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A evolução de uma estrutura exterior à membrana celular permite às plantas solucionar o desafio
da osmorregulação em ambientes de água doce, mas com uma contrapartida: a perda de mobilidade.
Pelo contrário, no reino animal, a osmorregulação deve-se à evolução de um sistema vascular que
permite que a maioria das células se encontre banhada em linfa intersticial, uma alternativa à
existência de proteções rígidas semelhantes às das células vegetais, que permite a mobilidade das
células e dos organismos.
As camadas rígidas também colocam constrangimentos ao desenvolvimento de sistemas de
transporte de longa distância; nas plantas evoluíram dois sistemas de transporte: um sistema de
pressão positiva que permite o transporte de seiva rica em açúcares e um sistema de pressão
negativa que garante o transporte desde o solo até aos órgãos fotossintéticos.
A água no xilema pode conter vários gases dissolvidos, como dióxido de carbono, oxigénio ou
nitrogénio, que, sob tensão, têm tendência para abandonarem a solução: formam-se bolhas
submicroscópicas, que podem acumular-se e expandir, formando rapidamente bolhas de ar
(cavitação), que podem obstruir o vaso condutor (embolia), interrompendo assim a coluna de água. A
probabilidade de ocorrência de cavitação nestes vasos condutores foi apresentada como objeção à
principal teoria para explicar o transporte ascendente nas plantas.
As propriedades da água e as características estruturais dos vasos condutores de seiva bruta
facilitam o transporte: ligações por pontes de hidrogénio garantem a coesão entre moléculas de água
e a manutenção no estado líquido da água sob tensão; por outro lado, as bolhas podem ficar contidas
num elemento de vaso ou num traqueído, com a água a fluir lateralmente, contornando o elemento
bloqueado.
Osório Matias, Pedro Martins, A. Guerner Dias, Paula Guimarães, Paulo Rocha
A figura 1 mostra diferenças em várias espécies vegetais ao nível da probabilidade de ocorrência
de cavitação no xilema.
Baseado em New insights into the hydraulics of trees (consultado em fevereiro 2021), Tyree , M. T., Sperry, J.S.
(1989) Vulnerability of xylem to cavitation and embolism. Annu. Rev. Plant Phys. Mol. Bio. 40:19-38
Osório Matias, Pedro Martins, A. Guerner Dias, Paula Guimarães, Paulo Rocha
3. Uma das diferenças entre células animais e células vegetais é
(A) a ausência, nas primeiras, de uma estrutura rígida exterior à membrana celular.
(B) a presença, nas segundas, de membrana citoplasmática.
(C) a existência, nas primeiras, de um vacúolo central que armazena água.
(D) a existência, nas segundas, de uma parede celular constituída por quitina.
5. A cavitação é um fenómeno
(A) que pode comprometer a eficácia da fotossíntese.
(B) que, segundo os dados, apenas ocorre em plantas de grande porte.
(C) que resulta dos gases respiratórios transportados nos vasos floémicos.
(D) que demonstra que pode ocorrer a condensação de gases no xilema.
6. O transporte no interior da planta é fundamental para que todas as células recebam substâncias
essenciais ao seu desenvolvimento.
O transporte de seiva elaborada
(A) ocorre apenas no sentido descendente, dos órgãos produtores até aos órgãos consumidores
ou de reserva.
(B) depende diretamente da transpiração foliar.
(C) pode ser diretamente comprometido pela interrupção da coluna de água.
(D) pode envolver movimentos de água proveniente de elementos de vaso, por aumento da
pressão osmótica nos vasos floémicos.
8. Refira a designação da teoria que atualmente melhor explica o transporte por pressão negativa,
nas plantas mais altas.
9. Justifique porque é possível afirmar que a relação inversamente proporcional entre a pressão
no xilema e probabilidade de ocorrer cavitação parece ser independente da espécie de planta.
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Grupo II
Documento 1
Polvos, lulas, chocos e náutilos são moluscos pertencentes à classe Cephalopoda e são parentes
evolutivos de invertebrados aquáticos (de água doce e salgada) e terrestres, como as ostras e os
caracóis, respetivamente. Os polvos são dos cefalópodes que mais curiosidade têm despertado no
público em geral e na comunidade científica, em especial pelas suas capacidades na resolução de
problemas complexos e pelas particularidades ao nível do sistema cardiovascular, nomeadamente a
presença de três corações e a cor invulgar do seu sangue.
O sistema circulatório dos cefalópodes é único entre os moluscos: para além do coração dorsal,
designado coração sistémico, apresentam um par de corações próximo das brânquias, os corações
branquiais (figura 1). O sangue apresenta uma proteína rica em cobre, a hemocianina, que se
encontra dissolvida no plasma e que, na sua forma oxigenada, apresenta uma cor azulada. A presença
desta molécula torna também o sangue mais viscoso; por outro lado, facilita o transporte de oxigénio
a baixas temperaturas.
No polvo-comum (Octopus vulgaris), o coração é constituído por um ventrículo e duas aurículas e,
como em todos os cefalópodes, o coração parece ser um tecido altamente aeróbico. Ao contrário dos
corações dos peixes, o coração sistémico de O. vulgaris recebe oxigénio arterial diretamente das
brânquias, o que garantirá um bom fornecimento de oxigénio. Ainda assim, alguns estudos indicam
que o músculo cardíaco apresenta, nestes invertebrados, um fornecimento coronário separado.
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Baseado em https://telanganatoday.com/, www.simbiotica.org, www.britannica.com
4. Seria correto ordenar, por ordem crescente de grau de eficácia na distribuição de gases e
nutrientes, os sistemas de transporte de
(A) cão, golfinho e choco.
(B) canário, salamandra e esponja.
(C) abelha, crocodilo e morcego.
(D) sardinha, sapo e girafa.
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8. Relacione o desenvolvimento de sistemas de transporte com o aumento do número de células
e a colonização de ambientes terrestres, tanto em plantas como em animais.
Documento 2
Os crocodilos são, geralmente, predadores de emboscada: mantêm-se imóveis, por vezes
submersos, à espera de uma presa, sendo que estes animais apresentam períodos entre ventilações
que podem durar horas.
O coração dos crocodilos é, em parte, distinto do de outros répteis: apresenta quatro
compartimentos, com um sistema de desvio do sangue, que permite condicionar o trajeto do sangue
que seguiria para os pulmões, de forma a acelerar a transição para uma taxa metabólica mais baixa
aquando das submersões.
A endotermia, ou a manutenção da temperatura corporal constante à custa do metabolismo,
implica taxas metabólicas elevadas quando os animais se encontram em repouso. Esta característica
permite níveis de atividade mais elevados, mas implica um maior consumo de oxigénio e de
“combustível celular”, comparando com vertebrados ectotérmicos, como sapos e lagartos.
A figura 2 mostra a anatomia do coração de diversos vertebrados.
Figura 2 - Diferenças na anatomia do coração de diferentes vertebrados (RAt, aurícula direita; LAt, aurícula
esquerda, RV, ventrículo direito; LV, ventrículo esquerdo; PA, artéria pulmonar; RA, aorta direita; LA, aorta
esquerda).
Baseado em www.nature.com
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Nas questões de 9. e 10., selecione a opção que completa corretamente as afirmações.
a) b) c)
1. um mamífero e um
1. mamíferos e aves 1. iguais
crocodilo
2. aves e répteis 2. inferiores 2. uma ave e um peixe
d) e)
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Grupo III
Nos últimos anos, tem aumentado o interesse pela conversão de biomassa em etanol,
considerado o combustível líquido mais “limpo” alternativo aos combustíveis fósseis. A energia da
biomassa poderá ser vital para milhões de seres humanos, e poderá constituir uma fonte de energia
viável para compensar a diminuição das reservas naturais.
Poderão ser utilizadas diversas substâncias para a produção de etanol: no caso da celulose,
promove-se um processo designado “sacarificação e fermentação simultâneas” (SSF), que combina a
hidrólise enzimática da celulose com a fermentação dos açúcares obtidos (sabe-se que este processo
resulta numa elevada produção de etanol). Outra vantagem da SSF é que requer quantidades
reduzidas de enzima, uma vez que a etapa que envolve leveduras contribui para a redução do efeito
inibitório dos produtos resultantes da hidrólise.
Contudo, a SSF requer condições de sacarificação e fermentação compatíveis, nomeadamente ao
nível da temperatura, pH e concentração de substrato. Uma dificuldade na utilização deste método
prende-se com as diferenças entre as temperaturas ótimas para a sacarificação (40 °C - 50 °C) e para a
fermentação (20 °C - 35 °C). De forma a preservar a viabilidade das leveduras, a SSF deverá ocorrer
entre 30 °C e 38 °C.
Sabe-se que a fermentação é afetada por fatores como pH, a pO2 (pressão de oxigénio) e a
temperatura. Um estudo procurou testar a capacidade de crescimento e fermentação da glicose de
uma estirpe da levedura Saccharomyces cerevisiae em temperaturas próximas do valor ótimo para a
sacarificação.
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Figura 2 - Variação da concentração de etanol
Figura 1 - Variação da concentração de etanol a produzido por fermentação, em diferentes
diferentes temperaturas de fermentação, ao concentrações de glicose (a temperatura foi de
longo de uma semana (concentração inicial de 30 °C).
glicose de 40 kg.m-3).
Figura 3 - Variação da concentração de etanol para diferentes valores de pH, ao longo de uma semana
(concentração inicial de glicose de 40 kg.m-3).
Baseado em Lin, Y. et al. (2012) Factors affecting ethanol fermentation using Saccharomyces cerevisiae
BY4742. Biomass and Bioenergy, 47, p. 395-401
Nas questões de 1. a 5., selecione a opção que completa corretamente as afirmações.
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4. As reações do metabolismo celular
(A) ocorrem exclusivamente em organelos membranares, como mitocôndrias.
(B) não dependem do tipo de célula.
(C) apenas ocorrem em condições de temperatura inferiores a 37 °C.
(D) são catalisadas por enzimas, moléculas proteicas sensíveis à temperatura.
8. O meio utilizado para o crescimento das leveduras foi submetido a temperatura de 121
°C durante 20 minutos.
Explique a importância desta etapa no procedimento experimental, tendo em conta o
objetivo do estudo apresentado.
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9. Os organismos termotolerantes apresentam adaptações a temperaturas elevadas,
nomeadamente a nível enzimático.
Explique em que medida a utilização destas leveduras é uma opção viável quando se
procura otimizar processo de SSF, tendo em conta a desnaturação de proteínas.
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