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GOTHIC
STATION
ESTILO & CULTURA
N º 2 - Setembro 2017
A DIVERSIDADE
DO GÓTICO
BRASILEIRO
Desafiando todos
os preconceitos...
Entrevistas exclusivas:
FAUN
the BEAUTY of GEMINA
Literatura:
O Sublime e o Gótico
O que é moda
MEDIEVAL? Festivais pelo mundo!
E MUITO MAIS:
Cinema, música, turismo, lançamentos...
PATRONOS:
AGRADECIMENTOS Colaboraram nesta edição:
ÍNDICE
Elton Jose Pereira Márcia Alfredo
Elton Marques Marcos Antônio KIPPER
Fã Clube Lacrimaníacos Editor geral, diagramador e criador
Érica de Freitas Marcos Corvinus Mattos
Shaiene Nasser Do Nascimento Erika dos Santos Parreira Marcos Roberto dos Santos da revista, escreve sobre literatura,
Carliany de Jesus Ribeiro Erika Duarte Pinheiro Mariana Carmo Cavaco música e realiza entrevistas e artes.
Marcell Diniz De C. Chaves Fabio Martins Mariana Gomes Trabalha desde 1988 na imprensa.
Liesel Raum Fábio Pereira Matias Marianna Ody www.gothicstation.com.br
Adriano Myotin Fausto Saglauskas Dias Melani Lopes Tome
SANA SKULL
Gothic Station # 2 - Setembro de 2017:
Felipe Alexandre Michelle da Silva
Felipe Ribeiro Cazelli Monica Viciious Escreve sobre moda, estilo e história
2
Cleidson Barbosa de Oliveira Fernanda Zys Munique Gomes Moura Santana da moda. Estudou Design de Moda,
Fernando Molina Nayara Soares é Jornalista, Consultora e
Adrianne Linhares Fidel Bjorkuud Nina De Marco pesquisadora de História da Moda. COMPORTAMENTO: Diversidade Gótica
Adriano Faria da Cruz Franci Dietrich Nivia Larentis www.modadesubculturas.com.br
10
Alexandre Paschoaletto Gabi Sampaio Ohi Pablo Santiago Freire
Alexandre Porto ILUÁ HAUCK
Alexandre Vavallo
Gabriel Amorim
Gabriela Campanille
Paulo Nojento
Pedro Lopes Em Londres há 20 anos, é artista plástica
TURISMO: Entremuralhas Iluá Hauck
Aline de Sousa Pereira
14
GB XB - Cláudio Gimenez Pedro Maia Nogueira e jornalista de arte. É artista e curadora
Aline Schlaepfer Monteiro Genevieve Heinstein Pedro Rodrigues dos Santos em lugares históricos: o “Cemitério de
Alter Breitenbach Gilberto Nunes Morais Priscilla Coelho Campos da Paz Brompton” e o “Upstairs at l’Escargot”. MÚSICA- Resenhas & lançamentos 2017
Aluizio de Almeida cruz Gilberto Valente de Oliveira Rangel de Oliveira www.iluahauckdasilva.com
16
Amanda Oliveira da Silva Santos Giorge F. Araújo Raquel Carneiro
Ana América Faria Gui Wave Regiane Assunção ALEX TWIN
Ana de Oliveira Bueno Guilherme C. Wuthrich Renan Caique Silva Organizador de festivais internacionais, ENTREVISTA: Faun Kipper
Ana Frehmaz
20
Guilherme Seabra de Mello Renato Zanotto de Paschoal proprietário do selo Wave Records,
Ana Luísa Borin Trevisan Gustavo Duarte Roberto Gomes Junior membro das bandas 3 Cold Men, Wintry,
Ana Paula Canel Bluhm
Ana Paula de Jesus Passos
Hebert Alan Diener Rodrigo Ortiz Vinholo Individual Industry e Pecadores.
www.waverecordsmusic.com
MODA: Estilo Medieval Sana Skull
Hellays Tatiane Fernandes Rômulo Meira Lima Ferreira Filho
26
Analy Layla Nut Hellen Bastos Rosana Barrera
Andre Zangari Henrique Cunha Carvalho Sara Metzli LUCIANA FÁTIMA
André Luiz Araújo Humberto Luminati Sergio Oteiro de Oliveira & Arlindo Gonçalves são escritores e COBERTURA: Woodgothic Morfeus Affinito &
Andreia Maria Delfino da Silva Ilua Hauck da Silva Sheila Cristina Alvarez fotógrafos. Luciana é pesquisadora do Santiago Laranjeira
30
Andressa Pires Quintilhano Isabela Cristina Dourado Simone Silveira Venzel Romantismo, sobretudo da vida e obra
Anelize Opolis do poeta Álvares de Azevedo.
Angell Ferreira
Isael da Silva
Jackson Pereira Mendes da Silva
Solaris Okemi Severon
Tainã Braghin facebook.com/DelirioPoesiaMorte
CINEMA: 3 Filmes 80’s Luciana Fátima &
Beatriz Cerqueira Biscarde Arlindo Gonçalves
34
Janaína Souza Tânia Kanno
Beatriz Thaísa Watanabe Janistorp Pereira de Sá Tatiana Yuri Hatushikano JULIO FRANÇA
Bianca Schwarz Janyson Correa de assis filho Thacy Mendes Professor Adjunto de Teoria da Literatura COBERTURA: Wave Gotik Treffen Alex Twin
Bruna Caroline Silva Jaqueline Campos Thaís de Paula do Instituto de Letras da UERJ. Autor de
40
Bruna Guimarães Jean Michel Macêdo dos Santos Thamy Adriana dos Santos “As nuances do Gótico: do Setecentos
Bruno Augusto Jean Riè Tharusca Thaiane à atualidade” entre outras obras.
Bruno Fischer Dimarch Jesse Soares Nascimento Thiago Benevides www.juliofranca.academia.edu ENTREVISTA: Beauty of Gemina Kipper
Bruno Túlio
44
Jessica Carmo Thiago de Paula
Caio Pimpinato Jéssica Cleofer Amaral de Abreu Thiago Meyer MORFEUS AFFINITO
Camila Figueiredo Cordoni
Camila Makie
Jéssica Helena Corrêa Thiago Soares Santos Ativista cultural, é organizador das
coletâneas musicais do zine “De Profun-
LITERATURA: O Sublime Julio França
Jessica Mayara Tiago Albarn
49
Carlos Augusto Ferreira Jéssica Oliveira Tiago Silveira da Silva dis”, sócio do sebo “Clepsidra”.
Carlos Eduardo Madureira Trufen Jonnhson Benício Duarte Ulisses Righi www.facebook.com/seboclepsidra
Carolina de Moura Grando Jorge Potyguara de C. de Freitas Vanessa Barreiros Maurici HUMOR: Mondo Muerto Kipper
Caroline Pazini Cavalcante Josiane Mattos dos Santos Vasconcelos Ferreira da Silva Filho THAIS DE PAULA
Cassia Larrubia Julio Cesar França Pereira Viih Alves Revisora. Jornalista (USJT) atuante nas
Cassia Silva Junior Spades Bonifácio Vitória Bulgari áreas de revisão, cultura,
Cassia Silvana Arnaut Karen Botelho Batista Wagner Galesco tecnologia, marketing e logística.
Catharina de Leonardo Karla Alves Barbosa Walison Henrique Silveira thaisp.cultura@gmail.com
Cecília Rosa A modelo da capa frontal é nossa
Karla Passoni Walquiria Oliveira Carvalho
Christian Anubis Karoline Rente Wellington Matos RESENHAS: amiga Lorrane, que junto com Jéssica,
Claudio Martins Katia cristiane barreto de lima Wenderson Oliveira Ricardo Bola, Karina Pinotti, Kipper, Mone e Fernanda, de Belo Horizonte,
Cristiano Maia Ferreira Lanke Bat & Sara de Rosa Wilame Araújo Nanda McCoy, Ana B. Gaertner foram clicadas pelo driano Ramalho em
Daniela Martins Leandro Samael William Borges da Silva e M. Gallo.
Débora Silva um ensaio especial para a Gothic Station:
Leilane Ravenscroft Willis Carmo facebook.com/Adriano.Ramalho.Alone
Deivid Silva de Souza Lila Pacheco Xaena Silva Santos FOTÓGRAFOS:
Dennis Lurm Lohan Montes Yasmin da Silva Amarante Adriano Ramalho
Diego de Oliveira Lopes da Silveira Loja Dark Prophecy Ilka Reiko Foto de capa do CD:
Diego Void Lony OFern Wellington Johnny Débora Puppet por Wellington Johnny
Dimitri Brandi de Abreu Lucas Rocker OBRIGADO! :-)
Diogo Azzi Ferreira
(demais citados nos créditos) facebook.com/wellington.j.cunha
Luciana Fátima
Eduardo Neves Ludmila Fornes CONTATO:
Elen Cristina Pinheiro Ludmila Pontes henrique_kipper@yahoo.com Foto da capa posterior: Roland Korner
Eliz Haddad Marcelo Nunes Rocha Sem o apoio de todos vocês a revista (11) 981596458 The Beauty of Gemina/ Divulgação
Elson Fróes Marcelo reis Vasconcellos GOTHIC STATION não existiria! <3
DIVERSIDADE
GÓTICA
A diversidade humana salta aos olhos de quem frequenta
eventos góticos no Brasil. Porém, até hoje, surpreendia a quase
invisibilidade da representação midiática desta realidade.
Felizmente isto está começando a mudar.
O que góticos pelo Brasil nos contam sobre isso?
Hoje em dia ainda acontece muito, re- “Você fica bem mais gótica quando
JÉSSICA: cebo algumas ofensas pelo Facebook a usa filtros que te clareia nas fotos”“-
respeito do meu tom de pele e as rou- Você é a única gótica morena que já vi
A meu ver, o Brasil é um país de di- pas que uso. Pessoas que querem me e achei bonita”
versas misturas raciais, logo encontra- ofender usando isso como argumento!
mos na cena gótica nacional uma vasta Acontece também de sofrer preconcei- Acho um absurdo, porque várias pes-
diversidade de etnias. Antigamente to nas entrelinhas e até elogios racis- soas sofrem com isso todos os dias e
existia muito aquele padrão de Góticos tas, como: ficam caladas por vergonha de expor
brancos e pálidos, com olhos claros e “Acho que esse estilo fica mais bonito isso aos outros! Gótico não tem padrão
cabelos extremamente lisos, mas essa em pessoas de pele mais clarinhas’’ de cor, mas, em pleno 2017, ainda tem
não é a nossa realidade. “Cabelo colorido não pegou bem para umas pessoas que teimam em ofender
sua cor’’ os outros com essas palavras...
O nosso país é feito de misturas, não “Para uma morena até que você é bo-
existe padrão físico aqui, cada um nas- nita’’ Antigamente, evitava sair no sol para
ce de um jeito diferente e assim tam- não ficar mais escura, usava mil filtros
bém é na cena gótica, ou seja, cada em fotos, tirava fotos na luz, passava
qual com sua aparência e personali- MORGANA: sempre maquiagem mais clara e morria
dade única, sem padrões estéticos ou de vergonha de usar meu cabelo cache-
raciais!! Eu nunca tive ou sofri preconceito na ado. Usei várias químicas para deixar
cena gótica, por cor ou estilo. Para ele liso e pensava que só seria aceita
Você sofreu ou presenciou algum tipo mim, ofender-se por ser chamado (a) dentro do meio gótico fazendo essas
de preconceito racial ou de outro tipo de preto (a) ou, de acordo com as pes- coisas!
dentro cena gótica? soas, qualquer tipo de ofensa do gêne-
ro, é ter preconceito consigo mesmo. Hoje em dia, muita coisa mudou, estou
Muitos!!!! Quando iniciei na cena ou- Acho que, quem se orgulha de ser ne- na cena gótica há dez anos, mas ainda
via várias piadinhas de que negros não gro (a) não se sente ofendido com estes sim existe preconceito camuflado de
podiam usar visual vitoriano, pois na comentários. elogios, intolerância e comentários ma-
época vitoriana os negros eram escra- liciosos a respeito!
vos! Com 16 anos conheci uma turma gó-
FOTO: ADRIANO RAMALHO
Scott, de
Salvador
na Bahia
FOTO
: GIV
AS SA
JULIANA RAFAEL
NTIAG
Você já sofreu racismo dentro da
O
cena gótica?
ENTRE
MURALHAS
Quando fui convidada para ser correspondente da Europa,
além de ter ficado muito feliz, comecei a pensar sobre
o que interessaria aos leitores alternativos/góticos brasileiros.
O Festival ‘Entremuralhas’, que acontece no castelo da cidade
de Leiria, em Portugal, logo me veio a mente. Por que?
Esse evento é completamente lindo! O Há uma preocupação dos organizado-
Castelo de Leiria tem quase mil anos! res em proteger o castelo, que desde
1910 é considerado patrimônio históri-
Por ter sido alvo de invasões e recon- co em Portugal - apesar dele se manter
quistas ao longo dos séculos, partes majestosamente em pé, há partes que
dele tiveram que ser reconstruídas e estão em ruínas (o que é de se esperar
outras foram adicionadas. de uma construção de 900 anos).
Mas, como um festival pode ter uma góticos portugueses não sejam esti-
fadeinaacultural.com
atmosfera íntima, sendo que por natu- losos – são sim e muito do bem! In-
reza festivais atraem multidões? clusive, quando eu estava com tudo
agendado para ir a edição de 2014, e Mas bem, que tipo de banda toca lá? Eu, infelizmente, não fui na edição em
Banda Geometric Vision FOTO: ALEXANDRE PAIXÃO / musicfest.pt
não conseguia comprar ingressos on- Em seus oito anos de existência, o En- que a banda Angelic Foe tocou, mas
line antes de chegar em Leiria, entrei tremuralhas já teve em seus palcos, como sou amiga de anos da vocalista
ILUÁ HAUCK
em contato com organizador, o Carlos além de várias bandas portuguesas, Annmari Thim, não resisti perguntar
Mato, que foi muito gentil e reservou outras internacionais, como: para ela como foi sua experiência.
Brasileira radicada em Londres
dois bilhetes para mim e minha amiga. há 20 anos, onde trabalha como
Clan of Xymox, Diary of Dreams, Le- “no Entremuralhas artista plástica, modelo alternativa
“O festival não banon Hanover, Laibach, Arcana, Ash
Code, Qntal, Sex Gang Children, The é possível ver e jornalista de arte.
É artista e curadora residente
tem fins lucrativos Beauty of Gemina e She Past Away TODAS as bandas!” em dois lugares históricos:
e faz parte (que eu tive o prazer de ver pessoal-
mente quão excelentes eles são!!). Ela já tocou no Entremuralhas duas ve-
o “Cemitério de Brompton”,
um dos cemitérios vitorianos
de uma instituição zes (em 2015 com a Angelic Foe e em de Londres; e o “Upstairs
municipal maior” Esse ano Front Line Assembly e o he-
adline, e Arnica, Barlin, e Darkher são
2011 com a Arcana) e falou que sua me-
lhor memória é justamente ter tocado
at l’Escargot”, um clube privado
criado em cima do restaurante
algumas das outras atrações. no Palco Pena, na frente de uma audi- francês mais antigo de Londres,
E por falar na organização, eu não po- ência gótica linda de morrer, que desa- instalado em uma casa Georgeana
deria deixar de mencionar que todos Diferentemente de outros festivais, no fiava os raios de sol (as janelas góticas de quatro andares.
os organizadores do Entremuralhas Entremuralhas é possível ver TODAS as da igreja não têm mais vidros, assim
trabalham voluntariamente. O festi- bandas! os raios solares entram por elas. Então, Está desenvolvendo projetos para
val não tem fins lucrativos e faz parte vampiros que se cuidem!). ambos espaços e sua próxima
de uma instituição municipal maior, a Nada de frustração, pois duas bandas exposição será em fevereiro de 2018.
Fade In, responsável por vários even- que você quer ver estão tocando no Assim como eu, a Annmari achou o
tos culturais em Leiria. Uma iniciativa mesmo horário, nada de ficar em fila festival amistoso, tranquilo, bem or- www.iluahauckdasilva.com
maravilhosa! por horas para conseguir ver os shows. ganizado e lindo.
OPERA MULTI STEEL MARKUS MIDNIGHT WINTRY TROBAR DE MORTE LACRIMOSA THE KNUTZ DIARY OF DREAMS DAS PROJEKT
“Reminiscences”(2017) “Blutgeld” (2017) “Ausweg”(2017) “Ouroboros” (2017) “Testimonium” (2017) “We Are the Monsters” “Hell in Eden” (2017) “Songs of War ” (2017)
Oito revisitações de faixas Primeiro compacto 7” do Formado por Alex Twin O sexto álbum da banda Você será surpreendido (2016) Com este álbum e “É energético e monumen- A banda enriqueceu o
clássicas de várias épocas canadense Markus Midni- (Individual Industry/ 3 Cold catalã traz um trabalho com uma pegada bem mais outro ao vivo (também de tal como nenhum outro gothic rock inserindo ele-
diferentes da banda. Con- ght com duas faixas exclu- Men) e Anne Goldacker esmerado e minucioso de sinfônica e menos metal do 2016) registrando sua turnê álbum do Diary of Dreams mentos indígenas e acres-
servando intactas as letras, sivas para o vinil: Blutgeld (ex-Obsc(y)re), foi produ- música folk, medieval, cél- que os últimos álbuns. Esse internacional, os cariocas foi antes, mas ao mesmo centando ênfase no instru-
mas reforçando-as com e Your Devil. Misturando zido por John Fryer (4AD tica e onírica que tem sido é uma homenagem aos ído- mostram sua maturidade tempo cálido, escuro e mental, como na faixa “Sun
novos arranjos e vocais. coldwave, sequencers, Records) e traz faixas com aclamado pela crítica euro- los de Tilo e Anne falecidos musical. Gosta de gothic- frágil, tentando você a se and Thunder”, cantada em
Não mera coletânea; um melodias e vocais soturnos, o toque oitentista/4AD peia, junto aos shows com em 2016: Bowie, Prince, -rock, rockabilly, deathrock, perder em sua mágica. inglês e tupi guarani, com
sobrevoo a extensa carreira criando hits para as pistas típico misturado ao novo performances e musicalida- Cohen, George Michael, e e criatividade? Então não Adrian Hates voltou com toques de piano orquestral.
do OMS (Ricardo Bola). escuras (Ricardo Bola). Darkwave (Ricardo Bola). de perfeitas (Kipper). outros (Karina Pinotti). pode perder (Kipper). mais uma obra prima.” Histórico! (Nanda McCoy).
waverecords.bandcamp waverecords.bandcamp wintrybr.bandcamp trobardemorte.com lacrimosa.com theknutz.bandcamp diaryofdreams.de/en/ dasprojekt.bandcamp
PITCH YARN OF MATTER LES CHATS NOIRS KRIISTAL ANN SHALOW GRAVES THE EDEN HOUSE THE CRUXSHADOWS EISBRECHER BACK LONG ARCH
“It’s New, Sounds Old...” “Les Fleurs des Morts” “Delirious Skies” (2017) “Breathing Prayers...”(2017) “Songs for the Broken Ones” “Astromythology”(2017) “Sturmfahrt”(2017) “Le Feu Rouge”(2017)
(2017) Usando referências (2017) Estréia do Duo bra- Observamos linhas total- Segundo álbum da banda Este supergrupo é formado Conhecidos por energéticas Com direito a cover de “Eis- O Back Long Arch é uma
de artistas da música eletrô- sileiro formado por Lucien mente novas de “cold elec- de Goth Rock. Marcado por membros do Fields of the performances ao vivo e por baer” do Grauzone, Eisbre- banda com raízes na música
nica alternativa da década D’Anjou e Nyx Raven. tronic”, que convergem com por intensa instrumentação Nephilim, a vocalista Moni- singles que conseguem cher, que é um destaque da erudita, e de estética pre-
de 80, e também de antigos Inspiradíssimos por boa a antiga tragédia Grega no e melodias soturnas, traz ca Richards (Faith and The chegar até a parada main- “Neue Deutsche Härte”, faz dominantemente darkwave,
trabalhos, o álbum presta literatura, música, assuntos começo do álbum (Fortune Christian Rossbach, de Muse) e convidados como tream, Rogue e sua gangue seu tributo a Neue Deuts- apesar de outras influên-
uma homenagem ao estilo. da alma, trazendo canções of Medea) e particularmen- várias clássicas bandas de Lee Douglas (Anathema), voltam com um álbum ela- che Welle, a que deve várias cias. “Le Feu Rouge” é uma
O P.Y.M. lança seu 3º álbum com intensa carga dramáti- te as referências inteligentes Goth Rock/Darkwave, como Kelli Ali (Sneaker Pimps), borado, misturando synth, bases eletrônicas sob seu boa amostra dessa versatili-
pela gravadora Wave ca e tensão (Ricardo Bola). a grandes poetas o Madre del Vizio (Ricardo Simon Hinkler (The MIssion), gothic, new wave e rock de Electro-Industrial-Rock de dade. (Ana B. Gaertner)
Records. (M. Gallo) waverecords.bandcamp (Anna Michailidou). Bola). theshallowgraves. e outros. Confira! (Kipper). forma única (Kipper). sucesso. (Kipper) Deepland Records.
waverecords.bandcamp darkwave/ethereal kriistalann.bandcamp.com bandcamp theedenhouse.bandcamp thecruxshadows.com eis-brecher.com backlongarch.com.br
FAUN
Oliver S. Tir
FAUN
Fiona Frewert
Martin Seeberg.
“FAUN & the pagan folk festival
mos a sorte de encontrar em 2012, um OLIVER: Isso é parte da música do
LIVE” – 2008
Mas tentamos também nos manter le- selo que podia divulgar nossa música Faun: procurar por instrumentos des-
ais às pessoas que nos ajudaram nos em larga escala na Alemanha. conhecidos e antigos. Nós também “Buch der Balladen”
nossos primórdios. Festivais, como modificamos estes instrumentos e tra- (acoustic CD) – 2009
Wave Gotik Treffen (Alemanha) e Cas- Agora, com a ajuda de um time de balhamos em conjunto com artesãos
tlefest (Holanda) não nos convidavam divulgação e aparições na TV alemã, musicais para criar nossa música. “Eden“ - 2011
muitos anos atrás, quando as pessoas nós alcançamos uma audiência muito
“Von den Elben” - 2012
não nos conheciam ainda. maior com nossa música tão especial.
“A sonoridade
Niel Mitra
FOTOS: BEN WOLF / FAUN/ DIVULGAÇÃO
Stephan Groth
É uma sensação muito boa ser capaz desses instrumentos “Luna” - 2014
GS: ...esquecemos alguma coisa? Vo-
cês são bastante produtivos, como
Assim, nós tentamos voltar lá tão fre-
quentemente quanto podemos. E, tam-
de espalhar nosso Pagan Folk e nossas
mensagens “pagan” através da maqui-
evoca antigas “Midgard” - 2016
vocês administram as coisas para bém, porque esses são grande festivais nária da mídia mainstream. imagens em nós.” DVD’s:
manter esse ritmo criativo e também bem legais para ir. Mas, tocar em pa-
viajar em turnê? íses estrangeiros é um grande prazer * Nota: Na Alemanha o prêmio Disco Eu acredito fortemente que a sonorida- “Lichtbilder” - 2004
e honra para nós. Nossos shows e a de Platina é dado a artistas que vendem de desses instrumentos evoca antigas
OLIVER: Nós simplesmente tocamos plateia em São Paulo foram fantásticos! 200 mil cópias de um álbum. O Disco imagens em nós e pode nos ajudar a “Ornament” - 2007
muita música. Também temos sorte de de Ouro lá corresponde a 100 mil. lembrar nosso passado e origens.
viajar muito e passar bastante tempo
em mercados e festivais medievais.
fazer o mesmo GS: A música do Faun é única, mas to- GS: Vocês têm desenvolvido e muda-
faune.de
Se você caminha pelo mundo com show por vários dos os músicos têm suas influências. do seu trabalho ao longo do caminho.
os olhos abertos, há muita inspiração
para encontrar. Nosso problema maior
anos não nos daria Você poderia nos contar sobre elas? O que podemos esperar para o próxi-
mo álbum, depois do Midgard (2016)?
é encontrar tempo para gravar todas as satisfação OLIVER: Esta é uma questão muito Fazendo as contas... podemos esperar
ideias e melodias legais. complicada, porque todos os músicos algo em 2018?
GS: Os três mais recentes álbuns de no Faun tem gostos e influências musi-
Se você caminha vocês gradualmente escalaram as pa-
radas alemãs. Soubemos que vocês já
cais bem diferentes. Niel, por exemplo,
gosta muito de música eletrônica expe-
OLIVER: Há tantas opções.
pelo mundo com receberam o prêmio “disco de ouro” rimental, como Aphex Twin. Muito já é certeza. Há muitas músicas
os olhos abertos, na Alemanha. É a primeira vez que
isso acontece? Como vocês veem esse Fiona tem suas raízes mais na música
que não puderam entrar mais no nosso
CD “Midgard” porque simplesmente
há muita sucesso depois de todos esses anos na celta. Stephan ama folk e rock progres- tínhamos faixas demais. Estas canções
inspiração para estrada? sivo. E eu, nos últimos dois anos, estou
focando mais no folk nórdico.
estão agora esperando para serem gra-
vadas. Assim, vamos gravar material
encontrar OLIVER: Com nosso CD “Von den El- novo em 2018 com certeza.
ben” nós até mesmo recebemos como GS: Vocês usam alguns instrumentos
GS: Os fãs brasileiros ficaram encan- prêmio um disco de Platina* recente- especiais, alguns que realmente não se Vamos realmente tentar voltar ao Bra-
tados com a performance de vocês mente. “Luna” alcançou o disco de acha facilmente. Como é a produção sil em 2018. Cruzem os dedos, faremos
em 2016. Desde 2003 vocês tocaram ouro. Depois de fazer tudo por conta desses instrumentos? Eles são parte nosso melhor, pois realmente amamos
oito vezes no festival Wave Gotik Tre- Rudiger Maul própria nos primeiros dez anos, tive- de um trabalho de pesquisa? estar aí em 2016! “Von den Elben” - 2012
O medievalismo
da Era Vitoriana
Naiara Vasconcelos e Luiz José inspirou moda,
em trajes de inspiração medieval arquitetura e
posteriormente
a subcultura nascida
no fim do século 20.
O ESTILO MEDIEVAL GOTH
Dhyana Beltrami, artesã O Castelo de Otranto de Horace Wal-
da loja de temática medieval pole (1764), precursor da literatura gó-
DhyNgetal, em traje tica, é de temática medieval. O termo
de inspiração celta
“gótico” associa-se a um clima de hor-
dhyngetal.iluria.com ror, morbidade, escuridão e ao sobre-
natural relacionando-se com a era me-
dieval e fazendo uso de suas catedrais,
cemitérios, florestas, casas de pedra
em ruas tortuosas, ruínas, gárgulas no
topo das igrejas sendo cenários desta
literatura que se estendeu pela Era Vi-
toriana como um escape de seus tem-
pos, uma nostalgia de outra era.
MODA
(abordada na edição passada), a in-
dumentária medieval foi adotada de
forma romantizada pela subcultura
gótica, tomando como inspiração a
imagem do amor cortês, de cavaleiros
envoltos em armaduras e donzelas em
MEDIEVAL
longos vestidos de veludo, aliada à um
imaginário escapista feudal onde o pa-
ganismo era praticado em misteriosas
florestas e os homens lutavam com es-
padas para proteger o reino.
NA ESTÉTICA GÓTICA
20 GOTHIC SETEMBRO 2017 GOTHIC SETEMBRO 2017 21
Jefferson Silva e Sara Seibert
para a loja Dark Fashion
darkfashion.com.br
INDUMENTÁRIA NA ERA MEDIEVAL manhos variados com mangas justas
e casacos longos, sendo as meias e as
Dois períodos da Era Medieval influen- calças em cores muito vivas. Nos pés,
ciaram a moda gótica com mais força, sapatos ou botas de pontas pontiagu-
o primeiro foi de 400 a 1200 d.C., uma das. Na moda feminina, um vestido
época onde as roupas eram muito sim- longo, ajustado e decotado, fecha-
ples e os homens ocidentais são fre- dos por cordões na frente com man-
quentemente descritos usando túnicas gas justas podia ser complementado
de comprimentos variáveis com cinto. com uma sobreveste de mangas bem
Capuz, xales ou mantos protegiam as largas. Os cabelos eram soltos ou re-
costas, calções (braies) iam até os tor- partidos ao meio e enfeitados com fi-
nozelos e meias (chausses) iam até a tas, grinalda de flores, diademas com
coxa. Nos pés, um calçado de couro de pedras preciosas, coroas ou longas
tiras que se cruzavam na perna. Já a tú- tranças. Os calçados eram bastan-
nica das mulheres era igualmente sim- te pontudos como os dos homens.
ples, de manga longa, ia do pescoço
aos tornozelos, fechada com broches, A MODA GÓTICA MEDIEVAL
fitas, cintos e fivelas adornadas com (Medieval Goth)
pedras. No século 12 surge o corpete
do vestido, este moldado justo até os A indumentária da elite medieval foi
quadris com uma amarração nas cos- adotada em forma de releitura pelos
tas acompanhado de saia ampla cain- góticos, sendo que a principal dife-
do até os pés e ornamentado com jóias rença é o uso das cores. Enquanto os
na cintura. medievos usavam cores fortes, a paleta
de cores da moda gótica prioriza um
Um outro período muito influente na esquema mais sombrio em tons escu-
estética da subcultura são os anos ros ou fechados. Na maioria das vezes,
que vão de 1200 - 1480 d.C., onde os especialmente no estilo feminino, a
homens usavam túnicas lisas de ta-
Vestido da loja
Dark Fashion Attitude Top,
Acima, a pintura
“Kneeling female donor”, Dark Brotherhood loja Punk Rave
cerca de 1455, de Petrus Top, loja Punk Rave
Christus
22 GOTHIC SETEMBRO 2017 ROMANTIC THREADS/ DIVULGAÇÃO/ LE MEW PHOTOGRAPHY GOTHIC SETEMBRO 2017 23
Dhyana
Beltrami
em traje de
inspiração
celta As amarrações medievais se misturam
à silhueta e acessórios vitorianos
nestes vestidos romantic goth
silhueta histórica é mantida. Já os ho- sino, saias longas e lisas, blusas ciga-
mens costumam manter a túnica. Os ninha, cintos com correntes, luvas co- ROMANTIGOTH
calçados pontudos se tornaram peças brindo o antebraço. Ritual Hoodie, loja Killstar
icônicas na subcultura com os famosos Existe uma estética da moda gótica
pikes shoes ou Winklepicker. A maquiagem é simples, mas escura ESTILO CELTA/ ETHEREAL: chamada de Romantic Goth. É um es-
como uma “fada negra”. Nos pés, co- tilo que mistura referências medievais
Também são adotados aspectos fantás- turnos, botas ou sapatos boneca. Os De inspiração folk, esse é um dos pou- e vitorianas num mesmo visual. Os
ticos do período, que incluem elemen- homens usam blusas de gola em V com cos estilos góticos que abusam das co- adeptos desta moda se interessam por
tos celtas, lendas arturianas e fadas. amarrações, acompanhadas de calças res, em especial verde, azul, vermelho poetas românticos, história medieval e
justas e botas. e tons terrosos nos acessórios. As biju- procuram beleza na morte e em cemi-
Esses são vistos na joalheria que in- Calça Vampires Pride da terias costumam ser prateadas e ador- térios. As meninas são vistas em vesti-
corpora dragões, unicórnios e criaturas Casacos com cortes que lembram ar- loja Punk Rave nadas com pedras. dos de silhueta medieval, mas usando
míticas também expressando interes- maduras são inspirados nos cavalei- acessórios com referência vitoriana,
se pelo paganismo, ocultismo e outros ros e blusas longas com capuzes, nos As referências são ninfas, fadas e don- como gargantilhas em renda e esparti-
símbolos religiosos camponeses. É comum bijuteria com zelas em longos vestidos e normalmen- lhos. Os rapazes misturam a blusa esti-
espada, nó celta ou símbolos religio- te longos cabelos. lo túnica com calças de couro, casacos
Dentre as peças mais usadas pelas sos. A capa, essencial para os invernos de corte vitoriano acompanhados de
moças que adotam o estilo medieval medievais e posteriormente associada cartolas e coturnos ou piked shoes.
mais “dark”, estão blusas com amar- aos vampiros vitorianos se faz presen-
ração frontal, mangas com formato de te para mais dramaticidade.
SANA SKULL
Poulaines medievais
que inspiraram os Escreve sobre moda, estilo
Winklepicker góticos. e história da moda. Jornalista
Imagem escaneada e Consultora de Moda,
do livro História do pesquisadora de Subculturas
e História da Moda.
Vestuário, Carl Köhler.
Fundadora do blog
FOTOS DA PÁGINA: DIVULGAÇÃO
uma pacata cidade onde aflorou um As Mercenárias, Afinal, mais que darem continuidade
sentimento de irmandade e pertenci- banda a um sonho, eles expuseram a nossa
mento, que vem se repetindo a cada emblemática realidade, onde o post punk e, prin-
edição. do post-punk cipalmente, o rock gótico sobrevive
brasileiro marginalizado, sem apoio ou subsídio
Em meados de junho deste ano acon- cultural e, muitas vezes, apesar de sua
teceu a sexta edição, com ares de re- longa história, sem ser levado a sério.
fervor arrebatador que “O Deus Ver- esmorecer, fuzilando a plateia com seu
é também sócio do excelente sebo
me” e “Medo” justificaram, com um Synth/electro/dark riquíssimo em tim-
Clepsidra, em São Paulo, com grande
guitarrista substituto muito competen- bres e ritmos hipnotizantes, canções
acervo obscuro e de literatura Gótica.
te: Dennis (do Days are Nights). como “Prova de Biologia” deram o
Visite-os pessoalmente ou online e
tom da ótima apresentação, que ain-
encomende boas leituras:
O WONDER DARK e seu minimal da contou com uma versão espetacular
wave nos vocais de Camila e Gutisk, de “Aqui e Aqui”, da banda Divergên-
facebook.com/seboclepsidra
tiveram o reforço de um baixista e cia Socialista. Foi um final apoteótico
FILMES
DOS ANOS
G ÓTICA
simultâneos de registrar toda a estéti- Mary Shelley. o preço cobrado pela longevidade ofe-
ca de uma época e servir de fonte para recida por Mirian.
novas gerações. Quando os robôs se rebelam e viram
Bruno Ganz interpreta o anjo assassinos, eles passam a ser perse- Durante suas derradeiras horas, o vam- A maquiagem clássica
Damiel em “Asas do Desejo” A DECADÊNCIA E A BUSCA guidos por Rick Deckard em uma bus- do terror, pela degeneração paulatina piro procura ajuda da médica especia- da replicante Pris
DO SER HUMANO ca alucinante por vielas, prédios de- dos corpos fabricados; e ambientes lista, Sarah Roberts, que terá papel
crépitos e em meio a multidões. Nessa opressivos. Revisando todos esses ele- fundamental na trama. Temos, então,
O filme Blade Runner, o Caçador de caçada, o policial acaba se envolvendo mentos góticos, o filme acabou con- um paralelo com o filme anterior: os
Androides – dirigido por Ridley Scott amorosamente com uma das androi- solidando-os no imaginário coletivo. androides de Blade Runner também lu-
em 1982 – retrata uma Los Angeles fu- des e questionando a sua própria hu- Sua estética serviu de base para outros tam para não se decompor, da mesma
turista ambientada no distante (para a manidade. filmes, músicas, clipes e até HQs. forma que John clama por socorro para
época de seu lançamento) ano de 2019. conter seu envelhecimento.
Baseado livremente na novela de Phi- O visual de Blade Runner apropriou- VAMPIROS MODERNOS
lip K. Dick, “Androides sonham com -se de elementos underground, como a O longa inova ao reciclar a temática
ovelhas elétricas?”, a cidade do longa é maquiagem punk de uma das persona- Fome de Viver (1983), de Tony Scott gótica dos vampiros. O casal central
decadente, poluída e chuvosa. gens (que lembra muito a de Siouxsie); (irmão de Ridley Scott) é outro filme circula elegantemente pela cidade es-
roupagem gótica (sobretudo do prota- que notabilizou a subcultura gótica no cura, frequenta casas noturnas – como
As ruas são apinhadas de seres degra- gonista); cabelos descoloridos; visual cinema. a da antológica cena de abertura com a
dados que, por conta de sua genética noir da cidade (influência de Metrópo- banda Bauhaus –, trajando roupas chi-
desfavorecida, não puderam migrar da lis, de Fritz Lang); e o comportamento Se em Blade Runner estamos no futu- ques e óculos escuros; fumando praze-
Terra, tal como fizeram pessoas mais desencantado de suas personagens. ro, em Fome de Viver a ambientação é rosamente seus cigarros e ostentando
afortunadas. A Tyrell Corporation feita no presente, na cidade de Nova o inconfundível Ankh (símbolo egípcio
produz androides programados para A trama enfatiza elementos do pas- Iorque – palco para a atuação de Mirian da vida eterna, amplamente incorpora-
terem pouco tempo de vida e, ao des- sado, como as memórias falsas im- Blaylock, uma vampira moderna que se do ao visual gótico), em busca de víti-
cobrirem essa sina, eles lutam para su- plantadas nos androides; psicologia mantém jovem através dos séculos com mas para saciar sua sede imortal.
FOTOS: DIVULGAÇÃO / REPRODUÇÃO
O filme popularizou
os ankhs-adagas
Nick Cave
se apresenta
em uma cena
A vampira antológica de
Mirian Blaylock “Asas do Desejo”
David Bowie e Catherine Deneuve
pronta para encarnam os vampiros estilosos
seduzir mais de “The Hunger” (Fome de Viver).
uma presa Sarah, interpretada por Susan Sarandon,
é atraída pelo casal
OS ANJOS DECADENTES Enquanto nos dois filmes anteriores, Pela contemplação dessas películas –
os seres anseiam por estender sua seja nos ambientes urbanos, seja no
O último desses cults talvez seja aque- existência, Wim Wenders personifi- visual ou comportamento das perso-
le que nos deixe reflexões mais profun- ca um ser divino disposto a tornar-se nagens –, os góticos puderam se ver
das; não apenas acerca da subcultura mortal para experimentar as sensações magistralmente representados e os
gótica, mas sobre o conflito existen- do mundo físico, consumando, assim, novos seguidores dessa subcultura po-
cialista Razão X Paixão. sua paixão humana. dem encontrar ali também fontes com-
portamentais valiosas de uma época
Asas do Desejo (1987) é dirigido por Novamente, aqui a aparência dos seres que nos inspira até hoje.
Wim Wenders, que busca inspiração celestiais ecoa o visual gótico: elegan-
na poesia de Rainer Maria Rilke para te sobretudo e cachecol em contraste
apresentar Damiel e Cassiel – duas com o despojado rabo de cavalo.
LUCIANA FÁTIMA&
figuras angelicais que assistem ao so-
ARLINDO GONÇALVES
frimento e desventuras dos seres hu- As imagens monocromáticas ganham
manos, pairando sobre uma dividida cores quando a perspectiva passa dos
são escritores e fotógrafos. Formam
Berlim pós-guerra. anjos para os humanos. Portanto, a
Moderna para a época de seu lança- o coletivo Diálogos com a Cidade,
partir do momento em que Damiel
mento, a película insere ainda elemen- pelo qual fizeram exposições e publi-
A década de 1980 traria – além da dis- abandona sua imortalidade e se une
tos de lesbianismo no enredo e, apesar caram livros. Individualmente, Lucia-
seminação da subcultura “dark” no à trapezista Marion, a película passa
de não ter feito muita bilheteria, é hoje na é pesquisadora do Romantismo,
Brasil – mais incertezas do que espe- a ser colorida – como se essa transi-
um cult absoluto dos góticos. sobretudo da vida e obra do poeta
ranças; mais apatia do que realizações. ção representasse o grande triunfo. “O
Álvares de Azevedo; e Arlindo é au-
poeta juntou as ruínas de um mundo
A estética de Fome de Viver influencia tor de ficções e crônicas urbanas. No
A contemplação refletida nas cenas em desfeito e de novo o fez uno.” (Rilke)
até hoje outros filmes, como Amantes momento, ele finaliza um livro sobre
preto e branco de Asas do Desejo nos
Eternos (2013). A estilosa representa- a cena musical da década de 1980.
faz questionar sobre a concretude da Vimos que, a partir da década 1970,
ção do casal vampiresco Mirian e John Saiba mais em:
felicidade, especialmente quando Da- o cinema influenciou sobremaneira
é inspiração para centenas de casais miel apaixona-se pela trapezista de a subcultura gótica. E, em particular,
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góticos que vemos nas noitadas – ne- um circo em decadência e sofre por esses três filmes da década de 1980 O anjo se apaixona pela trapezista Marion
facebook.com/DelirioPoesiaMorte
nhum deles, felizmente, bebendo o não poder realizar seu desejo de tocá- vieram para consolidar uma estética já e de repente preto e branco parece pouco
sangue alheio (será?). facebook.com/NoivodaMorte
-la devido à sua condição etérea. vigente.
FOTO: EDSON RJ
ou então ouvir uma análise histórica
Maior quantidade de locais do even- sobre lápides e túmulos em cemitérios,
to pela cidade, melhor estrutura nos e por ai vai.
mercados do festival, o transporte por
Bach, que viveu em Leipzig
FOTO: ALEX TWIN
TRAM (um tipo de bonde) pela cidade, Alguns workshops de música clássica
Show de Peter Heppner séculos atrás, contempla a
eventos culturais relacionados ao mun- também aparecem na programação do
(ex-Wolfsheim) diversidade musical do WGT
do alternativo, facilidade na compra de evento anualmente.
ATRAÇÕES MUSICAIS
quer estar, ou sonho, ou um desejo que tas imagens nas canções e também que Minor Sun eu encontrei o que eu esta-
H.A.Kipper você queira realizar. são boas para trilha sonora. Assim, a
cada álbum fazemos alguns vídeos...
va procurando.
É como uma porta aberta: você pode ir Ele inclui todas as facetas do Beauty
e preencher com sua própria ideia, essa
é “A Beleza de Gemina”.
“Como um of Gemina. Fizemos uma grande tur-
nê pela Alemanha, estamos a primeira
compositor eu estou vez aqui no Brasil, Atenas, Londres...
GS: Então você gosta de filosofia e de
ler em geral…
sempre procurando então estamos trabalhando para levar
Minor Sun para todos.
of
G
MICHAEL: Como um compositor eu
estou sempre procurando por inspi-
e os livros são GS: Podemos ver que o TBOG não
fica preso a uma fórmula criativa
ração e os livros são uma parte dis- uma parte disso.” nem faz simplesmente música reviva-
so. Eu leio e, quando tenho tempo, eu lista. Vemos que vocês criam tirando
gasto horas lendo livros. As vezes há GS: E hoje em dia é comum as pesso- inspiração das mais diferentes fontes.
histórias e personagens que se tornam as conhecerem a banda primeiro pe- Pode nos contar o que os inspira?
EMINA
ideias para músicas. los vídeos...
OS PRAZERES
DA
DOR
Cinco anos antes de Horace Walpole publicar o Castelo
de Otranto, o despretensioso romance que mudaria os rumos
da literatura inglesa, um irlandês havia escrito a obra que pode
ser considerada a fundamentação filosófica avant la lettre *
da literatura gótica: “Investigações filosóficas sobre a origem
de nossas ideias do sublime e do belo” (1759).
* Avant la lettre significa: antes de certa plavra ou conceito existir ou estar definido como o conhecemos.
Será somente na obra de Edmund intensidade da verdadeira dor. Ainda a ponto de serem capazes de ofuscar
Burke que as relações entre o conceito que não sendo positivamente prazero- nossa razão, seriam por eles orienta-
de sublime e a literatura gótica serão so, o pesar é uma sensação que man- dos.
definitivamente estabelecidas. teria os aspectos mais agradáveis do
objeto do prazer no pensamento – é E, entre os dois, a emoção mais pode-
Isso porque o sublime burkeano se o que ocorreria, por exemplo, quando rosa seria a dor, porque a ela estariam
baseia em um peculiar entendimento nos recordamos de eventos agradáveis associadas as paixões relacionadas aos
das noções de prazer e de dor: nem a do passado. nossos instintos de autopreservação.
dor seria simplesmente a eliminação Afinal, é óbvio que, para o desempe-
do prazer, nem o prazer seria o simples
extinguir da dor. Tanto uma quanto o
“Nem a dor seria nho de qualquer uma de nossas ativi-
dades, é fundamental estarmos vivos
outro seriam sensações independen- simplesmente e saudáveis. Qualquer coisa que ponha
tes.
a eliminação em risco nossa vida ou nossa saúde
nos afeta, portanto, de modo intenso.
A cessação do prazer não conduziria do prazer, nem
imediatamente à dor, mas à indiferen-
ça (nos casos em que o prazer cessa
o prazer seria Embora a dor seja a mais intensa de
nossas sensações, a ideia da morte se-
naturalmente, após ter-se prolongado o simples extinguir ria ainda mais poderosa. Uma vez que
por um certo período); ou a uma sen-
sação de inquietude que Burke chama
da dor.” o risco da interrupção da vida é a ame-
aça derradeira aos nossos instintos de
de decepção (nos casos em que o pra- autopreservação, Burke supunha que
De modo equivalente, a diminuição da
zer é subitamente interrompido); ou o terrível poder da dor sobre nós ad-
dor tampouco conduziria ao prazer,
ainda ao pesar (nos casos em que o viesse de sua condição de, em suas
mas a um sentimento de alívio que,
objeto do prazer está irremediavelmen- próprias palavras, emissária da “rainha
embora agradável, não se confundiria
te perdido, de modo a não haver mais dos terrores”.
com o prazer positivo. Burke chamará
como desfrutá-lo).
essa sensação de deleite.
E o que isso tem a ver com o Gótico?
ILUSTRAÇÃO: CAU GOMEZ
que estejamos realmente sujeitos aos corporal não deixa de vir acompanha-
riscos, as paixões decorrentes do seu
“A sublimidade mamente relacionados, algo que pode
ser observado mesmo fora do plano da “O sublime do de um certo grau de dor, mas sem ANN RADCLIFFE
alívio produzem o prazer específico do e o sentimento ficção. terrível burkeano esse tipo de estímulo o ser humano fi- (H. A. Kipper)
caria debilitado e enfermo.
deleite – conforme vimos, uma sen-
sação prazerosa que não se confunde
do horror estariam O assombro produzido pela contem- tornou-se Ann Radcliffe (1764-1823) foi um su-
com prazer positivo, uma vez que é ge- intimamente plação de manifestações naturais do uma categoria De modo semelhante, se a experiência cesso literário no final do século XIX
da dor e do terror são moderados e não
rado a partir da dor. relacionados.” sublime – o poder e a vastidão da Na-
tureza, a infinitude do cosmos, a mag- estética crucial.” conduzem à destruição do indivíduo,
(década de 1790) e é um dos melho-
res exemplos de como o conceito de
Dito de outra maneira: dada a inten- nificência da ideia de divindades – vi- o exercício de nossas sensações e pai- sublime de Burke é desenvolvido em
ria sempre acompanhado de um certo um efeito de estupor, semelhante ao xões é benéfico, além de possuir facul-
sidade das sensações relacionadas à Como seria possível, entretanto, expe- romances góticos.
grau de horror. de uma dor aguda. dade de produzir o prazer peculiar do
morte, a experiência da dor ou a do rimentar uma sensação de dor ou de
perigo não se estando, efetivamente, horror deleitoso. Suas obras também se aproximavam
perigo consistiria na matriz ideal para Dor e terror seriam equivalentes, mas
submetido às situações reais de risco? Parte da força do efeito sublime está mais do gosto romântico e eram me-
a experiência do sublime, a mais forte com uma diferença importante: as
justamente no fato de que seu arreba- Ao longo dos anos, o sublime terrível nos socialmente ofensivas e escanda-
emoção de que o espírito é capaz. causas da dor agem sobre o espírito
Para Burke, a resposta está relacionada tamento antecede o emprego da razão. burkeano tornou-se uma categoria es- losas do que as de Horace Walpole,
Isso porque o medo é uma paixão que através de uma intervenção no corpo, tética crucial para o entendimento da
a outros tipos de paixão, sobretudo ao William Beckford e Matthew Lewis
Para tanto, é essencial que o indivíduo despoja o homem de suas capacidades enquanto que as causas do terror afe- potência e vitalidade da narrativa góti-
sentimento de empatia, por ele defini- (comentados na Gothic Station nº1).
não esteja realmente em uma situação de ação e de raciocínio. tam o corpo através de uma ação direta ca até nossos dias.
da como “uma espécie de substituição,
de perigo ou de dor – é o caso, por sobre o espírito.
mediante a qual colocamo-nos no lu- A autora influenciou muitos escritores
exemplo, do que se dá na fruição de gar de outrem e somos afetados, sob Sendo uma espécie de arauto da dor A descrição do funcionamento do hor- românticos do começo do século XIX
obras ficcionais. ou mesmo da morte, o medo pode ter Se o sublime está de fato relacionado ror ficcional feita por Edmund Burke
muitos aspectos, da mesma maneira e popularizou também um modelo de
ao terror e, portanto, por extensão, à serve de fundamento para as mais di-
que eles”. “sobrenatural explicado”, em que uma
dor, restaria saber qual o valor da ex- versas reflexões sobre a literatura do
A FILOSOFIA DO SUBLIME NOMES IMPORTANTES aparente ameaça sobrenatural tem ao
periência do sublime para o ser huma- medo, como pode ser percebido nas
É justamente por meio da empatia que NAFILOSOFIA DO SUBLIME: final uma explicação racional, modelo
no. reflexões de ficcionistas do gênero,
Edmund Burke, dando continuidade as artes representativas em geral con- mais adequado ao “bom gosto” racio-
seguem produzir as paixões em seus como Ann Radcliffe, H. P. Lovecraft nalista da época. Décadas depois o so-
às reflexões de Shaftesbury, Dennis e, Longino: Ignora-se quem ele seja, bem A resposta de Burke é de cunho fisio-
leitores e espectadores. e Stephen King, entre tantos outros. brenatural explicado vai ser explorado
sobretudo, Addison, redimensionou o como a data precisa da obra, prova- lógico. O exercício físico é a proteção
papel de uma categoria estética que velmente do século I D.C. Seu autor se por Edgar A. Poe em muitos contos.
do corpo humano contra os transtor- A obra de Burke é, assim, não apenas
viria a ser crucial para o entendimento Desgosto, infelicidade, crueldade, vio- chamou Longino, ou Dionísio, ou Dio- nos e as inconveniências dos estados precursora, mas uma das mais brilhan-
da arte na modernidade: o sublime. lência, a própria morte, todos motivos nísio Longino. O sucesso do Romance Gótico gerou
prolongados de repouso e de inação. O tes defesas do valor e da legitimidade
que causam aversão no plano da reali- muitos imitadores, levando a escrito-
esforço muscular associado à atividade do Gótico.
A história da teoria do sublime nos es- dade, no plano da ficção seriam capa- Boileau: Nicolas Boileau-Despréaux. ra romântica Jane Austen (1775-1817) a
tudos literários era longa, remontando zes de gerar, graças ao sentimento da Crítico e poeta francês (1636-1711) satirizar os clichês do gênero em “Nor-
a um tratado retórico do século III, es- empatia, não prazer, mas deleite, isto thanger Abbey”(1817). Nele, a prota-
CRONOLOGIA (1764-1800): JULIO FRANÇA
crito por um incerto Longino. O texto é, a sensação peculiar de fruição que Burke, Edmund. Uma investigação gonista é uma ávida leitora desse esti-
foi redescoberto pela tradição ociden- aflora após a cessação da dor. filosófica sobre a origem de nossas lo e cita obras que por muito tempo se
Doutorado em Literatura Comparada
1749- Horace Walpole compra pensou serem fictícias.
tal em 1674, e não causaria maiores ideias do sublime e do belo. Tradução, pela UFF (2006) Pós-doutorado
impressões até ser recuperado por al- Tal ideia aproxima o modelo burkeano apresentação e notas de Enid Abreu Strawberry Hill
pela Brown University (2015), EUA.
guns seguidores de Boileau. Naquele da noção aristotélica de catarse, o alí- Dobránszky. Campinas, SP: Papirus, 1754- Edmund Burke publica seu Mas depois descobriu-se que todas
É Professor Adjunto de Teoria da Literatura
momento, os dilemas e a ansiedade da vio prazeroso que se segue à intensa 1993. [1759] ensaio sobre o sublime existiram, sendo recuperadas e repu-
do Instituto de Letras da UERJ.
modernidade nascente encontraram experiência do páthos (excesso) trági- 1764- O Castelo de Otranto- blicadas em conjunto - ou separada-
Fundador e Co-líder do grupo
eco na obra, que descrevia o sublime co. Shafttesbury: Anthony Ashley-Co- de Horace Walpole mente- sob o título “Northanger Horrid
de pesquisa Estudos do Gótico (CNPq).
como um estilo voltado para conduzir Assim, se a beleza é uma categoria oper, 3º Conde de Shaftesbury (1671- Novels” ou “The Northanger Novels”.
1786- Vathek- Willian Beckford
ao êxtase e não à persuasão. estética positiva, relacionada à nossa 1713), foi um político, escritor e filóso- 1793- William Beckford começa a Livros publicados recentemente:
percepção de seres, eventos e objetos fo Inglês. Recentemente a editora Pedra Azul
constuir a Fonthill Abbey As nuances do Gótico: do Setecentos
Tratava-se, portanto, de uma experi- que nos inspiram amor e afeição, o su- lançou uma tradução nacional de “Os
1796- O Monge- de Matthew G. Lewis à atualidade (Bonecker, 2017);
ência de choque que provocaria uma blime seria de ordem bem mais com- Dennis: John Dennis (1658- 1734) críti- Mistérios de Udolpho”, confira:
De ANN RADCLIFFE: Páginas Perversas: narrativas brasileiras
sensação de adynasía (impotência, plexa. co literário Inglês. pedrazuleditora.com.br
1790- Um Romance da Sicília esquecidas (Appris, 2017);
indigência, impossibilidade) no leitor, e Poéticas do Mal: a literatura do medo no
Enquanto uma é fundada no prazer, o 1791- O Romance Da Floresta Ou encontre outras edições brasileiras
diante das situações limites provo- Addison: Joseph Addison (1672-1719) Brasil (1840-1920) (Bonecker, 2017)
cadas pelo impacto das paixões, das outro relaciona-se com a dor e o de- poeta e ensaísta inglês. 1794- Os Mistérios de Udolpho ou portuguesas no Sebo Clepsidra:
ideias ou das imagens apresentadas. leite. Não por acaso, a sublimidade e 1797- O Italiano facebook.com/seboclepsidra
juliofranca.academia.edu/
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SETEMBRO 2017
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N º 1 - Maio 2017
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