Estado brasileiro atingiu seu ponto mais crítico com
a instauração da ditadura militar, em 1964. Dando continuidade à divulgação e
exaltação do nacionalismo, que passava por fortes interesses políticos, e rechaçando
qualquer discurso que contestasse o que lhes era conveniente, o governo passou
a se utilizar da repressão policial e censura, com o intuito de manter seu poder
inabalável frente às massas. Nesse sentido, vemos o surgimento de uma sociedade
brasileira, com seus artistas, intelectuais e jornalistas, privada de se expressar
livremente, pois qualquer opinião desfavorecida pelos governantes poderia levar a
sérias consequências, tais como o exílio, a prisão e, até mesmo, a tortura.
80 Identidade cultural
U2
Fonte: Portal R7. Disponível em: <http://bedelho.r7.com/editorial-o-desejo-de-censura/>. Acesso em: 10 abr. 2016.
Portanto, podemos observar o conceito de nação como algo que pode ser
construído historicamente, conduzindo as ações e se fixando como afirmação,
imposição ou desvalorização de identidades culturais. Atualmente, a compreensão
do que seria a identidade do povo brasileiro experimenta uma reavaliação, indicando
o pluralismo e a inserção de manifestações culturais marginalizadas e excluídas do
processo histórico indenitário. Nesse cenário, tem-se percebido, por exemplo, uma
grande valorização das expressões culturais provenientes das periferias e favelas.
Desse modo, podemos concluir que, apesar do longo histórico do Brasil como
um país miscigenado, ainda existem o esforço e a necessidade de inserção de
determinadas culturas, ainda excluídas e tidas como inferiores a outras. Tal esforço
tem surtido efeitos positivos para a cultura brasileira, tornando-a, além de diversificada,
também inclusiva, democrática e igualitária.
Identidade cultural 81
U2
Para Hall, existe o que ele nomeou de “narrativa da nação” (2000, p. 52),
propagada por meio das histórias e da literatura, nos meios de comunicação e
na cultura popular de um país. Já Reis (2006, p. 26) irá dizer que “a narrativa não
coincide ingenuamente com o real, não representa o que de fato ocorreu. Ela é uma
construção do historiador”.
82 Identidade cultural
U2
Ou seja, tentar formular uma definição para o que é ser brasileiro, ou o que
consiste a identidade do povo brasileiro, é algo difícil de ser atingido, pois tanto no
nível individual quanto no coletivo as noções de identidade e de pertencimento são
extremamente subjetivas e circunstanciais. Portanto, a identidade, segundo Coracini
(2003, p. 203):
Nesse sentido, a identidade não pode ser percebida como essência fixa de uma
determinada sociedade, mas como algo fluido e inconstante, “como um processo
nunca completado e sempre transformado” (REIS, 2006, p. 16).
Identidade cultural 83
U2
84 Identidade cultural
U2
Identidade cultural 85
U2
Estão corretas:
a) I e III, apenas;
b) II e IV, apenas;
c) III, apenas;
d) I, II e IV, apenas;
e) I, II, III e IV.
86 Identidade cultural
U2
Identidade cultural 87
U2
88 Identidade cultural
U2
Referências
Identidade cultural 89
U2
90 Identidade cultural
U2
Identidade cultural 91
Unidade 3
MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS
Objetivos de aprendizagem:
94 Manifestações artísticas
U3
Introdução à unidade
Como era desenvolvida a arte dos povos nativos antes da chegada dos portugueses
no Brasil? A arte europeia clássica e acadêmica influenciou as produções estéticas
em nosso país? Como os artistas brasileiros se posicionaram frente aos novos
paradigmas da Arte modernista e contemporânea?
Manifestações artísticas 95
U3
96 Manifestações artísticas
U3
Seção 1
Manifestações artísticas 97
U3
Para saber mais sobre os sítios de São Raimundo Nonato, acesse o site a
seguir:
FUMDHAM. Parque Nacional Serra da Capivara. Disponível em: <http://
www.fumdham.org.br/>. Acesso em: 11 abr. 2016.
Você poderá conferir a Biblioteca Digital, com publicações da revista
Fumdhamentos e trabalhos acadêmicos sobre o Parque Nacional Serra
da Capivara e, também, conferir o trabalho da Fundação Museu do
Homem Americano (FUMDHAM), que possui a missão de preservar o
parque, listado como patrimônio da humanidade pela UNESCO.
98 Manifestações artísticas
U3
Dentro da extensa produção indígena, foi constatado que seus artefatos não
estão ligados à noção de arte como é entendida por nós, do gênio criador e das
inovações, mas, antes, é a manifestação de tradições que ultrapassam séculos
de existência. Assim, a boa criação não é a que inova, mas aquela que representa
da maneira mais digna possível a tradição cultural de cada grupo. Dentro dessas
tradições, os artefatos podem tanto estar ligados às crenças religiosas quanto ao
utilitarismo e aos rituais em homenagem aos mortos.
Manifestações artísticas 99
U3
cerâmicas são mais complexas – já que não possuem apenas pinturas e desenhos
–, apresentam relevos e as cariátides, que são figuras antropomorfas e zoomorfas,
confeccionadas como suporte para a composição superior de um vaso.
No Brasil, puderam ser observados dois estilos distintos: o barroco das regiões
mais abastadas, como Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco, cujos
entalhes em madeira eram revestidos por camadas de ouro, e o barroco desenvolvido
em outras localidades, como na cidade de São Paulo, sendo que, não havendo
a presença do ouro ou do açúcar, as obras, tanto na arquitetura como nas artes
plásticas, manifestaram características específicas. Podemos citar a utilização da
taipa nas igrejas e o barro como matéria-prima nas esculturas. Porém, vale ressaltar
que essas divisões regionais nunca foram bem marcadas, dado que, na Bahia, por
exemplo, há esculturas de barro com características muito próximas às paulistas e
a arquitetura de taipa está presente nas regiões Sudeste e Nordeste onde este estilo
se desenvolveu.
A cidade de Salvador, que foi a capital do Brasil até 1763, teve um período
economicamente próspero, que perdurou até meados do século XVIII. Como um
dos principais centros econômicos e políticos da época, a cidade apresentou-se
como ambiente propício para trocas constantes com Portugal, tanto de hábitos
como de artistas e produtos. Assim, em Salvador e em outras partes da região
Nordeste, pudemos observar a construção de igrejas suntuosas e requintadas, como
a igreja de São Francisco de Assis e o seu convento.
A igreja de São Francisco de Assis, com sua construção iniciada no século XVII,
exibe um interior exuberante, com dourado abundante que recobre toda a sua talha,
estando presente também nas colunas, nos altares e nas paredes, bem como nas
placas que ornamentam o teto da nave central. O espaço é composto pela nave
central e mais duas naves laterais, que se encontram em um nível mais baixo e
possuem altares secundários. Na parte externa da igreja, o frontão, ou seja, o remate
em cima das portas e janelas possui linhas curvilíneas, aspecto que caracteriza o
estilo barroco na fachada.
Figura 3.4 | Interior da Igreja de São Francisco de Assis, em Salvador - BA
Figura 3.6 | Fachada da Igreja de Nossa Senhora da Glória do Outeiro, no Rio de Janeiro - RJ
Figura 3.8 | Interior da Igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência, no Rio de
Janeiro – RJ
Figura 3.10 | Teto da Nave da Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto – MG
com aspecto de carne humana) das esculturas em madeira dos Passos da Paixão,
esculpidas por Aleijadinho, como também na pintura das Capelas dos Passos do
Horto e da Prisão e no reparo da pintura do teto da nave do santuário.
Figura 3.12 | Nicolas Antoine Taunay, "Vista do Outeiro, Praia e Igreja da Glória" – 1817
Fonte: Itaú Cultural. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa18749/debret>. Acesso em: 11 abr. 2016.
José Ferraz de Almeida Júnior (Itu, 1850 – Piracicaba, 1899), com quadros de temas
que variam entre os históricos, religiosos e regionalistas, aparece como importante
pintor do período, juntamente com Vítor Meireles e Pedro Américo. Apesar de a sua
pintura estar ligada ao estilo neoclássico, Almeida Júnior, na última fase de sua vida,
se desvinculou das temáticas eurocêntricas ligadas a esse movimento, realizando
pinturas que retratam a vida simples, os costumes e as paisagens regionais, como
nas obras "Caipira picando Fumo" (1893) e "Cozinha Caipira" (1895).
O conceito neoclássico defende uma beleza perfeita e idealizada que não pode
ser encontrada na natureza. O artista deve reinventar a realidade, seguindo os
preceitos da Arte Clássica (greco-romana). Porém, no Brasil, a arte acadêmica se
manifestou na forma de um Neoclassicismo ajustado ao cenário natural e cultural
da sociedade brasileira. Desse modo, o estilo acadêmico desenvolveu-se, sobretudo
no gênero da pintura de paisagem. Rompendo os cânones europeus do neoclássico
da pintura de cavalete confinada dentro do ateliê do artista, o Grupo Grimm (1884)
buscou uma luz própria dos trópicos, deslocando os cavaletes para pintar ao ar livre,
buscando capturar a luz natural da paisagem brasileira, bem diferente da luz europeia
que os artistas neoclássicos representavam em seus quadros.
Nascido na Itália, Visconti chegou ao Brasil ainda pequeno, entre os anos de 1873
e 1875. Em 1892, ele recebeu o prêmio de viagem ao exterior concedido pela Escola
Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro e foi para a Europa. Em Paris, aprofundou
seus conhecimentos na Escola Nacional e Especial de Belas Artes e cursou Arte
Decorativa na École Guérin. Com sua tela "Gioventú", realizada na França, em 1898,
participou da Exposição Internacional de Paris, ocorrida no ano de 1900.
Seção 2
2.1 Modernismo
No início do século XX, no Brasil, percebemos o desabrochar de transformações
de caráter social, político, econômico e cultural que levaram a uma profunda
mudança na vida do homem moderno. Essa mudança afetou todos os setores da
sociedade brasileira, inclusive a arte e a cultura, em geral.
Na arte, tanto a vinda de artistas ligados às vanguardas para o Brasil como a ida
de jovens promessas da arte brasileira para o velho mundo, com o intuito de estudar
as tendências da Arte Moderna que estavam sendo desenvolvidas por lá, contribuiu
para o surgimento de uma arte modernista brasileira.
Nas artes plásticas, destacamos a artista Anita Malfatti (São Paulo, 1889 – idem
1964) que, antes da década de 1920, realizou uma exposição (1917) cujas obras
mostravam uma forte influência da arte moderna europeia, fato que chocou os
críticos que defendiam o academicismo. Podemos considerar esta exposição como
um dos prelúdios da arte que viria a surgir posteriormente e que teria como marco a
Semana de Arte Moderna de 1922.
2.1.1 Semana de 22
Realizada entre 13 e 18 de fevereiro do ano de 1922, em São Paulo, a Semana
de Arte Moderna é considerada o mais importante evento para o surgimento do
Modernismo no Brasil. Durante sua realização, ocorreram exposições de pintura
e escultura, debates literários e concertos que proclamavam os novos rumos da
arte brasileira, marcando um momento de rompimento com a arte tradicional
academicista e naturalista, ao passo que almejava a “criação de uma arte brasileira
autônoma” (ITAÚ CULTURAL, 2016).
No Teatro Municipal de São Paulo, é realizada uma grande exposição, que contou
com a participação dos pintores Di Cavalcanti (Rio de Janeiro, 1897 – idem 1976),
Anita Malfatti, Vicente do Rego Monteiro (Recife, 1899 – idem 1970), Zina Aita (Belo
Horizonte, 1900 – Nápoles, Itália, 1967), Ferrignac (Rio Claro, 1892 – idem, 1958),
Jonh Graz (Genebra, Suíça, 1891 - São Paulo, 1980), Yan de Almeida Prado (Rio
Claro, 1898 – São Paulo, 1991), Antônio Paim Vieira (São Paulo, 1895 – idem 1988) e
Alberto Martins Ribeiro (S/D). Representando a escultura, estavam Victor Brecheret
(São Paulo, 1894 – idem 1955), Hildegardo Velloso (Palmares Paulista, 1899 – Rio
de Janeiro, 1966) e Wilhelm Haarberg (Kessel, Alemanha, 1891 – Alemanha, 1986).
Estavam presentes também os arquitetos Antônio Moya (Granada, Espanha, 1891 –
São Paulo, 1949) e Georg Przyrembel (Polônia, 1885 – São Paulo, 1956). Na literatura
e poesia, marcaram presença Graça Aranha (São Luís, 1868 – Rio de janeiro, 1931),
Mário de Andrade, Menotti Del Picchia, Oswald de Andrade, Manuel Bandeira
(Recife, 1886 – Rio de Janeiro, 1968), entre outros. Na música, o destaque esteve
na interpretação de Guiomar Novaes (1895-1979) e Ernani Braga (1888-1948) de
composições de Heitor Villa-Lobos (Rio de Janeiro, 1887 – idem 1959) e do francês
Debussy (Saint-Germain-en-Laye, França, 1862 – Paris, França, 1918).
Fonte: Itaú Cultural. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra1506/bananal>. Acesso em: 11 abr. 2016.
b) Anita Malfatti
Em suas obras "A boba" (1915) e "A estudante" (1915), é possível identificar as
características expressionistas evidentes nas pinceladas fragmentadas e dinâmicas
e fauvistas, visível no modo como trabalhava as cores, usando tons puros e
contrastantes.
Um momento marcante em sua carreira foi uma exposição de 1917, que ganhou
notória atenção devido aos julgamentos conservadores que recebeu, dentre eles, um
artigo de Monteiro Lobato (Taubaté, 1882 – São Paulo, 1948) intitulado "A propósito
da exposição Malfatti", no qual o escritor faz duras críticas à artista e aos movimentos
da arte moderna europeia.
Fonte: Itaú Cultural. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra1381/a-boba>. Acesso em: 11 abr. 2016.
Fonte: Itaú Cultural. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra1648/baigneuse>. Acesso em: 11 abr. 2016.
d) Tarsila do Amaral
Apesar de não ter participado da Semana de 22, Tarsila do Amaral tornou-se uma
das principais artistas do Modernismo brasileiro da primeira metade do século XX.
Dentre os artistas que buscavam em suas obras a valorização da identidade nacional,
Tarsila do Amaral certamente foi uma das que mais se empenharam nesse projeto.
Sua carreira é marcada por duas fases: Pau-Brasil (influenciada pelo manifesto de
Oswald de Andrade) e Antropofágica. A fase Pau-Brasil é caracterizada, como afirma
Milliet, crítico de arte que participou da Semana de 22, por “cores ditas caipiras, rosas
e azuis, as flores de baú, a estilização geométrica das frutas e plantas tropicais, dos
caboclos e negros, da melancolia das cidadezinhas, tudo isso enquadrado na solidez
da construção cubista” (MILLIET apud AMARAL, 2003, p. 452). Portanto, nessa fase,
existe uma preocupação da artista em retratar símbolos da brasilidade, ao mesmo
tempo que se apropria de questões formais do Cubismo. Dentre suas obras desse
período, podemos citar "A feira" (1924) e "O vendedor de frutas" (1925).
No ano de 1933, após uma viagem à União Soviética, Tarsila do Amaral passou a
realizar trabalhos voltados para a temática social, como "Operários" (1933) e "Segunda
Classe" (1933).
Fonte: Itaú Cultural. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra1628/abaporu>. Acesso em: 11 abr. 2016.
e) Di Cavalcanti
Fonte: Itaú Cultural. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra2558/samba>. Acesso em: 11 abr. 2016.
público. Como prova deste novo momento, em 1931, Anita Malfatti, Tarsila do
Amaral, Lasar Segall, Di Cavalcanti, entre outros, foram convidados a expor na 38°
edição da tradicional Exposição Geral das Belas Artes, no Rio de Janeiro, que ficou
conhecida como o Salão Revolucionário, ou Salão do Tenentes. Além dos artistas da
primeira geração, esta exposição foi marcada pela presença de uma nova remessa
de modernistas, representada por Alberto da Veiga Guiginard (Nova Friburgo, 1896 –
Belo Horizonte, 1962), Candido Portinari (Brodósqui, 1903 – Rio de Janeiro, 1962) e
Flávio de Carvalho (Amparo da Barra Mansa, 1899 – Valinhos, 1973). Além destes que
participaram do salão, compõem essa segunda geração nomes como Alfredo Volpi
(Lucca, Itália, 1896 – São Paulo, 1988), Cicero Dias (Escada, 1907 – Paris, França,
2003) e José Panceti (Campinas, 1902 – Rio de Janeiro, 1958).
a) Candido Portinari
Sua obra apresenta temas variados com forte preocupação social e política. É
por meio da representação dos retirantes, da vida dura do trabalhador rural, dos
negros e índios que sua obra será nacional e internacionalmente reconhecida. Na
pintura "Lavrador de café" (1934), vemos a representação do trabalhador negro e
a sua ligação com o campo, lugar de onde tira seu sustento. Nesse e em outros
trabalhos de Portinari, as figuras humanas apresentam traços característicos, como o
corpo robusto e enormes mãos (seja homens ou mulheres), atributos que reforçam
a ligação das personagens com o trabalho.
A obra "Guernica", de Pablo Picasso, em 1939, adquire uma forte carga dramática,
manifestando-se por meio da multifacetação das figuras, da utilização das cores ou
dos temas carregados de inquietações.
Outro fator decisivo em sua carreira foi o contato com os muralistas mexicanos,
que realizavam pinturas de grandes dimensões e com forte teor político e social.
Segundo o artista, “a pintura mural é a mais adequada para a arte social, porque o
muro geralmente pertence à coletividade e ao mesmo tempo conta uma história
interessando a um maior número de pessoas” (PORTINARI, 2005, p. 313).
b) Cícero Dias
Fonte: Itaú Cultural. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa1787/cicero-dias>. Acesso em: 11 abr. 2016.
c) Volpi
Alfredo Volpi nasceu na Itália, mas com aproximadamente 1 ano de idade mudou-
-se para o Brasil, passando a residir em São Paulo. Na década de 1920, sua obra ainda
apresentava características fortemente naturalistas, porém, a partir do estudo das
fachadas de antigos casarios e das bandeiras e fitas presentes em festas, sua pintura
adquiriu traços muito singulares. Por meio de um processo de repetição de padrões
geométricos presentes nos elementos que usa como referência, sua pintura foi
naturalmente se dirigindo para um abstracionismo formal. Sua preocupação não
estava na representação, nem nas narrativas, mas na composição e simplificação
das formas e no estudo de cores
Figura 3.27 | Alfredo Volpi, Fachada com Nossa Senhora de Aparecida – década de 1950
d) Guignard
Esses artistas defendiam a ideia de que a arte não deveria proferir qualquer
conotação simbólica, narrativa ou lírica. Sob influência da arte concreta europeia,
artistas brasileiros do período pós-guerra passaram a realizar trabalhos em que o
quadro, formado por planos geométricos e cores, não deveria estar associado e
nem representar nada que fosse exterior a ele.
Existia uma preocupação nas relações entre arte e espectador, ou entre arte
e sociedade, entendendo-se que um e outro estabelecem constantes trocas na
construção e significação da obra de arte. Nesse período, muitos trabalhos de Lygia
Clark, como a série Bichos e Caminhando, passam a ser desenvolvidas como obras
interativas, nas quais o espectador deixa o lugar de nulidade para atuar de forma
incisiva na criação de sentido da obra.
Figura 3.32 | Hélio Oiticica, Parangolé, p. 15, Capa 11, "Incorporo a revolta" – 1967
Fonte: Itaú Cultural. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa48/helio-oiticica>. Acesso em: 11 abr. 2016.
Motivados pela crescente utilização de novos materiais e técnicas, nos anos 1970,
veremos artistas intensificando a investigação de linguagens como a fotografia, o
Outro fator de importância são as trocas entre artes visuais, música, cinema e
dança, linguagens que antes eram mais limitadas a seus campos específicos de
atuação. Nesse cenário, intensifica-se a valorização dos processos criativos e mentais
de cada artista, sendo o objeto final e as técnicas apenas uma parte do trabalho na
sua integridade.
Figura 3.36 | Cao Guimarães, "Inventário das Pequenas Mortes (sopro)" – 2000
Referências
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ZANINI, Walter (Org.). História geral da arte no Brasil. 2 vs. Instituto Walther Moreira
Salles/Fundação Djalma Guimar
ARTE E ARTESANATO
Objetivos de aprendizagem
Introdução à unidade
Bons estudos!
Seção 1
Ou seja, conforme defende Canclini (1997), fora dos museus existe uma fértil
produção, seja ela artística ou não, extremamente rica em significados, sejam eles
pessoais ou coletivos. Mas apesar desta abertura entre arte e artesanato, ainda é
preciso demarcar as diferenças e as singularidades de cada modelo de criação.
Ou seja, conforme defende Canclini (1997), fora dos museus existe uma fértil
produção, seja ela artística ou não, extremamente rica em significados, sejam eles
pessoais ou coletivos. Mas, apesar dessa abertura entre arte e artesanato, ainda é
preciso demarcar as diferenças e as singularidades de cada modelo de criação.
Fonte: Galeria Estação. Disponível em: <http://www.galeriaestacao.com.br/en/artist/7#prettyPhoto>. Acesso em: 12 abr. 2016.
Portanto, com base nesses preceitos, iremos ver o artesanato como uma
produção que envolve as tradições e os saberes de um determinado grupo, sem
nos esquecermosdo seu potencial criativo e poético, e que não é fechado e livre de
contaminaçõesda cultura de massa, cada vez mais disseminada entre as sociedades.
Desse modo, não cabe a nós definirmos o que é, mas, sim, mostrar as características
e os modos de produção que envolvem essa prática tão complexa a que chamamos
de artesanato.
1.2.1 Artesão
É o indivíduo que produz artesanato, assim como o artista é aquele que produz
arte. O artesão tem como uma das principais características a realização de trabalhos
manuais e nunca feitos automaticamente por máquinas. As ferramentas auxiliam
o artesão, mas não substituem o domínio manual dele. Ele se apropria de uma
matéria-prima e, com auxílio das ferramentas e técnicas especificas, a converte em
um objeto detentor de valor estético, poético e/oufuncional.
Figura 4.3 | Dona Irinéia, artesã de cerâmica que faz cabeças de barro
Fonte: Vitrine do Design. Disponível em: <http://vitrinedodesign.com.br/design-e-o-artesanato/>. Acesso em: 12 abr. 2016.
1.2.5 Matéria-prima
Matéria-prima é o material bruto e primordial que deve ser manipulado e
transformado pelo artesão no processo de fabricação artesanal. A matéria-prima em
si, normalmente, não detém nenhum significado próprio, sendo que adquirirá um
sentido simbólico após sofrer a interferência do artesão.
1.2.6 Técnica
A técnica é o que liga o artesão com a matéria-prima. Ou seja, é por meio dela
que o artesão irá transformar o material. Cada material exige técnicas diferentes ou
vice-versa. O que irá definir a técnica, também, não são apenas as qualidades do
material, mas o propósito e as qualidades que se pretende em relação à peça que
será construída.
Figura 4.10 | A escultura em madeira
• Utilitários: são em geral elaborados para exercer uma função prática nas
atividades cotidianas. O valor dessas peças, apesar de transmitir preocupações
plásticas por parte de seu criador, não está em seu caráter estético, mas na sua
aplicabilidade no dia a dia. Um exemplo são os belos balaios feitos pelos índios
kaingang com fibras de bambu, utilizados para o armazenamento de alimentos.
• Religioso: esse tipo de artesanato surge como uma forma de tradução das
crenças religiosas de determinadas culturas, ligando-se às divindades. Podem se
manifestar por meiode estátuas de cunho sagrado, como as estatuetas de santos e
relicários, amuletos de caráter místico, como mandalas e filtros dos sonhos, ou ser
elemento de importância em rituais, como vasos cerimoniais.
• Souvenir: podem ser objetos feitos à mão para serem vendidos às pessoas que
visitam certas localidades, servindo como um objeto de lembrança do lugar visitado.
Normalmente, traz a representação de elementos típicos de determinada cultura,
podendo se referir às festas,roupas, crenças ou arquitetura.
Seção 2
Com base nisso, iremos trazer aqui uma breve apresentação das matérias-primas
mais utilizadas por artesãos brasileiros e as técnicas quem envolvem a manipulação
destes, dentre os quais podemos citar: o barro, o couro, as fibras vegetais, os fios,
a) Barro (argila)
permitem atingir temperaturas mais altas, o que eleva a durabilidade das peças.
• Terracota: possui alto teor de óxido de ferro. Após a queima, assume o tom
que pode ir do creme ao avermelhado. A coloração é produzida de acordo com a
concentração de ferro presente no material. Está presente em filtros de água, vasos,
entre outros. Para transformá-la em impermeável, é necessário acabamento vítreo.
• Massa para louça ou faiança: é uma massa porosa, de cor marfim ou branca,
que necessita de uma vitrificação posterior.Possui resistência menor que a porcelana.
Os produtos feitos com a massa para louça abrangem aparelhos de jantar, de chá,
peças para decoração, entre outros.
b) Couro
c) Fibras vegetais
As fibras vegetais são materiais maleáveis que se curvam facilmente. Por conta
dessa sua característica, é possível produzir peças variadas e de utilizações distintas. A
palha de milho, o bambu, a juta e o vime são algumas das fibras vegetais que são usadas
na fabricação de objetos artesanais, podendo ser classificados em três categorias
ligadas ao tipo de produto confeccionado. A primeira é a cestaria, que compreende
objetos diversos, tais como um balaio até objetos de uso pessoal, como um chapéu.
Na segunda categoria, estão os tapetes e esteiras. E a última abrange móveis e objetos
decorativos. Todos são realizados por meio da técnica de trançado.
d) Fios
As fibras que compõem os fios podem ser de origem natural – quando tiradas
da natureza, sem que haja nenhum tipo de melhoramento executado pelo homem,
como o tratamento com produtos químicos. Elas também podem ser de origem
animal (lã, seda, entre outros) e de origem vegetal (algodão, juta, entre outros). As peças
confeccionadas com esses fios se localizam em quatro categorias: tecelagem (redes,
tapetes, cobertores), rendas e crochê (bilro, gripier, entre outros), labirintos ou crivo
(técnica que retira certa quantidade de fios de um tecido, estabelecendo uma grade,
que então é tecida para construir desenhos) e bordados (ponto cruz, filé, entre outros).
e) Madeira
f) Outros materiais
Apesar dessa divisão por regiões do Brasil, devemos estar cientes que as práticas
de determinados tipos de artesanato não mais restringem-se a um único lugar ou a
uma única cultura. Um exemplo tópico dessa disseminação país afora do artesanato
tradicional é a namoradeira, escultura típica da região de Tiradentes-MG. Hoje, em
qualquer cidade do Brasil é possível encontrar uma namoradeira sobre a janela de
um restaurante mineiro ou mesmo de uma casa. Do mesmo modo ocorre com os
fuxicos, pequenas peças ornamentais feitas com restos de tecidos, que se originaram
há mais ou menos 150 anos no Nordeste, e hoje tornaram-se comuns em qualquer
lugar do país.
a) I, apenas;
b) II, apenas;
c) I e II, apenas;
d) III e IV, apenas;
e) I, II, III e IV.
Referências