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Modelos Informacionais:

Espaço Urbano e Regional

AULA 6 – Parte 1

Cartografia Temática

Profª Ivana Arruda S. Saraiva


Cartografia Temática

1. CARTOGRAFIA TEMÁTICA

Cartografia Temática: “Cartografia é a ciência da representação e do estudo


da distribuição espacial dos fenômenos naturais e sociais, suas relações e
suas transformações ao longo do tempo, por meio de representações
cartográficas – modelos icônicos – que reproduzem este ou aquele aspecto da
realidade de forma gráfica e generalizada”. (Salichtchev, 1973:110)

Cartografia não é uma simples técnica, indiferente ao conteúdo que está


sendo veiculado.

Pressupõe o conhecimento dos fenômenos que estão sendo representados e o
suporte das ciências que os estudam.
Cartografia Temática
Diagrama da transmissão de informação cartográfica

Fonte: SALICHTCHEV, K. A. In:


Cartographica, Monograph 19
University of Toronto Press, 1977.
Semiologia Gráfica

2. SEMIOLOGIA: Teoria Geral dos Signos  papel significativo no


desenvolvimento teórico da Cartografia, dando origem à Cartografia Temática.

A Representação Gráfica é uma linguagem de comunicação visual,


porém de caráter monossêmico (significado único).
Semiologia Gráfica

A imagem figurativa é polissêmica (significados múltiplos).Ex:


publicidade, fotografia, pintura  diante dela perguntamos: o que nos diz
a imagem?  pode ter conotações diferentes.
Semiologia Gráfica

Imagem figurativa (pintura)  pode


ter conotações diferentes.
Semiologia Gráfica

Mapas: instrumentos para se


“ler” ou para se “ver”?

 Ao pretendermos elaborar
gráficos e mapas, estamos
trabalhando no domínio da
Representação Gráfica, e
para tanto, faz-se
necessário, como em toda
comunicação visual,
aprender a “ver”.

Cartografia: deve ser


constituída de documentos
para se “ver” e não para
se “ler” !!!
Relações Fundamentais

3. RELAÇÕES FUNDAMENTAIS: a tarefa essencial da Representação Gráfica é


a de transcrever as três relações fundamentais que se estabelece entre os
elementos:
– Diversidade ();

– Ordem (O);

– Proporcionalidade (Q),

por relações visuais de mesma natureza.


Relações Fundamentais
Para representação do tema, tem-se que:

• o aspecto qualitativo responde à questão “o quê?”, caracterizando relações de


diversidade entre os elementos;

• o aspecto ordenado
responde à questão “em
que ordem?”,
caracterizando relações
de ordem entre os
elementos; e

• o aspecto quantitativo
responde à questão
“quanto?”,
caracterizando relações
de proporcionalidade
entre os elementos.
Níveis de Organização

4. NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO: Relações Fundamentais que se estabelecem entre


os dados. Podem ser:
– Quantitativo (Q): deve ser usado quando queremos mostrar grandezas dos
elementos representados;

– Ordenado (O): deve ser usado quando a representação expressa uma ordem
ou uma hierarquia dos elementos;

– Qualitativo : pode ser usado quando o documento cartográfico permite que


sejam extraídas informações sobre as propriedades ou atributos dos
elementos representados, não havendo nenhuma intenção do autor do mapa
em dar ênfase para valores ou quantidades. Pode ser:
 Seletivo (): quando a intenção é mostrar a distinção dos elementos
entre si;
 Associativo (): quando os elementos no mapa ficam agrupados de
acordo com determinadas características comuns.
Variáveis Visuais

5. VARIÁVEIS VISUAIS

As variáveis visuais
apresentam propriedades
perceptivas intrínsecas
diante de nosso olhar.

Elas são usadas para


transcrever as relações
fundamentais que se
estabelecem entre os
elementos (níveis de
organização dos
componentes: Q; O; ; ).
Variáveis Visuais
As Variáveis Visuais podem ser:

Tamanho: diz respeito à variação da dimensão do símbolo, permitindo que


sejam extraídas informações sobre a grandeza dos componentes do mapa, sendo
a variável mais apropriada para o nível de informação quantitativo;
Variáveis Visuais

Valor: trata-se da diversificação da tonalidade de uma cor, quando valores


fortes e fracos são representados, respectivamente, por tons escuros e claros.
A variável valor é mais apropriada para mostrar a ordenação ou seqüência de
um fenômeno (ex: altimetria, temperatura, densidade demográfica, etc);
Variáveis Visuais

Granulação: trata-se de uma representação semelhante às hachuras, porém


definida como a mesma repartição do preto no branco, sendo esta uma variável
visual pouco usada;
Variáveis Visuais

Cor: corresponde à sensação subjetiva das pessoas ao perceberem uma radiação


eletromagnética com determinado comprimento de onda e que depende do fluxo
luminoso e da composição espectral da luz;
Variáveis Visuais
Variáveis Visuais

REPRESENTAÇÕES SELETIVAS

• Uma combinação é contrastante


quando as cores são totalmente diversas
entre si, como as opostas sobre o
círculo cromático - as complementares
 CORES SELETIVAS.

REPRESENTAÇÕES ORDENADAS

• Uma combinação é harmônica quando


as cores possuem uma parte básica
comum a todas, como a escala
monocromática ou as cores vizinhas
sobre o círculo cromático  CORES
ORDENADAS.
Cartografia Temática

Síntese:

• A cor é uma variável visual altamente seletiva, portanto ideal para


transcrever relações de diversidade entre objetos, principalmente na
implantação zonal.

• Para uma melhor seletividade das cores:


- quanto mais diametralmente opostas estiverem as cores no círculo
cromático.

• Na seqüência espectral, as cores criam duas ordens visuais opostas a


partir do amarelo, que se encontra no centro:
- de um lado para matizes frios, em direção aos violetas;
- de outro, para matizes quentes, em direção aos vermelhos.
Variáveis Visuais

 Estas três dimensões podem ser representadas


num sólido, um cone duplo, dito sólido das cores
de OSTWALD:

- No eixo vertical apreciamos


o Valor, desde o preto, no
ápice inferior, até o branco, no
ápice superior;

- No eixo horizontal avaliamos


a Saturação, desde o neutro
até a cor pura;

- No equador distribuem-se as
cores puras (Matizes).
Variáveis Visuais

MATIZ

VALOR

SATURAÇÃO
Variáveis Visuais

• Orientação: corresponde à inclinação do traço nas representações em


uma só tinta, quando então usamos hachuras e tramas, variando a
posição entre vertical, oblíqua e horizontal;
Variáveis Visuais

• Forma: trata-se do feitio ou da configuração dos símbolos, podendo ser


usadas variações geométricas, combinações de traços e figuras,
além de símbolos evocativos. A forma é a variável visual mais
apropriada para representação do nível de informação qualitativo,
especialmente quando se quer “associar” ou “selecionar” os
componentes do mapa.
Modos de Implantação

6. MODOS DE IMPLANTAÇÃO: os fenômenos considerados em cada tema


podem se manifestar de forma pontual, linear e areal (ou zonal). Assim,
tem-se os seguintes Modos de Implantação:

Pontual: refere-se àqueles


elementos cuja
representação simbólica
pode ser reduzida à forma de
um ponto, tais como: cidades,
casas, indústrias, portos, etc;
Modos de Implantação

Linear:

Refere-se àqueles
elementos cujo
Elementos Pontuais
desenvolvimento requer
um traçado linear, tal como:
estradas, rios, correntes
marinhas, limites de
Elementos Lineares
administrações regionais, etc;
Modos de Implantação

Areal (ou Zonal):

Trata-se da representação de
elementos que ocupam ou
pressupõem ocupar uma
determinada extensão sobre a
superfície terrestre, tais como:
geologia, vegetação, solos,
densidade demográfica, bacia
hidrográfica, etc.
Modos de Implantação

Detalhe Carta IBGE


Esc: 1:50.000
Níveis de Organização X
Variáveis Visuais

Associativo Seletivo Ordenado Quantitativo


() () (O) (Q)
T (Tamanho) Q

V (Valor) O (Q)

G (Granulação) O

C (Cor) 
 
O (Orientação) 
F (Forma)  

Síntese: Q  T;   C, O, F
O  V, G   C, F
Níveis de Organização X
Variáveis Visuais

Quadro de Variáveis Visuais.


Fonte: Joly, F. (2005, p.73),
parcialmente alterado
Níveis de Organização X
Variáveis Visuais

Fonte: Cardoso (1984, p. 42), parcialmente alterado por SARAIVA, I. A. S.


Disponível em: http://pt.slideshare.net/daianert/aula-1-parte2
Cartografia Temática

O mapa temático deve expor:

 um tema (fenômeno), expresso através do título;


 o local e a data do acontecimento;
 o tema por ele analisado será apresentado na
estruturação da legenda
 legenda: é o meio que o leitor usa para
compreender o conteúdo do mapa, relacionando
os símbolos aos seus significados;
 a escala é importante no mapa, através dela pode-
se saber quantas vezes as dimensões reais foram
reduzidas para caber no papel;
 a fonte / data dos dados utilizados no mapa;
 o responsável pela sua elaboração / data;
 o norte geográfico;
Fonte / Data
 sistema de coordenadas. Elaboração /
Cartografia Temática

1. ETAPAS DE CONSTRUÇÃO DE UM MAPA


1. Definição do tema:

- tem início com a


delimitação da parte
da realidade a ser
trabalhada

visa estabelecer
diretrizes que
orientem a busca de
respostas às
questões a ela
colocadas.
Cartografia Temática

 Algumas questões de base:

- “o quê” você quer representar;


- “para quê” você precisa desta
representação;
- “para quem” você precisa
representar.

2. Definição da fonte:

O tema será trabalhado a partir de


informações adequadas referentes
àquela parte da realidade já definida.

Varia em função da confiabilidade do


dado X adequação do dado ao tema
proposto.
Cartografia Temática
Diagrama da transmissão de informação cartográfica
Cartografia Temática

 Pode ser:
– Fonte primária: a aquisição dos dados leva
em conta o aspecto direto, ou seja, contato
do pesquisador com a própria realidade,
feito com observações de campo e
respectivas anotações, com ou sem
instrumentos;

– Fonte secundária: a aquisição dos dados


leva em conta o aspecto indireto, ou seja,
através da exploração de uma
documentação, seja numérica, descritiva,
ou também iconográfica (mapas, gráficos,
imagens), ambos analógicos ou digitais.

Obs: Pode-se também considerar a combinação


entre estes meios.
Para cumprir seus objetivos, a Cartografia se
apóia em várias tecnologias e ciências,
algumas já bem consolidadas e outras em
constante evolução.
Cartografia Temática
Diagrama da transmissão de informação cartográfica

3. A escolha da escala:

A escala de construção de um mapa varia em função de:


 A finalidade do mapa  a finalidade determina a escala;
 A conveniência da escala  a escala determina a construção do
mapa.

A conveniência da escala:

Representação Desejada X Precisão Requerida

Varia em função da necessidade, ou não,


de um determinado nível de detalhes!!!
- Quais são as características dos municípios objeto de estudo?
- Quais os objetivos do mapeamento?
- Qual(is) escala(s) melhor se adequa(m) aos objetivos pretendidos?
- Quais fontes são mais adequadas para atender tais objetivos?
Cartografia
Temática

4. Organização dos dados: Registros


das situações percebidas
concretamente de forma sistemática.
Devem ser organizados em séries e
apresentados na forma de tabelas.

Tabela Mapa Temático

a. definir quais são os componentes


(parte variável da informação);
b. definir o nível de organização
destes componentes / variáveis;
c. definir quais são as variáveis visuais
que melhor representam o nível de
organização destes componentes /
variáveis;
d. definir o tipo de implantação.
Cartografia Temática

4. Organização dos dados

42 informações elementares

3 grupos de
informação, a partir de
características comuns
Etapas de Elaboração de um
Mapa Temático

 Tabela:

 definir quais são os componentes desta tabela;


 definir o nível de organização (relações fundamentais) destes
componentes;
 definir quais são as variáveis visuais que melhor representam os
componentes;
 definir o tipo de implantação para o mapeamento.

A todo componente corresponde uma variável visual


com o mesmo nível de organização que melhor o
represente!
Etapas de Elaboração de um Mapa
(Processo Analógico - 1983)
Elementos de Identificação de um Mapa

8. ELEMENTOS DE IDENTIFICAÇÃO DE UM MAPA

– Título (Sub-título);
– Escala (gráfica e/ou numérica);
– Legenda;
– Fonte(s) / Data(s) dos Dados;
– Autor (Desenhista) / Data de Realização;
- Órgão Promotor;
– Orientação (Norte Geográfico);
– Sistema de Coordenadas;
– Encarte.
Elementos de
Identificação
de um Mapa
Referências Bibliográficas

 MARTINELLI, Marcello. Curso de Cartografia Temática. São Paulo: Contexto, 1991.

 UDESC – Universidade do Estado de Santa Catarina. GeoLab – Laboratório de


Geoprocessamento - GeoCart - Laboratório de Aerofotogeografia e Cartografia. SOLUÇÃO
COLEÇÃO DE MAPAS. In:
http://www.geolab.faed.udesc.br/sites_disciplinas/Cartografia_tematica/CartografiaTematic
a%201.pdf. Acesso: 2011.

 Rosely Sampaio Archela e Hervé Théry, « Orientação metodológica para construção e


leitura de mapas temáticos », Confins [Online], 3 | 2008, posto online em 23 juin 2008,
Consultado o 13 octobre 2011. URL : http://confins.revues.org/3483 ; DOI :
10.4000/confins.3483

 SALICHTCHEV, K. A. In: Cartographica, Monograph 19 University of Toronto Press, 1977.

 LE SANN, Janine G. “ Documento Cartográfico: Considerações Gerais”. In: Revista


Geografia e Ensino, IGC/UFMG, 1983.

 FERREIRA, Graça Maria Lemos. Atlas Geográfico – Espaço Mundial. São Paulo: Ed.
Moderna, 2005.

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