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MOBILIZAÇÃOSOCIAL

"um modo de
a democr"cicioe
a por"ticipoçõo"

CD

Ministério Justiça Z
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MJU00046052 ã
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MINISTÉRIO DAJUSTIÇA
SECRETARIANACIONALDOS DIREITOS
HUMANOS
PROGRAMANACIONALDEDIREITOS
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HUMANOS
MOBILIZACAO SOCIAL
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;iSiBLiO TECA
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I' Impressão
Ministro do Meio Ambiente, dos RecursosHídricos e da Amazânia Legal:
Gustavo Krause
MOBILIZACAO SOCIAL
.3
Secretário de Recursos Hídricos:
Paulo Afonso Romano
Equipe Técnica da Secretaria de RecursosHídricos:
Fernando Antânio Rodriguez
José Raímundo Machado dos Santos
Luiz Carlos Baeta Neves
Associação Brasileira de Ensino Agrícola Superior - ABEAS:
Presidente: Helmut Forte Daltro
"Um modo de construir
Secretário Executivo: Ronaldo Pereira de Souza
Consultores :
Natália Gedanken
a democracia e
Antonio Carlos Félix
Comissão Técnica do Programa de Suporte Técnico à Gestão de
Recursos Hídricos: a participação"
Carlos S. Sedyama
Helmut Forte Daltro
rosé Raimundo Machado dos Santos
2; Impressão
Ministro da Justiça:

#
Íris Rezende
Secretário Executivo:
José deJesus Filho
Secretário Nacional dos Direitos Humanos
José Gregori
Departamento dos Direitos Humanos:
lvair Augusto Alves dos Santos

9
:
B 18 L 10 T E C A

APRESENTAÇÃODO WJ

A sociedade brasileira e o governo federal estão plenamente consci-


entes de que, infelizmente, o Brasílé um paísassoladopela violência e
ficha Catalográfica onde, apesar da democracia, gravesviolações de direitos humanos con-
tinuam a ocorrer.

Diante dessequadro, o Brasilé um exemplo vivo da importância e


necessidadedos governos promoverem planos de ação em direitos hu-
Toro A., José Bernardo manos, como recomendou a Conferência fK4undialde Direitos Huma-
Mobilização Social : um modo de construir a democracia e a nosem Viena,em 1993.
participação / José Bernardo Toro A., Nísia N'leriaDuarte Wer-
neck. Brasília : f\ministério da Justiça, 1997. Desde o lançamento do Programa Nacional de Direitos Humanos
PNDH, pelo PresidenteFernando Henríque Cardoso,em 1996, foi pos-
149 P. sível definir um quadro de referência para uma verdadeira política pú-
blica em direitos humanos. Tendo o Brasiluma estrutura federativa. foi
l Bimpressão:N4inistériodo Meio Ambiente, RecursosHídri- decisivo, para que muitas mudanças pudessem ocorrer nos diversos es-
cos e Amazõnia Legal. tados, que o governo federal assumissefirmemente que os direitos hu-
2a impressão: Ministério da Justiça. manos dizem respeito às ações do governo em todas as áreas.

1. Mobilização Social. 2. Sociologia. 3. Comunicação. 4. Esse compromisso tem uma importância fundamental particular-
Cidadania. 5. Comunidade. 6. Processos Sociais. 1. Brasíl. Mi- mente de legitimação para todas as formas de organização e mobiliza-
nistério daJustiça. 11.Werneck, Nísia Mana Duarte. 111.
Título. ção da sociedade pela promoção dos direitos humanos. Numa socieda-
CDD 305.5 de ainda profundamente afetada pelas carências sociais e por violações
CDU 316.4 de direitos humanoso fato de o governo ter assumidoa transparência
em relação às violações e a liderança para ações concretas de efetiva
É permitida a reproduçãodesta obra no todo ou em parte, por qual- promoção dos direitos humanos, realizadas pelo governo e pela socie-
quer forma ou meio, desde que citada a fonte dade civil,foi decisivo.
E como foi possívelatingir esseobjetivo.em tão pouco tempo, .em
pouco mais de'dois anos?O fundamental é levar em.conta que desde o
primeiro momento, tanto na preparação,como na implementação do
PNDH, o governo federal decidiu que grande parte das iniciativas seri- APRESENTAÇÃODA UnB
am feitas em parceria com as organizações da sociedade civil. E, por ou-
tro lado, a estratégia definida foi atuar em diferentes frente.s, como no
Legislativo e, nas situações de violações mais flagrantes, privilegiando al-
gumas das propostas a mais curto prazo definidas pelo programa.
A Universidade de Brasília, com a responsabilidade de responder à
Nessesentido, o livro À4obilização Social é revestido de muita impor- demanda de diversossetoresda sociedade no uso dos meios de comu-
tância no trabalho junto às organizações da sociedade civil. nicação, para potencializar as ações em favor dos direitos sociais (edu-
cação, sa'úde,meio ambiente) e na promoção dos direitos civis: vem,
desde 1 994, oferecendo cursosde Comunicação e Mobilização Social.
lvair Augusto Alves dos Santos Essescursos visam capacitar os participantes a desenvolver projetos,
Diretor do Departamento dos Direitos Humanos
processose tecnologias de comunicação, favorecendo o acessoe a de-
Secretaria Nacional de Direitos Humanos mocratização dos meios de comunicação em favor da melhoria da qua-
Ministério da Justiça lidade de vida.

O propósito fundamental de todas as atividades é compartilhar com


uma rede de mobilizadores sociais, o ideal de cidadania, sintetizado pe-
los autores deste livro: "0 cidadão é uma pessoa capaz de criar e com-
partilhar com outros, a ordem social a quem cabe cumprir e proteger as
leis que ele mesmo ajudou a criar
Esperamosque este livro possacontribuir com a formulação de .um
projeto de desenvolvimento que não seja exclusivamente económico,
mas, alicerçado no horizonte ético da dignidade humana,. expressa na
Declaração Universal dos Direitos Humanos e incorporados como di-
reitos fundamentais na Constituição brasileira.

[ânia Siqueira Montoro


Coordenadora de Comunicação e Mobilização Social
Universidade de Brasília
.P

SUMÁRIO

Parte 1: Mobilização Social: Conceitos Básicos 9


11
1- 0 que é Mobilização Social...
2- Horizonte ético da Mobilização Social ........... 13
21
3- Paraque a N4obilizaçãoSocial?.................

Parte 11:Estruturação e Planejamento de um processo de


Mobilização Social.... 33
1- Dimensões básicas para estruturar um Processo de À4obilização 35
2- Modelo de Comunicação para organizar, orientar e apoiar um
processo de Mobilização........................... 55

Parte 111:Alguns Aspectos que Devem Ser Levados em


Conta em um Processo de Mobilização Social... 65
1- Como se desenvolveum Processode Mobilização Social 67
71
2- Como dar início ao processo
3- Lidando com algumasdificuldades .............................. 77

Anexos
Anexo 1- Planejando uma Mobilização Social..... 87
Anexo 2- Por que um Movimento de Cidadania PelasÁguas? 99
Anexo 3- Programa Nacional de Direitos Humanos.. 105

1 51
Bibliografia
PARTEM

MOBILIZAÇÃO SOCIAL.
CONCEITOSBASICOS
l

O que éMobilização Social

A mobilização social é muitas vezes confundida com as manifesta-


ções públicas, com a convocação da presença das pessoasem uma pra-
ça, passeata,concentração. Mas isso não caracteriza uma mobilização.
A mobilização ocorre quando um grupo de pessoas,uma comunidade,
uma sociedade decide e age com um objetivo comum, buscando, quo-
tidianamente, os resultados desejados por todos. Por isso se diz que:
Mobilizar é convocar vontades
paro atuar na busca de um
propósito comum, sob uma
interpretação e um sentido
também compartilhados.
Participar ou não de um processo de mobilização social é um ato de
escolha. Por isso se diz convocar, porque a participação é um ato de
liberdade. .As pessoassão chamadas, mas participar ou não é uma deci-
são de cada uma. Estadecisão depende essencialmentedas pessoasse
verem ou nâo como responsáveis e como capazes de provocar e cons-
truir mudanças.

Convocar vontades significa convocar discursos, decisões e ações no


sentido de um objetivo comum, para um ato de paixão, para uma esco-
lha que "contamina" todo o quotidiano.
Toda mobilização é mobilização para alguma coisa, para alcançar um
r
12 0 aue éA4oó/ZzbzçãoSoc7â/

objetivo pré-definido, um propósito comum, por isso é um ato de ra-


zão. Pressupõeuma convicção coletiva da relevância, um sentido de 2
público, daquilo que convém a todos. Paraque ela seja útil a uma soci-
edade ela tem que estar orientada para a construção de um projeto de
futuro. Se o seu propósito é passageiro, converte-se em um evento,
uma campanha e não em um processode mobilização. A mobilização Horizonte Ético da Mobilização Social
requer uma dedicação contínua e produz resultadosquotidianamente
Como falamos de interpretações e sentidos também compartilhados
reconhecemosa mobilização social como um ato de comunicação.A
mobilização não se confunde com propaganda ou divulgação, mas exi-
ge ações de comunicação no seu sentido amplo, enquanto processo de
compartilhamento de discurso, visõese informações.O que dá estabili- O horizonteético é aquilo que dá sentido a um processode
dade a um processode mobilização social é saberque o que eu faço e mobilização.
decido, em meu campo de atuação quotidiana, estásendo feito e deci-
dido por outros, em seus próprios campos de atuação, com os mesmos Uma das formascomo um paísexplicita seu horizonte ético, seu
propósitos e sentidos. projeto de nação, é atravésda sua Constituição. Nela ele define seu
projeto de futuro, suasescolhas.Quanto maistiver sido participativo.o
processo de sua elaboração, mais estas escolhas refletirão a vontade de
todos e serão por todos compartilhadas.
Constituição da República Federativa do Brasil
Art. l o. A Repúblié:aFederativa do Brasil,.
formada pela união indissolúvel dos Estadose
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em
um Estado Democrático de Direito e tem como
Fundamentos:
l a soberan;a;
11. acidadania;
111. a dignidade da pessoa humana;
IV. os valoresdo trabalho e da livre
iniciativa;
V. opluralismo político.
Parágrafo União: Todo poder emana do povo, que
o exerce por meio de seus representantes eleitos
ou diretamente. nos termos desta constituição.
\Ã. HorizonteÉticodaMgbjjj4qçãoSocial Hpri4ppçç Eliç9 dq Mgbll14qçqg$gçjal

Neste artigo, o primeiro da nossa Constituição, está consagrada a nós. Portanto e antes de converter a
nossaescolha pela Democracia, tendo como fundamentos, entre ou- discussãoem um iuízo de culpabi-
tros, a cidadania e a dignidade humana. É necessário,então, buscarmos lidades se fomos capazes dé criar o
um entendimento preciso sobre o que significam estasopções. caos, também podemos sair dele.
Somos capazes de criar uma ordem
distinta."
2.1 Compreensão doconceito de cidadania e dosprincí- J. Bernarda Toro
pios da democracia
No Brasil ió não acreditamos na ordem emanada dos deuses, ió
e Toda ordem de convivência é construída, por isso é possível falar não temos um ditador e cada vez fica mais impessoal o "eles" a
em mudança. As ordens de convivência são construídas, não são quem responsabilizamos pela nossa realidade.Mas ainda insisti-
naturais. O que é natural é a nossa tendência a viver em sociecla- mos em pensar e agir como se a situação em que vivemos fosse
e obra do outro. EduarcloGianetti da Fonsecafala até cle um "pa-
radoxo clo brasileiro"
Os gregos se tornaram capazes de criar a democracia a partir do '0 paradoxo do brasileiro é o seguinte:
momento que descobriram que a ordem social não era ditada cada um de nós isoladamentetem o
pelos deuses, mas construída pelos homens, quando vislumbra- sentimento e a crença sincera de estar
ram a possibiliclacle de construir uma sociedade cujo destino não muito acima de tudo isso que aí está.
estivessefora dela, masnas mãosde todosos que dela participa- Ninguém aceita, ninguém aguenta mais,
vam
nenhumde nós pactuo com o mar de
lama, o deboche e a vergonha da nossa
Quando as pessoasassumem que têm nas mãos o seu destino e
rija públicae comunitária.O problema
descobrem que a construção da sociedade depende cle sua von-
tade e cle suas escolhas, aí a clemocracía torna. se uma realiciacle. ê que, ao mesmo tempo, o resultado final
de todos
a'
nós é exatamenteisto que aí
esM!
"Toda ordem social é criada por nós. O
Não aceitar a responsabiliclaclepela realidade em que vivemosé,
agir ou não agir de cada um contribui
ao mesmo tempo, nos clesobrigarmos cla tarefa cle transforma-la,
para a formação e consolidação da
colocandona mão do outro a possibilidade cle agir. É não assu.
ordem em que \'iremos. Em outras
palavras, o caos que estamosatraves- mirmos o nosso destino, não nos sentimos responsáveis por ele,
porque não nos sentimoscapazes de altera-lo. A atitude decor-
sando na atualidodenãosurgiu
rente dessas visões é sempre de fatalismo ou cle subserviência,
espontaneamente. Esta desordem que
nunca uma atitude transformadora .
tanto criticamos tambémfoi criada por
17
Hori49DÇÇ111;icQ4g.M!!!!!!kg$ê9..iggl2L

e A Democracia é uma ordem social que se caracteriza pelo fato cle


suas leis e suas normas serem construídas pelos.mesmos que .as
vão cumprir e proteger. A democracia é uma ordem auto-funda-
da

plxlemos modificar. Nem toda ordem de convivência é democrática

H] g
de uma sociedade.
iSi$ 11:E111
A monarquia é uma ordem de convivência, mas não é democrá-
tica. Nela um monarca, que, por laços de.sangue.ou divindade,
se coloca fora, separado da sociedade, diferente dos outros, cria
as leis e as normas que vão reger aquela sociedade. Ele cria a
ordem social e aos súbitos (sub dolo!:, submetidos ao que o outro
diz) cabe obedecer essasnormas. E.por .isso que na monarquia
comemora'sequando nasceo filho do rei, porque a continuida-
de cla ordem está assegurada, não porque nasceu uma criança.
'mzlH:hlU=lç ;;uf«.;. A ditadura também é uma ordem social, mas não é democrática.
Nela o ditador, ou seugrupo, por força clãsarmasísecoloca
acima dasociedade e dita as normas sobre como ela deve pensar
Aprender a comunicar:se: e agir. A ordem também. vem de fora, sua fonte é externa à soci-
base da auto-afirmação pessoalou do grupo. edade que deve cumpri-las.

ê @!#l#@8@$1illllllllil
:ini Na democracia a ordem social se produz a partir cla própria
IÜÜli@1%êl@$1@i$@@ll$êê@lili sociedade. Nela as leis são criadas, direta ou incliretamente, pe-
los mesmosque as vão cumprir e proteger. A convivência demo-
Aprender a clecídir em grupo:
crática começaquando uma sociedadeaprende.a auto-fundar a
base da política e da economia.
ordem social. E isso deve ser ensinado e aprencliclo.

e Por isso, a democracia é uma cosmovisão, o que quer dizer que


.la ;l;;;l forma'de ver o mundo. Uma formei que aceita cada
Aprender a cuidar do entorno: pessoa como fonte de criação de ordem..social. A cemocraJcia
ft;ndamento da sobrevivência.
;
t'u-''' ''''' ' m que
nãopixieserimposta,te. . ser quotidianamente
. . . .-- ....
construída.
Ela é fruto cla decisão de uma sociedade, que acredita .que é
poswel cria-la, a partir de uma unidade de propósitoe do res-
H peito pelascliferenças.
r

Horizonte Ético da Mobiliza- Horizonte Ético da Mobiliza

A democracia não é um partido político, não é uma matéria, é direito clo cidadão, não é o que o clel:inecomo tal
uma.decisão que se fundamenta em aceitar o outro como igual Cidadãoéa pessoacapaz de
em direitos e oportuniclacles. Por isso, a democracia supõe a cons- criar ou transformar, com
trução cla equiclaclesocial, económica, política e cultural. outros, a ordem social e a
e Porque a ordem democrática é uma ordem construída, não existe quem cabe cumprir e proteger
as leis que ele mesmo ajudou
um modelo ideal de democracia que possamoscopiar ou imitar. a criar.
Podemos aprender com outras sociedades que constroem sua pró-
pria ordem democrática, mas é nossa a responsabilidade de criar
nossa própria democracia. 2.2 Como se define a Dignidade Humana?
Esseprincípio é chamado de "incerteza" e é fundamental para A dignidade humana tem uma definição básica, condensada entre os
uma sociedade que quer ser produtiva económica e socialmente,
diversos países,expressana Declaração Universal dos Direitos Huma-
porque se opõe à tradição de "ser como os outros"
nos (IO de novembro de 1998). Ainda que não haja modelo Ideal de
e O conflito é constitutivo cla convivência democrática. Na demo- democracia, toda ordem democrática está orientada a proteger e forta-
cracia não existem os inimigos, mas os opositores: pessoasque lecer os Direitos Humanos (fundamentais, políticos, económicos, soci-
pensam diferente, querem cle outra forma, tem interessesdistintos ais, culturais e ambientais) e a proteger e desenvolver a vida.
dos meus, que muitasvezes conflitam com eles, mas com as quais A Declaração Universal dos Direitos Humanos é o projeto de huma-
possodiscutir e consensar proletos comuns colocados acima das nidade que nossoséculo concebeu e conseguiu consensar,uma de suas
divergências. Para a democracia, a paz não é a ausência cle con- contribuições mais originais. Nos séculos passados,alguns países, como
flito. A paz é o resultadode uma sociedadeque é capaz de criar os EstadosUnidos na sua Constituição (1787) e a França na Declaração
e aceitar regras para dirimir conflitos sem eliminar o outro nem dos Direitos do Cidadão (1789), haviam definido os direitos humanos,
física, nem social, nem psicologicamente. mas eram experiências, isoladas, de cada país. Nunca na História, um
número tão grande de paísesfoi capaz de atingir um consensoquanto à
Na democracia, o público, o que convéme interessaa todos, se
relevância e quanto ao conteúdo deste tema, como expresso nesta De-
constrói e sefortalece na sociedade civil. A força clo público e clãs
claração. Reúne direitos que possuímos simplesmente por sermos da
instituiçõespúblicas tem origem no fato cle que eles sintetizam e
espécie humana, anteriores a toda distinção, a toda ação cultural, eco-
representam os interesses,contraditórios ou não, cle todos os seto-
nómica ou política, a toda característicaétnica, etc
resda socieclacle.
Quando íncorporamos aos direitos garantidos na nossaConstituição
e A partir deste conceito de democracia podemos desenvolver o a íntegra da Declaração Universal dos Direitos Humanos ( Título 11-Dos
conceito de cidadão. No Brasil o cidadão tem sido confundido Direitos Fundamentais,artigo 5o.) e declaramos a dignidade humana
com o voto. Cidadão seria aquele que vota. Mas o voto é um
Horizonte Ético da Mobiliza

como um dos fundamentos de nossanação e de nossomodelo de de-


mocracia nos comprometemos com a formulação de um projeto de
desenvolvimento que não seja exclusivamente económico, baseado nos
Direitos Humanos e que contribua para transforma-los de projeto ético 3
em um projeto público, de todos, em uma visão de mundo, um discur-
so, uma decisão e uma ação.

Para que a Mobilização Social?


OEMOCRACIA É UMA OECISÃOÉTICA

José Bernarda boroa.


FundacionSocial-Bogotá
Constituição da República f:ederativa do Brasil
\ Democracia é como o Amor: não se pode comprar, não se
pode decretar, não se pode propor. A Democracia só se pode Art. 3o. Constituem objetivos l:undamentais da
rivere construir. Porisso ninguém pode nos dará Democracia. República f:ederativa do Brasil:
A Democracia é uma decisão, que toma toda uma sociedade, 1. Construir uma sociedade livre, justa e solidária;
:le construire viver uma ordem socialonde os Direitos Humanos
e a vida digna sejam possíveis para todos. 11. Garantir o desenvolvimento nacional;
A Democracia não é um partido político, não é uma ciência 111.Erradicar a pobreza, a marginalização e
aem uma religião; a Democracia é uma forma de vero mundo. reduzir as desigualdades sociais e regionais;
i uma cosmovisão, que parte dosuposto de quefazerpossíveis IV. Promover o bem de todos, sem preconceito de
! cotidianos os Direitos Humanos e uma vida digna para todos origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras
! o quejustifica todas as atividades de uma sociedade(políticas, formas de discriminação.
:conõmicas, culturais, financeiras, educativas, familiares, etc.).
Ao definirmos estesobjetivos estamosnos comprometendo com dois
Em outras palavras, a Democracia é uma Ética. desafios:
A Etica é a capacidade de criar e escolher uma forma de viver.
e Como nos converter em um país produtivo internacionalmente com
que consiste em fazer possívela vida digna para todos.
equidade interna, ou seja, como tornarmo-nos um país competiti-
Por isso a Democracia é uma forma de construir a liberdade e vo, em uma economia globalizada, sempobreza interna.
a autonomia de uma sociedade, aceitando como seu
fundamento a. diversidade e a diferença. e Como construir uma ordem democrática, a "socieclaclelivre, justa
e solidária", que expresseo nossomodelo cleDemocracia,criado
e construído pornós.
ue a /Uobiiizat ue a Mobiliza. oSociaf?

Devemos responder simultâneamente a estesdois desafios, cons- 3.IProdutividade


truir, ao mesmotempo nossomodelo de Democraciae de desen-
volvimento. Estesdesafios exigem múltiplas respostas: políticas, Tradicionalmente tratamosa produtividade do ponto de vista da eco-
económicas, sociais, educativas, etc. As maneiras como o país se
nomia e da produção. Mas, ser uma sociedade produtiva não é apenas
propõe a responder a essesdesafios constituem o seu proleto de ter mais empresas que produzam mais bens e serviços que tenham bons
nação e fornecem critérios e parâmetros para a decisão sobre preços no mercado, mas produzir racional e adequadamente os bens e
algumas questõescomo, por exemplo, que competênciasprecisa serviçosque permitam uma vida digna para todos.
desenvolver, que valores pretende preservar, que novas práticas
pretende anotar,etc. Essesbens não são apenas de natureza económica, por isso é a soci-
edade que tem que ser produtiva e não apenas as suas empresas. Uma
Essesmesmos desafios é que devem orientar o projeto de futuro de
sociedade deve ser produtiva em diversos níveis. No nível social e polí-
cada um dos estados e a cada um dos municípios. Uma cidade também
tico, por exemplo, ela deve ser capaz de criar instituiçõespúblicasque
pode e deve, hoje, buscar responder às perguntas básicas:como pre-
sejam eficientes e beneficiem a todos. No nível cultural, ser uma socie-
tende se inserir no país, como vai contribuir e participar da resposta do
dade produtiva significa ser capaz de assegurareducação de qualidade
país a estes desafios.
para todos, produzir ciência e tecnologia que contribuam para a solu-
funcionam também como critério para se avaliara legitimidade e a ção de nossosproblemas, etc.
validade dos processosde mobilização. Todo processode mobilização
Por isso a produtividade não é um problema só dos empresários.
deve ter como meta contribuir para o alcance destes objetivos, o que faz
Fazerum país, um estadoou um município produtivo é também tarefa
da Constituição Brasileira a sua fonte de validade e legitimidade.
dos políticos, das lideranças, dos pais e mães de família, dos educado-
Um país se converte em nação res, dos trabalhadores, enfim, de todos os cidadãos.
quando responde proposi-
Essadefinição de produtividade não trata apenasda capacidade de
tivamente aos desafios que a
históriolhe coloca. produzir dinheiro, masde produzir riqueza. Éa riqueza que possibilitaa
vida digna para todos. A riqueza beneficia a toda a sociedade. Não
Para responder propositivamente a essesdesafios , é preciso conside. adianta produzir dinheiro se o custo desta produção é a pobreza e a
raralguns conceitos: miséria de muitos, se ela gera a destruição do meio-ambiente, se com-
promete as perspectivas de futuro de uma nova geração (uma das mai-
e Conceito de cidadania e de democracia, que ió foi desenvolvido.
ores riquezas de uma sociedade).
e Conceito de produtividade, fundamentado na ídéia de riqueza.

e Conceito de público, como aquilo que convém a todos, construído


a partir da sociedade civil e não do Estado.
ue a Mobiliza. uea?üobiiiza

Uma "Ciência da Riqueza" uma concepção do processo económico onde a inflação é um


Renato Caporali Cordeiro * fato absolutamentenatural, senão necessáriopara o bom
funcionamento do sistema.Talvez não seja mera coincidência
A ciência económica teve grande responsabilidade na difusão que essaciência tenha sido radicalmente conivente com a
de uma enganadoranoção da verdadeira naturezada riqueza destruição do meio ambiente (como recentemente admitiu o
de uma sociedade.Apesar de saber que a riqueza eram os Presidentedo Banco Mundial), e que só tenha percebido seu
bens e comodidades que possui um indivíduo, entre o que erro quando o processodestrutivo começou a se mostrar mais
evidentemente incluem-se os recursos naturais, os economistas claramente como dilapidação da riqueza futura. Começa-se
estavam mais preocupados com o valor (preços) que essesbens agora a perceber que o escasseamento de recursos que são a
adquirem no mercado. O fenómeno da troca, pelo qual os base da riqueza leva a um aumento de custos que nenhum
benscirculam numa economia parecia o verdadeiro objeto de benefício traz, e que apenas leva à diminuição da riqueza social.
estudo da ciência económica. Assim, repetiu ao longo dos
Uma "Ciência das Riquezas"tentaria trilhar outro caminho
séculos a maior parte dos economistas, a economia se interessa
teórico. Ela se preocupada com a manutenção e o incremento
pelo valor das coisas(valor de troca), não pelas coisasem si
da basede recursosque formam a riqueza de todos, bem como
(pelo valorde uso).
se inquietaria com a redução na sua oferta. Examinada
O problema surge quando se tenta compreender a natureza atentamente os recursosdisponíveis em abundância num país,
do valor de troca. Se afastarmos sutilezas da discussão teórica tentaria articula-los o melhor possível em um processo de
peculiara toda ciência,ficaráclaro que o valor de troca é produção sustentávela longo prazo, para o maior número de
determinado pela utilidade e pela escassez,ou vendo por outro pessoaspossível. Uma sociedade não será rica se essariqueza
lado, pelo custo, pela dificuldade, pelo trabalho gasto para estiver ao alcance de apenas poucas pessoas.Ganhar dinheiro
produzir. Assim, Léon Walras, um dos maiores economistas e pode, de fato, ser o exportepreferido dos indivíduos numa
criador da teoria do equilíbrio, dizia claramenteque a água sociedade capitalista. E, como se ganha tanto mais dinheiro
abundante na beira do lago não é riqueza, já que não tem quanto mais elevado for o valor do produto que se vende, os
valor. Se tornar escassae passara ter valor tornar-se-á riqueza indivíduos podem ver com otímismo o escasseamentodos bens
para a ciência económica. John Stuart Mill disse o mesmo do que têm para vender. Mas, do ponto de vista da sociedade,o
ar puro: gratuito, proporcionado pela natureza, não é riqueza; importante é a disponibilidade dos bens, não o seu custo.
se tivermos que trabalhar para fazê-lo novamente puro, terá se
tornado riqueza. Legiões de teóricos repetiram esta tese
contraditória. A teseé contraditória porque a riquezade uma
sociedadenão é a escassezdos bens que dispõe. Riquezaé
abundância, não falta.

Não deveria impressionar que uma tal teoria tenha fundado


'Autor de "Dci Riqueza das Nações à Ciência das Riquezas"- SP, Edições loyola.
19 5
ue a Mobiliza. ue a Mobiliza

3.2 Participação dela participam podem fazer competir.organizaclamente seusin-


teressese proletar novos futuros. A exclusão de um setor p(xle ser
definida como a impossibilidade cle fazer competir os seusinte-
A participação,em um processode mobilização social, é ao mesmo
ressesfrente a outrosinleresses. Para uma dinâmica cle mobilização
tempo meta e meio. Por isso, não podemos falar da participação apenas
como pressuposto,como condição intrínseca e essencialde um proces- social é preciso acreditar que existe sempre alguma. coisa que
so de mobilização. Ela de fato o é. /Masela cresceem abrangênciae ssoa pode fazer para que os objetivos sejam alcançados,
todos têm como e porque participar. Por exemplo, na Cam-
profundidade ao longo do processo, o que faz destas duas qualidades (
abrangência e profundidade) um resultado desejado e esperado. panha cla Fome, uma das contribuições mais.comoventese que
clá uma mecliclaclo alcance desta campanha em termos cle
Considera-la como meta e meio significa: mobilização, veio clãs detentas do Presídio Talavera Bruce, que
abriram mão de refeiçõesem benefício cla campanha.
8 Considerar a participação como um valor democrático: Como
ió foi dito, toda ordem social é construída pelos homense mulhe- e Considerar a participação de todos como uma necessidade para
res que conformam a sociedade. A ordem social não é natural e o desenvolvimento social: A participação é uma aprendizagem.
cada sociedade é que constrói sua ordem social. Porqueela não é Se conseguimos hoje nos entender, decidir e agir para alcançar
natural é possível falar em mudanças. Quando a sociedade co- alguma coisa (comoa melhoria da escolado bairro), depois sere-
meça a entender que é ela que constrói a ordem social, vai aclqui- mos capazes cle construir e viabilizar soluções para outros pro'
rinclo a capacidade de autcl-fundar a ordem social, de construir a blemas'(comoa preservaçãode um área verde ou a melhoria do
ordem desejada, vai superando o fatalismo e percebendo a par- trânsitos. Podemos ainda nos articular com outros grupos para
ticipação, a diferença e a deliberação de conflitos como recursos desafiosmaiores,como o fim da violência, o combateao desem-
Fundamentaispara a construção da sociedade.A participação prego, etc. Aprendemos a conversar, a cleciclir e .agi.r coletiva-
deixa de ser uma estrategia para converter-se em ação rotineira, mente, ganhamos confiança na nossa capacidade cle gerar e
essencial. Neste sentido, a participação é o modo de vida da cle- viabilizar soluções para nossos problemas, fundamentos para a
mocrazia . construção de uma sociedade com iclentidaclee autonomia.

e Considerar a abrangência desta participação como valor e


sinal democrático: Não é possível desenhar, nem saber como 3.3 O conceito de público
será a ordem de convivência democrática e cle proclutiviclade sem
a participação atiça de toda a sociedade.Não se trata de cons- A América Latina e a América do Norte foram ambas conquistas reli-
truir uma ordem social por quem acha que sabe fazê-lo para que giosas, mas de conteúdos diferentes. Lá, chegaram fiéis, aqui chegou a
os outros se integrem a bla. trata-se de construir com tactos, inclu- Igreja, seus padres e bispos. Lá chegaram cidadãos em busca de uma
sive com os pobl:es, uma ordem social onde todos.possamoscon- terra para viver, aqui chegou um governo em busca de riquezas para
viver e ser produtivos económica, política, cultural e socialmente. explorar. Lá chegou a sociedade civil, aqui chegaram instituições; e a
Uma sociedade é clemocrótica e produtiva quando tixlos os que
'T
»
ueaÀ4obiliza

e O conservadorismo inevitável de uma sociedade civil sem bases


sociedade civil, fonte geradora do "público", ainda está se construindo.
Por isso existe entre nós tanta confusão entre o que é do governo e o populares.
que é público.
Por exemplo: a escola pública é a escola de todos e não a escola do
governo,os espaçospúblicos são espaçosde todos e não espaçosdo
governo e assim por diante. O resultado da confusão que fazemos é
ficarmos, muitas vezes, esperando que o governo cuide do que nós,
coletivamente, deveríamos cuidar. Encaramoscoisas e atitudes como
dádivas e favores do governo, não como coisas públicas, conquistas e
direito da sociedade.

A construção do público a partir da sociedade civil exige o rompi-


mento com essatradição e o compromissocom uma nova atitude de
responsabilidade, de desenvolvimento da capacidade de pensar e agir
coletivamente e de respeito às diferenças.

A CONSTRUÇÃODO PÚBLICOA IURTIRDA


SOCIEDADECIVIL COMO PROPÓSITODA
INTERVENÇÃOSOCIAL
rosé Bernardo boroa.
FundacionSocial
Bogotá,1994

1- Em 181 5, Simon Bolívar, exilado na Jamaica, escreveuao Duque


cle Manchester sobre o que ele considerava os 4 problemas clãs
sociedades desmembradas clo império espanhol (õl.

e A cluviclosa viabilidade cle socieclacles sem cidadãos.

e O círculo vicioso de ter que manter a ordem através clo


paternalismo político. 4 - Quando o."Público'l não L -e,.não represSljo ost=lteresses
de t. la a soa a
e A precariedade do consenso e a ilegitimidade clãs elites.
lue a Mobiliza ue a Mobiliza

da socieclacle), o "Público" se distancia da sociedade e as institui- capaciclacle que tem a sociedade norte-americana de se associar,
ções públicas perdem creclibiliclaclee autoriclacle.A de se organizar. Segundo ele, esta é a mestra cle todos os saberes
governabiliclade de uma sociedade provém da capacidade que sociais.
tenham as instituiçõescle refletir os interessescontraditórios de
todos os setores sociais. A fortaleza clo Estado surge cle sua capa'
ciclacle de refletir toda a sociedade. Quando reflete só uma parte
je, portanto, é excludente),o Estadoé frágil.

5 - A democracia supõea presençado conflito cleinteressesentre


os diferentes setores, mas supõe que essesconflitos possam ser
superados através cla deliberação, cla participação e da "negoci-
ação e consenso" transparente, para alcançar benefícios comuns
que se expressam em forma cle programas, leis e instituições que
obrigam e servem a todos (o Público).

6 - Para enfrentar os problemas enunciados por Simon Bolívar,


da Jamaica, devemostrabalhar:

e Para criar e formar ciclaclãos,quer dizer, pessoascapazes cle


criar e fundar com outros a ordem social desejávelpara todos. E
empenharmo-nos para criar espaços para que a ciclaclania se
exerça. O paternalismo político só é superóvel através cle uma
sociedade que tenha a possibilidade de construir suas instituições
políticasa partir da sociedadecivil. Issosignifica passarcleuma
lógica social de adesão ao poder a uma lógica de deliberação e
competição cle interesses que, .através do consenso e cle acordos
define o que convém a todos. É assim que se constrói uma ordem
democrática estável e o consenso legítimo.

e Fortalecer o tecido social através da criação e desenvolvimento


das organizações dos setorespopulares para que eles possam
fazer competir seusinteressesem igualdade cle condições e den-
tro cle regras iguais para todos. Ver lglesias, Henrique, "EI verdadero desafio de America latina: Reduzir la
pd'reza y consolidarla Danocracia", no Saninário "Hacia un enfoqueintegrado
Alexis de Tocqueville atribui o desenvolvimento dos EUA à del Desarrollo, La Ética, la Economia y la Question Social'. BID, Washinglon,
1994
PARTEll

ESTRUTURAÇÃO E PLANEJAMENTODE
PROCESSODEMOBILIZACAO
SOCIAL

r MJ - SbZ'.a -
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.=.++,= a n
l

Dimensões Básicas Para Estruturar Um


Projeto De Mobilização

1.1-A explicitação dos propósitos da mobilização - a


formulaçãode um imaginário
Esseé o primeiro passo no planejamento de um processo de
mobilização social: a explicitação de seu propósito. Essepropósito está
díretamente ligado à qualidade da participação que será alcançada.

t Essepropósito deverá estar expresso sob a forma de um horizonte


+
atrativo, um imaginário "convocante" que sintetize de uma forma atra-
b
ente e válida os grandes objetivos que se busca alcançar. Ele deve ex-
pressaro sentidoe a finalidade da mobilização. Eledeve tocar a emo-
ção das pessoas. Não deve ser só racional, mas ser capaz de despertar a
paixão. 'A razãocontrola, a paixão move" (JoseBernardoToro).
Um imaginário validamente proposto é, ao mesmo tempo, uma fon-
te de hipóteses que provê as pessoasde critérios para orientar a atuação
e para identificar alternativasde ações.
Dimensões BásicasPara Estruturar Um PrometoDe Mobilização v'

um interesse compartilhado, mas que permanece sendo de cada um


de nós. Podemosdar diversosnomes ao interesseque selecionamos:
Alguns exemplos de imaginários na história antiga e recente: propósito, meta, missão,visão, estatuto, ata, convênio, capítulo, pa(to,
etc

Esseconsenso não é um acordo em que as pessoasnegam suas dife-


renças, mas em que são preservadas as diferenças. As pessoasnão estão
necessariamente de acordo entre si, mas de acordo com alguma coisa,
com uma idéia, que é colocadaacima de suasdivergências.Ele é a
expressãode um exercício de convivência democrática.

deu,apesarda diáspora. A mobilização social não é uma oportunidade de conseguir pessoas


para ajudar a viabilizar nossossonhos, mas de congregar pessoasque se

H S? ::l: :K':=E.:=::ãl
pelas armas
/
dispõem a contribuir para construirmosjuntos um sonho, que passaa
ser de todos. Se esse sonho excluir alguém, esse alguém não vai se
comprometer e vai buscar atacar, desestimular e destruir o movimento
e a disposição dos outros para agir.

"A participação será mais assumida, livre e


consciente, na medida em que os que dela
participem perceberem que a realização clo objetivo
perseguido é vital para quem participa da ação e
que o objetivo só pode# ser alcançado se houver
efetiva participação.

Rede: Esh'atura atternati'pa de organização Chibo Whitaker

O imaginário enuncia uma forma de futuro por construir, contém


3i milhões de pessoas. elementos de validade formais (históricos e científicos) e, nessesentido,
é uma fonte de hipóteses para ação e o pensamento. Ê um critério para
É importante ainda que esse propósito refeitaum certo consenso
orientar e avaliar os múltiplos esforços e as decisõesque se requer para
coletivo.demosdefinir o consenso como a escolha e construção de convertê-lo em realidade. Ê um horizonte perceptível. Deve trazer refe-
)imensões Básicas Para Estruturar Um PrometoDe Mobilj4ê\

rências que tornem possível a cada um responder às perguntas: em que


responsável por viabilizar o movimento, por conduzir as negociações
medida o que estou fazendo contribui para alcançar esseobjetivo? O
que vão Ihe dar legitimidadepolítica e social ' ' '
que mais posso fazer?
O Produtor Social tem a intenção de transformar a realidade. tem
Issoo diferencia de um simples "slogan" ou campanha publicitária,
ainda que em termos de divulgação sejam necessáriosesseselementos certos propósitos de mudança e se dispõe a apresentar e compartilhar
comunicativos.Uma diferençafundamental é que o "slogan"não se essespropósitos com asoutras pessoas,que vão ajuda-lo a explicita-los,
amplia-lose, é claro, a alcança-los.Para isto ele precisater uma certa
constitui em uma referência sobre o que precisa ser feito no presente.Um
slogan não pode substituir as informações efetivas, que as pessoas ne- legitimidade, seja própria, seja conferida por algué'mou por algum prin-
cessitam para se mobiiizarem, alertou Rosa Mana Torres, em seu artigo cipio, senão é difícil que ele consigaa credibilidade necessáriano pri-
meiro momento. Ao longo do processo esta legitimidade vai crescer ou
"Sem todos pela Educação, não há Educação para todos"
diminuir, refletindo a qualidade da sua gestão do processo.
E essencial que o Produtor Social seja visto não como dono mas como
.2- OsAtores que dão início a um processode
mobilização social precul?or de um movi.mentoque reflete uma preocupação e um desejo
de mudança compartilhado. Para isto é preciso que ele: ' ' --"'

Um processode mobilização social tem início quando uma pessoa, e Respeitee confie na capacidade das pessoasde decidirem
um grupo ou uma instituição decide iniciar um movimento no sentido coletivamente sobre suas escolhas e estimule o desenvolvl=en .
de compartilhar um imaginário e o esforço para alcança-lo. to destes comportamentos- Essescomporbmentos contradizem
Por isso, essespapéis que estamosapresentando não são uma tradição brasileira que tem suas origens no período colonial
necessariamente desempenhados por uma pessoa. Algumas pessoasou e com a qual precisamos romper. Raymundo f:adro, em seu livre
instituições podem estarjuntas desempenhando um destespapéis, ou- "Os Donos clo .Poder", escreveu sobre a monarquia brasileira:
tras vezes uma mesma pessoa ou instituição desempenha mais de um Essamonarquia, acostumancloo povo a servir, habituando'o à
ao mesmo tempo. O importante é que alguém esteja fazendo isto, com
as preocupações, os critérios e os valores aqui discutidos. tintivo cle liberdade,. quebrou a energia clãs vontc c es, adormeceu
a iniciativa. (...) Tudo é tarefa clo governo, tutelancloos incli;l(lii:
os, eternamente menores, incapazes ou provocadores cle catás-
1.2.1-ProdutorSocial trofes, se entregues a si mesmos"

Estavisão infantilizou as pessoas.Aliada a uma situação em que o


Entende-se por Produtor Social a pessoa ou instituição que tem a
que contava era ser "amigo do rei" e que fez da troca de favores um
capacidade de criar condições económicas, institucionais, técnicas e
hábito natural na prática da política, gerou uma cultura de adesão e não
profissionais para que um processo de mobilização ocorra. Uma Secre-
uma cultura de deliberação. As pessoasse acostumaram a não analisar.
taria de Estado,uma instituição pública ou uma entidade privada, uma
não avaliar e não decidir suas posições, mas a aderir às posiçõesde
pessoaou um grupo podem ser produtores sociais. O Produtor Social é
outros, normalmente dos que estão no poder.
DimçD$ões Bélicas Pala EslltyWlqr Um PrometoDe Mobilização 41

ca de soluções um desafio estimulante)

e Sela capaz cle interpretar a nossa realidade social. lslo exige que ele
conheça a sociedade, seusvalores, seussignificados, suas priorida-
des.Requer ainda que ele conheça a Constituição clo Brasil e sela
capaz cle interpreta-la como expressão cle um proleto de nação, clo
ponto de vista cla comunicação e cla mobilização.

e Sela capaz cle orientar um eclilor na prxüução cle materiais aclequa-


clos,lenha conhecimento das possibílidacles e dos limites da comuni-
cação social como instrumento de mobilização. Frequentementenão
são alcançados os obletivos em um processo cle mobilização porque
sesuper'estimar a capaciclcde dosveículos e cla comunicação de mas-
sa. Epreciso saber situar bem este papel epara que se tire deles o
melhor proveito.

e Seja w«í«l e tolera«te pa'a "n"ruir t.al«Içar com as r«les de


re-ditores, sem burocratizá-las, convertendo-as em redes au16nomas,
doadoras de nnticlo próprio.

e Tenha conceitosclaros cledemocracia, ciclcdania, público e partia


Viktor Frankl
pação, de modo, inclusive,a contribuir para gerar.imagem social po
sitiva para os re-editores mais fracos, possibilitando-os fazer compe
tir seus interesses em ígualclacle cie condições.

1.2.2-Reeditor Social
b

Essetermo, cunhado por Juan CameloJaramillo (1991) designa uma


pessoa que, por seu papel social, ocupação ou trabalho tem a capacide
de readequar mensagens,segundo circunstânciase propósitos, com
42

formas, objetos, símbolos e signos adequados ao campo .de atuação do


reeditor para que ele possa usá-los, decodificá-los, recodificá-los segun-
dosua própria percepção.
O Editor(pessoaou instituição)é o profissionaldessetipo de comu-
nicação.O êxito da mobilização participada depende da forma como
se introduza a mensagem e se chegue ao campo de atuação do reeditor;
o qual possui uma cultura própria, conhece profundamente seu campo
de atuação e tem uma cosmovisão própria. Como estruturar as mensa
gens, que códigos são necessários para que a mensagem seja compre'
endida e absorvidapelo reeditor e para que ele possaconvertê-la em
uma forma de sentir, de atuar e de decidir em função do imaginário?
evidente
l Essassão as perguntas às quais o Editor deve dar respostas.É
que quanto melhor o seu conhecimento sobre o campo.de atuação do
reeditar, maiores as possibilidades de êxito no seu trabalho.
O Produtor Social começa seu trabalho identificando quais são os
P
reeditoresque, em seu campo de atuação,podem contribuir para
)
aprofundar e viabilizar as metas a que se propõe a mobilização. Não é
possívelfazer uma mobilização se não podemos.localizarno tempo.e
no espaçoos reeditoresque podem atuar e contribuir para seusobjeti-
vos

Uma vez localizados,é preciso conhecer o campo de atuaçãodo


reeditar, para provê-lo de compreensões,de alternativasde ações e
decisõesque irão ajuda-lo, no primeiro momento, a responderà per-
gunta: o que eu possofazer no meu campo de atuação, no meu cotidi-
ano?Com o tempo, ele mesmo vai descobrir novasformas de atuar e
participar.
1.2.3- O Editor
Cabe, ainda, ao Produtor, asseguraraos reeditores os instrumentos
+

que ele precisa para aduar: material de divulgação para começar o tra-
+

balho, contitos que possam facilitar seu acesso aos meios de comunica-
ção, etc. Ébom lembrar que essesmateriais e contatos não têm a função
apenas de divulgar as idéias do movimento, mas eles são importantes
[)irnensões BásicasPara Estruturar Um PrometoDe Mobilização Dimensões BásicasPara Estruturar Um PrometoDe Mobilizar 45

porque contribuem para dar segurançaaos reeditores e legitimar o seu as precisem de apoio para identificar possíveis formas de atuação E o
discurso perante os outros. problema do campo de atuação.
Por isso um projeto de mobilização deve fornecer
1. 3- CampodeAtuação
a) compreensõesaclequaclasao campo cle atuação clecada par-
Muitas pessoasestãodispostasa participar de um processode mu- ticipante: explicações sólidas sobre os problemas a resolver, situ-
dança, proposto no imaginário, se lhes respondemosa seguinte pergun- ações a criar ou modificar, sentido e finalidade clãs decisões a
ta: "Como eu posso participam aqui em meu campo de trabalho, no que tomar e clãs ações a seguir em seu campo diário de trabalho.
façotodos os dias"?
b) indicações das decisões e ações que estão ao alcance das pes-
soas dentro cle seu campo de atuação e trabalho e a explicação
Não se faz mobilização social com de como e porquê contribuem ao propósito buscaclo.
heroísmo. As mudanças são construídas no Esserepertório de sugestõesdeve ser suficientemente claro, aberto e
coticliano por pessoas comuns, que se estimulante para que, no momento seguinte, as pessoasdescubram e
dispõem a atuar coletivamente, visando inventem novasformas de participar e não seacomodem nem se sintam
alcançar propósitos compartilhados. manipuladas ou com sua autonomia comprometida.
A proposta de compreensões, atuações e decisões supõe que os líde-
Paraque as pessoasse disponham a participar e descubram sua for- res institucionais, os produtores socias, da mobilização conheçam a fun-
ma de contribuir é preciso que: do o campo de atuação e os papéis próprios dos diferentes profissionais
e atores que podem participar da mobilização: o que pode fazer um
e Tenham informações claras sobre os objetivos, as metas, a situ- professor frente a um grande propósito de melhoria do ensino é diferen-
ação atual e as prioridades da mobilização a cada momento. te do que pode fazer um supervisor.
Esseé um dos obletivos cla comunicação social no apoio a um Todo processode mobilização requer que o reeditor faça modifica-
movimento.
ções específicas em seu campo de atuação. Todo reeditor, por sua ocu-
pação, profissão ou trabalho tem um "campo" ou "espaço" de atuação
e Sintam-se seguras quanto ao reconhecimento, valorização e res-
que Ihe é próprio. A esse campo concorrem fatores, conceitos e deci-
peito à sua forma de ser e cle pensar. Ninguém está disposto a
sões; alguns que são modificáveis por outros atores. Por exemplo, o
correr risco de ser incompreendido e rejeitado.
campo de atuação do professor é a sala de aula. Ali concorrem fatores
8 Sintam a confiança dos outros parhcipantes quanto à sua capacida- físicos, conceitos, atuações e decisões de diferentes tipos. Alguns são
dee possibiliclaclede contribuir para o alcance dos objetivos. modificáveis por ele: o conteúdo da aula, a programação do tempo, seu
comporUmento verbal, a metodologia, a motivação e a auto-estima dos
Pode ser que no primeiro momento, os reeditores, grupos ou pesso- ) alunos, etc. Outros fatores que estão incidindo no mesmo campo não
+

f
+
[)imensões BásicasPara Estruturar Um PrometoDe Mobilizacão Dimensões BásicasPara Estruturar Um PrometoDe Mobilização ©'

são modificáveis pelo professor: a arquitetura da sala, o calendário es- Fundação Social, para a melhoria do ensino
colar, a disponibilidade dos textos, o estado nutricional dos alunos. Es- básico na Colâmbia. Mostra o análise das
sesque o professorou professoranão podem modificar podem ser mo- compreensões e decisões que os educadores tcomo
dificados por outros atores (Secretáriode Educação, etc). A exequibílídade reeditores) podem modificar. Também mostra as
de uma mobilização está relacionada com a possibilidade de propor ao variáveis que influem no campo de atuaçõo do
reeditor a modificação de variáveis e fatores que estão sob seu domínio professor, mas que devem ser modificadas por
quotidianamente e explicitar as relações que podem ser estabelecidas outros amores.
entre essas ações e o imaginário proposto.

Resumindo, é preciso que as propostas de atuação: Fonte: J.B. Toro(1992). La Calidad de la Educación Primária. Medias de
Comunicación Massha y Comunidad Civil: Et Projecto "Primero mi primário para
e Secam claras e realistas; Triun$m" en BOLETIN UNESCO-0REÁLC, n.28, Santiago de Chile,p.98.

e Respeitelm
os limitesda atuação de cada um, mas não sejam
conservadoras, que contribuam para abrir caminhos para novas
visoes;

e Não sejam explicitadas e/ou percebidas como cobrança, como


responsabilização;

e Sejam estimulantes

Esse é um dos principais aspectos a serem considerados. A


explicitação de decisões, percepções e ações possíveis tem como
objetivo ajudar a cada um a se ver no movimento, a descobrir como
pode e quer participar e contribuir para que os objetivos sejam al-
cançados.

Tendo a escola como campo de atuação e com


base nas pesquisas disponíveis, os quadros das
póqinas seguintes sõo exemplos de um proleto de
mobilização, elaborado e r;alisado pela
)imensõe?Uáliiç11i
Pglqlipçrvçyrq!yp l?r9içlp Pç Mobiliza- Dimensões BásicasParaEstruturar Um PrometoDe Mobiliza

Quadro 1: Decisões políticas, administrativas, técnicas e operacionais Supervisores e Escolasque e Apoio técnico e acadêmico para
segundo os possíveis responsáveis. Orientadores supervisiona implementação do plano de ação da
sua área de atuação
e Apoio e assessoriaaos diretores para o
Compreensões e Decisões planejamento da sua escola
a Serem Mobilizadas e Apoio aos educadores para o sucesso
Prefeito da formação
Mun icípio le Plano de desenvolvimento municipal e Recolher e processaras informações
orientado para o projeto de nação
explicitado na Constituição: cidadania Diretores de Escolaque e Elaborar com os educadores o
e desenvolvimento como sinalizadores Escola dirige planejamneto de sua escola, em coe
e indicadores de metas educativas. rência com o plano municipal
e Atuar como Produtor Social }@a no amuo 4 o e Definir as metas a serem alcançadas,
texto "Decisões segundo negociação com as outras
Secretariade Municíp io © Definição de indicadores das metas paraoêxito instâncias
Educaçãodo educativas,segundo o Plano de escolar" .
e Definir a formação requerida para o
M un icíp io Desenvolvimento alcance das metas
e Definir e condensarcom os diretores e Atuar como re-editor na sua escola
de núcleo as metaseducativas, segundo
Professores Salasde aula, e Condução democrática das aulas
o nível de desenvolvimentode cada
núcleo turmas para as e Comportamento verbal democrático na
quaisleciona sala de aula
e Alocação de recursos para os investi
e Trabalharpara o alcanceda aprendiza
mentos e a formação requerida
gem por todos os alunos
e Difusão e coletivização das metas. e Atuar como re-editor
e Estruturação e validação da rede de
comunicação para a mobilização
e Atuar como Editor Social
Diretor de Núcleo e Definir as metas educativas para o
Núcleo Educativo núcleo, de comum acordo com os
diretores
e Definir com os diretoresa formação
requerida para o alcance das metas
e Estruturara rede de comunicação com
seusdiretores e professores
e Atuar como re-editor com os diretores,
supervisorese orientadores
Dimensões BásicasPglB Estruturar Um PrometoDe Mobilização a
2- Adultosque a) Adequação da infra-estrutura física das Escolas
atuamatravés b) Garantir serviços públicos de água, luz, calçamento
do Estado sanitários, pátios de recreio, etc nas Escolas
ompreensões e Decisões a Serem Mobilizadas c) Dotar as Escolasde textos e materiais,respeitando
etnias, línguase tradições culturais
1- Adultos que a) Nomear os Reeditores d) Bibliotecas Escolares
atuam como melhores professorespara o primeiro e
jsegundo ano, para que todas as crianças tenham sucesso Legisladores, e) Capacitação docente
agentes desde cedo Ad ministrado. f) Mobiliário escolar
educativos
b) Aproveitar ao máximo a duração do ano escolar para res, Secretários g) Pagamento dos professores nas próprias escolas para
ímedlatos. melhorar o
tempo e as oportunidadesde aprendizagem de Educação, evitar perder dias de aula para receber.
das crianças Prefeitos h) Transporteescolar ou localização adequada das
escolas
c) Passartarefas escolares ad equadas e atrativas, que Participação
podem ser feitas com as aprendizagense informa çõesda modificam a i) Uso de pesquisase levantamentode informaçõespara
inversão de tomar decisões
aula e outras po ssíveissegundo o nível sócio-económico
Reeditores das crianças. recursos(deck. j) Adequado sistema estatístico
sões) k) Sistema de comunicação interna ao Sistema Educaci
Diretores de jd). Atuar sempre com expectativas positivassobre as anal
Escola,profes- crianças, para que elas adquiram um auto-conceito
sores positivo 3- Adultos da a) Valorização do trabalho do professor do primário
je) Dar atençãoaoscadernos, como a primeira obra sociedade civil
supervisores, b) Não atribuir à criança o fracasso, mas ao Sistema de
etc. jescrita das crianças Cuidado especial na seleção de Ensino e às condições criadas pelos adultos
textos. Promover a leitura em casa Reeditores
Participação c) Desenvolver uma percepção coletiva da criança. Não
mod ífícam f) Planejar um ensino rico e atrativo em conteúdos e pais de família, bastaque nossosfilhos estejam bem, é preciso uma
atividades. profissionais, preocupaçãocoletiva pelo êxito escolarde todasas
comportamen
tos cotidianos g) Distribuir as crianças de rendimento diferente nos empresários, crianças
cursos paralelos. Não colocar as crianças de baixo intele(duais, d) Valorização e preocupação com o prestígio da educa
(açõese deci.
iões) rendimento em uma sala só. jornalistas, ção pública. Nela estuda a maior parte das crianças
a no anexo l h) Planejar atividades escolares e extra-escolares levando opinião pública e) Criação de outros espaços sociais para a vida infantil e
4 o texto em cona em geral juvenil (clubes, praças de esportes, revistas, bibliotecas,
os grupos de amigos: concursos, campeonatos,
etc Participação: etc)
"Decisões para modificam sua
o êxito esco i) Entendera avaliação como a observaçãocontínua das f) Valorização de todas as etnias e diferenças culturais
lar". crianças para ver se todos estão aprendendo bem e no opinião (forma Participar,acompanhar e vigiar as decisões curriculares
tempo certo aquilo que devem aprender. de sentir).
j) Respeitaras diferentes etnias e tradições culturais
Dimensões Básicê$P4raEstruturar Um PrometoDe Mob lza

1.4- Coletivização
portamento comunicativo, tenham interessee disposição para consumir
e fornecer informações.

iU=$ !;11=Fr
::::
Eela que dá estabilidade a um processo de mobilização social.
Muitas vezes os veículos e os tipos de material que serão utilizados
na coletivização são os mesmos de uma campanha de divulgação ou de
publicidade mas,certamente,seu conteúdo e forma serãodiferentes,
porque estarão orientados a outro tipo de compromisso.
o e o único. Çãoé um importante instrumentode coletivização,mas
1.5-Acompanhamento de resultados: definição de crité.
rios e indicadores

Um processode mobilização requer ainda que sejam identificados


critérios e indicadoresque oermitam a cada pessoasaberse seu entorno
e se todo o campo de ação do movimento estão mudando na direção
desejada.
Estescritérios e indicadores devem ser discutidos e definidos de uma
forma democrática, evitando privilegiar, atravésdeles, um ou outro as-
pe(to isolado do movimento.
A informação decorrente de seu acompanhamento deve ser sempre
divulgada para todos que participam e para a sociedade em geral.
Muitas vezes é difícil dar visibilidade social aos resultados,mas é
muito importante conseguirencontrar formas de fazê-lo. Elessão im-
porhntes para manter aceso o entusiasmo dos que estão participando,
estimular a ampliação dos participantes e argumentar com os possíveis
financiadores do movimento. Nos textos do final deste capítulo estãoos
relatos de alguns movimentos, que mostram como eles encontraram
formas de acompanhar e dar visibilidade aos resultados.

t
}

+
Y'
}

54 Dimensões Básig$ Para Estrylylqryp l?!piçlg PçMgbili?igçõg


\

IMPORTANTE

2
Estas quatro dimensões básicas de um processo de
mobilização social, o imaginário, o campo de
atuação, a coletivização e o acompanhamento, Modelo de Comunicaçãopara Organizar
devem ser construídos e operados simultâneamente.
A ausência de qualquer um deles tem consequências
Orientar e Ap alar Um Processode
diferentes: oferecer só imaginário é demagógico ou
Mobilização
gera apenas angústia nas pessoas; só as atuações e
decisões, sem imaginário, conduzem a ativismos \

passageiros ou movimentos sem rumo, se não hó


coletivização ou acompanhamento por indicadores
se produz o desinteresse.

O papel e as funções da Comunicação


t
Toda mobilização social requer um projeto de comunicação em sua
+

estruturação.A comunicação social tem contribuições importantes e fun-


f
+ damentais no processode coletivização.
+

postas,etc-
Tudo isso é condição oara a coletivização o que é um ponto funda-
mentalno processode mobilização,por uma sériede justificativase
porquês:
© Primeiro, por uma questão de coerência. Se as pessoas têm que
ter autonomia, iniciativa e responsabilidadecompartilhada, elas
Modelo de Comunicação para Organizar, Orientar e Apoiar Um Modelo de Comunicação para Organizar, Orientar e Apoiar Um
}'rocesso de Imobiliza

precisam e têm direito a ter acessoa tida a informação. É um transformação é um dos maiores incentivos e um fator facilitaclor
direito e uma exigência para uma participação livre e consciente.
cla adesão de novos participantes: Primeiro, porque eles vêem
e Atravésda divulgação dos da mobilizaçãoe das que é possível agir e conseguir resultados. Depois, porque, quan-
informações e claclos que iustil objetivos, a comunica do ainda não estão muito seguros sobre o que'fazer, podem apro-
'erellille =.dando. veitar as experiências cle sucessode outras pessoasou grupos e
çãosocialcontribuipara
Ihe abrangência e oluralidacle. Essaé uma das condiçõesde su- assim "pegar impulso" para empreenderem sua própria cami-
nhada.
cesso de uma mobilização e a cliversiclade só é alcançada onde
hó uma eficaz divulgação dos propósitos do movimento e cle como
e Saber que outras pessoas estão também atuanclo, em outros
dele participar. lugares e setores,mas com o mesmo objetivo e sentido, contribui
e Os reeditores ganham segurança quando.têm acesso a essas para desenvolvero sentimentocle.poder e autonomia das pessoas
informações. É uLa oportunidade pa;a que façam uma verifica: q.ue estão pgrticilwndo cla mobilização. É esse sentimento, que
ção de pertinência di que estão falando ou fazendo. chamamos cle coletivização, que vai dar segurança de que será
post;ívelalcançar.o objetivo proposto. Cada um sabe que o que
cessa divulgação contribui ainda para pode fazer sozinho é poucoe, provavelmente,insuficientepara
curso dos reeditores. Quem o ouvir falando vai saber que ele não mudar a realiclacle, mas acredita na força cla ação cle todos. Por
tirou aquilo clo nada, que mais gente também.estáfalando sobre isso tem que estar seguro das razões cle sua ação e cle que os
isso. Esteé um ponto importantíssimo. Um reeclitor que esteja par- outros vão agir com o mesmo propósito.
ticipando de uma mobilização não pode se sentir sozinho, nem
ser visto como uma voz isolada. Quando as pessoasvêem que A comunicação pode ser concebida e estruturada de diferentes for-
aquelas idéias estão sendo compartilhadas por outros, elas.sedis- mas, de acordo com o tipo de projeto e propósitos buscados. É o prome-
põem a ouvir melhor, não as rotulam com o "isso é coisa cle fula- to ao qual pertence a comunicação que delimita seu modelo, forma,
no..." e passam a respeitar mais, são menos agressivas e resis- e os meios. Cada processode mobilização participada requer um
modelo de comunicaçãoespecífico.
tentes. O reeditar, por sua vez, sente-se mais seguro, evita com
mais facilidade os conflitos, porque não precisa ser tão enfático e A efetividade da comunicação para a mobilização participada de-
contundente para chamar a atenção das pessoas, enfim, exerce a pende muito do conhecimentoque setenha do campo de atuaçãodo
sua liderança com mais tranqijiliclacle. reeditor. A existência de pesquisase literatura sobre um campo de atu-
ação facilita a classificaçãodos fatores que podem ser alterados,seja
eA divulgação de ações e decisões dos diversos grupos Isso vai
pelo comportamento do reeditoc seja pela atuação própria de outros
ajudar a pessoase grupos a identificarem alternativas para.suas
atores, ou seja, para a definição do conteúdo da comunicação e da
próprias ações, formando um "Banca--deJdéia", que poderão escolha dos veículos e canais que serão utilizados.
ser copiadas e apropriadas por um maior número de pessoas. A
riência daqueles que estão mais adiantados no processo de

r
Modelo de Comunicação para Organizar, Orientar e Apoiar Um Modelo de Comunicação para Organizar, Orientar e Apoiar Um
o de Mobiliza- J?!gççii$pde Mobilização

Em um projeto de comunicação participada, geralmente, os três ti


2.2- A Comunicação. uma classificação
pos são necessários,ainda que a comunicação macro seja a fundamen
tal. Por isso requer um melhor aprofundamento.
Os modelos de comunicaçãopodem ser classificados,pelo menos,
em três grupos:
2.3. A ComunicaçãoMacrointencional
e A Comunicação de Massa: dirigida às pessoas como indivídu-
os anónimos. Por sua natureza constrói-se sobre códigos
A comunicação macrointencional é uma convocatória feita por um
"standarts" perceptíveis e decodificáveis por setores amplos cla
população. A publiciclacle é o melhor exemplo. produtor social, dirigida a reeditores determinados, atravésde redes de
comunicação direta, apoiada pelos meios de comunicação de massae
e A Comunicação Macro: dirigidas às pessoaspor seu papel, orientada para gerar modificações nos campos de atuação dos reeditores,
seu trabalho ou sua ocupação na sociedade. Constrói-se sobre em função de um propósito coletívo.
códigos próprios cle uma profissão ou ocupação. Os sistemasde Na página seguinte encontra-se o Modelo de Comunicação
comunicação de redesou comunidades profissionais, os sistemas
Macrointencional (modelo lógico geral), proposto por JuanJoséJaramillo.
cle educação continuada, são alguns exemplos. E também cha-
mada comunicação segmentada. E importante termos um conceito claro do que é um modelo, para
que façamos dele o melhor uso.
e A Comunicação Micro: dirigida a grupos ou pessoaspor sua
especificidade ou diferença. Não se constrói sobre códigos
"standarts" mas sobre as características próprias e diferenciais Um modelo porá ação articula as
do receptor. A comunicação entre um grupo de amigos, em uma referências teóricas e o que aprendemos
junta diretiva, em.um projeto cle bairro.ou em uma sala de aula com as experiências ió realizadas,
são alguns exemplos. Ê também chamada comunicação dirigida. fornecendo uma referência geral, um guia
para o atuação,que deve poder ser
Os diferentes meios (rádio, T\4 impressos,vídeo, fibra ética, etc) po- ajustado para as condições locais e de
dem ser usados em qualquer dos níveis anteriores, mas cada um desses cada momento.
níveis tem possibilidades distintas com relação à cobertura e efetividade
(J.B.Toro, 1992, p.97). Essasvariáveis estão inversamente relacionadas:
quanto maior a cobertura (comunicação massiva), menor a possibbilida- Ele não é, portanto, uma "camisa-de-força". Nem é estático. Um ator
de de criar modificações estáveis (efetividade). Pelo contrário, a comu- social pode estar,em um determinado momento, sendo público de um
nicação pessoal(nível micro) tem melhores possibilidades de efetividade. re-editor e, em outro momento, sendo ele próprio um re-editor. O
A comunicação macro combina a efetividade e a cobertura de uma modelo estabelece e caracteriza as relações, mas não as pereniza nem
forma específica. Isto não significa que um tipo de comunicação seja imobiliza.
melhor que o outro.
60 61

MODELO DE COMUNCAÇÃO "MACROINTENCIONAL"


MODELCLÓGICOGERAL

ÁREADEPRODUÇÃO
(Universo do Emissor) (Univ#so do Canal) (Universo do Receptor)

d
População Coletivização
MEIOS DE
de Re-editores COMUNICAÇÃODE
MASSA
»
jverificação legitimação
jde pertinência social
\

Intenção Campo
de PRODUTOR de
sentido SOCIAL Atuação POPULAÇÃO
RE-EDITOR MOBILIZAÇÃO DEINCIDÊNCIA
do EDITOR ME©AGEM DO
Re-editor RE-EDITOR
População
de Incidência

REDE DE
RE-
EDITORES
+

comunicador canal mensagem efeito Fonte: J.C. Jaramillo, (1991)


EI Modelo de Comunicación Macrointencional"
.] Fundación Social, Bogotá
]e Comunicação para Organizar, Orientar e Apoiar Um Modelo de Comunicaçãopara Organizar,Orientar e Apoiar Um
Processode Mobiliza
Processode Mobilizqçéo

Uma mesma pessoaou instituição pode estar desempenhando, ao O apoio dos meios de comunicação de massaé fundamental para
mesmotempo, mais de um papel, e um mesmo papel pode estar sendo tornar possíveis esses aspectos.
desempenhado por mais de uma pessoa ou instituição.

2.6. A linha da comunicação


2.4- As Redes de Comunicação Direta
Porque toda mobilização é uma convocação de vontades, a comuni-
A comunicação macrointencional requer que o ProdutorSocial pos- cação que Ihe é própria deve ser de natureza convocatória. Esseé um
sa se comunicar diretamente com o Reeditor que quer convocar a aspecto fundamental. A convocatória deve surgir da natureza e forma
mobilização e que o Reeditor possase comunicar com o Produtor. do imaginário e dos objetivos que a comunicação propõe. Ela é uma
A comunicação macrointencional deve poder localizar, no tempo e comunicação pública (que convém a todos), na medida em que se diri-
no espaço, os Reeditores que pretende mobilizar, para poder fazer che- ge a reeditores sociais legítimos. Por isso ela prescinde de instrumentos
gar a eles as mensagens e os instrumentos para sua atuação, em função de coação nessaconvocação e se fundamenta no compromisso autóno-
do imaginário e dos objetivos propostos. mo do reeditor. Por isso é democrática.

A comunicação macrointencíonal não supõe que o Produtor Social Mesmo quando o objetivo for a divulgação de resultados e ações, a
conheça pessoalmenteo reeditor. Requer que ele possalocaliza-lo, se- comunicação deve manter sempre essalinha de convocação, de convi-
gundo seu papel e seu campo de atuação, para convoca-lo e alimentá- te, de aberturae valorizaçãoda participaçãode todos.
lo com mensagens e instrumentos para a atuação.

2.7-0 papel dos líderes


2.5.
C)smeios de comunicação de massa
Como a circulação de informações é fundamental para o funciona-
Na comunicação macrointencional para a mobilização participada é mento e crescimento de uma rede, esta é a função principal daqueles
necessário"posicionar" o imaginário e coletivizar a atuação dos reeditores. que promovem ou lideram um processode mobilização. Elessão essen-
A força de convocação do imaginário depende de sua natureza e da cialmente facilitadores da intercomunicação e não dirigentes, coman-
difusão e ampla legitimidade que alcance, tanto para o reeditar como dantes ou coordenadores da rede. Podem se constituir em uma secreta-
para a opinião pública. O reeditor necessitasaberque os "outros" sa- ria executiva ou um conjunto delas, em colegiados ou outra forma que
bem que ele está fazendo modificações em seu campo de atuação em for julgada adequada pelos produtores em seu início ou pelos partici-
favor daquele imaginário e de determinados objetivos. Além disso, re- f
pantes quando o processo ganhar fôlego. Taisestruturas, tenham o nome
quer algum grau de certezade que outros reeditoresde sua mesma e o formato que tiverem, servem à rede, e, por isso, devem ter na qua-
categoria estão modificando seu campo de atuação no sentido do ima- lidade, na isenção e eficácia do seu trabalho, sua fonte de legitimidade.
ginário e dos objetivos propostos (sentido de coletivização). Ê

+
O reconhecimento deste trabalho, de sua importância e da legitimidade
dos que o executam é um dos fatores de sucessode uma mobilização.
+

+
PARTElll

ALGUNSASPECTOSQUE DEVEM SER


LEVADOSEM CONTA EM UM
PROCESSODE MOBILIZA ÇAO SOCIAL
l

Como se desenvolve um processo de


mobilização social

Um processode mobilização passapor dois momentos. O primei.roé


o do despertar do desejo e da consciência da necessidade de uma atitu-
de ou mudança. O segundo é o da transformação desse desejo e dessa
consciência em disposição para a ação e na própria açao.
Essesdois momentos podem estar acontecendo simultaneamente entre
públicos diferentes. Enquanto um está "despertando., o outro já está
agindo e serve de referência e estímulo para quem está.começando. Os
argumentos que serão usados nessa primeira fase mudam ao longo do
processo,tudo é vivo e dinâmico.

Na primeira etapa do despertar é preciso

e Dar informações para as pessoas para que elas tomem conde


cimento da situação que precisa ser trabalhada.

Cuidados

Aqui cabe um ressalvaimportante. Estamosfalando


de dar informação às pessoasque, a partir da infor-
68 69
í"nmo se dele

mação. recebida, vão decidir o que pensar e o que fazer:


E preciso muito cuidado para não assumir nessahora
uma atitude de cobrança, de querer que o outro pense
:=1:;===:=;n::=;s==='=K'==
mesmo objetivo e sentido.
exatamente como nós. Temosque ser claros na
informação para que cada um avalie e forme sua
opinião. Não se trata de "conscíentizar",o que, na
maioria dasvezes quer dizer: "pense como eu","avalie
como eu avalio"

Devemostransformar claclos,experiências,estatísticasem infor


maf:ão pública, isto é, vincula-los aos problemas que estamostra
bailando, fazendo um diagnóstico proatívo, que aponte as difí
culclacles,mas sinalíze com esperança e alternativa;l

e Essasesperanças e alternativas devem se expressar na criação


cle um imaginário que exprima o horizonte a ser alcançado, que
tom? visível5i nova realidade decorrente do alcance elospropósi- Por isso , um dos papéis de quem está articulando e promovfnclo
tos da mobilização. '''' -'' r' -r .ma mobilização é prover quem.estaentrando no l?rocessode um
repertório de possíveis ações e decisões, que transfo:llFm o.jn:i:-
e Acreditar que toda .pessoa está sempre disposta a participar cle m(xlo que as infiormações desperbram nelas em contribuição efe-
um processocle mudança, se vê no seu objetivo um benefício, tiva para osobletivos propostos-
uma perspectiva de um mundo melhor para ela e para aqueles a
quem se sente ligada. ' ' Uma solução interessante é propor uma.ação.coletiva, uma cam-
panha com finalidade específica, pncle fique bem c.ara a ação a
e Passar do desejo e cla consciência de necessidade cle mudança serdesenvolvidae a expectati\'ade cada um em relação aos :u-
para a :lislrsjção para a ação significa passarde umaperspec'" tros Estaativ Jade contribuirá para explicitar os objetivo)s,dar
lly? ingivjclual para uma .pe"p«uva 'Jieti«a. O «dup«t:," é visibiliclclde aos primeiros resultados, posicionando a.mobilização
individual, uma experiêllcia única de cada indivíduo 'X ação é como um movimento de ação e não exclusivamente de reivindica-

col.neva. segundo a' escolha comum de todos esses ndivícluos que


ção ou denúncia.E muito difícil que uma pes?oasaia de.uma
reunão, de uma conversaou de uma leitura disposta a sair fa
se dispõem a atear. Isso é importante, principalmente, porque
juntas, as pessoas se sentem poderosas osuficiente para alcança- zendo alguma coisa por iniciativa própria. Depois de.participar
rem o imaginário proposto. Esse sentimento existe quando: de uma primeira ativiclade em conjunto, ela estará mais dispo?ta
e segura para desenvolver outras ações, liderar um grupo, criar
e Elasestão segurasde sua autonomia para agir. altemativas, assumir publicamente seu compromisso com uma
ideia.
(}bja mais sobre este assunto no item Campo de Atuação).
2

Como dar inicio ao processo

O planejamento e preparação de um processode mobilização social


começa com três atividades:

e Estruturação das redes de reeditores;

e Converter o imaginário em materiais e mensagens que possam


ser usados no campo de atuação do reeditor;
e Estruturar os sistemas de coletivização

2.1. Estruturação das Redes de Reeditores

O primeiro passono planejamentoda mobilização é a identificação


dos setores que precisam ser mobilizados e os reeditores que se relacio-
nam com eles. Na página25 o quadro 2 mostrou um exemplo de pla-
nejamento que definiu três áreas, segundo o tipo de contribuição e par-
ticipação que cada grupo de pessoaspoderia ter e listou sugestõesde
decisõese ações.
Nesta etapa está um dos pontos mais importantes para o sucessoda
7'2. Comodar inícioaoprç?çessp Como dar início ao orocesso

mobilização. Énecessárioser preciso e considerar os pontos levantadosno e Não fornecer quantidades excessivas,mas assegurar o neles
bário. É uma forma de valorizar o material e de estimular as pes
item 1.3, da Parte 11,sobre o campo de atuação.
soama viabilizarem sua reprodução.

2.2. Preparação de materiais e Estimularpara que, na medida do .possível,sejam.pensadose


produzidos 'materiais clirigiclos a cada um dos públicos, cle uma
categoria ou cle uma região, com !nensagens adequadas a .seus
Na coletivização serão utilizados materiais, produzidos, pelo menos valores, símbolos, expenencias, enfim. seu jeito de se comunicar.
no primeiro momento, por quem está tomando a iniciativa da
mobilização. e No caso cle jornais e boletins, preocupar:se em.facilitar o acesso
Essesmateriais não têm uma finalidade promocional, mas informati- nos dois sentidos, seja como leitor ou como fonte cle novas informa-
va e convocatória. Sua função é facilitar e dar sustentação às ações de
divulgação dos propósitos, das alternativas de ação e dos resultados al-
e Os cartazes e faixas são peças muito boas para "esquentamento",
cançados, estimulando o aumento da participação.
tanto para decorar espaçosque vão sediar reuniões quanto para
Por isso, eles devem ter algumas características: a diwigação de idéias.

e Ser claro e objetivo no conteúdo e atraente na forma.


O comportamento comunicativo dos participantes vai possibilitar q.ue
e Ser "assinado" pelo movimento ou por dórios cle seus partici- sejam descobertos e criados canais e veículos que não seriam pensados
pantes.( o que é cle todos ou de muitosnão é de ninguémem convencionalmente.
particular)
Veja na Parte IV alguns exemplos de veículos não convencionais que
e Ter um baixo custo cle produção e ser facilmente reprodutível - foram utilizados em Campos Altos, À4inasGerais, para mobilizar e dar
prestar atenção no tamanho mais económico, na facilidade para visibilidade aos resultadosalcançados: o recibo de venda de mantimen-
xerocar",etc. tos, o selo em uma embalagemde café, uma placade estrada.

e Trazerexplicitada a autorização para ser reproduzido.Istofun-


ciona como estímulo para as pessoasdarem divulgação ao texto,
2.3. O momento da convocação
reproduzindo-o totalmente ou em parte, reinterpretundo-o.
Uma vez identificadosos reeditores que precisamser mobilizados,
e Ter espaço reservado para a assinatura cle eventuais patrocina preparados os materiais básicos e o projeto de comunicação, é hora de
dores. dar início ao movimento.
e O acesso a eles deve ser facilitado ao máximo. Primeiro eles devem ser procurados, informados sobre os propósitos
e as expectativas e receber o material básico que tiver sido preparado.
r'
24 çyae da/; ;ü/azbgç?pp« g Como dar início ao processo

Não é fácil caminhar na obscuridade e na incerteza, nem construir


O ideal é uma conversaindividual, pelo menoscom aquelesque seus próprios caminhos, masos resultados são gratificantes.
forem mais significativos e cuja adesão for essencial para o sucesso'do
movimento. Porexemplo: no caso de uma mobilização na área de edu- Até aqui é possívelplanejar antecipadamenteo trabalho e prepará-
lo. Daqui para frente, o movimento ganha dinâmica e identidade pró-
cação e Importante conversar com as lideranças dos professores,dos
pais e dos alunos, com os principais dirigentes do setor e com as lideran- prias. Existem alertas e sinalizações, baseados na observação e análise
ças.de.alguns setores não diretamente ligados com a educação, como da experiênciade algunsmovimentose na buscaconstantede coerên-
cia. Alguns problemas e dificuldades acontecem com mais freqüência e
centrais sindicais e entidades empresariais Além desses,valeprocurar as
vale a pena prevenir. Diante de qualquer dificuldade, a "receita" é lem-
l deranças mais significativas na cidade e um contado com a imprensa
brar de três coisas: quais são mesmo os propósitos da mobilização, o
respeito à autonomia e iniciativa de todos e de cada um e a ampliação
Quando estesestiverem informados e seguros sobre a idéia é hora de do movimento como solução para a maioria dos conflitos.
abrir mais o movimento.

Se a opção for a realização de uma reunião, o primeiro passoé listar 2.4- Sistematizar e registrar
os convidados. A lista será diferente em função' dos propósitos e da
abrangência pretendida, mas, mantidos os limites do bom senso.é me. Os processosde mobilização que não são registrados,não podem ser
Ihor. pecar l3elo excesso. Tente identificar o maior número possível de divulgados, nem servir de exemplos, positivos ou negativos.
reeditores É muito comum que alguém que não foi chamado na pri- É preciso registrá-los enquanto processos e não apenas enquanto re-
meira hora se sinta excluído e depois fique meio relutante em participar: sultados. O processo encerra ensinamentos, mais do que os resultados
sso quando ele não criar explicações para o fato, contribuindo para porsl.
criar uma imagemde que é um movimento de alguém,que restringee
escolhe quem pode ou não participar. O melhor é não correr esterisco.
2.5- Eventos e campanhas
A partir daí, se tivermos tido sucessona forma como foi apresentada
a proposta,o movimentoganha rumo próprio. No primeiro momento é A mobilização não se confunde com eventos ou campanhas, embora
bom consensaruma ação bem concreta'e de fácil visibilidade: uma
possa usar destas estratégias no seu processo.
campanha .específica, um objetivo imediato. É que nesta hora as pesso-
as ainda estarão um pouco inseguras e querendo ver como será c:toca- O evento por si só não asseguramudanças, porque ele não tem cor-
da em prática a proposta apresentada. Não dá para se ter uma receita e respondência no cotidíano. Aconteceu e acabou. Pode deixar um resí-
o único segredoé observarcom rigor os princípios de autonomia e ini- duo de sensibilidade para um problema, masestese perde na retomada
ciativa na ação. Eagir. Vale lembrar a frase de Antõnio Machado: "Ca- do día a dia.
minhante, não há caminho. O caminho se faz ao caminhar". E Mesmo um conjunto de eventos, seminários, oficinas, gincanas, pas-
comp ementa-la com São Jogo da Cruz: «Se queres chegar a um lugar seata.s,não eqüivale a um processo de mobilização. Pode estar aconte-
que não conheces, tens que pegar um caminho que também não co. cendo tudo isso e não estar ocorrendo um processo efetivo de
nheces."
mobilização.
r
76 Como dar /h/Í:'7bao P/ocesso

A mobilização não se confunde com manifestação, não exige que as


pessoasestejam fisicamente juntas, mas unidas por propósitos e senti-
dos comuns, orientados para uma ação. 3
O evento tem dois sentidos no processo de mobilização:

e Enquanto momento de troca e difusão cle informações.


Lidando com algumas dificuldades
e Enquanto "liturgia", isto é, um verificação pública, através cle
símbolos, onde manifestámos nossascrenças. Esteé um papel muito
relevante, especialmente no início do processo e em certos mo-
mentos cle seu desenrolar em que é preciso "renovar a nossa fó",
revitalizar nossossentimentose disposições. 3.1. Como romper com o fatalismo e a desesperança

A mobilização se concretiza quando os gestos, as crenças e as infor- As maiores barreiras para que uma pessoa ou grupo se disponham a
mações se consolidam, se propagam, se multiplicam e geram ações que agir são o fatalismo e a desesperança. O fatalismo acaba gerando e, de
concorram diretamente para os objetivos, em função dos quais está sen- cerra forma, justificando um certo cinismo, uma vez que por causadele
do proposta a mobilização. aceitamos conviver com situações que condenamos. Por isso o seu antí-
doto é o apelo ao compromisso, ao comportamento e aos valores éticos
Da mesmaforma, a mobilização não é uma campanha com das pessoas.Mostrar e conseguir que as pessoasvejam que existem
começo,meio e fim. Nas campanhas são definidos certos objetivos es- situações com as quais não podemos conviver, em relação ãs quais não
pecíficos e ela termina e se desfaz quando aquele objetivo é alcançado. devemos ser tolerantes.
INeste sentido a Campanha da Fome não seria considerada simples-
mente uma campanha). Quanto à desesperança, o remédio é trabalhar o conceito de cidada-
nia. E ele que vai aumentar a segurança, despertar a capacidade empre-
Mas, também as campanhas podem e, às vezes até devem, ser utili-
endedora coletiva e fazer com que as pessoasse sintam poderosas para
zadas como parte de um processo de mobilização. Elassão importantes
produzir mudanças. E aí é só começar, os primeiros resultados vão refor-
nos primeiros momentos, porque contribuem para dar visibilidade ime-
çar e ampliar este sentimento.
diata sobre objetivos e alternativas de ação. Voltam a ter seu lugar du-
rante o processo, também como estratégia de "esquentamento;'. Para
que cumpra este papel, seu objetivo deve estar sempre relacionado com 3.2. Como romper com o "costume com a ruindade"
o imaginário proposto, a participação deve ser muito facilitada e seus
resultados devem ser sempre amplamente divulgados.

"Talvez o mais trágico na sociedade brasileira atual não seja a exis-


tência da desigualdade, da miséria e da violência. O mais trágico é a
naturalidade com que todos nós convivemos com esta realidade", es-
r
Lidando com algumas dificuldades '79
Lidando com alg. mas dificuldades

creveu Margarida Vieira em artigo intitulado 9\ banalização repetência e no grande número de crianças fora da escola. Ao informar
do mal".
(Estado de Minas, 25/09/95) estes dados e refletir sobre as suasconsequências sobre a sociedade, seu
impacto na auto-estima das crianças e no seu elevado custo económico
Anos antes, Caetano Veloso já cantava: "Enquanto os homens exer- criava-se o sentimento de indignação e intolerância com a situação e a
cem seus podres poderes,/ viver e matar de raiva, de fome ou de sede./ partir daí se construía, para cada município uma visão de futuro diferen-
são tantas vezes/ gestos naturais". te, que começava com zerar o número de crianças fora da escola, de-
pois a repetêncía até chegar ao debate sobre o futuro desejado e
Estaé uma das maiores barreiras ao processo de mobilização: o "cos
aeducação necessária para construí-lo. A receita é atenção aos concei-
tume com a ruindade", o sentimentode que semprefoi assim,que
outros jã tentaram ("eu já vi este filme"...). tos de democracia, cidadania e participação e coerência no cotidiano
do movimento.
Romper com este sentimento exige assumir o destino e a construção
da ordem social. Aceitar que somos nós que a criamos, com nossas
açoes, nossasomissões e nossaspermissões e delegações para que ou- 3.4. Como alcangr abrangência e pluralidade
tros agissem por nós e que, por isso, podemos modifica-la
É condição do sucessode uma mobilização que o tratamento do
A atitude de conformismo e de não indignação só é rompida quando
problema que ela quer solucionar deixe de ser uma preocupação dos
assumimos nosso lugar enquanto cidadãos, construtores da ordem soa
círculos restritos de especialistase das pessoasque atuam diretamente
al. Por isso as informações e os argumentos de convencimento, de sobre ele para se tornar uma preocupação de um grupo maior e mais
compartilhamento do imaginário, têm que ser dirigidos às pessoasen- diversificado, que vai trazer novasvisões que contribuirão para romper
quanto cidadãos, pessoasfísicas, solidárias na construção da realidade.
com verdades estabelecidas. É preciso que se instale um novo debate,
Os sentimentos a serem despertados são de natureza ética e cidadã. com novos atores.

Um processo de mobilização não pode ter donos. A melhor forma de


3.3- Como começar quando o imaginário não está muito evitar que ele seja apropriado ou visto como de um grupo restrito, que
claro manda e define seus rumos solitariamente, é asseguraras condições
para que ele seja realmente de todos que dele quiserem participar.
A respostaé começando. Tendo um horizonte, algunsprincípios, cla- Paraisso é preciso
reza dos conceitos básicos e dos valores, o imaginário vaise configuran-
do aos poucos. Existem algumas fontes: a Constituição, as músicas, a
e Que os "Produtores Sociais" que estão liderando o processoasse
literatura e, principalmente, muita conversa. O importante é tê-lo deli-
durem:
neado, não necessariamentede maneira definitiva e precisa. No caso,
por exemplo, do Pa(to de Minas pela Educação,um movimento a favor e A livre circulação de informações;
da educação,começou-setendo como imaginário mudar uma situação
indesejável, expressa com mais eloquência nas altas taxas de evasão e
Bn Lidando com algumas dificuldades Lidando com algumas dificuldades 8À

e Articulação e mobilização de reeditores do maior número pos- A maioria dos problemase dificuldades que surgemno decorrer de
sível de setores,que contribuam para fazer do movimento uma um processo de mobilização tem uma causa comum: alguém, uma pes-
ação acima dos partidos políticos, das religiões, de todas as soa ou um grupo, estáquerendo dominar o movimento, estáassumindo
formas de divisão. a definição de seus rumos, está se tornando ou se sentindo "dono", com
mais autoridade do que os outros.
e Que os Reeditoresestejam atentos para
A solução nestescasosnão é contrapor uma outra autoridade, mas
e Evitarnomear pessoascomo dirigentesformais do trabalho. As ampliar, democratizar mais ainda o acessoe a participação, chamar mais
vezes é preciso designar pessoas como responsáveis por esta ou gente, abrir mais o leque das alternativas de ações. Quanto mais o mo-
aquela providência,'mas isso não clá a elas superioridade ou au- vimento for de todos e de muitos, menos espaço sobra para a ação de
toridade sobre as demais. A liderança cle tarefas é uma posição quem quer se apropriar dele, restringir a autonomia dos outros, se apro-
#
cle ajuda ao grupo, que cada um pode assumirna medíclaem veitar dele para conquistar poder ou benefícios.
que se sentir necessário, disponível e capaz. O essenciale o que tem que ser permanentemente preservado são
os propósitosdo movimento, ampliadosou não por deliberaçãoautó-
e Evitar polemizclr e assumir atitudes hostis para com as pessoas
noma e negociaçãoentre os que dele participam e a liberdade de inici-
que se mostrarem reticentesem relação às propostas e idéias apre'
sentadas. Procurar conversar e convencê-las. Quando isso não ativa de quem se propõe a contribuir para alcança-los. Estesdois princí-
pios são os pilares da mobilização e toda vez que alguém estiver "pe-
for possível, buscar ampliar as discussões, evltanclo que elas se-
cando" contra eles deve ser alertado pelos outros, que devem procurar
jam rotuladas de pessoas-problema, o que as akistaria ainda mais.
garantir o espaço dos que estão sendo afastados ou excluídos.
Não permitir que as críticas e as dificuldades sejam personaliza-
das

e As propostas devem sempre refletir o que une as pessoas,não 3.6. Um movimento sem hierarquia
os seus pontos de discordância. O desafio é responder sempre, e
de forma cada vez mais ampla, à pergunta: sobre o que estamos
A participaçãomaisou menosassídua,a contribuição maisdireta ou
de acordo, apesar de nossasdivergências?Essedeve ser o hori-
zonte de ação do movimento. mais indireta, o tempo em que começou a participar, nada disso gera
hierarquias e poderes.

Lembrando da "Campanha da Fome": Algumas pessoasarticularam


3.5- Mobilização Social: um movimento sem donos montaram e coordenaram um comitê em sua casa ou em sua empresa
Outras se dispuseram a participar de um comitê, reunindo-se a pessoas,
Não ter dono não significa não ser de ninguém, mas ser de todos. É identificando famílias a serem assistidase ajudando a distribuir os ali.
ser público, no sentido de que convém e pertence a todos. Sendo de mentos arrecadados. Mas teve gente que não fez nada disso, mas doou
todos, no coletivo, não é de ninguém em particular.
dez quilos de alimentos, outros doaram só um quilo. Quem participou
Lidando com ali;
Lidando com algumas dificuldades
P

do movimento ? Todos participaram e cada uma a seu modo foi igual- o crescimentodo grupo. O critério para avaliar as propostasé a
mente importante. Os resultados não seriam alcançadosse só existisse suacontribuição para os propósitos do movimento. E preciso não ter
quem quisesse doar, e não tivessem a quem encaminhar para distribuir
preconceitos e saber valorizar o que isso tem de positivo, sem deixar
ou, ao contrário, se só houvesse organizadores de comitês e não hou-
vessedoadores. que a objetividade se perca e que o movimento se distancie muito dos
resultados pretendidos.
Essaé a riqueza no processo de mobilização: tem lugar para todo
mundo e para cada um, de acordo com seu interessee suaspossibilida-
des. Não tem lugar é para o sentimento de culpa ou de inferioridade por 3.8- As dificuldades com os especialistas
l
estar participando pouco ou para a arrogância e o poder porque está
participando mais. Um dos problemas mais freqüentes é a resistência que a participação
de pessoasdiferentes desperta naqueles que são os especialistas, que se
Aqueles que, para o bom andamento do movimento, recebem mis-
sentem os donos do conhecimento sobre o assunto que se pretende
sões ou tarefas específicas e se dispõem a cumpri-las o fazem para servir tratar.
ao movimento e não para conquistar espaço ou poder, porque essassão
para todos. O espaço e o poder coletivo do movimento crescem com Essaé uma das mudanças que um processo de mobilização traz para
cada nova adesão e sempre é possível garanti-los a todos. uma sociedade e um dos motivos pelos quais ela se justifica. Os assun-
tos deixam de ter donos, de serem tratados de forma isolada de seu
conteúdo mais global, de seu interesse social, de sua vinculação a um
3.7- A ampliação dos objetivos: projeto de futuro.
Esseé um dos conflitos constitutivos da riqueza de um movimento.
Muitas vezes isso,que à primeira vista é uma coisa boa, pode se Introduz novasvisões,amplia os horizontes e dota cada campo de atu-
transformar em um problema. Depois que as pessoasdescobrem a sua
ação de critérios éticos, por isso mesmo externosa ele. Ê bom lembrar
capacidadede agir,tendem a ampliar aquilo que o Produtor Socialha-
que não devemos temer os conflitos, que eles são parte dos processos
via definido como objetivo do processo.Muitas vezesquestionama democráticos.
atuação dele próprio, querem um espaço maior de ação, interferir em
assuntosque eram prerrogativa de poucos. O movimento ganha uma O importante é respeitar as dificuldades dessesespecialistas em acei-
l
conotação reivindicatória. Issoé da natureza do processo e não há mui- tar estaabertura. Não discutir com eles os aspectostécnicos; na maioria
to como evitar. Paradoxalmente,é um problema e é um dos sinaisde }

das vezes eles entendem mesmo do assunto e são eles que vão continu-
sucesso. l ar trabalhando na área. Elesnão devem ser ou se sentirem isolados, mas
parte do processo.A sua participação é importante, só não podemos
O Produtor Sociale as liderançasdo movimento vão ter que lidar JP aceitar o imobilismo que decorre da postura de quem já sabe tudo, de
com isso. Como? Vai depender de cada situação. Ê importante que eles
quem já tem todas as respostas.
\

não assumam uma posição de resistência e aceitem discutir as propos- '{

tas. A regra geral é negociar, incorporar o que for razoável, acompanhar É imporUnte procurar conversar com eles não como técnicos, mas
como cidadãos.Tira-los da posição que os isola e coloca-los como parte
P
»

b
MJ - SbAa - CDB
B ED L ! O T E C A

àÂ. Lidando com algumas dificuldades LidaDdgçgpgjPumas dificuldades '8b


)

da sociedade, para que vejam no movimento não uma ameaça,mas


Da mesma forma que a entrada de novos participantes é natural, o
uma oportunidade de ter sua atuação ampliada e valorizada. Afinal, é a
desligamento ou afastamento de outros não deve se constituir em pro-
utilidade, a eficácia e o reconhecimento que dão sentido ao trabalho e
blema ou "trauma"
ao saber.Epreciso que eles vejam no movimento um caminho para que
sejam alcançadas as condições e os resultados que eles, sozinhos, em- Primeiro, porque é natural que aconteça. A mobilização é um movi
bora sabendo quais são, não conseguiram alcançar. mento livre em que cada um goza de total autonomia, respeitadosos
Uma das coisasque ajuda nessahora é a identificação de interlocutores seus propósitos, logo tem-se que aceitar que participa quem quer, en-
respeitados e legitimados por esse público. É preciso mobilizar esses quanto quer.
interlocutores para que eles funcionem como reeditores e contribuam Segundo, porque a base da mobilização é um consenso em torno de
para gerar um clima de aceitação e interação. uma idéia que os participantesconcordam em colocar acima das diver-
gências, apesar delas. Pode ser que em um determinado momento estas
divergências se acorrem e dificultem o entendimento e a ação conjunta.
Lembre-se: A maioria dos problemas aparecem
Toda "deserção" é ruim e deve ser evitada. E importante que quem
quando alguém quer ser dono, manipular e exercer
está se afastando tenha consciência do prejuízo que pode estar trazen-
autoridade sobre os outros, quando esquecemos o
conceito de cidadão e os princípios da democracia. do para todos, mas é fundamental respeitar a sua autonomia. Aceitar
sua decisão e não permitir que seu deslizamento se transforme em pro-
Eaía solução não é medir força ou contrapor outra
blema é uma forma de deixar a porá aberta para um possívelretorno,
autoridade, mas ampliar o movimento, abrir mais,
em outro momento, em outras condições.
dar espaço para que os conflitos apareçam e sejam
negociados, relembrar os conceitos. Por isso, não se deve aceitar provocações, caso venham a ser feitas,
nem partir para o enfrentamento. Não fazer o jogo do "tudo ou nada",
não tratar como inimigo, nem aceitar para si este papel, são maneiras de
3.9. Quando alguém abandona o movimento preservar o movimento e seus resultados.

Um processode mobilização tem que estar sempre aberto à entrada


de novas pessoasque se interessem e se dispõem a contribuir para seus
propósitos. Um novo participante não é menos importante ou capaz
que os outros. O fato de ter começado antes não confere autoridade a
ninguém, ele apenas já viu mais coisas, tem mais informações e talvez
domine um repertório maior de alternativasde ação. Porissoestámais
seguro, o que o qualifica para ajudar o que está chegando, mas não a
mandar nele ou fazê-lo sentir-se incapaz ou despreparado.
ANEXOS

ANEXO 1- PLANEANDO UMA MOBILIZAÇÃO SOCIAL

/ OS 3 GRANDES DESAFIOS BRASILEIROS

e Inserção competitiva do Brasil em uma economia globalizada

8 Erradicação das clesigualcladessociais intoleráveis

e Criação e desenvolvimentode uma ordem de convivênciacle


mocrótica, que aumente os níveis de participação da população.

2- O MEIOAMBIENTE E ESTESDESAFIOS
2.1- Inserção competitiva do Brasil em uma economia
globalizada = património ambiental como vantagem
competitiva
e Cuidado com um novo colonialismo: a preservação como con
tribuição da cidadania brasileira à humaníclade

e Ser um país competitivo com equidade interna usem.as cl?si


gualdades sociais intoleráveis) impõe um conceito ampliado de
l
88 a/mexo-7

pr(?clutividacle. Não se trata cfe produzir mais bens e sewiços que 2.3- A construção de um modelo de convivência demo.
tenham bons preços no mercado, mas cle produzir racional e c cle- crítica
quaclamenteos bens e serviços que permitam uma vida digna
paratodos.
©As liçõesda natureza
e De dom a recurso: o desafio cla ciência e cla tecnologia é trans
formar o que é dom em recurso utílizóvel, mascapc z de preser eAprencler a não agredir ao outro:
var e gerar riqueza e não só dinheiro. "Entre os mamíferos super;ares, o Homem é uma
das poucas espéciesque ataca e destrói seus
a'
congêneres: conhece a tortura e é capflf de matclr
out;bs de sua própria espécie. Isto o diferencia da
confundir riqueza com dinheiro. Não adianta
maioria dos animais que estão geneticamente
conseguir dinheiro se para isto estamos destruindo
inibidos para matar outro animal. de sua própria.
a nossariqueza comum: a água, o oxigênio, a especie. Por.isso, o ser humano deve ser.ensinado
qoresta tropical, a biodiversidade.' (Bernardo
Foro) não agredir, nem física, nem .pslfologicamente,
a outro ser humano." {Bernardo Toro)

2.2. Desigualdade e meio ambiente e Aprender a valorizar a vida clo outro como minha própria vida

© Aorender a valorizar a diferença como uma vantagem que me


e Os dois custos clo modelo de progresso que anotamos: permite ver e compartilhar outros modos de pensar, sentir e atuar.
e Os miseróveís e A lição da biodiversidade

8 0 meio ambientedegradado e Aprender a buscar a uniclacle, mas não a uniformiclacle.

"Os ricos degradaram por ganância e os pobres por necessida- e O cuiclaclo com o meio ambiente como exigência cla convivên
ae'
cia democrática

e O meio ambiente adequado como direito de todos. e" Aprender a conviver clemocraticamenle é , antes de tudo, apEen'
der a estar no mundo. A convivência democrática é possívelse
aceitamos que somos parte cla natureza e do Universo, e que não
é possível ferir o planeta Terra sem ferirmos a nós mesmos."
IBernardo Toro).
anexo-l anexo-7 91

e Aprender a conviverdemocraticamenteexige: e Desenvolvimento sustentável x Desenvolvimento precatório

re Aprender a perceber o planeta Terra como um ser vivo clo qual e O cuidado com o ambiente é um compromisso social entre con-
Fazemos parte e sem o qual desaparecemos. temporâneos

e Aprender a cuidar, valorizar e clekncler o ar, a água, a flores- e Todos temosdireito a um meio ambiente sadio e o dever
ta, a biocliversicladeetc, como a verdade;ro rhueza comum, a decontribuir para assegurar este direito a todos os nossoscon-
auajnõo pode ser apropriada para benefícios privados e par- temporâneos.
ticulares.

.Aprender a conhecer todas as formas cle vida e da natureza e


a forma como elas dependem de nós e nós delas.
4- EIXO TEMÁTICO:A AGUA

e Aprender a defender e a cuidar do espaço público clãscidades


e clo campo como os lugares onde nós hl)mens nos encontramos e 4./ A água como bem público
nos expressamos como seres no mundo.

e Aprender a controlar o lixo e o clesperclícioe aprender a opor e Isto significa, em primeiro lugar, que a água é um bem de to
dos, que deve ter seu uso regido pelo interessecomum da socie
nos à produção de desperdíciose resíduosque clestróema vida
Jade.

© " A democracia supõe que é a sociedade civil que constrói o


3- EIXO CONCEITUAL:APRESERvAÇIAO
DO MEIOAM3- público" . Uma escolapública é uma escolacle todos e não .uma
1ENTE COMO COMPROMISSO DE TODOS escola do governo, um espaço público é um espaço de todos e
não um espaçodo governo.O público é aquilo que .pertencee
eO cuidado com o meio ambiente é responsabiliclaclecle t.üos e convém a il)dos. "A força clãs instituições públicas e clãs leis que
não pode se restringir a uma função de governo. regem as relações da .sociedade depende de que umas.e outras
reflítum os interessesdos cidadãos. quando a sociecJadecivil se
e O cuidado com o ambiente é um compromisso ético com as organiza, quando os indivíduos se constituem.emsujeitos slTiais,
geraçõesfuturas buscam que o público (o que convém a todos) surja da delibera-
ção e da 'participação dos implicados; que o público reflita a co-
e " O mundo nao nos foi claclo cle presente pelos nossosantepas- munidade e a sociedade civil. Quando isto ocorre vêm seus inte-
sados..mas nos foi emprestado por nossos filhos" O compromisso f resses representados no "todo geral", no Estado, e a..açao públi-
élif' d' ".ssa geraçà? é asse«rar «m amble«é Üã=;il;'ã ca é apoiada pela sociedade e se torna transparente". (Bernarclo
viciapara asgeraçõesfuturas.' r
Toro)

?
anexo-]
anexo-7 q3

4.2- A água como bem escasso


ambiente sadio e adequado à promoção cla vida

e Reconhecimentoincondicional do dever coletivo cle cuidar clo


--.,
"':;ul!:=#=n=Vg#S==gyn
'.' =:=: ambiente para assegurar estedireito.

e Considerara participação cle todos como um valor clemocráti


tal Por queretum da escasso ela é um recurso estrategico e como co e uma necessidadesocial.

e Por que é um bem escassoela precisa ser cuidada e preservada. e Respeitar e confiar na cgpacidacle clãs pessoas de decidir cole
tivaménte sobre suas escolhas.

+.3-A água como bem económico © Acreditar na importância cle se liberar a energia, a criativiclacle
e o espírito empreendedor clãs pessoas e clãs coletiviclades.

$l$GlãtlFt : ü:r }

5.2. O que é mobilização social


}

e O custo na água. depende da sua qualidade na captação. cla


ue ser armazenados. que ser captada e dos volumes que têm e Mobilização social é convocar vontades (discursos, decisões e
ações) para um propósito determinado, para uma mudança na
realiclacle.

© Mobilização social não é comunicação social, nem campanhas


publicitárias, embora.estes sejam instrumentos que podem (ou nãos
ser usados em uma dinâmica de mobilização social.

;- EIXO ESTRATÉGICO: MOBILIZAÇ:Ã0 SOCIAL 8 Mobilização social não é manifestação de rua. As manifesta-
ções são "celebrações" onde as pessoas manifestam coletíva e
publicamentesuas convicçõese podem ou não ocorrer em uma
dinâmica clemobilização social. Seu obletivo, como o da comuni-
cação social, é dar visibilidade.

e Reconhecimento incondicional do direito igualitário a um meio


94 anexo-7 anexo-7 95

5.3. Etapas de uma dinâmica de mobilização social


5.6- Elementos/Amores
básicos de um processo de
mobilização social
e Transformaçãode dados, experiências, estatísticasem infor-
mação capaz cle despertar o desejo e a consciência cla necessi e Produtores: São aqueles que estão propondo o processo, que
Jade de uma atitudeou mudança. vislumbraramprimeiro sua relevância.Cabe a elesarticular a
formulação do "imaginário convocante". São eles também que
Paraisto é preciso:
formulam os objetivos estratégicose definem os meios para
e criar um imaginário que exprima o horizonte a ser alcançado alcança-los.
lou evitado).
© Editores: Transformam o conteúdo proposto em mensagens ade-
e'Toda pessoaestá sempre disposta a participar cle um preces' quadas a cada grupo cle reeditores. Identificam os reeditores acle-
se cle mudança, se vê no seu objetivo um benefício, um mundo quaclos ao processo que estão articulando e definem como falar
q melhor para ela e para os outros a quem se sente ligada" como eles. Asseguram o permanente fluxo cle informações entre
eles
#

e Transformação clo desejo e da consciência de necessidade de


li mudançaem disposição para a ação. e Reeclitores: Pessoas que na sociedade têm público próprio, um
pároco, um professor, um líder comunitário, etc. O reeditar tem a
apara isto é preciso que as pessoas se sintam poderosas o sufici capacídaclede modificar, introduzir ou eliminar mensagensden-
ente para alcançar o imaginário proposto. tro de seu público.

e Este sentimento existe quando:


5.7- Níveis de atuação
belas enxergam o que podem fazer para contribuir no seu coti-
cliano (não necessariamente na sua rotina), no seu ambiente cle
Nível macro-político.
vicia, com as pessoasque conhece e se identifica. É preciso que
elas se vejam, consigam explicitar e proletar ações e resultados X © Relações envolvidas: Governo, sociedade e política ambiental
com os quais elas possam se comprometer.

e Elas sabem que outras pessoas estão, ao mesmotempo, em e Atires: lideranças públicas, empresariais, trabalhistas, políti
cas e religiosas, etc.
outros lugares, de formas diferentes, desenvolvendo ações com o
mesmoobjetivo e sentido.
e Expectativa em relação a ele: Definição cle políticas, discurso e
decisões compatíveis com os propósitos.
)6 anexo-l P

anexo- l q

Nível micro-político
l
#

6.3- Definir critérios e formas de apoio às propostas de


ação dos reeditores.
© Relaçõesenvolvidas: Ciclaclãos, comunidade e ambiente local.
f

e Atires:.poder local, constituído pelas diversasesferascle orga-


nização cla comuniclacle,governo, grupos, entidades, etc. }
6.4- Estruturar as formas mínimas adequadas de
institucionalização para assegurara operação continua
e Expectativas: Atitudes cle não indiferença, discursos, decisões e daeeficaz.
ações coletivas voltadas para o objetivo proposto. t
f

Nívelbásico
r 6.5. Estruturar os sistemas de coletivização.
P
e Relaçõesenvolvidas: pessoas,famílias, turmas, meio ambiente
quadro de vicia.

estores: cidadãos, sua família, seus amigos etc

e Expectativas: Atitude cle não indiferença, discurso, disposição }

para participar e agir coletivamente, ações e decisões individuais l


ou de grupo coerentescom os obletivos propostos.

6- EIXO OPERACIONAL
}

6. 1- Identificar e estruturar as redes de reeditores em


]
cada um dos níveis de ação.

8.2- Converter os imaginários em materiais e mensagens


:lue possam ser usados no campo de atuação dos
reeditores.

4zJana próxima página um quadro que pode ajudar a planear um processo de


mobilização.
n

r
0 ü,8
'&

[ [
N

0
E ANEXO 2- Por que um movimento de cada
0 dada pelas águas?
80

E
:

©
Primeiro, por respeito à vida.
gc:
a)
E
'FI e À vida dos que tem nela seu habitat e dele dependem.para
C
sobreviver. A preservação da biodiversidade é uma manifesta-
ções do respeito ao direito cle viver, clo respeito às diferenças.
0
C
e À vida que ela cria e possibilita nos lugares onde passa.. À
3
vicia nas florestas e matas,à vicia que a agricultura cria e produz,
:
l à vicia clãs populações ribeirinhas que têm nos rios seu sustento,
seu meio de transporte, sua vida e sua morte.
9
3 r e Às vidas que ela preserva quando chega limpa às vilas, luga-
0' l rejos e cidades. As cfoenças decorrentes.dà. falta cle água tratada,
l como a cliarréia, são responsáveispelos altos índices de mortali-
dade infantil no Brasil e nos paísesem desenvokimento.Dos 92
milhões de pessoasque chegam a este mundo anualmente, 88
milhões nascem nestes países.

e A nossa geração e as gerações futuras que dela dependem


para uma vida com qualidade, para uma vida.mais integrada à
natureza, não como senhoresmas como parte dela, co-responsá-
veis por sua digniclacle e preservação. AÍ trata-se de cuidar clãs

l
100 ,anexo -.2 4nexo-.2 101

águas não apenas como recurso, mas como elemento. A sensa- mas ainda a custosmuito elevados, os meios para se obter água
ç.aorepousante cle uma.bucha de ch.uveira é uma pálida imitação }

clãs geleiras e icebergs e de desalinização da água


da intensa renovação cleenergias cle um banho Je cachoeircl A
nosi;ageração ió não pode se banhar nos rios onde nossospais © O problema, então, não é de quantidade, mas de qualidade e
nadaram quando crianças. Nos resta olhar como paisagem os
1-«'ww:7vBBH va disponibilidade, disponibilidade quando e onde ela é necessária
rios e lagoas onde eles.brincaram e pescaram com seus amigos. e qualidade para o uso pretendido.
As conquistas tecnológicas cle nossa'geração nos permitem não
apenas.evitar que a situação se agrave, mas reverlê-la, clevolven- e Atualmente mais cle um quinto da população mundial urbana
a. . «ía.à; óJ«; .«a. ii.i. .i. =i,.:i;i:.; i.IE.;.;l.:iÜ:l;Éll; e 70% da rural não dispõe de água adequada e suficientepara
as suas necessidades. Cerca de 2 bilhõe1l de pessoas no mundo
como queremos ser reconhecidos pela História: como quem deu
continuiclacle a um lento trabalho cle destruição e mo;fiou como nao' tem água potável disponível e a falta de água é a razão
quem deu um basta à prepotência humana e ao clesrespeilo,como principal cla pobreza de dezenas de regiões e países
quem Inaugura um novo tempo, uma relação com o mundo fun-
dada no açor à vicia e não r;o cedo da mora

Terceiro, porque apesar de tudo que já caminhamos neste senti


do ainda há muito que fazer:
'0 mundo não nos foi presenteado por nossos
antepassados, mas emprestado por nossos filhos"
Provérbio africano
8 Em recente pesquisa feita pelo lbope, 60% das pessoasacham
que meio ambiente é sinónimo de mata:.água e animais, 22%
t associam meio ambiente à cidade e só 15% mencionam o esgoto
Segundo, porque a água está se tornando cada vez mais rara: Ç
o l xo doméstico, ânibus e automóveis como problemas ambienbis.
Embora tenha avançado muito a consciência sobre os problemas
}

e [P água existente no planeta, 99% não está disponível para t


eco ógicos, ela ainda é muito fechada no meio ambiente natural,
uso humano. 97% é salgada, encontrada' nos oceanos e mares e andei homem é excluído.
}

2% formam geleiras inacessíveis. Apenas 0,7% dessa água é c oce +

e af)enas. ] 0% dela corre nos rios. O restante está armazenado +

l
e A legislação lá existente é suficiente e relativamente eficaz para
+

:?:l.le«fói; subo«â«T.s, .«""s e «a «midade do s.ÊI'Xi';l;Sl- l


punir mas tímida em.prevenir os problemas ambientais, pouco
clacle de água total do planeta tem de mantido constante desde l eficaz como estimulaclora das ações de preservação.
+

quando podemos estima-la e deve permanecer assim num futuro +

R'e«isí«l.
.Calc«la-se
q« o h.mem'
p.ssa
«tii:;';ill:;l'a:1;3:. t
+
e Os movimentos da sociedade para preservação do meio amai
cle desta água doce cle superfície,'o que representadez vezes +
ente têm sido responsáveis pela 'maioria dos avanços,. mas.falta
mais do que seu consumo anual. Além disso la estão disponíveis, f lhesdivulgação, articulação, reconhecimentoe uma série cle
+

+
102 ,anexo-2

fatores que poderiam contribuir para aumentar a sua eficácia e a


As ações requeridas para o cuidado da água são de natureza diversa
sua abrangência.
e por isso requerem estratégias divesas de implementação. Existem ações
que exigem a participação de governos, mas a.maioria depende de ati-
Póf'que cidadania pelas águas? tudes pessoais, fruto de uma ética de responsabilidade solidária, que só
pode ser desenvolvida a partir de uma postura cidadã, de compromisso
A Constituição Brasileiradeclara, no seu artigo 225:

'lodos têm direito ao meio ambiente


ecologicamente equilibrado, bem de uso Qual é a novidade deste jeito de cuidar da água?
comum do povo' e essencial à sadia
!ualjdade d; vida, impondo-se ao Poder A maior novidade é que o Estadonão está se colocando acima dos
Público e à coletividadeo dever de cidadãos,na velha posturado "paizão" que vai cuidar de tudo e zangar
Jefendê-lo.e preserva-lo para as quando alguémfizer a coisaerrada. Ele secoloca ao lado da cidadanial
presentes efuturas gerações." co' mo pane dela. Estaatitude não nasceapenas da impossibilidade atual

de carência de recursose dificuldade de investimentos,masdo reco-


Este compartílhamento de responsabilidades não é mero exercício nhecimento dos seus limites, do desejo de eficácia e antes, de mais
de retórica, mas uma exigência da realidade. A necessidade de milhares nada, da consciênciaprofunda de cidadãos que, no momento, fazem
partedo governo.

HH!:EB:llf
dade do Estado. ' ín:! EEÊ
"' Quais são os objetivos do movimento?

Em cada canto deste país é preciso ter cada cidadão informado, cui-
Cidadania e democracia são pressupostosde eficácia para a gestão
las águas,no mínimo porque uma pessoaem Brasília,em Belo Hori- dando e defendendo a água, os rios, riachos, carregos, arroios, nascen-
tes, bicas,etc. Esteé o ideal, a meta, o desejo.Um desejo que tem que
:onte ou em qualquer escritório urbano nunca vai cuidar da água tão
ser construído a cada passo, agregando os esforços que já existem, di-
)em quanto o seu.usuário pode cuidar. Sua açãoserá forçosamente
maisnormativa e de punição a posteriorido que de prevenção e cuida- vulgando-os, estimulando o surgimento de novos grupos e pessoasagin-
do a priori. do, seja no seu cotidiano, com naturalidade, apenas usando com mais
respeito, racionalidade e cuidado a água de cada dia, seja participando
Os cuidados com o PlanetaTerra,com a vida sustentável dependem de movimentos para limpar um rio. Sejaele um lavrador que aplica com
mais das convicções das pessoase de seu compromisso com essascon- mais cuidado o inseticida para evitar contaminações e preservaa matinha
vicçõesdo que de ações de governo. E a forma como a maioria das da nascente ou o grande industrial que deve investir pesadamente para
pessoaspode melhor expressarestecompromissoé na vida de sua co- devolver limpa a água que captou limpa para seu uso. O administrador
munidade
público que direciona investimentos para o tratamento do esgoto,ou a
]04 ,anexo-.2

professora que busca despertar nos seus alunos o amor à vida e o deseje
de participar da vida, dos problemasde sua comunidade e da buscade
çnliirãpc
:rVVU.

Quando se fala em mobilização social é nissoque estamosfalando:


cada um no seu cotidiano, do seu jeito, fazendo alguma coisa para al-
cançar um mesmo objetivo, por um mesmo sentido. Cuidar da água por
amor e respeito à vida, de cada um de nós, de nossoscontemporâneos,
dasgerações que virão.

Estaé a condição para que tenhamos de volta nossosrios e lagos


limpos, onde nossosfilhos e netos possam nadar e pescar.
Quem faz parte deste movimento? ANEX03 Programa Nacional de Direitos
Todo mundo que quiser participar, que estiver fazendo alguma coisa, Humanos
seja ela na dimensão que foc que de alguma forma estiver contribuindo
para que tenhamos água pura e limpa para todos e para sempre.

Como o movimento funciona na prática?


O Movimento de Cidadania pelas Aguas não nasce para ser mais
uma organização institucional no já conturbado espaço de estruturas DISCURSO DO PRESIDENTE
governamentais e não governamentais. Ele se resume a alguns Centros
de Referência, responsáveis por favorecer o processo de troca de infor-
mações e experiências, como animador de alguns segmentos para que
se organizem e se comprometam com algumas ações, como articulador Não há como conciliar democracia com assériasinjustiçassociais, as
de apoios. formas variadas de exclusão e as violações reiteradas aos direitos hu-
manos que ocorrem em nossopais
Quatro destescentrosjá estão instalados. Um funciona em Brasília,na
própria Secretariade RecursosHídricos e pode ser contatado atravésdo A sociedade brasileira está empenhada em promover uma democra-
telefone (061 ) 225-9982. O segundo Centro de Referência fica em Belo cia verdadeira. O Governo tem um compromisso real com a promoção
Horizonte, telefone (031) 337-9667. O terceiro, em Curitiba. na dos direitos humanos.
UNILIVRE - Universidade Livre do N'leio Ambiente, telefones (041) 254-
No dia 7 de setembro, fiz um apelo a todos os brasileirospara uma
5548 e 254-3734, e o quarto se localiza em PortoAlegre e atendepelo
telefone(051)226-4207. ' ' mobilização ampla em favor dos direitos humanos. Criamos um.Prêmio
dos Direitos Humanos. E prometemos preparar um Programa Nacional
de Direitos Humanos, tal' como recomendava a Conferência f\mundial
1 06 Ár7exo -3 Anexo
-3 107

de Direitos Humanos, realizada em Viena em 1993, cujo Comitê de Re- de civil. Estecaminho, nósestamosdecididos a trilhar, com determina-
dação foi presidido pelo Brasíl. cão.
Iniciamos juntos, o Governo e a sociedade, uma caminhada para O ProgramaNacional de Direitos Humanos foi elaborado a partir de
pregar os direitos humanos como um direito de todos, para proteger os ampla consulta à sociedade. Algumas dezenas de entidades e centenas
excluídos e os desamparados. de pessoas formularam sugestões e críticas, participaram de debates e
seminânos.
Realizamos uma campanha contra a violência sexual e convidamos
para um debate em Brasília as mais altas autoridades de segurança e do A maior parte das ações propostas neste importante documento tem
Judiciário dos Estados. por objetivo estancar a banalização da morte, seja ela no trâns to, nj fila
Participei pessoalmente das comemorações relativas ao terceiro cen- do pronto socorro,dentro de presídios,em decorrênciado uso ndevi
do de armas ou das chacinas de crianças e trabalhadores rurais. Outras
tenário da morte de Zumbe. Naquela ocasião criei um Grupo de Traba-
recomendações visam a obstar a perseguição e.a discriminação contra
lho Interministerial para a Valorização da População Negra.
os cidadãos. Por fim, o Programa sugere medidas para tornar a Justiça
O N4inistériodo Trabalho tem exercido fiscalização semtrégua sobre mais eficiente, de modo a assegurarmais efetivo acessoda população
o trabalho forçado, sobretudo o de crianças. Em junho de 1 995, deter- ao judiciário e o combate à impunidade.
minema criação do Grupo Executivo de Repressãoao Trabalho Forçado
Estouconvencido de que o Programa Nacional de Direitos Humanos
GERTRAFpara permitir a coordenação dos esforçoscom vistasa banir
o trabalho forçado. será o guia a pautar as nossasações! do Governo e da sociedade, para
construiro que é a aspiração maior de todos nós: um Brasil maisjusto.
Em benefício das mulheres, o Governo assinou, em 8 de março de
1996, protocolos específicos na área de saúde, educação, trabalho e Fernando Henrique Cardoso
lustlça.
Em dezembro, fiz a entrega da primeira parte dos Prêmios Direitos
Humanos, em um valor de 75 mil reais.
Não obstante este conjunto expressivo de iniciativas, o passode mai-
or conseqüêncía certamente será o da adoção do Programa Nacional
de Direitos Humanos. Esteserá, estou seguro, um marco de referência
claro e inequívoco do compromisso do Paíscom a proteção de mulhe-
res e homens, crianças e idosos, das minorias e dos excluídos.
Todos nós sabemos que não é possível extirpar, de um dia para o ou-
tro, com um passe de mágica, a injustiça, o arbítrio e a impunidade. Es-
tamos conscientes de que o único caminho está na conjugação de uma
ação obstinada do conjunto do Governo com a mobilização da socieda-
PROGRAMA NACIONAL DE DIREITOS
HUMANOS

Os Direitos Humanos são os direitos de todos e devem ser protegidos


em todos os Estadose nações.
Os assassinatos,as chacinas, o extermínio, os seqüestros, o crime or-
ganizado,o tráfico de drogase as mortes no trânsito não podem ser
consideradas normais, especialmente em um Estadoe em uma socieda-
de que se desejam modernos e democráticos.
É preciso dizer não à banalização da violência e proteger a existência
humana. É neste contexto que o Governo brasileiro, sob a presidência
de Fernando Henrique Cardoso, decidiu elaborar o Programa Nacional
de Direitos Humanos.
Direitos humanos são os direitos fundamentais de todas as pessoas,
sejam elas mulheres, negros, homossexuais, índios, idosos, portadores
de deficiências, populaçõesde fronteiras, estrangeirose migrantes,re-
fugiados, portadores de HIV, crianças e adolescentes, policiais, presos,
l l O ,Anexo
-3 Anexo -3 l l l

despossuídos e os que têm acesso à riqueza. Todos, enquanto pessoas, sos atores sociais e governamentais uma atitude firme, segura e perseve
devem ser respeitados, e sua integridade física protegida e assegurada. unte no caminho do respeito aos direitos humanos.

Direitos humanos referem-se a um sem número de campos da ativi- O Programa Nacional de Direitos Humanos ap.ontanessadireção, e
dade humana: o direito de ir e vir sem ser molestado;o direito de ser está dirigido para o conjunto dos cidadãos brasileiros. O Programa é
tratado pelos agentes do Estado com respeito e dignidade, mesmo ten- uma clara afirmação do Governo Federal com os comp.romissosassumi-
do cometido uma infração; o direito de seracusadodentro de um pro- dos, pelo Brasil,externamente e com a população na luta contra a vio-
cesso legal e legítimo, onde as provas sejam conseguidas dentro da boa lência em geral.
técnica e do bom direito, sem estar sujeito a torturas ou maus tratos; o
O Governo Federal,com a iniciativa do ProgramaNacional de Direi-
direito de exigir o cumprimento da lei e, ainda, de ter acessoa um Judi-
tos Humanos, quer ir além de um quadro profundamente preocupante,
ciário e a um Ministério Público que, ciosos de sua importância para o
marcadono passadopor um Poder Público deficiente e indiferente ao
Estadodemocrático, não descansemenquanto gravesviolações de di-
desrespeito à tranqüilidade e segurança do cidadão comum. A incon-
reitos humanos estejam impunes, e seus responsáveissoltos e sem puni- formídade da sociedade brasileira com esta situação é essencial para
ção, como se estivessemacima das normas legais; o direito de dirigir seu
que este estado inaceitável de coisas seja afinal superado
carro dentro da velocidade permitida e com respeito aos sinais de trân-
sito e às faixas de pedestres, para não matar um ser humano ou Ihe cau- O objetivo do ProgramaNacional de Direitos Humanos (PNDH),
sar acidente; o direito de ser, pensar, crer, de manifestar- se ou de amar elaborado pelo Ministério da Justiçaem conjunto com diversasorgani-
sem tornar-se alvo de humilhação, discriminação ou perseguição.São zaçõesda sociedadecivil, é, identificando os principais obstáculosà
aqueles direitos que garantem existência digna a qualquer pessoa. promoção e proteção dos direitos humanos no Brasil, eleger prioridades
e apresentarpropostas concretas de caráter administrativo, legislativo e
O entendimento deste princípio é indispensável para que haja uma I'ítico-cultural que busquem equacionar os mais graves prol?le.mas
mutação cultural e, em conseqüêncía, uma mudança nas práticas dos que hoje impossibilitam ou dificultam a sua plena realização. O PNDH
Governos, dos Poderesda República nassuasváriasesferase, principal- é resultante de um longo e muitas vezes penoso processo de democrati-
mente, da própria sociedade. É justamente quando a sociedade se zação da sociedade e do Estado brasileiro.
conscientiza dos seusdireitos e exige que estes sejam respeitados, que
se fortalecem a Democracia e o Estadode Direito. A Constituição de 1988 estabelece a mais precisa e pormenorizada
carta de direitos de nossa história, que inclui uma vasta identificação de
O esforço dos Governos federal, estaduais, municipais, das autorida- direitos civis, políticos, económicos, sociais, culturais, além de um con-
des judiciárias, legislativas e da própria sociedade como um todo ainda junto precisode garantiasconstitucionais.A Constituiçãotambém im-
não foram capazesde diminuir o desrespeitodiário aosdireitos huma- põe ao Estado brasileiro reger-se, em suas relações internacionais,.pelo
nos no Brasil. princípio da "prevalência dos Direitos Humanos" (art. 4Q,11).Resultado
desta nova diretiva constitucional foi a adesão do Brasil, no início dos
A falta de segurançadas pessoas,o aumento da escaladada violên- anos noventa. aos Pa(los Internacionais de Direitos Civis e Políticos, e
cia, que a cada dia se revela mais múltipla e perversa, exigem dos diver- de Direitos Económicos, Sociais e Culturais, às Convenções Americana
1 1 2 Ar7exo -3 Anexo
-3 113

de Direitos Humanos e contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas rou o Programa Nacional de Direitos Humanos que ora se submete a
Cruéis, Desumanos ou Degradantes, que se encontram entre os mais toda a Nação-
importantes instrumentos internacionais de proteção aos direitos huma-
nos. Paralelamentea esta mudança no quadro normativo, o Governo . Atualidade dos Direitos Humanos -
Federalvem tomando várias iniciativas nasesferasinternacional e inter-
na que visam a promover e proteger os direitos humanos. A adoção pela AssembléiaGeral das Nações Unidas da Declaração
Universalde Direitos Humanos, em 1948, constitui o principal marco
Por iniciativa do então Chanceler Fernando Henrique Cardoso reu- no desenvolvimento da idéia contemporânea de direitos humanos. Os
indissociá-
niram-se, no N4inistériodas RelaçõesExteriores,em maio de 1993. re- direitos inscritos nesta Declaração constituem um conjunto
presentantes do Ministério da Justiça, da Procuradoria-Geral da Repú- vel e interdependente de direitos individuais e coletivos, civis, políticos,
blica, além de parlamentares, e as mais importantes organizações não- econo' micos, sociais e culturais, sem os quais a dignidade da pessoa hu-
governamentaisde direitos humanos, com a finalidade de elaborar um mana não se realiza por completo. A Declaração transformou-se, nesta
relatório com diagnóstico das principais dificuldades do país,de modo a última metade de século, em uma fonte de inspiração para a elaboração
definir a agenda do Brasil para a Conferência Mundial de Direitos Hu- de diversascartas constitucionais e tratados internacionais voltados à
manos realizada em Viena em junho de 1993. Após esta conferência, proteção dos direitos humanos. Estedocumento, chave do nossotem-
setores do Estado e diversas entidades de Direitos Humanos foram con- po, tornou-se um autêntico. paradigma ético a partir do qual se pode
vocados pelo então Ministro da Justiça, Maurício Corrêa, com a finali- medir e contestar a legitimidade de regimes e Governos. Os direitos ali
dade de elaborar uma Agenda Nacional de Direitos Humanos. inscritos constituem tioje um dos mais importantes instrumentos de
nossacivilização visando a assegurarum convívio social digno, justo e
Em 7 de setembro último, o Presidente Fernando Henrique Càrdoso pacífico.
reiterou que os direitos humanos são parte essencialde seu programa Os direitos humanos não são, porém, apenas um conjunto de princí-
de Governo. Para o Presidente, no limiar do século XXI, a "luta pela li- pios morais que devem informar a organização da sociedade e a criação
berdade e pela democracia tem um nome específico: chama-se Direi- do direito. Enumeradosem diversostratados internacionais e constitui-
tos Humanos". Determinou, então, ao Ministério da Justiçaa elabora- ções,asseguramdireitos aos indivíduos e coletividadese estabelecem
ção de um Programa Nacional de Direitos Humanos, conforme previsto obrigações jurídicas concretas aos Estados. Compõem-se de uma série
na Declaração e Programa de Ação de Viena, adotada consensualnlen-
de normas jurídicas clarase precisas,voltadas a proteger os interesses
te na ConferênciaMundial de Direitos Humanos,em 25 de junho de mais fundamentais da pessoa humana. São normas cogentes ou progra-
1993, na qual o Brasilteve uma destacadaparticipação. ' máticas que obrigam os Estadosnos planos interno e externo.
O Governo. brasileiro, embora considere que a normatízação consti- Com o estabelecimento das Nações Unidas, em 1945, e a adoção de
tucional e a adesão a tratados internacionais de direitos humanos sejam diversostratados internacionais voltados à proteção da pessoa humana,
passosessenciais e decisivos na promoção destes direitos, está consci- os direitos humanos deixaram de ser uma questão afeta exclusivamente
ente de que a sua efetívação, no dia a dia de cada um, depende da atu- aos Estadosnacionais, passando a ser matéria de interesse de toda a co-
ação constante do Estado e da Sociedade. Com este objetivo se elabo- munidade internacional. A criação de mecanismosjudiciais internacio-
1 1 4 Anexo -3 Anexo
-3 115

naisde proteção dos direitos humanos, como a Corte Interamericana e reitor humanos são direitos de todos, e as entidades da sociedade civil
a Corte Européia de Direitos Humanos, ou quase-judiciais como a Co- possam lutar por ess.esdireitos e organizar-se para atuar em parceria
missão Interamericana de Direitos Humanos ou Comitê de Direitos Hu- co m o Estado,é fundamental que seus direitos civis elementares sejam
manos das Nações Unidas, deixa claro esta mudança na antiga formula- garantidos e,. especialmente, que a Justiça seja uma instituição garanti-
ção do conceito de soberania. É certo, porém, que a obrigação primária dora e acessível para qualquer um.
de asseguraros direitos humanos continua a ser responsabilidade inter-
na dos Estados Serão abordados, no Programa,os entraves à cidadania plena, que
levam à violação sistemáticados direitos, visando a proteger o direito à
vida e à integridadefísica; o direito à liberdade; o direito à igualdade
A natureza do Programa Nacional de Direitos Humanos
perante à lei.
O ProgramaNacional de Direitos Humanos,como qualquer plano O Programacontempla, igualmente, iniciativas que fortalecem a atu-
de ação q ue se pretenda exeqüível, deve explicitar objetivos definidos e
ação das organ izações da sociedade civil,.para p criação e consolidação
precisos. Assim, sem abdicar de uma compreensão integral e indissociá- de uma cultura de direitos humanos. Nada melhor para atingir esseob-
vel dos direitos humanos, o Programa atribui maior ênfase aos direitos
jetivo do que atribuir a essasorganizaçõesuma responsabilidadeclara
civis, ou seja, os que ferem mais diretamente a integridade física e o es-
na promoção dos direitos humanos, especialmente nas iniciativas volta-
paço de cidadania de cada um.
das para a educação e a formação da cidadania.
O fato de os direitos humanos em todas as suastrês gerações - a dos Na elaboração do Programaforam realizadosentre novembro de
direitos civis e políticos, a dos direitos sociais, económicos e culturais, e
1995 e março de 1996 seis seminários regionais - São Paulo, Rio de Ja-
a dos direitos coletivos - serem indivisíveis não implica que, na defini- neiro, Recife, Belém, Porto Alegre e Natal, com 334 participantes, per-
ção de políticas específicas - dos direitos civis - o Governo deixe de con- tencentes a 210 entidades. Foram realizadas consultas, por telefone e
templar de forma específica cada uma dessasoutras dimensões. O Pro- fax, a um largo espectro de centros de direitos humanos e personalida-
grama, apesar de inserir-se dentro dos princípios definidos pelo Pacto des. Foi realizada uma exposição no Encontro do Movimento Nacional
Internacional de Direitos Civis e Políticos, contempla um largo elenco dos Direitos Humanos, em Brasília, no mês de fevereiro de 1996. Final-
de medidas na área de direitos civis que terão conseqüências decisivas
mente, o projeto do Programafoi apresentadoe debatido na l Confe-
para a efetiva proteção dos direitos sociais, econâmícose culturais, rência Nacional de Direitos Humanos, promovida pela Comissão de Di-
como, por exemplo, a implementação das.convençõesinternacionais reitos Humanos da Câmara dos Deputados, com o apoio do fórum das
dos direitos das crianças, das mulheres e dos trabalhadores.
ComissõesLegislativasde Direitos Humanos, Comissão de Direitos Hu-
Numa sociedadeainda injustacomo é a do Brasil,com gravesdesi- manos da OAB Federal, N4ovimento Nacional de Direitos Humanos,
gualdadesde renda, promover os direitos humanos tornar-se-á mais CNBB, FENAJ, INESC, SERPAJe CIÀ41. O Programa foi encaminhado,
factível se o equacionamento dos problemas estruturais- como aqueles ainda, a várias entidades internacionais.Neste processo de elaboração,
provocados pelo desemprego, fome, dificuldades do acessoà terra, à foi colocada em prática a parceria entre o Estadoe as organizaçõesda
saúde, à educação, concentração de renda - for objeto de políticas go- sociedade civil. Na execução concreta do Programa, a mesma parceria
vernamentais.Paraque a população, porém, possaassumirque os di- será intensificada. Além das organizações de direitos humanos, univer-
1 1 6 Anexo -3

sidadesccentros de pesquisa, empresas, sindicatos, associaçõesempre-


sariais,fundações,enfim, toda a sociedadebrasileiradeveráter um pa-
pel ativo para que o Programa se efetive como realidade
O Programa Nacional de Direitos Humanos abre uma nova dinâmi-
ca. Governo e sociedade civil respeitam a mesma gramática e articulam
esforços comuns. O Programa passa, desta forma, a ser um marco refe-
rencial para as ações governamentais e para a construção, por toda a so-
ciedade, da convivência sem violência que a democracia exige.

PROPOSTAS DE AÇOES GOVERNAMENTAIS

Políticaspúblicas para proteção e promoção dos direitos humanos


no Brasil:

' Apoiar a formulação e implementação de políticas públicas e pri-


vadas e de ações sociais para redução das grandes desigualdades
económicas, sociais e culturais ainda existentes no país, visando à
plena realizaçãodo direito ao desenvolvimento.

©
Criar um Cadastro Federal de Inadimplentes Sociais, que relacione
os estados e municípios que não cumpram obrigações mínimas de
proteção e promoção dos direitos humanos, com vistas a evitar o
repasse de recursos, subsídios ou favorecimento a esses inadim-
plentes.
1 1 8 Anexo -3 Anexo
-3 119

Proteçãodo direito à vida


Estimular o aperfeiçoamento dos.critérios para seleção, admissão,
Segurança das pessoas capacitação, treinamento e reciclagem cle policiais.

Curto prazo e Incluir nos cursos das academias de polícia matéria específica se
bre direitos humanos.

©
[=H]liU]:EH]B:':u: ;==:ü:
e Implementar a formação de grupo de consultoria para educação
em direitos humanos, conforme o Protocolo de Intenções tlrmaoo
entre o Ministério da Justiça e a Anistia Internacional para ministrar
cursos de direitos humanos para as polícias estaduais.

:l;lm.:nlUlgH;i
:u::$:=i«=n.:: . Estruturar a Divisão de Direitos Humanos, criada recentemente no
organograma da Polícia Federal.
Apoiar p.rogramaspara prevenir a violência contra grupos em situ . Estimulara criação e o fortalecimento das corregedori.asde políc.ia,
ação mais vulnerável, caso de crianças e adolescentes,'idosos, mu com vistas a limitar abusos e erros em operações policiais e emitir
Iheres, negros, indígenas, migrantes, trabalhadores sem tema e ho
mossexuais. diretrizes claras a todos os integrantes das forças policiais com rela-
ção à proteção dos direitos humanos.
' Apeúeiçoar a legislação sobre venda, posse, uso e porte de armas ' Proporo afastamentonasatividadesde policiamento de policiais
e mun ções pelos .cidadãos, .condicionando- os a rigorosa compro- acusados de violência contra os cidadãos, com imediata instaura-
vação de necessidade, aptidão e capacidade de manuseio.
ção de sindicância, sem prejuízo do devido processocriminal.

: :=n:,g:J:UmH:.=:=:1::=;=:==,ç::
os de serviço.
Incentivar a criação de Ouvidorias de Polícia, com. represerltantes
da sociedade civil e autonomia de investigação e fiscalização.

. Estimular a implementação de programas de seguro de vida e de


' Apoiar a criação de sistemas integrados de controle de armamen saúde para policiais.
tos e munições pelos Governos estaduais, em parceria com o Go
verno Federal.
' Apoiar a criação de um sistema de proteção.especial à família dos
policiais ameaçados em razão de suas atividades.
Implementar programas de desarmamento, com açõescoordena
das para.apreender armas e munições de uso proib do ou possuí ' Estimular programas de cooperação e entrosamento entre policiais
das ilegalmente. ' ' ' ' -' -- r civis e mil'itares e entre estes e o Ministério Público.
1 20 ,Anexo-.3 Anexo
-3 121

Apoiar, com envio de pedido de urgência, o Projeto de Lei nQ73 Luta contra a impunidade
queestabeleceonovoCódigodeTrânsito. ' ' ''
Curto prazo
Promover programas de caráter preventivo que contribuam nâr'
diminuir a incidência de acidentes de trânsito. r.'u-'

Médio prazo

' Incentivar programas de capacitação material das polícias, com a pública manifeste interesse.
necessáriae urgente renovação e.modernização dos equipamen-

í:'a=$E=:ll$1:
1:UEiB:l
tos de prestação da segurança pública. '' '
©

Apoiar as experiências de polícias comunitárias ou interativas, en- do na Câmara dos Deputados.


trosadas com conselhos comunitários, que encarem o policial
como agente de proteção dos direitos humanos. e

' Apoiar programas de bolsas de estudo para aperfeiçoamento téc-


nico dos policiais.

' Rever a egislação regulamentadora dos serviços privados de segu- tivo da reforma agrária.
rança,com o objetivo de limitar seucampo de atuação,proporci-

'Hl:=ÊEEIX IH ;#Ul;
onar seleção.rigorosa de seus integrantes e aumentar a supervisão
do poder público. ' ' ''
res
' Estimulara regionalização do intercâmbio de informações e coo-
peração de atividades de segurança pública, com apoio aos atuais 8
Apoiar, no contexto da reforma.do Estado,coordenada pelo Mi.
Conselhos de Segurança Pública do Nordeste, do Sudeste e do En- nistério da Administração e Reforma do Estado, propostas para
torno, e a outros que venham a ser criados.
modernizar o Judiciário e para fortalecer o sistema de proteção e
© promoção dos direitos humanos, de forma a agilizar os protestos,
Apoiar a expansão dos serviços de segurança pública, para que es- t''mplif car as regrase procedimentos e aumentar as garantias do
tes se façam presentes em todas as regiões do país. ' tratamento igualitário de todos perante a lei.
1 22 Anexo -3 Anexo
-3 123

' H
Apoiar a expansão dos serviços de prestação da justiça, para que
estes se façam presentes em todas as regiões do país.

especiais civilsipllcaçan e manutenção, pelos Estados, de juizados

!:S:'5EL=n=:!F=i:TE:==:!:ZtH:?,
~'-';- :ÇH;UIRRGl;HIT::
:n::
'BM=lB$:EHHEB=':
:::s::
'aMEi,HllãiZH :
poder público.

Estimular a criação do serviço "Disque Denúncia" em todo país e


instituir esseserviço nas repartições públicas federais que integram
' =U:=E=:HJ=.n:lS=ã'HEU:=::Lmí# o sistemafederal de segurançapública.

Médio prazo

' Propor a revisão da legislação sobre abuso e desacato à autorida-


de.

e
' p fica o crime de tortura.o do Projetode Lei nQ4.716-A/94 que ti-

aumentar a absorção de tecnologias.

Incentivar a criaçãoe fortalecimento de conselhosde defesados


direitos humanos nos Estadose Municípios. '' '
n=;:==='==
nal
=:$F==2=Í'::===:=t:'.=1:
124 Anexo-3 Anexo
-3 125

' Dar continuidade à estruturação da Defensoria Pública da União Médio prazo


bem como incentivar a criação de Defensorias Públicas junto a to-
das as comarcas do país. Criar um sistema de avaliação permanente sobre os critérios de
classificação indicativa e faixa etária.
Longo prazo
Promover o mapeamento dos programas radiofónicos e televisivos
Apoiar a criação do Conselho Nacional de Justiça,com a função que estimulema apologia do.crime, da violência, da tortura, das
de fiscalizar as atividades do Poder Judiciário. discriminações, do racismo, da ação de grupos de extermínio, de
grupos paramilitares e da pena de morte, com vistas a identificar
Proteção do Direito à Liberdade
responsáveis e adotar as medidas legais pertinentes.

Liberdade de Expressão e Classificação Indicativa Trabalhoforçado


Curto prazo
Curto prazo
Promover o debate, mediante encontros, seminários, com todos
Rever a legislação para coibir o trabalho forçado
os setores vinculados ao tema da liberdade de expressão e da clas-
sificação indicativa de espetáculos e diversões públicas, buscando 8
fortalecer os mecanismos para fiscalizar e coibir o trabalho força-
uma ação integrada e voltada para o interesse público nesseassun- do, com vista à eficácia do Programa de Erradicação do Trabalho
10
Forçado e do aliciamento de trabalhadores - PERFOR,criado pelo
©
Decretode 3 de setembrode 1992.
Propor alteração na legislação existente sobre faixa etária, com vis-
tas a adequa-las aos dias e necessidades atuais. Apoiar o Grupo Executivo de Repressão.ao Trabalho Forçado
GERTRAF, vinculado ao Ministério do Trabalho.
Estabelecercom os produtores e distribuidores de programação
um diálogo, franco, cordial e aberto visando à cooperação e sensi- Incentivar a ampliação dos Serviçosde Fiscalização/Móvel do f\4i
bilização dessessetores para o cumprimento da legislaçãoem vi- nistério do Trabalho com vistas à coibição do trabalho forçado.
gor, convidando-os a uma participação efetiva neste processo.
Médio prazo
Estruturaro Departamentode ClassificaçãoIndicativado Ministé- Criar, nas organizações policiais, divisões especializadasde coibi-
rio da Justiça, de modo a dota-lo de capacidade operativa compa- ção ao trabalho forçado, com atenção especial para as crianças,
tível com sua missão institucional.
adolescentes, estrangeiros e migrantes brasileiros.
126 Anexo-3 Anexo
-3 127

Penas privativas deliberdade quer açõesque atentem contra a dignidade e os direitos humanos
dessas pessoas.
Curto prazo
Médio prazo
Reativare difundir nos Estadoso sistemade informática penitenci-
e
ária - INFORPEN, de forma a agilizar processos e julgamentos e Incentivar a agilização dos procedimentos judiciais, a fim de redu
evitar excessosno cumprimento de pena. zir o número de detidos à esperade julgamento.

Apoiar programasde emergência para corrigir ascondições inade- Promover programasde educação, treinamento profissional e tra
quadas das prisões, criar novos estabelecimentos e aumentar o nú- balho para facilitar a reeducação e recuperação do preso
mero de vagas no país, em parceria com os Estados,utilizando-se
recursosdo Fundo Penitenciário Nacional - FUNPEN. . Desenvolver programas de assistência integral à saúde do preso e
de sua família.
Estimulara aplicação dos dispositivos da Lei de ExecuçõesPenais
referentes a regimes de prisão semi-aberto e aberto. Proporcionar incentivos fiscais, creditícios e outros às empresas
que empreguem egressosdo sistema penitenciário.
Incentivar a implementação de Conselhos Comunitários, confor-
Realizar levantamento epidemológico da população carcerária
me determina a Lei de Execuções Penais,em todas as regiões, para
brasileira.
auxiliar, monitorar e fiscalizar os procedimentos ditados pela J'usti-
ça criminal.
Incrementar a descentralização dos estabelecimentos penais, com
Promover a discussão,em âmbito nacional, sobre a necessidade a construção de presídios de pequeno porte que fácil item a execu-
de se repensar as formas de punição ao cidadão ínfrator, incenti- ção da pena próximo aos familiares dos presos.
vando o Poder Judiciário a utilizar as penas alternativas contidas
Longo prazo
nas leis vigentes com vistas a minimizar a crise do sistema peniten-
ciário.
Incrementar a desativação da Casa de Detenção de São Paulo (Ca-
randíru), e de outros estabelecimentos penitenciários que contra-
' Propor legislação para introduzir penas alternativas à prisão para riem as normas mínimas penitenciárias internacionais.
os crimes não violentos.

' Estimular a criação de cursos de formação de agentes penitenciári


os

Propor normatização dos procedimentos de revista aos visitantes


de estabelecimentos
prisionais,com o objetivode coibir quais-
1 28 Anexo -3 Anexo
-3 129

Proteçãodo direito a tratamento igualitário perante a lei Incentivar estudos, pesquisase programas para limitar a incidência
e o impacto do consumo de drogas ilícitas.
Direitos Humanos, Direitos de Todos
Apoiar açõespara implementação do PANAD Programa de Ação
Curto prazo
Nacional Antidrogas.
©
Propor legislaçãoproibindo todo tipo de discriminação,com base 8
em origem, raça, etnia, sexo, idade, credo religioso,convicção po- Apoiar a participação das pessoasportadoras de HIV/AIDS e suas
lítica ou orientação sexual, e revogando normas discriminatórias organizações na formulação e implementação de políticas e pro-
na legislação infraconstitucional, de forma a reforçar e consolidar a gramas de combate e prevenção do HIV/AIDS.
proibição de práticas discri minatórias existente na legislação cons-
titucional. Incentivar campanhas de informação sobre HIV/AIDS, visando a
} esclarecer a população sobre os comportamentos que facilitem ou
Estimular a criação de canais de acessodireto e regular da popula- dificultem a sua transmissão.
ção a informações e documentos governamentaispara tornar o
funcionamento do Executivo, Legislativoe Judiciário maistranspa- Apoiar a melhoria da qualidade do tratamento das pessoascom
rente, como, por exemplo, a criação de um banco de dados que HIV/AI DS, o que deve incluir a ampliação da acessibilidade e a di-
possibilite, inclusive, o acompanhamento da tramitação de inves- minuição do seu custo.
tigações e processos legais relativos a casosde violação de direitos
humanos.
Incentivar estudos, pesquisase programas para limitar a incidência
e o impa(to do HIV/AIDS.
Lançaruma campanha nacional, envolvendo estados e muni-
cípios, com o objetivo de dotar todos os cidadãos, num prazo de
Estimular a criação de PROCONs municipais
um ano, dos documentos fundamentais de cidadania, tais como
certidão de nascimento, carteira de identidade, carteira de traba-
lho. título de eleitor e certificado de alistamento militar (ou certifi- Estimular, a exemplo da Ordem dos Advogados do Brasil e da Fe-
cado de reservistaou certificado de dispensade incorporação). deração Nacional de Jornalistas, a criação de secretarias, departa-
mentos ou comissõesde direitos humanos e cidadania nos sindi-
Instituir a concessão gratuita das certidões de nascimento e de óbi- catos, centrais de trabalhadores, federações e entidades populares
to paratodos os cidadãos. e estudantis.

©
Melhorar a qualidade do tratamento das pessoasdependentes do Médio prazo
consumo de drogas ilícitas, o que deve incluir a ampliação da
acessibilidade e a diminuição do seu custo. Instituir a carteira nacional de identidade

MJ - Slnhã - OuDB

B EB L 1 0 T E C A
1 30 Anexo -3
Anexo
-3 131

Crianças e Adolescentes Incentivar os programasde capacitação de conselheiros à distân


cia
Curto prazo
8
' Apoiar a produção e publicação de documentos que contribuam
Apoiar o funcionamento do Conselho Nacional dos Direitos da para a divulgação e aplicação do Estatuto da Criança e do Adoles-
Criança e do Adolescente - CONANDA r-'nHtP

8
Incentivarprogramasde orientaçãofamiliar com.o objetivo de ca- Instituir uma política nacional de estímulo à adoção, principal
pacitar as famílias a resolver conflitos familiares de forma não vio- mente por famílias brasileiras, de crianças e adolescentes efetiva
lenta, e a cumprir suas responsabilidades de cuidar e proteger as mente abandonadas, a fim de lhes possibilitar a convivência famíli
crianças. ar

Propor alteraçõesna legislaçãopenal com o objetivo de limitar a Apoiar a regulamentaçãodo decreto legislativoque promulgou a
incidência da violência doméstica contra as crianças e adolescen-
Convenção sobre Cooperação Internacional e Proteção de Crian-
tes ças e Adolescentes em Matéria de Adoção Internacional, realizada
em Haia (1993), com a designaçãode uma autoridade central em
' Propor alterações na legislação penal e incentivar ações com o ob matéria de adoções internacionais no Brasil.
jetivo de eliminar o trabalho infantil, punindo a prática de sua ex
ploração. Apoiar a criação, pelos tribunais de justiça dos estados,de comia
iões de adoção.
Dar continuidade à Campanha Nacionalde Combate à Explora-
ção Sexuallnfanto-juvenil.
' Incentivar a criação de estruturas para o desenvolvimento de pro
Incentivar a criação de estruturas para o desenvolvimento de pro gramassocioeducativos para o atendimento de adolescentes infra
I'nrpç
gramassocioeducativos para o atendimento de adolescentes infra
I'nrpç
Promover, em parceria com Clovernos estaduais e municipais e
©
Propor a alteração da legislação no tocante à tipificação de crime com a sociedade civil, campanhas educativas relacionadas às situ-
de exploraçãosexualinfanto-juvenil, com penalizaçãopara o ex- ações de risco vivenciadas pela criança e pelo adolescente, como
plorador e usuário. violência doméstica e sexual, prostituição, exploração no trabalho
e uso de drogas,visando a criar e manter um padrão cultural favo-
©
Incentivar a criação, nos estados e municípios do país, dos Conse rável aos direitos da criança e do adolescente.
lhos dos Direitos da Criança e do Adolescente, Conselhos Tutela
rese Fundosdos Direitos da Criança e do Adolescente. Estendero Programade Merenda Escolaràs creches
1 32 Anexo -3 Anexo
-3 133

Apoiar o Programa Brasil Criança Cidadã, desenvolvido pela Se- Apoiar a criação, pelo PoderJudiciário, f\ministérioPúblico e pelos
cretaria de Assistência Social do UPAS. Governos estaduais, de varas, promotorias e delegadas especiali-
zadas em infrações penais envolvendo menores, como previsto no
Apoiar o Fórum Nacional de Prevençãoe Erradicaçãodo Trabalho Estatuto da Criança e do Adolescente.
Infantil, coordenado pelo Ministério do Trabalho.
Mulheres
Promover a discussão do papel dos meios de comunicação no
Curto prazo
combate à exploração sexual infanto-juvenil.

Médio prazo ' Apoiar o Conselho Nacional dos Direitos da f\mulherna formulação
eimplementação de políticas públicas para a defesa dos direitos
' Investir na formação e capacitação de l)rofissionais e encarregados da mulher.
da implementaçãoda política de direitos da criançae do adoles-
e
cente nos Governos estaduais e municipais e nas organizações não Apoiar o ProgramaNacional de Combate à Violência Contra a
governamentais. Mulher, do Governo Federal.
©
Implantar sistema nacional e sistemasestaduais de informação e
Incentivar a criação de centros integrados de assistência a mulhe
monitoramento da situação da criança e do adolescente,focali- res sob risco de violência doméstica e sexual.
zando principalmente: (a) criação e funcionamento de Conselhos
de Direitos da Criança e do Adolescente e Conselhos Tutelares; lbl
localização e identificação de crianças e adolescentes desapareci- Apoiar as políticas dos Governos estaduais e municipais para pre
dos; (c) violação de direitos de criançase adolescentes,que con- venção da violência doméstica e sexual contra as mulheres.
temple o número de denúncias,número de processos,local da
ocorrência, faixa etária e cor das crianças e adolescentes envolvi- Incentivar a pesquisa e divulgação de informações sobre a violên-
dos, número de casos; (d) prostituição infanto-juvenil; (e) mortes cia e discriminação contra a mulher e sobre formas de proteção e
violentas de crianças e adolescentes. promoção dos direitos da mulher.

Longo prazo
' Asseguraro cumprimento dos dispositivosexistentesna Lei ne
Incentivar o reordenamento das instituições privativas de liberda- 9.029/95, que dá proteção às mulheres contra a discriminação em
de para menores infratores, reduzindo o número de adolescentes razão de gravidez
autores de ato infracional por unidade de atendimento, com prio-
ridade na implementação das demais medidas socioeducativas Apoiar o projeto de lei que altera o Código Penal nos crimes de es
previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente tupro e atentado violento à mulher.
1 34 ,Anexo-3 Anexo
-3 135

Médio prazo a igualdade de direitos das mulheres e dos homens em todos os ní-
veis, ncluindo saúde,educaçãoe treinamento profissional,traba-
Regulamentar o artigo 7e, inciso XX{ da Constituição Federal, que ho, segurançasocial, propriedade e crédito rural, cultura, política
prevê a proteção do mercado de trabalho da mulher através de'in. e justiça.
centivos específicos.
População Negra
' Revogar as normas discriminatórias ainda existentes na legislação
infraconstitucional, incluindo particularmente as normas do Códi- Curto prazo
go Civil Brasileiro que tratam do pátrio poder, chefia da sociedade Decreto
e
conjugal, direito da anulação do casamento pelo homem quando Apoiar o grupo de.trabalho.interm.jnisterialcriado por
a mulher não é virgem, privilégio do homem na fixação do domicí- Presidencialde 20 de novembro de 1995 com o objetivo de suge-
lio familiar. rir açõese políticasde valorizaçãoda população negra.

8
Reformular as normas de combate à violência e discriminação Inclusão do quesito "cor" em todos e quaisquer sistemas de infor
contra as mulheres,em particular, apoio ao projeto do Governo mação e registro sobre a população e bancos de dados públicos.
que trata o estupro como crime contra a pessoae não mais como
cume contra os costumes. e

Incentivar a inclusão da perspectiva de gênero na educação e trei-


namento de funcionários públicos, civis e militares e nas diretrízes GTEDEO de constituição tripartite deverá definir um programa de
curriculares para o ensino fundamental e médio, com o objetivo
de promover mudanças na mentalidade e atitude e o reconheci-
mento da igualdade de direitos das mulheres, não apenas na esfe-
ra dos direitos civis e políticos, mas também na esfera dos direitos
económicos, sociais e culturais.
B SBIl :a'=ç'
Incentivar e apoiar a criação e instalação, a níveis estadual e muni-
8 cipal, de Conselhos da Comunidade Negra.
Incentivar a geração de estatísticasque evidenciem salários,jorna-
das de trabalho, ambientes de trabalho, doenças profissionais e di Estimular a presença dos grupos étnicos que compõem a.nossa po'
reitos trabalhistasda mulher. nulação em propagandas institucionais contratadas pelos órgãos
da administraçãodireta e indireta e por empresasestataisdo Go-
Longo prazo verno Federal.

Definir políticas e programas governamentais, nas esferas federal, Apoiar a definição de ações de valorização para a população negra
estadual e municipal, para implementação das leis que asseguram ecom políticas públicas.
1 36 Anexo -3 Arlexo-3 137

' Apoiar as ações da iniciativa privada que realizem discriminação Adotar o princípio da criminalização da prática do racismo, nos
positiva. ' Códigos Penal e de ProcessoPenal.

' Estimular as Secretarias de Segurança Pública dos Estadosa reagi


©
Estimular que os livros didáticos enfatizem.a história e as lutas do
zarem cursos de reciclagem e seminários sobre discriminação raci povo negro na construção do nosso país, eliminando estereótipos
e discriminações.

Médio prazo Consti


Divulgar as Convenções Internacionaisr os dispositivos da
tuição Federal e a legislação infraconstitucional que tratam do ra
cismo.
fraconstitucional. ''' ';
8
Apoiar a produção e publicação de documentos que contribuam
' Aperfeiçoar as normas de combate à discriminação contra a popu- para a divulgação da legislação antidiscriminatória.
lação negra. ' '' '' - - ''-r'
8 Facilitar a discussão e a articulação entre as entidades da comuni-
' Criar banco de dados sobre a situação dos direitos civis, políticos,
sociais{ económicos e culturais da população negra na sociedade dade negra e os diferentes setores do Governo, para desenvo ver
p anos de ação e estratégiasna valorização da comun idade negra.
brasileira que .oriente políticas afirmativas visando à promoção
dessa comunidade. ' ' -'
e
Longo prazo
Promover o mapeamento e tombamento dos sítiose documentos
detentores de reminiscências históricas, bem como a proteção das Incentivar ações que contribuam para a preservação da memória e
manifestações culturais abro-brasileiras. ' ' fomento à produção cultural da comunidade negrano Brasil.

Propor projeto de lei, visando à regulamentaçãodos art. 21 .5,216 Formular políticas compensatórias que promovam social e econo
e242 daConstítuição Federal. ' ' '' ' ' micamente a comunidade negra.

Desenvolver ações afirmativas para o acessodos negros aos cursos Sociedadeslndígenas


profissionalizantes, à universidade e às áreas de tecnologa de
ponta. ' Curto prazo
©
Determinar ao l BGE a adoção do critério de se considerar os mula formular e implementar políticas de proteção e promoção dos di
tos, os pardos e os pretos como integrantes do contingente da po reitos das populações indígenas, em substituição a políticas assumi
pulação negra. ' ' ' ' lacion estase assistencial estas.
138 Anexo-3 Anexo
-3 139

e
e Promover a divulgação de informação sobre os indígenase os seus

=Z:,=m=uunuH!:!:i!.=1:::E direitos, principalmente nos meios'de com.unicaçãoe nas escolas,


como forma de eliminar a desinformação(uma das causasda dis-
criminação e da violência contra os indígenas e suasculturas).

=8=q=m:=a=:::'Em::s
:K Médio prazo

Implantar sistema de vigilância permanente em terras indígenas,


com unidades móveis de fiscalização, com capacitação de servi-
' dicionalmente ocu das sociedades indígenas às terras que eles tra- dores e membrosda própria comunidade indígena.

8 Levantarinformações sobre conflitos fundiários e violência em ter-


' Demarcar e regularizar as terras tradicionalmente ocupadas por ras indígenas, a serem integradas ao mapa dos conflitos fundiários
sociedades indígenas que ainda não foram demarcadas e regulari- e violência rural no Brasil.

Longo prazo
©
Reorganizar a FUNAI para compatibilizar a sua organização com a
função de defender os direitosdas sociedadesindígenas.
e desenvolvimento de
Apoiar junto às comunidades indígenas o n - - nA n m L\ l f'b rl

projetos auto-sustentáveis do ponto de vista económico, ambien-


tal e cultural.

Estrangeiros,Refugiadose Migrantes Brasileiros


' Dotar a FUNAI de recursossuficientespara a realizaçãode sua
missão de defesa dos direitos das sociedades indígenas, particular- Curto prazo
mente no processo de demarcação das terras indígenas'.
Desenvolver programa e campanha visando à regularização da si-
tuação dos estrangeirosatualmente no pais
:il=liS:BllgllX;il:P;Ênnu:: Adotar medidas para impedir e punir a violência e discriminação
contra estrangeiros no Brasil e brasileiros no exterior.
Assegurar às sociedades indígenas uma educação escolar diferen.
dada, respeitando o seu universo SocioculturJ. ' ' ---- ---'.--''-' Propor prometode lei estabelecendo o estatuto dos refugiados.
1 40 Anexo -3 Anexo
-3 141

Médio prazo e
Incentivar o equipamento de estabelecimentos.públ.icose meios
de transporte de forma a facilitar a locomoção dos idosos.
Estabelecer política de proteção aos direitos humanos das comum.
dades estrangeirasno Brasil. Longo prazo
e
Estabelecerpolítica de proteção aosdireitos humanos dascomum. Generalizar a concessão de passe livre e precedência de acesso
dades brasileiras no exterior. aos idosos em todos os sistemasde transporte público urbano.

Longo prazo 8
Criar, fortalecer e descentralizar programas de assistênciaaos ido
de forma a contribuir para sua integração à família e à socieda
Reformular a Lei dos Estrangeiros,através da apreciação pelo Con de e incentivar o seu atendimento no seu próprio ambiente
gresso do Projeto de Lei ne 1 .81 3/91 , que regula a situação jurídi
ca do estrangeiro no Brasil. Pessoasportadoras de deficiência

Terceiraldade Curto prazo

Curdo prazo Formular políticas de atenção às pessoasportadoras de deficiên-


cia, para ,a implementação de uma estratégia nacional de integra-
Estabelecerprioridade obrigatória de atendimento às pessoasido- ção das açõesgovernamentaise não governamentais,com vistas
sas em todas as repartições públicas e estabelecimentos bancários ao efetivo cumprimento do Decreto nÓ914, de 6 de setembrode
do país. 1993

©
facilitar o acessodas pessoas idosas a cinemas, teatros, shows de Propor normasrelativasao acessodo portador de deficiência ao
música e outras formas de lazer público. mercado de trabalho e no serviço público, nos termos do art. 37,
Vlll, da Constituição Federal.

Apoiar as formas regionais denominadas ações governamentais in- . Adotar medidas que possibilitem o acesso das pessoasportadoras
tegradas, para o desenvolvimento da Política Nacional do Idoso. de deficiências às informações veiculadas pelos meios de comuni-
cação.
Médio prazo
8 Médio prazo
Criar e fortalecer conselhos e organizações de representação dos
idosos, incentivando sua participação nos programase projetos . Formular programa de educação para pessoasportadoras de defi
governamentaisde seu interesse. ciência.
Anexo -3 143
142 Anexo3

Implementar o programa de remoção de barreiras físicasque im- Incentivar, em parceria com a sociedade civil, a criação de prê-
pedem ou dificultam a locomoção das pessoasportadoras de defi- mios, bolsase outras distinções regionais para entidades e perso-
ciência, ampliando o acesso às cidades históricas, turísticas, estân- nalidades que tenham se destacado periodicamente na luta pelos
direitos humanos.
cias hidrominerais e grandes centros urbanos, como vistos no pro-
meto"Cidade para Todos".
Estimular os partidos políticos e os tribunais eleitorais a reservarem
Longo prazo parte do seu espaço específico à promoção dos direitos humanos.

Conceber sistemasde informações, com a definição de basesde . Atribuir, anualmente, o Prêmio Nacional de Direitos Humanos
dados relativamente a pessoasportadoras de deficiência à legisla-
ção, ajudas técnicas, bibliografia e capacitação na área de reabili-
tação e atendimento. Médio prazo

Educação e Cidadania. Bases para uma cultura de Direitos Huma- Incentivar a criação de canais de acesso direto da população a in-
nos: formações e meios de proteção aos direitos humanos, como linhas
telefónicas especiais.
Produção e Distribuição de Informações e Conhecimento
Conscientização e Mobilização pelos Direitos Humanos
Curto prazo
Curto prazo
Criar e fortalecer programas de educação para o respeito aos direi-
tos humanos nas escolasde primeiro, segundoe terceiro graus, Apoiar programasde informação, educação e treinamento de di-
através do sistema de "temas transversais" nas disciplinas curricu- reitos humanos para profissionais de direito, policiais, agentes pe-
lares, atualmente adotado pelo Ministério da Educaçãoe do Des- nitenciários e lideranças sindicais, associativas e comunitárias,
porto, e atravésda criação de uma disciplina sobre direitos huma- para aumentar a capacidade de proteção e promoção dos direitos
nos humanos na sociedade brasileira.

Apoiar a criação e desenvolvimento de programas de ensino e de Orientar tais programasna valorização da moderna concepção
pesquisa que tenham como tema central a educação em direitos dos direitos humanos segundo a qual o respeito à igualdade supõe
humanos. também a tolerância com as diferenças e peculiaridades de cada
indivíduo.
' Incentivar campanha nacional permanente que amplie a compre-
ensão da sociedade brasileira sobre o valor da vida humana e a im- Apoiar a realizaçãode fóruns, semináriose "workshops" na área
de direitos humanos.
portância do respeito aos direitos humanos.
1 44 Anexo -3 Anexo
-3 145

Médio prazo Ratificar a Convenção Interamericana de Desaparecimento Força


do de Pessoas,
assinadaem Belém/PAem 9 de junho de 1994.
' Incentivar a criação de bancos de dados sobre entidades, repre-
sentantes políticos, empresas, sindicatos, igrejas, escolas e associa Adotar legislaçãointerna que permita o cumprimento pelo Brasil
ções comprometidos com a proteção e promoção dos direitos hu dos compromissos assumidos internacionalmente, como Estado-
manos. Parte, em convenções e tratados de direitos humanos.

Apoiar a representação proporcional de grupos e comunidades


©
Dar continuidade à política de adesão a tratados internacionais
minoritárias do ponto de vista étnico, racial e de gênero nas cam- para proteção e promoção dos direitos humanos, atravésda sua
panhas de publicidade e de comunicação de agências governa- ratificação e implementação.
mentais.
Implementação e divulgação de atos internacionais
Longo prazo
Curto prazo
Incentivar campanhasde esclarecimento da opinião pública sobre
os candidatos a cargos públicos e lideranças da sociedade civil Implementar as decisõesda Conferência Mundial dos Direitos Hu
comprometidos com a proteção e promoção dos direitos huma- manos - 1993, em Viena, que define a violência contra as mulhe
nos res como violência contra os direitos humanos.

Ações internacionais para proteção e promoção dos Direitos Hu. ' Implementar as decisões da Convenção Interamerícana..par.a pre'
manos venir, punir e erradicar a violência contra a mulher (junho de
1994)
Ratificação de atos internacionais
Implementar as decisõesda IV Conferência Mundial da Mulher
Curto prazo IBeijing,setembrode 1995).

Ratificar a Convenção ne 1 38 e implementar a Recomendação ng Desenvolver campanhas de divulgação, através de veículos de co-
146 da OIT, que tratam da idade mínima para admissãono em- municação, das principais declarações e convenções internacio-
prego. nais para proteção e promoção dos direitos humanos assinadas
8 pelo Brasil, a fim de deixar claro quais são os compromissos assu-
Ratificar a Convenção sobre Povos Indígenas e Tribais em Países midos pelo Brasilna área da proteção e promoção dos direitos hu-
Independentes(Convenção ne 1 69), aprovada pela OIT em 1989. manos.
©
Ratificar a Convenção Internacional para Proteçãodos Direitos Apoiar, junto com o Ministério das RelaçõesExteriores,a elabora-
dos Migrantes e de suas Famílias,aprovada pela ONU em 1990. ção do Plano Hemisférico de Direitos Humanos, no contexto da
1 46 Anexo -3 Anexo-3 147

implementação da Declaração de Princípios e do Plano de Ação


aprovados pela Cúpula de Américas realizada em Miami em 1994
Médio prazo

No contexto da implementaçãoda Declaraçãode Princípiose do


©
Plano de Ação da Cúpula das Américas, criar um sistema hemisfé- Dar publicidade e divulgação aos textos dos tratados e convenções
rico de divulgação dos princípios e açõesde proteção à cidadania internacionais de direitos humanos de que o Brasilseja parte
e aos direitos humanos, apoiar programas internacionais para limi-
tar a incidência e impacto do terrorismo, do tráfico de drogas e do Apoio a organizações e operações de defesa dos direitos humanos
HiVAIDS .
Curto prazo
Implementar as convenções internacionais das quais o Brasilé si- ©
Promover o intercâmbio internacional de experiências em matéria
gnatário, como as que tratam dos direitos da criança e do adoles-
de proteção e promoção dos direitos humanos.
cente, em particular cumprindo prazos na entrega de planos de
ação e relatórios. ©
Promover o intercâmbio internacional de experiências na área da
e educação e treinamento de forças policiais visando a melhor pre-
Implementar propostas de proteção dos direitos da mulher conti-
para-laspara limitar a incidência e o impa(to de violaçõesdos di-
das nos seguintes documentos: A) Declaração e Programa de Ação reitos humanos no combate à criminalidade e à violência.
da Conferência Mundial de Direitos Humanos, realizada em Vie-
na em 1993; B) A Declaração sobre Eliminação da Violência Con- Criar e fortalecer programasinternacionais de apoio a projetos na-
tra a Mulher, aprovada pela ONU em 1993; C) A Convenção Inte- cionais que visem à proteção e promoção dos direitos humanos,
ramericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a em particular da reforma e melhoria dos sistemasjudiciários e poli-
Mulher ("Convenção de Belém do Para"), aprovada pela OEA em ciais
1994
' Apoiar a elaboração do protocolo facultativo adicional à Conven
Implementar a Convenção Internacional sobre a Eliminação de to- ção contra tortura e outros tratamentos, ou penas cruéis, desuma.
das as Formasde Discriminação Racial. nas ou degradantes.
Implementar as Convenções nes29, 105 e 111 da OIT, que tratam N4édio prazo
do trabalho forçado e da discriminação nos locais de trabalho.
Fortalecer a cooperação com organismos internacionais de prote-
ção aos direitos humanos, em particular a Comissão de Direitos
Dar cumprimento à obrigaçãode submeter relatórios periódicos Humanos da ONU, a Comissão Interamericana de Direitos Huma-
sobre a implementação de convenções e tratados de direitos hu- nos, a Corte Interamericana de Direitos Humanos e o Instituto In-
manos, dos quais o Brasil seja parte. teramericano de Direitos Humanos.
1 48 Anexo -3 Anexo
-3 149

Apoiar a elaboração da Declaração sobre os Direitos dos Indíge- Atribuir ao Ministério da Justiça, através de órgão a ser designado,
nas, da ONU. a responsabilidade pela coordenação da implementação e atuali-
zação do Programa Nacional de Direitos Humanos, inclusive su-
Incentivar a ratificação dos instrumentos internacionais de prote- gestõese queixassobre o seu cumprimento. Atribuir a entidades
ção e promoção dos direitos humanos pelos paísescom os quais o equivalentes a responsabilidade pela coordenação da implemen-
Brasil possui relações diplomáticas. tação do programa nos estados e municípios.

. Promover estudos visando à criação de um sistema de concessão


Desenvolver no país o Plano de Ação da Década para a Educação de incentivos por parte do Governo Federal aos Governos esta-
em Direitos Humanos, aprovado pela Organizaçãodas Nações duais que implementarem medidas favoráveis aos direitos huma-
Unidasem 1994 parao período 1995-2004. nos previstasno ProgramaNacional de Direitos Humanos.

Implementaçãoe Monitoramento do ProgramaNacional de Direi Monitoramento


tos Humanos
Atribuir ao Ministério da Justiça a responsabilidade de apresentar
Implementação ao Presidente da República relatórios quadrimestrais sobre a im-
plementação do Programa Nacional de Direitos Humanos, face à
Criar um serviço civil constituído por jovens formados como agen situação dos direitos humanos no Brasil.
tes da cidadania, que possam atuar na proteção dos direitos huma
nos em todos os estados do país. Destinar aos Governos estaduais a responsabilidade de elaborar e
apresentar ao Ministério daJustiça relatórios quadrimestrais e anu-
©
Elaborar um Manual dos Direitos Humanos, a ser distribuído nos ais sobre a implementação do Programa Nacional de Direitos Hu-
manos e a situação dos direitos humanos no respectivo estado.
estadose municípios, para informar, educar e treinar os integran-
tes de organizações governamentais e não governamentais res-
ponsáveispela implementação do Programa Nacional de Direitos
Humanos, e para deixar claro os compromissos assumidos pelo
Brasilna área de direitos humanostanto no ProgramaNacional
quanto no plano internacional.

Desenvolver campanha publicitária no âmbito nacional, através


dos vários meios de comunicação social, com o objetivo de escla-
recer e sensibilizar o país para a importância dos direitos humanos
e do Programa Nacional de Direitos Humanos.
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WH ITAKER,Chico - Rede: EstruturaAlternativa de Organizaçãoin Revista
Vida Pastoral,nov/dez,1993.
BIBLIOTECA Fundação Petronio Portella

última data carimbo!!


Toro A, Jose Bemardo.
Mnhilizacão social : um modo de

jpação/

:Plo b. Â

Imprensa Nacional

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