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"um modo de
a democr"cicioe
a por"ticipoçõo"
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Ministério Justiça Z
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MJU00046052 ã
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MINISTÉRIO DAJUSTIÇA
SECRETARIANACIONALDOS DIREITOS
HUMANOS
PROGRAMANACIONALDEDIREITOS
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HUMANOS
MOBILIZACAO SOCIAL
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;iSiBLiO TECA
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lÍ:ã. /C}2,/a©
I' Impressão
Ministro do Meio Ambiente, dos RecursosHídricos e da Amazânia Legal:
Gustavo Krause
MOBILIZACAO SOCIAL
.3
Secretário de Recursos Hídricos:
Paulo Afonso Romano
Equipe Técnica da Secretaria de RecursosHídricos:
Fernando Antânio Rodriguez
José Raímundo Machado dos Santos
Luiz Carlos Baeta Neves
Associação Brasileira de Ensino Agrícola Superior - ABEAS:
Presidente: Helmut Forte Daltro
"Um modo de construir
Secretário Executivo: Ronaldo Pereira de Souza
Consultores :
Natália Gedanken
a democracia e
Antonio Carlos Félix
Comissão Técnica do Programa de Suporte Técnico à Gestão de
Recursos Hídricos: a participação"
Carlos S. Sedyama
Helmut Forte Daltro
rosé Raimundo Machado dos Santos
2; Impressão
Ministro da Justiça:
#
Íris Rezende
Secretário Executivo:
José deJesus Filho
Secretário Nacional dos Direitos Humanos
José Gregori
Departamento dos Direitos Humanos:
lvair Augusto Alves dos Santos
9
:
B 18 L 10 T E C A
APRESENTAÇÃODO WJ
1. Mobilização Social. 2. Sociologia. 3. Comunicação. 4. Esse compromisso tem uma importância fundamental particular-
Cidadania. 5. Comunidade. 6. Processos Sociais. 1. Brasíl. Mi- mente de legitimação para todas as formas de organização e mobiliza-
nistério daJustiça. 11.Werneck, Nísia Mana Duarte. 111.
Título. ção da sociedade pela promoção dos direitos humanos. Numa socieda-
CDD 305.5 de ainda profundamente afetada pelas carências sociais e por violações
CDU 316.4 de direitos humanoso fato de o governo ter assumidoa transparência
em relação às violações e a liderança para ações concretas de efetiva
É permitida a reproduçãodesta obra no todo ou em parte, por qual- promoção dos direitos humanos, realizadas pelo governo e pela socie-
quer forma ou meio, desde que citada a fonte dade civil,foi decisivo.
E como foi possívelatingir esseobjetivo.em tão pouco tempo, .em
pouco mais de'dois anos?O fundamental é levar em.conta que desde o
primeiro momento, tanto na preparação,como na implementação do
PNDH, o governo federal decidiu que grande parte das iniciativas seri- APRESENTAÇÃODA UnB
am feitas em parceria com as organizações da sociedade civil. E, por ou-
tro lado, a estratégia definida foi atuar em diferentes frente.s, como no
Legislativo e, nas situações de violações mais flagrantes, privilegiando al-
gumas das propostas a mais curto prazo definidas pelo programa.
A Universidade de Brasília, com a responsabilidade de responder à
Nessesentido, o livro À4obilização Social é revestido de muita impor- demanda de diversossetoresda sociedade no uso dos meios de comu-
tância no trabalho junto às organizações da sociedade civil. nicação, para potencializar as ações em favor dos direitos sociais (edu-
cação, sa'úde,meio ambiente) e na promoção dos direitos civis: vem,
desde 1 994, oferecendo cursosde Comunicação e Mobilização Social.
lvair Augusto Alves dos Santos Essescursos visam capacitar os participantes a desenvolver projetos,
Diretor do Departamento dos Direitos Humanos
processose tecnologias de comunicação, favorecendo o acessoe a de-
Secretaria Nacional de Direitos Humanos mocratização dos meios de comunicação em favor da melhoria da qua-
Ministério da Justiça lidade de vida.
SUMÁRIO
Anexos
Anexo 1- Planejando uma Mobilização Social..... 87
Anexo 2- Por que um Movimento de Cidadania PelasÁguas? 99
Anexo 3- Programa Nacional de Direitos Humanos.. 105
1 51
Bibliografia
PARTEM
MOBILIZAÇÃO SOCIAL.
CONCEITOSBASICOS
l
Neste artigo, o primeiro da nossa Constituição, está consagrada a nós. Portanto e antes de converter a
nossaescolha pela Democracia, tendo como fundamentos, entre ou- discussãoem um iuízo de culpabi-
tros, a cidadania e a dignidade humana. É necessário,então, buscarmos lidades se fomos capazes dé criar o
um entendimento preciso sobre o que significam estasopções. caos, também podemos sair dele.
Somos capazes de criar uma ordem
distinta."
2.1 Compreensão doconceito de cidadania e dosprincí- J. Bernarda Toro
pios da democracia
No Brasil ió não acreditamos na ordem emanada dos deuses, ió
e Toda ordem de convivência é construída, por isso é possível falar não temos um ditador e cada vez fica mais impessoal o "eles" a
em mudança. As ordens de convivência são construídas, não são quem responsabilizamos pela nossa realidade.Mas ainda insisti-
naturais. O que é natural é a nossa tendência a viver em sociecla- mos em pensar e agir como se a situação em que vivemos fosse
e obra do outro. EduarcloGianetti da Fonsecafala até cle um "pa-
radoxo clo brasileiro"
Os gregos se tornaram capazes de criar a democracia a partir do '0 paradoxo do brasileiro é o seguinte:
momento que descobriram que a ordem social não era ditada cada um de nós isoladamentetem o
pelos deuses, mas construída pelos homens, quando vislumbra- sentimento e a crença sincera de estar
ram a possibiliclacle de construir uma sociedade cujo destino não muito acima de tudo isso que aí está.
estivessefora dela, masnas mãosde todosos que dela participa- Ninguém aceita, ninguém aguenta mais,
vam
nenhumde nós pactuo com o mar de
lama, o deboche e a vergonha da nossa
Quando as pessoasassumem que têm nas mãos o seu destino e
rija públicae comunitária.O problema
descobrem que a construção da sociedade depende cle sua von-
tade e cle suas escolhas, aí a clemocracía torna. se uma realiciacle. ê que, ao mesmo tempo, o resultado final
de todos
a'
nós é exatamenteisto que aí
esM!
"Toda ordem social é criada por nós. O
Não aceitar a responsabiliclaclepela realidade em que vivemosé,
agir ou não agir de cada um contribui
ao mesmo tempo, nos clesobrigarmos cla tarefa cle transforma-la,
para a formação e consolidação da
colocandona mão do outro a possibilidade cle agir. É não assu.
ordem em que \'iremos. Em outras
palavras, o caos que estamosatraves- mirmos o nosso destino, não nos sentimos responsáveis por ele,
porque não nos sentimoscapazes de altera-lo. A atitude decor-
sando na atualidodenãosurgiu
rente dessas visões é sempre de fatalismo ou cle subserviência,
espontaneamente. Esta desordem que
nunca uma atitude transformadora .
tanto criticamos tambémfoi criada por
17
Hori49DÇÇ111;icQ4g.M!!!!!!kg$ê9..iggl2L
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de uma sociedade.
iSi$ 11:E111
A monarquia é uma ordem de convivência, mas não é democrá-
tica. Nela um monarca, que, por laços de.sangue.ou divindade,
se coloca fora, separado da sociedade, diferente dos outros, cria
as leis e as normas que vão reger aquela sociedade. Ele cria a
ordem social e aos súbitos (sub dolo!:, submetidos ao que o outro
diz) cabe obedecer essasnormas. E.por .isso que na monarquia
comemora'sequando nasceo filho do rei, porque a continuida-
de cla ordem está assegurada, não porque nasceu uma criança.
'mzlH:hlU=lç ;;uf«.;. A ditadura também é uma ordem social, mas não é democrática.
Nela o ditador, ou seugrupo, por força clãsarmasísecoloca
acima dasociedade e dita as normas sobre como ela deve pensar
Aprender a comunicar:se: e agir. A ordem também. vem de fora, sua fonte é externa à soci-
base da auto-afirmação pessoalou do grupo. edade que deve cumpri-las.
ê @!#l#@8@$1illllllllil
:ini Na democracia a ordem social se produz a partir cla própria
IÜÜli@1%êl@$1@i$@@ll$êê@lili sociedade. Nela as leis são criadas, direta ou incliretamente, pe-
los mesmosque as vão cumprir e proteger. A convivência demo-
Aprender a clecídir em grupo:
crática começaquando uma sociedadeaprende.a auto-fundar a
base da política e da economia.
ordem social. E isso deve ser ensinado e aprencliclo.
A democracia não é um partido político, não é uma matéria, é direito clo cidadão, não é o que o clel:inecomo tal
uma.decisão que se fundamenta em aceitar o outro como igual Cidadãoéa pessoacapaz de
em direitos e oportuniclacles. Por isso, a democracia supõe a cons- criar ou transformar, com
trução cla equiclaclesocial, económica, política e cultural. outros, a ordem social e a
e Porque a ordem democrática é uma ordem construída, não existe quem cabe cumprir e proteger
as leis que ele mesmo ajudou
um modelo ideal de democracia que possamoscopiar ou imitar. a criar.
Podemos aprender com outras sociedades que constroem sua pró-
pria ordem democrática, mas é nossa a responsabilidade de criar
nossa própria democracia. 2.2 Como se define a Dignidade Humana?
Esseprincípio é chamado de "incerteza" e é fundamental para A dignidade humana tem uma definição básica, condensada entre os
uma sociedade que quer ser produtiva económica e socialmente,
diversos países,expressana Declaração Universal dos Direitos Huma-
porque se opõe à tradição de "ser como os outros"
nos (IO de novembro de 1998). Ainda que não haja modelo Ideal de
e O conflito é constitutivo cla convivência democrática. Na demo- democracia, toda ordem democrática está orientada a proteger e forta-
cracia não existem os inimigos, mas os opositores: pessoasque lecer os Direitos Humanos (fundamentais, políticos, económicos, soci-
pensam diferente, querem cle outra forma, tem interessesdistintos ais, culturais e ambientais) e a proteger e desenvolver a vida.
dos meus, que muitasvezes conflitam com eles, mas com as quais A Declaração Universal dos Direitos Humanos é o projeto de huma-
possodiscutir e consensar proletos comuns colocados acima das nidade que nossoséculo concebeu e conseguiu consensar,uma de suas
divergências. Para a democracia, a paz não é a ausência cle con- contribuições mais originais. Nos séculos passados,alguns países, como
flito. A paz é o resultadode uma sociedadeque é capaz de criar os EstadosUnidos na sua Constituição (1787) e a França na Declaração
e aceitar regras para dirimir conflitos sem eliminar o outro nem dos Direitos do Cidadão (1789), haviam definido os direitos humanos,
física, nem social, nem psicologicamente. mas eram experiências, isoladas, de cada país. Nunca na História, um
número tão grande de paísesfoi capaz de atingir um consensoquanto à
Na democracia, o público, o que convéme interessaa todos, se
relevância e quanto ao conteúdo deste tema, como expresso nesta De-
constrói e sefortalece na sociedade civil. A força clo público e clãs
claração. Reúne direitos que possuímos simplesmente por sermos da
instituiçõespúblicas tem origem no fato cle que eles sintetizam e
espécie humana, anteriores a toda distinção, a toda ação cultural, eco-
representam os interesses,contraditórios ou não, cle todos os seto-
nómica ou política, a toda característicaétnica, etc
resda socieclacle.
Quando íncorporamos aos direitos garantidos na nossaConstituição
e A partir deste conceito de democracia podemos desenvolver o a íntegra da Declaração Universal dos Direitos Humanos ( Título 11-Dos
conceito de cidadão. No Brasil o cidadão tem sido confundido Direitos Fundamentais,artigo 5o.) e declaramos a dignidade humana
com o voto. Cidadão seria aquele que vota. Mas o voto é um
Horizonte Ético da Mobiliza
da socieclacle), o "Público" se distancia da sociedade e as institui- capaciclacle que tem a sociedade norte-americana de se associar,
ções públicas perdem creclibiliclaclee autoriclacle.A de se organizar. Segundo ele, esta é a mestra cle todos os saberes
governabiliclade de uma sociedade provém da capacidade que sociais.
tenham as instituiçõescle refletir os interessescontraditórios de
todos os setores sociais. A fortaleza clo Estado surge cle sua capa'
ciclacle de refletir toda a sociedade. Quando reflete só uma parte
je, portanto, é excludente),o Estadoé frágil.
ESTRUTURAÇÃO E PLANEJAMENTODE
PROCESSODEMOBILIZACAO
SOCIAL
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pelas armas
/
dispõem a contribuir para construirmosjuntos um sonho, que passaa
ser de todos. Se esse sonho excluir alguém, esse alguém não vai se
comprometer e vai buscar atacar, desestimular e destruir o movimento
e a disposição dos outros para agir.
Um processode mobilização social tem início quando uma pessoa, e Respeitee confie na capacidade das pessoasde decidirem
um grupo ou uma instituição decide iniciar um movimento no sentido coletivamente sobre suas escolhas e estimule o desenvolvl=en .
de compartilhar um imaginário e o esforço para alcança-lo. to destes comportamentos- Essescomporbmentos contradizem
Por isso, essespapéis que estamosapresentando não são uma tradição brasileira que tem suas origens no período colonial
necessariamente desempenhados por uma pessoa. Algumas pessoasou e com a qual precisamos romper. Raymundo f:adro, em seu livre
instituições podem estarjuntas desempenhando um destespapéis, ou- "Os Donos clo .Poder", escreveu sobre a monarquia brasileira:
tras vezes uma mesma pessoa ou instituição desempenha mais de um Essamonarquia, acostumancloo povo a servir, habituando'o à
ao mesmo tempo. O importante é que alguém esteja fazendo isto, com
as preocupações, os critérios e os valores aqui discutidos. tintivo cle liberdade,. quebrou a energia clãs vontc c es, adormeceu
a iniciativa. (...) Tudo é tarefa clo governo, tutelancloos incli;l(lii:
os, eternamente menores, incapazes ou provocadores cle catás-
1.2.1-ProdutorSocial trofes, se entregues a si mesmos"
e Sela capaz cle interpretar a nossa realidade social. lslo exige que ele
conheça a sociedade, seusvalores, seussignificados, suas priorida-
des.Requer ainda que ele conheça a Constituição clo Brasil e sela
capaz cle interpreta-la como expressão cle um proleto de nação, clo
ponto de vista cla comunicação e cla mobilização.
1.2.2-Reeditor Social
b
que ele precisa para aduar: material de divulgação para começar o tra-
+
balho, contitos que possam facilitar seu acesso aos meios de comunica-
ção, etc. Ébom lembrar que essesmateriais e contatos não têm a função
apenas de divulgar as idéias do movimento, mas eles são importantes
[)irnensões BásicasPara Estruturar Um PrometoDe Mobilização Dimensões BásicasPara Estruturar Um PrometoDe Mobilizar 45
porque contribuem para dar segurançaaos reeditores e legitimar o seu as precisem de apoio para identificar possíveis formas de atuação E o
discurso perante os outros. problema do campo de atuação.
Por isso um projeto de mobilização deve fornecer
1. 3- CampodeAtuação
a) compreensõesaclequaclasao campo cle atuação clecada par-
Muitas pessoasestãodispostasa participar de um processode mu- ticipante: explicações sólidas sobre os problemas a resolver, situ-
dança, proposto no imaginário, se lhes respondemosa seguinte pergun- ações a criar ou modificar, sentido e finalidade clãs decisões a
ta: "Como eu posso participam aqui em meu campo de trabalho, no que tomar e clãs ações a seguir em seu campo diário de trabalho.
façotodos os dias"?
b) indicações das decisões e ações que estão ao alcance das pes-
soas dentro cle seu campo de atuação e trabalho e a explicação
Não se faz mobilização social com de como e porquê contribuem ao propósito buscaclo.
heroísmo. As mudanças são construídas no Esserepertório de sugestõesdeve ser suficientemente claro, aberto e
coticliano por pessoas comuns, que se estimulante para que, no momento seguinte, as pessoasdescubram e
dispõem a atuar coletivamente, visando inventem novasformas de participar e não seacomodem nem se sintam
alcançar propósitos compartilhados. manipuladas ou com sua autonomia comprometida.
A proposta de compreensões, atuações e decisões supõe que os líde-
Paraque as pessoasse disponham a participar e descubram sua for- res institucionais, os produtores socias, da mobilização conheçam a fun-
ma de contribuir é preciso que: do o campo de atuação e os papéis próprios dos diferentes profissionais
e atores que podem participar da mobilização: o que pode fazer um
e Tenham informações claras sobre os objetivos, as metas, a situ- professor frente a um grande propósito de melhoria do ensino é diferen-
ação atual e as prioridades da mobilização a cada momento. te do que pode fazer um supervisor.
Esseé um dos obletivos cla comunicação social no apoio a um Todo processode mobilização requer que o reeditor faça modifica-
movimento.
ções específicas em seu campo de atuação. Todo reeditor, por sua ocu-
pação, profissão ou trabalho tem um "campo" ou "espaço" de atuação
e Sintam-se seguras quanto ao reconhecimento, valorização e res-
que Ihe é próprio. A esse campo concorrem fatores, conceitos e deci-
peito à sua forma de ser e cle pensar. Ninguém está disposto a
sões; alguns que são modificáveis por outros atores. Por exemplo, o
correr risco de ser incompreendido e rejeitado.
campo de atuação do professor é a sala de aula. Ali concorrem fatores
8 Sintam a confiança dos outros parhcipantes quanto à sua capacida- físicos, conceitos, atuações e decisões de diferentes tipos. Alguns são
dee possibiliclaclede contribuir para o alcance dos objetivos. modificáveis por ele: o conteúdo da aula, a programação do tempo, seu
comporUmento verbal, a metodologia, a motivação e a auto-estima dos
Pode ser que no primeiro momento, os reeditores, grupos ou pesso- ) alunos, etc. Outros fatores que estão incidindo no mesmo campo não
+
f
+
[)imensões BásicasPara Estruturar Um PrometoDe Mobilizacão Dimensões BásicasPara Estruturar Um PrometoDe Mobilização ©'
são modificáveis pelo professor: a arquitetura da sala, o calendário es- Fundação Social, para a melhoria do ensino
colar, a disponibilidade dos textos, o estado nutricional dos alunos. Es- básico na Colâmbia. Mostra o análise das
sesque o professorou professoranão podem modificar podem ser mo- compreensões e decisões que os educadores tcomo
dificados por outros atores (Secretáriode Educação, etc). A exequibílídade reeditores) podem modificar. Também mostra as
de uma mobilização está relacionada com a possibilidade de propor ao variáveis que influem no campo de atuaçõo do
reeditor a modificação de variáveis e fatores que estão sob seu domínio professor, mas que devem ser modificadas por
quotidianamente e explicitar as relações que podem ser estabelecidas outros amores.
entre essas ações e o imaginário proposto.
Resumindo, é preciso que as propostas de atuação: Fonte: J.B. Toro(1992). La Calidad de la Educación Primária. Medias de
Comunicación Massha y Comunidad Civil: Et Projecto "Primero mi primário para
e Secam claras e realistas; Triun$m" en BOLETIN UNESCO-0REÁLC, n.28, Santiago de Chile,p.98.
e Respeitelm
os limitesda atuação de cada um, mas não sejam
conservadoras, que contribuam para abrir caminhos para novas
visoes;
e Sejam estimulantes
Quadro 1: Decisões políticas, administrativas, técnicas e operacionais Supervisores e Escolasque e Apoio técnico e acadêmico para
segundo os possíveis responsáveis. Orientadores supervisiona implementação do plano de ação da
sua área de atuação
e Apoio e assessoriaaos diretores para o
Compreensões e Decisões planejamento da sua escola
a Serem Mobilizadas e Apoio aos educadores para o sucesso
Prefeito da formação
Mun icípio le Plano de desenvolvimento municipal e Recolher e processaras informações
orientado para o projeto de nação
explicitado na Constituição: cidadania Diretores de Escolaque e Elaborar com os educadores o
e desenvolvimento como sinalizadores Escola dirige planejamneto de sua escola, em coe
e indicadores de metas educativas. rência com o plano municipal
e Atuar como Produtor Social }@a no amuo 4 o e Definir as metas a serem alcançadas,
texto "Decisões segundo negociação com as outras
Secretariade Municíp io © Definição de indicadores das metas paraoêxito instâncias
Educaçãodo educativas,segundo o Plano de escolar" .
e Definir a formação requerida para o
M un icíp io Desenvolvimento alcance das metas
e Definir e condensarcom os diretores e Atuar como re-editor na sua escola
de núcleo as metaseducativas, segundo
Professores Salasde aula, e Condução democrática das aulas
o nível de desenvolvimentode cada
núcleo turmas para as e Comportamento verbal democrático na
quaisleciona sala de aula
e Alocação de recursos para os investi
e Trabalharpara o alcanceda aprendiza
mentos e a formação requerida
gem por todos os alunos
e Difusão e coletivização das metas. e Atuar como re-editor
e Estruturação e validação da rede de
comunicação para a mobilização
e Atuar como Editor Social
Diretor de Núcleo e Definir as metas educativas para o
Núcleo Educativo núcleo, de comum acordo com os
diretores
e Definir com os diretoresa formação
requerida para o alcance das metas
e Estruturara rede de comunicação com
seusdiretores e professores
e Atuar como re-editor com os diretores,
supervisorese orientadores
Dimensões BásicasPglB Estruturar Um PrometoDe Mobilização a
2- Adultosque a) Adequação da infra-estrutura física das Escolas
atuamatravés b) Garantir serviços públicos de água, luz, calçamento
do Estado sanitários, pátios de recreio, etc nas Escolas
ompreensões e Decisões a Serem Mobilizadas c) Dotar as Escolasde textos e materiais,respeitando
etnias, línguase tradições culturais
1- Adultos que a) Nomear os Reeditores d) Bibliotecas Escolares
atuam como melhores professorespara o primeiro e
jsegundo ano, para que todas as crianças tenham sucesso Legisladores, e) Capacitação docente
agentes desde cedo Ad ministrado. f) Mobiliário escolar
educativos
b) Aproveitar ao máximo a duração do ano escolar para res, Secretários g) Pagamento dos professores nas próprias escolas para
ímedlatos. melhorar o
tempo e as oportunidadesde aprendizagem de Educação, evitar perder dias de aula para receber.
das crianças Prefeitos h) Transporteescolar ou localização adequada das
escolas
c) Passartarefas escolares ad equadas e atrativas, que Participação
podem ser feitas com as aprendizagense informa çõesda modificam a i) Uso de pesquisase levantamentode informaçõespara
inversão de tomar decisões
aula e outras po ssíveissegundo o nível sócio-económico
Reeditores das crianças. recursos(deck. j) Adequado sistema estatístico
sões) k) Sistema de comunicação interna ao Sistema Educaci
Diretores de jd). Atuar sempre com expectativas positivassobre as anal
Escola,profes- crianças, para que elas adquiram um auto-conceito
sores positivo 3- Adultos da a) Valorização do trabalho do professor do primário
je) Dar atençãoaoscadernos, como a primeira obra sociedade civil
supervisores, b) Não atribuir à criança o fracasso, mas ao Sistema de
etc. jescrita das crianças Cuidado especial na seleção de Ensino e às condições criadas pelos adultos
textos. Promover a leitura em casa Reeditores
Participação c) Desenvolver uma percepção coletiva da criança. Não
mod ífícam f) Planejar um ensino rico e atrativo em conteúdos e pais de família, bastaque nossosfilhos estejam bem, é preciso uma
atividades. profissionais, preocupaçãocoletiva pelo êxito escolarde todasas
comportamen
tos cotidianos g) Distribuir as crianças de rendimento diferente nos empresários, crianças
cursos paralelos. Não colocar as crianças de baixo intele(duais, d) Valorização e preocupação com o prestígio da educa
(açõese deci.
iões) rendimento em uma sala só. jornalistas, ção pública. Nela estuda a maior parte das crianças
a no anexo l h) Planejar atividades escolares e extra-escolares levando opinião pública e) Criação de outros espaços sociais para a vida infantil e
4 o texto em cona em geral juvenil (clubes, praças de esportes, revistas, bibliotecas,
os grupos de amigos: concursos, campeonatos,
etc Participação: etc)
"Decisões para modificam sua
o êxito esco i) Entendera avaliação como a observaçãocontínua das f) Valorização de todas as etnias e diferenças culturais
lar". crianças para ver se todos estão aprendendo bem e no opinião (forma Participar,acompanhar e vigiar as decisões curriculares
tempo certo aquilo que devem aprender. de sentir).
j) Respeitaras diferentes etnias e tradições culturais
Dimensões Básicê$P4raEstruturar Um PrometoDe Mob lza
1.4- Coletivização
portamento comunicativo, tenham interessee disposição para consumir
e fornecer informações.
iU=$ !;11=Fr
::::
Eela que dá estabilidade a um processo de mobilização social.
Muitas vezes os veículos e os tipos de material que serão utilizados
na coletivização são os mesmos de uma campanha de divulgação ou de
publicidade mas,certamente,seu conteúdo e forma serãodiferentes,
porque estarão orientados a outro tipo de compromisso.
o e o único. Çãoé um importante instrumentode coletivização,mas
1.5-Acompanhamento de resultados: definição de crité.
rios e indicadores
t
}
+
Y'
}
IMPORTANTE
2
Estas quatro dimensões básicas de um processo de
mobilização social, o imaginário, o campo de
atuação, a coletivização e o acompanhamento, Modelo de Comunicaçãopara Organizar
devem ser construídos e operados simultâneamente.
A ausência de qualquer um deles tem consequências
Orientar e Ap alar Um Processode
diferentes: oferecer só imaginário é demagógico ou
Mobilização
gera apenas angústia nas pessoas; só as atuações e
decisões, sem imaginário, conduzem a ativismos \
postas,etc-
Tudo isso é condição oara a coletivização o que é um ponto funda-
mentalno processode mobilização,por uma sériede justificativase
porquês:
© Primeiro, por uma questão de coerência. Se as pessoas têm que
ter autonomia, iniciativa e responsabilidadecompartilhada, elas
Modelo de Comunicação para Organizar, Orientar e Apoiar Um Modelo de Comunicação para Organizar, Orientar e Apoiar Um
}'rocesso de Imobiliza
precisam e têm direito a ter acessoa tida a informação. É um transformação é um dos maiores incentivos e um fator facilitaclor
direito e uma exigência para uma participação livre e consciente.
cla adesão de novos participantes: Primeiro, porque eles vêem
e Atravésda divulgação dos da mobilizaçãoe das que é possível agir e conseguir resultados. Depois, porque, quan-
informações e claclos que iustil objetivos, a comunica do ainda não estão muito seguros sobre o que'fazer, podem apro-
'erellille =.dando. veitar as experiências cle sucessode outras pessoasou grupos e
çãosocialcontribuipara
Ihe abrangência e oluralidacle. Essaé uma das condiçõesde su- assim "pegar impulso" para empreenderem sua própria cami-
nhada.
cesso de uma mobilização e a cliversiclade só é alcançada onde
hó uma eficaz divulgação dos propósitos do movimento e cle como
e Saber que outras pessoas estão também atuanclo, em outros
dele participar. lugares e setores,mas com o mesmo objetivo e sentido, contribui
e Os reeditores ganham segurança quando.têm acesso a essas para desenvolvero sentimentocle.poder e autonomia das pessoas
informações. É uLa oportunidade pa;a que façam uma verifica: q.ue estão pgrticilwndo cla mobilização. É esse sentimento, que
ção de pertinência di que estão falando ou fazendo. chamamos cle coletivização, que vai dar segurança de que será
post;ívelalcançar.o objetivo proposto. Cada um sabe que o que
cessa divulgação contribui ainda para pode fazer sozinho é poucoe, provavelmente,insuficientepara
curso dos reeditores. Quem o ouvir falando vai saber que ele não mudar a realiclacle, mas acredita na força cla ação cle todos. Por
tirou aquilo clo nada, que mais gente também.estáfalando sobre isso tem que estar seguro das razões cle sua ação e cle que os
isso. Esteé um ponto importantíssimo. Um reeclitor que esteja par- outros vão agir com o mesmo propósito.
ticipando de uma mobilização não pode se sentir sozinho, nem
ser visto como uma voz isolada. Quando as pessoasvêem que A comunicação pode ser concebida e estruturada de diferentes for-
aquelas idéias estão sendo compartilhadas por outros, elas.sedis- mas, de acordo com o tipo de projeto e propósitos buscados. É o prome-
põem a ouvir melhor, não as rotulam com o "isso é coisa cle fula- to ao qual pertence a comunicação que delimita seu modelo, forma,
no..." e passam a respeitar mais, são menos agressivas e resis- e os meios. Cada processode mobilização participada requer um
modelo de comunicaçãoespecífico.
tentes. O reeditar, por sua vez, sente-se mais seguro, evita com
mais facilidade os conflitos, porque não precisa ser tão enfático e A efetividade da comunicação para a mobilização participada de-
contundente para chamar a atenção das pessoas, enfim, exerce a pende muito do conhecimentoque setenha do campo de atuaçãodo
sua liderança com mais tranqijiliclacle. reeditor. A existência de pesquisase literatura sobre um campo de atu-
ação facilita a classificaçãodos fatores que podem ser alterados,seja
eA divulgação de ações e decisões dos diversos grupos Isso vai
pelo comportamento do reeditoc seja pela atuação própria de outros
ajudar a pessoase grupos a identificarem alternativas para.suas
atores, ou seja, para a definição do conteúdo da comunicação e da
próprias ações, formando um "Banca--deJdéia", que poderão escolha dos veículos e canais que serão utilizados.
ser copiadas e apropriadas por um maior número de pessoas. A
riência daqueles que estão mais adiantados no processo de
r
Modelo de Comunicação para Organizar, Orientar e Apoiar Um Modelo de Comunicação para Organizar, Orientar e Apoiar Um
o de Mobiliza- J?!gççii$pde Mobilização
ÁREADEPRODUÇÃO
(Universo do Emissor) (Univ#so do Canal) (Universo do Receptor)
d
População Coletivização
MEIOS DE
de Re-editores COMUNICAÇÃODE
MASSA
»
jverificação legitimação
jde pertinência social
\
Intenção Campo
de PRODUTOR de
sentido SOCIAL Atuação POPULAÇÃO
RE-EDITOR MOBILIZAÇÃO DEINCIDÊNCIA
do EDITOR ME©AGEM DO
Re-editor RE-EDITOR
População
de Incidência
REDE DE
RE-
EDITORES
+
Uma mesma pessoaou instituição pode estar desempenhando, ao O apoio dos meios de comunicação de massaé fundamental para
mesmotempo, mais de um papel, e um mesmo papel pode estar sendo tornar possíveis esses aspectos.
desempenhado por mais de uma pessoa ou instituição.
A comunicação macrointencíonal não supõe que o Produtor Social Mesmo quando o objetivo for a divulgação de resultados e ações, a
conheça pessoalmenteo reeditor. Requer que ele possalocaliza-lo, se- comunicação deve manter sempre essalinha de convocação, de convi-
gundo seu papel e seu campo de atuação, para convoca-lo e alimentá- te, de aberturae valorizaçãoda participaçãode todos.
lo com mensagens e instrumentos para a atuação.
+
O reconhecimento deste trabalho, de sua importância e da legitimidade
dos que o executam é um dos fatores de sucessode uma mobilização.
+
+
PARTElll
Cuidados
mobilização. Énecessárioser preciso e considerar os pontos levantadosno e Não fornecer quantidades excessivas,mas assegurar o neles
bário. É uma forma de valorizar o material e de estimular as pes
item 1.3, da Parte 11,sobre o campo de atuação.
soama viabilizarem sua reprodução.
Se a opção for a realização de uma reunião, o primeiro passoé listar 2.4- Sistematizar e registrar
os convidados. A lista será diferente em função' dos propósitos e da
abrangência pretendida, mas, mantidos os limites do bom senso.é me. Os processosde mobilização que não são registrados,não podem ser
Ihor. pecar l3elo excesso. Tente identificar o maior número possível de divulgados, nem servir de exemplos, positivos ou negativos.
reeditores É muito comum que alguém que não foi chamado na pri- É preciso registrá-los enquanto processos e não apenas enquanto re-
meira hora se sinta excluído e depois fique meio relutante em participar: sultados. O processo encerra ensinamentos, mais do que os resultados
sso quando ele não criar explicações para o fato, contribuindo para porsl.
criar uma imagemde que é um movimento de alguém,que restringee
escolhe quem pode ou não participar. O melhor é não correr esterisco.
2.5- Eventos e campanhas
A partir daí, se tivermos tido sucessona forma como foi apresentada
a proposta,o movimentoganha rumo próprio. No primeiro momento é A mobilização não se confunde com eventos ou campanhas, embora
bom consensaruma ação bem concreta'e de fácil visibilidade: uma
possa usar destas estratégias no seu processo.
campanha .específica, um objetivo imediato. É que nesta hora as pesso-
as ainda estarão um pouco inseguras e querendo ver como será c:toca- O evento por si só não asseguramudanças, porque ele não tem cor-
da em prática a proposta apresentada. Não dá para se ter uma receita e respondência no cotidíano. Aconteceu e acabou. Pode deixar um resí-
o único segredoé observarcom rigor os princípios de autonomia e ini- duo de sensibilidade para um problema, masestese perde na retomada
ciativa na ação. Eagir. Vale lembrar a frase de Antõnio Machado: "Ca- do día a dia.
minhante, não há caminho. O caminho se faz ao caminhar". E Mesmo um conjunto de eventos, seminários, oficinas, gincanas, pas-
comp ementa-la com São Jogo da Cruz: «Se queres chegar a um lugar seata.s,não eqüivale a um processo de mobilização. Pode estar aconte-
que não conheces, tens que pegar um caminho que também não co. cendo tudo isso e não estar ocorrendo um processo efetivo de
nheces."
mobilização.
r
76 Como dar /h/Í:'7bao P/ocesso
A mobilização se concretiza quando os gestos, as crenças e as infor- As maiores barreiras para que uma pessoa ou grupo se disponham a
mações se consolidam, se propagam, se multiplicam e geram ações que agir são o fatalismo e a desesperança. O fatalismo acaba gerando e, de
concorram diretamente para os objetivos, em função dos quais está sen- cerra forma, justificando um certo cinismo, uma vez que por causadele
do proposta a mobilização. aceitamos conviver com situações que condenamos. Por isso o seu antí-
doto é o apelo ao compromisso, ao comportamento e aos valores éticos
Da mesmaforma, a mobilização não é uma campanha com das pessoas.Mostrar e conseguir que as pessoasvejam que existem
começo,meio e fim. Nas campanhas são definidos certos objetivos es- situações com as quais não podemos conviver, em relação ãs quais não
pecíficos e ela termina e se desfaz quando aquele objetivo é alcançado. devemos ser tolerantes.
INeste sentido a Campanha da Fome não seria considerada simples-
mente uma campanha). Quanto à desesperança, o remédio é trabalhar o conceito de cidada-
nia. E ele que vai aumentar a segurança, despertar a capacidade empre-
Mas, também as campanhas podem e, às vezes até devem, ser utili-
endedora coletiva e fazer com que as pessoasse sintam poderosas para
zadas como parte de um processo de mobilização. Elassão importantes
produzir mudanças. E aí é só começar, os primeiros resultados vão refor-
nos primeiros momentos, porque contribuem para dar visibilidade ime-
çar e ampliar este sentimento.
diata sobre objetivos e alternativas de ação. Voltam a ter seu lugar du-
rante o processo, também como estratégia de "esquentamento;'. Para
que cumpra este papel, seu objetivo deve estar sempre relacionado com 3.2. Como romper com o "costume com a ruindade"
o imaginário proposto, a participação deve ser muito facilitada e seus
resultados devem ser sempre amplamente divulgados.
creveu Margarida Vieira em artigo intitulado 9\ banalização repetência e no grande número de crianças fora da escola. Ao informar
do mal".
(Estado de Minas, 25/09/95) estes dados e refletir sobre as suasconsequências sobre a sociedade, seu
impacto na auto-estima das crianças e no seu elevado custo económico
Anos antes, Caetano Veloso já cantava: "Enquanto os homens exer- criava-se o sentimento de indignação e intolerância com a situação e a
cem seus podres poderes,/ viver e matar de raiva, de fome ou de sede./ partir daí se construía, para cada município uma visão de futuro diferen-
são tantas vezes/ gestos naturais". te, que começava com zerar o número de crianças fora da escola, de-
pois a repetêncía até chegar ao debate sobre o futuro desejado e
Estaé uma das maiores barreiras ao processo de mobilização: o "cos
aeducação necessária para construí-lo. A receita é atenção aos concei-
tume com a ruindade", o sentimentode que semprefoi assim,que
outros jã tentaram ("eu já vi este filme"...). tos de democracia, cidadania e participação e coerência no cotidiano
do movimento.
Romper com este sentimento exige assumir o destino e a construção
da ordem social. Aceitar que somos nós que a criamos, com nossas
açoes, nossasomissões e nossaspermissões e delegações para que ou- 3.4. Como alcangr abrangência e pluralidade
tros agissem por nós e que, por isso, podemos modifica-la
É condição do sucessode uma mobilização que o tratamento do
A atitude de conformismo e de não indignação só é rompida quando
problema que ela quer solucionar deixe de ser uma preocupação dos
assumimos nosso lugar enquanto cidadãos, construtores da ordem soa
círculos restritos de especialistase das pessoasque atuam diretamente
al. Por isso as informações e os argumentos de convencimento, de sobre ele para se tornar uma preocupação de um grupo maior e mais
compartilhamento do imaginário, têm que ser dirigidos às pessoasen- diversificado, que vai trazer novasvisões que contribuirão para romper
quanto cidadãos, pessoasfísicas, solidárias na construção da realidade.
com verdades estabelecidas. É preciso que se instale um novo debate,
Os sentimentos a serem despertados são de natureza ética e cidadã. com novos atores.
e Articulação e mobilização de reeditores do maior número pos- A maioria dos problemase dificuldades que surgemno decorrer de
sível de setores,que contribuam para fazer do movimento uma um processo de mobilização tem uma causa comum: alguém, uma pes-
ação acima dos partidos políticos, das religiões, de todas as soa ou um grupo, estáquerendo dominar o movimento, estáassumindo
formas de divisão. a definição de seus rumos, está se tornando ou se sentindo "dono", com
mais autoridade do que os outros.
e Que os Reeditoresestejam atentos para
A solução nestescasosnão é contrapor uma outra autoridade, mas
e Evitarnomear pessoascomo dirigentesformais do trabalho. As ampliar, democratizar mais ainda o acessoe a participação, chamar mais
vezes é preciso designar pessoas como responsáveis por esta ou gente, abrir mais o leque das alternativas de ações. Quanto mais o mo-
aquela providência,'mas isso não clá a elas superioridade ou au- vimento for de todos e de muitos, menos espaço sobra para a ação de
toridade sobre as demais. A liderança cle tarefas é uma posição quem quer se apropriar dele, restringir a autonomia dos outros, se apro-
#
cle ajuda ao grupo, que cada um pode assumirna medíclaem veitar dele para conquistar poder ou benefícios.
que se sentir necessário, disponível e capaz. O essenciale o que tem que ser permanentemente preservado são
os propósitosdo movimento, ampliadosou não por deliberaçãoautó-
e Evitar polemizclr e assumir atitudes hostis para com as pessoas
noma e negociaçãoentre os que dele participam e a liberdade de inici-
que se mostrarem reticentesem relação às propostas e idéias apre'
sentadas. Procurar conversar e convencê-las. Quando isso não ativa de quem se propõe a contribuir para alcança-los. Estesdois princí-
pios são os pilares da mobilização e toda vez que alguém estiver "pe-
for possível, buscar ampliar as discussões, evltanclo que elas se-
cando" contra eles deve ser alertado pelos outros, que devem procurar
jam rotuladas de pessoas-problema, o que as akistaria ainda mais.
garantir o espaço dos que estão sendo afastados ou excluídos.
Não permitir que as críticas e as dificuldades sejam personaliza-
das
e As propostas devem sempre refletir o que une as pessoas,não 3.6. Um movimento sem hierarquia
os seus pontos de discordância. O desafio é responder sempre, e
de forma cada vez mais ampla, à pergunta: sobre o que estamos
A participaçãomaisou menosassídua,a contribuição maisdireta ou
de acordo, apesar de nossasdivergências?Essedeve ser o hori-
zonte de ação do movimento. mais indireta, o tempo em que começou a participar, nada disso gera
hierarquias e poderes.
do movimento ? Todos participaram e cada uma a seu modo foi igual- o crescimentodo grupo. O critério para avaliar as propostasé a
mente importante. Os resultados não seriam alcançadosse só existisse suacontribuição para os propósitos do movimento. E preciso não ter
quem quisesse doar, e não tivessem a quem encaminhar para distribuir
preconceitos e saber valorizar o que isso tem de positivo, sem deixar
ou, ao contrário, se só houvesse organizadores de comitês e não hou-
vessedoadores. que a objetividade se perca e que o movimento se distancie muito dos
resultados pretendidos.
Essaé a riqueza no processo de mobilização: tem lugar para todo
mundo e para cada um, de acordo com seu interessee suaspossibilida-
des. Não tem lugar é para o sentimento de culpa ou de inferioridade por 3.8- As dificuldades com os especialistas
l
estar participando pouco ou para a arrogância e o poder porque está
participando mais. Um dos problemas mais freqüentes é a resistência que a participação
de pessoasdiferentes desperta naqueles que são os especialistas, que se
Aqueles que, para o bom andamento do movimento, recebem mis-
sentem os donos do conhecimento sobre o assunto que se pretende
sões ou tarefas específicas e se dispõem a cumpri-las o fazem para servir tratar.
ao movimento e não para conquistar espaço ou poder, porque essassão
para todos. O espaço e o poder coletivo do movimento crescem com Essaé uma das mudanças que um processo de mobilização traz para
cada nova adesão e sempre é possível garanti-los a todos. uma sociedade e um dos motivos pelos quais ela se justifica. Os assun-
tos deixam de ter donos, de serem tratados de forma isolada de seu
conteúdo mais global, de seu interesse social, de sua vinculação a um
3.7- A ampliação dos objetivos: projeto de futuro.
Esseé um dos conflitos constitutivos da riqueza de um movimento.
Muitas vezes isso,que à primeira vista é uma coisa boa, pode se Introduz novasvisões,amplia os horizontes e dota cada campo de atu-
transformar em um problema. Depois que as pessoasdescobrem a sua
ação de critérios éticos, por isso mesmo externosa ele. Ê bom lembrar
capacidadede agir,tendem a ampliar aquilo que o Produtor Socialha-
que não devemos temer os conflitos, que eles são parte dos processos
via definido como objetivo do processo.Muitas vezesquestionama democráticos.
atuação dele próprio, querem um espaço maior de ação, interferir em
assuntosque eram prerrogativa de poucos. O movimento ganha uma O importante é respeitar as dificuldades dessesespecialistas em acei-
l
conotação reivindicatória. Issoé da natureza do processo e não há mui- tar estaabertura. Não discutir com eles os aspectostécnicos; na maioria
to como evitar. Paradoxalmente,é um problema e é um dos sinaisde }
das vezes eles entendem mesmo do assunto e são eles que vão continu-
sucesso. l ar trabalhando na área. Elesnão devem ser ou se sentirem isolados, mas
parte do processo.A sua participação é importante, só não podemos
O Produtor Sociale as liderançasdo movimento vão ter que lidar JP aceitar o imobilismo que decorre da postura de quem já sabe tudo, de
com isso. Como? Vai depender de cada situação. Ê importante que eles
quem já tem todas as respostas.
\
tas. A regra geral é negociar, incorporar o que for razoável, acompanhar É imporUnte procurar conversar com eles não como técnicos, mas
como cidadãos.Tira-los da posição que os isola e coloca-los como parte
P
»
b
MJ - SbAa - CDB
B ED L ! O T E C A
2- O MEIOAMBIENTE E ESTESDESAFIOS
2.1- Inserção competitiva do Brasil em uma economia
globalizada = património ambiental como vantagem
competitiva
e Cuidado com um novo colonialismo: a preservação como con
tribuição da cidadania brasileira à humaníclade
pr(?clutividacle. Não se trata cfe produzir mais bens e sewiços que 2.3- A construção de um modelo de convivência demo.
tenham bons preços no mercado, mas cle produzir racional e c cle- crítica
quaclamenteos bens e serviços que permitam uma vida digna
paratodos.
©As liçõesda natureza
e De dom a recurso: o desafio cla ciência e cla tecnologia é trans
formar o que é dom em recurso utílizóvel, mascapc z de preser eAprencler a não agredir ao outro:
var e gerar riqueza e não só dinheiro. "Entre os mamíferos super;ares, o Homem é uma
das poucas espéciesque ataca e destrói seus
a'
congêneres: conhece a tortura e é capflf de matclr
out;bs de sua própria espécie. Isto o diferencia da
confundir riqueza com dinheiro. Não adianta
maioria dos animais que estão geneticamente
conseguir dinheiro se para isto estamos destruindo
inibidos para matar outro animal. de sua própria.
a nossariqueza comum: a água, o oxigênio, a especie. Por.isso, o ser humano deve ser.ensinado
qoresta tropical, a biodiversidade.' (Bernardo
Foro) não agredir, nem física, nem .pslfologicamente,
a outro ser humano." {Bernardo Toro)
2.2. Desigualdade e meio ambiente e Aprender a valorizar a vida clo outro como minha própria vida
"Os ricos degradaram por ganância e os pobres por necessida- e O cuiclaclo com o meio ambiente como exigência cla convivên
ae'
cia democrática
e O meio ambiente adequado como direito de todos. e" Aprender a conviver clemocraticamenle é , antes de tudo, apEen'
der a estar no mundo. A convivência democrática é possívelse
aceitamos que somos parte cla natureza e do Universo, e que não
é possível ferir o planeta Terra sem ferirmos a nós mesmos."
IBernardo Toro).
anexo-l anexo-7 91
re Aprender a perceber o planeta Terra como um ser vivo clo qual e O cuidado com o ambiente é um compromisso social entre con-
Fazemos parte e sem o qual desaparecemos. temporâneos
e Aprender a cuidar, valorizar e clekncler o ar, a água, a flores- e Todos temosdireito a um meio ambiente sadio e o dever
ta, a biocliversicladeetc, como a verdade;ro rhueza comum, a decontribuir para assegurar este direito a todos os nossoscon-
auajnõo pode ser apropriada para benefícios privados e par- temporâneos.
ticulares.
e Aprender a controlar o lixo e o clesperclícioe aprender a opor e Isto significa, em primeiro lugar, que a água é um bem de to
dos, que deve ter seu uso regido pelo interessecomum da socie
nos à produção de desperdíciose resíduosque clestróema vida
Jade.
?
anexo-]
anexo-7 q3
e Por que é um bem escassoela precisa ser cuidada e preservada. e Respeitar e confiar na cgpacidacle clãs pessoas de decidir cole
tivaménte sobre suas escolhas.
+.3-A água como bem económico © Acreditar na importância cle se liberar a energia, a criativiclacle
e o espírito empreendedor clãs pessoas e clãs coletiviclades.
$l$GlãtlFt : ü:r }
;- EIXO ESTRATÉGICO: MOBILIZAÇ:Ã0 SOCIAL 8 Mobilização social não é manifestação de rua. As manifesta-
ções são "celebrações" onde as pessoas manifestam coletíva e
publicamentesuas convicçõese podem ou não ocorrer em uma
dinâmica clemobilização social. Seu obletivo, como o da comuni-
cação social, é dar visibilidade.
e Elas sabem que outras pessoas estão, ao mesmotempo, em e Atires: lideranças públicas, empresariais, trabalhistas, políti
cas e religiosas, etc.
outros lugares, de formas diferentes, desenvolvendo ações com o
mesmoobjetivo e sentido.
e Expectativa em relação a ele: Definição cle políticas, discurso e
decisões compatíveis com os propósitos.
)6 anexo-l P
anexo- l q
Nível micro-político
l
#
Nívelbásico
r 6.5. Estruturar os sistemas de coletivização.
P
e Relaçõesenvolvidas: pessoas,famílias, turmas, meio ambiente
quadro de vicia.
6- EIXO OPERACIONAL
}
r
0 ü,8
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N
0
E ANEXO 2- Por que um movimento de cada
0 dada pelas águas?
80
E
:
©
Primeiro, por respeito à vida.
gc:
a)
E
'FI e À vida dos que tem nela seu habitat e dele dependem.para
C
sobreviver. A preservação da biodiversidade é uma manifesta-
ções do respeito ao direito cle viver, clo respeito às diferenças.
0
C
e À vida que ela cria e possibilita nos lugares onde passa.. À
3
vicia nas florestas e matas,à vicia que a agricultura cria e produz,
:
l à vicia clãs populações ribeirinhas que têm nos rios seu sustento,
seu meio de transporte, sua vida e sua morte.
9
3 r e Às vidas que ela preserva quando chega limpa às vilas, luga-
0' l rejos e cidades. As cfoenças decorrentes.dà. falta cle água tratada,
l como a cliarréia, são responsáveispelos altos índices de mortali-
dade infantil no Brasil e nos paísesem desenvokimento.Dos 92
milhões de pessoasque chegam a este mundo anualmente, 88
milhões nascem nestes países.
l
100 ,anexo -.2 4nexo-.2 101
águas não apenas como recurso, mas como elemento. A sensa- mas ainda a custosmuito elevados, os meios para se obter água
ç.aorepousante cle uma.bucha de ch.uveira é uma pálida imitação }
l
e A legislação lá existente é suficiente e relativamente eficaz para
+
R'e«isí«l.
.Calc«la-se
q« o h.mem'
p.ssa
«tii:;';ill:;l'a:1;3:. t
+
e Os movimentos da sociedade para preservação do meio amai
cle desta água doce cle superfície,'o que representadez vezes +
ente têm sido responsáveis pela 'maioria dos avanços,. mas.falta
mais do que seu consumo anual. Além disso la estão disponíveis, f lhesdivulgação, articulação, reconhecimentoe uma série cle
+
+
102 ,anexo-2
HH!:EB:llf
dade do Estado. ' ín:! EEÊ
"' Quais são os objetivos do movimento?
Em cada canto deste país é preciso ter cada cidadão informado, cui-
Cidadania e democracia são pressupostosde eficácia para a gestão
las águas,no mínimo porque uma pessoaem Brasília,em Belo Hori- dando e defendendo a água, os rios, riachos, carregos, arroios, nascen-
tes, bicas,etc. Esteé o ideal, a meta, o desejo.Um desejo que tem que
:onte ou em qualquer escritório urbano nunca vai cuidar da água tão
ser construído a cada passo, agregando os esforços que já existem, di-
)em quanto o seu.usuário pode cuidar. Sua açãoserá forçosamente
maisnormativa e de punição a posteriorido que de prevenção e cuida- vulgando-os, estimulando o surgimento de novos grupos e pessoasagin-
do a priori. do, seja no seu cotidiano, com naturalidade, apenas usando com mais
respeito, racionalidade e cuidado a água de cada dia, seja participando
Os cuidados com o PlanetaTerra,com a vida sustentável dependem de movimentos para limpar um rio. Sejaele um lavrador que aplica com
mais das convicções das pessoase de seu compromisso com essascon- mais cuidado o inseticida para evitar contaminações e preservaa matinha
vicçõesdo que de ações de governo. E a forma como a maioria das da nascente ou o grande industrial que deve investir pesadamente para
pessoaspode melhor expressarestecompromissoé na vida de sua co- devolver limpa a água que captou limpa para seu uso. O administrador
munidade
público que direciona investimentos para o tratamento do esgoto,ou a
]04 ,anexo-.2
professora que busca despertar nos seus alunos o amor à vida e o deseje
de participar da vida, dos problemasde sua comunidade e da buscade
çnliirãpc
:rVVU.
de Direitos Humanos, realizada em Viena em 1993, cujo Comitê de Re- de civil. Estecaminho, nósestamosdecididos a trilhar, com determina-
dação foi presidido pelo Brasíl. cão.
Iniciamos juntos, o Governo e a sociedade, uma caminhada para O ProgramaNacional de Direitos Humanos foi elaborado a partir de
pregar os direitos humanos como um direito de todos, para proteger os ampla consulta à sociedade. Algumas dezenas de entidades e centenas
excluídos e os desamparados. de pessoas formularam sugestões e críticas, participaram de debates e
seminânos.
Realizamos uma campanha contra a violência sexual e convidamos
para um debate em Brasília as mais altas autoridades de segurança e do A maior parte das ações propostas neste importante documento tem
Judiciário dos Estados. por objetivo estancar a banalização da morte, seja ela no trâns to, nj fila
Participei pessoalmente das comemorações relativas ao terceiro cen- do pronto socorro,dentro de presídios,em decorrênciado uso ndevi
do de armas ou das chacinas de crianças e trabalhadores rurais. Outras
tenário da morte de Zumbe. Naquela ocasião criei um Grupo de Traba-
recomendações visam a obstar a perseguição e.a discriminação contra
lho Interministerial para a Valorização da População Negra.
os cidadãos. Por fim, o Programa sugere medidas para tornar a Justiça
O N4inistériodo Trabalho tem exercido fiscalização semtrégua sobre mais eficiente, de modo a assegurarmais efetivo acessoda população
o trabalho forçado, sobretudo o de crianças. Em junho de 1 995, deter- ao judiciário e o combate à impunidade.
minema criação do Grupo Executivo de Repressãoao Trabalho Forçado
Estouconvencido de que o Programa Nacional de Direitos Humanos
GERTRAFpara permitir a coordenação dos esforçoscom vistasa banir
o trabalho forçado. será o guia a pautar as nossasações! do Governo e da sociedade, para
construiro que é a aspiração maior de todos nós: um Brasil maisjusto.
Em benefício das mulheres, o Governo assinou, em 8 de março de
1996, protocolos específicos na área de saúde, educação, trabalho e Fernando Henrique Cardoso
lustlça.
Em dezembro, fiz a entrega da primeira parte dos Prêmios Direitos
Humanos, em um valor de 75 mil reais.
Não obstante este conjunto expressivo de iniciativas, o passode mai-
or conseqüêncía certamente será o da adoção do Programa Nacional
de Direitos Humanos. Esteserá, estou seguro, um marco de referência
claro e inequívoco do compromisso do Paíscom a proteção de mulhe-
res e homens, crianças e idosos, das minorias e dos excluídos.
Todos nós sabemos que não é possível extirpar, de um dia para o ou-
tro, com um passe de mágica, a injustiça, o arbítrio e a impunidade. Es-
tamos conscientes de que o único caminho está na conjugação de uma
ação obstinada do conjunto do Governo com a mobilização da socieda-
PROGRAMA NACIONAL DE DIREITOS
HUMANOS
despossuídos e os que têm acesso à riqueza. Todos, enquanto pessoas, sos atores sociais e governamentais uma atitude firme, segura e perseve
devem ser respeitados, e sua integridade física protegida e assegurada. unte no caminho do respeito aos direitos humanos.
Direitos humanos referem-se a um sem número de campos da ativi- O Programa Nacional de Direitos Humanos ap.ontanessadireção, e
dade humana: o direito de ir e vir sem ser molestado;o direito de ser está dirigido para o conjunto dos cidadãos brasileiros. O Programa é
tratado pelos agentes do Estado com respeito e dignidade, mesmo ten- uma clara afirmação do Governo Federal com os comp.romissosassumi-
do cometido uma infração; o direito de seracusadodentro de um pro- dos, pelo Brasil,externamente e com a população na luta contra a vio-
cesso legal e legítimo, onde as provas sejam conseguidas dentro da boa lência em geral.
técnica e do bom direito, sem estar sujeito a torturas ou maus tratos; o
O Governo Federal,com a iniciativa do ProgramaNacional de Direi-
direito de exigir o cumprimento da lei e, ainda, de ter acessoa um Judi-
tos Humanos, quer ir além de um quadro profundamente preocupante,
ciário e a um Ministério Público que, ciosos de sua importância para o
marcadono passadopor um Poder Público deficiente e indiferente ao
Estadodemocrático, não descansemenquanto gravesviolações de di-
desrespeito à tranqüilidade e segurança do cidadão comum. A incon-
reitos humanos estejam impunes, e seus responsáveissoltos e sem puni- formídade da sociedade brasileira com esta situação é essencial para
ção, como se estivessemacima das normas legais; o direito de dirigir seu
que este estado inaceitável de coisas seja afinal superado
carro dentro da velocidade permitida e com respeito aos sinais de trân-
sito e às faixas de pedestres, para não matar um ser humano ou Ihe cau- O objetivo do ProgramaNacional de Direitos Humanos (PNDH),
sar acidente; o direito de ser, pensar, crer, de manifestar- se ou de amar elaborado pelo Ministério da Justiçaem conjunto com diversasorgani-
sem tornar-se alvo de humilhação, discriminação ou perseguição.São zaçõesda sociedadecivil, é, identificando os principais obstáculosà
aqueles direitos que garantem existência digna a qualquer pessoa. promoção e proteção dos direitos humanos no Brasil, eleger prioridades
e apresentarpropostas concretas de caráter administrativo, legislativo e
O entendimento deste princípio é indispensável para que haja uma I'ítico-cultural que busquem equacionar os mais graves prol?le.mas
mutação cultural e, em conseqüêncía, uma mudança nas práticas dos que hoje impossibilitam ou dificultam a sua plena realização. O PNDH
Governos, dos Poderesda República nassuasváriasesferase, principal- é resultante de um longo e muitas vezes penoso processo de democrati-
mente, da própria sociedade. É justamente quando a sociedade se zação da sociedade e do Estado brasileiro.
conscientiza dos seusdireitos e exige que estes sejam respeitados, que
se fortalecem a Democracia e o Estadode Direito. A Constituição de 1988 estabelece a mais precisa e pormenorizada
carta de direitos de nossa história, que inclui uma vasta identificação de
O esforço dos Governos federal, estaduais, municipais, das autorida- direitos civis, políticos, económicos, sociais, culturais, além de um con-
des judiciárias, legislativas e da própria sociedade como um todo ainda junto precisode garantiasconstitucionais.A Constituiçãotambém im-
não foram capazesde diminuir o desrespeitodiário aosdireitos huma- põe ao Estado brasileiro reger-se, em suas relações internacionais,.pelo
nos no Brasil. princípio da "prevalência dos Direitos Humanos" (art. 4Q,11).Resultado
desta nova diretiva constitucional foi a adesão do Brasil, no início dos
A falta de segurançadas pessoas,o aumento da escaladada violên- anos noventa. aos Pa(los Internacionais de Direitos Civis e Políticos, e
cia, que a cada dia se revela mais múltipla e perversa, exigem dos diver- de Direitos Económicos, Sociais e Culturais, às Convenções Americana
1 1 2 Ar7exo -3 Anexo
-3 113
de Direitos Humanos e contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas rou o Programa Nacional de Direitos Humanos que ora se submete a
Cruéis, Desumanos ou Degradantes, que se encontram entre os mais toda a Nação-
importantes instrumentos internacionais de proteção aos direitos huma-
nos. Paralelamentea esta mudança no quadro normativo, o Governo . Atualidade dos Direitos Humanos -
Federalvem tomando várias iniciativas nasesferasinternacional e inter-
na que visam a promover e proteger os direitos humanos. A adoção pela AssembléiaGeral das Nações Unidas da Declaração
Universalde Direitos Humanos, em 1948, constitui o principal marco
Por iniciativa do então Chanceler Fernando Henrique Cardoso reu- no desenvolvimento da idéia contemporânea de direitos humanos. Os
indissociá-
niram-se, no N4inistériodas RelaçõesExteriores,em maio de 1993. re- direitos inscritos nesta Declaração constituem um conjunto
presentantes do Ministério da Justiça, da Procuradoria-Geral da Repú- vel e interdependente de direitos individuais e coletivos, civis, políticos,
blica, além de parlamentares, e as mais importantes organizações não- econo' micos, sociais e culturais, sem os quais a dignidade da pessoa hu-
governamentaisde direitos humanos, com a finalidade de elaborar um mana não se realiza por completo. A Declaração transformou-se, nesta
relatório com diagnóstico das principais dificuldades do país,de modo a última metade de século, em uma fonte de inspiração para a elaboração
definir a agenda do Brasil para a Conferência Mundial de Direitos Hu- de diversascartas constitucionais e tratados internacionais voltados à
manos realizada em Viena em junho de 1993. Após esta conferência, proteção dos direitos humanos. Estedocumento, chave do nossotem-
setores do Estado e diversas entidades de Direitos Humanos foram con- po, tornou-se um autêntico. paradigma ético a partir do qual se pode
vocados pelo então Ministro da Justiça, Maurício Corrêa, com a finali- medir e contestar a legitimidade de regimes e Governos. Os direitos ali
dade de elaborar uma Agenda Nacional de Direitos Humanos. inscritos constituem tioje um dos mais importantes instrumentos de
nossacivilização visando a assegurarum convívio social digno, justo e
Em 7 de setembro último, o Presidente Fernando Henrique Càrdoso pacífico.
reiterou que os direitos humanos são parte essencialde seu programa Os direitos humanos não são, porém, apenas um conjunto de princí-
de Governo. Para o Presidente, no limiar do século XXI, a "luta pela li- pios morais que devem informar a organização da sociedade e a criação
berdade e pela democracia tem um nome específico: chama-se Direi- do direito. Enumeradosem diversostratados internacionais e constitui-
tos Humanos". Determinou, então, ao Ministério da Justiçaa elabora- ções,asseguramdireitos aos indivíduos e coletividadese estabelecem
ção de um Programa Nacional de Direitos Humanos, conforme previsto obrigações jurídicas concretas aos Estados. Compõem-se de uma série
na Declaração e Programa de Ação de Viena, adotada consensualnlen-
de normas jurídicas clarase precisas,voltadas a proteger os interesses
te na ConferênciaMundial de Direitos Humanos,em 25 de junho de mais fundamentais da pessoa humana. São normas cogentes ou progra-
1993, na qual o Brasilteve uma destacadaparticipação. ' máticas que obrigam os Estadosnos planos interno e externo.
O Governo. brasileiro, embora considere que a normatízação consti- Com o estabelecimento das Nações Unidas, em 1945, e a adoção de
tucional e a adesão a tratados internacionais de direitos humanos sejam diversostratados internacionais voltados à proteção da pessoa humana,
passosessenciais e decisivos na promoção destes direitos, está consci- os direitos humanos deixaram de ser uma questão afeta exclusivamente
ente de que a sua efetívação, no dia a dia de cada um, depende da atu- aos Estadosnacionais, passando a ser matéria de interesse de toda a co-
ação constante do Estado e da Sociedade. Com este objetivo se elabo- munidade internacional. A criação de mecanismosjudiciais internacio-
1 1 4 Anexo -3 Anexo
-3 115
naisde proteção dos direitos humanos, como a Corte Interamericana e reitor humanos são direitos de todos, e as entidades da sociedade civil
a Corte Européia de Direitos Humanos, ou quase-judiciais como a Co- possam lutar por ess.esdireitos e organizar-se para atuar em parceria
missão Interamericana de Direitos Humanos ou Comitê de Direitos Hu- co m o Estado,é fundamental que seus direitos civis elementares sejam
manos das Nações Unidas, deixa claro esta mudança na antiga formula- garantidos e,. especialmente, que a Justiça seja uma instituição garanti-
ção do conceito de soberania. É certo, porém, que a obrigação primária dora e acessível para qualquer um.
de asseguraros direitos humanos continua a ser responsabilidade inter-
na dos Estados Serão abordados, no Programa,os entraves à cidadania plena, que
levam à violação sistemáticados direitos, visando a proteger o direito à
vida e à integridadefísica; o direito à liberdade; o direito à igualdade
A natureza do Programa Nacional de Direitos Humanos
perante à lei.
O ProgramaNacional de Direitos Humanos,como qualquer plano O Programacontempla, igualmente, iniciativas que fortalecem a atu-
de ação q ue se pretenda exeqüível, deve explicitar objetivos definidos e
ação das organ izações da sociedade civil,.para p criação e consolidação
precisos. Assim, sem abdicar de uma compreensão integral e indissociá- de uma cultura de direitos humanos. Nada melhor para atingir esseob-
vel dos direitos humanos, o Programa atribui maior ênfase aos direitos
jetivo do que atribuir a essasorganizaçõesuma responsabilidadeclara
civis, ou seja, os que ferem mais diretamente a integridade física e o es-
na promoção dos direitos humanos, especialmente nas iniciativas volta-
paço de cidadania de cada um.
das para a educação e a formação da cidadania.
O fato de os direitos humanos em todas as suastrês gerações - a dos Na elaboração do Programaforam realizadosentre novembro de
direitos civis e políticos, a dos direitos sociais, económicos e culturais, e
1995 e março de 1996 seis seminários regionais - São Paulo, Rio de Ja-
a dos direitos coletivos - serem indivisíveis não implica que, na defini- neiro, Recife, Belém, Porto Alegre e Natal, com 334 participantes, per-
ção de políticas específicas - dos direitos civis - o Governo deixe de con- tencentes a 210 entidades. Foram realizadas consultas, por telefone e
templar de forma específica cada uma dessasoutras dimensões. O Pro- fax, a um largo espectro de centros de direitos humanos e personalida-
grama, apesar de inserir-se dentro dos princípios definidos pelo Pacto des. Foi realizada uma exposição no Encontro do Movimento Nacional
Internacional de Direitos Civis e Políticos, contempla um largo elenco dos Direitos Humanos, em Brasília, no mês de fevereiro de 1996. Final-
de medidas na área de direitos civis que terão conseqüências decisivas
mente, o projeto do Programafoi apresentadoe debatido na l Confe-
para a efetiva proteção dos direitos sociais, econâmícose culturais, rência Nacional de Direitos Humanos, promovida pela Comissão de Di-
como, por exemplo, a implementação das.convençõesinternacionais reitos Humanos da Câmara dos Deputados, com o apoio do fórum das
dos direitos das crianças, das mulheres e dos trabalhadores.
ComissõesLegislativasde Direitos Humanos, Comissão de Direitos Hu-
Numa sociedadeainda injustacomo é a do Brasil,com gravesdesi- manos da OAB Federal, N4ovimento Nacional de Direitos Humanos,
gualdadesde renda, promover os direitos humanos tornar-se-á mais CNBB, FENAJ, INESC, SERPAJe CIÀ41. O Programa foi encaminhado,
factível se o equacionamento dos problemas estruturais- como aqueles ainda, a várias entidades internacionais.Neste processo de elaboração,
provocados pelo desemprego, fome, dificuldades do acessoà terra, à foi colocada em prática a parceria entre o Estadoe as organizaçõesda
saúde, à educação, concentração de renda - for objeto de políticas go- sociedade civil. Na execução concreta do Programa, a mesma parceria
vernamentais.Paraque a população, porém, possaassumirque os di- será intensificada. Além das organizações de direitos humanos, univer-
1 1 6 Anexo -3
©
Criar um Cadastro Federal de Inadimplentes Sociais, que relacione
os estados e municípios que não cumpram obrigações mínimas de
proteção e promoção dos direitos humanos, com vistas a evitar o
repasse de recursos, subsídios ou favorecimento a esses inadim-
plentes.
1 1 8 Anexo -3 Anexo
-3 119
Curto prazo e Incluir nos cursos das academias de polícia matéria específica se
bre direitos humanos.
©
[=H]liU]:EH]B:':u: ;==:ü:
e Implementar a formação de grupo de consultoria para educação
em direitos humanos, conforme o Protocolo de Intenções tlrmaoo
entre o Ministério da Justiça e a Anistia Internacional para ministrar
cursos de direitos humanos para as polícias estaduais.
:l;lm.:nlUlgH;i
:u::$:=i«=n.:: . Estruturar a Divisão de Direitos Humanos, criada recentemente no
organograma da Polícia Federal.
Apoiar p.rogramaspara prevenir a violência contra grupos em situ . Estimulara criação e o fortalecimento das corregedori.asde políc.ia,
ação mais vulnerável, caso de crianças e adolescentes,'idosos, mu com vistas a limitar abusos e erros em operações policiais e emitir
Iheres, negros, indígenas, migrantes, trabalhadores sem tema e ho
mossexuais. diretrizes claras a todos os integrantes das forças policiais com rela-
ção à proteção dos direitos humanos.
' Apeúeiçoar a legislação sobre venda, posse, uso e porte de armas ' Proporo afastamentonasatividadesde policiamento de policiais
e mun ções pelos .cidadãos, .condicionando- os a rigorosa compro- acusados de violência contra os cidadãos, com imediata instaura-
vação de necessidade, aptidão e capacidade de manuseio.
ção de sindicância, sem prejuízo do devido processocriminal.
: :=n:,g:J:UmH:.=:=:1::=;=:==,ç::
os de serviço.
Incentivar a criação de Ouvidorias de Polícia, com. represerltantes
da sociedade civil e autonomia de investigação e fiscalização.
Apoiar, com envio de pedido de urgência, o Projeto de Lei nQ73 Luta contra a impunidade
queestabeleceonovoCódigodeTrânsito. ' ' ''
Curto prazo
Promover programas de caráter preventivo que contribuam nâr'
diminuir a incidência de acidentes de trânsito. r.'u-'
Médio prazo
' Incentivar programas de capacitação material das polícias, com a pública manifeste interesse.
necessáriae urgente renovação e.modernização dos equipamen-
í:'a=$E=:ll$1:
1:UEiB:l
tos de prestação da segurança pública. '' '
©
' Rever a egislação regulamentadora dos serviços privados de segu- tivo da reforma agrária.
rança,com o objetivo de limitar seucampo de atuação,proporci-
'Hl:=ÊEEIX IH ;#Ul;
onar seleção.rigorosa de seus integrantes e aumentar a supervisão
do poder público. ' ' ''
res
' Estimulara regionalização do intercâmbio de informações e coo-
peração de atividades de segurança pública, com apoio aos atuais 8
Apoiar, no contexto da reforma.do Estado,coordenada pelo Mi.
Conselhos de Segurança Pública do Nordeste, do Sudeste e do En- nistério da Administração e Reforma do Estado, propostas para
torno, e a outros que venham a ser criados.
modernizar o Judiciário e para fortalecer o sistema de proteção e
© promoção dos direitos humanos, de forma a agilizar os protestos,
Apoiar a expansão dos serviços de segurança pública, para que es- t''mplif car as regrase procedimentos e aumentar as garantias do
tes se façam presentes em todas as regiões do país. ' tratamento igualitário de todos perante a lei.
1 22 Anexo -3 Anexo
-3 123
' H
Apoiar a expansão dos serviços de prestação da justiça, para que
estes se façam presentes em todas as regiões do país.
!:S:'5EL=n=:!F=i:TE:==:!:ZtH:?,
~'-';- :ÇH;UIRRGl;HIT::
:n::
'BM=lB$:EHHEB=':
:::s::
'aMEi,HllãiZH :
poder público.
Médio prazo
e
' p fica o crime de tortura.o do Projetode Lei nQ4.716-A/94 que ti-
Penas privativas deliberdade quer açõesque atentem contra a dignidade e os direitos humanos
dessas pessoas.
Curto prazo
Médio prazo
Reativare difundir nos Estadoso sistemade informática penitenci-
e
ária - INFORPEN, de forma a agilizar processos e julgamentos e Incentivar a agilização dos procedimentos judiciais, a fim de redu
evitar excessosno cumprimento de pena. zir o número de detidos à esperade julgamento.
Apoiar programasde emergência para corrigir ascondições inade- Promover programasde educação, treinamento profissional e tra
quadas das prisões, criar novos estabelecimentos e aumentar o nú- balho para facilitar a reeducação e recuperação do preso
mero de vagas no país, em parceria com os Estados,utilizando-se
recursosdo Fundo Penitenciário Nacional - FUNPEN. . Desenvolver programas de assistência integral à saúde do preso e
de sua família.
Estimulara aplicação dos dispositivos da Lei de ExecuçõesPenais
referentes a regimes de prisão semi-aberto e aberto. Proporcionar incentivos fiscais, creditícios e outros às empresas
que empreguem egressosdo sistema penitenciário.
Incentivar a implementação de Conselhos Comunitários, confor-
Realizar levantamento epidemológico da população carcerária
me determina a Lei de Execuções Penais,em todas as regiões, para
brasileira.
auxiliar, monitorar e fiscalizar os procedimentos ditados pela J'usti-
ça criminal.
Incrementar a descentralização dos estabelecimentos penais, com
Promover a discussão,em âmbito nacional, sobre a necessidade a construção de presídios de pequeno porte que fácil item a execu-
de se repensar as formas de punição ao cidadão ínfrator, incenti- ção da pena próximo aos familiares dos presos.
vando o Poder Judiciário a utilizar as penas alternativas contidas
Longo prazo
nas leis vigentes com vistas a minimizar a crise do sistema peniten-
ciário.
Incrementar a desativação da Casa de Detenção de São Paulo (Ca-
randíru), e de outros estabelecimentos penitenciários que contra-
' Propor legislação para introduzir penas alternativas à prisão para riem as normas mínimas penitenciárias internacionais.
os crimes não violentos.
Proteçãodo direito a tratamento igualitário perante a lei Incentivar estudos, pesquisase programas para limitar a incidência
e o impacto do consumo de drogas ilícitas.
Direitos Humanos, Direitos de Todos
Apoiar açõespara implementação do PANAD Programa de Ação
Curto prazo
Nacional Antidrogas.
©
Propor legislaçãoproibindo todo tipo de discriminação,com base 8
em origem, raça, etnia, sexo, idade, credo religioso,convicção po- Apoiar a participação das pessoasportadoras de HIV/AIDS e suas
lítica ou orientação sexual, e revogando normas discriminatórias organizações na formulação e implementação de políticas e pro-
na legislação infraconstitucional, de forma a reforçar e consolidar a gramas de combate e prevenção do HIV/AIDS.
proibição de práticas discri minatórias existente na legislação cons-
titucional. Incentivar campanhas de informação sobre HIV/AIDS, visando a
} esclarecer a população sobre os comportamentos que facilitem ou
Estimular a criação de canais de acessodireto e regular da popula- dificultem a sua transmissão.
ção a informações e documentos governamentaispara tornar o
funcionamento do Executivo, Legislativoe Judiciário maistranspa- Apoiar a melhoria da qualidade do tratamento das pessoascom
rente, como, por exemplo, a criação de um banco de dados que HIV/AI DS, o que deve incluir a ampliação da acessibilidade e a di-
possibilite, inclusive, o acompanhamento da tramitação de inves- minuição do seu custo.
tigações e processos legais relativos a casosde violação de direitos
humanos.
Incentivar estudos, pesquisase programas para limitar a incidência
e o impa(to do HIV/AIDS.
Lançaruma campanha nacional, envolvendo estados e muni-
cípios, com o objetivo de dotar todos os cidadãos, num prazo de
Estimular a criação de PROCONs municipais
um ano, dos documentos fundamentais de cidadania, tais como
certidão de nascimento, carteira de identidade, carteira de traba-
lho. título de eleitor e certificado de alistamento militar (ou certifi- Estimular, a exemplo da Ordem dos Advogados do Brasil e da Fe-
cado de reservistaou certificado de dispensade incorporação). deração Nacional de Jornalistas, a criação de secretarias, departa-
mentos ou comissõesde direitos humanos e cidadania nos sindi-
Instituir a concessão gratuita das certidões de nascimento e de óbi- catos, centrais de trabalhadores, federações e entidades populares
to paratodos os cidadãos. e estudantis.
©
Melhorar a qualidade do tratamento das pessoasdependentes do Médio prazo
consumo de drogas ilícitas, o que deve incluir a ampliação da
acessibilidade e a diminuição do seu custo. Instituir a carteira nacional de identidade
MJ - Slnhã - OuDB
B EB L 1 0 T E C A
1 30 Anexo -3
Anexo
-3 131
8
Incentivarprogramasde orientaçãofamiliar com.o objetivo de ca- Instituir uma política nacional de estímulo à adoção, principal
pacitar as famílias a resolver conflitos familiares de forma não vio- mente por famílias brasileiras, de crianças e adolescentes efetiva
lenta, e a cumprir suas responsabilidades de cuidar e proteger as mente abandonadas, a fim de lhes possibilitar a convivência famíli
crianças. ar
Propor alteraçõesna legislaçãopenal com o objetivo de limitar a Apoiar a regulamentaçãodo decreto legislativoque promulgou a
incidência da violência doméstica contra as crianças e adolescen-
Convenção sobre Cooperação Internacional e Proteção de Crian-
tes ças e Adolescentes em Matéria de Adoção Internacional, realizada
em Haia (1993), com a designaçãode uma autoridade central em
' Propor alterações na legislação penal e incentivar ações com o ob matéria de adoções internacionais no Brasil.
jetivo de eliminar o trabalho infantil, punindo a prática de sua ex
ploração. Apoiar a criação, pelos tribunais de justiça dos estados,de comia
iões de adoção.
Dar continuidade à Campanha Nacionalde Combate à Explora-
ção Sexuallnfanto-juvenil.
' Incentivar a criação de estruturas para o desenvolvimento de pro
Incentivar a criação de estruturas para o desenvolvimento de pro gramassocioeducativos para o atendimento de adolescentes infra
I'nrpç
gramassocioeducativos para o atendimento de adolescentes infra
I'nrpç
Promover, em parceria com Clovernos estaduais e municipais e
©
Propor a alteração da legislação no tocante à tipificação de crime com a sociedade civil, campanhas educativas relacionadas às situ-
de exploraçãosexualinfanto-juvenil, com penalizaçãopara o ex- ações de risco vivenciadas pela criança e pelo adolescente, como
plorador e usuário. violência doméstica e sexual, prostituição, exploração no trabalho
e uso de drogas,visando a criar e manter um padrão cultural favo-
©
Incentivar a criação, nos estados e municípios do país, dos Conse rável aos direitos da criança e do adolescente.
lhos dos Direitos da Criança e do Adolescente, Conselhos Tutela
rese Fundosdos Direitos da Criança e do Adolescente. Estendero Programade Merenda Escolaràs creches
1 32 Anexo -3 Anexo
-3 133
Apoiar o Programa Brasil Criança Cidadã, desenvolvido pela Se- Apoiar a criação, pelo PoderJudiciário, f\ministérioPúblico e pelos
cretaria de Assistência Social do UPAS. Governos estaduais, de varas, promotorias e delegadas especiali-
zadas em infrações penais envolvendo menores, como previsto no
Apoiar o Fórum Nacional de Prevençãoe Erradicaçãodo Trabalho Estatuto da Criança e do Adolescente.
Infantil, coordenado pelo Ministério do Trabalho.
Mulheres
Promover a discussão do papel dos meios de comunicação no
Curto prazo
combate à exploração sexual infanto-juvenil.
Médio prazo ' Apoiar o Conselho Nacional dos Direitos da f\mulherna formulação
eimplementação de políticas públicas para a defesa dos direitos
' Investir na formação e capacitação de l)rofissionais e encarregados da mulher.
da implementaçãoda política de direitos da criançae do adoles-
e
cente nos Governos estaduais e municipais e nas organizações não Apoiar o ProgramaNacional de Combate à Violência Contra a
governamentais. Mulher, do Governo Federal.
©
Implantar sistema nacional e sistemasestaduais de informação e
Incentivar a criação de centros integrados de assistência a mulhe
monitoramento da situação da criança e do adolescente,focali- res sob risco de violência doméstica e sexual.
zando principalmente: (a) criação e funcionamento de Conselhos
de Direitos da Criança e do Adolescente e Conselhos Tutelares; lbl
localização e identificação de crianças e adolescentes desapareci- Apoiar as políticas dos Governos estaduais e municipais para pre
dos; (c) violação de direitos de criançase adolescentes,que con- venção da violência doméstica e sexual contra as mulheres.
temple o número de denúncias,número de processos,local da
ocorrência, faixa etária e cor das crianças e adolescentes envolvi- Incentivar a pesquisa e divulgação de informações sobre a violên-
dos, número de casos; (d) prostituição infanto-juvenil; (e) mortes cia e discriminação contra a mulher e sobre formas de proteção e
violentas de crianças e adolescentes. promoção dos direitos da mulher.
Longo prazo
' Asseguraro cumprimento dos dispositivosexistentesna Lei ne
Incentivar o reordenamento das instituições privativas de liberda- 9.029/95, que dá proteção às mulheres contra a discriminação em
de para menores infratores, reduzindo o número de adolescentes razão de gravidez
autores de ato infracional por unidade de atendimento, com prio-
ridade na implementação das demais medidas socioeducativas Apoiar o projeto de lei que altera o Código Penal nos crimes de es
previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente tupro e atentado violento à mulher.
1 34 ,Anexo-3 Anexo
-3 135
Médio prazo a igualdade de direitos das mulheres e dos homens em todos os ní-
veis, ncluindo saúde,educaçãoe treinamento profissional,traba-
Regulamentar o artigo 7e, inciso XX{ da Constituição Federal, que ho, segurançasocial, propriedade e crédito rural, cultura, política
prevê a proteção do mercado de trabalho da mulher através de'in. e justiça.
centivos específicos.
População Negra
' Revogar as normas discriminatórias ainda existentes na legislação
infraconstitucional, incluindo particularmente as normas do Códi- Curto prazo
go Civil Brasileiro que tratam do pátrio poder, chefia da sociedade Decreto
e
conjugal, direito da anulação do casamento pelo homem quando Apoiar o grupo de.trabalho.interm.jnisterialcriado por
a mulher não é virgem, privilégio do homem na fixação do domicí- Presidencialde 20 de novembro de 1995 com o objetivo de suge-
lio familiar. rir açõese políticasde valorizaçãoda população negra.
8
Reformular as normas de combate à violência e discriminação Inclusão do quesito "cor" em todos e quaisquer sistemas de infor
contra as mulheres,em particular, apoio ao projeto do Governo mação e registro sobre a população e bancos de dados públicos.
que trata o estupro como crime contra a pessoae não mais como
cume contra os costumes. e
Definir políticas e programas governamentais, nas esferas federal, Apoiar a definição de ações de valorização para a população negra
estadual e municipal, para implementação das leis que asseguram ecom políticas públicas.
1 36 Anexo -3 Arlexo-3 137
' Apoiar as ações da iniciativa privada que realizem discriminação Adotar o princípio da criminalização da prática do racismo, nos
positiva. ' Códigos Penal e de ProcessoPenal.
Propor projeto de lei, visando à regulamentaçãodos art. 21 .5,216 Formular políticas compensatórias que promovam social e econo
e242 daConstítuição Federal. ' ' '' ' ' micamente a comunidade negra.
e
e Promover a divulgação de informação sobre os indígenase os seus
=8=q=m:=a=:::'Em::s
:K Médio prazo
Longo prazo
©
Reorganizar a FUNAI para compatibilizar a sua organização com a
função de defender os direitosdas sociedadesindígenas.
e desenvolvimento de
Apoiar junto às comunidades indígenas o n - - nA n m L\ l f'b rl
Médio prazo e
Incentivar o equipamento de estabelecimentos.públ.icose meios
de transporte de forma a facilitar a locomoção dos idosos.
Estabelecer política de proteção aos direitos humanos das comum.
dades estrangeirasno Brasil. Longo prazo
e
Estabelecerpolítica de proteção aosdireitos humanos dascomum. Generalizar a concessão de passe livre e precedência de acesso
dades brasileiras no exterior. aos idosos em todos os sistemasde transporte público urbano.
Longo prazo 8
Criar, fortalecer e descentralizar programas de assistênciaaos ido
de forma a contribuir para sua integração à família e à socieda
Reformular a Lei dos Estrangeiros,através da apreciação pelo Con de e incentivar o seu atendimento no seu próprio ambiente
gresso do Projeto de Lei ne 1 .81 3/91 , que regula a situação jurídi
ca do estrangeiro no Brasil. Pessoasportadoras de deficiência
©
facilitar o acessodas pessoas idosas a cinemas, teatros, shows de Propor normasrelativasao acessodo portador de deficiência ao
música e outras formas de lazer público. mercado de trabalho e no serviço público, nos termos do art. 37,
Vlll, da Constituição Federal.
Apoiar as formas regionais denominadas ações governamentais in- . Adotar medidas que possibilitem o acesso das pessoasportadoras
tegradas, para o desenvolvimento da Política Nacional do Idoso. de deficiências às informações veiculadas pelos meios de comuni-
cação.
Médio prazo
8 Médio prazo
Criar e fortalecer conselhos e organizações de representação dos
idosos, incentivando sua participação nos programase projetos . Formular programa de educação para pessoasportadoras de defi
governamentaisde seu interesse. ciência.
Anexo -3 143
142 Anexo3
Implementar o programa de remoção de barreiras físicasque im- Incentivar, em parceria com a sociedade civil, a criação de prê-
pedem ou dificultam a locomoção das pessoasportadoras de defi- mios, bolsase outras distinções regionais para entidades e perso-
ciência, ampliando o acesso às cidades históricas, turísticas, estân- nalidades que tenham se destacado periodicamente na luta pelos
direitos humanos.
cias hidrominerais e grandes centros urbanos, como vistos no pro-
meto"Cidade para Todos".
Estimular os partidos políticos e os tribunais eleitorais a reservarem
Longo prazo parte do seu espaço específico à promoção dos direitos humanos.
Conceber sistemasde informações, com a definição de basesde . Atribuir, anualmente, o Prêmio Nacional de Direitos Humanos
dados relativamente a pessoasportadoras de deficiência à legisla-
ção, ajudas técnicas, bibliografia e capacitação na área de reabili-
tação e atendimento. Médio prazo
Educação e Cidadania. Bases para uma cultura de Direitos Huma- Incentivar a criação de canais de acesso direto da população a in-
nos: formações e meios de proteção aos direitos humanos, como linhas
telefónicas especiais.
Produção e Distribuição de Informações e Conhecimento
Conscientização e Mobilização pelos Direitos Humanos
Curto prazo
Curto prazo
Criar e fortalecer programas de educação para o respeito aos direi-
tos humanos nas escolasde primeiro, segundoe terceiro graus, Apoiar programasde informação, educação e treinamento de di-
através do sistema de "temas transversais" nas disciplinas curricu- reitos humanos para profissionais de direito, policiais, agentes pe-
lares, atualmente adotado pelo Ministério da Educaçãoe do Des- nitenciários e lideranças sindicais, associativas e comunitárias,
porto, e atravésda criação de uma disciplina sobre direitos huma- para aumentar a capacidade de proteção e promoção dos direitos
nos humanos na sociedade brasileira.
Apoiar a criação e desenvolvimento de programas de ensino e de Orientar tais programasna valorização da moderna concepção
pesquisa que tenham como tema central a educação em direitos dos direitos humanos segundo a qual o respeito à igualdade supõe
humanos. também a tolerância com as diferenças e peculiaridades de cada
indivíduo.
' Incentivar campanha nacional permanente que amplie a compre-
ensão da sociedade brasileira sobre o valor da vida humana e a im- Apoiar a realizaçãode fóruns, semináriose "workshops" na área
de direitos humanos.
portância do respeito aos direitos humanos.
1 44 Anexo -3 Anexo
-3 145
Ações internacionais para proteção e promoção dos Direitos Hu. ' Implementar as decisões da Convenção Interamerícana..par.a pre'
manos venir, punir e erradicar a violência contra a mulher (junho de
1994)
Ratificação de atos internacionais
Implementar as decisõesda IV Conferência Mundial da Mulher
Curto prazo IBeijing,setembrode 1995).
Ratificar a Convenção ne 1 38 e implementar a Recomendação ng Desenvolver campanhas de divulgação, através de veículos de co-
146 da OIT, que tratam da idade mínima para admissãono em- municação, das principais declarações e convenções internacio-
prego. nais para proteção e promoção dos direitos humanos assinadas
8 pelo Brasil, a fim de deixar claro quais são os compromissos assu-
Ratificar a Convenção sobre Povos Indígenas e Tribais em Países midos pelo Brasilna área da proteção e promoção dos direitos hu-
Independentes(Convenção ne 1 69), aprovada pela OIT em 1989. manos.
©
Ratificar a Convenção Internacional para Proteçãodos Direitos Apoiar, junto com o Ministério das RelaçõesExteriores,a elabora-
dos Migrantes e de suas Famílias,aprovada pela ONU em 1990. ção do Plano Hemisférico de Direitos Humanos, no contexto da
1 46 Anexo -3 Anexo-3 147
Apoiar a elaboração da Declaração sobre os Direitos dos Indíge- Atribuir ao Ministério da Justiça, através de órgão a ser designado,
nas, da ONU. a responsabilidade pela coordenação da implementação e atuali-
zação do Programa Nacional de Direitos Humanos, inclusive su-
Incentivar a ratificação dos instrumentos internacionais de prote- gestõese queixassobre o seu cumprimento. Atribuir a entidades
ção e promoção dos direitos humanos pelos paísescom os quais o equivalentes a responsabilidade pela coordenação da implemen-
Brasil possui relações diplomáticas. tação do programa nos estados e municípios.
jpação/
:Plo b. Â
Imprensa Nacional