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Conclusão
Quando se trata de questões de
gênero e sexualidade, a inércia e a
omissão do Congresso Nacional
delimitam um silêncio eloquente.
Mesmo diante do clamor público em
busca de respostas efetivas, os
anseios de pessoas LGBT, quando
trazidos ao centro do debate,
assemelham-se um diálogo de
surdos.
A luta por direitos pela comunidade
LGBT vem sendo travada a anos, e
ao que parece, os avanços não têm
sido a passos largos. As demandas
LGBT são muito básicas e
fundamentais, podemos citar, a
busca pelo direito de mulheres
trans utilizarem o banheiro
feminino, direito ao uso do nome
social, a possibilidade de alteração
dos registros em conformidade a
sua identidade de gênero. A
exclusão e a violência vivenciada
por essas pessoas desde muito
cedo, lhes prejudicam a construção
de uma autoimagem positiva e da
autoestima.
É insofismável que o voto proferido
pelo relator Barroso, no julgamento
do RE 845.779/SC, objeto deste
artigo, representa um ponto de
inflexão na prática jurisdicional
brasileira. Seja pela sapiência do
voto proferido, seja pelo relevante
recado de tolerância enquanto
ímpar aceitação do outro que traz e
pela inovação da concretização
normativa operada em matéria de
direito.
Como todo paradigma, porém, é
natural que o voto desperte
debates quanto a determinados
aspectos decisórios. Lidar com
parte das complexidades ensejadas
pela decisão será ofício da
Academia. O que se espera dos
paradigmas não é apenas um ganho
de justiça, mas um acréscimo de
racionalidade na cultura jurídica,
que depende da possibilidade do
conhecimento transparente de seus
fundamentos.