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Cada vez mais as empresas recorrem aos Assistentes Técnicos Periciais na busca de
defesa em reclamações trabalhistas relacionadas à insalubridade, periculosidade e
acidentes de trabalho, impedindo a farra dos Peritos em relação à concessão indevida
[1]
de benefícios.
O Assistente Técnico Pericial deve ser indicado nos autos no prazo previsto na lei, para
orientação técnica da empresa, acompanhamento da perícia, estudo do Laudo Pericial e
elaboração da peça de defesa, conhecida como Contestação ou Parecer Técnico.
Trata-se de mais uma peça da defesa, por mim elaborada, entregue ao advogado da
empresa para composição do processo e análise por meio do magistrado e que obteve
sucesso. O magistrado, analisando o Laudo Pericial e a argumentação constante da
Contestação, desconsiderou o Laudo Pericial que concedia insalubridade ao
trabalhador e bateu o martelo em favor da Contestação, que negava o benefício. Mais
um Laudo Pericial que foi derrubado.
Interessante que a defesa por mim utilizada na Contestação se encontra numa das
[2]
edições do HBI na íntegra. Bastava o perito ter lido o meu artigo e utilizado a
argumentação constante do mesmo para minhas chances de sucesso serem bastantes 2
reduzidas. Mas o Perito não leu o meu artigo (ainda bem) e deu no que deu.
***************************************************************
RECLAMANTE: A J S
No item “7.2” letra “a” do Laudo o Perito cita alguns EPI fornecidos ao Reclamante, como
botas de PVC, luvas impermeáveis e respirador e a atividade do Reclamante que era de
arrumação e limpeza do Supermercado, a exceção de um mês que necessitou adentrar
as câmaras.
O fato é que apenas o texto do Anexo 09 não oferece condições para conclusão de
Laudos confiáveis, obrigando o avaliador a lançar mão de outros recursos para
consolidar a sua conclusão. 2
[6]
O texto do Anexo 09 não diz muita coisa:
“Para os empregados que trabalham no interior das câmaras frigoríficas e para os que
movimentam mercadorias do ambiente quente ou normal para o frio e vice-versa, depois de
1 (uma) hora e 40 (quarenta) minutos de trabalho contínuo, será assegurado um período de
20 (vinte) minutos de repouso, computado esse intervalo como de trabalho efetivo.
Parágrafo único – Considera-se artificialmente frio, para os fins do presente artigo, o que for
inferior, nas primeira, segunda e terceira zonas climáticas do mapa oficial do Ministério do
Trabalho e Emprego, a 15ºC (quinze graus), na quarta zona a 12ºC (doze graus), e nas
quinta, sexta e sétima zonas a 10ºC (dez graus).”
O mapa oficial do Ministério do Trabalho e Emprego foi definido pela Portaria 21, de
[7]
26/12/ 1994. Nessa Portaria, mais luz é lançada sobre o assunto:
“Art. 2º Para atender ao disposto no parágrafo único do art. 253 da CLT, define-se como
primeira, segunda e terceira zonas climáticas do mapa oficial do MTb, a zona climática
quente, a quarta zona, como a zona climática subquente, e a quinta, sexta e sétima zonas,
como a zona climática mesotérmica (branda ou mediana) do mapa referido no art. 1º desta
Portaria.”
Então:
Ou seja:
o a a a
o a a a
T < 10 C, nas 5 , 6 e 7 zonas climáticas (mesotérmicos brando e mediano);
Ilustrando:
2
Conforme Mapa Brasil Climas:
Ou seja, após cada 40 minutos de trabalho contínuo no interior das câmaras repousava
um mínimo de 120 minutos, realizando as atividades de arruação e limpeza do 2
Supermercado no ambiente quente ou normal;
A CLT estabelece que para cada 100 minutos de trabalho haja um período de descanso
mínimo de 20 minutos, ou 100/20 = 50/10 = 25/5 > 5/15, ou seja, as exposições ocorrem
dentro do intervalo mínimo previsto na CLT, não havendo exigência quanto ao uso de
EPI para exposições dentro do limite de tolerância prescrito na Lei;
Em analogia com o risco físico ruído, não há necessidade de indicação do EPI para
eliminação da insalubridade tendo-se em vista não haver nocividade a ser eliminada.
Em todos os casos de agentes nocivos possuidores de limites de tolerâncias definidos
na NR-15, cujas exposições ocorrem abaixo desses limites, não há exigência legal
quanto a utilização de EPI como critério para eliminação de uma insalubridade
inexistente. Para o frio não é diferente, pois não há exposições acima dos limites de
tolerância e a proteção individual fornecida é eficaz para redução das exposições
ocorridas pelo Reclamante.
Análise:
3) Proteção eficaz para frio (Jaqueta com capuz, máscara para proteção da respiração
tipo invanhoé/balaclava, calça, botas, meias e luvas) – Não exigido para exposições
abaixo dos limites de tolerância – Atende;
III – DA CONCLUSÃO
Considerando que:
b) Não há exposições acima dos limites de tolerância e por esse motivo a atividade
não apresenta nocividade ao Reclamante, mesmo sem a utilização de EPI mais eficazes
que os citados no Laudo;
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Webgrafia:
https://heitorborbasolucoes.com.br/tecnicos-em-seguranca-estao-mais-atuantes-em-
pericias-trabalhistas/
http://heitorborbainformativo.blogspot.com.br/2014/11/heitor-borba-informativo-n-75-
novembro.html
[3] CLT
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm
2
[4] NR-15
http://portal.mte.gov.br/data/files/8A7C816A47594D040147D14EAE840951/NR-
15%20(atualizada%202014).pdf
[5] Súmula 460 do STF
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verTexto.asp?
servico=jurisprudenciaSumula&pagina=sumula_401_500
http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812BE914E6012BEF3F94D3513D/nr_15_anexo
9.pdf
http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812C12AA70012C12D8C07F6B06/p_19941226
_21.pdf
ftp://geoftp.ibge.gov.br/mapas_tematicos/mapas_murais/clima.pdf
2 Comentários
Paulo Roberto no 25 de janeiro de 2024 a partir do 11:01
Quero deixar minhas considerações a respeito desse tema complexo.
Parabenizar ao Heitor Borba, pelo grandioso trabalho, muito técnico
com embasamento coerente e sólido, para mim é uma aula de grande
valia, tendo em vista a bagagem de base usadas na defesa.
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