O NOVO

TESTAMENTO
DE NOSSO SENHOR JESUS,
O CRISTO DE DEUS
Traduzido para o português
por
Fridolin Janzen
Traduzido do grego pelo texto usado por todas as traduções originais
da Palavra de Deus, o Textus Receptus.

Versão na terceira pessoa, linguagem formal, transliterada.

Nesta versão procurou-se manter os termos tradicionalmente transliterados do gre-

go para o português. Quando se transliteram certas palavras, como comumente é
feito, perde-se muito do texto original (palavras transliteradas: Convocação batis-
mo, Descanso, Ungido). O leitor também perceberá que muitas heresias tiveram
seu surgimento nas palavras transliteradas, não plenamente conhecidas.
Os tradutores da Bíblia enfatizam a necessidade da tradução da Palavra de Deus
para o dialeto ou a língua falada por uma etnia, sendo que a língua materna mexe
com a pessoa. Em português temos uma língua escrita (formal) e outra língua fala-
da (informal). Não existe brasileiro que no dia a dia fale o português formal, por-
tanto “correto”. Lutero não somente traduziu a Palavra de Deus para o alemão. Ele
criou uma nova língua ao traduzi-la. Creio que a última revisão da língua portu-
guesa foi muito tímida. Estamos nos adiantando à nova revisão e lançando a língua
escrita que também é a falada (o mais próximo possível, sem nos tornarmos vulga-
res). Creio que Jesus, se vivesse nos nossos dias, estaria falando o português que
todos nós falamos, e não o português que escrevemos. Porém, já que temos a li-
berdade de discordar, estamos lançando várias versões paralelamente. Teremos à
disposição as seguintes versões:

Versão na terceira pessoa, linguagem informal, traduzida.

Versão na terceira pessoa, linguagem informal, transliterada.
Versão na terceira pessoa, linguagem formal, traduzida.
Versão na terceira pessoa, linguagem formal, transliterada.
Versão na segunda pessoa, traduzida.
Versão na segunda pessoa, transliterada.

Copyright  2003 por Fridolin Janzen

2

A BOA MENSAGEM SEGUNDO
MATEUS
1.
1. O livro da genealogia de Jesus Ungido,
Filho de Davi, filho de Abraão.
2. Abraão gerou a Isaque, Isaque gerou a
Jacó, Jacó gerou a Judá e a seus irmãos,
3. E Judá gerou a Perez e Zerá, de Tamar, e
Perez gerou a Esrom, e Esrom gerou a Arão,
4. E Arão gerou a Aminadabe, e Aminada-
be gerou a Naassom, e Naassom gerou a
Salmom,
5. E Salmom gerou a Boaz, de Raabe, e
Boaz gerou a Obede, de Rute, e Obede gerou
a Jessé,
6. E Jessé gerou ao rei Davi, e o rei Davi
gerou a Salomão, da que era de Urias,
7. E Salomão gerou a Roboão, e Roboão
gerou a Abias, e Abias gerou a Asa,
8. E Asa gerou a Josafá, e Josafá gerou a
Jorão, e Jorão gerou a Uzias,
9. E Uzias gerou a Jotão, e Jotão gerou a
Acaz, e Acaz gerou a Ezequias,
10. E Ezequias gerou a Manassés, e Manas-
sés gerou a Amom, e Amom gerou a Josias,
11. E Josias gerou a Jeconias e a seus irmãos
na época da deportação babilônica.
12. E após a deportação babilônica, Jeconias
gerou a Salatiel, e Salatiel gerou a Zoroba-
bel,
13. E Zorobabel gerou a Abiúde, e Abiúde
gerou a Eliaquim, e Eliaquim gerou a Azor,
14. E Azor gerou a Sadoque, e Sadoque
gerou a Aquim, e Aquim gerou a Eliúde,
15. E Eliúde gerou a Eleazar, e Eleazar ge-
rou a Matã, e Matã gerou a Jacó,
16. E Jacó gerou a José, o marido de Maria,
da qual nasceu Jesus, que é chamado Ungi-
do.
17. De maneira que todas as gerações, desde
Abraão até Davi, foram catorze gerações; e,
de Davi até à deportação babilônica, catorze
gerações; e, desde a deportação babilônica
até ao Ungido, catorze gerações.
Mateus
18. Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi
assim: Estando sua mãe, Maria, desposada
com José, antes de coabitarem, achou-se
grávida do Espírito Santo.
19. Mas José, seu marido, sendo justo, não
querendo expô-la em público, intencionou
despedi-la secretamente.
20. Enquanto refletia sobre estas questões,
eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em
sonho, dizendo: “José, Filho de Davi, não
tenha medo de se unir a Maria, sua esposa,
porque o que nela foi concebido é do Espíri-
to Santo.
21. E ela dará à luz a um filho e você chama-
rá o seu nome de Jesus, porque salvará o seu
povo dos seus pecados.
22. Tudo isto aconteceu para se cumprir o
que havia sido dito pelo Senhor, por meio do
profeta, dizendo:
23. ‘Eis que a virgem conceberá e dará à luz
a um filho, e chamarão o seu nome de Ema-
nuel’1, que traduzido significa: ‘Deus conos-
co’.”
24. E, despertando José do sono, agiu como
o anjo do Senhor lhe ordenara, e se uniu à
sua esposa.
25. Mas não teve relações com ela até que
desse à luz ao seu filho primogênito, e cha-
mou o seu nome de Jesus.
2.
1. Ora, tendo Jesus nascido em Belém da
Judéia, nos dias do rei Herodes, eis que che-
garam sábios do Levante2 para Jerusalém,
dizendo:
2. “Onde está o recém-nascido rei dos ju-
deus? Porque temos visto sua estrela no
Levante e viemos adorá-lo”.
3. Ouvindo isto o rei Herodes, ficou alar-
mado, e com ele toda a Jerusalém.
1
Isaías 7:14
2
Levante é o sol nascente, portanto o Leste.
3
Mateus
4. E, convocando todos os arqui-sacerdotes3
e escribas4 do povo, informou-se deles onde
havia de nascer o Ungido.
5. E disseram-lhe: “Em Belém da Judéia,
porque tem sido escrito da seguinte maneira
pelo profeta:
6. ‘Mas você Belém, terra de Judá, não é
de modo algum a menor entre as capitais de
Judá, porque de você sairá o Líder que a-
pascentará o meu povo de Israel’5.”
7. Então Herodes, chamando os sábios em
particular, informou-se minuciosamente
quanto à época da aparição da estrela.
8. E, enviando-os para Belém, disse: “Vão
e procurem cuidadosamente pelo menino, e,
tão logo o encontrarem, tragam notícias,
para que eu também possa ir adorá-lo”.
9. Tendo eles, pois, ouvido o rei, partiram.
E eis que a estrela que haviam visto no Le-
vante os precedia até chegar e parar por
sobre o lugar em que se encontrava o meni-
no.
10. E, vendo a estrela, regozijaram-se com
alegria extremamente grande.
11. E, entrando na casa, encontraram o me-
nino com Maria, sua mãe, e, prostrando-se, o
adoraram. E, abrindo os seus tesouros, de-
ram-lhe presentes: Ouro, e incenso e mirra.
12. Mas, sendo alertados por Deus em sonho
para não retornar para Herodes, regressaram
ao seu país por outra rota.
13. Ora, tendo partido, eis que um anjo do
Senhor aparece em sonho a José, dizendo:
“Levante-se, tome o menino e sua mãe, e
fuja para o Egito, e lá permaneça até lhe
avisar, porque Herodes procurará o menino
para matá-lo”.
3
ἀρχιερεύς (arkiereus): arke = o que está primei- 2. E dizendo: “Arrependam-se, porque o
ro, e iereus = sacerdote; o arke grego equivale Reino dos Céus tem se aproximado!”
ao nosso „arce-“ ou „arqui-“, muito usado como
prefixo. Os arqui-sacerdotes eram da decedência
de Aarão e estavam à frente das questões religi-
osas em Israel.
4
Γραµµατεύς (grammateus): escritor, secretário.
Homem estudioso da Lei de Moisés que inter-
pretava as questões mais profundas e abrangen-
tes.
5
Miquéias 5:2
4
14. E, levantando-se, tomou o menino e sua
mãe, durante a noite, e partiu para o Egito.
15. E lá permaneceu até a morte de Herodes,
para que se cumprisse o que foi dito pelo
Senhor por intermédio do profeta, dizendo:
“Do Egito chamei o meu filho” 6.
16. Herodes, então, percebendo que os sá-
bios haviam-no ludibriado, enfureceu-se
tremendamente, e mandou matar todos os
meninos de Belém e seus arredores, de dois
anos e abaixo, de acordo com a época a res-
peito da qual se informara minuciosamente
com os sábios.
17. Então se cumpriu o que foi falado pelo
profeta Jeremias, dizendo:
18. “Ouviu-se uma voz em Ramá, lamenta-
ção, e choro e grande pranto: Raquel cho-
rando seus filhos, não querendo ser conso-
lada, porque já não existem”7.
19. Mas, tendo Herodes morrido, eis que um
anjo do Senhor aparece em sonho a José, no
Egito, dizendo:
20. “Levante-se, tome o menino e sua mãe, e
vá para a terra de Israel, porque já morreram
os que atentavam contra a vida do menino”.
21. Levantando-se, pois, tomou o menino e
sua mãe, e foi para a terra de Israel.
22. Mas, ouvindo que Arquelau reinava na
Judéia, no lugar de seu pai Herodes, temeu ir
para lá, e, sendo alertado por Deus em so-
nho, desviou-se para as regiões da Galiléia.
23. E, vindo, foi morar numa cidade chama-
da Nazaré, para se cumprirem as palavras
faladas8 pelos profetas, que seria chamado
de Nazareno.
3.
1. Ora, naqueles dias aparece João, o Sub-
mersor, proclamando no deserto da Judéia,
6
Oséias 11:1
7
Jeremias 31:15
8
É importante notar a palavra “falada” e não
“escrita”. Não temos o relato escrito no VT,
mas Mateus sabia que havia sido falado, e por
mais de um profeta. Veja situação semelhante
para Mateus 27:9-10.

3. Porque este é aquele do qual foi falado
pelo profeta Isaías, dizendo: “Voz clamando
no deserto: ‘Preparem o caminho do Se-
nhor. Endireitem as suas veredas!’9.”
4. E João mesmo vestia traje de pêlo de
camelo, e usava cinto de couro na sua cintu-
ra, e seu alimento consistia em gafanhotos e
mel silvestre.
5. E foram até ele Jerusalém, e toda a Ju-
déia e toda a região ao redor do Jordão,
6. E foram submersos por ele no Jordão10,
confessando os seus pecados.
7. Mas, vendo muitos dos fariseus11 e dos
saduceus12 virem ao seu batismo, disse-lhes:
“Cria de víboras13, quem lhes alertou para
fugirem da ira vindoura?
8. Produzam, pois, frutos que correspon-
dam com o arrependimento!
9. E não pensem em dizer em vocês mes-
mos: ‘Temos Abraão por pai’. Pois digo-lhes
que Deus é capaz de gerar filhos a Abraão a
partir destas pedras.
9
Isaías 40:3; Marcos 1:3; Lucas 3:4-6; João 1:23
10
Jordão era um rio que corria do norte para o sul, ba e repousar sobre ele.
abaixo do nível do mar, formando parte da 17. E eis que uma voz dos Céus dizia: “Este
fronteira leste da Galiléia, Samaria e Judéia.
11
Φαρισαιος (farisaios): seita separatista religiosa da satisfação”16.
judaica, em número de 6000 na época de Josefo.
Enfatizava exageradamente a observação de ri-
tos religiosos externos, mas deixava de observar
os valores espirituais. Acreditava na existência
de espíritos e vida pós-morte. Foi duramente
criticada por Jesus pela sua hipocrisia e na sua
quase totalidade eram fortes opositores de Jesus.
O apóstolo Paulo era fariseu antes de sua con-
versão.
12
Σαδδουκαιος (Saddoukaios): “os justos”; seita
religiosa que aceitava somente a Lei escrita, ne-
gava a ressurreição do corpo, a imortalidade da
alma, e a existência de espíritos e anjos. Na é-
poca da condenação de Jesus e no início da con-
vocação Cristã estavam no poder religioso em
Israel. Quando se encontravam na oposição a
Jesus muitas vezes se juntavam aos fariseus. Je-
sus também por diversas vezes menciona e re-
preende os dois grupos juntos.
13
Serpente venenosa, de cabeça triangular, que
atinge 50 a 60 cm, e prefere os locais pedrego-
sos e ensolarados.
Mateus
10. E agora o machado já está dirigido à raiz
das árvores. Toda árvore, pois, não produ-
zindo fruto bom, é cortada e lançada no fo-
go.
11. Eu, de fato, lhes submerjo na água, para
o arrependimento, mas aquele que vem de-
pois de mim é mais poderoso que eu, cujos
calçados não sou digno de carregar. Ele lhes
submergirá no Espírito Santo e no fogo.
12. Na mão do qual está o crivo14, e ele lim-
pará completamente a eira, e recolherá o seu
trigo no celeiro. Mas queimará a palha em
fogo inextinguível15.”
13. E então Jesus vai da Galiléia para o Jor-
dão, até João, para ser submerso por ele.
14. Mas João tentava dissuadi-lo, dizendo:
“Eu é que tenho necessidade de ser submer-
so pelo Senhor, e agora o Senhor se dirige a
mim?!”
15. Mas Jesus, respondendo, disse-lhe:
“Consinta-o por agora, porque assim nos
convém cumprir toda a justiça”. Então ele o
consentiu.
16. E, submerso Jesus, subiu imediatamente
da água, e eis que os Céus se lhe abriram, e
viu o Espírito de Deus descendo como pom-
é o meu Filho amado, no qual tenho profun-
4.
1. A seguir foi Jesus conduzido pelo Espíri-
to para o deserto, com o propósito de ser
tentado pelo Caluniador.
2. E, tendo jejuado durante quarenta dias e
quarenta noites, sentiu fome.
3. E, aproximando-se dele o tentador, disse:
“Caso você seja o Filho de Deus, diga a
estas pedras que se transformem em pães!”.
4. Mas ele, respondendo, disse: “Tem sido
escrito: ‘Não só de pão viverá o homem, mas
14
Crivo: peneira que separa o trigo do joio e ou-
tras impurezas.
15
Que não pode ser apagado.
16
II Pedro 1:17; Mateus 3:17; 17:5; Marcos 1:11;
9:7; Lucas 3:22; 9:35
5
Mateus
de toda a palavra que procede da boca de
Deus’17.”
5. Logo o Caluniador o conduz à cidade
santa, e o coloca sobre o pináculo do Tem-
plo,
6. E lhe diz: “Caso você seja o Filho de
Deus, atire-se para baixo, porque tem sido
escrito: ‘Ele ordenará aos seus anjos a seu
respeito, que lhe sustentarão nas suas mãos,
para que em momento algum o seu pé bata
contra alguma pedra’18.”
7. Disse-lhe Jesus: “Também tem sido es-
crito: ‘Você não tentará ao Senhor seu
Deus’19.”
8. Novamente o Caluniador o leva a uma
montanha altíssima, e lhe mostra todos os
reinos do mundo e a sua glória,
9. E lhe diz: “Tudo isto lhe darei se, pros-
trado, me adorar”.
10. E então Jesus lhe diz: “Retire-se, Adver-
sário! Porque tem sido escrito: ‘Ao Senhor
seu Deus você adorará, e somente a ele
servirá’20.”
11. E assim o Caluniador o deixa. E eis que
vieram anjos e o serviram.
12. Ouvindo, porém, Jesus que João havia
sido preso, partiu para a Galiléia,
13. E, deixando Nazaré, foi morar em Cafar-
naum, situada à beira do lago, nas divisas de
Zebulom e Naftali,
14. Para que se cumprisse o que foi falado
por intermédio do profeta Isaías, dizendo:
15. “A terra de Zebulom, e a terra de Nafta-
li, o caminho do lago, além do Jordão, Gali-
léia dos povos,
16. O povo que se assentava na escuridão
viu grande luz, e sobre os que estavam as-
sentados na região e na sombra da morte,
acendeu-se grande luz’21.”
17. A partir deste momento Jesus começou a
proclamar e a dizer: “Arrependam-se, por-
que o Reino dos Céus tem se aproximado!”
17
Deuteronômio 8:3; Lucas 4:4
18
Salmo 91:11-12; Lucas 4:11
19
Deuteronômio 6:16; Lucas 4:12
20
A citação une Deuteronômio 6:13 e 10:20;
Lucas 4:8
21
Isaías 9:1-2
6
18. E Jesus, andando pelo lago da Galiléia,
viu dois irmãos: Simão, chamado Pedro, e
André, seu irmão, lançando a rede ao lago,
pois eram pescadores.
19. E ele lhes diz: “Venham após mim, e eu
farei de vocês pescadores de homens!”
20. E, imediatamente, abandonando suas
redes, seguiram-no.
21. E, prosseguindo a caminhar, viu outros
dois irmãos: Tiago de Zebedeu, e João, seu
irmão, no barco, com Zebedeu, seu pai, re-
mendando suas redes. E os chamou.
22. E eles, imediatamente, deixando o barco
e seu pai, seguiram-no.
23. E Jesus percorria toda a Galiléia, ensi-
nando nas suas sinagogas22, e proclamando a
Boa Mensagem do reino, e curando toda
doença e toda enfermidade entre o povo.
24. E sua fama alcançou toda a Síria. E trazi-
am-lhe todos os doentes, acometidos de
várias enfermidades e tormentos, e endemo-
ninhados, e lunáticos23, e paralíticos. E ele
os curava.
25. E seguiam-no grandes multidões da Gali-
léia, e de Decápolis, e de Jerusalém, e da
Judéia, e dalém do Jordão.
5.
1. E, vendo as multidões, subiu à montanha.
E, assentando-se, os discípulos aproxima-
ram-se dele.
2. E, abrindo a sua boca, ensinava-os, di-
zendo:
3. “Bem-aventurados24 os pobres em espíri-
to, porque deles é o Reino dos Céus.
4. Bem-aventurados os que lamentam, por-
que eles serão consolados.
22
συναγωγή (sunagoge): sun = junto e ago =
trazer; lugar de reunião dos judeus e prosélitos
onde se ensinava a Lei de Moisés.
23
σεληνιαζοµενους (seleniazomenous): pessoa
cuja saúde é influenciada pelas fases da Lua. A
palavra aparece duas vezes, ambas em Mateus
(Mateus 17:15).
24
Bem-aventurado: Felizardo, muito sortudo,
afortunado, avantajado, o que tem a felicidade
do Céu.

5. Bem-aventurados os mansos, porque eles
herdarão a Terra.
6. Bem-aventurados os que têm fome e
sede de justiça, porque eles serão saciados.
7. Bem-aventurados os misericordiosos,
porque eles serão tratados com misericórdia.
8. Bem-aventurados os puros de coração,
porque eles verão a Deus.
9. Bem-aventurados os pacificadores, por-
que eles serão chamados de Filhos de Deus.
10. Bem-aventurados os que têm sido perse-
guidos por causa da justiça, porque deles é o
Reino dos Céus.
11. Bem-aventurados são vocês, quando lhes
insultarem, e perseguirem, e mentindo, lhes
atribuírem todo tipo de maldade, por minha
causa.
12. Regozijem-se e exultem, porque grande
será a sua recompensa nos Céus, pois assim
perseguiram os profetas que lhes precede-
ram.
13. Vocês são o sal da Terra. Se, porém, o
sal perder o seu sabor25, com que será salga-
do? Não serve para nada, a não ser para ser
jogado fora e ser pisado pelas pessoas.
14. Vocês são a luz do mundo. Não é possí-
vel esconder uma cidade construída sobre
um monte.
15. Nem se acende uma lâmpada para colo-
cá-la debaixo de um modios26, mas sobre um
castiçal, e brilha para todos os que estão na
casa.
16. Assim brilhe a sua luz diante das pesso-
as, para que vejam as suas boas obras e glo-
rifiquem ao seu Pai que está nos Céus.
17. Não suponham que vim abolir a Lei ou
os Profetas. Não vim para abolir, mas para
cumprir.
18. Porque com certeza lhes digo: Até que
passem o Céu e a Terra, é impossível que
25
O sal perde o seu sabor quando misturado com
outros produtos ou impurezas. O açúcar, mistu-
rado ao sal, anula o sabor do sal.
26
Modios é uma medida seca de em torno de 9
litros. Como se fosse uma lata.
Mateus
um jota27 ou uma keraia28 da Lei passem,
sem que todos sejam realizados.
19. Quem quer que seja, pois, que transgre-
dir um destes mandamentos, mesmo sendo
dos menores, e assim ensinar aos homens,
será chamado de menor no Reino dos Céus.
Mas aquele que os praticar e ensinar, o
mesmo será chamado de grande no Reino
dos Céus.
20. Porque digo-lhes que a não ser que a sua
justiça exceder em muito a dos escribas e
dos fariseus, de maneira alguma vocês entra-
rão no Reino dos Céus.
21. Vocês ouviram que foi dito aos antigos:
‘Você não assassinará29, mas quem assassi-
nar estará sujeito ao julgamento’.
22. Eu, porém, lhes digo que todo aquele
que, sem justa causa, se enfurecer contra o
seu irmão, estará sujeito ao julgamento, e
quem disser ao seu irmão: ‘demente’, estará
sujeito ao sinédrio; e qualquer que lhe dis-
ser: ‘louco’, estará sujeito à Geena30 de fogo.
23. Por esta razão, quando você oferecer a
sua oferta no altar, e ali se lembrar de que o
seu irmão tem algo contra você,
24. Deixe a sua oferta ali diante do altar e vá
reconciliar-se primeiro com o seu irmão, e,
vindo depois, ofereça a sua oferta.
25. Entre logo em acordo com o seu adversá-
rio, enquanto estiver a caminho com ele,
antes que o adversário lhe entregue ao juiz, e
o juiz lhe entregue ao oficial de justiça, e
você seja lançado na prisão.
27
Iwta (iota) em grego (ou yod “y” em hebraico)
e y em hebraico – a décima letra do alfabeto
hebraico e a menor de todas.
28
Keraia (keraia) – pequeno chifre. Usado pelos
escritores como acentos e pontos diacríticos.
Os dois termos acima poderiam corresponder
ao nosso “nenhuma vírgula nem pontinho do i”.
29
Êxodo 20:13
30
Geena: o inferno é o lugar de punição. Origi-
nalmente era o vale de Hinnom, ao Sul de Jeru-
salém, onde o lixo e as carcaças de animais e-
ram jogados e queimados. Sendo que no versí-
culo 8 consta ‘ser lançado no fogo eterno’ e no
versículo 9 ‘ser lançado na Geena de fogo’, a
Geena será um lugar de fogo eterno.
7
Mateus
26. Com certeza lhe digo, de forma alguma 36. Nem jure pela sua cabeça, porque você
você sairá de lá enquanto não tiver pago o não é capaz de tornar um cabelo branco ou
último quadrante31. preto.
27. Vocês ouviram que foi dito aos antigos: 37. Seja, porém, a sua palavra: ‘sim, sim’,
‘Você não adulterará’32. ‘não, não’; porque o que passar disto proce-
28. Eu, porém, lhes digo que qualquer que de do Maligno.
olhar cobiçando para uma mulher, já adulte- 38. Vocês ouviram que foi dito: ‘Olho por
rou com ela no seu coração. olho e dente por dente’37.
29. Mas, caso o seu olho direito lhe fizer 39. Eu, porém, lhes digo para não resistirem
tropeçar, arranque-o e jogue-o longe de vo- ao mau. Mas, àquele que lhe bater na sua
cê, porque é preferível perder um dos seus face direita, ofereça-lhe também a outra.
membros, do que ter o corpo todo jogado na 40. E se alguém lhe processar diante da jus-
Geena. tiça e tomar a sua túnica, permita-lhe levar
30. E, caso a sua mão direita lhe fizer trope- também o manto.
çar, corte-a e jogue-a longe de você, porque 41. E se alguém lhe obrigar a andar uma
é preferível você perder um dos seus mem- milha38, ande duas com ele.
bros, do que ter o corpo todo jogado na Gee- 42. Dê a quem lhe pedir, e não se recuse a
na. emprestar àquele que lhe solicita.
31. Também foi dito que: ‘Quem despedir 43. Ouviram que foi dito: ‘Você amará ao
sua esposa, dê-lhe uma certidão de divór- seu próximo39 e odiará ao seu inimigo40’.
cio’33. 44. Eu, porém, digo: Amem aos seus inimi-
32. Eu, porém, lhes digo que aquele que gos, bendigam aos que lhes amaldiçoam,
despedir sua esposa, a não ser devido ao façam o bem aos que lhes odeiam, e orem
sexo ilícito, a expõe a adulterar, e aquele quepor aqueles que lhes maltratam e lhes perse-
casar com a divorciada, comete adultério.34 guem,
33. Novamente ouviram que foi dito aos 45. Para que sejam filhos de seu Pai que está
antigos: ‘Você não praticará perjúrio35, mas nos Céus, porque ele deixa o seu Sol nascer
cumprirá ao Senhor os seus juramentos’36. sobre maus e bons, e faz chover sobre justos
34. Eu, porém, lhes digo: Não jurem em e injustos.
hipótese alguma, nem pelo Céu, por ser o 46. Porque, se amarem aos que lhes amam,
Trono de Deus, que recompensa têm? Não o fazem até os
35. Nem pela Terra, por ser o apoio de seus cobradores de impostos?
pés, nem por Jerusalém, por ser a cidade do 47. E se cumprimentarem somente os seus
grande Rei. irmãos, que há de mais nisso? Não fazem o
mesmo até os cobradores de impostos?
48. Sejam, pois, perfeitos, assim como o seu
31
Quadrante: Moeda equivalendo a uma quarta Pai que está nos Céus é perfeito.
parte do ás.
32
Êxodo 20:14
33
Êxodo 24:1
34
Temos neste versículo a assim-chamada “cláu-
sula da exceção”. A exceção mencionada é para
a separação do cônjuge adúltero, e não para um
37
novo casamento após esta separação. A separa- Êxodo 21:24
38
ção é autorizada, o novo casamento não. O Milha: a milha romana compreendia a distância
problema consiste no fato de que se o homem de em torno de 1,5 km.
39
divorciar a mulher por qualquer razão, ele a Levítico 19:18
40
expõe a tornar-se adúltera. No outro caso ela já A segunda parte do versículo não se encontra na
é adúltera. Marcos 10:11; Lucas 16:18 Lei de Moisés. Deve ter sido ensinado parale-
35
Levítico 19:12; Perjúrio: Falso juramento. lamente pelo ensinamento falso, mas aceito pe-
36
Números 30:2; Deuteronômio 23:23 la maioria.
8

6.
1. Estejam atentos para não dar sua esmola
diante das pessoas, para serem admirados
pelas mesmas, do contrário não receberão
recompensa do Pai que está nos Céus.
2. Quando, pois, você der esmola, não to-
que a trombeta diante de você, como fazem
os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para
serem honrados pelas pessoas. Com certeza
lhes digo, eles já receberam a sua recompen-
sa.
3. Mas você, quando der sua esmola, não
deixe sua mão esquerda saber o que a direita
estiver fazendo,
4. Para que a sua esmola seja secreta, e seu
Pai que enxerga no secreto, lhe recompense
em público.
5. E, quando você orar, não seja como os
hipócritas, porque apreciam orar em pé, nas
sinagogas e nas esquinas das ruas, para se-
rem vistos pelas pessoas. Com certeza lhes
digo que já receberam sua recompensa.
6. Mas você, quando orar, entre no seu
quarto e, fechando a sua porta, ore ao seu
Pai que está em secreto. E seu Pai, que en-
xerga no secreto, lhe recompensará em pú-
blico.
7. Mas, orando, não façam repetições vazi-
as, como os povos, porque supõe que devido
ao seu muito falar serão atendidos.
8. Não se assemelhem, pois, a eles, porque
o seu Pai sabe do que vocês têm necessidade
antes de lhe pedirem.
9. Orem, pois, da seguinte maneira: ‘Pai
nosso que está nos Céus, santificado seja o
seu nome.
10. Venha o seu reino. Faça-se a sua vonta-
de, assim como no Céu, também na Terra.
11. Dê-nos hoje nosso pão necessário.
12. E perdoe-nos as nossas dívidas, assim
como nós perdoamos aos nossos devedores.
13. E não nos conduza à tentação, mas liber-
te-nos do mal. Porque seu é o reino, e o po-
der, e a glória, pelas eras. Amém.’
14. Porque, se perdoarem às pessoas as suas
falhas, o seu Pai celeste também lhes perdo-
ará as de vocês.
Mateus
15. Mas, se não perdoarem às pessoas as
suas falhas, o seu Pai também não perdoará
as falhas de vocês.
16. Além disso, quando jejuarem, não sejam
como os hipócritas, com tristeza estampada
no rosto. Porque desfiguram seus rostos,
para se tornar evidente às pessoas que estão
jejuando. Com certeza lhes digo que já rece-
beram a sua recompensa.
17. Você, porém, quando jejuar, unja a sua
cabeça e lave o seu rosto,
18. Para você não transmitir a impressão às
pessoas de que está jejuando, mas ao seu Pai
em secreto. E seu Pai, que enxerga no secre-
to, lhe recompensará em público.
19. Não acumulem tesouros para vocês
mesmos na Terra, onde a traça e a ferrugem
consomem, e onde os ladrões arrombam e
roubam.
20. Acumulem, porém, para vocês mesmos,
tesouros no Céu, onde nem a traça e nem a
ferrugem consomem, e onde os ladrões não
arrombam nem roubam.
21. Porque onde estiver o seu tesouro, aí
estará também o seu coração.
22. A luz do corpo é o olho. Se, pois, o seu
olho for bom, todo o seu corpo será bem-
iluminado.
23. Mas, se o seu olho for fraco, todo o seu
corpo estará cheio de escuridão. Se, pois, a
luz que estiver em você for escuridão, como
será grande a escuridão!
24. Ninguém é capaz de servir a dois senho-
res. Porque, ou desprezará a um e amará ao
outro, ou se apegará a um e desprezará ao
outro. Vocês não podem servir a Deus e às
riquezas.
25. Por isso digo-lhes: Não se preocupem
com as suas vidas, o que comer e o que be-
ber, nem pelo seu corpo, o que vestir. Não
consiste a vida em mais do que a comida, e o
corpo em mais do que a roupa?
26. Observem as aves do céu, que não se-
meiam, nem colhem, nem juntam em celei-
ros, o seu Pai celeste, no entanto, as alimen-
ta. Vocês não valem muito mais do que e-
las?!
9
Mateus
27. Mas quem de vocês, em se preocupando,
é capaz de acrescentar um côvado41 à sua
estatura?
28. E por que se preocupam com a roupa?
Observem os lírios do campo como crescem:
Não trabalham, nem fiam;
29. Digo-lhes, porém, que nem mesmo Sa-
lomão, em toda a sua glória, vestiu-se como
um deles.
30. Mas se Deus assim veste a planta do
campo, que hoje existe e amanhã é jogada
no forno, quanto mais a vocês, fracos na fé?!
31. Por isso não se preocupem, dizendo: ‘O
que comeremos?’ ou ‘o que beberemos?’ ou
‘o que vestiremos?’
32. Porque atrás disso tudo vão os povos.
Porque o seu Pai celeste sabe de que vocês
têm necessidade de tudo isso.
33. Mas desejem profundamente primeiro o
Reino de Deus e a sua justiça, e tudo isso
lhes será acrescentado.
34. Não se preocupem, pois, com o amanhã:
Porque o amanhã cuidará de si mesmo. Bas-
ta o mal do próprio dia.
7.
1. Não julguem, para não serem julgados.
2. Porque com a sentença que julgarem
serão julgados, e com a mesma medida que
medirem vocês serão medidos.
3. Mas por que você repara no cisco no
olho de seu irmão, mas não percebe a viga
no seu próprio olho?
4. Ou, como dirá ao seu irmão: ‘Permita-me
tirar o cisco de seu olho!’ mas veja só que
uma viga está no seu olho?!
5. Hipócrita! Tire primeiro a viga de seu
olho, e então você enxergará nitidamente
para tirar o cisco do olho de seu irmão.
6. Não dêem o santo aos cachorros, nem
joguem suas pérolas aos porcos, para pisa-
rem-nas com os pés, e voltando-se, lhes
despedacem.
7. Peçam, e lhes será dado; procurem, e
acharão; batam, e lhes será aberto.
41
Côvado: em torno de 50 cm.
10
8. Porque todo aquele que pede, recebe; e o
que procura, acha; e ao que bate, se abrirá.
9. Ou, que pessoa dentre vocês, cujo filho
lhe pedir por pão, lhe dará uma pedra?
10. Ou pedir por peixe, e lhe dará uma ser-
pente?
11. Se vocês, pois, sendo maus, sabem dar
boas dádivas aos seus filhos, quanto mais o
seu Pai, que está nos Céus, dará boas dádi-
vas aos que lhe pedirem?
12. Por isso, tudo que desejarem que as pes-
soas lhes façam, assim façam-no vocês tam-
bém a elas. Porque esta é a Lei e os Profetas.
13. Entrem pelo portão estreito, porque largo
é o portão e amplo o caminho que leva para
a destruição, e muitos são os que passam
pelo mesmo.
14. Porque estreito é o portão, e apertado o
caminho que leva para a vida, e são poucos
os que o acham.
15. Previnam-se, porém, dos pseudoprofetas,
que vêm até vocês em vestimenta de ovelha,
mas por dentro são lobos vorazes.
16. Vocês os reconhecerão pelos seus frutos.
Colhem-se, por acaso, uvas dos espinheiros,
ou figos dos abrolhos?
17. Assim, toda árvore boa produz frutos
bons, mas a árvore corrompida produz frutos
ruins.
18. Uma árvore boa não pode produzir frutos
ruins, nem uma árvore corrompida produzir
frutos bons.
19. Toda árvore que não produz frutos bons
é cortada e jogada no fogo.
20. Portanto, pelos seus frutos os reconhece-
rão.
21. Nem todo o que me diz: ‘Senhor, Se-
nhor’, entrará no Reino dos Céus, mas aque-
le que pratica a vontade de meu Pai que está
nos Céus.
22. Muitos naquele Dia me dirão: ‘Senhor,
Senhor, não foi em seu nome que profetiza-
mos e em seu nome que expulsamos demô-
nios e em seu nome que fizemos muitos
prodígios?’
23. Então lhes decretarei a sentença: ‘Nunca
lhes conheci! Retirem-se de mim, vocês que
praticam a ilegalidade!’

24. Todo aquele, pois, que ouve estas minhas
palavras e as põe em prática, compará-lo-ei a
um homem sábio que construiu a sua casa
sobre a rocha.
25. E caiu a chuva, e vieram as enxurradas, e
sopraram os temporais, e castigaram aquela
casa, mas ela não desabou, porque havia
sido alicerçada sobre a rocha.
26. Todo aquele, porém, que ouve estas mi-
nhas palavras e não as põe em prática, será
comparado a um homem tolo, que construiu
a sua casa sobre a areia.
27. E caiu a chuva, e vieram as enxurradas, e
sopraram os temporais, e castigaram aquela
casa, e ela desabou, e foi violenta a sua que-
da.”
28. E aconteceu que, concluindo Jesus este
discurso, as multidões se maravilhavam de
seu ensinamento,
29. Porque ensinava-as como tendo autori-
dade, e não como os escribas.
8.
1. E, descendo ele do monte, seguiam-no
grandes multidões.
2. E, eis que um leproso, vindo, adorou-o,
dizendo: “Senhor, se quiser, pode purificar-
me”.
3. E Jesus, estendendo sua mão, tocou-o
dizendo: “Quero! Seja purificado”. E imedi-
atamente sua lepra foi purificada.
4. E Jesus lhe diz: “Atenção! Não o diga a
ninguém, mas vá apresentar-se ao sacerdote,
e ofereça o sacrifício ordenado por Moisés,
como testemunho para eles”.
5. E, entrando Jesus em Cafarnaum, veio a
ele um centurião, que implorava e dizia:
6. “Senhor, meu servo está de cama, em
casa, com paralisia, terrivelmente atormen-
tado”.
7. E Jesus lhe diz: “Eu irei curá-lo”.
8. Mas o centurião, respondendo, disse:
“Senhor, não sou digno de recebê-lo debaixo
de meu teto, fale simplesmente uma palavra,
e o meu servo será curado.
9. Porque também eu sou uma pessoa sujei-
ta à autoridade, tendo soldados sob minha
responsabilidade, e digo a este: ‘Vá!’, e ele
Mateus
vai; e a outro: ‘Venha!’, e ele vem; e ao meu
servo: ‘Faça isto!’, e ele o faz”.
10. E ouvindo Jesus isto, ficou impressiona-
do, e disse aos que o seguiam: “Com certeza
lhes digo: Nem mesmo em Israel encontrei
tamanha fé.
11. Mas digo-lhes que muitos virão do Le-
vante e do Poente e se reclinarão à mesa
com Abraão, e Isaque, e Jacó, no Reino dos
Céus.
12. Mas os filhos do reino serão lançados na
escuridão profunda. Ali haverá choro e ran-
ger de dentes”.
13. E Jesus disse ao centurião: “Vá, e lhe
aconteça de acordo com a sua fé”. E o seu
servo foi curado naquela mesma hora.
14. E, tendo Jesus chegado à casa de Pedro,
viu a sogra deste acamada e com febre.
15. E tocou na sua mão, e a febre a deixou. E
ela se levantou e os servia.
16. E, vindo a noite, trouxeram-lhe muitos
endemoninhados, e ele expulsou os espíritos
com a sua palavra, e curou a todos os que
estavam enfermos,
17. Para se cumprir o que foi falado pelo
profeta Isaías, dizendo: “Ele mesmo tomou
sobre si as nossas enfermidades e carregou
as nossas doenças”42.
18. E, vendo Jesus grandes multidões ao seu
redor, deu ordens para partir para o outro
lado.
19. E, vindo certo escriba, disse-lhe: “Mes-
tre, seguir-lhe-ei para onde quer que vá”.
20. E Jesus lhe disse: “As raposas têm tocas,
e as aves do céu ninhos, mas o Filho do
Homem43 não tem onde repousar a cabeça”.
42
Isaías 53:4
43
uiov tou anyrwpou (huios tou anthropou):
“Filho do Homem” é um termo muito usado por
Jesus para ele mesmo. O significado é: “um fi-
lho de pessoa humana” e não de alguém do sexo
masculino, porque sabemos que ele nasceu do
Espírito Santo e da mulher Maria. Lutero sim-
plesmente traduz: “Menschensohn” (Filho de
pessoa humana), excluindo a preposição “de”.
No Apocalipse João não usa a preposição, e,
portanto, pode ser traduzido como “Filho Hu-
mano”.
11
Mateus
21. E outro de seus discípulos lhe disse:
“Senhor, permita-me primeiro ir sepultar a
meu pai”.
22. Jesus, porém, disse-lhe: “Siga-me, e
deixe os mortos sepultarem os seus próprios
mortos”.
23. E, entrando ele num barco, seus discípu-
los o seguiram.
24. E eis que se levantou forte tempestade no
lago, a ponto do barco ser coberto pelas
ondas. Ele, no entanto, dormia.
25. E, vindo a ele os seus discípulos, acorda-
ram-no, dizendo: “Senhor, salve-nos! Esta-
mos perecendo!”
26. Mas ele disse-lhes: “Por que vocês têm
tanto medo, ó fracos na fé?!” E, levantando-
se, repreendeu os ventos e o lago. E fez-se
grande bonança.
27. Mas as pessoas se maravilharam, dizen-
do: “Quem é este, que até os ventos e o lago
lhe obedecem?!”
28. E, chegando ele ao outro lado, à terra dos
gergesenos, encontraram-no dois endemoni-
nhados, vindo das sepulturas, extremamente
violentos, a ponto de ninguém poder passar
por aquela estrada.
29. E eis que gritavam, dizendo: “O que
temos com você, Jesus, Filho de Deus?!
Você veio até aqui para atormentar-nos antes
do tempo?”
30. E havia a uma boa distância deles uma
manada de muitos porcos pastando.
31. E os demônios44 imploraram dizendo:
“Se nos expulsar, permita-nos entrar na ma-
nada de porcos”.
32. E ele disse-lhes: “Vão”. E, saindo eles,
entraram na manada de porcos. E eis que
toda a manada de porcos desceu violenta-
44
δαιµονες (daimones): um deus ou uma deusa,
tanto do bem quanto do mal. No NT relacionado
com os maus espíritos e o apóstolo Paulo deno-
minando as religiões dos atenienses de
δεισιδαιµονεστερους (deisidaimonesterous): re-
verenciar aos deuses (Atos 17:22). Em I Corín-
tios 10:19-20 o apóstolo Paulo une as duas pala-
vras, dizendo que atrás do ídolo está o demônio.
Um sério alerta para os movimentos que procu-
ram ajuda através de objetos representativos das
mais variadas espécies.
12
mente um grande declive para dentro do
lago, e morreram nas águas.
33. Mas os porqueiros fugiram, e, entrando
na cidade, contaram tudo, e o ocorrido com
os endemoninhados.
34. E, eis que toda a cidade saiu ao encontro
de Jesus. E, vendo-o, rogaram-lhe para reti-
rar-se de suas regiões.
9.
1. E, entrando no barco, atravessou o lago,
e chegou à sua cidade.
2. E eis que trouxeram-lhe um paralítico
deitado num divã45. E Jesus, vendo a fé de-
les, disse ao paralítico: “Tenha bom ânimo,
filho, os seus pecados lhe foram perdoados!”
3. E eis que alguns escribas raciocinavam:
“Este blasfema!”
4. E Jesus, conhecendo os seus pensamen-
tos, disse: “Por que vocês têm pensamentos
malignos nos seus corações?
5. Porque, o que é mais fácil dizer: ‘Os seus
pecados foram perdoados!’ ou ‘Levante-se e
ande!’?
6. Mas, para saberem que o Filho do Ho-
mem tem autoridade na Terra para perdoar
pecados”, dirigindo-se ao paralítico, disse:
“Levante-se, tome o seu divã e vá para a sua
casa!”.
7. E ele se levantou e foi para a sua casa.
8. As multidões, porém, vendo o ocorrido,
maravilharam-se e glorificaram a Deus, que
dera tal autoridade aos homens.
45
Κλίνη (kline): divã é um tipo de sofá, sem en-
costo nem braços, usado para tomar refeições,
sentar ou dormir. Poltrona na qual as pessoas se
reclinavam (quase deitados, apoiando-se num
braço) enquanto tomavam a refeição, ou tam-
bém usada como maca para transportar os en-
fermos. Por esta razão também se traduz “recli-
nar” à mesa, e não “assentar-se” à mesa, quando
as pessoas tomavam a refeição. Às vezes o texto
simplesmente diz: “reclinaram-se”, querendo
dizer com isto que estavam reclinados à mesa
tomando uma refeição. Existem cinco palavras
diferentes no grego, que normalmente são sim-
plesmente traduzidas como “cama” nas tradu-
ções correntes em português. Nesta versão dife-
rencia-se entre as palavras.

9. E, prosseguindo Jesus, viu um homem
chamado Mateus, sentado na coletoria de
impostos, e lhe diz: “Siga-me”. E, levantan-
do-se, o seguiu.
10. E aconteceu que, enquanto se reclinava à
mesa na casa, eis que muitos cobradores de
impostos e pecadores, vindo, reclinaram-se
com Jesus e seus discípulos.
11. Vendo, pois, isto os fariseus, disseram
aos seus discípulos: “Por que o seu Mestre
come com os cobradores de impostos e pe-
cadores?!”
12. Mas Jesus, ouvindo-o, disse-lhes: “Os
sadios não necessitam de médico, mas os
que estão doentes.
13. Vão, pois, e aprendam o que quer dizer:
‘Misericórdia quero e não sacrifício’46.
Porque não vim chamar justos para o arre-
pendimento, mas pecadores.”
14. Aproximam-se, então, a ele os discípulos
de João, dizendo: “Por que nós e os fariseus
jejuamos freqüentemente, mas os seus discí-
pulos não jejuam”.
15. E disse-lhes Jesus: “Podem os filhos das
núpcias 47 estar de luto enquanto o noivo está
com eles? Mas virão dias nos quais o noivo
lhes terá sido tirado, e então jejuarão.
16. Mas ninguém costura um pedaço de
tecido novo em roupa velha, porque o re-
mendo estraga a roupa, e o rasgo se torna
ainda maior.
17. Nem se envasilha vinho novo em odres48
velhos, do contrário os odres se rompem, o
vinho se derrama, e se perderão os odres.
Antes, envasilha-se vinho novo em odres
novos e ambos juntos são conservados.”
18. Dizendo-lhes isto, eis que vindo certo
presidente49, adorou-o, dizendo: “Minha
filha está para morrer, mas venha impor-lhe
a sua mão, e ela viverá”.
46
Oséias 6:6
47
uioi tou numfwnov (huioi tou numphonos):
filhos da sala da noiva (lugar em que as ceri-
mônias de casamento eram realizadas). Filhos
da sala do enlace matrimonial: são todos os
convidados ao casamento.
48
Câmara de pele animal para armazenar líqui-
dos.
49
Presidente de sinagoga.
Mateus
19. Levantando-se, pois, Jesus, o seguiu,
bem como seus discípulos.
20. E eis que uma mulher, padecendo de
uma hemorragia fazia doze anos, aproxi-
mando-se por detrás, tocou na orla50 do seu
traje.
21. Pois ela ponderava: “Se somente tocar no
seu traje, serei curada”.
22. Mas Jesus, voltando-se e vendo-a, disse:
“Tenha bom ânimo filha, a sua fé lhe cu-
rou!” E naquele mesmo instante a mulher foi
curada.
23. E, entrando Jesus na casa do presidente,
e vendo os flautistas e o alvoroço da multi-
dão,
24. Lhes diz: “Retirem-se, porque a jovem
não está morta, mas dorme”. E ridiculariza-
vam dele.
25. Mas, tendo feito a multidão se retirar,
entrando, tomou-a pela mão, e a jovem se
levantou.
26. E esta notícia se espalhou por toda aque-
la região.
27. E, prosseguindo Jesus dali, dois cegos o
seguiam, gritando e dizendo: “Filho de Davi,
tenha compaixão de nós!”
28. Tendo entrado na casa, os cegos se apro-
ximaram dele, e Jesus lhes diz: “Vocês crê-
em que posso fazer isto?” E eles lhe dizem:
“Sim, Senhor!”
29. Tocou ele então nos seus olhos, dizendo:
“Aconteça-lhes de acordo com a sua fé!”
30. E seus olhos foram abertos. E Jesus aler-
tou-os seriamente: “Vejam para que nin-
guém o fique sabendo!”
31. E eles, partindo, espalharam a sua fama
por toda aquela região.
32. Ao saírem, eis que lhe trouxeram um
homem mudo, endemoninhado.
33. E, expulso o demônio, o mudo falou. E
as multidões se maravilharam, dizendo:
“Jamais se viu algo semelhante em Israel!”
34. Os fariseus, porém, diziam: “Ele expulsa
os demônios pelo príncipe dos demônios”.
35. E Jesus percorria todas as cidades e po-
voados, ensinando nas suas sinagogas e
proclamando a Boa Mensagem do Reino, e
50
Números 15:37-39
13
Mateus
curando todas as doenças e todas as enfer-
midades do povo.
36. Mas, vendo as multidões, foi movido de
compaixão por elas, porque estavam exaus-
tas e dispersas, como ovelhas não tendo
pastor.
37. Ele então diz aos seus discípulos: “A
seara de fato é grande, mas os ceifeiros são
poucos.
38. Solicitem, pois, ao Senhor da seara a fim
de enviar ceifeiros para a sua seara”.
10.
1. E, chamando os seus doze discípulos,
deu-lhes autoridade sobre os espíritos imun-
dos, para expulsá-los, e para curar toda do-
ença e toda enfermidade.
2. Os nomes dos doze apóstolos51, porém,
são: Primeiro, Simão, chamado Pedro, e
André, seu irmão; Tiago, de Zebedeu, e
João, seu irmão;
3. Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o
cobrador de impostos; Tiago, de Alfeu, e
Lebedeu, com sobrenome de Tadeu;
4. Simão, o Cananeu, e Judas Iscariotes, o
qual também o traiu.
5. Estes Doze Jesus enviou, dando-lhes
ordens, dizendo: “Não tomem o caminho
dos povos e não entrem em nenhuma cidade
samaritana,
6. Mas, ao invés disso, procurem as ovelhas
perdidas da casa de Israel.
7. E, indo, proclamem, dizendo: ‘O Reino
dos Céus tem se aproximado’.
8. Curem os enfermos, purifiquem os lepro-
sos, ressuscitem os mortos, expulsem os
demônios. De graça receberam, de graça
dêem.
9. Não carreguem nem ouro, nem prata,
nem cobre, nos seus cintos52;
10. Nem alforje53 para a viagem, nem duas
túnicas, nem calçados54, nem mesmo um
51
ἀπόστολος (apostolos): apo = separar, partir,
enviar, e stello = evitar, apartar: separar para
enviar.
52
Os cintos serviam de carteira de dinheiro.
53
Alforje: bolsa para carregar alimento.
14
bordão. Porque digno é o obreiro de seu
sustento.
11. E, qualquer que seja a cidade ou o povo-
ado em que entrarem, consultem quem nela
for digno, e ali se hospedem até prossegui-
rem.
12. Mas, entrando numa casa, cumprimen-
tem-na.
13. E, se a casa realmente for digna, sobre-
venha-lhe a sua paz; mas se não for digna,
retorne a sua paz para vocês.
14. E, aquele que não lhes receber, nem ou-
vir as suas palavras, partindo daquela casa
ou cidade, sacudam a poeira de seus pés.
15. Com certeza lhes digo: A terra de Sodo-
ma e Gomorra será tratada com menos rigor
no Dia do Julgamento do que esta cidade.
16. Vejam que lhes envio como ovelhas para
o meio de lobos! Sejam, pois, vivos como as
serpentes e sem malícia como as pombas.
17. Mas tomem cuidado das pessoas. Porque
lhes entregarão aos sinédrios e açoitarão nas
suas sinagogas.
18. Vocês também serão levados diante de
governadores e reis, por minha causa, como
testemunho para eles e os povos.
19. Mas, quando lhes entregarem, não pre-
meditem em como ou o que falar, porque
lhes será dado naquele momento o que deve-
rão dizer.
20. Porque não serão vocês que estarão fa-
lando, mas o Espírito de seu Pai que fala em
vocês.
21. Mas irmão entregará irmão à morte, e pai
ao filho; e os filhos se levantarão contra os
pais, e os levarão para a morte.
22. E vocês serão odiados por todos, por
causa do meu nome. Aquele, porém, que
persistir até ao fim, esse será salvo.
23. Quando, porém, lhes perseguirem nesta
cidade, fujam para outra. Porque com certe-
za lhes digo que vocês não terão concluído
as cidades de Israel até que tenha vindo o
Filho do Homem.
54
A ênfase deve ser colocada no plural. Nada
além dos calçados que tinham nos pés. Senão
Jesus exigiria que os discípulos andassem des-
calços enquanto ele andava de sandálias.

24. O discípulo não está acima do mestre,
nem o servo acima do seu senhor.
25. Basta o discípulo tornar-se como o seu
mestre, e o servo como o seu senhor. Se
chamaram ao Senhor da casa de Belzebu55,
quanto mais aos de sua casa.
26. Conseqüentemente não os temam! Por-
que não há nada encoberto que não será
revelado, nem oculto que não venha a se
tornar conhecido.
27. O que lhes digo no escuro falem na luz.
E o que ouvirem no ouvido proclamem dos
terraços.
28. E não temam os que matam o corpo, mas
não podem matar a alma. Antes, porém,
temam aquele que pode fazer perecer a am-
bos, a alma e o corpo, na Geena56.
29. Não se vendem dois pardais por um ás57?
E nenhum deles cairá no chão sem o consen-
timento de seu Pai.
30. Mas até mesmo os cabelos de suas cabe-
ças são todos contados.
31. Por isso não temam, porque vocês valem
mais do que muitos pardais.
32. Todo aquele, pois, que me confessar
diante das pessoas, também eu o confessarei
diante de meu Pai que está nos Céus.
33. Todo aquele, porém, que me negar diante
das pessoas, também eu o negarei diante de
meu Pai que está nos Céus.
34. Não pensem que vim lançar paz sobre a
Terra. Não vim lançar paz, mas a espada.
35. Porque vim trazer discórdia entre um
homem e seu pai, e a filha e sua mãe, e a
nora e sua sogra.
36. E os inimigos da pessoa serão os de sua
própria casa58.
37. Aquele que amar a seu pai ou a sua mãe
mais do que a mim não é digno de mim. E
55
Senhor das moscas.
56
Geena: o inferno é o lugar de punição. Origi- pelo vento?
nalmente era o vale de Hinnom, ao Sul de Jeru-
salém, onde o lixo e as carcaças de animais e-
ram jogados e queimados.
57
Moeda equivalente a em torno de meia hora de
serviço, com base no salário mínimo da época.
1 assarion = 1/10 a 1/16 denário. Um denário
era a diária da época.
58
35-36: Miquéias 7:6
Mateus
aquele que amar a seu filho ou a sua filha
mais do que a mim não é digno de mim.
38. E aquele que não toma a sua cruz e segue
após mim, não é digno de mim.
39. Aquele que encontrar a sua vida, perdê-
la-á, mas aquele que perder a sua vida, por
minha causa, encontrá-la-á.
40. Aquele que lhes receber, a mim me rece-
be. E aquele que me receber, recebe ao que
me enviou.
41. Quem receber um profeta em nome de
profeta, receberá uma recompensa de profe-
ta. E aquele que receber um justo em nome
de justo, receberá uma recompensa de justo.
42. E quem tiver dado de beber somente um
copo de refresco a um destes pequeninos, em
nome de discípulo, com certeza lhes digo, de
maneira alguma perderá a sua recompensa.”
11.
1. E aconteceu que, quando Jesus havia
acabado de dar instruções aos seus doze
discípulos, partiu dali para ensinar e pregar
nas suas cidades59.
2. Ouvindo, porém, João, na prisão, das
obras do Ungido, enviou dois de seus discí-
pulos,
3. Dizendo-lhe: “O Senhor é aquele que
viria, ou aguardaremos por outro?”
4. Mas Jesus, respondendo, disse-lhes:
“Vão e relatem a João o que vocês ouvem e
vêem:
5. Cegos recobram a vista60, e coxos an-
dam; leprosos são purificados, e surdos ou-
vem61; mortos são ressuscitados, e aos po-
bres é anunciada a Boa Mensagem62.
6. E bem-aventurado aquele que não se
ofender em mim.”
7. E, partindo eles, começou Jesus a falar às
multidões a respeito de João: “O que vocês
foram ver no deserto? Uma cana agitada
59
Ao que tudo indica os discípulos foram às suas
próprias cidades pregar a Boa Mensagem.
60
Isaías 42:7
61
Isaías 29:18; Isaías 35:5-6
62
Lucas 4:18
15
Mateus
8. O que, então, foram ver? Uma pessoa
trajada de roupa fina? Vejam que os que se
vestem de roupa fina estão nos palácios dos
reis!
9. O que, então, foram ver? Um profeta?
Sim, digo-lhes, e muito mais que um profe-
ta!
10. Porque dele tem sido escrito: ‘Eis que
envio o meu mensageiro diante de sua face,
que preparará o seu caminho diante do
Senhor’63.
11. Com certeza lhes digo: Dentre os nasci-
dos de mulheres não surgiu maior do que
João, o Submersor. No entanto, o menor do
Reino dos Céus é maior que ele.
12. E, desde os dias de João, o Submersor,
até agora o Reino dos Céus sofre violência, e
os violentos o tomam pela força.
13. Porque todos os Profetas e a Lei profeti-
zaram até João.
14. E, se quiserem aceitá-lo, este é Elias, que
havia de vir.
15. Aquele tendo ouvidos para ouvir, ouça!
16. Mas, a quem compararei esta geração?
Ela é parecida a crianças assentadas na praça
que chamam as coleguinhas,
17. E dizem: ‘Tocamos flauta para vocês,
mas vocês não dançaram; cantamos lamen-
tações para vocês, mas vocês não choraram.
18. Pois João veio e não comia nem bebia, e
dizem: ‘Tem demônio!’
19. O Filho do Homem veio, comendo e
bebendo, e dizem: ‘Eis um homem glutão e
beberrão, e amigo de cobradores de impos-
tos e pecadores!’. Mas a Sabedoria tem sido
justificada pelos seus filhos”.
20. Começou então a repreender as cidades
nas quais foi realizada a maioria de seus
prodígios, por não terem se arrependido:
21. “Ai de você, Corazim! Ai de você, Bet-
saida! Porque se em Tiro e Sídon tivessem
ocorrido os prodígios que ocorreram em
vocês, há muito teriam se arrependido, em
estopa e cinzas.
22. Mas digo-lhes que no Dia do Julgamento
haverá menos rigor para com Tiro e Sídon
do que para com vocês.
63
Malaquias 3:1; Marcos 1:2; Lucas 7:27
16
23. E você Cafarnaum, exaltada até ao Céu,
será derrubada ao Hades64. Porque, se os
prodígios que em você foram realizados
tivessem sido realizados em Sodoma, teria
permanecido até ao dia de hoje.
24. Mas digo-lhes que no Dia do Julgamento
haverá menos rigor para com a terra de So-
doma do que para com você”.
25. Naquele momento Jesus exclamou, di-
zendo: “Glorifico-lhe, ó Pai, Senhor do Céu
e da Terra, porque ocultou isto dos sábios e
inteligentes, e o revelou aos bebês.
26. Sim, Pai, porque assim foi agradável
diante do Senhor.
27. Tudo me foi confiado pelo meu Pai, e
ninguém conhece o Filho, a não ser o Pai.
Também ninguém conhece o Pai, a não ser o
Filho, e a quem quer que o Filho queira re-
velá-lo.
28. Venham a mim todos que estão cansados
e sobrecarregados, e eu lhes darei sossego.
29. Tomem sobre vocês o meu jugo65 e a-
prendam de mim, porque sou manso e hu-
milde de coração, e acharão sossego para as
suas almas.
30. Porque o meu jugo é confortável e a
minha carga é leve”.
12.
1. Por esse tempo caminhava Jesus aos
Descansos pelas searas. E seus discípulos
tiveram fome e começaram a arrancar as
espigas e a comer.
2. Mas, vendo isto os fariseus, disseram-
lhe: “Veja, os seus discípulos fazem o que
não é permitido fazer no Descanso”.
3. Ele, porém, disse-lhes: “Vocês não leram
o que fez Davi, quando teve fome, ele e os
que estavam com ele?
64
Hades é o nome do deus das regiões inferiores.
No Grego Bíblico é associado a Orcus, as regi-
ões infernais, um lugar escuro e funesto, nas
próprias profundezas da Terra, destino dos es-
píritos desligados do corpo.
65
Jugo: peça de madeira colocado sobre os pesco-
ços de dois animais, para uni-los na tarefa a ser
realizada. Canga.

4. Como entrou na casa de Deus e comeu
dos pães da proposição66, dos quais não lhe
era permitido comer, nem aos que estavam
com ele, a não ser somente aos sacerdotes?
5. Ou vocês não leram na Lei, que nos Des-
cansos os sacerdotes no Templo profanam o
Descanso e são inocentes?
6. Mas digo-lhes que aqui está alguém mai-
or do que o Templo.
7. Mas, se soubessem o que significa: ‘Mi-
sericórdia quero e não sacrifício’67, não
teriam condenado os inocentes.
8. Logo o Filho do Homem é Senhor até do
Descanso”.
9. E, partindo dali, entrou na sinagoga de-
les.
10. E eis que havia ali um homem com uma
mão atrofiada. E perguntaram-lhe, dizendo:
“É permitido curar nos Descansos?” Para
poder acusá-lo.
11. Mas ele disse-lhes: “Que pessoa haverá
dentre vocês que, tendo uma ovelha, e cain-
do ela numa cova nos Descansos, não a apa-
nhará e tirará de lá?
12. Quanto mais, pois, vale uma pessoa do
que uma ovelha? Logo é permitido de se
fazer o bem nos Descansos”.
13. Disse ele então ao homem: “Estenda a
sua mão!” E ele a estendeu. E ficou comple-
tamente restaurada, sã como a outra.
14. Então os fariseus se retiraram e se reuni-
ram em conselho contra ele, em como o
matariam.
15. Mas Jesus, tomando conhecimento, reti-
rou-se dali. E grandes multidões o seguiam,
e ele curava a todos.
16. E alertou-os duramente para que não o
tornassem conhecido em público,
17. Para que se cumprisse o que foi falado
pelo profeta Isaías, dizendo:
18. “Eis o meu servo, que escolhi, meu ama-
do, no qual a minha alma se agrada. Porei
nele o meu Espírito e ele declarará o Direito
aos povos.
66
Pães expostos no interior do Templo, trocados
uma vez por semana.
67
Oséias 6:6
Mateus
19. Não contenderá, nem gritará, nem se
ouvirá a sua voz nas ruas.
20. A cana dobrada não quebrará, e a torci-
da68 fumegante não apagará, até fazer vito-
rioso o juízo.
21. E os povos esperarão no seu nome”69.
22. Trouxeram-lhe, então, um endemoni-
nhado cego e mudo. E ele o curou, a ponto
do cego e mudo, tanto falar quanto enxergar.
23. E todas as multidões ficaram pasmas e
diziam: “Seria este o filho de Davi?”
24. Mas, quando os fariseus ouviram isto,
disseram: “Este expulsa os demônios por
nenhum outro a não ser Belzebu70, principal
dos demônios”.
25. Mas Jesus, conhecendo os seus pensa-
mentos, disse-lhes: “Todo reino dividido em
si mesmo é levado à desolação. E toda cida-
de, ou casa, dividida em si mesma não sub-
sistirá.
26. Portanto, se o Adversário expulsa ao
Adversário, ele está dividido em si mesmo,
como então subsistirá o seu reino?
27. E, se eu expulso os demônios por Belze-
bu, por quem os seus filhos os expulsam?
Por isso serão os seus juízes.
28. Mas, se expulso os demônios pelo Espíri-
to de Deus, nesse caso o Reino de Deus
chegou até vocês.
29. Ou, como pode alguém entrar na casa do
forte, e roubar os seus bens, sem primeiro
amarrá-lo? E então roubará a sua casa.
30. Quem não for por mim é contra mim. E
quem comigo não ajuntar, espalha.
31. Por isso digo-lhes: Todo pecado e blas-
fêmia serão perdoados às pessoas, mas a
blasfêmia contra o Espírito não será perdoa-
da às pessoas.
32. E quem falar uma palavra contra o Filho
do Homem, lhe será perdoada. Mas aquele
que falar contra o Espírito Santo, não lhe
68
Torcida: mecha de candeeiro ou pavio de qual-
quer lâmpada, confeccionada de fios torcidos
de linho ou de algodão.
69
Isaías 42:1-4
70
Belzebu: senhor da mosca; uma deidade pagã,
aos quais os Judeus atribuíam a supremacia en-
tre os espíritos maus.
17
Mateus
será perdoado, nem nesta era, nem na que
está prestes a vir.
33. Ou se faz a árvore de boa qualidade e o
seu fruto de boa qualidade, ou então se faz a
árvore de baixa qualidade e o seu fruto de
baixa qualidade. Porque a árvore é reconhe-
cida pelo seu fruto.
34. Cria de víboras! Como podem vocês
falar o bem, sendo maus? Porque do trans-
bordamento do coração fala a boca.
35. A pessoa boa, do bom tesouro de seu
coração, produz o bem. Mas a pessoa má, do
mau tesouro de seu coração, produz o mal.
36. Mas digo-lhes que por cada palavra inútil
que as pessoas falarem prestarão contas no
Dia do Julgamento.
37. Porque pelas suas palavras você será
justificado, e pelas suas palavras você será
condenado.”
38. Então alguns dos escribas e dos fariseus
tomaram a palavra, dizendo: “Mestre, querí-
amos ver um sinal do Senhor”.
39. Mas ele, respondendo, disse-lhes: “Uma
geração perversa e adúltera procura por um
sinal. Mas nenhum sinal lhe será dado, a não
ser o sinal do profeta Jonas.
40.Assim, pois, como Jonas permaneceu
durante três dias e três noites no ventre do
monstro marinho71, assim o Filho do Ho-
mem permanecerá durante três dias e três
noites no coração da Terra.
41. Homens ninivitas se levantarão no Jul-
gamento contra esta geração e a condenarão,
porque eles se arrependeram pela proclama-
ção de Jonas. Mas, eis aqui alguém maior
que Jonas!
42. A rainha do Sul se levantará no Julga-
mento contra esta geração e a condenará,
porque veio dos confins da Terra para ouvir
a sabedoria de Salomão. Mas, eis aqui al-
guém maior que Salomão!
43. Mas, quando o espírito imundo tiver se
retirado da pessoa, passa por regiões áridas,
procurando sossego, mas não o encontra.
71
khtov (ketos): baleia, monstro marinho, grande
peixe. Pode ter sido um plesiossauro.
18
44. Então diz: ‘Voltarei para a minha casa da
qual saí’. E, vindo, a encontra desocupada,
varrida e ornamentada.
45. Vai, então, e leva consigo outros sete
espíritos, piores que ele, e, tomando posse,
lá residem. E o último estado daquela pessoa
se torna pior do que o primeiro. Assim tam-
bém sucederá com esta geração perversa”.
46. Mas, enquanto ainda falava às multidões,
eis que sua mãe e seus irmãos estavam para-
dos fora da casa, querendo falar com ele.
47. E alguém lhe disse: “Veja que sua mãe e
seus irmãos estão parados lá fora, procuran-
do falar com o Senhor”.
48. Ele, porém, atendeu e disse ao que lhe
falou: “Quem é minha mãe e quem são meus
irmãos?”
49. E, apontando com a sua mão para os seus
discípulos, disse: “Vejam minha mãe e meus
irmãos!
50. Porque todo aquele que fizer a vontade
de meu Pai que está nos Céus, esse é meu
irmão, e irmã, e mãe”.
13.
1. E, naquele dia, saindo Jesus da casa,
assentou-se à beira do lago.
2. E reuniram-se em torno dele grandes
multidões, a ponto de ele, entrando num
barco, assentar-se, mas toda a multidão esta-
va em pé na praia.
3. E falou-lhes muitas verdades em parábo-
las, dizendo: “Vejam que o semeador saiu a
semear.
4. E, ao semear, parte caiu à beira do cami-
nho, e as aves vieram e a comeram.
5. E outra caiu em solo rochoso, onde não
havia muito solo. E logo brotou, por não
haver profundidade de solo.
6. Mas, nascendo o sol, foram queimadas.
E, por não terem raízes, murcharam.
7. Ainda outra caiu entre os espinhos. E os
espinhos cresceram e as sufocaram.

8. Outra, porém, caiu em solo bom, e pro-
duziu fruto, parte o cêntuplo, outra o sessên-
tuplo e outra o tríntuplo72.
9. Aquele tendo ouvidos para ouvir, ouça!”
10. E, aproximando-se os discípulos, disse-
ram-lhe: “Por que fala com eles em parábo-
las?”
11. E ele, respondendo, disse-lhes: “Porque a
vocês tem sido dado conhecer os mistérios
do Reino dos Céus, mas a eles não tem sido
dado.
12. Pois a quem possui lhe será dado, e pos-
suirá sobrando. Mas a quem não possui, dele
será tomado até o que possuir.
13. Por isso lhes falo em parábolas, para que
vendo, não enxerguem, e ouvindo, ouçam,
mas não compreendam,
14. E neles se cumpra a profecia de Isaías,
que diz: ‘Ouvindo, ouvirão, mas não enten-
derão. E vendo, verão, mas não perceberão.
15. Porque o coração deste povo embrute-
ceu, e com os ouvidos ouvem com dificulda-
de, e fecharam os seus olhos, a fim de que
não vejam com os olhos, e ouçam com os
ouvidos, e entendam com o coração, e se
convertam, e sejam por mim curados’73.
16. Mas, bem-aventurados os seus olhos,
porque vêem, e os seus ouvidos, porque
ouvem.
17. Porque com certeza lhes digo que muitos
profetas e justos desejaram ver o que vocês
vêem, e não viram, e ouvir o que vocês ou-
vem, e não ouviram.
18. Mas vocês, prestem atenção à parábola
do semeador.
19. Quando alguém ouve a Palavra do Reino
e não a compreende, vem o Maligno e lhe
toma o que foi semeado no seu coração. Esta
é a que foi semeada à beira do caminho.
20. Mas a que foi semeada em solo rochoso,
é aquele que ouve a Palavra, e imediatamen-
te a recebe com alegria,
72
A produção é para cada semente outras 30, ou dos Céus se assemelha ao fermento, que
60 ou 100.
73
Isaías 6:9-10; Marcos 4:12; Lucas 8:10; João
12:40; Atos 28:26-27
Mateus
21. Mas não tem raiz em si mesmo, com isto
é passageiro. E, vindo tribulação ou perse-
guição, devido à Palavra, logo se aborrece.
22. Aquela que foi semeada entre os espi-
nhos, é o que ouve a Palavra, e as preocupa-
ções do mundo e a sedução das riquezas
sufocam a Palavra, e torna-se infrutífero.
23. Mas a que foi semeada em solo bom, é o
que ouve a Palavra e a compreende, e logo
produz fruto. E, sem dúvida, parte produz o
cêntuplo, outra o sessêntuplo e outra o trín-
tuplo”.
24. Apresentou-lhes outra parábola, dizendo:
“O Reino dos Céus tem-se tornado seme-
lhante a uma pessoa lançando semente boa
no seu campo.
25. Mas, enquanto as pessoas dormiam, veio
o seu inimigo e semeou joio entre o trigo, e
foi embora.
26. Quando, porém, o grão germinou e pro-
duziu fruto, apareceu, então, também o joio.
27. Os servos do proprietário dirigiram-se ao
mesmo, dizendo: ‘Senhor, o senhor não
semeou semente boa no seu campo? Qual a
procedência do joio!?’
28. E ele disse-lhes: ‘Uma pessoa inimiga o
fez.’ E os servos lhe disseram: ‘O senhor
quer, então, que vamos arrancá-lo?’
29. Ele, porém, disse: ‘Não! Para não acon-
tecer que, arrancando o joio, vocês também
arranquem o trigo junto.’
30. Permitam que ambos cresçam juntos até
à ceifa. E, na época da ceifa, direi aos ceifei-
ros: ‘Arranquem primeiro o joio e amarrem-
no em feixes para ser queimado, mas reco-
lham o trigo no meu celeiro’.”
31. Apresentou-lhes outra parábola, dizendo:
“O Reino dos Céus se assemelha a um grão
de mostarda que, tomando-o uma pessoa,
semeou-o no seu campo.
32. Que, na verdade, é a menor das semen-
tes, mas quando crescido é o maior dos ar-
bustos, tornando-se uma árvore, a ponto de
as aves virem a empoleirar-se nos seus ga-
lhos.”
33. Contou-lhes outra parábola: “O Reino
tomando uma mulher, misturou em três sa-
19
Mateus
ta74 de farinha, até que tudo ficasse fermen-
tado”.
34. Tudo isso Jesus falou às multidões em
parábolas. Mas sem parábola não lhes fala-
va.
35. Para se cumprir o que foi dito pelo profe-
ta, dizendo: “Abrirei a minha boca em pará-
bolas, falarei verdades que permaneceram
ocultas desde a fundação do mundo”75.
36. Despedindo, então, as multidões, Jesus
entrou na casa. E seus discípulos dirigiram-
se a ele, dizendo: “Explique-nos a parábola
do joio no campo”.
37. E ele, atendendo, disse-lhes: “O que
semeia a boa semente é o Filho do Homem,
38. E o campo é o mundo. E a semente boa
são os filhos do Reino, mas o joio são os
filhos do Maligno.
39. E o inimigo que os semeou é o Calunia-
dor. E a ceifa é o fim da era, e os ceifeiros
são os anjos.
40. Assim, pois, como o joio é juntado e
queimado no fogo, assim será no término
desta era.
41. O Filho do Homem enviará os seus an-
jos, e eles ajuntarão do seu reino todos os
escândalos e os que praticam a ilegalidade,
42. E os lançarão na fornalha de fogo: Ali
haverá choro e ranger de dentes.
43. Então os justos brilharão como o Sol no
Reino de seu Pai. Aquele tendo ouvidos para
ouvir, ouça!
44. Novamente o Reino dos Céus é seme-
lhante a um tesouro escondido num campo,
que uma pessoa, ao achá-lo, esconde. E, de
tamanha felicidade, vai e vende tudo o que
possui, e compra o campo.
45. Novamente o Reino dos Céus é seme-
lhante a uma pessoa negociante, procurando
por pérolas preciosas.
46. A qual, ao achar uma pérola preciosíssi-
ma, foi e vendeu tudo que possuía, e a com-
prou.
74
Saton: um saton equivalia a aproximadamente porque acreditavam ser profeta.
13 litros. Derivado do hebraico seah, equiva-
lente a 1/3 de efa.
75
Salmo 78:2
20
47. Novamente o Reino dos Céus é seme-
lhante a uma rede lançada ao mar, recolhen-
do de toda a espécie.
48. Que, ao encher, arrastam-na para a praia.
Assentando-se, então, juntam os bons em um
cesto, mas jogam fora os inferiores.
49. Assim será no fim da era: Os anjos sairão
e separarão os perversos dos justos,
50. E os lançarão na fornalha de fogo. Ali
haverá choro e ranger de dentes.”
51. E Jesus lhes diz: “Vocês entenderam
tudo isto?” Eles respondem: “Sim, Senhor!”
52. Então lhes diz: “Por isso, todo escriba
instruído no Reino dos Céus é semelhante a
um homem, pai de família, que de seu tesou-
ro tira o novo e o velho”.
53. E aconteceu que, quando Jesus havia
concluído estas parábolas, partiu dali.
54. E, chegando à sua pátria, ensinava-os na
sinagoga deles, a ponto de se surpreenderem
e dizerem: “Donde lhe vem esta sabedoria e
estes prodígios?
55. Não é este o filho do carpinteiro? Não se
chama sua mãe Maria, e seus irmãos Tiago,
e José, e Simão, e Judas?
56. E suas irmãs, não estão elas todas entre
nós? Donde, pois, lhe vem tudo isso?”
57. E se escandalizavam dele. Mas Jesus lhes
disse: “Não há profeta sem honra, exceto na
sua pátria, e na sua própria casa”.
58. E não fez ali muitos prodígios, devido à
incredulidade deles.
14.
1. Nessa época o tetrarca Herodes ouviu da
fama de Jesus,
2. E disse aos seus servidores: “Este é João,
o Submersor! Ele ressuscitou dos mortos, e
por isso esses poderes operam nele”.
3. Porque Herodes, tendo prendido a João,
acorrentou-o e lançou-o na prisão, devido a
Heródias, a mulher de seu irmão Filipe.
4. Porque João lhe dissera: “Não lhe é per-
mitido possuí-la”.
5. E, querendo matá-lo, temia a multidão,

6. Celebrando-se, porém, o aniversário de
Herodes, a filha de Heródias dançou diante
deles e agradou a Herodes.
7. Razão porquê prometeu, com juramento,
dar-lhe tudo quanto pedisse.
8. E ela, tendo sido anteriormente instigada
pela mãe: “Dê-me”, ela diz, “aqui, sobre um
prato, a cabeça de João, o Submersor”.
9. Mas o rei entristeceu-se. Devido, porém,
aos juramentos e aos que se reclinavam com
ele, ordenou que lhe fosse entregue.
10. E, dando ordens, decapitou a João na
prisão.
11. E sua cabeça foi trazida sobre um prato e
entregue à moça, e ela a levou à sua mãe.
12. E, vindo seus discípulos, levaram o de-
funto e sepultaram-no. E foram e comunica-
ram-no a Jesus.
13. Ouvindo-o, porém, Jesus, partiu dali num
barco, para um lugar deserto, à parte. E,
ouvindo isto as multidões, seguiram-no a pé
desde as cidades.
14. E, desembarcando Jesus, viu a grande
multidão, e foi movido de compaixão por
eles, e curou seus enfermos.
15. E, chegada a noite, seus discípulos se
aproximaram dele, dizendo: “Este lugar é
deserto, e a hora já é avançada. Despeça as
multidões para irem aos povoados comprar
alimento para si mesmas”.
16. Jesus, porém, lhes disse: “Eles não têm
necessidade de ir, dêem-lhes vocês mesmos
de comer”.
17. E eles lhe dizem: “Não temos nada aqui
além de cinco pães e dois peixes”.
18. E ele disse: “Tragam-mos para cá”.
19. E, ordenando as multidões a reclinar-se
no capim, e, tomando os cinco pães e os dois
peixes, e, elevando os olhos para o Céu, deu
graças, e partiu os pães, e entregou-os aos
discípulos e os discípulos às multidões.
20. E todos comeram e se fartaram. E reco-
lheram dos pedaços que sobraram doze ces-
tos cheios.
21. E os que haviam comido eram em torno
de cinco mil homens, além de mulheres e
crianças.
Mateus
22. E logo Jesus compeliu seus discípulos a
entrar no barco, e ir adiante dele para o outro
lado, enquanto ele despedia as multidões.
23. E, despedidas as multidões, subiu sozi-
nho à montanha para orar. Chegando a noite,
estava ali só.
24. O barco, porém, já estava no meio do
lago, atirado pelas ondas, porque o vento era
contrário.
25. Mas, durante a quarta vigília76 da noite,
Jesus foi até eles, andando por sobre o lago.
26. Vendo-o, porém, os discípulos, andando
por sobre o lago, se espantaram, dizendo: “É
um fantasma!” E gritaram de medo.
27. Mas logo Jesus lhes falou, dizendo: “Te-
nham coragem, sou eu! Não tenham medo!”
28. Mas Pedro, tomando a palavra, disse:
“Senhor, se for o Senhor, mande-me ir ao
seu encontro por sobre as águas!”
29. E ele disse: “Venha!” E, descendo Pedro
do barco, andou por sobre as águas, para ir
até Jesus.
30. Mas, percebendo o vento tempestuoso,
ficou com medo, e, começando a afundar,
gritou, dizendo: “Senhor, salve-me!”
31. Mas Jesus prontamente, estendendo sua
mão, segurou-o, e lhe diz: “Ó fraco na fé!
Por que duvidou?!”
32. E, subindo ao barco, o vento cessou.
33. E os que estavam no barco, vindo, o
adoraram, dizendo: “Verdadeiramente o
Senhor é o Filho de Deus!”
34. E, atravessando, chegaram à terra de
Genesaré.
35. E, reconhecendo-o os homens daquele
lugar, enviaram por toda aquela região ao
redor e trouxeram-lhe todos que estavam
enfermos.
36. E imploraram-lhe que permitisse tocar
somente a orla de seu traje. E todos quantos
a tocavam eram perfeitamente restaurados.
76
A noite era dividida em quatro vigílias: 1ª -
18:00 às 21:00; 2ª - 21:00 às 00:00; 3ª - 00:00
às 3:00 e 4ª - 3:00 às 6:00 horas. Neste caso o
horário era entre 3:00 e 6:00 horas enquanto Je-
sus andava por sobre as águas.
21
Mateus
15.
1. Dirigem-se, então, a Jesus escribas e
fariseus, vindos de Jerusalém, dizendo:
2. “Por que os seus discípulos transgridem
a tradição dos anciãos, porque não lavam
suas mãos antes de comer o pão?!”
3. Mas ele, respondendo, disse-lhes: “Por
que vocês também transgridem o manda-
mento de Deus devido à sua tradição?!
4. Porque Deus ordenou, dizendo: ‘Você
honrará77 a seu pai e a sua mãe’78 e, ‘Quem
amaldiçoar pai ou mãe será levado à mor-
te’79.
5. Mas vocês dizem: ‘Aquele que disser a
pai ou mãe: ‘É oferta aquilo que aproveitaria
de mim’,
6. Está desobrigado de honrar a pai ou
mãe’. E assim vocês anularam o mandamen-
to de Deus pela sua tradição.
7. Hipócritas! Isaías profetizou corretamen-
te a seu respeito, dizendo:
8. ‘Este povo se aproxima de mim com a
sua boca, e me honra com os seus lábios,
mas o seu coração está longe de mim.
9. Entretanto, em vão me cultuam, ensinan-
do doutrinas que nada mais são do que pre-
ceitos humanos. 80”
10. E, chamando a multidão, disse-lhes:
“Ouçam e entendam!
11. Não é o que entra pela boca que conta-
mina a pessoa, mas aquilo que procede da
boca, isto contamina a pessoa”.
12. Então, vindo seus discípulos, lhe disse-
ram: “Percebeu que os fariseus ficaram es-
candalizados, ouvindo esta palavra?”
77
O honrar pai e mãe entende-se de duas manei-
ras: o respeito que lhes cabe, mas, também, o
cuidado material de que precisam. Neste caso
os anciãos criaram a doutrina de que os filhos
podiam dar a contribuição que cabia aos pais
como oferta aos religiosos da época.
78
Êxodo 20:12; Deuteronômio 5:16; Marcos 7:10;
Efésios 6:2
79
Êxodo 21:17; Levítico 20:9; Marcos 7:10; Leví-
tico 20:9
80
Isaías 29:13; Marcos 7:6-7
22
13. Ele, porém, respondendo, disse: “Toda
planta que o meu Pai celeste não plantou
será arrancada.
14. Deixem-nos. São guias cegos dos cegos.
E se um cego guiar outro cego, ambos cairão
na vala”.
15. Então Pedro, reagindo, lhe disse: “Expli-
que-nos esta parábola”.
16. E Jesus disse: “Até mesmo vocês tam-
bém ainda não têm entendimento?!
17. Ainda não entendem que tudo o que
entra pela boca desce ao ventre e é expelido
no toalete?!
18. Mas, o que procede da boca sai do cora-
ção, e isto contamina a pessoa.
19. Porque do coração procedem as más
intenções: Assassinatos, adultérios, sexo
ilícito, furtos, falsos testemunhos e blasfê-
mias.
20. Estas contaminam a pessoa, mas alimen-
tar-se sem lavar as mãos não contamina a
pessoa.”
21. E, partindo Jesus dali, retirou-se para as
regiões de Tiro e Sídon.
22. E, eis que uma mulher cananéia, vindo
daquelas regiões, gritou para ele, dizendo:
“Tenha misericórdia de mim, ó Senhor, Fi-
lho de Davi! Minha filha está terrivelmente
endemoninhada”.
23. Mas ele não lhe respondeu uma palavra.
E, vindo a ele os seus discípulos, pediram-
lhe, dizendo: “Mande-a embora, porque está
gritando atrás de nós”.
24. Mas ele, respondendo, disse: “Não fui
enviado a não ser para as ovelhas perdidas
da casa de Israel”.
25. Ela, porém, vindo, adorou-o, dizendo:
“Senhor, ajude-me!”
26. Mas ele, respondendo, disse: “Não con-
vém pegar o pão dos filhos e jogá-lo aos
cachorrinhos”.
27. Ela, porém, disse: “Com certeza, Senhor,
mas os cachorrinhos comem até das miga-
lhas que caem da mesa dos seus senhores”.
28. Então, respondendo Jesus, disse-lhe: “Ó
mulher, grande é a sua fé! Aconteça-lhe
segundo a sua vontade”. E sua filha foi res-
taurada naquele instante.

29. E, partindo Jesus dali, chegou próximo
ao lago da Galiléia, e, subindo numa monta-
nha, assentou-se ali.
30. E grandes multidões vieram a ele, tra-
zendo com elas coxos, cegos, mudos, muti-
lados, e muitos outros, e deixavam-nos aos
pés de Jesus, e ele os curava.
31. A ponto de as multidões se maravilha-
rem, vendo os mudos falarem, os mutilados
serem restaurados, os coxos andarem e os
cegos enxergarem, e glorificavam o Deus de
Israel.
32. Então Jesus, chamando os seus discípu-
los, disse: “Estou movido de compaixão pela
multidão, porque já estão comigo faz três
dias, e não têm o que comer, e não quero
despedi-los em jejum, para não desfalecerem
no caminho”.
33. E seus discípulos lhe dizem: “Donde
conseguiríamos tantos pães aqui no deserto,
para satisfazer uma tão grande multidão?”
34. E Jesus lhes diz: “Quantos pães vocês
têm?” E disseram: “Sete, e alguns peixi-
nhos.”
35. E ordenou as multidões para se reclina-
rem no chão.
36. E, tomando os sete pães e os peixinhos,
e, tendo dado graças, partiu-os, e entregou-
os aos seus discípulos, e os discípulos à
multidão.
37. E todos comeram e se fartaram. E junta-
ram as sobras de pedaços, e encheram sete
cestos.
38. Ora, os que haviam comido foram quatro
mil homens, além de mulheres e crianças.
39. E, tendo despedido as multidões, entrou
no barco, e foi para as regiões de Magdala.
16.
1. E, vindo os fariseus e saduceus, tentan-
do-o, pediram dele que lhes mostrasse algum
sinal do Céu.
2. Mas ele, respondendo, disse-lhes: “Che-
gando a tarde, vocês dizem: ‘Fará tempo
bom, porque o Céu está avermelhado’.
3. E, de manhã: ‘Teremos uma tempestade
hoje, porque o Céu está de um vermelho
decadente’. Hipócritas! O aspecto do Céu
Mateus
vocês de fato sabem discernir, mas não têm
capacidade para discernir os sinais dos tem-
pos!
4. Uma geração má e adúltera procura por
um sinal, e nenhum sinal lhe será dado, a
não ser o sinal do profeta Jonas”. E, deixan-
do-os, foi embora.
5. E, passando os seus discípulos para o
outro lado, haviam-se esquecido de levar
pães.
6. Então Jesus lhes disse: “Acautelem-se e
resguardem-se do fermento dos fariseus e
dos saduceus”.
7. E dialogaram entre eles, dizendo: “É
porque não levamos pães”.
8. E, percebendo-o Jesus, disse-lhes: “Ó
fracos na fé! Por que discutem entre vocês
por não terem trazido pães?
9. Vocês ainda não percebem, nem se lem-
bram dos cinco pães e dos cinco mil, e de
quantos cestos recolheram?
10. Nem dos sete pães e dos quatro mil, e de
quantos cestos recolheram?
11. Como não percebem que não lhes falei
de pão quando lhes disse para resguardarem-
se do fermento dos fariseus e dos sadu-
ceus!?”
12. Então compreenderam de que não dissera
para resguardarem-se do fermento do pão,
mas da doutrina dos fariseus e dos saduceus.
13. E, vindo Jesus às regiões de Cesaréia de
Filipe, perguntou aos seus discípulos, dizen-
do: “Quem dizem as pessoas que eu seja, o
Filho do Homem?”
14. E disseram: “Alguns, de fato, dizem
João, o Submersor, e outros Elias, e ainda
outros Jeremias ou um dos profetas”.
15. E ele lhes diz: “Mas vocês, quem dizem
que eu seja?”
16. E, respondendo Simão Pedro, disse: “O
Senhor é o Ungido, o Filho do Deus vivo”.
17. E Jesus, replicando, disse-lhe: “Bem-
aventurado é você, Simão Barjonas, porque
não lhe foi revelado por carne e sangue, mas
pelo meu Pai que está nos Céus.
18. E também eu lhe digo que você é Pedro,
e sobre esta rocha edificarei a minha Convo-
cação e os portões do Hades não prevalece-
rão contra a mesma.
23
Mateus
19. E eu lhe darei as chaves do Reino dos 3. E eis que lhes apareceram Moisés e Eli-
Céus. E tudo, pois, que vincular na Terra, as, conversando com ele.
estará vinculado nos Céus. E tudo que des- 4. Pedro, então, fazendo uso da palavra,
vincular na Terra, estará desvinculado nos disse para Jesus: “Senhor, é bom estarmos
Céus”. aqui! Se desejar, façamos aqui três tendas,
20. Então ordenou a seus discípulos que não uma para o Senhor, e outra para Moisés, e
dissessem a ninguém que ele é Jesus, o Un- outra para Elias”.
gido. 5. Enquanto ainda falava, eis que uma nu-
21. Desde então começou Jesus a ensinar a vem resplandecente lhes sombreou, e eis que
seus discípulos de que era necessário dele ir uma voz, vinda da nuvem, dizendo: “Este é
para Jerusalém e sofrer muito dos anciãos, e o meu Filho amado, no qual tenho profunda
dos arqui-sacerdotes, e dos escribas, e de sersatisfação!81 A ele dêem ouvidos!”.
morto, e de ser despertado no terceiro dia. 6. E, ouvindo-a, os discípulos caíram sobre
22. Mas Pedro, tomando-o de lado, começou os seus rostos e ficaram apavorados.
a repreendê-lo, dizendo: “Seja-lhe propício, 7. E, vindo Jesus, tocou-os e disse: “Levan-
Senhor! De maneira alguma isto acontecerá tem-se e não tenham medo!”
com o Senhor!” 8. E, erguendo os seus olhos, não viram a
23. Ele, porém, voltando-se, disse para Pe- ninguém, a não ser somente a Jesus.
dro: “Para trás de mim, Adversário! Você é 9. E, descendo da montanha, ordenou-lhes
um escândalo para mim, porque sua intenção Jesus, dizendo: “Não contem a visão a nin-
não é divina, mas humana!”. guém, até o Filho do Homem ter ressuscita-
24. Disse, então, Jesus aos seus discípulos: do dos mortos”.
“Se alguém decide seguir-me, negue-se a si 10. E seus discípulos perguntaram-no, di-
mesmo, tome a sua cruz, e siga-me. zendo: “Por que, então, dizem os escribas
25. Porque todo aquele que decida salvar a ser necessário Elias vir primeiro?”
sua vida, perdê-la-á, mas todo aquele que 11. E Jesus, respondendo, disse-lhes: “Elias,
perder a sua vida, por minha causa, encon- de fato, vem primeiro, e restaurará tudo.
trá-la-á. 12. Eu lhes digo, porém, que Elias já veio,
26. Porque qual a vantagem para uma pessoa mas não o reconheceram, todavia fizeram
caso ganhe o mundo todo, mas cause dano à com ele tudo que quiseram. O mesmo tam-
sua alma? Ou, o que uma pessoa dará em bém o Filho do Homem está para sofrer
troca de sua alma? deles”.
27. Porque o Filho do Homem está prestes a 13. Então os discípulos entenderam que se
vir na glória de seu Pai, com os seus anjos, ereferia a João, o Submersor.
então recompensará a cada um segundo a 14. E, chegando eles até à multidão, aproxi-
sua conduta. mou-se dele um homem, ajoelhando-se dian-
28. Com certeza lhes digo: Têm alguns dos te dele e dizendo:
aqui presentes que não provarão a morte até 15. “Senhor, tenha compaixão de meu filho,
terem visto o Filho do Homem vindo no seu porque é lunático e sofre muito. Porque mui-
Reino”. tas vezes cai no fogo e outras muitas na
água.
17. 16. E eu o trouxe aos seus discípulos, mas
não foram capazes de curá-lo”.
1. E, seis dias depois, Jesus leva consigo a 17. E, respondendo Jesus, disse: “Ó geração
Pedro, e a Tiago, e a João, seu irmão, e os descrente e pervertida! Até quando estarei
conduz a uma montanha alta, a sós.
2. E foi transfigurado diante deles, e sua
face brilhou como o Sol, e suas vestes torna-
81
ram-se brilhantes como a luz. Mateus 3:17; 17:5; Marcos 1:11; 9:7; Lucas
3:22; 9:35; II Pedro 1:17
24

com você? Até quando terei de suportá-la?
Tragam-mo para cá”.
18. E Jesus repreendeu-o, e o demônio saiu
dele. E o menino foi curado naquele instan-
te.
19. Dirigindo-se, então, a ele os discípulos a
sós, disseram: “Por que nós não pudemos
expulsá-lo?”
20. E Jesus lhes disse: “Devido à sua falta de
fé, porque com certeza lhes digo, se tiverem
fé, como um grão de mostarda, dirão a esta
montanha: ‘Remova-se daqui para lá!’, e
será removida. E nada lhes será impossível.
21. Mas esta espécie82 não sai a não ser com
oração e jejum”.
22. Ora, demorando-se eles na Galiléia, dis-
se-lhes Jesus: “O Filho do Homem está pres-
tes a ser entregue nas mãos humanas,
23. E o matarão, e será ressuscitado no ter-
ceiro dia”. E ficaram sobremaneira entriste-
cidos.
24. E, chegando eles a Cafarnaum, os que
cobravam a didracma se dirigiram a Pedro e
disseram: “O seu Mestre não paga a didrac-
ma83?”
25. Ele diz: “Sim”. E quando entrou na casa,
Jesus antecipou-se a ele, dizendo: “O que
você acha, Simão, de quem os reis da Terra
cobram taxas e impostos: Dos seus filhos ou
dos estranhos?”
26. Pedro lhe diz: “Dos estranhos”. Disse-lhe
Jesus: “Neste caso os filhos estão isentos.
27. Mas, para não ofendê-los, indo ao lago,
lance o anzol e tome o primeiro peixe que
fisgar, e, abrindo-lhe a boca, você encontrará
um estáter84. Tome o mesmo e pague-lhes
por mim e por você”.
82
Genos: espécie, tribo, nação, nacionalidade,
descendência, casta.
83
didracmon (duas dracmas): era a moeda usada
para pagar um imposto anual cobrado pelos lí-
deres religiosos de Israel com a finalidade de
cobrir os gastos gerais do Templo. Uma dracma
tinha o valor aproximado de um denário, que
era o salário diário de um operário braçal.
84
Estáter: moeda da época, valendo quatro drac-
mas.
Mateus
18.
1. Nesse momento chegaram os discípulos
para Jesus, dizendo: “Quem, pois, é o maior
no Reino dos Céus?”.
2. E Jesus, chamando uma criancinha, colo-
cou-a no meio deles,
3. E disse: “Com certeza lhes digo, a não
ser que vocês se convertam e se tornem co-
mo criancinhas, de maneira alguma entrarão
no Reino dos Céus.
4. Todo aquele, pois, que se nivelar a esta
criancinha, esse é o maior no Reino dos
Céus.
5. E todo aquele que receber uma crianci-
nha, tal como esta, em meu nome, a mim me
recebe.
6. Mas qualquer que fizer tropeçar a um
destes pequeninos que crêem em mim, seria
melhor para ele que lhe amarrassem uma
mó, movida por jumento, no seu pescoço, e
o afogassem no fundo do mar.
7. Ai do mundo por causa dos escândalos!
Porque é preciso que venham os escândalos,
mas ai da pessoa por meio da qual vem o
escândalo!
8. Por isso, caso a sua mão ou o seu pé lhe
fizerem tropeçar, corte-os e atire-os de você.
É preferível para você passar pela vida coxo,
ou mutilado, do que, tendo duas mãos ou
dois pés, ser lançado no fogo eterno.
9. E, caso o seu olho lhe fizer tropeçar,
arranque-o e atire-o de você! É preferível
para você passar pela vida com um olho só,
do que, tendo dois olhos, ser lançado na
Geena85 de fogo.
10. Vejam, não desprezem nenhum destes
pequeninos, porque digo-lhes que seus anjos
nos Céus contemplam sempre a face de meu
Pai que está nos Céus.
85
Geena: o inferno é o lugar de punição. Origi-
nalmente era o vale de Hinnom, ao Sul de Jeru-
salém, onde o lixo e as carcaças de animais e-
ram jogados e queimados. Sendo que no versí-
culo 8 consta ‘ser lançado no fogo eterno’ e no
versículo 9 ‘ser lançado na Geena de fogo’, a
Geena será um lugar de fogo eterno.
25
Mateus
11. Porque o Filho do Homem veio salvar o
que havia se extraviado!
12. O que lhes parece? Se uma pessoa possu-
ísse cem ovelhas e uma se extraviasse, não
deixaria as noventa e nove nas montanhas, e,
indo, iria à procura da extraviada?
13. E, se acontecesse de achá-la, com certeza
lhes digo, mais se alegraria dela, do que das
noventa e nove que não se tivessem extravi-
ado.
14. Assim também, não é a vontade do seu
Pai que está nos Céus, que um destes peque-
ninos se perca.
15. Mas, caso seu irmão pecar86 contra você,
vá e corrija-o entre você e ele somente. Se
ele lhe der ouvidos, você ganhou a seu ir-
mão.
16. Mas, caso não queira ouvi-lo, tome mais
um ou dois com você, para que cada palavra
seja sustentada pela boca de duas ou três
testemunhas.
17. Mas, caso se recuse a ouvi-los, comuni-
que-o à Convocação Mas, caso também se
recuse a ouvir a Convocação considere-o
como um estranho e um cobrador de impos-
tos.
18. Com certeza lhes digo: Tudo que vincu-
larem na Terra, terá sido vinculado no Céu, e
tudo que desvincularem na Terra, terá sido
desvinculado no Céu.
19. Novamente lhes digo que, se dois de
vocês, na Terra, concordarem em pedir a
favor de qualquer questão que seja, lhes será
concedido pelo meu Pai que está nos Céus.
20. Porque, onde dois ou três estiverem reu-
nidos em meu nome, ali estou eu no meio
deles”.
21. Pedro então se dirigiu a ele, dizendo:
“Senhor, quantas vezes o meu irmão pecará
contra mim e eu o perdoarei? Até sete ve-
zes?”.
22. Jesus lhe diz: “Não digo-lhe ‘até sete
vezes’, mas ‘até setenta vezes sete’.
23. Por isso o Reino dos Céus é comparado a
uma pessoa, um rei, que queria ajustar as
contas com os seus servos.
86
Amarthsh (amartese): Errar o alvo.
26
24. E, começando a apurar as contas, trouxe-
ram-lhe alguém que lhe devia dez mil talen-
tos87.
25. Mas, não tendo com que pagar, seu se-
nhor ordenou que fosse vendido ele, bem
como sua esposa, seus filhos e toda a sua
propriedade, para efetivar-se o pagamento.
26. O servo, com isso, caindo no chão, pros-
trou-se diante dele, dizendo: ‘Senhor, tenha
paciência comigo e tudo lhe pagarei’.
27. Então, movido de compaixão, o senhor
do servo soltou-o e perdoou-lhe sua dívida.
28. Saindo, porém, este servo, encontrou
outro conservo seu, que lhe devia cem dená-
rios88. Mas ele, agarrando-o pela gola, es-
trangulava-o, dizendo: ‘Pague-me o que me
deve!’.
29. Caindo, então, aos seus pés, seu conservo
implorava, dizendo: ‘Tenha paciência comi-
go, e tudo lhe pagarei’.
30. Ele, porém, não queria, antes foi e lan-
çou-o na prisão, até que pagasse o que devia.
31. Vendo, pois, seus conservos o aconteci-
do, ficaram tremendamente indignados, e
foram e contaram ao seu senhor tudo o que
havia acontecido.
32. Chamando-o, então, seu senhor, disse-
lhe: ‘Servo maldoso! Perdoei-lhe toda aque-
la dívida, sendo que me pediu,
33. Não teria sido sua obrigação ter tido
compaixão do seu conservo, assim como eu
tive compaixão de você?!’
34. E, ficando enraivecido, seu senhor entre-
gou-o aos torturadores, até que lhe pagasse
tudo que lhe devia.
35. Semelhantemente também meu Pai ce-
leste fará com vocês, a menos que vocês, do
fundo de seus corações, perdoarem cada um
as transgressões de seu irmão.
87
Moeda da época. Um talento = aproximadamen-
te 12,6 kg de prata, equivalente a provavelmen-
te 6000 dracmas. Ele devia em torno de 126000
kg de prata.
88
Moeda da época. Um denário = aproximada-
mente um dia de salário (4 g de prata). O seu
companheiro devia em torno de 4 kg de prata.

19.
1. E aconteceu que, concluindo Jesus estes
discursos, partiu da Galiléia e foi até a fron-
teira da Judéia, além do Jordão.
2. E seguiam-no grandes multidões, e ele as
curava ali.
3. Os fariseus também se dirigiram a ele,
tentando-o, e dizendo-lhe: “É permitido ao
homem despedir sua esposa por qualquer
razão?”
4. Mas ele, respondendo, disse-lhes: “Vo-
cês não leram que aquele que criou no prin-
cípio os moldou do sexo masculino e femi-
nino,
5. E disse: ‘Por esta razão o homem deixa-
rá pai e mãe, e será unido89 à sua esposa, e
ambos serão uma só carne’90?
6. De sorte que já não são duas, mas uma só
carne. Assim sendo, o que Deus uniu, não o
separe o homem”.
7. Eles lhe dizem: “Por que, então, Moisés
mandou que se desse uma certidão de divór-
cio e assim despedi-la?”
8. Ele lhes diz: “Moisés, devido à dureza de
seus corações, permitiu-lhes despedir suas
esposas. Desde o princípio, porém, não foi
assim.
9. Eu, porém, lhes digo que quem despedir
sua esposa, a não ser devido a sexo ilícito, e
se casar com outra, comete adultério, e aque-
le que se casar com a despedida, comete
adultério.”
10. Dizem-lhe seus discípulos: “Sendo assim
o caso do homem para com a sua esposa,
não é aconselhável casar”.
11. Ele, porém, disse-lhes: “Nem todos apre-
endem esta palavra, a não ser aos quais é
dado.
89
Προσκολληθησεται (proskolletesetai): colar, 91 Eunuco: homem castrado ou privado dos órgãos
grudar, unir. Note que o verbo está na voz pas-
siva: “será unido”. O ato de unir não é humano 92 Jesus cita dos dez mandamentos sem obedecer à
mas divino e por isso o homem também não
pode anular o mesmo. Palavra também encon-
trada em Marcos 10:7, Atos 5:36 e Efésios 93 Olho da agulha: após o portão principal da
5:31.
90 88
Gênesis 2:24; Marcos
Mateus
12. Porque há eunucos91 que desde o ventre
materno nasceram assim, e há eunucos que
foram feitos eunucos pelos homens, e há
eunucos que se fizeram eunucos devido ao
Reino dos Céus. Quem tem condições de
apreendê-lo, apreenda-o”.
13. Foram, então, trazidas criancinhas, para
que lhes impusesse suas mãos e orasse, mas
seus discípulos os repreenderam.
14. Mas Jesus disse: “Deixem as criancinhas,
e não as impeçam de virem a mim, porque
de tais é o Reino dos Céus”.
15. E, tendo-lhes imposto as mãos, partiu
dali.
16. E, eis que vindo alguém, disse-lhe: “Bom
Mestre, que bem farei para alcançar a vida
eterna?”
17. E disse-lhe: “Por que me chama de
'bom'? Ninguém é bom, a não ser um: Deus.
Mas se você quiser entrar na vida, guarde os
mandamentos”.
18. E ele lhe diz: “Quais?” E Jesus disse:
“Você não assassinará, não adulterará, não
furtará, não dará falso testemunho,
19. Honrará ao seu pai e à sua mãe, amará
ao seu próximo como a você mesmo”92.
20. O jovem disse-lhe: “Todos estes tenho
cumprido desde a minha mocidade, o que
me falta além disto?”
21. Disse-lhe Jesus: “Se você deseja ser
perfeito, vá, venda os seus bens e dê-os aos
pobres, assim você terá um tesouro no Céu,
e venha seguir-me!”
22. Mas, ouvindo o jovem esta palavra, foi
embora triste, porque possuía muitos bens.
23. Disse, então, Jesus aos seus discípulos:
“Com certeza lhes digo que dificilmente um
rico entrará no Reino dos Céus!
24. E novamente lhes digo: É mais fácil para
um camelo passar pelo olho da agulha93, do
que um rico entrar no Reino de Deus”.
de reprodução.
ordem no Velho Testamento, e ainda acrescen-
ta o mandamento do amor ao próximo.
cidade, ou de um castelo, ter sido fechado, ha-
via uma 10:7-8;postigo
pequeno Efésiospara
5:31as pessoas que
27
Mateus
25. E, ouvindo isto seus discípulos, ficaram
extremamente surpresos, dizendo: “Quem
então poderá ser salvo?!”
26. Mas Jesus, fitando-os, disse: “Para os
homens isto é impossível, mas para Deus
tudo é possível”.
27. Pedro, então, tomando a palavra, disse-
lhe: “Eis que nós abandonamos tudo e lhe
seguimos, o que receberemos por isto?”
28. E Jesus disse-lhes: “Com certeza lhes
digo que vocês, que me seguiram, na Recri-
ação, quando o Filho do Homem se assentar
sobre o trono de sua glória, vocês também se
assentarão sobre doze tronos, julgando as
doze tribos de Israel.
29. E todo aquele que tiver abandonado ca-
sas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou
esposa, ou filhos, ou terras, por causa do
meu nome, receberá cem vezes tanto e her-
dará a vida eterna.
30. Muitos primeiros, porém, serão últimos,
e últimos primeiros.
20.
1. Porque o Reino dos Céus é semelhante a
um dono de casa que saiu cedo de manhã
para contratar diaristas para a sua vinha.
2. Ora, chegando a um acordo com os dia-
ristas a pagar-lhes um denário por dia, envi-
ou-os para a sua vinha.
3. E, saindo em torno das nove horas, viu
outros desempregados parados na ágora94,
4. E disse-lhes: ‘Vão vocês também à vi-
nha, e lhes pagarei o que for justo’. E eles
foram.
5. Novamente, indo às doze e às quinze
horas, agiu semelhantemente.
6. E, em torno das dezessete horas, saindo,
encontrou outros desempregados parados, e
lhes diz: ‘Por que vocês estão aí parados o
dia todo desocupados?!’
chegavam durante a noite poderem entrar. O
camelo tinha que se arrastar de joelhos no chão
para poder passar pelo “olho da agulha”.
94
Ágora: antiga praça pública grega onde havia o
mercado, e eram realizadas reuniões políticas e
religiosas.
28
7. Disseram-lhe: ‘Porque ninguém nos
contratou’. Ele disse-lhes: ‘Vão vocês tam-
bém à vinha, e receberão o que for justo’.
8. Mas, vindo a noite, o senhor da vinha
disse ao seu mordomo: ‘Chame os diaristas e
pague-lhes a diária, começando pelos últi-
mos até aos primeiros’.
9. E, chegando os de em torno das dezesse-
te horas, receberam um denário cada.
10. Mas, chegando os primeiros, supondo
que receberiam mais, também receberam um
denário cada.
11. E, recebendo-o, reclamaram do dono da
casa,
12. Dizendo: ‘Estes últimos trabalharam uma
hora e o senhor os igualou a nós, que supor-
tamos o peso e o calor do dia!’.
13. Mas ele, respondendo, disse a um deles:
‘Amigo, não estou lhe injustiçando. Você
não concordou comigo em um denário?!
14. Pegue o seu e retire-se! Eu, porém, quero
dar ao último o mesmo que a você.
15. Ou não posso fazer com o meu o que eu
quero? Sua percepção é má pelo fato de eu
ser bom?’
16. Assim os últimos serão primeiros e os
primeiros últimos. Porque muitos são convi-
dados, mas poucos selecionados”.
17. E, subindo Jesus para Jerusalém, levou
os doze discípulos para um lugar a sós no
caminho, e disse-lhes:
18. “Vejam que estamos subindo para Jeru-
salém, e o Filho do Homem será entregue
aos arqui-sacerdotes, e aos escribas, e o con-
denarão à morte,
19. E o entregarão aos povos, para ser debo-
chado, açoitado e crucificado, e no terceiro
dia ressuscitará!”.
20. Aproximou-se dele, então, a mãe dos
filhos de Zebedeu, com seus filhos, adoran-
do-o e expressando um desejo.
21. E ele lhe disse: “O que deseja?” Ela lhe
diz: “Conceda que estes meus dois filhos se
assentem no seu reino, um à sua direita, e o
outro à sua esquerda”.
22. Jesus, porém, respondendo, disse: “Vo-
cês não sabem o que pedem. Vocês podem
beber do cálice do qual eu estou prestes a
beber, e serem submersos com a submersão

com o qual eu serei submerso?” Eles lhe
dizem: “Podemos”.
23. E ele lhes diz: “De fato vocês beberão do
meu cálice, e serão submersos com a sub-
mersão com o qual estou sendo submerso,
mas de assentar-se à minha direita e à minha
esquerda não me compete conceder, mas
para os que foi preparado pelo meu Pai.”
24. Mas, ouvindo isto os Dez, indignaram-se
contra os dois irmãos.
25. Mas Jesus, chamando-os, disse: “Vocês
sabem que os governantes dos povos se
assenhoreiam deles, e os poderosos exercem
autoridade sobre eles.
26. No entanto, não será assim entre vocês.
Mas quem dentre vocês deseja se tornar
grande, seja o seu servidor.
27. E quem deseja ser o primeiro, seja o seu
servo.
28. Assim como o Filho do Homem não veio
para ser servido mas para servir e dar a sua
vida como pagamento de resgate por mui-
tos”.
29. E, partindo eles de Jericó, uma grande
multidão o seguia.
30. E eis que dois cegos, assentados à beira
da estrada, ouvindo que Jesus passava, grita-
vam, dizendo: “Tenha piedade de nós, ó
Senhor, Filho de Davi!”.
31. Mas a multidão os repreendia, para se
calarem. Mas eles gritavam ainda mais, di-
zendo: “Tenha piedade de nós, ó Senhor,
Filho de Davi!”.
32. E, parando, Jesus chamou-os, e disse: “O
que desejam que eu lhes faça?”
33. Eles lhe dizem: “Senhor, que os nossos
olhos sejam abertos!”
34. E Jesus, movido de compaixão, tocou
nos seus olhos, e imediatamente seus olhos
recuperaram a visão, e eles o seguiram.
21.
1. E, quando se aproximavam de Jerusalém,
e chegando a Betfagé, diante do Monte das
Oliveiras, enviou Jesus, então, dois discípu-
los,
2. Dizendo-lhes: “Prossigam ao povoado
diante de vocês, e logo encontrarão uma
Mateus
jumenta amarrada, e junto dela um jumenti-
nho. Soltando-os, tragam-nos para mim.
3. E, se alguém lhes disser algo, dirão: ‘O
Senhor precisa deles e logo os devolverá’.”
4. Ora, tudo isto aconteceu para que se
cumprisse o que foi falado pelo profeta,
dizendo:
5. “Digam à filha de Sião: ‘Eis que o seu
Rei vem a você, manso e montado numa
jumenta e num jumentinho, potro de jumen-
ta’95.”
6. E, indo os discípulos, e fazendo como
Jesus lhes ordenara,
7. Levaram a jumenta e o jumentinho, e
colocaram neles suas vestes, e ele assentou-
se nelas.
8. E a maior parte da multidão estendia seus
trajes pelo caminho, e outros cortavam ra-
mos das árvores e espalhavam-nos pelo ca-
minho.
9. E as multidões que andavam na frente, e
as que seguiam, clamavam, dizendo: “Hosa-
na ao Filho de Davi! Bendito o que vem em
nome do Senhor96! Hosana no Altíssimo!”
10. E, entrando ele em Jerusalém, a cidade
toda se alvoroçou, dizendo: “Quem é este?”
11. E as multidões diziam: “Este é Jesus, o
profeta de Nazaré da Galiléia!”.
12. E Jesus entrou no Templo de Deus, e
expulsou a todos os que vendiam e compra-
vam no Templo, e derrubou as mesas dos
cambistas e os bancos dos que vendiam
pombos,
13. E lhes diz: “Tem sido escrito: ‘A minha
casa será chamada de casa de oração’97,
mas vocês a têm transformado num ‘covil de
ladrões’98”.
14. E vieram a ele no Templo cegos e coxos,
e ele os curou.
15. Mas, vendo os arqui-sacerdotes e os
escribas as maravilhas que praticava, e as
crianças gritando no Templo, e dizendo:
95
Zacarias 9:9; João 12:15
96
Salmo 118:26; Mateus 23:39; Marcos 11:9;
Lucas 19:38; João 12:13
97
Isaías 56:7; Marcos 11:17; Mateus não inclui a
frase: “para todos os povos”.
98
Jeremias 7:11
29
Mateus
“Hosana ao Filho de Davi!”, ficaram indig-
nados,
16. E lhe disseram: “Ouve o que estes estão
dizendo?!” E Jesus lhes disse: “Sim! Vocês
nunca leram: ‘Da boca dos bebês e dos lac-
tentes aperfeiçoou-se o louvor’99?!”
17. E, deixando-os, saiu da cidade para Be-
tânia, e pernoitou ali.
18. Ora, de manhã, retornando à cidade,
sentiu fome.
19. E, vendo uma figueira à beira do cami-
nho, foi até ela, mas não achando nada nela,
a não ser somente folhas, diz à mesma: “Ja-
mais cresça fruto em você, para sempre!”. E
a figueira murchou imediatamente.
20. E, vendo isto os discípulos, admiraram-
se, dizendo: “Como murchou depressa a
figueira!”
21. Mas, replicando Jesus, disse-lhes: “Com
certeza lhes digo: Se tiverem fé e não duvi-
darem, não farão somente isto à figueira,
mas mesmo se disserem a esta montanha:
‘Seja removida e lançada no mar!’, aconte-
cerá.
22. E, tudo que pedirem em oração, crendo,
receberão”.
23. E, entrando ele no Templo, os arqui-
sacerdotes e os anciãos do povo se dirigiram
a ele, enquanto ensinava, dizendo: “Com que
autoridade o Senhor opera isto, e quem lhe
deu esta autoridade?”
24. E, respondendo Jesus, disse-lhes: “Tam-
bém eu lhes perguntarei algo. Caso me res-
pondam, também eu lhes direi com que auto-
ridade opero isto.
25. Qual era a procedência da submersão de
João, do Céu ou dos homens?” E consulta-
ram entre eles, dizendo: “Se dissermos: ‘Do
Céu’, ele dirá: ‘Por que então não acredita-
ram nele?’,
26. Mas, se dissermos: ‘Dos homens’, te-
memos o povo, porque todos consideram
João ser profeta”.
27. E, respondendo a Jesus, disseram: “Não
sabemos”. Também ele lhes disse: “Nem eu
lhes digo com que autoridade opero isto.
99
Salmo 8:2
30
28. Mas, o que lhes parece? Um homem
tinha dois filhos, e, dirigindo-se ao primeiro,
disse: ‘Filho, vá hoje trabalhar na minha
vinha!’.
29. Ele, porém, respondendo, disse: ‘Não
quero’. Porém, mais tarde, mudando de opi-
nião, foi.
30. E, dirigindo-se ao segundo, disse o mes-
mo. Mas ele, respondendo, disse: ‘Sim, se-
nhor!’ Porém não foi.
31. Qual dos dois cumpriu a vontade do
pai?” Eles lhe dizem: “O primeiro”. Jesus
lhes diz: “Com certeza lhes digo que os co-
bradores de impostos e as prostitutas lhes
precedem no Reino de Deus.
32. Porque João se dirigiu a vocês no cami-
nho da justiça, mas vocês não creram nele.
Mas os cobradores de impostos e as prostitu-
tas creram. Mas vocês, vendo isto, não se
arrependeram depois disto para crer nele.
33. Ouçam outra parábola: Havia certo ho-
mem, dono de casa, que plantou uma vinha,
e a murou toda, escavou uma prensa de la-
gar, e construiu uma torre, e arrendou-a a
vinhateiros, e partiu para o exterior.
34. E, chegando a estação dos frutos, enviou
seus servos aos vinhateiros, para receber os
seus frutos.
35. Mas os vinhateiros agarraram os seus
servos, espancaram a um, mataram outro, e
apedrejaram outro.
36. Novamente enviou outros servos, em
maior número do que os primeiros. E trata-
ram-nos semelhantemente.
37. Mas, por fim, enviou-lhes seu filho, di-
zendo: ‘Respeitarão ao meu filho’.
38. Mas, vendo os vinhateiros o filho, disse-
ram entre eles: ‘Este é o herdeiro. Vamos!
Matemo-lo e apropriemo-nos de sua heran-
ça’.
39. E, agarrando-o, lançaram-no para fora da
vinha e mataram-no.
40. Quando, pois, chegar o senhor da vinha,
o que fará com esses vinhateiros?”
41. Dizem-lhe: “Miseravelmente destruirá
esses malvados e arrendará a vinha a outros
vinhateiros que lhe entregarão os frutos nas
suas estações”.

42. Jesus lhes diz: “Nunca leram nas Escritu-
ras: ‘A pedra rejeitada pelos construtores,
esta tornou-se principal pedra angular, é
obra do Senhor e maravilhosa aos nossos
olhos’?!100
43. Por isso lhes digo que o Reino de Deus
será tomado de vocês e entregue a um povo
que produza os seus frutos.
44. E, quem cair nesta pedra será despedaça-
do, mas naquele em que ela cair, ela triturará
a pó’.”
45. Ouvindo, porém, os arqui-sacerdotes e os
fariseus suas parábolas, perceberam que
falava a respeito deles.
46. Mas, procurando prendê-lo, temiam as
multidões, porque consideravam-no profeta.
22.
1. E, Jesus, fazendo uso da palavra, nova-
mente lhes falou em parábolas, dizendo:
2. “O Reino dos Céus tornou-se semelhante
a um homem, um rei, que fez os preparativos
da recepção de casamento de seu filho.
3. E enviou a seus servos para chamar os
que haviam sido convidados à recepção do
casamento, mas não quiseram vir.
4. Novamente enviou outros servos, dizen-
do: ‘Digam aos que foram convidados: ‘Eis
que tenho preparado a minha ceia, meus bois
e animais de engorda foram abatidos, e tudo
está pronto, venham para a recepção do ca-
samento.’
5. Mas eles, fazendo pouco caso, foram:
Um para a sua fazenda, outro para o seu
comércio,
6. E os restantes, agarrando os servos, in-
sultaram e mataram-nos.
7. E, ouvindo disso o rei, enfureceu-se, e,
enviando seus exércitos, destruiu os assassi-
nos e incendiou a sua cidade.
8. Diz, então, aos seus servos: ‘A recepção
do casamento de fato está preparada, mas os
convidados não foram dignos.
100
Salmo 118:22-23; Marcos 12:10; Lucas 20:17;
Atos 4:11; I Pedro 2:7
Mateus
9. Vão, pois, às encruzilhadas das ruas, e
convidem à recepção do casamento a todos
que encontrarem’.
10. E, indo aqueles servos às ruas, reuniram
todos quantos encontraram, tanto maus
quanto bons, e a recepção do casamento
ficou repleta de convidados.
11. E, entrando o rei para ver os convidados,
viu um homem que não vestia traje a rigor
da recepção do casamento,
12. E lhe diz: ‘Amigo, como você entrou
aqui, não tendo traje a rigor da recepção de
casamento?’ Mas ele emudeceu.
13. O rei, então, disse aos servidores: ‘Amar-
rando seus pés e suas mãos, retirem-no, e
lancem-no na escuridão profunda. Ali haverá
choro e ranger de dentes’.
14. Porque muitos são convidados, mas pou-
cos selecionados.”
15. Indo, então, os fariseus, deliberaram em
como poderiam surpreendê-lo na sua pala-
vra.
16. E enviam-lhe os seus discípulos, com os
herodianos, dizendo: “Mestre, sabemos que
o Senhor é verdadeiro, e ensina o caminho
de Deus de acordo com a verdade, e não se
preocupa com a opinião de ninguém, porque
não repara na aparência das pessoas,
17. Diga-nos, pois, qual é a sua opinião: É
permitido pagar imposto a César ou não?”
18. Mas, percebendo Jesus sua malícia, dis-
se: “Por que me põem à prova, hipócritas?!
19. Mostrem-me a moeda do imposto”. E
trouxeram-lhe um denário.
20. E ele lhes diz: “De quem é esta efígie e
esta inscrição?”
21. Dizem-lhe: “De César”101. Então ele lhes
diz: “Paguem, pois, a César o que é de Cé-
sar, e a Deus o que é de Deus”.
22. E, tendo ouvido isto, maravilharam-se, e,
deixando-o, foram embora.
23. No mesmo dia dirigiram-se a ele os sa-
duceus, que afirmam não haver ressurreição,
e interpelaram-no,
101
O denário mostrado pode ter sido semelhante a este
denário de 46 a.C. contendo a imagem e a inscrição de
César.
31
Mateus
24. Dizendo: “Mestre, Moisés disse: ‘Se
alguém falecesse, não tendo filhos, seu ir-
mão tomaria a esposa dele, e suscitaria des-
cendência ao seu irmão’102.”
25. Ora, havia entre nós sete irmãos. E o
primeiro, tendo casado, faleceu, e não tendo
descendente, deixou sua esposa para o seu
irmão.
26. Da mesma maneira também o segundo, e
o terceiro, até ao sétimo.
27. Por fim, depois de todos, faleceu também
a mulher.
28. Portanto, na Ressurreição, de quem dos
sete será ela esposa? Visto que todos a pos-
suíram”.
29. Respondendo, porém, Jesus, disse-lhes:
“Vocês se enganam, não conhecendo as
Escrituras, nem o poder de Deus.
30. Porque na Ressurreição não casam, nem
são dados em casamento, mas são como os
anjos de Deus no Céu.
31. Mas, quanto à ressurreição dos mortos,
vocês não leram o que lhes foi falado por
Deus, dizendo:
32. ‘Eu sou o Deus de Abraão, e o Deus de
Isaque, e o Deus de Jacó’103? Ora, Deus não
é Deus de mortos, mas sim de vivos”.
33. E, ouvindo isto, as multidões ficaram
maravilhadas de sua doutrina.
34. Mas os fariseus, ouvindo que calara os
saduceus, se reuniram.
35. E um deles, legista104, interrogou-o, co-
locando-o à prova, e dizendo:
36. “Mestre, qual é o maior mandamento da
Lei?”
37. E Jesus lhe disse: “‘Você amará ao Se-
nhor seu Deus de todo o seu coração, e de
toda a sua alma, e de toda a sua mente’105.
38. Este é o maior e mais importante man-
damento.
102
O texto não é uma citação exata de Deutero-
nômio 25:5. Percebe-se que não levavam muito
a sério a Palavra de Deus.
103
Êxodo 3:6; Marcos 12:26; Lucas 20:37; Atos
7:32
104
Legista (νοµικός): estudioso e conhecedor da
Lei de Moisés. Palavra derivada de nomos = lei.
105
Deuteronômio 6:5; Marcos 12:30
32
39. E o segundo lhe é análogo: ‘Você amará
ao seu próximo como a você mesmo’106.
40. Nestes dois mandamentos estão suspen-
sos toda a Lei e os Profetas.”
41. Mas, tendo-se reunido os fariseus, inter-
rogou-os Jesus,
42. Dizendo: “Qual é a sua opinião a respeito
do Ungido, de quem é ele filho?” Eles lhe
dizem: “De Davi”.
43. Ele lhes diz: “Como então Davi, pelo
Espírito, o chama de Senhor, dizendo:
44. ‘Disse o Senhor ao meu Senhor: ‘Assen-
te-se à minha direita, até fazer dos seus
inimigos o apoio de seus pés’107?
45. Se, pois, Davi o chama de ‘Senhor’,
como é ele seu filho?”
46. E ninguém podia responder-lhe uma
palavra sequer, nem ousou alguém questio-
ná-lo novamente neste dia.
23.
1. Falou, então, Jesus às multidões, e aos
seus discípulos,
2. Dizendo: “Na cátedra de Moisés têm se
assentado os escribas e os fariseus.
3. Tudo, pois, que lhes ordenarem a fazer,
observem e façam. Mas não procedam de
acordo com as suas obras, porque ensinam
mas não praticam.
4. Porque atam cargas pesadas e penosas e
colocam-nas nos ombros das pessoas, mas
eles mesmos nem com o seu próprio dedo
querem encostar nelas.
5. Mas todas as suas obras fazem para se-
rem vistos pelas pessoas. Alargam seus fi-
lactérios108, e aumentam as orlas dos trajes,
6. Amam os lugares de honra nas comemo-
rações, e os principais lugares nas sinagogas,
7. E os cumprimentos nas praças, e de se-
rem chamados de ‘rabi, rabi’109 pelas pesso-
as.
106
Levítico 19:18; Marcos 12:31; Romanos 13:9;
Gálatas 5:14; Tiago 2:8
107
Salmo 110:1; Marcos 12:36; Lucas 20:42-43;
Atos 2:34-35; I Coríntios 15:25; Hebreus 1:13
108
Faixa de pergaminho, com escritos religiosos,
que os judeus enrolam no braço e prendem na
testa, ao fazerem as orações.

8. Mas vocês não serão chamados de ‘rabi’,
porque um é o seu Rabi, o Ungido. E todos
vocês são irmãos.
9. A ninguém chamem de seu ‘pai’ sobre a
Terra, porque um é o seu Pai, aquele que
está nos Céus.
10. Também não serão chamados de ‘mes-
tres’, porque um é o seu Mestre, o Ungido.
11. Mas o maior dentre vocês será o seu
servidor.
12. E aquele que a si mesmo se exaltar será
humilhado. Mas aquele que a si mesmo se
humilhar será exaltado.
13. Ai de vocês, escribas e fariseus, hipócri-
tas! Porque vocês fecham o Reino dos Céus
diante das pessoas. Vocês não entram, e
ainda impedem de entrar aos que desejam.
14. Mas ai de vocês, escribas e fariseus,
hipócritas! Porque devoram as casas das
viúvas, e, por pretexto, fazem longas ora-
ções. Por isso receberão uma condenação
ainda maior.
15. Ai de vocês, escribas e fariseus, hipócri-
tas! Porque viajam por mar e terra para fazer
um prosélito110, e, quando tiver se tornado, o
transformam em filho da Geena, duas vezes
pior que vocês.
16. Ai de vocês, guias cegos, que dizem:
‘Aquele que jurar pelo Templo não tem va-
lidade. Mas aquele que jurar pelo ouro do
Templo, esse sim é devedor!’
17. Tolos e cegos! Pois, o que é maior: O
ouro, ou o Templo que santifica o ouro?
18. E: ‘Aquele que jurar pelo altar não tem
validade. Mas aquele que jurar pela oferta
sobre o mesmo, esse é devedor’.
19. Tolos e cegos! Porque o que é maior, a
oferta, ou o altar que santifica a oferta?
20. Aquele, pois, que jurar pelo altar, jura
pelo mesmo e por tudo que nele estiver.
21. E, aquele que jurar pelo Templo, jura
pelo mesmo e por aquele que nele habita.
22. E, aquele que jurar pelo Céu, jura pelo
Trono de Deus, e por aquele que nele se
assenta.
109
Rabi: rabino, mestre, líder religioso.
110
Estrangeiro convertido ao Judaísmo.
Mateus
23. Ai de vocês, escribas e fariseus, hipócri-
tas! Porque dizimam111 a menta, o endro e o
cominho, mas têm omitido o mais importan-
te da Lei: O juízo, a misericórdia e a fé.
Estes deveriam ter praticado, sem ter deixa-
do de lado os outros.
24. Guias cegos, que coam o inseto, mas
engolem o camelo!
25. Ai de vocês, escribas e fariseus, hipócri-
tas! Porque lavam a parte externa do copo e
do prato, mas interiormente estão cheios de
extorsão e incontinência.
26. Fariseu cego! Lave primeiro a parte in-
terna do copo e do prato, para que também a
sua externa se torne limpa.
27. Ai de vocês, escribas e fariseus, hipócri-
tas! Porque são como sepulcros caiados, que
realmente são vistosos por fora, mas por
dentro estão cheios de ossos de mortos e de
todo tipo de imundícia.
28. Assim também vocês, por fora realmente
parecem justos às pessoas, mas por dentro
estão cheios de hipocrisia e ilegalidade.
29. Ai de vocês, escribas e fariseus, hipócri-
tas! Porque constroem os túmulos dos profe-
tas e decoram as lápides112 dos justos,
30. E dizem: ‘Se tivéssemos vivido nos dias
de nossos pais, não teríamos sido seus cúm-
plices no sangue dos profetas’.
31. De modo que vocês testificam contra si
mesmos, que são filhos daqueles que assas-
sinaram os profetas.
32. E vocês, completem a medida de seus
pais!
33. Serpentes! Cria de víboras! Como esca-
parão da condenação da Geena?!
34. Porquanto, eis que lhes envio profetas, e
sábios, e escribas. E a alguns deles vocês
matarão e crucificarão. E a outros açoitarão
nas suas sinagogas e perseguirão de cidade
em cidade.
35. Para que sobre vocês recaia todo o san-
gue justo derramado sobre a Terra, desde o
sangue do justo Abel até ao sangue de Zaca-
111
Dizimar: cobrar ou pagar para os religiosos dez
por cento do ganho ou da produção.
112
Lápide: Pedra de inscrição que cobre o túmulo.
33
Mateus
rias, filho de Baraquias, ao qual vocês assas-
sinaram entre o Templo e o altar.
36. Com certeza lhes digo: Tudo isto sobre-
virá a esta geração.
37. Jerusalém, Jerusalém! Que mata os pro-
fetas, e apedreja os que lhe tem sido envia-
dos! Quantas vezes queria eu ter reunido os
seus filhos, assim como uma galinha ajunta a
sua ninhada debaixo das asas, mas vocês não
quiseram!
38. Eis que a sua casa lhes está sendo deixa-
da deserta.
39. Porque digo-lhes: De agora em diante
não me verão mais, até que dirão: ‘Bendito o
que vem em nome do Senhor!’113.”
24.
1. E Jesus, saindo, retirou-se do Templo, e
seus discípulos vieram para mostrar-lhe as
construções do Templo.
2. Jesus, porém, lhes disse: “Vocês não
estão vendo tudo isto? Com certeza lhes
digo: Não será deixada pedra sobre pedra
que não será derrubada”.
3. E, estando ele assentado no Monte das
Oliveiras, os discípulos se dirigiram a ele,
em particular, dizendo: “Diga-nos, quando
há de suceder isso, e qual será o sinal da sua
vinda, e do fim da era?”
4. E, respondendo Jesus, disse-lhes: “Ve-
jam para que ninguém lhes engane.
5. Porque muitos virão em meu nome, di-
zendo: ‘Eu sou o Ungido’, e enganarão a
muitos.
6. Mas vocês ouvirão falar em guerras e
rumores de guerras. Vejam, não sejam com
isso perturbados, porque é necessário que
tudo isso aconteça, mas ainda não é o fim.
7. Porque etnia se levantará contra etnia, e
reino contra reino, e haverá fomes, e epide-
mias, e terremotos em várias regiões.
8. Mas tudo isso é o princípio das dores de
parto.
113
Salmo 118:26; Mateus 21:9; Marcos 11:9;
Lucas 19:38; João 12:13
34
9. Então lhes entregarão para serem afligi-
dos, e lhes matarão, e vocês serão odiados
por todos os povos por causa do meu nome.
10. E muitos, então, se escandalizarão, se
trairão reciprocamente, e se odiarão recipro-
camente.
11. E surgirão muitos pseudoprofetas e en-
ganarão a muitos.
12. E, devido à anarquia114 se multiplicar, o
amor de muitos se esfriará.
13. Mas aquele que persistir até ao fim, esse
será salvo.
14. E esta Boa Mensagem do Reino será
proclamada em todo o mundo, como teste-
munho para todos os povos, e então virá o
fim.
15. Quando, pois, virem a abominação da
devastação, da qual foi falado pelo profeta
Daniel, estacionada no lugar santo (quem lê,
reflita),
16. Então os que estiverem na Judéia fujam
para as montanhas.
17. Quem estiver no terraço não desça para
levar qualquer objeto de dentro de casa,
18. Nem volte aquele que estiver no campo
para buscar a sua roupa.
19. Mas ai das grávidas e das que estiverem
amamentando naqueles dias!
20. Orem, porém, para que a sua fuga não
ocorra nem no inverno, nem no Descanso.
21. Porque haverá então tão grande tribula-
ção, como nunca houve, desde o princípio
do mundo até então, nem nunca jamais have-
rá.
22. E, a não ser que esses dias fossem abre-
viados, nenhuma carne se salvaria. Mas,
devido aos seletos, esses dias serão abrevia-
dos.
23. E, se alguém então lhes disser: “Eis aqui
o Ungido!” ou “ali!”, não acreditem.
24. Porque surgirão pseudo-ungidos e pseu-
doprofetas, e farão grandes sinais e milagres,
a ponto de desviar do caminho, se possível,
até os seletos.
114
Ανοµιαν (anomian): A = sem, ausência + no-
mian = lei; a desobediência total da lei ou a au-
sência da lei.

25. Eis que lhes tenho dito isto antecipada-
mente.
26. Por isso, se lhes disserem: “Eis que está
no deserto!”, não vão, “Eis nos quartos!”,
não acreditem.
27. Porque assim como o relâmpago procede
do Levante e brilha até no Poente, assim
também será a vinda do Filho do Homem.
28. Porque onde estiver o defunto, ali serão
ajuntados os abutres.
29. Mas, imediatamente após a tribulação
daqueles dias, o Sol será coberto de trevas, a
Lua não dará a sua luz, as estrelas cairão do
céu115, e os poderes dos céus serão abalados.
30. E então aparecerá o sinal do Filho do
Homem no Céu, e então todas as tribos da
Terra se lamentarão, e verão o Filho do Ho-
mem vindo sobre as nuvens do céu, com
poder e grande glória.
31. E enviará os seus anjos, com forte clan-
gor de trombeta, e ajuntarão seus seletos,
dos quatro ventos, desde os extremos dos
céus até aos seus extremos.
32. Mas aprendam da parábola da figueira:
Quando seu ramo já tiver se tornado tenro, e
as folhas começarem a brotar, sabem que o
verão está próximo.
33. Assim também vocês, quando virem tudo
isso, saibam que está próximo, às portas.
34. Com certeza lhes digo: De maneira al-
guma terá passado esta geração até que tudo
isso tenha sucedido.
35. O céu e a Terra passarão, mas as minhas
palavras de modo algum passarão.
36. Mas, a respeito daquele dia e daquela
hora ninguém sabe, nem mesmo os anjos dos
Céus, mas somente meu Pai.
37. Mas, como foi nos dias de Noé, assim
será também a vinda do Filho do Homem.
38. Porque, assim como nos dias anteriores
ao Dilúvio, comiam, bebiam, casavam e
eram dados em casamento, até ao dia em que
Noé entrou na Arca,
115
οι αστερες πεσουνται απο του ουρανου:
uma
possível tradução também seria: “as estrelas se
desviarão de suas rotas no céu”.
Mateus
39. E não o perceberam, até chegar o Dilú-
vio, e os levou a todos, assim também será a
vinda do Filho do Homem.
40. Então dois estarão no campo: Um será
levado, e o outro deixado.
41. Duas estarão moendo no moinho: Uma
será levada, e a outra deixada.
42. Vigiem, pois, porque não sabem o mo-
mento da vinda do seu Senhor.
43. Mas estejam cientes do seguinte que, se
o dono da casa soubesse em que vigília116 da
noite vem o ladrão, vigiaria e não permitiria
que sua casa fosse arrombada.
44. Razão porquê estejam também vocês
preparados, porque o Filho do Homem vem
numa hora em que não imaginam.
45. Quem é, pois, o servo fiel e entendido, a
quem seu senhor fez responsável pelo servi-
ço, para suprir a sua alimentação no horário
determinado?
46. Bem-aventurado esse servo, que seu
senhor, na sua vinda, encontrar agindo as-
sim.
47. Com certeza lhes digo que o colocará
sobre toda a sua propriedade.
48. Mas, se esse servo mau disser no seu
coração: ‘Meu senhor atrasa o seu retorno’,
49. E começar a espancar seus conservos, e a
comer, e a beber com os beberrões,
50. Virá o senhor desse servo num dia no
qual não espera, e numa hora da qual não
tem conhecimento,
51. E será esquartejado117, e a sua parte será
decretada com os hipócritas. Ali haverá cho-
ro e ranger de dentes.
25.
1. Então o Reino dos Céus será semelhante
a dez virgens que, tomando os seus lampi-
ões, foram para encontrar-se com o noivo.
2. E cinco delas eram sábias, mas cinco
tolas.
116
Vigília: os judeus dividiam a noite em quatro
vigílias, das 18:00 às 6:00 horas.
117
Dicotomhsei (dicotomesei): cortado em duas
partes.
35
Mateus
3. As tolas, levando seus lampiões, não
levaram azeite.
4. Mas as sábias levaram azeite nos seus
recipientes, além dos lampiões.
5. Mas, enquanto o noivo demorava, fica-
ram com sono e adormeceram.
6. À meia-noite, porém, houve um grito:
‘Eis que o noivo está chegando! Saiam ao
seu encontro!’
7. Então todas aquelas virgens acordaram e
prepararam os seus lampiões.
8. Mas as tolas disseram às sábias: ‘Dêem-
nos do seu azeite, porque nossos lampiões se
apagam’.
9. Mas as sábias responderam, dizendo:
‘Para não haver suficiente para nós e vocês?!
Mas vão aos que vendem, e comprem para
vocês mesmas’.
10. Mas, indo elas comprar, chegou o noivo,
e as que estavam preparadas entraram com
ele na recepção do casamento, e a porta foi
fechada.
11. Mais tarde chegam também as outras
virgens, dizendo: ‘Senhor, senhor, abra-
nos!’
12. Mas ele, respondendo, disse: ‘Com cer-
teza lhes digo: Não lhes conheço!’
13. Vigiem, pois, porque não sabem nem o
dia nem a hora na qual vem o Filho do Ho-
mem.
14. Porque será assim como uma pessoa
viajando a um país distante, chamou a seus
servos e confiou-lhes os seus bens.
15. E a um ele deu cinco talentos118, e a um
outro dois, e a um outro um. A cada um de
acordo com o seu próprio poder de ação. E
logo partiu de viagem.
16. E o que recebera cinco talentos foi e
negociou com os mesmos e ganhou outros
cinco.
17. Semelhantemente também o que recebe-
ra os dois, ganhou outros dois.
18. Mas, o que recebera um, foi e cavou no
chão e escondeu o dinheiro de seu senhor.
118
Moeda da época. Um talento de prata equivalia pastor separa as ovelhas dos bodes.
a 45 kg, enquanto o talento de ouro pesava 91
kg.
36
19. Depois de muito tempo, porém, o senhor
daqueles servos retorna, e faz o acerto com
eles.
20. E, vindo o que recebera os cinco talentos,
trouxe outros cinco talentos, dizendo: ‘Se-
nhor, o senhor me confiou cinco talentos.
Veja, ganhei outros cinco talentos além da-
queles!’.
21. E disse-lhe seu senhor: ‘Ótimo, servo
bom e fiel! Você foi fiel sobre pouco, sobre
muito lhe colocarei. Entre na felicidade do
seu senhor’.
22. E, vindo também o que recebera os dois
talentos, disse: ‘Senhor, o senhor me confiou
dois talentos. Veja, ganhei outros dois além
daqueles!’.
23. O seu senhor disse-lhe: ‘Ótimo, servo
bom e fiel! Você foi fiel sobre pouco, sobre
muito lhe colocarei, entre na felicidade do
seu Senhor’.
24. E, vindo também o que recebera um
talento, disse: ‘Senhor, eu lhe conheço, que
o senhor é uma pessoa severa, ceifando onde
não semeou e ajuntando onde não debulhou,
25. E, receoso, fui e escondi o seu talento no
chão. Eis aqui está o teu!’
26. Respondendo, porém, seu senhor, disse-
lhe: ‘Servo mau e negligente! Sabendo que
ceifo onde não semeei e ajunto onde não
debulhei,
27. Você deveria ter aplicado meu dinheiro
com os banqueiros, e na minha vinda teria
recebido o meu com juros.
28. Tomem o talento dele e dêem-no ao que
tem dez talentos.
29. Porque a todo o que possuir será dado, e
terá sobrando. Mas daquele que não possuir
será tomado até aquilo que possuir.
30. Lancem, pois, o servo inútil na escuridão
profunda, ali haverá choro e ranger de den-
tes’.
31. Mas, quando o Filho do Homem vier na
sua glória, e todos os santos anjos com ele,
então se assentará sobre o trono de sua gló-
ria,
32. E serão reunidos diante dele todos os
povos, e ele separará uns dos outros, como o

33. E colocará as ovelhas à sua direita, mas
os bodes à esquerda.
34. Então o Rei dirá aos que estiverem à sua
direita: ‘Venham, benditos de meu Pai, her-
dar o reino que lhes está preparado desde a
fundação do mundo:
35. Porque estive com fome, e me deram de
comer, estive com sede, e me deram de be-
ber, fui estrangeiro, e me acolheram,
36. Despido, e me vestiram, doente, e me
visitaram, estive preso, e foram até mim’.
37. Então os justos lhe responderão: ‘Senhor,
quando lhe vimos passar fome, e lhe alimen-
tamos, ou com sede, e lhe demos de beber,
38. E quando lhe vimos estrangeiro, e lhe
acolhemos, despido, e lhe vestimos,
39. E quando lhe vimos doente, ou na prisão,
e lhe visitamos?’
40. E o Rei, respondendo, lhes dirá: ‘Com
certeza lhes digo, na medida em que o fize-
ram a um desses meus irmãos mais insigni-
ficantes, a mim o fizeram’.
41. Então ele também dirá aos da sua es-
querda: ‘Afastem-se de mim, amaldiçoados,
para o fogo eterno, preparado para o Caluni-
ador e seus anjos.
42. Porque estive com fome, e não me deram
de comer, estive com sede, e não me deram
de beber,
43. Fui estrangeiro, e não me acolheram,
despido, e não me vestiram, doente, e na
prisão, e não me visitaram’.
44. Então eles também lhe responderão,
dizendo: ‘Senhor, quando lhe vimos com
fome, ou sede, ou estrangeiro, ou despido,
ou doente, ou na prisão, e não lhe servimos?’
45. Então lhes responderá, dizendo: ‘Com
certeza lhes digo, na medida em que não o
fizeram a um desses meus irmãos mais in-
significantes, a mim o deixaram de fazê-lo’.
46. Estes irão para a punição eterna, mas os
justos para a vida eterna”.
26.
1. E aconteceu que, quando Jesus terminou
todos estes discursos, disse aos seus discípu-
los:
Mateus
2. “Vocês sabem que daqui a dois dias ce-
lebra-se a Páscoa, e o Filho do Homem será
entregue para ser crucificado”.
3. Então se reuniram os arqui-sacerdotes, e
os escribas, e os anciãos do povo, no palácio
do arqui-sacerdote, chamado Caifás.
4. E consultaram entre eles para surpreen-
derem a Jesus com sutileza para matá-lo.
5. Mas diziam: “Não durante a festa, para
que não ocorra um tumulto entre o povo”.
6. E, estando Jesus em Betânia, na casa de
Simão, o leproso,
7. Aproximou-se dele uma mulher, tendo
um vaso de alabastro119, cheio de ungüento
preciosíssimo, e derramou-o sobre a sua
cabeça, enquanto estava reclinado.
8. Vendo-o seus discípulos, enfureceram-
se, dizendo: “Por que este desperdício?
9. Pois este ungüento poderia ter sido ven-
dido por uma boa soma e ter sido entregue
aos pobres”.
10. Ciente disto, disse-lhes Jesus: “Por que
molestam a mulher? Porque praticou uma
boa obra para comigo.
11. Porque os pobres vocês têm sempre com
vocês, mas a mim nem sempre têm.
12. Porque ao derramar o ungüento sobre o
meu corpo, o fez para o meu sepultamento.
13. Com certeza lhes digo: Onde quer que
esta Boa Mensagem for proclamada no
mundo todo, também será contado o que ela
fez, para lembrança sua”.
14. Então um dos Doze, chamado Judas
Iscariotes, tendo ido ter com os arqui-
sacerdotes,
15. Disse: “O que me darão, e eu lho entre-
garei?” E concordaram em trinta moedas de
prata120.
16. E, desse momento em diante, procurou
oportunidade favorável para entregá-lo.
17. Ora, no primeiro dia dos pães ázimos121,
os discípulos dirigiram-se a Jesus, dizendo-
119
Rocha branca, translúcida, semelhante ao
mármore.
120
argurion (argurion; plural: argúria): moeda de
prata (grega) equivalente a um shekel (moeda
hebraica). 30 argúria = valor de compensação
por um escravo morto acidentalmente (Êxodo
21:32). Valor pelo qual Jesus foi traído.
37
Mateus
lhe: “Onde deseja que lhe façamos os prepa-
rativos para comer o cordeiro pascal?”
18. E ele disse: “Entrem na cidade, para
fulano, e digam-lhe: ‘O Mestre diz: O meu
tempo está próximo. Celebrarei a Páscoa
com você, junto com os meus discípulos’”.
19. E os discípulos seguiram as instruções de
Jesus, e prepararam o cordeiro pascal.
20. E, vindo a noite, reclinou-se com os Do-
ze.
21. E, enquanto comiam, ele disse: “Com
certeza lhes digo que um de vocês há de me
trair”.
22. E, entristecendo-se profundamente, co-
meçaram um após o outro perguntar-lhe:
“Sou eu, Senhor?”
23. E ele, respondendo, disse: “Aquele que
molhou sua mão comigo no prato, o mesmo
há de me trair.
24. O Filho do Homem, de fato, parte como
tem sido escrito a seu respeito, mas ai da
pessoa pela qual o Filho do Homem está
sendo traído! Teria sido melhor para essa
pessoa não ter nascido”.
25. Então Judas, que o estava traindo, disse:
“Mestre, sou eu?” Ele lhe disse: “Você o
tem dito”.
26. E, comendo eles, Jesus, tomando o pão,
e, tendo dado graças, partiu-o e entregou-o
aos discípulos, e disse: “Tomem, comam,
isto é o meu corpo”.
27. E, tomando o cálice, e, tendo dado gra-
ças, serviu-lhes, dizendo: “Bebam todos
dele.
28. Porque isto é o meu sangue, do Novo
Testamento, o qual é derramado a favor de
muitos, para a remissão de pecados.
29. Mas digo-lhes que não mais beberei
deste fruto da videira até naquele dia em que
o beber fresco com vocês no reino de meu
Pai”.
30. E, tendo cantado um hino, saíram para o
Monte das Oliveiras.
31. Então Jesus lhes diz: “Todos vocês se
escandalizarão comigo nesta noite, porque
121
Pães sem fermento.
38
tem sido escrito: ‘Ferirei o pastor, e as ove-
lhas do rebanho serão dispersas’122.
32. Mas, após eu ter sido despertado, irei
adiante de vocês para a Galiléia”.
33. Mas Pedro, tomando a palavra, disse-lhe:
“Mesmo se todos se escandalizarem com o
Senhor, eu jamais me escandalizarei!”.
34. Disse-lhe Jesus: “Com certeza lhe digo
que nesta noite, antes do galo cantar, você
me negará três vezes”.
35. Pedro lhe diz: “Mesmo se fosse preciso
morrer com o Senhor, jamais lhe negaria”. O
mesmo também diziam todos os discípulos.
36. Foi Jesus, então, com eles a um lugar
chamado Getsêmani, e diz aos discípulos:
“Assentem-se aqui, até ter ido adiante para
orar”.
37. E, levando consigo a Pedro e aos dois
filhos de Zebedeu, começou a ficar pesaroso
e profundamente abatido.
38. Então ele lhes diz: “A minha alma está
profundamente afligida, a ponto da morte.
Aguardem aqui e vigiem comigo.”
39. E, afastando-se um pouco, caiu com o
rosto em terra, orando, e dizendo: “Meu Pai,
se possível for, passe de mim este cálice,
aconteça, no entanto, não segundo a minha
vontade, mas a tua”.
40. E retorna aos discípulos e os encontra
dormindo, e diz para Pedro: “Então não
puderam vigiar comigo nem uma hora se-
quer?!
41. Vigiem e orem, para não entrarem em
tentação! O espírito de fato está disposto,
mas a carne é fraca”.
42. Novamente, segunda vez, tendo-se afas-
tado, orou, dizendo: “Meu Pai, se não for
possível este cálice passar por mim, sem que
o beba, seja feita a sua vontade”.
43. E, vindo, novamente encontra-os dor-
mindo, porque seus olhos estavam pesados.
44. E, deixando-os, afastou-se novamente, e
orou pela terceira vez, repetindo as mesmas
palavras.
45. Vem, então, aos seus discípulos e lhes
diz: “Continuem dormindo e descansando!
Eis que aproximou-se a hora, e o Filho do
122
Zacarias 13:7; Marcos 14:27

Homem está sendo entregue nas mãos dos
pecadores.
46. Levantem-se, vamos! Eis que o que me
está traindo tem se aproximado”.
47. E, enquanto ainda falava, eis que Judas,
um dos Doze, veio, e com ele uma grande
multidão, com espadas e bastões, enviados
pelos arqui-sacerdotes e anciãos do povo.
48. Mas, aquele que o estava traindo havia-
lhes dado um sinal, dizendo: “Aquele que eu
beijar, é ele. Prendam-no!”
49. E logo, aproximando-se de Jesus, disse:
“Salve, Mestre!” E o beijou distintamente.
50. Jesus, porém, disse-lhe: “Amigo, por que
veio?” E, vindo, lançaram as mãos em Jesus
e o prenderam.
51. E eis que um dos que estavam com Jesus,
estendendo sua mão, sacou sua espada, e
acertou um servo do arqui-sacerdote, cortan-
do-lhe a orelha.
52. Então Jesus lhe diz: “Mete a espada de
volta ao seu lugar, porque todos que lança-
rem mão da espada, pela espada perecerão.
53. Ou você supõe que eu não poderia, neste
instante, rogar ao meu Pai e ele me colocaria
à disposição mais de doze legiões123 de an-
jos?
54. Mas, como se cumpririam as Escrituras,
para que assim acontecesse?”
55. Naquele momento disse Jesus às multi-
dões: “Vocês vieram como contra um la-
drão, com espadas e bastões, para me pren-
der. Diariamente me assentava com vocês,
ensinando no Templo, e não me prenderam”.
56. Mas tudo isto aconteceu para se cumpri-
rem as Escrituras dos Profetas. Então, todos
os discípulos, abandonando-o, fugiram.
57. Mas os que prenderam a Jesus conduzi-
ram-no ao arqui-sacerdote Caifás, onde ha-
viam-se reunido os escribas e os anciãos.
58. Mas Pedro o seguia à distância, até ao
pátio do arqui-sacerdote, e, entrando, assen-
tou-se com os servos, para ver o desfecho.
123
Legião = unidade de milícia comandada por te o galo cantou.
um coronel. Uma legião = 6000 soldados. Nes-
te caso seriam 72000 anjos.
Mateus
59. Ora, os arqui-sacerdotes, e os anciãos, e
todo o sinédrio, procuravam por falsas tes-
temunhas contra Jesus, para matá-lo,
60. Mas não acharam nenhuma. Apesar de
muitas falsas testemunhas aparecerem, não
acharam nada. Mas, por fim, chegaram duas
falsas testemunhas,
61. Que disseram: “Este disse: ‘Posso destru-
ir o Templo de Deus e reconstruí-lo em três
dias’.”
62. E, levantando-se o arqui-sacerdote, dis-
se-lhe: “Você não responde nada ao que
estes testificam contra você?!”
63. Jesus, porém, permaneceu calado. E o
arqui-sacerdote insistiu e disse-lhe: “Conju-
ro-lhe pelo Deus vivo que nos diga se você é
o Ungido, o Filho de Deus”.
64. Jesus lhe diz: “Você o disse. No entanto
digo-lhes: A partir de agora vocês verão o
Filho do Homem assentado à direita do Po-
der e vindo sobre as nuvens do Céu”.
65. Então o arqui-sacerdote rasgou suas ves-
tes, dizendo: “Blasfemou! Por que ainda
precisaríamos de testemunhas? Eis que aca-
baram de ouvir a sua blasfêmia.
66. Qual é o seu parecer?” E, respondendo,
disseram: “É merecedor de morte”.
67. Então cuspiram no seu rosto e o esbofe-
teavam, e outros davam-lhe palmadas,
68. Dizendo: “Profetize-nos, Ungido, quem
lhe bateu?”
69. Ora, Pedro estava assentado fora, no
pátio, e uma serva se dirigiu a ele, dizendo:
“Você também esteve com Jesus, o galileu!”
70. Mas ele o negou diante de todos, dizen-
do: “Não sei do que está falando!”
71. E, saindo ele ao pórtico, uma outra o viu,
e disse aos presentes: “E este também esteve
com Jesus, o Nazareno!”
72. E novamente ele negou com juramento:
“Não conheço esta pessoa!”
73. Pouco depois chegaram a ele os que
estavam ali parados, e disseram a Pedro:
“Com certeza você também é um deles, seu
sotaque lhe identifica”.
74. Então ele começou a praguejar e a jurar:
“Não conheço esta pessoa!” E imediatamen-
39
Mateus
75. E Pedro lembrou-se da palavra de Jesus,
que lhe dissera: “Antes do galo cantar, você
me negará três vezes”. E, saindo, chorou
amargamente.
27.
1. Tendo, porém, amanhecido, todos os
arqui-sacerdotes e anciãos do povo reuni-
ram-se em conselho contra Jesus, a fim de
matá-lo.
2. E, manietando-o, levaram-no embora e
entregaram-no ao governador Pôncio Pila-
tos.
3. Então Judas, que o traíra, vendo que
havia sido condenado, ficou com remorso, e
devolveu as trinta moedas de prata aos ar-
qui-sacerdotes e anciãos,
4. Dizendo: “Pequei, traindo sangue ino-
cente”. Mas eles disseram: “Não nos interes-
sa! O problema é seu”.
5. E, jogando as moedas de prata ao Tem-
plo, partiu, foi e se enforcou.
6. E os arqui-sacerdotes, pegando as moe-
das de prata, disseram: “Não é permitido
depositá-las no tesouro, por ser o preço de
sangue”.
7. E, tendo deliberado em conselho, com-
praram o Campo do Oleiro com as mesmas,
para cemitério de estrangeiros.
8. Por isso aquele campo tem sido chamado
de “O Campo de Sangue”, até ao dia de
hoje124.
9. Então se cumpriu o que foi falado125 por
intermédio do profeta Jeremias, dizendo: “E
tomaram as trinta moedas de prata, o preço
pelo qual foi avaliado, a quem os filhos de
Israel avaliaram,
124
Não pode ter passado muito tempo entre o
ocorrido e a escrita do evangelho, já que o ce-
mitério ainda existia e o nome não fora altera-
do.
125
Note a palavra “falado”. Apesar de ter seme-
lhanças com a passagem em Zacarias 11:12-13,
Mateus faz uma citação de uma afirmação ver-
bal de Jeremias, que posteriormente pode ter
sido citada por Zacarias. Veja situação seme-
lhante em Mateus 2:23.
40
10. E deram-nas pelo Campo do Oleiro,
como o Senhor me ordenara”126.
11. Mas Jesus estava parado diante do go-
vernador, e o governador interrogou-o, di-
zendo: “Você é o Rei dos Judeus?” E Jesus
lhe disse: “Você o diz!”
12. E, sendo acusado pelos arqui-sacerdotes
e anciãos, não respondeu nada.
13. Então Pilatos lhe diz: “Você não ouve a
gravidade com que lhe acusam?”
14. Mas não lhe respondeu uma palavra
sequer, a ponto do governador se surpreen-
der muito.
15. Ora, o governador costumava soltar um
preso durante a festa, de acordo com o dese-
jo deles.
16. E havia um preso famoso, chamado Bar-
rabás.
17. Reunidos, pois, eles, Pilatos disse-lhes:
“Quem querem que eu lhes solte, Barrabás
ou Jesus, o qual é chamado de Ungido?”
18. Porque sabia que haviam-no entregue por
inveja.
19. Mas, estando ele assentado no tribunal,
sua esposa enviou-lhe a dizer: “Não se en-
volva com este justo, porque sofri muito em
sonho por causa dele hoje”.
20. Mas os arqui-sacerdotes e os anciãos
convenceram as multidões a pedirem Barra-
bás e para Jesus ser morto.
21. E, respondendo o governador, disse-lhes:
“Qual dos dois querem que eu lhes solte?” E
eles disseram: “Barrabás”.
22. Pilatos disse-lhes: “O que então farei
com Jesus, o qual chamam de Ungido?”
Todos lhe disseram: “Seja crucificado!”
23. O governador, porém, disse: “Por quê?
Que mal fez ele?!” Mas eles gritavam ainda
mais, dizendo: “Seja crucificado!”
24. Vendo Pilatos que não adiantava nada, e
o tumulto aumentava, tomando água, lavou
suas mãos diante da multidão, dizendo: “Sou
inocente do sangue deste justo. Vocês ve-
rão!”
25. E todo o povo, respondendo, disse: “O
seu sangue recaia sobre nós e os nossos fi-
lhos!”.
126
Zacarias 11:12-13

26. Soltou-lhes, então, Barrabás. E, tendo
açoitado a Jesus, entregou-o para ser crucifi-
cado.
27. Então os soldados do governador, levan-
do a Jesus ao Pretório, juntaram contra ele
todo o destacamento,
28. E, despindo-o, colocaram nele um manto
de escarlata127,
29. E, entrelaçando uma coroa de espinhos,
colocaram-na na sua cabeça, e uma vara na
sua mão direita, e, ajoelhando-se diante dele,
debochavam, dizendo: “Salve, Rei dos Ju-
deus!”
30. E, cuspindo nele, tomaram a vara e bati-
am na sua cabeça.
31. E, após terem zombado dele, tiraram-lhe
o manto, e vestiram-no com suas próprias
vestes, e conduziram-no para ser crucifica-
do.
32. E, caminhando, encontraram um homem
cireneu, chamado Simão, e obrigaram-no a
carregar a sua cruz.
33. E, chegando a um lugar chamado Gólgo-
ta, que significa: “Lugar da Caveira”,
34. Deram-lhe de beber vinagre misturado
com fel128. Mas, provando-o, não quis beber.
35. E, tendo-o crucificado, repartiram suas
vestes, lançando a sorte, para se cumprir o
que foi falado pelo profeta: “Repartiram as
minhas vestes entre eles, e por minha túnica
lançaram a sorte”129.
36. E, assentando-se, guardavam-no ali.
37. E acima de sua cabeça fixaram a sua
acusação por escrito: “Este é Jesus, o Rei
dos Judeus”.
38. Junto com ele são crucificados dois as-
saltantes, um à direita e o outro à esquerda.
39. E os que passavam insultavam-no, me-
neando suas cabeças,
40. E dizendo: “Você que destrói o Templo e
o reconstrói em três dias, salve-se a você
mesmo! Caso seja o Filho de Deus, desça da
cruz!”
127
Vermelho muito forte.
128
Fel = bílis: Líquido viçoso, amargo, levemente dos filhos de Zebedeu.
alcalino, que é segregado continuamente pelo
fígado e se acumula na vesícula biliar.
129
Salmo 22:18; João 19:24
Mateus
41. E da mesma maneira também os arqui-
sacerdotes, zombando, junto com os escribas
e anciãos, diziam:
42. “Salvou a outros, a si mesmo não é capaz
de salvar! Caso ele seja o Rei de Israel, que
desça agora da cruz e creremos nele!
43. Confiou em Deus, que o mesmo o resga-
te agora, se nele tiver prazer, porque disse:
‘Sou o Filho de Deus’!”
44. E também os assaltantes, crucificados
com ele, insultavam-no.
45. Desde às doze até às quinze horas houve
escuridão sobre toda a Terra.
46. E, em torno das quinze horas, exclamou
Jesus em alta voz, dizendo: “Eli, eli, lamá
sabactâni?”, que quer dizer: “Deus meu,
Deus meu, por que me abandonou?130”
47. E alguns dos que ali estavam parados,
ouvindo-o, disseram: “Está chamando por
Elias!”
48. E, imediatamente, um deles, correndo, e
tomando uma esponja, embebeu-a em vina-
gre e colocou-a numa vara e deu-lhe de be-
ber.
49. Os outros, porém, diziam: “Espere! Ve-
jamos se Elias vem para salvá-lo!”
50. E Jesus, novamente bradando em alta
voz, rendeu o espírito.
51. E eis que o véu do Templo rasgou-se em
duas partes, de cima para baixo, e a terra
estremeceu, e as rochas se fenderam,
52. E os túmulos se abriram, e muitos dos
corpos dos santos adormecidos se levanta-
ram,
53. E, tendo saído dos túmulos, após a res-
surreição dele, entraram na cidade santa e
apareceram a muitos.
54. Mas o centurião, e os que estavam com
ele guardando a Jesus, vendo o terremoto, e
os acontecimentos, temeram muito, dizendo:
“Verdadeiramente este era o Filho de Deus!”
55. E havia ali muitas mulheres, que haviam
seguido e servido a Jesus desde a Galiléia,
assistindo de longe.
56. Entre as quais estavam Maria, a Madale-
na, e Maria, mãe de Tiago e José, e a mãe
130
Salmo 22:1; Marcos 15:34
41
Mateus
57. E, chegando a tarde, veio um homem
rico de Arimatéia, chamado José, o qual, ele
mesmo, também era discípulo de Jesus,
58. Indo ele até Pilatos, pediu pelo corpo de
Jesus. Então Pilatos ordenou que lhe fosse
entregue o corpo.
59. E, tomando o corpo, José envolveu-o
num lençol de linho limpo,
60. E deitou-o na sua própria sepultura nova,
que havia talhado na rocha, e rolando uma
grande pedra diante da entrada da sepultura,
foi embora.
61. E Maria Madalena e a outra Maria esta-
vam sentadas ali, em frente à sepultura.
62. Ora, no dia seguinte, após o Dia da Pre-
paração, os arqui-sacerdotes e os fariseus se
reuniram com Pilatos,
63. Dizendo: “Senhor, lembramo-nos de que
este impostor, enquanto vivo, disse: ‘Após
três dias ressuscitarei!’
64. Ordene, pois, que a sepultura seja prote-
gida até ao terceiro dia, a fim de que não
venham seus discípulos de noite, roubem-no,
e digam ao povo: “Ressuscitou dos mortos!”
e o último embuste se torne pior do que o
primeiro.
65. E Pilatos disse-lhes: “Aí vocês têm a
guarda! Vão e protejam-na o máximo possí-
vel!”
66. E, indo, protegeram a sepultura, lacrando
a pedra, e colocando a guarda.
28.
1. Ora, após o Descanso, na alvorada do
primeiro dia da semana, foram Maria Mada-
lena e a outra Maria ver o túmulo.
2. E eis que ocorreu um grande terremoto,
porque um anjo do Senhor, tendo descido do
Céu, vindo, revolveu a pedra da entrada, e
estava assentado nela.
3. E sua aparência era semelhante ao re-
lâmpago, e sua vestimenta branca como a
neve.
4. E os guardas tremeram de tanto medo
dele e ficaram como mortos.
5. Mas o anjo, falando às mulheres, disse:
“Não tenham medo! Pois sei que vocês pro-
curam a Jesus, que foi crucificado.
42
6. Ele não está aqui, porque ressuscitou,
como havia dito. Venham ver o lugar onde o
Senhor jazia.
7. E, indo depressa, digam aos seus discípu-
los que ele ressuscitou dos mortos. E, eis que
vai adiante de vocês para a Galiléia, lá vocês
o verão. Eis que o tenho lhes dito!”
8. E, partindo apressadamente da sepultura,
com medo e grande alegria, correram para
contá-lo aos seus discípulos.
9. Mas, enquanto iam contá-lo aos seus
discípulos, e eis que Jesus encontrou-as,
dizendo: “Felicitações!”. E, aproximando-se
dele, abraçaram os seus pés, e o adoraram.
10. Então Jesus lhes diz: “Não temam! Vão
dizer aos meus irmãos para irem para a Gali-
léia, e lá me verão”.
11. E, enquanto iam, eis que alguns da guar-
da, entrando na cidade, relataram aos arqui-
sacerdotes tudo que acontecera.
12. E, reunindo-se eles com os anciãos, e,
tendo deliberado, deram uma grande soma
de dinheiro aos soldados,
13. Dizendo: “Digam que seus discípulos
vieram de noite, enquanto dormíamos, e o
roubaram”.
14. E, se chegar aos ouvidos do governador,
iremos convencê-lo, e vocês ficarão sosse-
gados”.
15. E eles aceitaram o dinheiro e agiram de
acordo com as instruções. E esta versão
divulgou-se entre os judeus até ao dia de
hoje.
16. Mas os onze discípulos foram para a
Galiléia, para a montanha que lhes fora indi-
cada por Jesus.
17. E, vendo-o, adoraram-no. Mas alguns
duvidaram.
18. E, aproximando-se deles Jesus, falou-
lhes, dizendo: “Toda a autoridade me tem
sido dada no Céu e na Terra.
19. Indo, pois, discipulem todos os povos,
submergindo-os em nome do Pai, e do Filho
e do Espírito Santo,
20. Ensinando-os a guardar tudo que lhes
tenho ordenado. E eis que estou com vocês
todos os dias, até ao término da era. Amém.”

A BOA MENSAGEM SEGUNDO
MARCOS
1.
1. Princípio da Boa Mensagem de Jesus
Ungido, o Filho de Deus,
2. Conforme tem sido escrito nos Profetas:
“Eis que envio o meu mensageiro diante de
sua face, que preparará o seu caminho dian-
te do Senhor131.
3. Voz clamando no deserto: 'Preparem o
caminho do Senhor. Endireitem as suas
veredas!'132”.
4. João veio submergindo no deserto e pro-
clamando a submersão do arrependimento
para a remissão dos pecados.
5. E dirigiram-se a ele todos os da terra da
Judéia, e os de Jerusalém, e todos eram por
ele submersos no rio Jordão, confessando os
seus pecados.
6. E João se vestia de pêlo de camelo, e
usava um cinto de couro na cintura, e se
alimentava de gafanhotos e mel silvestre,
7. E proclamava, dizendo: “Após mim vem
aquele que é mais poderoso que eu, do qual
não sou digno de me abaixar e desatar as
correias de seus calçados.
8. De fato eu lhes submerjo na água, ele,
porém, lhes submergirá no Espírito Santo.”
9. E aconteceu naqueles dias que Jesus veio
de Nazaré da Galiléia e foi submerso por
João no Jordão.
10. E imediatamente, subindo da água, viu
os Céus se rasgando, e o Espírito descendo
como pomba sobre ele.
11. E surgiu uma voz dos Céus: “Você é o
meu Filho amado, no qual tenho profunda
satisfação!”133
12. E imediatamente o Espírito o impele para
o deserto.
131
Malaquias 3:1; Mateus 11:10; Lucas 7:27
132
Isaías 40:3; Mateus 3:3; Lucas 3:4-6; João 1:23
133
Mateus 3:17; 17:5; Marcos 9:7; Lucas 3:22;
9:35; II Pedro 1:17
Marcos
13. E esteve ali no deserto durante quarenta
dias, sendo tentado pelo Adversário, e estava
entre as bestas-feras, e os anjos o serviam.
14. E, após João ter sido preso, veio Jesus
para a Galiléia, proclamando a Boa Mensa-
gem do Reino de Deus,
15. E dizendo: “O tempo se cumpriu, e o
Reino de Deus tem se aproximado! Arre-
pendam-se e creiam na Boa Mensagem!”
16. E, caminhando junto ao lago da Galiléia,
viu a Simão, e André, seu irmão, lançando a
rede no lago, pois eram pescadores.
17. E Jesus disse-lhes: “Venham após mim, e
farei que vocês se tornem pescadores de
homens!”
18. E, imediatamente, abandonando suas
redes, seguiram-no.
19. E, caminhando um pouco adiante, viu a
Tiago de Zebedeu, e João, seu irmão, os
mesmos remendando suas redes no barco.
20. E imediatamente os chamou. E deixando
seu pai Zebedeu no barco com os assalaria-
dos, foram após ele.
21. E entram em Cafarnaum. E, logo nos
Descansos, entrando na sinagoga, ensinava.
22. E ficaram profundamente impressiona-
dos com o seu ensinamento, porque ensina-
va-os como tendo autoridade, e não como os
escribas.
23. E havia na sinagoga deles uma pessoa
com um espírito imundo, que gritava,
24. Dizendo: “Ah! Deixe-nos em paz! Que
temos nós com você, Jesus Nazareno? Você
veio para nos destruir? Sei quem você é: O
Santo de Deus!”
25. E Jesus repreendeu-o, dizendo: “Cale-se,
e saia dele!”
26. E, convulsionando-o, e gritando em alta
voz, o espírito imundo saiu dele.
27. E todos se espantaram, a ponto de se
perguntarem uns aos outros, dizendo: “O
que é isto? Que nova doutrina é esta que
com autoridade até aos espíritos imundos ele
ordena, e eles lhe obedecem?”
43
Marcos
28. E imediatamente sua fama se espalhou
por toda aquela região ao redor da Galiléia.
29. E logo, saindo da sinagoga, entraram na
casa de Simão e André, com Tiago e João.
30. Mas a sogra de Simão estava prostrada
com febre. E logo lhe falaram a seu respeito.
31. E, vindo, levantou-a, tomando-a pela
mão. E imediatamente a febre a deixou, e ela
os servia.
32. E, vindo a noite, ao pôr do Sol, trouxe-
ram-lhe todos os enfermos e endemoninha-
dos.
33. E a cidade inteira estava reunida à porta.
34. E curou a muitos enfermos de diversas
doenças, e expulsou a muitos demônios, mas
não permitia aos demônios que falassem,
porque o conheciam.
35. Levantando-se de madrugada, ainda
escuro, saiu, foi para um lugar solitário, e ali
orava.
36. E Simão, e os que estavam com ele, se-
guiram-no.
37. E, achando-o, disseram-lhe: “Todos lhe
procuram!”
38. E ele lhes diz: “Vamos aos povoados
vizinhos, para que também lá proclame,
porque para isso é que eu vim”.
39. E proclamava nas sinagogas deles, por
toda a Galiléia, e expulsava os demônios.
40. E dirigiu-se a ele um leproso, implorando
e ajoelhando-se diante dele e dizendo-lhe:
“Se quiser, pode purificar-me!”
41. E Jesus, movido de compaixão, estendeu
sua mão, tocou-o e lhe diz: “Quero! Seja
purificado!”
42. E, tendo falado, imediatamente a lepra o
deixou, e foi purificado.
43. E, advertindo-o severamente, logo o
despediu,
44. E lhe diz: “Cuide para não falar nada a
ninguém, mas vá apresentar-se ao sacerdote,
e ofereça pela sua purificação o que Moisés
ordenou, como testemunho para eles”.
45. Mas ele, saindo, começou a propagar
muito e espalhar a palavra, a ponto de Jesus
não mais poder entrar abertamente na cida-
de, mas permanecia fora, em lugares deser-
tos. E vieram a ele de todos os lugares.
44
2.
1. E, após alguns dias, novamente entrou
em Cafarnaum, e divulgaram que ele estava
em casa.
2. E logo muitos se reuniram, a ponto de
não haver mais lugar nem diante da porta. E
ele lhes falava a Palavra.
3. E dirigem-se a ele, trazendo-lhe um para-
lítico, carregado por quatro.
4. E, não podendo se aproximar dele, devi-
do à aglomeração, descobriram o terraço no
lugar em que estava, e, após tê-lo aberto,
desceram o colchão no qual o paralítico
estava deitado.
5. E, vendo Jesus a fé deles, disse ao paralí-
tico: “Filho, os seus pecados lhe foram per-
doados!”
6. Mas havia alguns dos escribas lá assen-
tados, e ponderando nos seus corações:
7. “Por que este assim fala blasfêmias?
Quem pode perdoar pecados a não ser um:
Deus?”
8. E Jesus, logo percebendo no seu espírito
que assim ponderavam neles, disse-lhes:
“Por que assim ponderam nos seus cora-
ções?
9. O que é mais fácil, dizer ao paralítico:
'Os seus pecados foram perdoados', ou dizer
'levante-se, tome o seu colchão e ande'?
10. Mas, para saberem que o Filho do Ho-
mem tem autoridade na Terra para perdoar
pecados”, diz ao paralítico,
11. “Digo-lhe: Levante-se, e tome o seu
colchão, e vá para a sua casa”.
12. E ele se levantou imediatamente, e, to-
mando o seu colchão, saiu diante de todos, a
ponto de todos ficarem estupefatos, e glori-
ficaram a Deus, dizendo: “Jamais vimos
algo semelhante!”
13. E saiu novamente à beira do lago, e toda
a multidão veio a ele, e ele os ensinava.
14. E, prosseguindo, viu a Levi, filho de
Alfeu, assentado na coletoria de impostos, e
lhe diz: “Siga-me!” E, levantando-se, o se-
guiu.
15. E aconteceu que, reclinando-se Jesus na
casa dele, muitos cobradores de impostos e

pecadores estavam reclinados com Jesus e
seus discípulos, porque eram muitos, e o
seguiam.
16. E os escribas e os fariseus, vendo-o to-
mar a refeição com os cobradores de impos-
tos e pecadores, disseram aos seus discípu-
los: “Como pode comer e beber com cobra-
dores de impostos e pecadores?!”
17. E, ouvindo-o Jesus, lhes diz: “Os sadios
não necessitam de médico, mas os que estão
doentes. Não vim chamar justos para o arre-
pendimento, mas pecadores”.
18. E os discípulos de João e dos fariseus
jejuavam, e vêm e lhe dizem: “Por que os
discípulos de João e dos fariseus jejuam,
mas os seus discípulos não jejuam?”
19. E disse-lhes Jesus: “Podem os filhos das
núpcias134 jejuar enquanto o noivo está com
eles? Enquanto tiverem o noivo com eles
não podem jejuar.
20. Mas virão dias nos quais lhes terá sido
tirado o noivo, e então, naqueles dias, jejua-
rão.
21. Mas ninguém costura um pedaço de
tecido novo em roupa velha, do contrário o
remendo novo tira do velho, e o rasgo se
torna ainda maior.
22. E ninguém envasilha vinho novo em
odres135 velhos, do contrário o vinho novo
rompe os odres, e o vinho se derrama, e se
perderão os odres. Mas vinho novo se enva-
silha em odres novos.”
23. E aconteceu que ele passava pelas searas
nos Descansos. E seus discípulos começa-
ram a arrancar espigas enquanto caminha-
vam.
24. E os fariseus lhe disseram: “Veja, por
que fazem nos Descansos o que não é permi-
tido?”
25. Ele, porém, disse-lhes: “Nunca leram o
que Davi fez quando teve necessidade e
134
uioi tou numfwnov (Huioi tou numphonos):
filhos da sala da noiva (lugar em que as ceri-
mônias de casamento eram realizadas). Filhos
da sala do enlace matrimonial: são todos os
convidados ao casamento.
135
Câmara de pele animal para armazenar líqui-
dos.
Marcos
esteve com fome, ele e os que estavam com
ele?
26. Como entrou na casa de Deus, nos dias
de Abiatar, o arqui-sacerdote, e comeu dos
pães da proposição136, dos quais não é per-
mitido comer, a não ser aos sacerdotes, e
serviu também aos que estavam com ele?”
27. E ele lhes disse: “O Descanso foi feito
em virtude do homem, e não o homem em
virtude do Descanso,
28. Logo o Filho do Homem também é o
Senhor do Descanso”.
3.
1. E entrou novamente na sinagoga, e havia
ali uma pessoa tendo uma mão atrofiada.
2. E observavam-no, se o curaria nos Des-
cansos, para poder acusá-lo.
3. E ele diz à pessoa que tinha a mão atrofi-
ada: “Fique parado no meio!”
4. E lhes diz: “É permitido de se fazer o
bem ou o mal nos Descansos? De salvar a
vida ou de destruí-la?” Mas eles permanece-
ram em silêncio.
5. E, olhando-os ao redor indignado, abor-
recido pela dureza de seus corações, ele
disse à pessoa: “Estenda a sua mão!” E ele a
estendeu. E sua mão ficou completamente
restaurada, perfeita como a outra.
6. E os fariseus, saindo, logo se reuniram
em conselho contra ele, com os herodianos,
em como o matariam.
7. Mas Jesus retirou-se com os seus discí-
pulos para o lago. E uma grande multidão o
seguia da Galiléia, e da Judéia,
8. E de Jerusalém, e da Iduméia, e dalém do
Jordão, e os da região de Tiro e Sídon, uma
grande multidão, ouvindo falar de tudo que
fazia, vieram a ele.
9. E pediu aos seus discípulos que tivessem
sempre um barquinho preparado para ele,
devido à multidão, para que não o apertas-
sem.
136
Pães expostos no interior do Templo, trocados
uma vez por semana.
45
Marcos
10. Porque curava a muitos, a ponto dos
atormentados o pressionarem, para poder
tocá-lo.
11. E os espíritos imundos, quando o viam,
caiam diante dele, e gritavam, dizendo: “Vo-
cê é o Filho de Deus!”
12. Mas ele os repreendia fortemente, para
que não o tornassem conhecido.
13. E ele sobe ao monte, e chama os que
queria. E eles foram até ele.
14. E ele indicou a Doze para que estivessem
com ele, e para que os enviasse a pregar,
15. E para que tivessem autoridade de curar
enfermidades e expulsar demônios:
16. Mas a Simão deu o nome de Pedro;
17. E a Tiago de Zebedeu, e João, o irmão de
Tiago, deu-lhes o nome de Boanerges, que
significa: “Filhos do trovão”;
18. E André, e Filipe, e Bartolomeu, e Ma-
teus, e Tomé, e Tiago de Alfeu, e Tadeu, e
Simão, o Cananeu,
19. E Judas Iscariotes, o qual também o tra-
iu. E chegam a uma casa.
20. E novamente se ajunta uma multidão, de
maneira que nem podiam se alimentar.
21. E, quando seus vizinhos o ouviram, fo-
ram para levá-lo à força, porque diziam:
“Enlouqueceu!”
22. E os escribas, que haviam descido de
Jerusalém, diziam: “Ele tem o Belzebu137, e
pelo principal dos demônios expulsa os de-
mônios”.
23. E, chamando-os, falou-lhes em parábo-
las: “Como pode o Adversário expulsar ao
Adversário?
24. Mas, se um reino for dividido em si
mesmo, tal reino não pode subsistir.
25. E, se uma casa for dividida em si mesma,
tal casa não pode subsistir.
26. Portanto, se o Adversário se tem levanta-
do contra si mesmo, e está dividido, não
pode subsistir, mas chegou ao fim.
27. Ninguém pode entrar na casa do forte e
furtar-lhe os bens, a não ser que amarre pri-
meiro o forte, e depois roube a sua casa.
137
Belzebu: senhor da mosca; uma deidade pagã,
aos quais os Judeus atribuíam a supremacia en-
tre os espíritos maus.
46
28. Com certeza lhes digo que todos os pe-
cados serão perdoados aos filhos dos ho-
mens, e todas as blasfêmias com que tiverem
blasfemado.
29. Aquele, porém, que blasfemar contra o
Espírito Santo jamais será remido eterna-
mente, mas será exposto à condenação eter-
na.”
30. Porque diziam: “Tem espírito imundo”.
31. Vêm, então, seus irmãos e sua mãe, e,
parados do lado de fora, mandaram chamá-
lo.
32. E a multidão estava assentada ao seu
redor, e lhe disseram: “Veja que sua mãe e
seus irmãos, lá fora, lhe procuram”.
33. Mas ele lhes atendeu, dizendo: “Quem é
minha mãe ou quem são meus irmãos?”
34. E, olhando ao redor, para os que estavam
assentados ao seu redor, diz: “Vejam minha
mãe e meus irmãos!
35. Porque, aquele que fizer a vontade de
Deus, o mesmo é meu irmão, e minha irmã,
e mãe”.
4.
1. E novamente começou a ensinar à beira
do lago. E ajuntou-se a ele uma grande mul-
tidão, a ponto de ele entrar num barco e nele
se assentar sobre o lago. E toda a multidão
estava junto ao lago, na terra.
2. E ensinava-lhes muitas verdades em
parábolas, e dizia-lhes no seu doutrinamen-
to:
3. “Ouçam! Vejam que um semeador saiu a
semear.
4. E aconteceu que, ao semear, parte caiu à
beira do caminho, e as aves do céu vieram e
a comeram.
5. E outra caiu em solo rochoso, onde não
havia muito solo. E logo brotou, por não
haver profundidade de solo.
6. Mas, nascendo o sol, foram queimadas.
E, por não terem raízes, murcharam.
7. Ainda outra caiu entre os espinhos. E os
espinhos cresceram e a sufocaram, e não
produziu fruto.

8. Mas outra caiu em solo bom, e produziu
fruto, que cresceu, e aumentou, e produziu: o
tríntuplo, e o sessêntuplo e o cêntuplo.”
9. E disse-lhes: “Aquele tendo ouvidos para
ouvir, ouça!”
10. E, quando esteve só, os que estavam ao
seu redor com os Doze, perguntaram-lhe a
respeito da parábola.
11. E ele lhes disse: “A vocês têm sido dado
conhecer o mistério do Reino de Deus, mas
aos de fora tudo isso é transmitido em pará-
bolas,
12. Para que 'vendo, vejam, mas não enxer-
guem. E, ouvindo, ouçam, mas não compre-
endam, para que não se convertam e seus
pecados lhes sejam perdoados'138.”
13. E ele lhes diz: “Vocês não compreende-
ram esta parábola? Como, então, compreen-
derão todas as outras parábolas?
14. O que semeia, semeia a Palavra.
15. E os da beira do caminho são aqueles nos
quais a Palavra é semeada, mas ouvindo-a,
logo vem o Adversário e tira a Palavra que
havia sido semeada nos seus corações.
16. E semelhantes são os que foram semea-
dos em solo rochoso, os quais, ouvindo a
Palavra, logo a recebem com alegria,
17. Mas não têm raiz em si mesmos, antes
são passageiros. Depois, ao virem a aflição e
a perseguição, devido à Palavra, logo se
aborrecem.
18. E os semeados entre os espinhos são os
que ouvem a Palavra,
19. Mas, introduzindo-se os cuidados do
mundo, e a ilusão da riqueza, e todo tipo de
cobiça, sufocam a Palavra, e torna-se infrutí-
fera.
20. Mas os que foram semeados no solo bom
são os que ouvem a Palavra, recebem-na, e
produzem fruto: Parte o tríntuplo, e parte o
sessêntuplo, e parte o cêntuplo.”
21. E disse-lhes: “Por acaso a lâmpada é
trazida para ser colocada debaixo de um
138
Isaías 6:9-10; Mateus 13:14-15; Lucas 8:10;
João 12:40; Atos 28:26-27
Marcos
modios139, ou debaixo de um divã, e não
para ser colocada sobre um castiçal?
22. Porque não há nada oculto que não será
manifesto, e não há nada secreto, a não ser
para vir à luz.
23. Se alguém tem ouvidos para ouvir, ou-
ça!”
24. E disse-lhes: “Prestem atenção no que
ouvem! Com a medida que medirem serão
medidos, e a vocês que estão ouvindo ainda
se acrescentará.
25. Porque a todo aquele que possui, lhe será
dado. Mas ao que não possuir, será tomado
até o que possuir.”
26. E disse: “O Reino de Deus é como se
uma pessoa lançasse semente no solo.
27. E vai dormir e se levanta noite e dia, e a
semente brota e cresce, e ele nem sabe co-
mo.
28. Porque o solo produz fruto por si mesmo:
Primeiro as folhas, depois a espiga e por fim
o cereal maduro na espiga.
29. Mas, quando o fruto está maduro, logo se
aplica a foice, porque chegou a ceifa.”
30. E ele disse: “A que assemelharemos o
Reino de Deus, ou com que parábola o com-
pararemos?
31. A um grão de mostarda, que, quando
semeado no solo, é menor do que todas as
sementes da Terra,
32. Mas, tendo sido semeado, cresce, e se
torna maior do que todos os arbustos, e che-
ga a ter galhos grandes, a ponto de as aves se
empoleirarem na sua sombra.”
33. E por meio de muitas parábolas seme-
lhantes falava-lhes a Palavra, segundo a sua
capacidade de entendê-la.
34. Mas sem parábola não lhes falava, mas,
quando estavam a sós, expunha tudo aos
seus discípulos.
35. No mesmo dia, tendo anoitecido, disse-
lhes: “Passemos para o outro lado”.
36. E, tendo despedido a multidão, recebe-
ram-no, do jeito que estava, no barco. E
estavam com ele outros barquinhos.
139
Modios é uma medida seca de em torno de 9
litros. Como se fosse uma lata.
47
Marcos
37. E levantou-se um vento tempestuoso, e
as ondas batiam para dentro do barco, a pon-
to de já estar se enchendo.
38. E ele estava na popa, dormindo numa
almofada. E eles o acordam e lhe dizem:
“Mestre, não lhe preocupa estarmos pere-
cendo?”
39. E, despertando, repreendeu o vento e
disse ao lago: “Sossegue, acalme-se!” E o
vento cessou, e houve uma grande bonança.
40. E disse-lhes: “Por que vocês são tão
medrosos? Como não têm fé?”
41. E ficaram atemorizados com grande
medo, e diziam uns aos outros: “Agora,
quem é este, que mesmo o vento e o lago lhe
obedecem?”
5.
1. E chegaram ao outro lado do lago, à terra
dos gadarenos.
2. E, saindo do barco, logo confrontou-o,
dos túmulos, um homem com espírito imun-
do,
3. Que tinha sua morada entre os túmulos, e
ninguém podia prendê-lo, nem mesmo com
correntes.
4. Porque muitas vezes havia sido preso
com grilhões e correntes, mas ele estourou
as correntes e despedaçou os grilhões, e
ninguém podia amansá-lo.
5. E sempre, noite e dia, estava nas monta-
nhas e nos túmulos, gritando e se ferindo
com pedras.
6. Mas, avistando a Jesus de longe, correu e
prostrou-se diante dele,
7. E, gritando em alta voz, disse: “O que
tenho eu com você, Jesus, Filho do Deus
Altíssimo? Conjuro-lhe diante de Deus que
não me atormente”.
8. Porque ele lhe dizia: “Saia deste homem,
espírito imundo!”
9. E perguntou-lhe: “Qual é o seu nome?” E
ele respondeu, dizendo: “Meu nome é Legi-
ão140, porque somos muitos!”
140
Legião = unidade de milícia comandada por
um coronel. Uma legião = 6000 soldados.
48
10. E implorava-lhe muito para que não os
enviasse para fora daquela região.
11. Ora, havia próximo às montanhas uma
grande manada de porcos pastando.
12. E todos os demônios imploraram, dizen-
do: “Mande-nos para dentro dos porcos, para
que entremos neles!”
13. E logo Jesus os autorizou. E, tendo saído
os espíritos imundos, entraram nos porcos, e
a manada, em torno de dois mil, desceu vio-
lentamente um grande declive para dentro do
lago, e se afogaram no lago.
14. Mas os porqueiros fugiram, e contaram-
no na cidade e pelos campos. E foram ver o
que havia acontecido.
15. E chegam até Jesus, e vêem o endemoni-
nhado, que havia sido possesso pela legião,
sentado, e vestido e em perfeito juízo. E
ficaram com medo.
16. E os que o haviam presenciado, conta-
ram-lhes o que acontecera ao endemoninha-
do, e a respeito dos porcos.
17. E começaram a pedir-lhe para que se
retirasse de suas regiões.
18. E, entrando ele no barco, pediu-lhe o ex-
endemoninhado para que pudesse permane-
cer com ele.
19. Jesus, porém, não lho permitiu, mas lhe
diz: “Vá para a sua casa, para os seus, e
conte-lhes tudo que o Senhor fez por você, e
como teve compaixão de você”.
20. E ele partiu, e começou a proclamar em
Decápolis tudo que Jesus havia feito por ele.
E todos se maravilhavam.
21. E, tendo Jesus novamente passado com o
barco para o outro lado, uma multidão se
reuniu a ele, e ele estava junto ao lago.
22. E eis que vem um dos presidentes da
sinagoga, por nome de Jairo, e, vendo-o,
prostra-se aos seus pés,
23. E implorava-lhe muito, dizendo: “Minha
filhinha se encontra em estado terminal,
venha impor-lhe as mãos, para que seja cu-
rada, e viva”.
24. E foi com ele. E uma grande multidão o
seguia, e o apertavam.
25. E certa mulher, que tinha uma hemorra-
gia fazia doze anos,

26. E que havia sofrido muito nas mãos de
vários médicos, e gasto todos os seus meios,
e não tendo melhorado nada, mas antes pio-
rado,
27. Ouvindo a respeito de Jesus, vindo na
multidão por detrás, tocou no seu traje.
28. Porque dizia: “Se somente puder tocar
nas suas vestes serei curada”.
29. E imediatamente a causa de sua hemor-
ragia estancou, e ela sentiu no seu corpo que
havia sido curada da moléstia.
30. E Jesus, logo sabendo em si mesmo que
emanara poder dele, voltando-se para a mul-
tidão, disse: “Quem tocou nas minhas ves-
tes?”
31. E seus discípulos lhe disseram: “O Se-
nhor está vendo a multidão apertando-o, e
ainda diz: 'Quem me tocou?'.”
32. E ele olhou em redor para ver quem ha-
via feito aquilo.
33. Mas a mulher, com medo e tremendo,
sabendo o que havia acontecido com ela,
veio e prostrou-se diante dele, e lhe contou
toda a verdade.
34. E ele lhe disse: “Filha, a sua fé lhe curou.
Vá em paz e seja curada de sua moléstia”.
35. Enquanto ainda falava vieram da casa do
presidente da sinagoga, dizendo: “Sua filha
está morta. Porque ainda incomoda o Mes-
tre?”
36. Mas Jesus, imediatamente, ouvindo a
palavra sendo falada, disse ao presidente da
sinagoga: “Não tenha medo, creia somente!”
37. E não permitiu que ninguém o acompa-
nhasse, a não ser Pedro, e Tiago, e João, o
irmão de Tiago.
38. E chega à casa do presidente da sinago-
ga, e observa o tumulto dos que choravam e
pranteavam muito.
39. E, entrando, disse-lhes: “Por que este
tumulto e esta choradeira? A menina não
está morta, mas dorme”.
40. E ridicularizavam dele. Mas, tendo feito
a todos se retirarem, toma consigo o pai e a
mãe da menina, e os que estavam com ele, e
entra no lugar em que a menina estava deita-
da.
Marcos
41. E, tomando a menina pela mão, lhe diz:
“Talita cumi”141, que traduzido significa:
“Menina digo-lhe: Levante-se!”
42. E imediatamente a menina se levantou, e
andava, pois ela tinha doze anos. E eles fica-
ram profundamente maravilhados.
43. E ordenou-lhes expressamente que nin-
guém o ficasse sabendo. E ordenou-lhes que
lhe dessem de comer.
6.
1. E, partiu dali, e veio à sua pátria. E seus
discípulos o seguem.
2. E, chegando o Descanso, começou a
ensinar na sinagoga. E muitos, ouvindo-o,
ficaram surpresos, dizendo: “De onde lhe
vem tudo isto? E que sabedoria é esta que
lhe foi dada, que até estes prodígios são
operados pelas suas mãos?
3. Não é este o carpinteiro, filho de Maria,
e irmão de Tiago, e José, e Judas, e Simão?
E não estão aqui conosco suas irmãs?” E
escandalizavam-se dele.
4. Mas Jesus dizia-lhes: “O profeta não está
sem honra, exceto na sua pátria, e entre os
seus parentes, e na sua própria casa”.
5. E não pôde realizar ali nenhum prodígio,
a não ser curar alguns enfermos, impondo-
lhes suas mãos.
6. E surpreendeu-se de sua falta de fé. E foi
ensinando aos povoados ao redor.
7. E chama os Doze a si, e começou a en-
viá-los de dois em dois, e deu-lhes autorida-
de sobre os espíritos imundos.
8. E ordenou-lhes para que não levassem
nada no caminho, nem mesmo um bordão,
nenhum alforje142, nem pão, nem dinheiro no
cinto143,
9. Mas que calçassem sandálias, e não ti-
vessem duas túnicas.
10. E dizia-lhes: “Onde quer que entrarem
numa casa, ali permaneçam até partirem
dali.
141
Palavras faladas em aramaico.
142
Alforje: bolsa para carregar alimento.
143
Cinto em que se guardava o dinheiro, tipo
pochette.
49
Marcos
11. E aqueles que não lhes receberem, nem
lhes derem ouvidos, quando dali partirem,
sacudam a poeira de debaixo de seus pés,
como testemunho para eles. Com certeza
lhes digo: Sodoma e Gomorra serão tratados
com menos rigor no dia do julgamento do
que esta cidade”.
12. E foram proclamando que se arrependes-
sem.
13. E expulsavam muitos demônios, e ungi-
am com azeite muitos doentes, e os cura-
vam.
14. E o rei Herodes ouviu a seu respeito,
porque o seu nome se tornara conhecido, e
disse: “João, o Submersor, ressuscitou dos
mortos, e por isso esses poderes operam
nele”.
15. Outros diziam: “É Elias”. E outros dizi-
am: “É um profeta, ou como um dos profe-
tas”.
16. Mas, ouvindo-o Herodes, disse: “É João,
a quem decapitei. Ressuscitou dos mortos!”
17. Porque Herodes mesmo havia mandado
prender a João, e acorrentou-o na prisão,
devido a Heródias, esposa de seu irmão Fili-
pe, porque havia se casado com ela.
18. Porque João havia dito para Herodes:
“Não é permitido que você possua a esposa
de seu irmão”.
19. Por isso Heródias tinha rancor dele, e
queria matá-lo, mas não podia,
20. Porque Herodes temia a João, sabendo
que era homem justo e santo, e o protegia. E,
ouvindo-o, o seguia em muitas questões, e
apreciava ouvi-lo.
21. E, tendo chegado um dia favorável, por
ocasião de seu aniversário, quando Herodes
serviu um jantar às suas autoridades, aos
quiliarcos e à alta sociedade da Galiléia,
22. E, entrando a própria filha de Heródias, e
dançando, e agradando a Herodes, e aos
convidados, o rei disse à moça: “Peça o que
quiser, e lhe darei!”
23. E lhe jurou: “Aquilo que você pedir de
mim lhe darei, até à metade do meu reino”.
24. E ela, saindo, perguntou à sua mãe: “O
que pedirei?” E ela disse: “A cabeça de Jo-
ão, o Submersor”.
50
25. E, entrando logo apressadamente ao rei,
pediu, dizendo: “Quero que me entregue
imediatamente, sobre um prato, a cabeça de
João, o Submersor”.
26. Mas o rei entristeceu-se sobremaneira.
Devido, porém, aos seus juramentos e aos
que se reclinavam com ele, não queria negá-
lo a ela.
27. E, imediatamente, enviando o rei um
carrasco, ordenou que fosse trazida sua ca-
beça. E, indo, decapitou-o na prisão,
28. E trouxe sua cabeça sobre um prato, e
entregou-a à moça, e a moça entregou-a à
sua mãe.
29. E, ouvindo-o seus discípulos, foram,
levaram o defunto, e o puseram na sepultura.
30. E os apóstolos se reuniram a Jesus e lhe
relataram tudo quanto haviam feito e ensina-
do.
31. E ele disse-lhes: “Venham vocês a um
lugar deserto, à parte, e descansem um pou-
co”. Porque os que iam e vinham eram mui-
tos, e não tinham tempo nem mesmo para se
alimentar.
32. E partiram de barco para um lugar deser-
to, à parte.
33. E as multidões viram-nos partir, e muitos
o reconheceram, e correram juntos a pé para
lá, de todas as cidades, e os ultrapassaram, e
se juntaram a eles.
34. E, descendo Jesus, viu uma grande mul-
tidão, e foi movido de compaixão por eles,
porque eram como ovelhas não tendo pastor.
E começou a ensinar-lhes muitas verdades.
35. E, a hora já sendo avançada, dirigindo-se
a ele os seus discípulos, disseram: “Este
lugar é deserto e a hora já é avançada,
36. Despeça-os, para que, indo às regiões ao
redor e aos povoados, comprem pão para si
mesmos, porque não têm o que comer”.
37. Mas ele, respondendo, disse-lhes: “Dê-
em-lhes vocês de comer!” E eles lhe dizem:
“Iremos comprar duzentos denários de pão,
e lhes daremos de comer?!”
38. Ele, porém, lhes diz: “Quantos pães vo-
cês têm? Vão e vejam!” E, tendo-se infor-
mado, disseram: “Cinco, e dois peixes”.
39. E ordenou-lhes que fizessem todos se
reclinar em grupos sobre o capim verde.

40. E assentaram-se em grupos de cem e de
cinqüenta.
41. E, tomando os cinco pães e os dois pei-
xes, elevando os olhos para o Céu, deu gra-
ças, e partiu os pães, e entregou-os aos seus
discípulos para servi-los. E repartiu os dois
peixes entre todos.
42. E todos comeram e se fartaram.
43. E recolheram doze cestos cheios das
sobras e dos peixes.
44. E os que comeram dos pães foram em
torno de cinco mil homens.
45. E logo compeliu os seus discípulos a
entrar no barco, e ir adiante, para o outro
lado, a Betsaida, enquanto ele despedia a
multidão.
46. E, tendo-os despedido, subiu à montanha
para orar.
47. E, tendo anoitecido, o barco estava no
meio do lago, e ele, sozinho, em terra.
48. E ele observava que eles se esforçavam
para remar, porque o vento lhes era contrá-
rio. E, em torno da quarta vigília da noite144,
ele se dirige a eles, andando por sobre o
lago, mas teria lhes ultrapassado.
49. Mas, vendo-o andar por sobre o lago,
imaginavam tratar-se de um fantasma, e
começaram a gritar.
50. Porque todos eles o viram e se assusta-
ram. Mas logo falou com eles e lhes diz:
“Tenham coragem, sou eu! Não tenham
medo!”
51. E ele subiu a eles ao barco, e o vento
cessou. E ficaram tremendamente impres-
sionados e maravilhados.
52. Porque não haviam aprendido dos pães,
porque seu coração estava endurecido.
53. E, tendo passado para o outro lado, che-
garam à terra de Genesaré, e atracaram.
54. E, saindo eles do barco, imediatamente,
reconhecendo-o,
55. Correndo por toda aquela região, come-
çaram a trazer os enfermos em colchões,
144
A noite era dividida em quatro vigílias: 1ª -
18:00 às 21:00; 2ª - 21:00 às 00:00; 3ª - 00:00
às 3:00 e 4ª - 3:00 às 6:00 horas. Neste caso o
horário era entre 3:00 e 6:00 horas enquanto Je-
sus andava por sobre as águas.
Marcos
para o lugar ao qual haviam ouvido dizer em
que se encontrava.
56. E, onde quer que entrava, nos povoados,
ou nas cidades, ou no campo, deitavam os
doentes nas praças e imploravam-lhe para
tocar mesmo somente a orla de seu traje. E
todos quantos a tocavam eram curados.
7.
1. E reuniram-se a ele os fariseus, e alguns
dos escribas, vindos de Jerusalém.
2. E, vendo alguns de seus discípulos comer
pão com mãos impuras, isto é, sem lavar as
mãos, acusaram-nos.
3. Porque os fariseus, e todos os judeus, não
comem, sem cuidadosamente terem lavado
suas mãos, seguindo a tradição dos anciãos.
4. E, retornando da feira, não comem, se
não tiverem se lavado. E receberam muitos
outros deveres para guardar, como: A lava-
gem de copos, e panelas, e vasos de cobre, e
divãs145.
5. Então os fariseus e os escribas lhe inter-
rogam: “Por que seus discípulos não seguem
a tradição dos anciãos, mas comem pão sem
lavar as mãos?”
6. Mas ele, respondendo, disse-lhes: “Isaías
profetizou corretamente a seu respeito, hipó-
critas, como tem sido escrito: 'Este povo me
honra com os lábios, mas o seu coração está
longe de mim.
7. Entretanto, em vão me cultuam, ensinan-
do doutrinas que nada mais são do que pre-
ceitos humanos’146.
145
Klinh (kline): poltrona na qual as pessoas se
reclinavam (quase deitados, apoiando-se num
braço) enquanto tomavam a refeição, ou tam-
bém usada como maca para transportar os en-
fermos. Por esta razão também se traduz “recli-
nar” à mesa, e não “assentar-se” à mesa, quan-
do as pessoas tomavam a refeição. Às vezes o
texto simplesmente diz: “reclinaram-se”, que-
rendo dizer com isto que estavam reclinados à
mesa tomando uma refeição. Nesta passagem
pode significar o conjunto todo de mesa e di-
vãs.
146
Isaías 29:13; Mateus 15:8-9
51
Marcos
8. Porque, ignorando o mandamento de
Deus, vocês guardam a tradição dos homens,
como a lavagem de vasos e copos, e fazem
muitas coisas semelhantes.”
9. E dizia-lhes: “Primorosamente vocês
rejeitaram o mandamento de Deus para
guardarem a sua própria tradição.
10. Porque Moisés disse: ‘Você honrará a
seu pai e a sua mãe'147, e 'Quem amaldiçoar
pai ou mãe será levado à morte’148.
11. Mas vocês dizem: “Se uma pessoa disser
a seu pai ou a sua mãe: ‘É Corban (isto é:
uma doação) aquilo que você poderia ter
aproveitado de mim’,
12. E assim impedem que faça algo pelo seu
pai ou pela sua mãe,
13. Anulando a Palavra de Deus pela sua
tradição, que vocês transmitiram, e fazem
muitas coisas semelhantes.”
14. E, convocando toda a multidão, disse-
lhes: “Ouçam-me todos e entendam!
15. Não há nada de fora da pessoa que, sen-
do por ela ingerida, possa contaminá-la, a
não ser aquilo que procede dela, é isto que
contamina a pessoa.
16. Se alguém tem ouvidos para ouvir, ou-
ça!”
17. E, quando entrou na casa, longe da mul-
tidão, seus discípulos perguntaram-lhe a
respeito da parábola.
18. E disse-lhes: “Assim vocês também ain-
da não têm entendimento? Não percebem
que tudo aquilo que de fora entra na pessoa,
não pode contaminá-la?
19. Porque não entra no seu coração, mas no
ventre, e sai para o toalete, purgando todos
os alimentos.”
20. E dizia: “Aquilo que sai da pessoa, isto é
que polui a pessoa.
21. Porque de dentro, do coração das pesso-
as, procedem as más intenções: Adultérios,
sexo ilícito, assassinatos,
22. Furtos, ambição, maldade, falcatrua,
libertinagem, olho mau, fofoca, orgulho,
irracionalidade.
147
Êxodo 20:12; Deuteronômio 5:16; Mateus
15:4; Efésios 6:2
148
Êxodo 21:17; Levítico 20:9; Mateus 15:4
52
23. Todas estas maldades provêm de dentro
e contaminam a pessoa”.
24. E, levantando-se dali, foi para as regiões
de Tiro e Sídon, e, entrando numa casa, não
queria que ninguém o ficasse sabendo. Mas
não podia ocultar-se.
25. Porque uma mulher, cuja filhinha tinha
um espírito imundo, ouviu a seu respeito, e
veio e caiu aos seus pés.
26. E a mulher era grega, de descendência
siro-fenícia, e implorou-lhe para que expul-
sasse o demônio de sua filha.
27. Mas Jesus lhe disse: “Permita primeiro
que os filhos se satisfaçam, porque não con-
vém tomar o pão dos filhos e jogá-lo aos
cachorrinhos”.
28. Ela, porém, respondeu e disse-lhe: “Sim,
Senhor! Mas os cachorrinhos comem até das
migalhas das crianças debaixo da mesa”.
29. E ele lhe disse: “Devido a esta palavra,
vá, o demônio saiu de sua filha”.
30. E, chegando na sua casa, encontrou o
demônio tendo-se retirado, e sua filha deita-
da sobre o divã.
31. E, partindo novamente das regiões de
Tiro e Sídon, veio ao lago da Galiléia, pelas
regiões de Decápolis.
32. E trouxeram-lhe um surdo mogilágico149,
e imploraram-lhe que lhe impusesse a mão.
33. E, tendo-o retirado do meio da multidão,
à parte, colocou seus dedos nos ouvidos
dele, e, cuspindo, tocou na sua língua,
34. E, elevando os seus olhos para o Céu,
suspirou e disse-lhe: “Efratá!” Isto é: “Abra-
se!”
35. E imediatamente seus ouvidos foram
abertos, e a amarra de sua língua se soltou, e
ele falava fluentemente.
36. E ordenou-lhes que não o dissessem a
ninguém. Mas, quanto mais os proibia, tanto
mais o publicavam.
37. E ficaram extremamente maravilhados,
dizendo: “Tudo ele tem feito muito bem:
Tanto faz os surdos ouvir, quanto os mudos
falar”.
149
Mogilalia: dificuldade em articular palavras.

8.
1. Naqueles dias, a multidão sendo muito
grande, e não tendo o que comer, chamando
Jesus seus discípulos, disse-lhes:
2. “Estou movido de compaixão pela multi-
dão, porque já estão comigo faz três dias, e
não têm o que comer.
3. E, se os despeço para a sua casa em je-
jum, desfalecerão no caminho, porque al-
guns deles chegaram de longe.”
4. E seus discípulos atenderam-lhe: “Como
poderia alguém alimentá-los com pão neste
deserto?”
5. E perguntou-lhes: “Quantos pães vocês
têm?” E disseram: “Sete”.
6. E ele mandou a multidão reclinar-se no
chão. E, tomando os sete pães, e, tendo dado
graças, partiu-os, e entregou-os aos seus
discípulos para servi-los. E eles os serviram
à multidão.
7. E tinham também alguns peixinhos, e,
tendo dado graças, também mandou servi-
los.
8. Assim comeram e se fartaram. E recolhe-
ram, dos pedaços que sobraram, sete cestos.
9. E os que haviam comido foram em torno
de quatro mil. E ele os despediu.
10. E logo, entrando no barco com seus dis-
cípulos, chegou às regiões de Dalmanuta.
11. E chegaram os fariseus para discutirem
com ele, tentando-o, procurando dele um
sinal do Céu.
12. E, suspirando profundamente no seu
espírito, diz: “Por que esta geração procura
por um sinal? Com certeza lhes digo, ne-
nhum sinal será dado a esta geração”.
13. E, deixando-os, entrando novamente no
barco, partiu para o outro lado.
14. E esqueceram-se de levar pães, e não
tinham nada além de somente um pão consi-
go no barco.
15. E alertou-os, dizendo: “Vejam! Acaute-
lem-se do fermento dos fariseus e do fer-
mento de Herodes”.
16. E dialogaram um com o outro, dizendo:
“É porque não temos pães!”
Marcos
17. E, percebendo-o Jesus, lhes diz: “Por que
discutem entre vocês por não terem pães?
Vocês ainda não percebem, nem entendem?
Vocês ainda têm o seu coração endurecido?
18. Tendo olhos, não enxergam?! E tendo
ouvidos, não ouvem?! E não se lembram?!
19. Quando parti os cinco pães entre os cinco
mil, quantos cestos cheios de sobras recolhe-
ram?” Eles lhe dizem: “Doze”.
20. “E quando os sete entre os quatro mil,
quantos cestos cheios de sobras recolhe-
ram?” E disseram: “Sete”.
21. E ele lhes disse: “Como não compreen-
dem?!”
22. E ele chega a Betsaida, e lhe trazem um
cego, e imploram para tocá-lo.
23. E, tomando o cego pela mão, conduziu-o
para fora do povoado. E, cuspindo nos seus
olhos, impôs-lhe as mãos, e perguntou-lhe se
enxergava algo.
24. E, elevando os olhos, disse: “Vejo as
pessoas andando ao redor como se fossem
árvores”.
25. Então, novamente colocou suas mãos nos
seus olhos, e o fez olhar para cima. E foi
restaurado, e enxergava a todos nitidamente.
26. E enviou-o para a sua casa, dizendo:
“Não entre no povoado, nem conte-o a nin-
guém do povoado!”
27. E Jesus e seus discípulos foram aos po-
voados de Cesaréia de Filipe. E, no caminho,
perguntou aos seus discípulos, dizendo-lhes:
“Quem dizem as pessoas que eu seja?”
28. E responderam: “João, o Submersor, e
outros: Elias, e outros: Um dos profetas”.
29. E ele lhes diz: “Mas vocês, quem dizem
que eu sou?” E Pedro, respondendo, disse-
lhe: “O Senhor é o Ungido!”
30. E alertou-os com rigor que não falassem
a ninguém a seu respeito.
31. E começou a ensinar-lhes de ser necessá-
rio para o Filho do Homem sofrer muito, e
de ser rejeitado pelos anciãos, e arqui-
sacerdotes, e escribas, e de ser morto, e após
três dias ressuscitar.
32. E falava esta Palavra abertamente. E
Pedro chamou-o de lado, e começou a repre-
endê-lo.
53
Marcos
33. Mas ele, voltando-se, e vendo seus discí-
pulos, repreendeu a Pedro, dizendo: “Para
trás de mim Adversário! Porque sua intenção
não é divina, mas humana!”
34. E, chamando a multidão, junto com os
seus discípulos, disse-lhes: “Todo aquele
que decide seguir-me, negue-se a si mesmo,
tome a sua cruz, e siga-me.
35. Porque todo aquele que decida salvar a
sua vida, perdê-la-á, mas, todo aquele que
perder a sua vida, por minha causa e da Boa
Mensagem, salvá-la-á.
36. Porque qual a vantagem para uma pessoa
em ganhar o mundo todo, mas causar dano à
sua alma?
37. Ou, o que uma pessoa dará em troca de
sua alma?
38. Porque todo aquele que tiver se envergo-
nhado de mim e das minhas palavras nesta
geração adúltera e pecadora, dele também o
Filho do Homem se envergonhará quando
vier na glória de seu Pai, com os santos an-
jos.”
9.
1. E dizia-lhes: “Com certeza lhes digo que
têm alguns dos aqui presentes que não pro-
varão a morte até terem visto o Reino de
Deus ter vindo com poder”.
2. E, após seis dias, Jesus leva a Pedro,
Tiago e João, e os conduz a uma montanha
alta, à parte, a sós, e foi transfigurado diante
deles.
3. E suas vestes tornaram-se brilhantes,
branquíssimas, como neve, assim como
nenhum tintureiro da Terra pode branqueá-
las.
4. E apareceram-lhes Elias com Moisés, e
falavam com Jesus.
5. Pedro, então, fazendo uso da palavra,
disse para Jesus: “Rabi, é bom estarmos
aqui! Façamos, pois, três tendas, uma para o
Senhor, e outra para Moisés, e outra para
Elias”.
6. Pois não sabia o que dizer, porque esta-
vam muito amedrontados.
54
7. E sombreou-lhes uma nuvem, e uma voz
vinda da nuvem, dizendo: “Este é o meu
Filho amado! A ele dêem ouvidos!”150
8. E, repentinamente, olhando ao redor, não
viram mais a ninguém, a não ser somente a
Jesus com eles.
9. E, descendo eles do monte, ordenou-lhes
para que não contassem a ninguém o que
haviam visto, exceto após o Filho do Ho-
mem ter ressuscitado dos mortos.
10. E mantiveram para eles o comunicado,
refletindo sobre o que seria a ressurreição
dos mortos.
11. E perguntaram-lhe, dizendo: “Por que
dizem os escribas ser necessário Elias vir
primeiro?”
12. E ele, respondendo, disse-lhes: “Elias, na
verdade, tendo vindo primeiro, restaura tudo.
E, como tem sido escrito a respeito do Filho
do Homem, que deveria sofrer muito e ser
reduzido a nada:
13. Mas digo-lhes que Elias de fato veio, e
fizeram com ele o que quiseram, como tem
sido escrito a seu respeito”.
14. E, chegando aos discípulos, viu uma
grande multidão ao redor deles, e os escribas
discutindo com eles.
15. E logo, toda a multidão, vendo-o, fica-
ram muito surpresos, e correndo, saudaram-
no.
16. E perguntou aos escribas: “Sobre o que
discutem com eles?”
17. E alguém da multidão, respondendo,
disse: “Mestre, trouxe-lhe o meu filho, tendo
um espírito mudo.
18. E onde quer que se apodere dele, ele o
derruba. E ele espumeja, e range os dentes, e
definha. E falei com os seus discípulos para
que o expulsassem, mas não puderam”.
19. Mas ele, respondendo-lhe, diz: “Ó gera-
ção descrente! Até quando estarei com você?
Por quanto tempo terei de suportá-la? Tra-
gam-no para mim!”
20. E trouxeram-lho. E, vendo-o, logo o
espírito derrubou-o, e, caindo no chão, re-
volvia-se e espumejava.
150
Mateus 3:17; 17:5; Marcos 1:11; Lucas 3:22;
9:35; II Pedro 1:17

21. E perguntou ao pai dele: “Há quanto
tempo isto lhe ocorre?” E ele disse: “Desde a
infância.
22. E freqüentemente o tem lançado no fogo,
e nas águas, para matá-lo. Mas, se o Senhor
puder fazer algo, tenha compaixão de nós e
ajude-nos”.
23. E Jesus disse-lhe: “Se você puder crer,
tudo é possível ao que crê!”
24. E logo o pai do menino exclamou e disse
em lágrimas: “Creio, Senhor! Ajude a minha
falta de fé!”
25. Mas, vendo Jesus que afluía uma multi-
dão, repreendeu o espírito imundo, dizendo-
lhe: “Espírito mudo e surdo, ordeno-lhe:
Saia dele, e não entre mais nele”.
26. E, gritando, e convulsionando-o violen-
tamente, saiu dele. E ficou como se estivesse
morto, a ponto de muitos dizerem que estava
morto.
27. Mas Jesus, tomando-o pela mão, ergueu-
o, e ele se levantou.
28. E quando entrou na casa, seus discípulos
lhe perguntaram a sós: “Por que não pude-
mos expulsá-lo?”
29. E disse-lhes: “Esta espécie151 não pode
sair por ninguém, a não ser com oração e
jejum”.
30. E, partindo dali, passaram pela Galiléia,
e não queria que ninguém o ficasse sabendo.
31. Porque ensinava aos seus discípulos, e
dizia-lhes: “O Filho do Homem está sendo
entregue nas mãos dos homens, e o matarão.
E, tendo sido morto, ressuscitará no terceiro
dia”.
32. Mas não entendiam estas palavras, e
temiam perguntá-lo.
33. E chegou a Cafarnaum. E, estando na
casa, perguntou-lhes: “Sobre o que vocês
discutiam entre vocês no caminho?”
34. Mas eles permaneceram calados, porque
haviam discutido entre eles no caminho
sobre quem seria o maior.
35. E, assentando-se, chamou os Doze, e lhes
diz: “Se alguém quiser ser o primeiro, será o
último de todos e o servidor de todos”.
151
Genos: espécie, tribo, nação, nacionalidade,
descendência, casta.
Marcos
36. E, segurando uma criancinha, colocou-a
no meio deles, e, tomando-a nos seus braços,
disse-lhes:
37. “Todo aquele que receber uma destas
criancinhas em meu nome, a mim me rece-
be. E todo aquele que me receber a mim, não
recebe a mim, mas ao que me enviou”.
38. E, comentou-lhe João, dizendo: “Mestre,
vimos alguém expulsando demônios em seu
nome, o qual não nos segue, e proibimo-lo,
porque não nos segue”.
39. Jesus, porém, disse: “Não lho proíbam!
Porque ninguém fará um milagre em meu
nome, e logo falará mal de mim.
40. Porque quem não for contra nós, é por
nós.
41. Porque, todo aquele que lhes der de be-
ber um copo de água, em meu nome, por
pertencerem ao Ungido, com certeza lhes
digo, de maneira alguma perderá a sua re-
compensa.
42. E qualquer que fizer tropeçar um destes
pequeninos que crêem em mim, ser-lhe-ia
preferível que lhe pendurassem uma pedra
de mó no seu pescoço, e fosse lançado no
mar.
43. E, caso a sua mão lhe fizer tropeçar,
corte-a! É preferível para você entrar muti-
lado na vida, do que, tendo duas mãos, ir
para a Geena152, para o fogo inextinguível.
44. Onde seu verme não morre, nem o fogo é
apagado153.
45. E, caso o seu pé lhe fizer tropeçar, corte-
o! É preferível para você entrar coxo na
vida, do que, tendo dois pés, ser lançado na
Geena, no fogo inextinguível,
46. Onde seu verme não morre, nem o fogo é
apagado138.
47. E, caso o seu olho lhe fizer tropeçar,
arranque-o! É preferível para você entrar no
Reino de Deus com um olho só, do que,
tendo dois olhos, ser lançado na Geena de
fogo,
152
Geena: o inferno é o lugar de punição. Origi-
nalmente era o vale de Hinnom, ao Sul de Jeru-
salém, onde o lixo e as carcaças de animais e-
ram jogados e queimados.
153
Isaías 66:24
55
Marcos
48. Onde seu verme não morre, nem o fogo é
apagado138.
49. Porque cada um será salgado com fogo, e
cada sacrifício será temperado com sal.
50. O sal é bom. Se, porém, o sal perder o
seu sabor154, com que será temperado? Te-
nham sal em vocês e paz uns com os ou-
tros.”
10.
1. E, levantando-se dali, chega às fronteiras
da Judéia, além do Jordão. E novamente as
multidões se juntam a ele, e, como de cos-
tume, novamente as ensinava.
2. E, dirigindo-se a ele os fariseus, tentan-
do-o, perguntaram-lhe se é permitido ao
homem despedir sua esposa.
3. Mas ele, respondendo, disse-lhes: “O que
Moisés lhes ordenou?”
4. E disseram: “Moisés permitiu emitir uma
certidão de divórcio para despedir”.
5. E, respondendo Jesus, disse-lhes: “Devi-
do à dureza de seus corações redigiu-lhes
este mandamento.
6. Porém, desde o princípio da criação Deus
os moldou do sexo masculino e feminino.
7. ‘Por esta razão o homem deixará a seu
pai e a sua mãe, e será unido à sua esposa,
8. E ambos serão uma só carne’155. De
sorte que já não são duas, mas uma só carne.
9. Assim sendo, o que Deus uniu, não o
separe o homem”.
10. E, na casa, seus discípulos novamente
perguntaram-lhe sobre o mesmo assunto,
11. E ele lhes diz: “Aquele que despedir sua
esposa e casar com outra, adultera contra
ela.
12. E, se uma mulher despedir a seu marido,
e casar com outro, adultera.”
13. E traziam-lhe criancinhas para que as
tocasse. Mas os seus discípulos repreendiam
aos que as traziam.
154
O sal perde o seu sabor quando misturado com
outros produtos ou impurezas. O açúcar, mistu-
rado ao sal, anula o sabor do sal.
155
Gênesis 2:24; Mateus 19:5; Efésios 5:31
56
14. Mas, percebendo-o Jesus, muito se desa-
gradou, e disse-lhes: “Deixem as criancinhas
virem a mim, e não as impeçam, porque de
tais é o Reino de Deus.
15. Com certeza lhes digo: Quem não rece-
ber o Reino de Deus como uma criancinha,
de forma alguma entrará nele”.
16. E, tomando-as nos braços, impondo-lhes
as mãos, abençoou-as.
17. E, pondo-se a caminho, veio alguém
correndo, ajoelhou-se diante dele e pergun-
tou-lhe: “Bom Mestre, o que farei para her-
dar a vida eterna?”
18. E Jesus lhe disse: “Por que me chama de
'bom'? Ninguém é ‘bom’, a não ser um:
Deus.
19. Você conhece os mandamentos: 'Você
não adulterará, não assassinará, não furta-
rá, não dará falso testemunho, não engana-
rá, honrará a seu pai e a sua mãe’156.”
20. Ele, porém, respondendo, disse-lhe:
“Mestre, todos estes tenho cumprido desde a
minha mocidade”.
21. Então Jesus, olhando para ele, amou-o, e
disse-lhe: “Você carece de um: Vá, venda
tudo que possuir, e dê-o aos pobres, e você
terá um tesouro no Céu. E, tomando a sua
cruz, venha seguir-me!”
22. Mas ele, entristecendo-se com estas pa-
lavras, foi embora pesaroso, porque possuía
muitos bens.
23. E Jesus, olhando ao redor, diz aos seus
discípulos: “Quão dificilmente os que pos-
suem riquezas entrarão no Reino de Deus!”
24. E os discípulos ficaram impressionados
com as suas palavras. Mas Jesus, repetindo,
lhes diz: “Filhos, como é difícil para aqueles
que confiam nas riquezas entrar no Reino de
Deus!
25. É mais fácil para um camelo passar pelo
olho da agulha157, do que um rico entrar no
Reino de Deus.”
156
Jesus cita dos dez mandamentos, sem obedecer
à ordem no Velho Testamento.
157
Olho da agulha: após o portão principal da
cidade, ou de um castelo, tiver sido fechado,
havia uma pequena portinhola para as pessoas
que chegavam durante a noite poderem entrar.

26. E ficaram extremamente surpresos, di-
zendo entre si: “Quem, então, poderá ser
salvo?”
27. Mas Jesus, fitando-os, diz: “Para os ho-
mens é impossível, mas não para Deus, por-
que tudo é possível para Deus”.
28. Então Pedro começou a dizer-lhe: “Eis
que nós abandonamos tudo e lhe segui-
mos!”.
29. Mas Jesus, respondendo, disse: “Com
certeza lhes digo: Não há ninguém que, dei-
xando casa, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou
mãe, ou esposa, ou filhos, ou terras, por
minha causa e da Boa Mensagem,
30. Que não receba cem vezes tanto nesta
época: Casas, e irmãos, e irmãs, e mães, e
filhos, e terras, com perseguições, e, na era
vindoura, a vida eterna.
31. Muitos primeiros, porém, serão últimos,
e os últimos primeiros”.
32. E estavam a caminho, subindo para Jeru-
salém, e Jesus caminhava diante deles, e
ficaram estarrecidos, e seguiam atemoriza-
dos. E, tomando novamente os Doze, come-
çou a explicar-lhes o que estava para aconte-
cer com ele:
33. “Vejam que subimos para Jerusalém, e o
Filho do Homem será entregue aos arqui-
sacerdotes, e aos escribas, e o condenarão à
morte, e o entregarão aos povos!
34. E debocharão dele, e o açoitarão, e cuspi-
rão nele, e o matarão, e no terceiro dia res-
suscitará”.
35. E Tiago e João, os filhos de Zebedeu, se
dirigem a ele, dizendo: “Mestre, desejamos
que cumpra o nosso desejo”.
36. E ele disse-lhes: “O que desejam que eu
lhes faça?”
37. E disseram-lhe: “Conceda-nos que na sua
glória nos assentemos, um à sua direita, e o
outro à sua esquerda”.
38. Mas Jesus disse-lhes: “Vocês não sabem
o que pedem. Vocês podem beber do cálice
que eu bebo, e serem submersos com a sub-
mersão com o qual eu estou sendo submer-
so?”
1. E, quando se aproximam de Jerusalém, a
Betfagé e Betânia, diante do Monte das Oli-
O camelo tinha que se arrastar de joelhos no veiras, envia dois de seus discípulos,
chão para poder passar pelo “olho da agulha”.
Marcos
39. E disseram-lhe: “Podemos”. E Jesus
disse-lhes: “De fato vocês beberão do cálice
que eu bebo, e serão submersos com a sub-
mersão com a qual estou sendo submerso,
40. Mas de assentar-se à minha direita e à
minha esquerda não me compete conceder,
mas para os que foi preparado”.
41. Mas, ouvindo isto os Dez, ficaram tre-
mendamente indignados com Tiago e João.
42. Mas Jesus, chamando-os, lhes diz: “Vo-
cês sabem que aos que foi confiado governar
sobre os povos se assenhoreiam deles, e seus
poderosos exercem autoridade sobre eles.
43. No entanto, não será assim entre vocês.
Quem dentre vocês deseja se tornar grande,
seja o seu servidor.
44. E quem dentre vocês deseja se tornar o
primeiro, seja o servo de todos.
45. Porque o próprio Filho do Homem não
veio para ser servido, mas para servir e dar a
sua vida como pagamento de resgate por
muitos”.
46. E chegam a Jericó. E, saindo de Jericó
com os seus discípulos e uma grande multi-
dão, o cego Bartimeu, filho de Timeu, estava
assentado à beira da estrada mendigando.
47. E, ouvindo que é Jesus, o Nazareno,
começou a gritar e dizer: “Jesus, Filho de
Davi, tenha piedade de mim!”
48. E muitos mandaram que se calasse. Mas
ele gritava ainda mais: “Filho de Davi, tenha
piedade de mim!”
49. E, parando Jesus, pediu que o chamas-
sem. E chamam o cego, dizendo-lhe: “Ale-
gre-se, levante! Ele está lhe chamando!”
50. E ele, lançando fora o seu traje, levan-
tando-se, foi até Jesus.
51. E, perguntando, Jesus lhe diz: “O que
deseja que eu lhe faça?” E o cego lhe disse:
“Mestre, que eu recupere a minha visão!”
52. E Jesus disse-lhe: “Vá, a sua fé lhe cu-
rou!” E imediatamente recuperou a visão e
seguia a Jesus pelo caminho.
11.
57
Marcos
2. E lhes diz: “Entrem no povoado diante
de vocês, e, logo que entrarem, encontrarão
um jumentinho amarrado, no qual jamais
uma pessoa montou. Desamarrando-o, tra-
gam-no.
3. E, se alguém lhes disser: 'Por que fazem
isto?' digam: 'O Senhor precisa dele, e logo o
devolverá'.”
4. E foram, e encontraram o jumentinho
amarrado numa esquina, fora do portão. E o
desamarram.
5. E alguns dos que lá estavam parados
disseram-lhes: “O que estão fazendo desa-
marrando o jumentinho!?”
6. Eles, porém, lhes disseram como Jesus
lhes ordenara. E deixaram-nos ir.
7. E levaram o jumentinho para Jesus. E
lançaram suas vestes nele. E ele montou
nele.
8. E muitos estendiam seus trajes pelo ca-
minho, e outros cortavam ramos das árvores
e espalhavam-nos pelo caminho.
9. E os que andavam na frente, e os que
seguiam, clamavam, dizendo: “Hosana!
Bendito o que vem em nome do Senhor!158
10. Bendito o reino vindouro de nosso pai
Davi, em nome do Senhor! Hosana no Altís-
simo!”
11. E Jesus entrou em Jerusalém e no Tem-
plo. E, olhando tudo em volta, já sendo uma
hora avançada, foi com os Doze para Betâ-
nia.
12. E, no dia seguinte, vindo de Betânia,
sentiu fome.
13. E, vendo à distância uma figueira com
folhas, foi para ver se, por acaso, encontras-
se algo nela. E, chegando até ela, não achou
nada a não ser folhas, porque ainda não era a
estação de figos.
14. E Jesus, fazendo uso da palavra, disse à
mesma: “Nunca jamais ninguém coma fruto
de você”. E seus discípulos o ouviram.
15. E chegam a Jerusalém. E Jesus, entrando
no Templo, começou a expulsar os que ven-
diam e compravam no Templo, e derrubou
158
Salmo 118:26; Mateus 21:9; 23:39; Lucas
19:38; João 12:13
58
as mesas dos cambistas e os bancos dos que
vendiam pombos,
16. E não permitiu que alguém carregasse
qualquer objeto pelo Templo.
17. E ensinava, dizendo-lhes: “Não tem sido
escrito: 'A minha casa será chamada de casa
de oração para todos os povos’159? Mas
vocês a transformaram num ‘covil de la-
drões160“.
18. E os escribas e os arqui-sacerdotes ouvi-
ram isto e procuravam um meio de matá-lo,
mas o temiam, porque toda a multidão se
maravilhava de sua doutrina.
19. E, chegando a noite, saiu da cidade.
20. E, de manhã, passando, viram a figueira
ressecada desde as raízes.
21. E Pedro, lembrando-se, lhe diz: “Rabi,
veja a figueira que o Senhor amaldiçoou,
secou”.
22. Mas, replicando Jesus, lhes diz: “Tenham
fé em Deus!
23. Porque com certeza lhes digo, que todo
aquele que disser a esta montanha: 'Seja
removida e lançada no mar!' e não duvidar
no seu coração, mas crer que aquilo que
disser acontece, lhe sucederá o que disser.
24. Por isso digo-lhes: Tudo que pedirem,
orando, creiam que o receberão e lhes suce-
derá”.
25. E, quando pararem e orarem, perdoem,
se tiverem algo contra alguém, para que o
seu Pai, que está nos Céus, lhes perdoe as
suas falhas.
26. Mas, se vocês não perdoarem, também o
seu Pai, que está nos Céus, não perdoará as
falhas de vocês.”
27. E chegam novamente para Jerusalém. E,
andando ele pelo Templo, dirigem-se a ele
os arqui-sacerdotes, e os escribas, e os anci-
ãos,
28. E dizem-lhe: “Com que autoridade o
Senhor opera isto, e quem lhe deu a autori-
dade para realizar estas obras?”
29. Mas Jesus, respondendo, disse-lhes:
“Também eu lhes perguntarei algo. Respon-
159
Isaías 56:7; Mateus 21:13
160
Jeremias 7:11

dam-me e eu lhes direi com que autoridade
opero isto.
30. A submersão de João era do Céu ou dos
homens? Respondam-me”.
31. E consultaram entre eles, dizendo: “Se
dissermos: 'Do Céu', ele dirá: 'Por que então
não acreditaram nele?'.
32. Mas, se dissermos: 'Dos homens', teme-
mos o povo”. Porque todos consideravam
João como sendo verdadeiramente um profe-
ta.
33. E, respondendo, dizem a Jesus: “Não
sabemos”. E Jesus, respondendo, lhes diz:
“Nem eu lhes digo com que autoridade ope-
ro isto”.
12.
1. E ele começou a falar-lhes em parábolas:
“Certo homem plantou uma vinha, e cercou-
a, e escavou uma prensa de lagar, e construiu
uma torre, e arrendou-a a vinhateiros, e par-
tiu para o exterior.
2. E, na estação dos frutos, enviou um servo
aos vinhateiros, para que recebesse dos vi-
nhateiros do fruto da vinha.
3. Mas estes, pegando-o, espancaram-no e
despediram-no vazio.
4. E, novamente enviou-lhes outro servo, e,
apedrejando-o, feriram-no na cabeça, e o
despediram, insultando-o.
5. E novamente enviou outro, e a este eles
mataram. E muitos outros, espancando a
alguns e matando a outros.
6. Tendo, pois, ainda seu próprio filho a-
mado, enviou-o também por último a eles,
dizendo: ‘Respeitarão ao meu filho’.
7. Mas os vinhateiros disseram entre si:
‘Este é o herdeiro. Venham! Matemo-lo, e a
herança será nossa!’.
8. E, agarrando-o, mataram-no e lançaram-
no para fora da vinha.
9. O que, pois, fará o senhor da vinha? Virá
e matará os vinhateiros e dará a vinha a ou-
tros.
10. Não leram esta Escritura: 'A pedra rejei-
tada pelos construtores, esta tornou-se prin-
cipal pedra angular,
Marcos
11. É obra do Senhor e maravilhosa aos
nossos olhos'161?”
12. E quiseram prendê-lo, mas temiam a
multidão, porque sabiam que contou esta
parábola referindo-se a eles. E, deixando-o,
foram embora.
13. E enviam-lhe alguns dos fariseus e dos
herodianos, para surpreendê-lo na palavra.
14. E, chegando, dizem-lhe: “Mestre, sabe-
mos que o Senhor é verdadeiro, e não se
preocupa com a opinião de ninguém, porque
não olha para a aparência das pessoas, mas
ensina o caminho de Deus de acordo com a
verdade: É permitido pagar imposto a César
ou não? Deveríamos pagá-lo ou não?”
15. Mas, conhecendo sua hipocrisia, disse-
lhes: “Por que me põem à prova? Tragam-
me um denário, para que o veja.”
16. E eles trouxeram-no. E ele lhes diz: “De
quem é a efígie e a inscrição?” E disseram-
lhe: “De César”162.
17. E Jesus, respondendo, disse-lhes: “Pa-
guem a César o que é de César, e a Deus o
que é de Deus!”. E maravilharam-se dele.
18. Dirigem-se então a ele os saduceus, que
afirmam não haver ressurreição, e interpela-
ram-no, dizendo:
19. “Mestre, Moisés nos deixou escrito que
se o irmão de alguém falecesse, e deixasse
sua esposa sem filhos, que o seu irmão deve-
ria tomá-la como esposa e gerar descendên-
cia ao seu irmão.
20. Havia sete irmãos. E o primeiro tomou
esposa, e, falecendo, não deixou descendên-
cia.
21. E o segundo a tomou, e faleceu. E tam-
bém ele não deixou descendência, e do
mesmo modo também o terceiro.
22. E os sete a tiveram, e não deixaram des-
cendência. Por fim, depois de todos, faleceu
também a mulher.
161
Salmo 118:22-23; Mateus 21:42; Lucas 20:17
162
O denário mostrado pode ter sido semelhante a este
denário de 46 a.C. contendo a imagem e a inscrição de
César.
59
Marcos
23. Portanto, na Ressurreição, quando res-
suscitarem, de qual deles será ela a esposa?
Visto que os sete a tiveram por esposa.”
24. Respondendo, porém, Jesus, disse-lhes:
“Não é por isto que vocês se enganam, não
conhecendo as Escrituras, nem o poder de
Deus?
25. Porque, quando ressuscitarem dos mor-
tos, não casam, nem são dados em casamen-
to, mas são como os anjos nos Céus.
26. Mas, quanto aos mortos, que eles ressus-
citam, vocês não leram no livro de Moisés,
como Deus falou pelo espinheiro com ele,
dizendo: ‘Eu sou o Deus de Abraão, e o
Deus de Isaque, e o Deus de Jacó’163?
27. Ele não é o Deus de mortos, mas o Deus
de vivos. Vocês, pois, se enganam tremen-
damente”.
28. E, chegando um dos escribas, ouvindo-os
discutirem, e percebendo que lhes havia
respondido bem, perguntou-lhe: “Qual é o
mandamento mais importante?”
29. E Jesus respondeu-lhe: “De todos os
mandamentos, o mais importante é: ‘Ouça,
Israel! O Senhor nosso Deus é Senhor úni-
co’164.
30. E: ‘Você amará ao Senhor seu Deus de
todo o seu coração, e de toda a sua alma, e
de toda a sua mente, e de toda a sua for-
ça'165, este é o mandamento mais importante.
31. E o segundo lhe é análogo: ‘Você amará
ao seu próximo como a você mesmo'166. Não
há mandamento maior do que estes”.
32. E o escriba lhe disse: “Correto Mestre, o
Senhor falou de acordo com a verdade, que
há um só Deus, e que não há outro além
dele.
33. E de amá-lo de todo o coração, e de toda
a mente, e de toda a alma, e de toda a força,
e de amar ao próximo como a si mesmo, é
163
Êxodo 3:6; Mateus 22:32; Lucas 20:37; Atos
7:32
164
Deuteronômio 6:4
165
Deuteronômio 6:4-5; Mateus 22:37; “…e de
toda a tua mente…” não se encontra no texto
de Deuteronômio. “…e de toda a tua força” não
se encontra em Mateus.
166
Levítico 19:18; Mateus 22:39; Romanos 13:9;
Gálatas 5:14; Tiago 2:8
60
mais do que todos os holocaustos e sacrifí-
cios”.
34. E, vendo Jesus que ele respondeu sensa-
tamente, disse-lhe: “Você não está distante
do Reino de Deus.” E ninguém mais ousou
interrogá-lo.
35. E, falando Jesus, dizia, ensinando no
Templo: “Como dizem os escribas que o
Ungido é o Filho de Davi?
36. Porque Davi mesmo disse pelo Espírito
Santo: ‘Disse o Senhor ao meu Senhor: ‘As-
sente-se à minha direita, até fazer dos seus
inimigos o apoio de seus pés’167'.
37. Se Davi mesmo o chama de ‘Senhor’,
como é ele o seu filho?” E a grande multidão
apreciava ouvi-lo.
38. E dizia-lhes no seu ensino: “Acautelem-
se dos escribas, que adoram andar de estolas,
e dos cumprimentos nas praças,
39. E de ocupar os principais lugares nas
sinagogas, e dos lugares de honra nas co-
memorações.
40. Os quais devoram as casas das viúvas, e,
por pretexto, fazem longas orações. Estes
receberão uma condenação tanto maior”.
41. E Jesus assentou-se diante do tesouro
protegido e observava como as multidões
depositavam seu dinheiro no tesouro prote-
gido. E muitos ricos depositavam muito.
42. Vindo, porém, uma viúva mendiga, de-
positou dois leptos168, que juntos fazem um
quadrante.
43. E, chamando seus discípulos, disse-lhes:
“Verdadeiramente digo-lhes que esta viúva
mendiga depositou mais do que todos os
outros que depositaram no tesouro protegi-
do.
44. Porque todos depositaram daquilo que
lhes sobrava, mas ela de sua necessidade
depositou tudo que tinha, todo o seu meio de
vida”.
167
Salmo 110:1; Mateus 22:44; Lucas 20:42-43;
Atos 2:34-35; I Coríntios 15:25; Hebreus 1:13
168
Lepto: uma décima parte de um denário.

13.
1. E, saindo ele do Templo, um de seus
discípulos lhe diz: “Mestre, veja que pedras,
e que construções!”
2. E Jesus, respondendo, disse-lhe: “Você
vê estas grandes construções? Não será dei-
xada pedra sobre pedra que não seja derru-
bada”.
3. E, assentado no Monte das Oliveiras,
diante do Templo, Pedro, e Tiago, e João, e
André, perguntaram-lhe em particular:
4. “Diga-nos, quando há de suceder isso, e
qual será o sinal quando tudo isso estará para
se cumprir?”
5. E Jesus, respondendo-lhes, começou a
dizer: “Vejam para que ninguém lhes enga-
ne.
6. Porque muitos virão em meu nome, di-
zendo: 'Sou eu!', e enganarão a muitos.
7. Mas, quando ouvirem falar em guerras e
rumores de guerras, não se espantem, porque
é necessário que tudo isso aconteça, mas
ainda não é o fim.
8. Porque etnia se levantará contra etnia, e
reino contra reino, e haverá terremotos em
vários lugares, e haverá fomes e perturba-
ções, o princípio das dores de parto.
9. Mas acautelem-se a vocês mesmos, por-
que lhes entregarão aos sinédrios e às sina-
gogas. Vocês serão açoitados, e serão leva-
dos diante de governadores e reis, por minha
causa, como testemunho para eles.
10. Mas é necessário que a Boa Mensagem
seja primeiramente proclamada a todos os
povos.
11. Mas sempre que lhes prenderem e entre-
garem, não se preocupem nem premeditem
no que vão falar, mas aquilo que lhes for
dado naquele instante, isto falem, porque
não são vocês que falam, mas o Espírito, o
Santo.
12. Mas irmão entregará a irmão à morte, e
pai a filho, e filhos se levantarão contra os
pais, e os levarão à morte.
13. E vocês serão odiados por todos por
causa do meu nome, mas aquele que persistir
até o fim, esse será salvo.
Marcos
14. Mas, quando virem a abominação da
devastação, da qual foi falado pelo profeta
Daniel, estacionada onde não deveria estar
(aquele que lê, reflita), então os que estive-
rem na Judéia fujam para as montanhas,
15. E aquele que estiver no terraço, não des-
ça e entre na casa, nem entre para levar
qualquer objeto de dentro da casa,
16. Nem volte aquele que estiver no campo
para buscar sua roupa.
17. Mas ai das grávidas e das que estiverem
amamentando naqueles dias!
18. Orem, porém, para que a sua fuga não
ocorra no inverno.
19. Porque haverá naqueles dias tal tribula-
ção, como nunca houve, desde o princípio da
criação que Deus criou, até então, e jamais
haverá.
20. E, a não ser que o Senhor abreviasse
esses dias, nenhuma carne se salvaria. Mas,
devido aos seletos, que ele selecionou, abre-
viou esses dias.
21. E, se alguém então lhes disser: ‘Eis aqui
o Ungido!’ ou ‘Eis ali!’, não acreditem.
22. Porque surgirão pseudo-ungidos e pseu-
doprofetas, e farão sinais e milagres, para
enganar, se possível, até os seletos.
23. Mas acautelem-se: Eis que lhes tenho
dito tudo isto antecipadamente.
24. Mas naqueles dias, após a tribulação, o
Sol será coberto de trevas, e a Lua não dará
a sua luz,
25. E as estrelas do céu sairão dos seus cur-
sos, e os poderes dos céus serão abalados.
26. E então verão o Filho do Homem vindo
nas nuvens, com grande poder e glória.
27. E enviará então os seus anjos, e reunirão
seus seletos dos quatro ventos, desde a ex-
tremidade da Terra, até a extremidade do
céu.
28. Mas aprendam da parábola da figueira:
Quando seu ramo já tiver se tornado tenro, e
as folhas começarem a brotar, vocês sabem
que o verão está próximo.
29. Assim também vocês, quando virem isso
acontecer, saibam que está próximo, às por-
tas.
61
Marcos
30. Com certeza lhes digo que de modo al-
gum esta geração terá passado, até que tudo
isso tenha sucedido.
31. O céu e a Terra passarão, mas as minhas
palavras de modo algum passarão.
32. Mas a respeito daquele dia e daquela
hora ninguém sabe, nem mesmo os anjos do
Céu, nem o Filho, mas somente o Pai.
33. Prestem atenção, vigiem e orem, porque
vocês não sabem quando será o tempo de-
terminado.
34. Porque assim como uma pessoa, saindo
de viagem, deixando sua casa, deu autorida-
de a seus servos, e a cada um a sua tarefa, e
mandou ao porteiro vigiar,
35. Assim vigiem, porque não sabem quando
o senhor da casa retorna: À tarde, ou à meia-
noite, ou ao cantar do galo, ou de manhã,
36. Para que, vindo inesperadamente, não
lhes encontre dormindo.
37. Mas o que digo a vocês, digo a todos:
Vigiem!”
14.
1. E após dois dias era a Festa da Páscoa e
dos pães ázimos. E os arqui-sacerdotes e os
escribas analisavam como poderiam prendê-
lo com astúcia e matá-lo.
2. Mas diziam: “Não durante a festa, para
que não aconteça algum tumulto entre o
povo”.
3. E, estando ele em Betânia, reclinado na
casa de Simão, o leproso, veio uma mulher
com um vaso de alabastro com ungüento de
nardo genuíno, preciosíssimo, e, quebrando
o vaso de alabastro, derramou-o sobre a sua
cabeça.
4. E alguns ficaram revoltados dentro deles,
dizendo: “Por que aconteceu este desperdí-
cio do ungüento?
5. Porque poderia ter sido vendido por mais
de trezentos denários, e ter sido dado aos
pobres”. E se queixaram dela.
6. Mas Jesus disse: “Deixem-na em paz!
Por que a molestam? Ela praticou uma boa
obra para comigo.
7. Porque os pobres vocês têm sempre com
vocês, e, sempre que quiserem, podem fazer-
62
lhes o bem. Mas a mim vocês nem sempre
têm.
8. Ela fez o que podia. Ela se antecipou em
ungir o meu corpo para o sepultamento.
9. Com certeza lhes digo: Onde quer que
esta Boa Mensagem for proclamada no
mundo todo, também será contado o que ela
fez, para lembrança sua.”
10. E Judas, o Iscariotes, um dos Doze, foi
aos arqui-sacerdotes para que lhos entregas-
se.
11. E, ouvindo-o, alegraram-se e promete-
ram dar-lhe moedas de prata169. E ele procu-
rava uma oportunidade favorável para entre-
gá-lo.
12. E, no primeiro dia dos pães ázimos,
quando sacrificavam o cordeiro pascal, di-
zem-lhe seus discípulos: “Onde deseja que
façamos os preparativos para comer o cor-
deiro pascal?”
13. E ele envia dois de seus discípulos, e lhes
diz: “Entrem na cidade e encontrarão uma
pessoa carregando um jarro de água. Sigam-
na.
14. E, onde quer que entre, digam ao dono
da casa: 'O Mestre diz: Onde está a sala na
qual posso comer o cordeiro pascal com os
meus discípulos?'
15. E ele lhes mostrará um grande cenáculo
mobiliado e preparado. Façam-nos ali os
preparativos.”
16. E seus discípulos foram e entraram na
cidade, e encontraram como lhes havia dito.
E prepararam o cordeiro pascal.
17. E, vindo a noite, ele vem com os Doze.
18. E, enquanto se reclinavam e comiam,
Jesus disse: “Com certeza lhes digo que um
de vocês, que come comigo, há de me trair”.
19. E eles começaram a se entristecer, e a
dizer-lhe, um após o outro: “Sou eu?” e o
outro: “Sou eu?”
20. Mas ele, respondendo, disse-lhes: “É um
dos Doze que está molhando o bocado co-
migo no prato.
169
argurion (argurion): provavelmente vindo de
argurov (arguros), significando prata. É pos-
sível que cada uma destas moedas de prata e-
quivalia a um shekel.

21. De fato o Filho do Homem parte como
tem sido escrito a seu respeito! Mas ai da
pessoa pela qual o Filho do Homem está
sendo traído! Teria sido melhor para essa
pessoa não ter nascido.”
22. E, comendo eles, Jesus, tomando pão, e,
tendo dado graças, partiu-o e serviu-lhes e
disse: “Tomem, comam, isto é o meu cor-
po”.
23. E, tomando o cálice, e tendo dado graças,
serviu-lhes, e todos beberam dele.
24. E disse-lhes: “Isto é o meu sangue do
Novo Testamento, que é derramado a favor
de muitos.
25. Com certeza lhes digo que não mais
beberei deste fruto da videira até naquele dia
em que o beber fresco no Reino de Deus.”
26. E, tendo cantado um hino, saíram para o
Monte das Oliveiras.
27. E Jesus lhes diz: “Todos vocês se escan-
dalizarão comigo nesta noite, porque tem
sido escrito: ‘Ferirei o pastor, e as ovelhas
serão dispersas'170.
28. Mas, após ter sido despertado, irei adian-
te de vocês para a Galiléia.”
29. Mas Pedro disse-lhe: “Mesmo se todos
se escandalizarem, eu todavia não!”
30. E Jesus lhe diz: “Com certeza lhe digo
que hoje, nesta noite, antes do galo cantar
duas vezes, você me negará três vezes.”
31. Mas ele falou ainda mais enfaticamente:
“Mesmo se fosse preciso morrer com o Se-
nhor, jamais lhe negaria!”. Todos eles tam-
bém falavam o mesmo.
32. E chegam a um lugar chamado Getsêma-
ni171. E ele diz aos seus discípulos: “Assen-
tem-se aqui, enquanto vou orar”.
33. E ele leva consigo a Pedro, e Tiago, e
João, e começou a ficar aterrorizado e pro-
fundamente abatido.
34. E ele lhes diz: “A minha alma está pro-
fundamente afligida, a ponto da morte. A-
guardem aqui e vigiem”.
35. E, afastando-se um pouco, caiu no chão e
orou que, se fosse possível, esta hora passas-
se dele.
170
Zacarias 13:7; Mateus 26:31
171
Γεθσηµανη (gethsemane): prensa de óleo.
Marcos
36. E disse: “Abba172, Pai, tudo lhe é possí-
vel. Remova de mim este cálice, faça-se,
porém, não a minha vontade, mas a tua”.
37. E retorna e os encontra dormindo, e diz
para Pedro: “Simão, está dormindo?! Não
pôde vigiar por uma hora sequer?!
38. Vigiem e orem, para não entrarem em
tentação! O espírito de fato está disposto,
mas a carne é fraca”.
39. E novamente, indo, orou repetindo as
mesmas palavras.
40. E, retornando, encontrou-os novamente
dormindo, porque seus olhos estavam pesa-
dos, e não souberam o que lhe responder.
41. E retorna pela terceira vez, e lhes diz:
“Continuem dormindo e descansando! Bas-
ta, chegou a hora! Eis que o Filho do Ho-
mem está sendo entregue nas mãos dos pe-
cadores.
42. Levantem-se, vamos! Eis que o que me
está traindo tem se aproximado!”
43. E logo, enquanto ainda falava, vem Ju-
das, sendo um dos Doze, e com ele uma
grande multidão, com espadas e bastões,
enviados pelos arqui-sacerdotes, e escribas,
e anciãos.
44. Ora, aquele que o estava traindo havia-
lhes dado um sinal, dizendo: “Aquele que eu
beijar, é ele. Prendam-no e conduzam-no em
segurança”.
45. E, chegando, logo aproximando-se dele,
diz: “Rabi, Rabi!” E o beijou distintamente.
46. E lançaram mão dele e o prenderam.
47. E um dos presentes sacou sua espada e
acertou um servo do arqui-sacerdote e cortou
sua orelha.
48. E Jesus, falando, disse-lhes: “Vocês vie-
ram como contra um ladrão, com espadas e
bastões, para me prender.
49. Diariamente estive com vocês no Templo
ensinando, e vocês não me prenderam, mas é
preciso que as Escrituras se cumpram”.
50. E, abandonando-o, todos fugiram.
172
αββα (Abba): palavra hebraico-caldéia signifi-
cando “Pai”. Encontramos a mesma também
usada em Romanos 8:15 e Gálatas 4:6.
63
Marcos
51. E um certo jovem o seguia com um pano
de linho envolvendo o seu corpo nu, e os
jovens o pegam.
52. Mas ele, largando o pano de linho, fugiu
deles despido.
53. E conduziram a Jesus ao arqui-sacerdote.
E reuniram-se a ele todos os arqui-
sacerdotes, e os anciãos, e os escribas.
54. E Pedro o seguia à distância, até ao pátio
do arqui-sacerdote. E assentou-se com os
servos e aquecia-se no fogo.
55. E os arqui-sacerdotes e todo o Sinédrio
procuravam por testemunhas contra Jesus,
para matá-lo. Mas não acharam nenhuma.
56. Porque muitos davam falso testemunho
contra ele, mas seus testemunhos não cor-
respondiam.
57. E, aparecendo alguns, deram falso teste-
munho contra ele, dizendo:
58. “Nós ouvimo-lo dizer: 'Destruirei este
Templo feito por mãos, e em três dias cons-
truirei outro, não feito por mãos'.”
59. Mas nem os seus testemunhos correspon-
diam.
60. E, levantando-se o arqui-sacerdote no
meio deles, interrogou a Jesus, dizendo:
“Você não responde nada ao que estes testi-
ficam contra você?!”
61. Jesus, porém, permaneceu calado e não
respondeu nada. Novamente o arqui-
sacerdote interrogou-o e lhe diz: “Você é o
Ungido, o Filho do Bendito?”
62. E Jesus disse: “Eu sou! E vocês verão o
Filho do Homem assentado à direita do Po-
der e vindo sobre as nuvens do Céu”.
63. Então o arqui-sacerdote, rasgando suas
túnicas, diz: “Por que ainda precisaríamos de
testemunhas?
64. Vocês ouviram a blasfêmia. O que lhes
parece?” E todos eles o condenaram como
sendo merecedor de morte.
65. E alguns começaram a cuspir nele, e de
cobrir o seu rosto, e a esmurrá-lo, e a dizer-
lhe: “Profetize!” E os oficiais davam-lhe
palmadas.
66. E, estando Pedro no pátio inferior, veio
uma das servas do arqui-sacerdote,
64
67. E, vendo a Pedro se aquecendo, olhando
para ele, disse: “E você também esteve com
Jesus, o Nazareno!”
68. Mas ele o negou, dizendo: “Não o co-
nheço, nem sei do que está falando!” E ele
saiu para o átrio, e o galo cantou.
69. E a serva, vendo-o novamente, começou
a dizer aos que estavam lá parados: “Este é
um deles!”
70. E ele novamente o negou. E logo depois,
os que estavam lá parados, novamente disse-
ram a Pedro: “É claro que você é um deles!
Porque tanto você é galileu, quanto o seu
sotaque é de lá!”
71. Mas ele começou a praguejar e a jurar:
“Não conheço este homem do qual estão
falando!”
72. E pela segunda vez cantou o galo. E
Pedro se lembrou da palavra que Jesus lhe
dissera: “Antes do galo cantar duas vezes,
você me negará três vezes”. E, lembrando-se
disso, caiu em prantos.
15.
1. E, logo de manhã, reunindo-se em conse-
lho, os arqui-sacerdotes, com os anciãos e os
escribas, e todo o Sinédrio, manietando a
Jesus, levaram-no e entregaram-no a Pilatos.
2. E Pilatos interrogou-o: “Você é o Rei dos
Judeus?” E ele, respondendo, disse-lhe:
“Você o diz!”
3. E os arqui-sacerdotes o acusavam com
veemência.
4. E Pilatos novamente lhe perguntou, di-
zendo: “Você não responde nada? Veja a
gravidade com que lhe acusam”.
5. Mas Jesus não respondeu nada, a ponto
de Pilatos se surpreender.
6. Ora, por ocasião da festa ele lhes soltava
um preso, a quem eles desejavam.
7. E havia um, chamado Barrabás, que
havia sido preso junto com co-
revolucionários, tendo cometido assassinato
durante a insurreição.
8. E a multidão, gritando em alta voz, que-
ria que fizesse como de costume.

9. Mas Pilatos respondeu-lhes, dizendo:
“Querem que eu lhes solte o Rei dos Ju-
deus?”
10. Porque ele sabia que os arqui-sacerdotes
o haviam entregue por inveja.
11. Mas os arqui-sacerdotes instigaram a
multidão para que lhes soltasse antes a Bar-
rabás.
12. E Pilatos, respondendo novamente, dis-
se-lhes: “O que querem, então, que eu faça
àquele que vocês chamam de 'Rei dos Ju-
deus'?”
13. Mas eles por outro lado gritavam: “Cru-
cifique-o!”
14. Então Pilatos disse-lhes: “Por quê? Que
mal fez ele?” E gritavam ainda mais alto:
“Crucifique-o!”
15. E assim Pilatos, querendo agradar à mul-
tidão, soltou-lhes Barrabás, e, tendo açoitado
a Jesus, entregou-o para ser crucificado.
16. E os soldados levaram-no ao pátio aber-
to, chamado Pretório, e convocaram o desta-
camento todo.
17. E vestiram-no de púrpura, e entrelaçaram
uma coroa de espinhos e colocaram-na nele.
18. E começaram a saudá-lo: “Salve, Rei dos
Judeus!”
19. E batiam na sua cabeça com uma vara, e
cuspiam nele, e, ajoelhando-se reverencia-
vam-no.
20. E, após terem zombado dele, tiraram-lhe
a púrpura, e vestiram-no com suas próprias
vestes, e conduzem-no para fora, para cruci-
ficá-lo.
21. E obrigam a um passante, a Simão, cire-
neu, vindo do campo, o pai de Alexandre e
Rufus, a carregar a sua cruz.
22. E levam-no a um lugar chamado Gólgo-
ta, que traduzido significa: “Lugar da Cavei-
ra”.
23. E deram-lhe de beber vinho mirrado173,
mas ele não o aceitou.
24. E, tendo-o crucificado, repartiram suas
vestes, lançando a sorte, para saber o que
cada um levaria.
25. E eram nove horas quando o crucifica-
ram.
173
Vinho preparado com essência de mirra.
Marcos
26. E a epígrafe de sua acusação estava es-
crita: “O Rei dos Judeus”.
27. E com ele crucificam dois assaltantes,
um à sua direita e o outro à sua esquerda.
28. E cumpriu-se a Escritura que diz: “E foi
contado entre os fora-da-lei”174.
29. E os que passavam insultavam-no, me-
neando suas cabeças, e dizendo: “Ah, você
que destrói o Templo e o reconstrói em três
dias,
30. Salve-se a você mesmo, e desça da
cruz!”
31. Da mesma maneira também os arqui-
sacerdotes, com os escribas, zombando,
diziam uns aos outros: “Salvou a outros! A
si mesmo não é capaz de salvar!
32. O Ungido, o Rei de Israel, desça agora
da cruz, para que vejamos e creiamos!”
Também os que com ele foram crucificados
insultavam-no.
33. E às doze horas sobreveio escuridão
sobre toda a Terra, até às quinze horas.
34. E, às quinze horas, bradou Jesus em alta
voz, dizendo: “Eloí, eloí, lamá sabactâni?”175
Que traduzido significa: “Deus meu, Deus
meu, por que me abandonou?”176
35. E alguns dos que estavam ali parados,
ouvindo-o, disseram: “Vejam que chama por
Elias!”
36. E um deles, correndo, embebeu uma
esponja em vinagre, e colocando-a numa
vara, deu-lhe de beber, dizendo: “Esperem!
Vejamos se Elias vem para tirá-lo!”
37. E Jesus, bradando em alta voz, expirou.
38. E o véu do Templo rasgou-se em dois, de
cima para baixo.
39. E, vendo o centurião que estava parado
diante dele que assim bradando expirara,
disse: “Verdadeiramente este homem era o
Filho de Deus!”
40. Havia também mulheres assistindo de
longe, entre as quais estavam: Maria, a Ma-
dalena, e Maria, mãe de Tiago, o menor, e
de José, e Salomé.
174
Isaías 53:12; Lucas 22:37
175
Frase falada em aramaico.
176
Salmo 22:1; Mateus 27:46
65
Marcos
41. As quais também o haviam seguido e lhe
ministrado quando esteve na Galiléia, e mui-
tas outras que haviam subido com ele para
Jerusalém.
42. E, já sendo tarde, por ser a Preparação,
que é o dia anterior ao Descanso,
43. Veio José, de Arimatéia, um conselheiro
honrado, o qual também aguardava o Reino
de Deus, e foi ousadamente a Pilatos, e pe-
diu pelo corpo de Jesus.
44. E Pilatos se surpreendeu que já estivesse
morto. E, chamando o centurião, perguntou-
lhe se fazia muito que morrera.
45. E, tomando conhecimento com o centu-
rião, cedeu o corpo a José.
46. E, comprando um lençol de linho fino, e,
tendo-o descido, envolveu-o no lençol, e
deitou-o numa sepultura, talhada na rocha, e
rolou uma pedra diante da entrada da sepul-
tura.
47. E Maria, a Madalena, e Maria, mãe de
José, observavam onde estava sendo posto.
16.
1. E, tendo passado o Descanso, Maria, a
Madalena, e Maria, a mãe de Tiago, e Salo-
mé, compraram arômatas, para ir ungi-lo.
2. E, muito cedo, ao nascer do sol do pri-
meiro dia da semana, foram à sepultura.
3. E, conversando, diziam: “Quem nos
revolverá a pedra da entrada da sepultura?”
4. E, levantando os olhos, percebem que a
pedra já fora revolvida, porque era muito
grande.
5. E, entrando na sepultura, viram um jo-
vem assentado à direita, vestido de uma
estola branca. E ficaram extremamente ma-
ravilhadas.
6. Ele, porém, lhes diz: “Não tenham medo!
Vocês procuram a Jesus, o Nazareno, que foi
crucificado. Ele ressuscitou, não está aqui.
Vejam o lugar onde o haviam deitado!
66
7. Mas vão e contem aos seus discípulos, e
a Pedro, que ele irá adiante de vocês para a
Galiléia. Lá vocês o verão, como lhes disse.”
8. E, partindo apressadamente, fugiram da
sepultura, porque tremiam e estavam espan-
tadas. E não disseram nada a ninguém, por-
que estavam com medo.
9. Ressuscitando Jesus, cedo, no primeiro
dia da semana, apareceu primeiro a Maria, a
Madalena, da qual expulsara sete demônios.
10. E ela foi e o anunciou aos que haviam
estado com ele, ainda de luto e chorando.
11. E eles, ouvindo que ele estava vivo, e
havia sido visto por ela, não creram.
12. Depois disto apareceu, com outra apa-
rência, a dois deles, enquanto caminhavam
para o campo.
13. E foram e contaram-no aos que ficaram.
Mas também não deram crédito a eles.
14. Mais tarde, estando reclinados, apareceu
aos Onze, e os admoestou energicamente
pela sua incredulidade e dureza de coração,
porque não haviam crido aos que o haviam
visto ressurreto.
15. E disse-lhes: “Indo ao mundo todo, pro-
clamem a Boa Mensagem a toda a Criação.
16. Quem crer e for submerso será salvo.
Mas quem não crer será condenado.
17. E estes sinais seguirão aos que crêem:
Em meu nome expelirão a demônios, falarão
em novas línguas,
18. Levantarão serpentes, e, se beberem algo
mortífero, não lhes fará mal, farão a imposi-
ção de mãos aos doentes, e se tornarão sau-
dáveis.”
19. De fato, tendo o Senhor falado com eles,
foi assunto ao Céu, e assentou-se à direita de
Deus.
20. E eles, indo, pregavam em todos os luga-
res. E o Senhor operava com eles, confir-
mando sua Palavra com os sinais que segui-
am. Amém.

A BOA MENSAGEM SEGUNDO
LUCAS
1.
1. Visto que muitos se propuseram a des-
crever em ordem a narrativa dos assuntos
dos quais entre nós temos plena convicção,
2. Como nos foi transmitida por aqueles
que desde o princípio foram testemunhas
oculares e oficiais da Palavra,
3. Pareceu-me bem, também a mim, tendo
examinado tudo minuciosamente desde o
princípio, a descrevê-las cronologicamente a
você, excelentíssimo Teófilo,
4. Para que você conheça a firmeza das
palavras em que foi instruído.
5. Nos dias de Herodes, rei da Judéia, havia
certo sacerdote, da ordem de Abias, chama-
do Zacarias, e sua esposa, das filhas de A-
rão, chamada Elizabete.
6. E ambos eram justos diante de Deus,
andando em todos os mandamentos e orde-
nanças do Senhor sem falhas.
7. Mas não tinham filho, sendo que Eliza-
bete era estéril, e ambos avançados em seus
dias.
8. E aconteceu que, exercendo ele o sacer-
dócio diante de Deus, de acordo com o man-
dato de sua ordem,
9. De acordo com o costume do serviço
sacerdotal, caiu-lhe a sorte de entrar no
Templo do Senhor e queimar o incenso.
10. E toda a multidão do povo estava orando
do lado de fora, à hora do incenso.
11. E apareceu-lhe um anjo do Senhor, para-
do à direita do altar do incenso.
12. Vendo-o, Zacarias ficou assustado, e
medo se apoderou dele.
13. Mas o anjo lhe disse: “Não tenha medo,
Zacarias, porque a sua súplica foi ouvida, e
sua esposa Elizabete lhe dará à luz a um
filho, e você lhe dará o nome de João.
14. E ele lhe será por felicidade e exultação,
e muitos se alegrarão com o seu nascimento.
15. Porque ele será grande diante do Senhor,
e jamais beberá vinho, nem bebida forte, e já
Lucas
desde o ventre materno estará cheio do Espí-
rito Santo.
16. E converterá a muitos dos filhos de Israel
ao Senhor, seu Deus.
17. E irá adiante dele no espírito e no poder
de Elias, para converter os corações dos pais
aos filhos, e os descrentes à sabedoria dos
justos, para preparar para o Senhor um povo
ordenado177”.
18. E Zacarias disse ao anjo: “Como tomarei
conhecimento disto? Porque eu sou idoso e
minha esposa avançada nos seus dias”.
19. E, respondendo, o anjo disse-lhe: “Eu
sou Gabriel, que sirvo diante de Deus, e fui
enviado para falar com você, e anunciar-lhe
esta Boa Mensagem.
20. Mas eis que você ficará mudo, e não será
capaz de falar até ao dia em que isto suceder,
por não ter crido nas minhas palavras que se
cumprirão a seu tempo”.
21. E o povo esperava por Zacarias, e admi-
ravam-se pela sua demora no Templo.
22. Mas, tendo saído, não podia falar com
eles, e perceberam que havia tido uma visão
no Templo. E ele lhes fazia sinais e perma-
necia mudo.
23. E aconteceu que, tendo-se completado os
dias de seu serviço, foi para a sua casa.
24. Ora, após estes dias, Elizabete, sua espo-
sa, concebeu, e se encerrou por cinco meses,
dizendo:
25. “Assim procedeu o Senhor nos dias em
que ele me contemplou, para tirar a minha
vergonha dentre as pessoas”.
26. E, no sexto mês, foi enviado o anjo Ga-
briel por Deus a uma cidade da Galiléia,
chamada Nazaré,
27. A uma virgem, desposada com um ho-
mem chamado José, da casa de Davi. E o
nome da virgem era Maria.
28. E o anjo, entrando para com ela, disse:
“Felicitações, altamente favorecida! O Se-
177
Malaquias 4:5-6
67
Lucas
nhor está com você, bendita entre as mulhe-
res!”
29. Mas ela, vendo-o, assustou-se muito com
a sua palavra, e meditava sobre que tipo de
saudação seria esta.
30. E o anjo disse-lhe: “Não tenha medo,
Maria! Porque você achou graça diante de
Deus.
31. E eis que você conceberá no seu ventre e
dará à luz a um filho, e você lhe dará o nome
de Jesus.
32. O mesmo será grande, e será chamado de
‘Filho do Altíssimo’. E o Senhor Deus lhe
dará o trono de seu pai Davi.
33. E ele reinará sobre a casa de Jacó para
sempre, e seu reino não terá fim”.
34. Mas Maria disse ao anjo: “Como sucede-
rá isto, visto que não tenho relações com
homem?”
35. E, respondendo, o anjo disse-lhe: “O
Espírito Santo lhe sobrevirá, e o poder do
Altíssimo lhe sombreará. Razão porquê tam-
bém o Santo nascido será chamado de Filho
de Deus.
36. E, eis que Elizabete, sua parenta, tam-
bém concebeu um filho na sua velhice, e
está no sexto mês, ela que era chamada de
estéril.
37. Porque nada será impossível para com
Deus!”
38. E Maria disse: “Eis a serva do Senhor!
Aconteça comigo segundo a sua palavra.” E
o anjo partiu dela.
39. E, levantando-se Maria, naqueles dias,
foi apressadamente à região montanhosa,
para uma cidade de Judá,
40. E entrou na casa de Zacarias e saudou a
Elizabete.
41. E aconteceu que, ao ouvir Elizabete a
saudação de Maria, o bebê saltou no seu
ventre, e Elizabete ficou cheia do Espírito
Santo,
42. E exclamou em alta voz, e disse: “Bendi-
ta você entre as mulheres, e bendito o fruto
do seu ventre!
43. Como é possível que venha a mim a mãe
do meu Senhor?!
68
44. Porque eis que, quando a voz da sua
saudação chegou aos meus ouvidos, o bebê
saltou de felicidade no meu ventre.
45. E bem-aventurada é a que creu, porque
cumprir-se-á o que lhe foi dito pelo Senhor”.
46. E Maria disse: “Minha alma engrandece
ao Senhor,
47. E o meu espírito exulta em Deus meu
Salvador.
48. Porque contemplou na humildade de sua
serva. Eis que a partir de agora me declara-
rão bem-aventurada todas as gerações.
49. Porque o Poderoso me fez obras maravi-
lhosas, e seu nome é Santo,
50. E sua misericórdia dura de gerações a
gerações para os que o temem.
51. Ele se demonstrou poderosamente com o
seu braço, dispersou os orgulhosos na ima-
ginação de seus corações.
52. Depôs poderosos de seus tronos, e exal-
tou os humildes.
53. Cumulou de bens os famintos, e despediu
vazios os ricos.
54. Ajudou a seu servo Israel, em lembrança
de sua misericórdia,
55. Como falou aos nossos pais, a Abraão e à
sua descendência para sempre”.
56. E Maria permaneceu com ela por em
torno de três meses, e retornou para a sua
casa.
57. Ora, a Elizabete cumpriu-se o tempo para
o parto, e deu à luz a um filho.
58. E seus vizinhos e parentes ouviram que o
Senhor lhe havia demonstrado grande mise-
ricórdia, e se alegraram com ela.
59. E ocorreu que, no oitavo dia, vieram
circuncidar o menino, e chamaram-no de
acordo com o nome de seu pai, Zacarias.
60. Mas a mãe, respondendo, disse: “Não!
Mas será chamado de João!”
61. Mas eles lhe disseram: “Não tem nin-
guém entre seus parentes chamado por este
nome!”
62. Fizeram sinais ao seu pai em como dese-
java que fosse chamado.
63. E, pedindo por um quadrinho, escreveu,
dizendo: “O seu nome é João”. E todos se
surpreenderam.

64. E imediatamente abriu-se-lhe a boca e
soltou-se sua língua e ele falava, bendizendo
a Deus.
65. E sobreveio temor a todos os que mora-
vam ao seu redor. E em toda a região mon-
tanhosa da Judéia comentava-se todo o ocor-
rido.
66. E todos que o ouviram guardavam tudo
no seu coração, dizendo: “O que será deste
menino?!” E a mão do Senhor estava com
ele.
67. E seu pai Zacarias ficou cheio do Espíri-
to Santo e profetizou, dizendo:
68. “Bendito o Senhor Deus de Israel! Por-
que visitou e operou a redenção do seu povo,
69. E levantou um chifre de salvação por nós
na casa de seu servo Davi,
70. Como havia dito pela boca de seus santos
profetas, desde o princípio,
71. Que seríamos salvos de nossos inimigos
e da mão de todos aqueles que nos odeiam,
72. Para executar misericórdia aos nossos
pais, e de lembrar-se do seu Santo Testa-
mento,
73. Do juramento que prestou a nosso pai
Abraão,
74. De nos conceder que, resgatados da mão
de nossos inimigos, o servíssemos sem te-
mor,
75. Em santidade e justiça diante dele, todos
os dias de nossa vida.
76. E você, menino, será chamado de profeta
do Altíssimo, porque andará diante da face
do Senhor, para preparar os seus caminhos,
77. Para dar o conhecimento da salvação ao
seu povo, pela remissão de seus pecados,
78. Pelas afeições de misericórdia de nosso
Deus, pelas quais nos visitou o alvorecer das
alturas,
79. Para brilhar sobre os assentados nas tre-
vas e na sombra da morte, para dirigir nos-
sos passos ao caminho da paz.”
80. E o menino crescia e se fortalecia no
espírito. E estava nos desertos até ao dia de
sua aparição a Israel.
Lucas
2.
1. E aconteceu naqueles dias que foi publi-
cado um edito por César Augusto, que todo
o mundo fosse inscrito nos registros.
2. Este primeiro censo ocorreu na época em
que Quirino era governador da Síria.
3. E todos foram para ser registrados, cada
um na sua própria cidade.
4. E subiu também José, da Galiléia, da
cidade de Nazaré, para a Judéia, à cidade de
Davi, chamada Belém, sendo que era da casa
e da família de Davi,
5. Para ser registrado, junto com Maria, sua
mulher a ele desposada, que estava grávida.
6. E aconteceu que, na época em que lá
estavam, cumpriram-se os dias para o parto.
7. E deu à luz ao seu filho primogênito, e
envolveu-o em fraldas, e deitou-o numa
manjedoura, porque não havia lugar para
eles na pousada.
8. Havia pastores nos campos daquela regi-
ão, dormindo a céu aberto, cuidando de seu
rebanho durante a noite.
9. E eis que lhes apareceu um anjo do Se-
nhor, e a glória do Senhor brilhou ao seu
redor, e eles ficaram com muito medo.
10. E disse-lhes o anjo: “Não tenham medo!
Eis que lhes anuncio Boa Mensagem, que
será razão de grande alegria para todo o
povo.
11. Porque hoje lhes nasceu o Salvador, o
qual é o Senhor Ungido, na cidade de Davi.
12. E este lhes será o sinal: Encontrarão um
bebê, envolto em fraldas, deitado numa man-
jedoura”.
13. E de repente havia com o anjo uma mul-
tidão dos exércitos celestes, glorificando a
Deus, e dizendo:
14. “Glória a Deus no Altíssimo, e paz na
Terra, às pessoas a sua benevolência”.
15. E aconteceu que ao partirem deles os
anjos para o Céu, os homens pastores disse-
ram uns aos outros: “Vamos agora até Be-
lém, e vejamos o ocorrido, que o Senhor nos
fez saber”.
69
Lucas
16. E foram apressadamente, e encontraram
Maria e José, e o bebê deitado na manjedou-
ra.
17. E, tendo-o visto, contaram o que lhes foi
dito a respeito deste menino.
18. E todos que o ouviram maravilharam-se
daquilo que lhes diziam os pastores.
19. Mas Maria guardava a lembrança de
todas estas palavras, meditando nelas no seu
coração.
20. E os pastores voltaram, glorificando e
louvando a Deus por tudo aquilo que haviam
ouvido e visto, como lhes havia sido dito.
21. E, ao completarem-se os oito dias para a
circuncisão do menino, chamaram-no de
Jesus, assim como fora chamado pelo anjo,
antes de ter sido concebido no ventre.
22. E, quando se cumpriram os dias de sua
purificação, de acordo com a Lei de Moisés,
levaram-no para Jerusalém, para apresentá-
lo ao Senhor,
23. Como tem sido escrito na Lei do Senhor:
“Todo primogênito masculino que abrir a
madre será chamado de santo ao Se-
nhor”178,
24. E oferecerá um sacrifício de acordo com
o que foi dito na Lei do Senhor: “Um par de
rolas ou dois pombinhos”179.
25. E eis que havia um homem em Jerusa-
lém, cujo nome era Simeão. E este homem
era justo e piedoso, aguardando a consolação
de Israel, e o Espírito Santo estava sobre ele.
26. E fora-lhe revelado pelo Espírito Santo
que não veria a morte antes de ter visto o
Ungido do Senhor.
27. E foi ao Templo, movido pelo Espírito. E
quando os pais trouxeram o menino Jesus
para proceder com ele segundo o costume da
Lei,
28. Tomou-o em seus braços, e bendisse a
Deus, e disse:
29. “Soberano, agora pode despedir o seu
servo em paz, de acordo com a sua palavra,
30. Porque os meus olhos viram a sua salva-
ção,
178
Êxodo 13:2
179
Levítico 12:8
70
31. A qual o Senhor preparou diante de todos
os povos,
32. Luz para a iluminação dos povos e res-
plendor de seu povo Israel”.
33. E José e sua mãe se admiraram daquilo
que foi falado a seu respeito.
34. E Simeão abençoou-os, e disse a Maria,
sua mãe: “Eis que este é posto para ruína e
para o levantamento de muitos em Israel, e
por sinal de contradição.
35. E também uma espada atravessará a sua
alma, para que as intenções dos corações de
muitos sejam reveladas”.
36. E havia uma profetiza, Ana, filha de
Fanuel, da tribo de Aser, de idade avançada,
tendo convivido por sete anos com o seu
marido desde a sua virgindade,
37. E era viúva, de em torno de oitenta e
quatro anos, que não deixava o Templo,
servindo dia e noite com jejuns e orações.
38. E, vindo ela naquele momento, deu gra-
ças ao Senhor, e falava a respeito dele para
todos os que aguardavam a redenção em
Jerusalém.
39. E, havendo concluído tudo de acordo
com a Lei do Senhor, retornaram para a
Galiléia, à sua própria cidade, Nazaré.
40. E o menino crescia e se tornou forte no
espírito, repleto de sabedoria, e a graça de
Deus estava sobre ele.
41. E seus pais iam anualmente para Jerusa-
lém por ocasião da festa da Páscoa.
42. E, chegando à idade de doze anos, e ten-
do subido para Jerusalém de acordo com o
costume da festa,
43. E, chegando aqueles dias ao término,
enquanto eles retornavam, o menino Jesus
ficou para trás em Jerusalém, e José e sua
mãe não o souberam,
44. Supondo ele estar na companhia dos
viajantes, prosseguiram na jornada de um
dia, e procuraram-no entre os parentes e
entre os conhecidos.
45. Mas, não tendo-o encontrado, retornaram
para Jerusalém, à sua procura.
46. E aconteceu, após três dias, que o encon-
traram no Templo, sentado no meio dos
mestres, tanto ouvindo-os quanto dirigindo-
lhes perguntas.

47. E todos que o ouviam ficaram impres-
sionados com o seu conhecimento e com as
suas respostas.
48. E, vendo-o, ficaram surpresos, e disse-
lhe sua mãe: “Filho, por que nos fez isto?
Eis que seu pai e eu lhe procuramos angusti-
ados!”.
49. E ele disse-lhes: “Por que procuraram
por mim? Não sabiam que devo estar no que
é de meu Pai?”
50. Mas eles não entenderam a palavra que
lhes falou.
51. E desceu com eles e foi para Nazaré, e
era-lhes submisso. E sua mãe guardava a
lembrança de tudo isso no seu coração.
52. E Jesus crescia em sabedoria e maturida-
de, e na graça para com Deus e as pessoas.
3.
1. Ora, no décimo quinto ano do império de
Tibério César, sendo Pôncio Pilatos gover-
nador da Judéia, Herodes o tetrarca da Gali-
léia, e seu irmão Filipe o tetrarca da Ituréia e
da região de Tracônites, e Lisânias o tetrarca
de Abilene,
2. Durante o arqui-sacerdócio de Anás e
Caifás, veio a Palavra de Deus a João, o
filho de Zacarias, no deserto.
3. E percorreu toda a região ao redor do
Jordão, proclamando a submersão do arre-
pendimento, para a remissão dos pecados,
4. Conforme tem sido escrito no livro das
palavras do profeta Isaías, dizendo: “Voz
clamando no deserto: ‘Preparem o caminho
do Senhor. Endireitem as suas veredas!
5. Toda ravina será aterrada, e todo monte
e todo morro serão nivelados, e as curvas
serão endireitadas e os caminhos esburaca-
dos serão pavimentados.
6. E toda a carne verá a salvação de
Deus’180.”
7. Dizia então às multidões que vinham
para ser submersas por ele: “Cria de víboras!
Quem lhes alertou para fugirem da ira vin-
doura!?
180
Isaías 40:3-5; Mateus 3:3; Marcos 1:3; Lucas
3:4-6; João 1:23
Lucas
8. Produzam, pois, frutos que correspon-
dam com o arrependimento! E não comecem
a dizer para vocês mesmos: ‘Temos Abraão
por pai’. Porque digo-lhes que Deus é capaz
de gerar filhos à Abraão a partir destas pe-
dras.
9. E agora o machado já está dirigido à raiz
das árvores. Toda árvore, pois, que não pro-
duz fruto bom é cortada e lançada no fogo.”
10. E as pessoas perguntaram, dizendo: “E
agora, o que faremos?!”
11. E, respondendo, disse-lhes: “Aquele que
tiver duas túnicas, dê ao que não tem. E
aquele que tiver mantimentos, faça o mes-
mo”.
12. E vieram também os cobradores de im-
postos para serem submersos, e disseram-
lhe: “Mestre, o que nós temos que fazer?”
13. E ele disse-lhes: “Não cobrem nada além
do que é permitido”.
14. Também os soldados perguntaram-lhe,
dizendo: “E nós, o que faremos?” E ele dis-
se-lhes: “Não intimidem a ninguém, nem
façam falsa acusação, e contentem-se com o
seu salário”.
15. Mas, estando o povo na expectativa, e
perguntando-se todos em seus corações, com
respeito a João, se ele poderia ou não ser o
Ungido,
16. Respondeu João a todos, dizendo: “Eu,
de fato, lhes submerjo na água, mas vem
aquele que é mais poderoso que eu, do qual
não sou digno de desatar as correias de seus
calçados. Ele lhes submergirá no Espírito
Santo e no fogo,
17. Na mão do qual está o crivo181, e ele
limpará completamente a eira, e recolherá o
trigo no seu celeiro, mas a palha queimará
em fogo inextinguível.”
18. Disse-lhes ainda muitas outras verdades,
falando com eles e anunciando a Boa Men-
sagem ao povo.
19. Mas o tetrarca Herodes, sendo recrimi-
nado por ele quanto a Heródias, esposa de
seu irmão Filipe, e referente a todos os ma-
les que Herodes praticara,
181
Crivo: peneira que separa o trigo do joio e
outras impurezas.
71
Lucas
20. Acrescentou a tudo isso o de prender a
João na cadeia.
21. E aconteceu que, tendo sido submerso
todo o povo, e tendo sido submerso Jesus e
orando, abriu-se o Céu,
22. E desceu o Espírito Santo em forma
corpórea, como pomba, sobre ele, e surgiu
uma voz do Céu, dizendo: “Você é o meu
Filho amado, tenho profunda satisfação em
você!"182
23. E Jesus mesmo chegava à idade de trinta
anos, sendo, como se supunha, filho de José,
de Eli,
24. De Matate, de Levi, de Melqui, de Janai,
de José,
25. De Matatias, de Amós, de Naum, de Esli,
de Nagai,
26. De Maate, de Matatias, de Semei, de
José, de Judá,
27. De Joanã, de Resá, de Zorobabel, de
Salatiel, de Neri,
28. De Melqui, de Adi, de Cosã, de Elmodã,
de Er,
29. De Josué, de Eliézer, de Jorim, de Mata-
te, de Levi,
30. De Simeão, de Judá, de José, de Jonã, de
Eliaquim,
31. De Meleá, de Mená, de Matatá, de Natã,
de Davi,
32. De Jessé, de Obede, de Boaz, de Salmão,
de Naassom,
33. De Aminadabe, de Arão, de Esrom, de
Perez, de Judá,
34. De Jacó, de Isaque, de Abraão, de Terá,
de Nacor,
35. De Serugue, de Ragaú, de Falegue, de
Eber, de Salá,
36. De Cainã, de Arfaxade, de Sem, de Noé,
de Lameque,
37. De Matusalém, de Enoque, de Jarede, de
Maleleel, de Cainã,
38. De Enos, de Sete, de Adão, de Deus.
182
Mateus 3:17; 17:5; Marcos 1:11; 9:7; Lucas
9:35; II Pedro 1:17
72
4.
1. E Jesus, cheio do Espírito Santo, retor-
nou do Jordão, e foi conduzido pelo Espírito
ao deserto,
2. Sendo tentado pelo Caluniador por qua-
renta dias. E não comeu nada nesses dias. E,
findos os mesmos, sentiu fome.
3. E o Caluniador lhe disse: “Caso você
seja o Filho de Deus, diga a esta pedra que
se transforme em pão”.
4. E, respondeu-lhe Jesus, dizendo: “Tem
sido escrito que o ser humano não viverá de
pão somente, mas de toda a Palavra de
Deus”183.
5. E, conduzindo-o a uma montanha eleva-
da, o Caluniador mostrou-lhe, num instante,
todos os reinos do mundo.
6. E disse-lhe o Caluniador: “Eu lhe darei
toda esta autoridade e a sua glória, porque
me foi confiada, e a qualquer que desejar
outorgá-la,
7. Se você, pois, me adorar, tudo isso será
seu”.
8. E, respondendo-lhe Jesus, disse: “Retire-
se para trás de mim, Adversário! Porque tem
sido escrito: ‘Ao Senhor seu Deus você ado-
rará, e somente a ele servirá’184.”
9. E levou-o para Jerusalém, e colocou-o
sobre o pináculo do Templo, e disse-lhe:
“Caso você seja o Filho de Deus, atire-se
daqui para baixo,
10. Porque tem sido escrito que ordenará a
seus anjos a seu respeito, de cuidar de você,
11. E que lhe sustentarão nas suas mãos,
para que o seu pé não bata contra alguma
pedra185”.
12. E, respondendo, disse-lhe Jesus: “Foi
dito: ‘Você não tentará ao Senhor seu
Deus’186”.
183
Deuteronômio 8:3; Mateus 4:4
184
A citação une Deuteronômio 6:13 e 10:20;
Mateus 4:10
185
Salmo 91:11-12; Mateus 4:6
186
Deuteronômio 6:16; Mateus 4:7

13. E, tendo concluído todas as tentações, o
Caluniador ausentou-se dele por algum tem-
po.
14. E Jesus retornou no poder do Espírito
para a Galiléia. E a sua fama se espalhou por
toda a região ao redor.
15. E ele ensinava nas suas sinagogas, sendo
elogiado por todos.
16. E veio a Nazaré, onde fora criado, e,
segundo o seu costume, entrou na sinagoga,
no dia dos Descansos, e colocou-se em pé
para fazer a leitura.
17. E foi-lhe entregue o livro do profeta
Isaías. E, tendo desenrolado o livro, achou a
passagem na qual estava escrito:
18. “O Espírito do Senhor está sobre mim, e
ungiu-me para anunciar a Boa Mensagem
aos pobres187, enviou-me para curar os ma-
goados de coração, proclamar remissão aos
cativos e a restauração da vista aos cegos,
pôr em liberdade os oprimidos,
19. Para proclamar o ano aceitável do Se-
nhor”188.
20. E, tendo enrolado o livro e entregue ao
ajudante, assentou-se. E os olhos de todos na
sinagoga estavam voltados para ele.
21. E ele começou a dizer-lhes: “Hoje se
cumpriu esta Escritura aos seus ouvidos”.
22. E todos testemunhavam dele, e maravi-
lhavam-se destas palavras cheias de graça
que procediam de sua boca, e diziam: “Não
é este o filho de José?”
23. E ele disse-lhes: “Certamente vocês me
dirão esta parábola: ‘Médico, cure-se a você
mesmo! O que ouvimos ter sido realizado
em Cafarnaum, faça-o também aqui na sua
pátria.”
24. Mas ele disse: “Verdadeiramente digo-
lhes que não há profeta que seja bem-
recebido na sua pátria.
25. Na verdade digo-lhes, havia muitas viú-
vas nos dias de Elias em Israel, quando o céu
ficou fechado por três anos e seis meses, na
época em que houve uma grande fome sobre
toda a Terra,
187
Mateus 11:5
188
Isaías 61:1-2
Lucas
26. E a nenhuma delas foi Elias enviado, a
não ser a uma viúva de Sarepta, em Sídon.
27. E havia em Israel muitos leprosos na
época do profeta Eliseu, e nenhum deles foi
purificado, a não ser o sírio Naamã”.
28. E todos na sinagoga, ouvindo isto, se
encheram de fúria.189
29. E, levantando-se, expulsaram-no da ci-
dade, e conduziram-no a uma penha na mon-
tanha, sobre a qual foi construída a sua cida-
de, para precipitá-lo dali.
30. Mas ele, passando pelo meio deles, foi
embora.
31. E desceu a Cafarnaum, cidade da Gali-
léia, e ensinava-lhes nos Descansos.
32. E ficaram profundamente impressiona-
dos com o seu ensinamento, porque sua
palavra tinha autoridade.
33. E havia uma pessoa na sinagoga possuí-
da por um espírito de demônio imundo, e
gritava em alta voz,
34. Dizendo: “Ah! Deixe-nos em paz! Que
temos nós com você, Jesus Nazareno? Você
veio para nos destruir? Sei quem você é: O
Santo de Deus!”.
35. E Jesus repreendeu-o, dizendo: “Cale-se,
e saia dele!” E, tendo-o derrubado no meio
deles, o demônio saiu dele, não tendo-o
causado nenhum ferimento.
36. E a todos sobreveio o espanto, e falaram
uns aos outros, dizendo: “Que palavra é esta,
que com autoridade e poder ele manda os
espíritos imundos, e eles se retiram!?”
37. E a sua fama divulgou-se por todo o
lugar daquela região.
38. E, saindo da sinagoga, entrou na casa de
Simão. E a sogra de Simão encontrava-se
acometida por uma febre alta. E rogaram-lhe
a seu favor.
39. E, inclinando-se a ela, repreendeu a fe-
bre, e a mesma a deixou. E, levantando-se
imediatamente, os serviu.
40. E, ao pôr do sol, todos quantos tinham
enfermos de diversas doenças levavam-nos a
189
Jesus compara a sua recepção na sua pátria
com a recepção de outros profetas do passado
por estrangeiros. Os seus compatriotas não gos-
taram.
73
Lucas
ele, e, impondo as mãos em cada um deles,
curava-os.
41. E de muitos também saíam os demônios,
gritando e dizendo: “Você é o Ungido, o
Filho de Deus!” E, repreendendo-os, não
permitia que falassem, porque sabiam que
ele era o Ungido.
42. E, ao raiar do dia, saiu, foi para um lugar
solitário, e as multidões o procuravam, e
foram até ele e tentavam impedi-lo de reti-
rar-se deles.
43. Ele, porém, disse-lhes: “É necessário que
eu anuncie também às outras cidades a Boa
Mensagem do Reino de Deus, porque para
isto fui enviado”.
44. E pregava nas sinagogas da Galiléia.
5.
1. E aconteceu que, apertando-o a multidão
para ouvir a Palavra de Deus, ele estava
parado à margem do lago de Genesaré.
2. E ele viu dois barcos parados à margem
do lago, e os pescadores haviam desembar-
cado e estavam lavando as redes.
3. E, entrando num dos barcos, que perten-
cia a Simão, pediu-lhe que o afastasse um
pouco da terra. E, tendo-se assentado, ensi-
nava as multidões a partir do barco.
4. E, quando terminou de falar, disse a Si-
mão: “Velejem para o profundo, e lancem as
redes para um arrastão”.
5. E, respondendo Simão, disse-lhe: “Mes-
tre, trabalhamos a noite toda sem pegar na-
da, mas, baseado na sua palavra, lançarei a
rede.”
6. E, tendo procedido assim, pegaram uma
grande quantidade de peixes, e sua rede se
rompia.
7. E sinalizaram aos sócios que estavam no
outro barco para virem ajudá-los. E vieram,
e encheram ambos os barcos, a ponto de
começarem a afundar.
8. À vista disto, Simão Pedro caiu de joe-
lhos diante de Jesus, dizendo: “Retire-se de
mim, Senhor, porque sou um homem peca-
dor!”
74
9. Porque o assombro se apoderara dele e
de todos os que estavam com ele, diante do
arrastão de peixes que haviam feito,
10. E igualmente também de Tiago e João,
filhos de Zebedeu, os sócios de Simão. Je-
sus, porém, disse a Simão: “Não tenha me-
do! A partir de agora você pescará homens!”
11. E, tendo amarrado os barcos na terra,
largando tudo, seguiram-no.
12. E aconteceu que, quando ele esteve numa
das cidades, eis que um homem coberto de
lepra, vendo Jesus, caiu de rosto e implorou,
dizendo: “Senhor, se quiser, pode purificar-
me!”
13. E, estendendo sua mão, tocou-o, dizen-
do: “Quero! Seja purificado!” E imediata-
mente a lepra o deixou.
14. E ele ordenou-o para que não o dissesse
a ninguém. “Mas, vá apresentar-se ao sacer-
dote, e ofereça pela sua purificação, como
foi ordenado por Moisés, como testemunho
para eles.”
15. Mas divulgava-se ainda mais a notícia a
seu respeito. E ajuntavam-se grandes multi-
dões para ouvi-lo e serem por ele curadas de
suas enfermidades.
16. Mas ele retirou-se aos desertos para orar.
17. E aconteceu, num destes dias em que
ensinava, que havia fariseus e legistas assis-
tindo, vindos de todos os povoados da Gali-
léia, e da Judéia, e de Jerusalém. E o poder
do Senhor estava presente para curá-los.
18. E eis que alguns homens carregavam um
paralítico sobre um divã, e procuravam levá-
lo e colocá-lo diante dele.
19. E, não encontrando uma maneira de levá-
lo, devido à aglomeração, subiram ao terra-
ço, e desceram-no pelas telhas com a almo-
fada, para o meio, diante de Jesus.
20. E, vendo a fé deles, disse-lhe: “Homem,
os seus pecados lhe foram perdoados!”
21. E os escribas e os fariseus começaram a
ponderar, dizendo: “Quem é este que fala
blasfêmias?! Quem pode perdoar pecados, a
não ser somente Deus?”
22. Mas, percebendo Jesus sua ponderação,
respondendo, disse-lhes: “Por que vocês
ponderam nos seus corações?

23. O que é mais fácil, dizer: ‘Os seus peca-
dos foram perdoados’, ou dizer: ‘Levante-se
e ande!’?
24. Mas, para saberem que o Filho do Ho-
mem tem autoridade na Terra para perdoar
pecados”, disse ao paralítico: “Digo-lhe,
levante-se, e tome a sua almofada, e vá para
a sua casa!”
25. E, imediatamente, levantando-se diante
deles, ergueu no que estava deitado, e foi
para a sua casa, glorificando a Deus.
26. E todos ficaram extasiados e glorifica-
vam a Deus, e ficaram tomados de medo,
dizendo: “Vimos acontecimentos fantásticos
hoje!”
27. E, depois disto, prosseguiu, e viu um
cobrador de impostos, pelo nome de Levi,
assentado na coletoria de impostos, e disse-
lhe: “Siga-me!”
28. E, tendo abandonado tudo, levantou-se e
o seguiu.
29. E fez Levi uma grande festa em sua ho-
menagem na sua casa. E havia com eles uma
grande multidão de cobradores de impostos
e outros que se reclinavam com eles à mesa.
30. Mas os escribas deles, e os fariseus, se
queixavam de seus discípulos, dizendo: “Por
que vocês comem e bebem com cobradores
de impostos e pecadores?”
31. E Jesus, respondendo, disse-lhes: “Os
sadios não necessitam de médico, mas os
que estão doentes!
32. Não vim chamar justos para o arrepen-
dimento, mas pecadores”.
33. E eles disseram-lhe: “Por que os discípu-
los de João jejuam e oram freqüentemente,
bem como os dos fariseus, mas os seus co-
mem e bebem?”
34. E ele disse-lhes: “Vocês podem fazer
com que os filhos das núpcias190 jejuem
enquanto o noivo está com eles?
190
uioi tou numfwnov (huioi tou numphonos):
filhos da sala da noiva (lugar em que as ceri-
mônias de casamento eram realizadas). Filhos
da sala do enlace matrimonial: são todos os
convidados ao casamento.
Lucas
35. Mas virão dias nos quais lhes terá sido
tirado o noivo, então, naqueles dias, jejua-
rão.”
36. E contou-lhes também uma parábola:
“Ninguém costura um pedaço de veste nova
em roupa velha, do contrário o novo rasga a
ambos. E o pedaço novo não combina com o
velho.
37. E ninguém envasilha vinho novo em
odres191 velhos, do contrário o vinho novo
rompe os odres e será derramado, e se perde-
rão os odres.
38. Mas vinho novo se envasilha em odres
novos, e ambos são preservados.
39. E ninguém, tendo bebido o velho, logo
prefere o novo, porque diz: ‘o velho é me-
lhor’.”
6.
1. E aconteceu que, no segundo do primei-
ro192 Descanso, passou pelas searas. E seus
discípulos arrancavam as espigas e comiam,
esbagoando-as com as mãos.
2. Mas alguns dos fariseus disseram-lhes:
“Por que fazem o que não é permitido fazer
nos Descansos?”
3. E, respondendo-lhes, Jesus disse: “Vocês
não leram o que fez Davi quando esteve com
fome, ele e os que estavam com ele?
4. Como entrou na casa de Deus, e tomou
os pães da proposição193 e comeu, e também
deu aos que estavam com ele, dos quais não
é permitido comer, a não ser somente aos
sacerdotes?”
191
Câmara de pele animal para armazenar líqui-
dos.
192
Deuteroprwtw (deuteroproto): segundo-
primeiro. Uma palavra que tem gerado muita
discussão. Uma explicação possível seria a tese
de Louis Cappel, apoiada por Godet: o ano ci-
vil judaico começava em outono (mês tisri) e o
ano religioso na primavera (mês nisan), ambos
começavam no sábado. Portanto havia dois sá-
bados especiais no ano o primeiro-primeiro e o
segundo-primeiro. Somente Lucas usa este
termo.
193
Pães expostos no interior do Templo, trocados
uma vez por semana.
75
Lucas
5. E dizia-lhes: “O Filho do Homem tam-
bém é o Senhor do Descanso”.
6. Aconteceu também em outro Descanso,
que ele entrou na sinagoga, e estava ensi-
nando. E havia ali uma pessoa com sua mão
direita atrofiada.
7. E os escribas e os fariseus observavam-
no, se curaria no Descanso, para acharem
uma acusação contra ele.
8. Mas ele conhecia os seus raciocínios, e
disse à pessoa com a mão atrofiada: “Levan-
te-se e fique parado no meio!” E ele, levan-
tando-se, ficou em pé.
9. Jesus, então, disse-lhes: “Quero fazer-
lhes uma pergunta: É permitido de se fazer o
bem ou o mal nos Descansos? De salvar a
vida ou de destruí-la?”
10. E, olhando ao redor para todos eles, disse
ao homem: “Estenda a sua mão!” E ele o
fez. E sua mão ficou completamente restau-
rada, perfeita como a outra.
11. Mas eles se encheram de fúria, e consul-
taram um com o outro sobre o que deveriam
fazer com Jesus.
12. Aconteceu naqueles dias que ele subiu à
montanha para orar. E ele passou a noite
orando a Deus.
13. E, amanhecendo, chamou para si os seus
discípulos, e escolheu a doze deles, aos
quais também chamou de apóstolos.
14. Simão, ao qual também chamou de Pe-
dro, e André, seu irmão, Tiago e João, Filipe
e Bartolomeu,
15. Mateus e Tomé, Tiago, filho de Alfeu, e
Simão, o qual foi chamado de Zelote,
16. Judas, irmão de Tiago, e Judas Iscariotes,
o qual também se tornou o traidor.
17. E, descendo com eles, parou numa planí-
cie, e com ele uma multidão de seus discípu-
los, e uma grande multidão de pessoas de
toda a Judéia, e Jerusalém, e da região cos-
teira, de Tiro e Sídon, que vinham para ouvi-
lo e serem curados de suas enfermidades,
18. E os molestados por espíritos imundos, e
eram curados.
19. E toda a multidão procurava tocá-lo,
porque dele emanava poder e curava a todos.
76
20. E, levantando os seus olhos para os seus
discípulos, disse: “Bem-aventurados os po-
bres, porque o Reino de Deus é seu.
21. Bem-aventurados os que agora têm fo-
me, porque vocês serão saciados. Bem-
aventurados os que agora choram, porque
vocês darão gargalhadas.
22. Bem-aventurados serão quando as pesso-
as lhes odiarem e lhes excluírem do seu
meio, e lhes insultarem, e banirem o seu
nome como sendo infame, por causa do
Filho do Homem.
23. Regozijem-se naquele dia e dêem saltos
de felicidade, porque eis que a sua recom-
pensa será grande no Céu, porque assim seus
pais tratavam os profetas.
24. Todavia, ai de vocês, os ricos, porque já
estão recebendo a sua motivação.
25. Ai de vocês, que estão fartos, porque
passarão fome. Ai de vocês, que agora dão
gargalhadas, porque vocês se lamentarão e
chorarão.
26. Ai de vocês, se todas as pessoas falarem
bem de vocês, porque assim seus pais trata-
vam os pseudoprofetas.
27. Mas a vocês que me ouvem, digo: Amem
aos seus inimigos. Façam o bem aos que
lhes odeiam.
28. Bendigam aos que lhes amaldiçoam, e
orem por aqueles que lhes difamam.
29. Aquele que lhe bater numa face, ofereça-
lhe também a outra. E ao que lhe tomar o
manto, não recuse também a túnica.
30. E dê a todo que lhe pedir. E ao que lhe
tomar o que é seu, não o peça de volta.
31. E o mesmo que desejam que as pessoas
lhes façam, façam-no vocês semelhantemen-
te a elas.
32. Porque, se amarem aos que lhes amam,
qual é o seu mérito? Porque até os pecadores
amam aos que os amam.
33. E se fizerem o bem aos que lhes fazem o
bem, qual é o seu mérito? Até os pecadores
fazem o mesmo.
34. E se emprestarem àqueles dos quais es-
peram a devolução, qual é o seu mérito?
Porque até os pecadores emprestam aos
pecadores, para que o mesmo lhes seja de-
volvido.

35. Mas, amem aos seus inimigos, e façam o
bem, e emprestem, não esperando retorno, e
sua recompensa será grande, e vocês serão
filhos do Altíssimo, porque ele é bondoso
até para com os ingratos e maus.
36. Sejam, pois, misericordiosos, assim co-
mo o seu Pai é misericordioso.
37. E não julguem, para não serem julgados.
Não condenem, para não serem condenados.
Absolvam, para serem absolvidos.
38. Dêem, e lhes será dado, uma boa medida,
comprimida, sacudida, e transbordante, lhes
despejarão no regaço194. Porque com a
mesma medida que medirem serão medi-
dos”.
39. E contou-lhes uma parábola: “Seria um
cego capaz de guiar outro cego? Não cairão
ambos na vala?
40. O discípulo não está acima do seu mes-
tre. Mas cada um será aperfeiçoado até o
limite de seu mestre.
41. Mas por que você repara no cisco que
está no olho de seu irmão, mas não percebe a
viga no seu próprio olho?
42. Ou, como você pode dizer ao seu irmão:
‘Irmão, permita-me tirar o cisco de seu o-
lho!’, enquanto não enxerga a viga no seu
próprio olho? Hipócrita! Tire primeiro a viga
de seu olho, e então você enxergará nitida-
mente para tirar o cisco do olho de seu ir-
mão.
43. Porque não há árvore de boa qualidade
produzindo fruto de baixa qualidade, nem
árvore de baixa qualidade produzindo fruto
de boa qualidade.
44. Porque toda árvore é reconhecida pelo
seu fruto. Porque não se colhem figos dos
espinheiros, nem se vindimam uvas de um
arbusto.
45. A pessoa boa, do bom tesouro de seu
coração, produz o bem. Mas a pessoa má, do
mau tesouro de seu coração, produz o mal.
Porque do transbordamento do coração fala
a boca.
194
Regaço: concavidade formada pelo avental que do dele, e voltando-se para a multidão que o
se suspende para colocar grãos ou objetos de
diversas espécies.
Lucas
46. E por que me chamam de ‘Senhor, Se-
nhor’ mas não fazem o que digo?
47. Todo aquele que vier a mim e ouvir as
minhas palavras e colocá-las em prática, eu
lhes mostrarei a quem se assemelha.
48. Ele é como a pessoa que construiu uma
casa, escavou fundo, e lançou o fundamento
sobre a rocha. E, vindo uma enchente, a
enxurrada bateu com violência contra a casa,
e não pôde movê-la, porque havia sido ali-
cerçada na rocha.
49. Mas aquele que ouviu e não pôs em prá-
tica, é como a pessoa que construiu a casa no
chão, sem fundamento, na qual a enxurrada
bateu com violência e imediatamente desa-
bou, e o desabamento da casa foi violento.”
7.
1. E, quando concluiu todos os seus discur-
sos dirigidos às pessoas, entrou em Cafar-
naum.
2. E o servo de um centurião, que este mui-
to estimava, estava enfermo, em estado ter-
minal.
3. E, ouvindo falar de Jesus, enviou-lhe
anciãos dos judeus, implorando para que
viesse curar o servo.
4. E, tendo eles vindo a Jesus, rogaram-lhe
solicitamente, dizendo: “Ele merece que lhe
faça isto,
5. Porque ele ama o nosso povo, e constru-
iu-nos a sinagoga”.
6. E Jesus foi com eles. Mas, já não estando
distante da casa, o centurião enviou-lhe ami-
gos, dizendo-lhe: “Senhor, não se incomode,
porque não sou digno de recebê-lo debaixo
de meu teto.
7. Por isso nem eu considerei-me digno de
ir ao Senhor, mas fale simplesmente uma
palavra, e o meu servo será curado.
8. Porque também eu sou uma pessoa sujei-
ta a autoridade, tendo soldados sob minha
responsabilidade, e digo a este: ‘Vá!’, e ele
vai; e a outro: ‘Venha!’, e ele vem; e ao meu
servo: ‘Faça isto!’, e ele o faz”.
9. E, ouvindo isto, Jesus ficou impressiona-
77
Lucas
seguia, disse: “Digo-lhes: Nem mesmo em
Israel encontrei tamanha fé”.
10. E, retornando para casa os que haviam
sido enviados, encontraram o servo com
saúde.
11. E aconteceu no dia seguinte que entrou
numa cidade chamada Naim, e foram com
ele muitos de seus discípulos e uma grande
multidão.
12. E, quando se aproximava do portão da
cidade, eis que carregavam um morto, filho
único de sua mãe, e ela era viúva. E acom-
panhava-a uma respeitável multidão da ci-
dade.
13. E, vendo-a, o Senhor foi movido de
compaixão por ela, e disse-lhe: “Não chore!”
14. E, aproximando-se, tocou no féretro, e os
que o carregavam pararam. E disse: “Jovem,
digo-lhe: Acorde!”
15. E o morto assentou-se e começou a falar,
e ele entregou-o à sua mãe.
16. E o medo se apoderou de todos, e glorifi-
cavam a Deus, dizendo: “Surgiu um grande
profeta entre nós, e Deus visitou o seu po-
vo”.
17. E esta notícia a seu respeito espalhou-se
por toda a Judéia, e por toda a região ao
redor.
18. E os discípulos de João relataram-lhe
tudo isto.
19. E, tendo chamado dois de seus discípu-
los, João enviou-os para Jesus, dizendo: “O
Senhor é aquele que deveria vir, ou devemos
aguardar por outro?”
20. E, vindo a ele os homens, disseram: “Jo-
ão, o Submersor, enviou-nos ao Senhor,
dizendo: “O Senhor é aquele que deveria vir,
ou devemos aguardar por outro?”
21. E, naquele momento, ele curava muitos
de suas enfermidades e desgraças, e de espí-
ritos maus, e a muitos cegos concedeu-lhes a
visão.
22. E Jesus, respondendo, disse-lhes: “Vão e
relatem a João o que têm visto e ouvido, que
cegos recobram a vista195, coxos andam,
leprosos são purificados, surdos ouvem196,
195
Isaías 42:7
196
Isaías 29:18; Isaías 35:5-6
78
mortos são ressuscitados, e aos pobres é
anunciada a Boa Mensagem197.
23. E bem-aventurado aquele que não se
ofender em mim.”
24. E, partindo os mensageiros de João, co-
meçou a falar às multidões a respeito de
João: “O que vocês foram ver no deserto?
Uma cana agitada pelo vento?
25. O que, então, foram ver? Uma pessoa
trajada de roupa fina? Vejam que os que
vestem roupa suntuosa e vivem no luxo
estão nos palácios reais.
26. O que, então, foram ver? Um profeta?
Sim, digo-lhes, e muito mais que um profe-
ta!
27. Esse é aquele do qual tem sido escrito:
‘Eis que envio o meu mensageiro diante de
sua face, que preparará o seu caminho dian-
te do Senhor’198.
28. Digo-lhes, pois, que dentre os nascidos
de mulheres não há maior profeta que João,
o Submersor. No entanto, o menor do Reino
de Deus é maior que ele.”
29. E todo o povo e os cobradores de impos-
tos ouvindo-o, pronunciaram justo a Deus ao
serem submersos por João.
30. Mas os fariseus e os legistas desprezaram
para eles mesmos o conselho de Deus, não
sendo submersos por ele”.
31. E disse o Senhor: “A quem, pois, compa-
rarei as pessoas desta geração? E a que se
assemelham?
32. Parecem-se com crianças assentadas na
ágora199 e chamando uma à outra e dizendo:
‘Tocamos flauta para vocês, mas vocês não
dançaram; cantamos lamentações para vo-
cês, mas vocês não choraram’.
33. Porque João, o Submersor, veio e não
comia pão nem bebia vinho, e vocês dizem:
‘Tem demônio!’
34. E o Filho do Homem veio, comendo e
bebendo, e dizem: ‘Eis um homem glutão e
197
Lucas 4:18
198
Malaquias 3:1; Mateus 11:10; Marcos 1:2
199
Ágora: antiga praça pública grega onde havia o
mercado, e eram realizada reuniões políticas e
religiosas.

beberrão, e amigo de cobradores de impos-
tos e pecadores!’.
35. Mas a Sabedoria tem sido justificada por
todos os seus filhos”.
36. E um dos fariseus convidou-o para jantar
com ele. E, tendo entrado na casa do fariseu,
reclinou-se à mesa.
37. E eis que uma mulher da cidade, pecado-
ra, tomando conhecimento de que havia se
reclinado à mesa na casa do fariseu, toman-
do um frasco de alabastro com ungüento,
38. E ficando atrás de seus pés chorando,
começou a derramar lágrimas sobre os seus
pés, e enxugava-os com os seus cabelos, e
beijava intensamente os seus pés, e ungia-os
com o ungüento.
39. Mas, vendo-o o fariseu, que o havia con-
vidado, falou para si mesmo, dizendo: “Se
este fosse profeta, saberia quem e que tipo
de mulher o tocou. Porque ela é pecadora”.
40. E, respondendo Jesus, disse-lhe: “Simão,
gostaria de dizer-lhe algo”. E ele disse: “Fa-
le, Mestre!”
41. “Havia dois devedores de certo credor.
Um deles devia quinhentos denários, e o
outro cinqüenta.
42. Mas não tendo eles com que pagar, per-
doou a ambos. Diga, pois, qual deles o ama-
rá mais?”
43. E Simão, respondendo, disse: “Suponho
que seja ao que perdoou a soma maior.” E
ele disse-lhe: “Você julgou corretamente!”
44. E, voltando-se para a mulher, disse a
Simão: “Você vê esta mulher? Entrei na sua
casa, e você nem sequer me deu água para os
pés, mas ela derramou lágrimas sobre os
meus pés, e enxugou-os com os seus cabe-
los.
45. Você não me beijou, mas ela, desde que
entrei, não para de beijar intensamente os
meus pés.
46. Você não ungiu minha cabeça com azei-
te, mas ela com ungüento ungiu os meus pés.
47. Razão porquê digo-lhe: Muitos pecados
lhe foram perdoados, porque ela amou mui-
to. A quem pouco é perdoado, pouco ama.”
48. E ele disse-lhe: “Os seus pecados foram
perdoados!”
Lucas
49. E os que estavam com ele reclinados
começaram a dizer dentro deles: “Quem é
este que até perdoa pecados?”
50. Mas ele disse à mulher: “A sua fé lhe
salvou! Vá em paz!”
8.
1. E aconteceu, em seguida, que ele passava
pelas cidades e pelos povoados, proclaman-
do e anunciando a Boa Mensagem do Reino
de Deus. E os Doze estavam com ele.
2. E certas mulheres, que haviam sido cura-
das de espíritos malignos e de enfermidades:
Maria, chamada Madalena, da qual haviam
saído sete demônios,
3. E Joana, esposa de Cuza, procurador de
Herodes, e Susana, e muitas outras, minis-
travam-lhe com os seus bens.
4. E, ajuntando-se uma grande multidão, e
vindos a ele de todas as cidades, falou em
parábola:
5. “O semeador saiu a semear sua semente.
E, ao semear, parte caiu à beira do caminho,
e foi pisada, e as aves do céu a comeram.
6. E outra caiu sobre a rocha, e, tendo bro-
tado, murchou, porque não havia umidade.
7. E outra caiu entre os espinhos. E, cres-
cendo juntos, os espinhos sufocaram-na.
8. E outra caiu em solo bom, e, tendo cres-
cido, produziu o cêntuplo de fruto”. Dizendo
isto, clamava: “Aquele tendo ouvidos para
ouvir, ouça!”
9. E seus discípulos perguntaram-no, di-
zendo: “O que significa esta parábola?”
10. E ele disse: “A vocês tem sido dado co-
nhecer os mistérios do Reino de Deus, mas
aos outros em parábolas, para que ‘vendo,
não enxerguem. E, ouvindo, não compreen-
dam’200.
11. Ora, este é o significado da parábola: A
semente é a Palavra de Deus.
12. E os que estão à beira do caminho são
aqueles que ouvem, e então vem o Calunia-
dor e tira a Palavra de seus corações, para
não acontecer de, crendo, serem salvos.
200
Isaías 6:9-10; Mateus 13:14-15; Marcos 4:12;
João 12:40; Atos 28:26-27
79
Lucas
13. E aqueles sobre a rocha são os que, ou-
vindo, recebem a Palavra com alegria, mas
não têm raiz, os quais crêem por algum tem-
po, mas na hora da provação retrocedem.
14. E a que caiu entre os espinhos são os
que, ouvindo a Palavra, e, prosseguindo sob
as preocupações, e as riquezas, e os prazeres
da vida, são sufocados, e não chegam ao
amadurecimento.
15. Mas a que caiu em solo bom são os que,
tendo ouvido a Palavra de coração sincero e
concordante, guardam-na e produzem frutos
com constância.
16. E ninguém, tendo acendido uma lâmpa-
da, cobre-a com um vaso, ou coloca-a de-
baixo de um divã, mas coloca-a num casti-
çal, a fim de que os que entrarem vejam a
luz.
17. Porque não há nada oculto que não se
tornará manifesto, nem secreto que não se
tornará conhecido e venha à luz.
18. Vejam, pois, como ouvem! Porque a
todo aquele que possuir lhe será dado. Mas
daquele que não possuir, até o que parece
possuir lhe será tomado”.
19. E foram ter com ele sua mãe e seus ir-
mãos, e não puderam chegar até ele, devido
à multidão.
20. E foi-lhe dito, dizendo: “Sua mãe e seus
irmãos estão parados lá fora, desejando vê-
lo”.
21. Mas, atendendo, disse-lhes: “Minha mãe
e meus irmãos são aqueles que ouvem e
praticam a Palavra de Deus”.
22. E aconteceu, certo dia, que ele e seus
discípulos entraram num barco, e disse-lhes:
“Passemos para o outro lado do lago”. E eles
velejaram.
23. E, enquanto velejavam, adormeceu. E
levantou-se um vento tempestuoso no lago, e
o barco começou a se encher, e estavam em
perigo.
24. E, vindo a ele, acordaram-no, dizendo:
“Mestre! Mestre! Estamos perecendo!” E
ele, levantando-se, repreendeu o vento e a
violência da água. E cessaram, e fez-se bo-
nança.
25. E disse-lhes: “Onde está a sua fé?” E
estando com medo, ficaram maravilhados,
80
dizendo uns aos outros: “Quem, pois, é este,
que ordena até aos ventos e à água, e eles lhe
obedecem?”
26. E velejaram até à terra dos gadarenos,
que fica defronte à Galiléia.
27. E, chegando à terra, encontrou-o certo
homem, vindo da cidade, há muito tempo
possuído por demônios, não vestia roupa, e
não morava em casa alguma, mas nas sepul-
turas.
28. Mas, avistando a Jesus de longe, gritan-
do, caiu diante dele, e disse em alta voz: “O
que tenho eu com você, Jesus, Filho do Deus
Altíssimo? Imploro que não me atormente”.
29. Porque estava ordenando ao espírito
imundo a sair do homem. Porque muitas
vezes o havia dominado. E ele foi mantido
preso com correntes e algemas. Mas arre-
bentou as correntes e era compelido pelo
demônio para os desertos.
30. E Jesus perguntou-lhe, dizendo: “Qual é
o seu nome?” E ele disse: “Legião”201, por-
que muitos demônios haviam entrado nele.
31. E pediram-lhe para que não os mandasse
para o Abismo202.
32. Ora, havia uma grande manada de porcos
pastando na montanha, e imploraram que
lhes permitisse entrar neles. E ele lhos per-
mitiu.
33. E, tendo os demônios saído do homem,
entraram nos porcos, e a manada correu
violentamente descendo um grande declive
para dentro do lago, e se afogaram.
34. E, vendo os porqueiros o que havia acon-
tecido, fugiram e foram e contaram-no na
cidade e pelos campos.
35. E foram para ver o acontecido. E vieram
a Jesus, e encontraram o homem, do qual
haviam saído os demônios, vestido e em
perfeito juízo, assentado aos pés de Jesus.
Mas eles ficaram com medo.
201
Legião = unidade de milícia comandada por
um coronel. Uma legião = 6000 soldados.
202
abusson (abusson): a = sem e buthos = fundo.
Poderia ser traduzida como ‘abismo profundo’
ou ‘abismo imensurável’ ou meramente abis-
mo: grande abertura vertical de fundo muitas
vezes inexplorado ou incomensurável.

36. E os que isto viram também contaram-
lhes como havia sido restaurado o endemo-
ninhado.
37. E toda a multidão da região ao redor dos
gadarenos pediu-lhe para que se retirasse
deles, porque grande medo se apoderara
deles. E ele, entrando no barco, retornou.
38. E o homem, do qual haviam se retirado
os demônios, pediu que o levasse com ele.
Mas Jesus o despediu, dizendo:
39. “Volte para a sua casa, e conte tudo que
Deus fez por você”. E ele partiu por toda a
cidade proclamando tudo que Jesus havia
feito por ele.
40. E aconteceu que, ao retornar Jesus, foi
bem-recebido pela multidão, pois todos o
aguardavam.
41. E, eis que veio um homem, chamado
Jairo, que era o presidente da sinagoga, e
prostrando-se aos pés de Jesus, implorava-
lhe para vir à sua casa.
42. Porque tinha uma filha única, de em
torno de doze anos de idade, que estava à
morte. E enquanto caminhava, as multidões
o apertavam.
43. E uma mulher, com uma hemorragia
fazia doze anos, que havia gasto todos os
seus recursos com médicos, por ninguém
pôde ser curada,
44. Vindo por detrás, tocou na orla203 de seu
traje. E imediatamente a sua hemorragia
estancou.
45. E disse Jesus: “Quem me tocou?” E sen-
do que todos o negavam, disse Pedro e os
que estavam com ele: “Mestre, as multidões
lhe apertam e pressionam de todos os lados,
e diz: ‘Quem me tocou?’!”
46. Mas Jesus disse: “Alguém me tocou,
porque senti poder emanar de mim”.
47. Vendo, pois, a mulher que não podia
permanecer oculta, veio tremendo, e pros-
trou-se diante dele, dizendo-lhe diante de
todo o povo por quê razão o havia tocado, e
como fora imediatamente curada.
48. E ele disse-lhe: “Tenha bom ânimo filha!
A sua fé lhe curou! Vá em paz!”
203
Números 15:37-39
Lucas
49. Enquanto ainda falava, chegou alguém
do presidente da sinagoga, dizendo-lhe: “Sua
filha faleceu. Não incomode mais o Mestre”.
50. Mas Jesus, ouvindo-o, respondeu-lhe,
dizendo: “Não tenha medo, creia somente, e
ela será restaurada!”
51. E, entrando na casa, não permitiu que
ninguém entrasse, a não ser Pedro, e Tiago,
e João, e o pai da criança, e a sua mãe.
52. E todos choravam e estavam de luto por
ela. Mas ele disse: “Não chorem! Ela não
está morta, mas dorme!”
53. E ridicularizavam dele, sabendo que
estava morta.
54. Mas ele, tendo feito a todos se retirarem,
e tomando-a pela mão, disse em alta voz:
“Menina, levante-se!”
55. E o seu espírito voltou, e ela levantou-se
imediatamente. E ele ordenou-lhes que lhe
dessem de comer.
56. E seus pais ficaram maravilhados, e ele
ordenou-lhes que não falassem a ninguém o
que acontecera.
9.
1. E, tendo convocado os seus doze discípu-
los, deu-lhes poder e autoridade sobre todos
os demônios, e para curar enfermidades.
2. E enviou-os para proclamar o Reino de
Deus, e para curar os enfermos.
3. E disse-lhes: “Não levem nada no cami-
nho: Nem bordões, nem alforje204, nem pão,
nem dinheiro, nem possua cada um duas
túnicas.
4. E em qualquer casa que entrarem, ali
permaneçam e dali prossigam.
5. E quantos não lhes receberem, partindo
daquela cidade, sacudam até a poeira de seus
pés, como testemunho contra eles”.
6. E, partindo, passaram pelos povoados,
anunciando a Boa Mensagem e curando por
toda a parte.
7. E o tetrarca Herodes ouviu tudo que
estava sendo feito por ele, e ficou perplexo,
porque alguns diziam: “João tem sido res-
suscitado dos mortos”,
204
Alforje: bolsa para carregar alimento.
81
Lucas
8. Mas outros que Elias aparecera. Mas
ainda outros que surgira um dos profetas
antigos.
9. E Herodes disse: “A João decapitei, mas
quem é esse do qual ouço isto?” E procurava
vê-lo.
10. E os apóstolos, retornando, relataram-lhe
o que haviam feito. E, levando-os, retirou-se
à parte, para um lugar deserto de uma cidade
chamada Betsaida.
11. Mas as multidões, tomando conhecimen-
to, seguiram-no. E, recebendo-os, falava-
lhes a respeito do Reino de Deus, e, aos que
haviam necessidade de assistência, ele cura-
va.
12. Mas o dia começou a declinar, e, vindo
os Doze, disseram-lhe: “Despeça a multidão,
para que indo aos povoados e à região ao
redor, pernoitem e achem mantimento, por-
que estamos num lugar deserto aqui”.
13. Mas ele disse-lhes: “Dêem-lhes vocês de
comer!” Mas eles disseram: “Temos somen-
te cinco pães e dois peixes, a não ser se for-
mos comprar provisões para todo este po-
vo”.
14. Porque havia em torno de cinco mil ho-
mens presentes. Mas ele disse aos seus dis-
cípulos: “Façam-nos reclinar-se em grupos
de cinqüenta”.
15. E seguiram as instruções e fizeram a
todos se reclinar.
16. E, tomando os cinco pães e os dois pei-
xes, elevando os olhos para o Céu, deu gra-
ças e partiu-os, e entregou-os aos discípulos
para servirem-nos à multidão.
17. E todos comeram e se fartaram. E foram
recolhidos doze cestos dos pedaços que so-
braram.
18. E aconteceu que, enquanto ele orava
sozinho, e os discípulos estavam com ele,
perguntou-lhes, dizendo: “Quem dizem as
multidões que eu seja?”
19. E eles, respondendo, disseram: “João, o
Submersor, e outros Elias, e outros que res-
surgiu um dos antigos profetas”.
20. E disse-lhes: “Mas vocês, quem dizem
que eu seja?” E, respondendo Pedro, disse:
“O Ungido de Deus!”
82
21. E, alertando-os com rigor, ordenou que
não o falassem para ninguém,
22. Dizendo: “É necessário para o Filho do
Homem sofrer muito, e de ser rejeitado pelos
anciãos, e arqui-sacerdotes, e escribas, e de
ser morto e ser despertado no terceiro dia”.
23. E ele disse a todos: “Se alguém decide
seguir-me, negue-se a si mesmo, e diaria-
mente tome a sua cruz, e siga-me.
24. Porque, todo aquele que decida salvar a
sua vida, perdê-la-á, mas todo aquele que
perder a sua vida, por minha causa, salvá-la-
á.
25. Porque, que vantagem tem a pessoa,
tendo ganho o mundo todo, ela mesma, po-
rém, morrer ou sofrer o dano?
26. Porque, todo aquele que tiver se enver-
gonhado de mim e das minhas palavras, dele
o Filho do Homem se envergonhará quando
vier na sua glória, e na do Pai, e na dos san-
tos anjos.
27. Mas com certeza lhes digo que têm al-
guns dos aqui presentes que não provarão a
morte até terem visto o Reino de Deus”.
28. E aconteceu que, em torno de oito dias
após estes discursos, levando a Pedro, e
João, e Tiago, subiu à montanha para orar.
29. E aconteceu que, enquanto ele orava,
mudou-se a aparência do seu rosto, e suas
vestes tornaram-se brancas e resplandecen-
tes.
30. E eis que dois homens falavam com ele,
que eram Moisés e Elias.
31. Os quais apareceram em glória e falavam
de sua partida que estava para se cumprir em
Jerusalém.
32. Mas Pedro e os que estavam com ele
foram tomados de sono, e, ao acordarem,
viram sua glória e os dois homens que esta-
vam com ele.
33. E aconteceu que, enquanto estes partiam
dele, Pedro disse a Jesus: “Mestre, é bom
estarmos aqui! Façamos, pois, três tendas:
Uma para o Senhor, e outra para Moisés, e
outra para Elias”, não sabendo o que estava
dizendo.
34. Mas, enquanto dizia isto, sombreou-os
uma nuvem, e quando entraram na nuvem,
ficaram com medo.

35. E apareceu uma voz da nuvem, dizendo:
“Este é o meu Filho amado! A ele dêem
ouvidos!”
36. E, logo após a ocorrência da voz, estava
Jesus sozinho. E eles o mantiveram em se-
gredo e naqueles dias a ninguém falaram
nada daquilo que haviam visto.
37. E aconteceu, no dia seguinte, descendo
eles da montanha, depararam-se com uma
grande multidão.
38. E eis que um homem gritou do meio da
multidão, dizendo: “Mestre! Imploro que
venha ver o meu filho, porque é filho único.
39. E veja que um espírito se apodera dele e
de repente grita, e o convulsiona, espume-
jando, e com dificuldade o abandona, ferin-
do-o.
40. E pedi aos seus discípulos para que o
expulsassem, mas não foram capazes”.
41. E, respondendo Jesus, disse: “Ó geração
descrente e pervertida! Até quando estarei
com você e terei de suportá-la? Traga o seu
filho para cá!”
42. Mas, ainda, aproximando-se ele, o de-
mônio derrubou-o, e contraiu-o em convul-
sões. E Jesus repreendeu o espírito imundo,
e curou o menino, e entregou-o ao seu pai.
43. E todos ficaram impressionados com a
majestade de Deus. E, maravilhando-se to-
dos daquilo que Jesus fazia, disse aos seus
discípulos:
44. “Guardem estas palavras nos seus ouvi-
dos: Porque o Filho do Homem está prestes
a ser entregue nas mãos humanas”.
45. Mas eles não entendiam esta palavra, e
foi-lhes encoberta, para que não a entendes-
sem. E temiam perguntá-lo a respeito desta
palavra.
46. Mas surgiu uma discussão entre eles
sobre quem deles seria o maior.
47. Mas Jesus, percebendo o raciocínio de
seus corações, tomando uma criancinha,
colocou-a ao seu lado,
48. E disse-lhes: “Todo aquele que receber
esta criancinha em meu nome, a mim me
recebe. E todo aquele que receber a mim,
recebe ao que me enviou. Porque aquele que
for o menor dentre vocês, esse será o maior”.
Lucas
49. E, respondendo João, disse: “Mestre,
vimos alguém expulsando demônios em seu
nome e proibimo-lo, porque não segue co-
nosco”.
50. Jesus, porém, disse-lhe: “Não proíbam!
Porque quem não for contra nós, é por nós”.
51. E aconteceu que, cumprindo-se os dias
para a sua ascensão, ele fixou seu rosto de ir
para Jerusalém.
52. E ele enviou mensageiros diante de sua
face, e foram a um povoado dos samaritanos
para lhe preparar repouso.
53. Mas não o receberam, porque seu rosto
estava voltado como indo para Jerusalém.
54. E, vendo-o seus discípulos, Tiago e João,
disseram: “Senhor, quer que ordenemos para
cair fogo do Céu para consumi-los, assim
como fez Elias?”
55. Mas, voltando-se, repreendeu-os, dizen-
do: “Vocês não sabem de que Espírito são?!
56. Porque o Filho do Homem não veio para
destruir as almas humanas, mas para salvá-
las!” E eles foram para um outro povoado.
57. E aconteceu que, indo eles pelo caminho,
alguém lhe disse: “Seguir-lhe-ei para onde
quer que vá, Senhor!”
58. E Jesus lhe disse: “As raposas têm tocas,
e as aves do céu ninhos, mas o Filho do
Homem não tem onde repousar a cabeça”.
59. E disse a outro: “Siga-me!” Mas ele dis-
se: “Senhor, permita-me primeiro ir sepultar
a meu pai”.
60. Jesus, porém, disse-lhe: “Deixe os mor-
tos sepultarem os seus próprios mortos, mas
vá você proclamar o Reino de Deus”.
61. E um outro também disse: “Seguir-lhe-
ei, Senhor, mas permita-me primeiro despe-
dir-me dos de minha casa”.
62. Mas Jesus disse-lhe: “Ninguém que,
tendo posto a mão no arado, e estiver olhan-
do para trás, está qualificado para o Reino de
Deus”.
10.
1. E depois disto o Senhor nomeou outros
Setenta, e enviou-os de dois em dois adiante
dele, a toda a cidade e lugar aos quais ele
mesmo estava para ir.
83
Lucas
2. Ele, pois, dizia-lhes: “A seara de fato é
grande, mas os ceifeiros são poucos. Solici-
tem, pois, ao Senhor da seara para que envie
ceifeiros para a sua seara.
3. Vão! Vejam que lhes envio como ove-
lhas para o meio de lobos.
4. Não carreguem nem carteira, nem alfor-
je205, nem calçados e não cumprimentem a
ninguém pelo caminho.
5. E em qualquer casa que entrarem, digam
primeiro: ‘A paz esteja com esta casa!’
6. E, se de fato houver um filho da paz
presente, a paz de vocês sobrevirá à mesma.
Mas se assim não for, ela retornará para
vocês.
7. Permaneçam, pois, na mesma casa, co-
mendo e bebendo o que for servido. Porque
digno é o obreiro de seu salário. Não mudem
de casa em casa.
8. E, em qualquer cidade que entrarem, e
forem recebidos, comam do que lhes for
servido.
9. E curem nela os enfermos, e digam-lhes:
‘O Reino de Deus tem se aproximado de
vocês!’
10. Mas em qualquer cidade que entrarem, e
não forem recebidos, saindo às suas praças,
digam:
11. ‘Até a poeira de sua cidade, que grudou
em nós, sacudimos contra vocês. Todavia
tomem conhecimento disto, que o Reino de
Deus tem se aproximado de vocês’.
12. Digo-lhes, pois, que haverá menos rigor
para com Sodoma naquele Dia do que para
com esta cidade.
13. Ai de você, Corazim! Ai de você, Bet-
saida! Porque se em Tiro e Sídon tivessem
ocorrido os prodígios que ocorreram em
vocês, há muito teriam se arrependido, as-
sentados em estopa e cinzas.
14. Mas para Tiro e Sídon haverá menos
rigor no julgamento do que para com vocês.
15. E você Cafarnaum, exaltada até ao Céu,
será derrubada ao Hades206.
205
Alforje: bolsa para carregar alimento.
206
Hades é o nome do deus das regiões inferiores.
No Grego Bíblico é associado a Orcus, as regi-
ões infernais, um lugar escuro e funesto, nas
84
16. Aquele que ouve a vocês, ouve a mim, e
aquele que rejeita a vocês, a mim me rejeita,
e aquele que rejeita a mim, rejeita àquele
que me enviou”.
17. E os Setenta retornaram com alegria,
dizendo: “Senhor, até os demônios se nos
submetem pelo seu nome!”
18. E disse-lhes: “Vi ao Adversário cair
como um raio do Céu.
19. Eis que lhes dou autoridade para pisar
em serpentes e escorpiões, e sobre todo o
poder do inimigo, e nada, de forma alguma,
lhes fará dano.
20. Contudo, disto não se alegrem, em que
os espíritos se lhes submetem, mas alegrem-
se, ao invés disto, que os seus nomes estão
registrados nos Céus”.
21. Naquele momento Jesus regozijou-se no
espírito, e disse: “Glorifico-lhe ó Pai, Senhor
do Céu e da Terra, porque ocultou isto dos
sábios e inteligentes, e o revelou aos bebês.
Sim, Pai, porque assim foi agradável diante
do Senhor.
22. Tudo me foi confiado pelo meu Pai, e
ninguém sabe quem é o Filho, a não ser o
Pai, e quem é o Pai, a não ser o Filho, e a
quem quer que o Filho queira revelá-lo”.
23. E, tendo-se dirigido aos discípulos à
parte, disse: “Bem-aventurados os olhos que
vêem o que vocês estão vendo.
24. Porque digo-lhes que muitos profetas e
reis desejaram ver o que vocês estão vendo,
mas não o viram, e de ouvir o que vocês
estão ouvindo, mas não o ouviram”.
25. E, eis que um certo legista, levantou-se,
tentando-o, e dizendo: “Mestre, o que farei
para herdar a vida eterna?”
26. E ele disse-lhe: “O que tem sido escrito
na Lei? O que você lê?”
27. E ele, respondendo, disse: “Você amará
ao Senhor seu Deus de todo o seu coração, e
de toda a sua alma, e de toda a sua força, e
de toda a sua mente, e ao seu próximo como
a você mesmo”207.
próprias profundezas da Terra, destino dos es-
píritos desligados do corpo.
207
Citação dos dois mandamentos e a lei do amor
acrescentada.

28. E disse-lhe: “Você respondeu correta-
mente. Faça isto e você viverá”.
29. Ele, porém, querendo justificar-se, disse
a Jesus: “E quem é o meu próximo?”
30. E, continuando, Jesus disse: “Um homem
descia de Jerusalém para Jericó e foi cercado
por assaltantes, que o despojaram, e o feri-
ram, e se mandaram, largando-o semimorto.
31. Um certo sacerdote descia, por acaso,
por aquela estrada. E, vendo-o, passou do
lado oposto.
32. Da mesma maneira também um levita,
chegando ao lugar, vendo-o, passou do lado
oposto.
33. Mas um certo samaritano, de viagem,
chegou até ele, e, vendo-o, foi movido de
compaixão.
34. E, aproximando-se, atou suas feridas,
derramando azeite e vinho nelas. E, montan-
do-o no seu próprio animal, levou-o a uma
pousada, e cuidou dele.
35. E, no dia seguinte, partindo, tirou dois
denários e entregou-os ao gerente, e disse-
lhe: ‘Cuide dele, e seja quanto for que gastar
a mais, na minha volta lhe pagarei’.
36. Qual, pois, destes três, lhe parece ter sido
o próximo daquele que foi assaltado pelos
ladrões?”
37. E ele disse: “Aquele que demonstrou
compaixão por ele”. Disse-lhe, pois, Jesus:
“Vá e faça o mesmo!”
38. E aconteceu que, ao prosseguirem, entra-
ram num povoado. E uma certa mulher,
chamada Marta, recebeu-o em sua casa.
39. E ela tinha uma irmã, chamada Maria,
que, assentando-se também aos pés de Jesus,
dava atenção à sua palavra.
40. Marta, porém, estava atarefada com mui-
to serviço. E, vindo, disse: “Senhor, o Se-
nhor não se incomoda de minha irmã estar-
me deixando servir sozinha?! Fale com ela
para que venha me ajudar!”
41. Mas, respondendo, Jesus disse-lhe:
“Marta, Marta, você se preocupa e se agita
com muitas coisas,
42. Mas de uma você tem necessidade. Ma-
ria escolheu a parte nobre, que não lhe será
tomada”.
Lucas
11.
1. E aconteceu que, enquanto estava num
determinado lugar, acabando de orar, um de
seus discípulos lhe disse: “Senhor, ensine-
nos a orar, assim como também João ensi-
nou aos seus discípulos”.
2. E ele disse-lhes: “Quando orarem, di-
gam: Pai nosso que está nos Céus, santifica-
do seja o seu nome. Venha o seu reino. Fa-
ça-se a sua vontade, assim como no Céu,
também na Terra.
3. Dê-nos hoje nosso pão necessário.
4. E perdoe-nos os nossos pecados, pois
também nós perdoamos a todo que nos deve.
E não nos conduza à tentação, mas liberte-
nos do mal”.
5. E ele disse-lhes: “Quem de vocês, tendo
um amigo, e for procurá-lo à meia-noite, e
lhe disser: ‘Amigo, empreste-me três pães,
6. Sendo que um amigo meu chegou a mim
de viagem, e não tenho o que lhe servir’,
7. E ele de dentro lhe responderia: ‘Não me
moleste! Já tranquei a porta, e meus filhos
estão comigo na cama. Não posso me levan-
tar para entregá-los’.
8. Digo-lhes, mesmo se ele não quiser le-
vantar-se para entregá-los por ser seu amigo,
por causa da amolação, porém, se levantará
e lhe dará quantos precisar.
9. E digo-lhes: Peçam, e lhes será dado;
procurem, e acharão; batam, e lhes será a-
berto.
10. Porque todo aquele que pede, recebe; e o
que procura, acha; e ao que bate, se abrirá.
11. E que pai dentre vocês, cujo filho lhe
pedir por pão, lhe dará uma pedra? E se
também peixe, no lugar do peixe lhe dará
uma serpente?
12. Ou, também, se lhe pedir por um ovo, lhe
dará um escorpião?
13. Se vocês, pois, sendo maus, sabem dar
boas dádivas aos seus filhos, quanto mais o
seu Pai do Céu dará o Espírito Santo aos que
lhe pedirem?”
14. E ele estava expulsando um demônio,
que era mudo. E aconteceu que, tendo saído
85
Lucas
o demônio, o mudo falou. E as multidões se
maravilharam.
15. Mas alguns deles disseram: “Ele expulsa
os demônios por meio de Belzebu208, princi-
pal dos demônios”.
16. E outros, tentando-o, procuravam dele
por um sinal do Céu.
17. Mas ele, conhecendo os seus pensamen-
tos, disse-lhes: “Todo reino dividido em si
mesmo é levado à desolação. E uma casa
que estiver contra si mesma, desmorona.
18. E, se também o Adversário estiver divi-
dido em si mesmo, como subsistirá o seu
reino? Porque vocês dizem que expulso os
demônios por meio de Belzebu.
19. Mas, se eu expulso os demônios por
meio de Belzebu, por meio de quem os seus
filhos os expulsam? Por isso serão seus juí-
zes.
20. Mas, se eu expulso os demônios pelo
dedo de Deus, então o Reino de Deus che-
gou até vocês.
21. Enquanto o forte, armado, proteger sua
mansão, seus bens estarão seguros.
22. Mas, tão logo alguém mais forte o atacar
de surpresa e vencê-lo, toma toda a sua ar-
madura, na qual confiava, e reparte o despo-
jo.
23. Quem não for por mim é contra mim. E
quem comigo não ajuntar, espalha.
24. Quando o espírito imundo tiver se retira-
do da pessoa, passa por regiões áridas, pro-
curando sossego. Mas, não o encontrando,
diz: ‘Voltarei para a minha casa da qual saí’.
25. E, vindo, a encontra varrida e ornamen-
tada.
26. Vai, então, e leva consigo outros sete
espíritos, piores que ele, e, tomando posse,
lá residem. E o último estado daquela pessoa
se torna pior do que o primeiro.
27. E aconteceu que, dizendo isto, uma certa
mulher falou em alta voz, do meio da multi-
dão, dizendo-lhe: “Bem-aventurado o ventre
que lhe carregou, e os seios que você ma-
mou”.
208
Belzebu: senhor da mosca; uma deidade pagã,
aos quais os Judeus atribuíam a supremacia en-
tre os espíritos maus.
86
28. Ele, porém, disse: “Antes bem-
aventurados os que ouvem a Palavra de
Deus e a guardam”.
29. Mas, aglomerando-se as multidões, co-
meçou a dizer: “Esta é uma geração perversa
que procura por um sinal. Mas nenhum sinal
lhe será dado, a não ser o sinal do profeta
Jonas.
30. Porque assim como Jonas foi um sinal
para os ninivitas, assim também o Filho do
Homem o será para esta geração.
31. A rainha do Sul se levantará no Julga-
mento contra os homens desta geração e os
condenará, porque veio dos confins da Terra
para ouvir a sabedoria de Salomão. Mas, eis
aqui alguém maior que Salomão!
32. Homens de Nínive se levantarão no Jul-
gamento contra esta geração, e a condena-
rão, porque se arrependeram com a procla-
mação de Jonas. Mas, eis aqui alguém maior
que Jonas!
33. Mas ninguém, tendo acendido uma lâm-
pada, a coloca num lugar escondido, ou
debaixo de um modios209, mas num castiçal,
a fim de que os que entrarem vejam a luz.
34. A luz do corpo é o olho. Se, pois, o seu
olho for bom, também todo o seu corpo será
bem iluminado. Mas, se for fraco, também o
seu corpo estará cheio de escuridão.
35. Tome cuidado, portanto, para que a luz
que está em você não seja escuridão.
36. Se, pois, todo o seu corpo for luz, sem
nenhuma porção de trevas, todo ele será
iluminado, como quando a lâmpada lhe ilu-
mina com a sua luz.”
37. Ora, enquanto falava, certo fariseu con-
vidou-o para tomar a refeição com ele. E,
entrando, reclinou-se.
38. E o fariseu, vendo-o, estranhou de ele
não ter lavado as mãos antes da refeição.
39. Mas o Senhor disse-lhe: “Ora, vocês
fariseus lavam a parte externa do copo e do
prato, mas a sua interna está cheia de extor-
são e maldade.
40. Insensatos! Aquele que fez o exterior não
fez também o interior?
209
Modios é uma medida seca de em torno de 9
litros. Como se fosse uma lata.

41. Antes dêem esmolas de coração, e eis
que tudo será limpo para vocês!
42. Mas ai de vocês, fariseus! Porque vocês
dizimam210 a menta, e a arruda, e toda sorte
de hortaliça, mas passam por cima do juízo e
do amor de Deus. Estes deveriam ter prati-
cado sem ter deixado de lado os outros.
43. Ai de vocês, fariseus! Porque vocês a-
mam os principais lugares nas sinagogas e as
saudações nas praças.
44. Ai de vocês, escribas e fariseus, hipócri-
tas! Porque vocês são como os túmulos ocul-
tos, sobre os quais as pessoas passam por
cima sem sabê-lo”.
45. E, respondendo um dos legistas, disse-
lhe: “Mestre, dizendo isto, o Senhor também
nos afronta!”
46. E ele disse: “Ai também de vocês, legis-
tas! Porque vocês sobrecarregam as pessoas
com obrigações difíceis de cumprir, e vocês
nem sequer com um de seus dedos encostam
nas obrigações.
47. Ai de vocês! Porque constroem os túmu-
los dos profetas, e foram seus pais que os
mataram.
48. Portanto testificam que consentem com
as obras de seus pais, porque eles de fato os
mataram, e vocês constroem os seus túmu-
los.
49. Por essa razão também disse a Sabedoria
de Deus: ‘Eu lhes enviarei profetas e apósto-
los, e a alguns deles matarão e a outros per-
seguirão’,
50. A fim de que desta geração se demande o
sangue de todos os profetas derramado desde
a fundação do mundo,
51. Desde o sangue de Abel até ao sangue de
Zacarias, que foi assassinado entre o altar e
o Templo. De fato digo-lhes que será reque-
rido desta geração!
52. Ai de vocês, legistas! Porque vocês arre-
bataram a chave do conhecimento, e vocês
mesmos não entraram, e para aqueles que
estavam entrando, vocês criaram obstácu-
los”.
210
Dizimar: cobrar ou pagar para os religiosos dez
por cento do produto.
Lucas
53. E, dizendo-lhes isto, os escribas e os
fariseus começaram uma forte discussão
com ele, e provocaram-no a falar sobre mui-
tos assuntos,
54. Espreitando e procurando captar algo de
sua boca para poder acusá-lo.
12.
1. Enquanto isso ajuntou-se uma multidão
de milhares de pessoas, a ponto de começa-
rem a se pisotear uns aos outros. Ele come-
çou a falar primeiramente aos seus discípu-
los: “Tomem cuidado do fermento dos fari-
seus, que é a hipocrisia!
2. Mas não há nada encoberto que não será
revelado, nem oculto, que não venha a se
tornar conhecido.
3. Portanto, o que tiverem dito no escuro,
será ouvido na luz, e o que nos quartos tive-
rem sussurrado nos ouvidos, será proclama-
do dos terraços.
4. Mas digo-lhes, meus amigos: Não temam
aqueles que matam o corpo e depois disto
não podem fazer mais nada.
5. Mas quero alertar-lhes a quem devem
temer: Temam aquele que, depois de ter
matado, tem a autoridade de lançar na Gee-
na211. De fato digo-lhes, a este temam!
6. Não se vendem cinco pardais por dois
asses212? E nenhum deles é esquecido diante
de Deus.
7. Mas, até os cabelos de sua cabeça foram
todos contados. Portanto, não temam, porque
vocês valem mais do que muitos pardais.
8. Mas digo-lhes: Todo aquele que me con-
fessar diante das pessoas, também o Filho do
Homem confessará diante dos anjos de
Deus.
9. Mas aquele que me tiver negado diante
das pessoas, será negado diante dos anjos de
Deus.
211
Geena: o inferno é o lugar de punição. Origi-
nalmente era o vale de Hinnom, ao Sul de Jeru-
salém, onde o lixo e as carcaças de animais e-
ram jogados e queimados.
212
Ás: moeda equivalente a 1/10 de uma dracma.
Um valor insignificante.
87
Lucas
10. E todo aquele que falar uma palavra
contra o Filho do Homem, lhe será perdoa-
da, mas aquele que tiver blasfemado contra o
Espírito Santo, não lhe será perdoado.
11. Mas, quando lhes levarem diante das
sinagogas, e dos magistrados, e das autori-
dades, não premeditem em como ou o que
vocês responderão em sua defesa, ou o que
dirão,
12. Porque o Espírito Santo lhes ensinará
naquele instante o que convém dizer”.
13. E alguém do meio da multidão lhe disse:
“Mestre! Fale ao meu irmão para que reparta
comigo a herança!”
14. Mas ele disse-lhe: “Homem! Quem é que
me indicou para juiz ou inventariante sobre
vocês?”
15. E disse-lhes: “Tomem cuidado e res-
guardem-se da cobiça. Porque a vida não
consiste na abundância de bens que alguém
possui”.
16. E ele contou-lhes uma parábola, dizendo:
“As terras de uma certa pessoa rica produzi-
ram com abundância.
17. E ele refletiu, dizendo: ‘O que farei,
porque não tenho onde armazenar os meus
frutos?’
18. E ele disse: ‘Isso farei! Derrubarei os
meus celeiros e construirei maiores, e lá
ajuntarei toda a minha produção e os meus
bens.
19. E direi à minha alma: ‘Alma, você tem
ajuntado muitos bens por muitos anos, des-
canse, coma, beba e seja feliz!’.”
20. Mas Deus lhe disse: ‘Ignorante! Nesta
noite reclamarão de você a sua alma, e de
quem será o que você preparou?’
21. Assim acontece com aquele que acumula
bens para si mesmo, mas não é rico para
com Deus”.
22. E ele disse aos seus discípulos: “Por isso
digo-lhes: Não se preocupem com as suas
vidas, o que comer, nem pelo corpo, o que
vestir.
23. A vida consiste em mais do que a comi-
da, e o corpo em mais do que a roupa.
24. Contemplem os corvos, porque não se-
meiam, nem colhem, para os quais não há
armazém, nem celeiro, mas Deus os alimen-
88
ta. Quanto mais valiosos são vocês do que as
aves!
25. Mas quem de vocês, em se preocupando,
é capaz de acrescentar um côvado213 à sua
estatura?
26. Se, pois, vocês não são capazes de fazer
o mínimo, por que se preocupam com o
restante?
27. Contemplem os lírios como crescem.
Não trabalham, nem fiam, digo-lhes, porém,
que nem mesmo Salomão, em toda a sua
glória, vestiu-se como um deles.
28. Mas se Deus assim veste a planta do
campo, que hoje existe e amanhã é jogada
no forno, quanto mais a vocês, fracos na fé?!
29. E vocês, não busquem comida ou bebida
e vivam angustiados.
30. Porque tudo isso almejam os povos do
mundo. Mas o seu Pai sabe de que vocês têm
necessidade disso.
31. Antes desejem profundamente o Reino
de Deus e tudo isso lhes será acrescentado.
32. Não tenha medo, pequeno rebanho! Por-
que o seu Pai se agradou em dar-lhe o Reino.
33. Vendam suas propriedades e dêem esmo-
las. Preparem para vocês mesmos carteiras
que não envelheçam, um tesouro indestrutí-
vel nos Céus, onde o ladrão não tem acesso,
nem a traça consome.
34. Porque, onde estiver o seu tesouro, aí
também estará o seu coração.
35. Estejam os seus lombos cingidos e as
suas lâmpadas acesas,
36. E sejam como pessoas aguardando o seu
senhor retornando da recepção de casamen-
to, que, quando chegar e bater na porta, a-
bram imediatamente.
37. Bem-aventurados aqueles servos que, na
sua vinda, o Senhor encontrar vigilantes. Em
verdade lhes digo, que ele se cingirá, e os
fará reclinar, e virá, e os servirá.
38. E se ele chegar na segunda vigília214 ou
chegar na terceira vigília, e assim os encon-
trar, bem-aventurados são esses servos.
213
Um côvado: aproximadamente 50 cm.
214
A noite era dividida em quatro vigílias: 1ª -
18:00 às 21:00; 2ª - 21:00 às 00:00; 3ª - 00:00
às 3:00 e 4ª - 3:00 às 6:00 horas.

39. Mas estejam cientes do seguinte, que, se
o dono da casa tivesse sabido a que hora
viria o ladrão, teria vigiado, e não teria per-
mitido que arrombasse a sua casa.
40. E vocês, pois, estejam preparados, por-
que o Filho do Homem vem numa hora em
que não imaginam”.
41. E disse-lhe Pedro: “Senhor, nesta pará-
bola o Senhor se refere a nós, ou também a
todos?”
42. E o Senhor disse: “Quem é, pois, o ad-
ministrador fiel e entendido, a quem o se-
nhor fará responsável pelo serviço, para
suprir a sua alimentação no horário determi-
nado?
43. Bem-aventurado esse servo, que seu
senhor, na sua vinda, encontrar agindo as-
sim.
44. Com certeza lhes digo que o colocará
sobre toda a sua propriedade.
45. Mas, se esse servo disser no seu coração:
‘Meu Senhor atrasa o seu retorno’, e come-
çar a espancar os servos e as servas, e a co-
mer, e a beber, e a se embriagar,
46. Virá o senhor desse servo num dia no
qual não espera, e numa hora da qual não
tem conhecimento, e será esquartejado215, e
a sua parte será decretada com os incrédulos.
47. Mas aquele servo que conhecia a vontade
de seu senhor, mas não se preparou, nem
agiu de acordo com a sua vontade, receberá
muitos açoites,
48. Mas aquele que não a conhecia, e come-
teu atos dignos de açoites, receberá poucos.
E a todo aquele ao qual muito foi dado, dele
muito será exigido, e aquele ao qual muito
foi confiado, tanto mais se exigirá dele.
49. Eu vim para incendiar a terra, e como
queria que já estivesse inflamada!
50. Mas tenho que ser submerso com uma
submersão, e como estou afligido até que se
concretize!
51. Vocês supõem que vim dar paz à Terra?
Digo-lhes: Não, antes divisão.
215
Dicotomhsei (dicotomesei): cortado em duas
partes.
Lucas
52. Porque a partir de agora haverá cinco
divididos numa casa: Três contra dois, e dois
contra três.
53. Ficarão divididos: O pai contra o filho, e
o filho contra o pai; a mãe contra a filha, e a
filha contra a mãe; a sogra contra a sua nora,
e a nora contra a sua sogra”.
54. E dizia também às multidões: “Quando
virem surgir uma nuvem do poente, logo
dizem: ‘Vai chover!’ E assim acontece.
55. E quando sopra um vento do sul, vocês
dizem: ‘Vai fazer calor!’ E acontece.
56. Hipócritas! Vocês sabem interpretar a
aparência da Terra e do Céu, mas, como não
distinguem esta época?!
57. E, como vocês não julgam por vocês
mesmos o que é certo?!
58. Porque, quando você for com o seu ad-
versário diante do magistrado, esforce-se no
caminho para ser liberado dele, para que não
lhe arraste diante do juiz, e o juiz lhe entre-
gue ao oficial de justiça, e o oficial de justiça
lhe lance na prisão.
59. Digo-lhe que de forma alguma você sairá
de lá até ter pago o último lepto216.”
13.
1. E nesta ocasião estavam alguns presentes
falando com ele a respeito dos galileus, cujo
sangue Pilatos misturara com os seus sacrifí-
cios.
216
Lepto:
A moeda ilustrada foi uma das primeiras e mais
comuns moedas judaicas jamais cunhadas, da-
tando do tempo de Alexander Jannaeus (103-76
a.C.), um descendente de Judas Macabeus.
Leptos judaicos freqüentemente apresentam de-
feitos devido à cunhagem apressada.
89
Lucas
2. E Jesus, tomando a palavra, disse-lhes:
“Vocês acham que estes galileus eram maio-
res pecadores do que todos os outros gali-
leus, por terem sofrido isso?
3. Digo-lhes: Não! Mas, se não se arrepen-
derem, todos vocês semelhantemente pere-
cerão.
4. Ou vocês acham que aqueles dezoito,
sobre os quais caiu a torre de Siloé e os ma-
tou, eram maiores devedores do que todas as
pessoas que residiam em Jerusalém?
5. Digo-lhes: Não! Mas se vocês não se
arrependerem, todos semelhantemente pere-
cerão”.
6. E contava-lhes a seguinte parábola: “Al-
guém tinha uma figueira plantada na sua
vinha. E ele veio procurar fruto nela, mas
não o achou.
7. E disse ao vinhateiro: ‘Veja que por três
anos tenho vindo procurar fruto nesta figuei-
ra e não o acho. Corte-a, porque ocupa inu-
tilmente o solo!’
8. Mas ele, respondendo, lhe diz: ‘Senhor,
deixe-a somente por este ano, até eu cavar
ao seu redor e adubá-la,
9. Para ver se talvez produza frutos. Caso
contrário, o senhor a cortará’.”
10. E ele ensinava numa das sinagogas nos
Descansos.
11. E eis que estava presente uma mulher
possuída por um espírito de enfermidade
fazia dezoito anos, e ela era corcunda e in-
capaz de se endireitar por completo.
12. E, vendo-a Jesus, chamou-a e disse-lhe:
“Mulher, você está liberta de sua enfermida-
de”.
13. E impôs-lhe suas mãos, e, imediatamen-
te, ela se endireitou e glorificava a Deus.
14. Mas o presidente da sinagoga se mani-
festou indignado, porque Jesus curava no
Descanso, e disse à multidão: “Há seis dias
nos quais convém trabalhar. Nesses vocês
vêm para serem curados, mas não no dia do
Descanso”.
15. Respondeu-lhe, porém, o Senhor, e disse:
“Hipócrita! Não desamarra cada um de vo-
cês no Descanso o seu boi ou jumento da
manjedoura e o leva para beber?
90
16. E esta filha de Abraão, que o Adversário
havia amarrado, vejam, já por dezoito anos,
não deveria ela ser liberta deste laço no dia
do Descanso?”
17. E, dizendo ele isto, todos os seus oposi-
tores se envergonharam. E toda a multidão
regozijava-se de todos os atos gloriosos
realizados por ele.
18. E dizia: “A que se assemelha o Reino de
Deus, e a que o compararei?
19. Assemelha-se a um grão de mostarda que
uma pessoa tomou e jogou na sua horta. E
cresceu e transformou-se numa grande árvo-
re, e as aves do Céu empoleiraram-se nos
seus galhos”.
20. E novamente disse: “A que compararei o
Reino de Deus?
21. Assemelha-se ao fermento que uma mu-
lher tomou e misturou com três sata217 de
farinha, até que tudo ficasse fermentado”.
22. E ele passava pelas cidades e pelos po-
voados, ensinando e progredindo em direção
a Jerusalém.
23. E alguém lhe disse: “Senhor, são poucos
os que são salvos?” Mas ele disse-lhes:
24. “Lutem para entrar pelo portão estreito.
Porque digo-lhes que muitos procurarão
entrar, mas não poderão.
25. A partir do momento em que o dono da
casa tiver levantado e fechado a porta, então
vocês estarão parados do lado de fora, ba-
tendo na porta, e dizendo: ‘Senhor, Senhor!
Abra-nos!’, e ele, respondendo, lhes dirá:
‘Não sei de onde vocês são’,
26. Então vocês começarão a dizer: ‘Come-
mos e bebemos na sua presença, e o Senhor
ensinou nas nossas ruas’.
27. Mas ele lhes dirá: ‘Digo-lhes, não sei de
onde vocês são! Retirem-se de mim todos os
praticantes da injustiça!’
28. Ali haverá choro e ranger de dentes,
quando virem a Abraão, e a Isaque, e a Jacó,
e a todos os profetas no Reino de Deus, mas
vocês mesmos lançados fora.
217
Saton: um saton equivalia a aproximadamente
13 litros. Derivado do hebraico seah, equiva-
lente a 1/3 de efa.

29. E virão do Levante, e do Poente, e do
Norte, e do Sul, e se reclinarão no Reino de
Deus.
30. Mas vejam, há últimos que serão primei-
ros, e há primeiros que serão últimos”.
31. No mesmo dia vieram a ele alguns fari-
seus, dizendo-lhe: “Fuja e retire-se daqui,
porque Herodes quer matá-lo!”
32. E ele disse-lhes: “Vão e digam a esta
raposa: Eis que expulso demônios e opero
curas, hoje e amanhã, e no terceiro dia ter-
mino.
33. É necessário, no entanto, que eu prossiga
hoje, e amanhã, e no dia seguinte. Porque
não é possível que um profeta morra fora de
Jerusalém.
34. Jerusalém, Jerusalém! Que mata os pro-
fetas, e apedreja os que lhe foram enviados!
Quantas vezes queria eu ter reunido os seus
filhos, assim como uma galinha ajunta sua
ninhada debaixo de suas asas, mas vocês não
quiseram!
35. Eis que sua casa lhes está sendo deixada
deserta. Em verdade lhes digo que vocês não
me verão, até que dirão: ‘Bendito o que vem
em nome do Senhor!’.”
14.
1. E aconteceu que, entrando na casa de um
dos dirigentes dos fariseus, num Descanso,
para comer pão, estavam-no observando.
2. E eis que estava diante dele uma pessoa
hidrópica218.
3. E, tomando a palavra, Jesus falou aos
legistas e aos fariseus, dizendo: “É permitido
curar no Descanso?”
4. Eles, porém, se calaram. E, tocando-o,
ele o curou e o despediu.
5. E, perguntando-lhes, disse: “Quem de
vocês, tendo um jumento ou boi que caia
num poço, não o retira imediatamente no dia
do Descanso?”
6. Mas diante disto não puderam replicar
nada.
218
Hidrópico: molestado por inchação ou retenção
de líquido.
Lucas
7. E contou uma parábola aos convidados,
observando como escolhiam os lugares de
honra, dizendo-lhes:
8. “Quando alguém lhe convidar para uma
recepção de casamento, não se assente no
lugar de honra, para que não aconteça de
alguém mais distinto que você ter sido con-
vidado por ele,
9. E, vindo o que convidou a você e a ele,
lhe disser: ‘Ceda o lugar a este’, e você en-
tão assuma envergonhado o último lugar.
10. Porém, quando você for convidado, vá e
assente-se no último lugar, para que, quando
chegar o que lhe convidou, este lhe diga:
‘Amigo, suba para cá’. Isto lhe será honroso
diante dos que se assentam à mesa com vo-
cê.
11. Porque, todo aquele que se exaltar a si
mesmo, será humilhado, e aquele que se
humilhar a si mesmo, será exaltado”.
12. E também dizia ao que lhe convidara:
“Quando servir um almoço, ou um jantar,
não convide seus amigos, nem seus irmãos,
nem seus parentes, nem seus vizinhos ricos,
para que não retribuam o convite, e você
seja recompensado.
13. Mas, quando fizer uma festa, convide os
pobres, aleijados, coxos e cegos,
14. E você será bem-aventurado, porque eles
não têm com que lhe recompensar. Você
será recompensado na ressurreição dos jus-
tos”.
15. E, ouvindo isto, um dos que estavam
assentados com ele à mesa, disse-lhe: “Bem-
aventurado o que há de comer pão no Reino
de Deus! ”.
16. Ele, porém, disse-lhe: “Um homem fez
uma grande festa e convidou a muitos.
17. E enviou seu servo, na hora da ceia, dizer
aos convidados: ‘Venham, porque tudo já
está preparado!’
18. E todos, um após o outro, começaram a
desculpar-se. O primeiro disse-lhe: ‘Com-
prei um terreno e preciso ir vê-lo. Peço des-
culpar-me’.
19. E outro disse: ‘Comprei cinco juntas de
bois e vou examiná-las. Peço desculpar-me’.
20. E outro disse: ‘Acabo de casar-me e por
esta razão não posso ir’.
91
Lucas
21. E, voltando o servo, relatou isto ao seu
senhor. Enfurecendo-se, então, o dono da
casa disse ao servo: ‘Vá depressa pelas pra-
ças e ruas da cidade, e introduza os pobres, e
deficientes, e coxos, e cegos’.
22. E o servo disse: ‘Senhor, a sua ordem foi
cumprida, mas ainda há lugar’.
23. E disse o senhor ao servo: ‘Vá às estra-
das e cercas, e constranja-os a entrar, para
que a minha casa fique cheia.
24. Porque digo-lhes que nenhum daqueles
homens que foram convidados provará da
minha ceia’.”
25. E caminhavam com ele grandes multi-
dões, e, voltando-se, disse-lhes:
26. “Se alguém vir a mim, e não aborrecer a
seu pai, e mãe, e esposa, e filhos, e irmãos, e
irmãs, e além disso a sua própria vida, não
pode ser meu discípulo.
27. E todo aquele que não carregar a sua
cruz e seguir após mim, não pode ser meu
discípulo.
28. Porque, quem de vocês, querendo cons-
truir uma torre, não se assenta primeiro para
calcular o seu custo, para ver se tem os mei-
os para concluí-la?
29. Para não acontecer de, tendo lançado o
fundamento, não ter condições de acabá-la,
e, todos que a virem, começarem a gracejar
dele,
30. Dizendo: ‘Esta pessoa começou a cons-
truir e não teve condições de acabar’.
31. Ou que rei se envolve numa guerra com
outro rei, sem primeiro se assentar e se a-
conselhar se tem condições de enfrentar com
dez mil aquele que vem ao seu encontro com
vinte mil?
32. Do contrário, enquanto ainda estiver
longe, enviando-lhe uma comitiva, pede
pelas condições de paz.
33. Assim, pois, todo aquele de vocês que
não renunciar a tudo que possuir, não pode
ser meu discípulo.
34. O sal é bom, mas se o sal perder o seu
sabor219, com que se temperará?
219
O sal perde o seu sabor quando misturado com
outros produtos ou impurezas. O açúcar, mistu-
rado ao sal, anula o sabor do sal.
92
35. Não será útil nem para o solo, nem como
adubo, mas será jogado fora. Aquele tendo
ouvidos para ouvir, ouça!”
15.
1. E estavam se aproximando dele todos os
cobradores de impostos e pecadores para
ouvi-lo.
2. Mas os fariseus e os escribas reclama-
ram, dizendo: “Este recebe pecadores e co-
me com eles!”
3. E ele contou-lhes a seguinte parábola,
dizendo:
4. “Que pessoa dentre vocês tendo cem
ovelhas, e perdendo uma delas, não deixa as
noventa e nove no deserto, e vai atrás da
perdida, até achá-la?
5. E, tendo-a encontrado, cheio de alegria
coloca-a nos seus ombros,
6. E, chegando em casa, chama os seus
amigos e vizinhos, dizendo-lhes: ‘Alegrem-
se comigo, porque encontrei minha ovelha
que havia se perdido!’
7. Digo-lhes que do mesmo modo haverá
mais alegria no Céu por um pecador que se
arrepende, do que por noventa e nove justos
que não têm necessidade de arrependimento.
8. Ou que mulher, tendo dez dracmas220, se
perder uma dracma, não acende uma lâmpa-
da, e varre a casa, e procura cuidadosamente
até achá-la?
9. E, tendo-a encontrado, chama suas ami-
gas e vizinhas, dizendo: ‘Alegrem-se comi-
go, porque achei a dracma que havia perdi-
do!’.
10. Do mesmo modo, digo-lhes, há alegria
diante dos anjos de Deus por um pecador
que se arrepende”.
11. E ele disse: “Uma certa pessoa tinha dois
filhos.
12. E disse o mais jovem deles ao pai: ‘Pai,
dê-me a parte dos bens que me cabe’. E ele
repartiu entre eles os bens.
13. Não muitos dias depois, juntando tudo, o
filho mais jovem partiu para um país distan-
220
Dracma: moeda de prata grega com um valor
aproximado de um denário romano.

te. E lá esbanjou os seus bens, levando uma
vida depravada.
14. Mas, tendo ele desperdiçado tudo, ocor-
reu uma grande fome por todo aquele país, e
ele começou a passar necessidades.
15. E indo, juntou-se a um dos cidadãos
daquele país, e ele o mandou aos campos
apascentar porcos.
16. E apetecia encher sua barriga das alfar-
robas221 que os porcos comiam, mas nin-
guém lhe dava nada.
17. Mas, caindo em si, disse: ‘Quantos em-
pregados de meu pai tem pão de sobra, e eu
estou morrendo de fome!
18. Levantando-me irei ao meu pai e lhe
direi: ‘Pai, pequei contra o Céu e contra o
senhor,
19. E já não sou digno de ser chamado seu
filho. Trate-me como um de seus emprega-
dos!’
20. E, levantado-se, foi para o seu pai. Mas
estando ainda muito longe, seu pai o viu, e
comovido de compaixão, e, correndo, lan-
çou-se-lhe ao pescoço, e carinhosamente o
beijou.
21. E o filho lhe disse: ‘Pai, pequei contra o
Céu e contra o senhor, e não mais sou digno
de ser chamado seu filho!’
22. Mas o pai disse aos seus servos: ‘Tragam
a melhor estola e vistam-no, e dêem-lhe um
anel para a sua mão, e calçados para os pés,
23. E tragam o novilho cevado e o abatam, e
comamos e sejamos felizes,
24. Porque este meu filho estava morto, mas
reviveu, e estava perdido, mas foi achado!’
E começaram a alegrar-se.
25. E seu filho mais velho estava no campo.
E vindo, ao aproximar-se da casa, ouviu
música222 e coros223.
221
Alfarroba: fruto com polpa adocicada e comes- 6. E ele disse: ‘Cem batos224 de azeite’. E
tível, usado como forragem e para a engorda de disse-lhe: ‘Tome a sua conta, assente-se e
porcos. A Alfarrobeira era uma árvore frondo-
sa, cujo fruto é também conhecido por pão-de-
são-joão.
222
Música: a palavra aqui é sumfwnia, sumpho-
nia (com som) da qual veio nossa palavra sin-
fonia.
223
corov choros: conjunto de dançarinos ou de
cantores.
Lucas
26. E, chamando um de seus servos, infor-
mou-se do que se tratava.
27. E ele disse-lhe: ‘Seu irmão chegou, e seu
pai abateu o novilho cevado, porque voltou
são e salvo’.
28. Mas ele se enfureceu e não queria entrar.
Mas o seu pai insistia com ele.
29. Mas ele, respondendo, disse ao pai: ‘Ve-
ja há quantos anos lhe sirvo, e nunca trans-
gredi uma única ordem sua, mas o senhor
nunca me deu um cabrito para festejar com
os meus amigos!
30. Mas, quando voltou este seu filho, que
desperdiçou os seus bens com prostitutas, o
senhor abateu para ele o novilho cevado!’
31. Mas ele disse-lhe: ‘Filho, você está sem-
pre comigo, e tudo que é meu é seu.
32. Mas tínhamos que festejar e nos alegrar,
porque este seu irmão estava morto, mas
reviveu, e perdido, mas foi achado!’.”
16.
1. E dizia também aos seus discípulos:
“Havia certo homem rico que tinha um ad-
ministrador acusado de estar desperdiçando
os seus bens.
2. E, chamando-o, disse-lhe: ‘O que é isto
que ouço a seu respeito? Preste contas de sua
administração, porque você não pode conti-
nuar como administrador’.
3. E o administrador refletiu: ‘O que farei?
Porque meu senhor está tomando de mim a
administração. Para cavar não tenho forças,
para pedir esmolas tenho vergonha.
4. Sei o que farei, para que, quando tiver
sido destituído da administração, me rece-
bam nas suas casas’.
5. E, chamando cada um dos devedores de
seu senhor, disse ao primeiro: ‘Quanto você
deve ao meu senhor?’
escreva agora mesmo: Cinqüenta’.
224
Bato: medida líquida hebraica, com um bato
equivalendo a em torno de 40 litros. No total
ele devia em torno de 4000 litros de azeite.
93
Lucas
7. Então disse a outro: ‘E você, quanto
deve?’ E ele disse: ‘Cem coros225 de trigo’.
E ele disse-lhe: ‘Tome a sua conta e escreva
oitenta’.”
8. E o Senhor elogiou o administrador in-
justo, porque agiu com esperteza. Porque os
filhos do mundo são mais sábios do que os
filhos da luz na sua própria geração.
9. “E a vocês digo: Façam amigos com as
riquezas da injustiça, para que, quando fa-
lharem, lhes concedam acesso às moradas
eternas.
10. Quem for fiel no pouco, também será fiel
no muito, e quem for injusto no pouco, tam-
bém será injusto no muito.
11. Se, pois, não tiverem sido fiéis com as
riquezas injustas, quem lhes confiará as
verdadeiras?
12. E, se não tiverem sido fiel no alheio,
quem lhes dará o próprio de vocês?
13. Nenhum servo é capaz de servir a dois
senhores. Porque, ou desprezará a um e ama-
rá ao outro, ou se apegará a um e desprezará
ao outro. Vocês não podem servir a Deus e
às riquezas.”
14. E também os fariseus, amantes da prata,
ouviram tudo isso, e o ridicularizavam.
15. E disse-lhes: “Vocês são aqueles que se
pronunciam justos diante das pessoas, mas
Deus conhece os seus corações. Porque a-
quilo que é considerado valioso entre as
pessoas, é uma abominação diante de Deus.
16. A Lei e os Profetas vigoraram até João.
Desde então o Reino de Deus é anunciado e
todos procuram entrar nele pela força.
17. Mas é mais fácil de passarem os Céus e a
Terra, do que uma keraia226 da Lei falhar.
18. Todo aquele que despedir sua esposa e
casar com outra, adultera; e todo aquele que
casar com a despedida, adultera.
19. Ora, havia certo homem rico que se ves-
tia de púrpura e linho fino, alegrando-se
diariamente no seu luxo.
225
Korov Koros: a maior medida seca hebraica.
Um koro equivalia a entre 350 e 400 litros. No
caso ele devia em torno de 40000 litros de tri-
go.
226
Keraia (keraia) – pequeno chifre. Usado pelos
escritores como acentos e pontos diacríticos.
94
20. E havia certo mendigo, chamado Lázaro,
jogado ao seu portão, coberto de feridas,
21. E, desejando de se satisfazer com as
migalhas que caíam da mesa do rico. Mas
até os cachorros chegavam a lamber as suas
feridas.
22. E aconteceu morrer o mendigo, e ele ser
levado pelos anjos ao seio de Abraão. Mor-
reu, porém, também o rico, e foi sepultado.
23. E no Hades227, estando em tormentos,
levantando os seus olhos, ele de longe vê a
Abraão, e Lázaro no seu seio.
24. E ele, clamando, disse: ‘Pai Abraão,
tenha compaixão de mim, e envie a Lázaro
para que molhe a ponta de seu dedo em água
e refresque a minha língua, porque estou
atormentado nesta chama’.
25. Abraão, porém, lhe disse: ‘Filho, lembre-
se de que você recebeu os seus benefícios
durante a sua vida, e Lázaro semelhantemen-
te os males. Mas agora ele é confortado e
você atormentado.
26. E, além de tudo isso, foi estabelecido um
grande abismo entre nós e vocês, de forma
que aqueles que desejarem passar daqui para
lá não podem, nem os de lá podem passar
para nós’.
27. E ele disse: ‘Imploro-lhe, então, pai, que
o envie à casa de meu pai,
28. Pois tenho cinco irmãos, para que lhes
testifique seriamente, para que não venham
também para este lugar de tormento’.
29. Abraão lhe diz: ‘Eles têm Moisés e os
Profetas, que os ouçam!’
30. Mas ele disse: ‘Não, pai Abraão, mas, se
alguém dentre os mortos fosse até eles, eles
se arrependeriam’.
31. Mas ele disse-lhe: ‘Se não derem ouvi-
dos a Moisés e aos Profetas, também não
serão convencidos, mesmo se alguém res-
suscitar dos mortos’.”
227
Hades é o nome do deus das regiões inferiores.
No Grego Bíblico é associado a Orcus, as regi-
ões infernais, um lugar escuro e funesto, nas
próprias profundezas da Terra, destino dos es-
píritos desligados do corpo.

17.
1. E ele disse aos discípulos: “É inevitável
que venham escândalos, mas ai daquele por
meio do qual vierem.
2. Seria preferível para o mesmo que uma
mó, movida por jumento, fosse pendurada
no seu pescoço, e ele ser lançado no mar, do
que fazer tropeçar um destes pequeninos.
3. Tomem cuidado de vocês mesmos! Mas
caso seu irmão pecar contra você, advirta-o,
e, se ele se arrepender, perdoe-lhe.
4. E, se ele pecar sete vezes por dia contra
você, e sete vezes durante o dia retornar a
você, dizendo, ‘estou arrependido’, você o
perdoará”.
5. E disseram os apóstolos ao Senhor:
“Aumente a nossa fé!”
6. Mas o Senhor disse: “Se tiverem fé, co-
mo um grão de mostarda, dirão a esta amo-
reira: ‘Seja desarraigada e plantada no mar!’,
e ela lhes obedecerá.
7. Mas quem de vocês, tendo um servo que
estiver arando o campo ou apascentando, o
qual, vindo do campo, logo dirá: ‘Venha
reclinar-se!’?
8. Mas antes não lhe dirá: ‘Prepare a janta,
e cinja-se, e me sirva, enquanto como e be-
bo. E depois disto você comerá e beberá!’?
9. Por acaso agradece ao servo porque fez o
que lhe ordenou? Presumo que não!
10. Assim também vocês, quando tiverem
feito tudo que lhes foi ordenado, digam:
‘Somos servos inúteis, porque não fizemos
nada além da nossa obrigação!’.”
11. E aconteceu que, na sua subida para Je-
rusalém, atravessou pela Samaria e pela
Galiléia.
12. E, entrando ele num certo povoado, vie-
ram-lhe ao encontro dez homens leprosos,
que ficaram parados à distância.
13. E elevaram a voz, dizendo: “Mestre Je-
sus, tenha piedade de nós!”
14. E, vendo-os, disse-lhes: “Vão e apresen-
tem-se aos sacerdotes!” E aconteceu que,
indo eles, foram purificados.
15. E um deles, vendo que fora curado, re-
tornou, glorificando a Deus em alta voz.
Lucas
16. E caiu de rosto aos seus pés, agradecen-
do-o. Mas ele era samaritano.
17. E Jesus, tomando a palavra, disse: “Não
foram os dez purificados? Mas onde estão os
nove?
18. Não se achou ninguém que retornasse
para dar glória a Deus a não ser este estran-
geiro?”
19. E ele disse-lhe: “Levante-se e vá! A sua
fé lhe curou!”
20. E, sendo indagado pelos fariseus sobre
quando viria o Reino de Deus, respondeu-
lhes e disse: “O Reino de Deus não vem
visivelmente.
21. Nem dirão, ‘vejam aqui!’ ou ‘vejam ali’.
Porque vejam que o Reino de Deus está
entre vocês”.
22. E disse aos discípulos: “Virão dias em
que vocês desejarão ver um dos dias do Fi-
lho do Homem, e não o verão.
23. E lhes dirão, ‘vejam aqui’ ou ‘vejam ali’.
Não vão, nem sigam!
24. Porque, assim como o relâmpago que
ilumina e brilha de um lado do Céu até ao
outro lado do Céu, assim será também o
Filho do Homem no seu Dia.
25. Mas primeiro ele precisa sofrer muito, e
ser rejeitado por esta geração.
26. E, assim como foi nos dias de Noé, assim
também será nos dias do Filho do Homem:
27. Comiam, bebiam, casavam, e eram dados
em casamento, até ao dia em que Noé entrou
na Arca, e veio o Dilúvio e destruiu a todos.
28. E semelhantemente como aconteceu nos
dias de Ló: Comiam, bebiam, compravam,
vendiam, plantavam, construíam,
29. Mas no dia em que Ló saiu de Sodoma
choveu fogo e enxofre do Céu, e destruiu a
todos.
30. Assim será no Dia em que o Filho do
Homem for revelado.
31. Naquele dia, quem estiver no terraço, e
seus pertences dentro de casa, não desça
para buscá-los. E aquele que estiver no cam-
po, semelhantemente, não volte para o que
está atrás.
32. Lembrem-se da mulher de Ló!
95
Lucas
33. Qualquer que procurar salvar a sua vida,
perdê-la-á; e qualquer que perdê-la, preser-
vá-la-á.
34. Digo-lhes, naquela noite dois estarão
sobre um divã: Um será levado, e o outro
será deixado.
35. Duas estarão moendo juntas: Uma será
levada, e a outra será deixada.
36. Dois estarão no campo: Um será levado,
e o outro será deixado”.
37. E, perguntando, disseram-lhe: “Onde,
Senhor?” E ele disse-lhes: “Onde estiver o
corpo, ali se ajuntarão os abutres”.
18.
1. E contou-lhes também uma parábola
sobre a necessidade de sempre orar e não
desistir,
2. Dizendo: “Havia numa cidade um certo
juiz que não temia a Deus nem estimava o
ser humano.
3. Na mesma cidade havia também uma
viúva, que se dirigiu a ele, dizendo: ‘Defen-
da a minha causa diante do meu adversário’.
4. Mas ele se recusou por algum tempo.
Mais tarde, porém, refletiu: ‘Mesmo que eu
não tema a Deus e não estime o ser humano,
5. Porém, pelo fato desta viúva estar me
perturbando, vou julgar a sua causa, para
que não volte sempre até acabar comigo’.”
6. E disse o Senhor: “Ouçam para o que o
juiz injusto diz.
7. Por acaso não defenderia Deus os seus
seletos que clamam a ele dia e noite, e é
paciente para com eles?
8. Digo-lhes que depressa lhes defenderá.
Todavia, será que na sua vinda, o Filho do
Homem encontrará fé na Terra?”
9. E ele contou a seguinte parábola aos que
confiavam neles mesmos considerando-se
justos, e menosprezavam os outros:
10. “Dois homens subiram ao Templo para
orar. Um deles era fariseu e o outro cobrador
de impostos.
11. O fariseu, de pé, orava deste modo con-
sigo mesmo: ‘Eu lhe dou graças, ó Deus,
porque não sou como as outras pessoas,
96
chantagistas, injustas, adúlteras, nem como
este cobrador de impostos.
12. Jejuo duas vezes por semana e pago o
dízimo de tudo quanto ganho’.
13. Mas o cobrador de impostos, parado de
longe, não queria nem sequer elevar os seus
olhos para o Céu, mas batia no seu peito,
dizendo: ‘Deus, seja propício a mim peca-
dor!’
14. Digo-lhes: Este desceu justificado para a
sua casa, mas não o outro. Porque todo aque-
le que se exaltar a si mesmo será humilhado;
e aquele que se humilhar a si mesmo será
exaltado.”
15. E traziam-lhe também os bebês para que
os tocasse. Mas, vendo-o os discípulos, re-
preenderam-nos.
16. Jesus, todavia, chamando-os, disse:
“Deixem as criancinhas virem a mim, e não
as impeçam, porque de tais é o Reino de
Deus.
17. Com certeza lhes digo: Quem não rece-
ber o Reino de Deus como uma criancinha,
de forma alguma entrará nele”.
18. E certo líder perguntou-lhe, dizendo:
“Bom Mestre, o que farei para herdar a vida
eterna?”
19. Mas Jesus lhe disse: “Por que me chama
de ‘bom’? Ninguém é ‘bom’, a não ser um:
Deus.
20. Você conhece os mandamentos: ‘Você
não adulterará, não assassinará, não furta-
rá, não dará falso testemunho, honrará a
seu pai e a sua mãe’228.”
21. E ele disse: “Todos estes tenho cumprido
desde a minha mocidade”.
22. Ouvindo isto, Jesus lhe disse: “Você
carece de um: Venda tudo que possuir e
distribua-o entre os pobres, e você terá um
tesouro no Céu, e venha seguir-me”.
23. Mas, ouvindo isto, ficou muito triste,
porque era riquíssimo.
24. Mas, vendo Jesus que ele se entristecera
muito, disse: “Quão dificilmente os que
possuem riquezas entrarão no Reino de
Deus!
228
Jesus cita dos dez mandamentos, sem obedecer
a ordem no Velho Testamento.

25. Porque é mais fácil para um camelo pas-
sar pelo olho da agulha229, do que um rico
entrar no Reino de Deus”.
26. E os que ouviram isto disseram: “Sendo
assim, quem então poderá ser salvo?”
27. Mas ele disse: “Os impossíveis dos ho-
mens são possíveis para com Deus!”
28. E Pedro disse: “Eis que nós abandona-
mos tudo e lhe seguimos!”.
29. E ele disse-lhes: “Com certeza lhes digo
que não há ninguém que tenha deixado casa,
ou pais, ou irmãos, ou esposa, ou filhos, por
causa do Reino de Deus,
30. Que não receberá muitas vezes mais
nesta época e na era vindoura a vida eterna”.
31. E, levando consigo os Doze, disse-lhes:
“Vejam que estamos subindo para Jerusa-
lém, e se cumprirá tudo que têm sido escrito
pelos Profetas a respeito do Filho do Ho-
mem!
32. Porque será entregue aos povos, e escar-
necido, e humilhado, e cuspido.
33. E, tendo-o açoitado, o matarão. Mas no
terceiro dia ressuscitará”.
34. Mas eles não entenderam nada disto, e
este discurso lhes permaneceu encoberto, e
não entenderam o que foi dito.
35. E aconteceu que, estando próximo de
Jericó, havia um certo cego assentado à beira
da estrada, mendigando.
36. E, ouvindo que uma multidão passava,
perguntou do que se tratava.
37. E disseram-lhe que Jesus, o Nazareno,
estava passando.
38. E ele gritou, dizendo: “Jesus, Filho de
Davi, tenha piedade de mim!”
39. E os que andavam na frente mandavam
que se calasse. Mas ele gritava ainda muito
mais: “Filho de Davi, tenha piedade de
mim!”
40. E Jesus, parando, ordenou que lho trou-
xessem. E, chegando perto, perguntou-lhe,
229
Olho da agulha: após o portão principal da viajou a um país distante para assumir um
cidade, ou de um castelo, tivesse sido fechado, reino e retornar.
havia uma pequena portinhola para as pessoas
que chegavam durante a noite poderem entrar.
O camelo tinha que se arrastar de joelhos no
chão para poder passar pelo “olho da agulha”.
Lucas
41. Dizendo: “O que deseja que eu lhe fa-
ça?” E ele disse: “Senhor, que eu recupere a
minha visão!”
42. E Jesus lhe disse: “Recupere a visão! A
sua fé lhe curou!”
43. E imediatamente recuperou a visão, e o
seguia, glorificando a Deus. E todo o povo,
vendo isto, deu glória a Deus.
19.
1. E, entrando em Jericó, ao atravessá-la,
2. Eis que um homem chamado Zaqueu,
que era chefe dos cobradores de impostos, e
rico,
3. Desejava ver quem era Jesus, mas não
podia, devido à multidão, porque era de
baixa estatura.
4. E, correndo na frente, subiu num sicômo-
ro230, a fim de poder enxergá-lo, porque
estava para passar por aquele lugar.
5. E ao chegar ao lugar, elevando Jesus os
olhos, viu-o, e disse-lhe: “Zaqueu, desça
depressa! Porque tenho que visitar a sua casa
ainda hoje!”
6. E desceu depressa e recebeu-o com mui-
ta alegria.
7. E, vendo isto, todos reclamaram, dizendo
que entrara para pousar com um homem
pecador.
8. Mas Zaqueu, colocando-se em pé, disse
ao Senhor: “Eis que metade dos meus bens,
Senhor, dou aos pobres, e se extorqui algo
de alguém, devolverei o quádruplo”.
9. E disse-lhe Jesus: “Hoje chegou a salva-
ção a esta casa! Porque também este é filho
de Abraão!
10. Porque o Filho do Homem veio procurar
e salvar o que havia se extraviado!”.
11. E, ouvindo eles isto, prosseguindo, con-
tou uma parábola, por estar próximo de Jeru-
salém, e eles presumiam que o Reino de
Deus estava prestes a ser revelado.
12. Disse pois: “Uma certa pessoa nobre
230
Sicômoro: árvore nativa que chegava a uma
altura de até 20 metros.
97
Lucas
13. E, chamando dez de seus servos, deu-
lhes dez minas231 e disse-lhes: ‘Negociem
até eu voltar!’
14. Mas os seus compatriotas odiavam-no, e
enviaram-lhe uma embaixada, dizendo: ‘Não
queremos que este reine sobre nós!’
15. E aconteceu que, retornando de ter assu-
mido o reino, ordenou que fossem chamados
os servos aos quais havia confiado o dinhei-
ro, para saber o que cada um havia lucrado
nos seus negócios.
16. E apresentou-se o primeiro, dizendo:
“Senhor, sua mina rendeu dez minas’.
17. E ele disse-lhe: ‘Ótimo, servo bom! Vis-
to que você foi fiel no pouco, receba autori-
dade sobre dez cidades!’
18. E veio o segundo, dizendo: ‘Senhor, sua
mina rendeu cinco minas!’
19. E também a este ele disse: ‘E você, do-
mine sobre cinco cidades!’
20. E veio o outro, dizendo: ‘Senhor, veja a
sua mina que guardei num lenço!
21. Porque lhe temi, porque é uma pessoa
severa. O senhor levanta o que não colocou,
e colhe o que não semeou’.
22. Mas ele lhe diz: ‘Pela sua boca eu lhe
julgarei, servo perverso! Você sabia que sou
uma pessoa severa, levantando o que não
coloquei e colhendo o que não semeie,
23. E por que não depositou o meu dinheiro
no banco, para que, retornando, o recebesse
com juros?’
24. E aos presentes ele disse: ‘Tomem dele a
mina, e entreguem-na ao que tem dez mi-
nas’.
25. Mas eles disseram-lhe: ‘Senhor, ele já
tem dez minas!’
26. Sem dúvida lhes digo que todo aquele
que possuir lhe será dado, mas daquele que
não possuir, até o que possuir lhe será toma-
do.
27. Além disso, aqueles meus inimigos que
não quiseram que eu reinasse sobre eles,
tragam-nos para cá e matem-nos diante de
mim!’.”
231
Mina: uma soma de dinheiro equivalendo a
100 dracmas. O salário de cem dias de trabalho
braçal.
98
28. E, tendo dito isto, prosseguiu adiante,
subindo para Jerusalém.
29. E aconteceu, ao aproximar-se de Betfagé
e Betânia, diante do monte chamado ‘das
Oliveiras’, enviou dois de seus discípulos,
30. Dizendo: “Entrem no povoado diante de
vocês, no qual, entrando, encontrarão um
jumentinho amarrado, no qual nenhuma
pessoa jamais montou. Desamarrando-o,
tragam-no.
31. E, se alguém lhes perguntar: ‘Por que o
desamarram?’ Dirão o seguinte: ‘Porque o
Senhor precisa dele’.”
32. E, indo os que foram enviados, encontra-
ram como ele lhes havia dito.
33. E, desamarrando o jumentinho, seus
donos lhes disseram: ‘Por que desamarram o
jumentinho?’
34. E eles disseram: ‘O Senhor precisa dele’.
35. E levaram-no até Jesus. E lançando suas
vestimentas no jumentinho, fizeram Jesus
montar nele.
36. E, enquanto ele prosseguia, eles estendi-
am seus trajes pelo caminho.
37. E, ao aproximar-se, já descendo o Monte
das Oliveiras, toda a multidão de discípulos,
regozijando-se, começou a glorificar a Deus
em alta voz por todas as obras poderosas que
haviam visto,
38. Dizendo: “Bendito o Rei que vem em
nome do Senhor!232 Paz no Céu e glória no
Altíssimo!”
39. E alguns dos fariseus, do meio da multi-
dão, disseram-lhe: “Mestre, repreenda os
seus discípulos!”
40. E, respondendo, disse-lhes: “Digo-lhes
que, se estes se calarem, as pedras clama-
rão!”
41. E, ao aproximar-se, vendo a cidade, cho-
rou por ela,
42. Dizendo: “Ah, se você ao menos tomasse
conhecimento neste seu dia daquilo que
serviria para a sua paz! Mas agora está en-
coberto aos seus olhos.
232
Salmo 118:26; Mateus 21:9; Marcos 11:9;
23:39; João 12:13

43. Porque lhe sobrevirão dias em que os
seus inimigos levantarão barricadas, e lhe
sitiarão, e lhe apertarão por todos os lados.
44. E lhe nivelarão rente ao solo e seus filhos
dentro de você, e não deixarão em você pe-
dra sobre pedra, porque você não se consci-
entizou da época da sua visitação”.
45. E, entrando no Templo, começou a ex-
pulsar os que vendiam e compravam,
46. Dizendo-lhes: “Tem sido escrito: ‘A
minha casa é uma casa de oração’233, mas
vocês a transformaram num ‘covil de la-
drões’234!”
47. E ele ensinava-lhes diariamente no Tem-
plo. Mas os arqui-sacerdotes e escribas pro-
curavam matá-lo, bem como os principais do
povo,
48. Mas não achavam um meio de agir, por-
que o povo todo o ouvia fascinado.
20 .
1. E aconteceu, num daqueles dias, enquan-
to ensinava o povo no Templo, e anunciava
a Boa Mensagem, chegaram os arqui-
sacerdotes, e os escribas com os anciãos,
2. E falaram com ele, dizendo: “Diga-nos,
com que autoridade o Senhor opera, ou
quem é que lhe deu esta autoridade?”
3. Mas, respondendo, disse-lhes: “Também
eu lhes perguntarei algo, queiram responder-
me:
4. A submersão de João era do Céu ou dos
homens?”
5. E ponderaram entre eles, dizendo: “Se
dissermos: ‘Do Céu’, ele dirá: ‘Por que en-
tão não acreditaram nele?’,
6. Mas, se dissermos: ‘Dos homens’, todo o
povo nos apedrejará, porque está convicto de
que João era profeta”.
7. E responderam que não sabiam donde
era.
8. E Jesus disse-lhes: “Nem eu lhes digo
com que autoridade opero isto”.
9. E começou a contar a seguinte parábola
ao povo: “Uma certa pessoa plantou uma
233
Isaías 56:7; Mateus 21:13; Marcos 11:17
234
Jeremias 7:11
Lucas
vinha, e arrendou-a a vinhateiros e partiu
para o exterior por muito tempo.
10. E, na estação dos frutos, enviou um servo
aos vinhateiros, para que lhe entregassem do
fruto da vinha. Mas os vinhateiros, espan-
cando-o, despediram-no vazio.
11. E novamente enviou outro servo. Mas
eles também espancaram a este, e o insulta-
ram e o despediram vazio.
12. E novamente enviou um terceiro, e eles
também, tendo-o ferido, expulsaram-no.
13. E o senhor da vinha disse: ‘O que farei?
Enviarei o meu filho amado, talvez, vendo-
o, respeitem-no”.
14. Mas, vendo-o, os servos discutiram entre
eles, dizendo: “Este é o herdeiro. Venham!
Matemo-lo, para que a herança seja nossa!”
15. E, lançando-o para fora da vinha, mata-
ram-no. O que, pois, lhes fará o senhor da
vinha?
16. Ele virá e matará esses vinhateiros e dará
a vinha a outros”. E, ouvindo-o, disseram:
“De modo nenhum!”
17. Mas ele, fixando neles o olhar, disse:
“Por que então tem sido escrito: ‘A pedra
rejeitada pelos construtores, esta tornou-se
principal pedra angular’235.
18. Todo aquele que cair nesta pedra será
despedaçado, mas naquele em que ela cair,
ela triturará a pó.”
19. E, naquele momento, os arqui-sacerdotes
e os escribas procuravam deitar as mãos
nele, mas temiam o povo. Porque entende-
ram que contou esta parábola a respeito de-
les.
20. Mas enviaram agentes secretos que fin-
giam ser justos, espreitando-o, para que o
surpreendessem na sua palavra, com a fina-
lidade de o entregarem aos governantes e às
autoridades do governador.
21. E interrogaram-no, dizendo: “Mestre,
sabemos que o Senhor fala e ensina correta-
mente, e não discrimina a nenhuma pessoa,
mas ensina o caminho de Deus de acordo
com a verdade.
235
Salmo 118:22; Mateus 21:42; Marcos 12:10;
Atos 4:11; I Pedro 2:7
99
Lucas
22. É permitido pagarmos imposto a César
ou não?”
23. Mas, percebendo sua sutileza, disse-lhes:
“Por que me põem à prova?
24. Mostrem-me um denário. De quem é a
efígie e a inscrição?” E, respondendo, disse-
ram: “De César!”236
25. No que disse-lhes: “Paguem, pois, a
César o que é de César, e a Deus o que é de
Deus”.
26. E não puderam surpreendê-lo em seu
discurso diante do povo, e, surpresos com a
sua resposta, calaram-se.
27. E, aproximando-se dele alguns dos sadu-
ceus, que negam haver ressurreição, interpe-
laram-no,
28. Dizendo: “Mestre, Moisés nos deixou
escrito que se o irmão de alguém, tendo
esposa, falecesse sem filhos, que seu irmão a
tomasse por esposa e gerasse descendência
ao seu irmão.
29. Ora, havia sete irmãos. E o primeiro,
tomando esposa, faleceu sem filhos.
30. E o segundo tomou-a como esposa, e
faleceu sem filhos.
31. E o terceiro tomou-a, e semelhantemente
também os sete não tiveram filhos e falece-
ram.
32. Por fim, depois de todos, faleceu também
a mulher.
33. Portanto, na Ressurreição, de qual deles
ela se tornará esposa? Visto que os sete a
tiveram por esposa?”.
34. Respondendo, porém, Jesus, disse-lhes:
“Os filhos deste mundo casam e são dados
em casamento.
35. Mas os que forem considerados dignos
de alcançar aquele mundo, e a ressurreição
dos mortos, não casam, nem são dados em
casamento,
36. Nem podem mais morrer, pois são como
os anjos, e são filhos de Deus, sendo filhos
da ressurreição.
37. Mas que os mortos ressuscitam, até Moi-
sés revelou no espinheiro, quando chama o
O denário mostrado pode ter sido semelhante a este
denário de 46 a.C. contendo a imagem e a inscrição de
César.
236
100
Senhor de ‘o Deus de Abraão, e o Deus de
Isaque, e o Deus de Jacó’237.
38. Ora, Deus não é de mortos, mas de vivos,
porque todos vivem para ele”.
39. E, alguns dos escribas, tomando a pala-
vra, disseram: “Mestre, o Senhor falou ma-
gistralmente!”
40. E não tiveram mais coragem de pergun-
tar-lhe nada.
41. E ele disse-lhes: “Como dizem que o
Ungido é o filho de Davi,
42. Mas Davi mesmo disse no livro dos Sal-
mos: ‘Disse o Senhor ao meu Senhor: ‘As-
sente-se à minha direita,
43. Até fazer dos seus inimigos o apoio de
seus pés’238?
44. Se, pois, Davi o chama de ‘Senhor’,
como é ele o seu filho?”.
45. E, ouvindo-o todo o povo, disse aos seus
discípulos:
46. “Tomem cuidado dos escribas, que ado-
ram andar em estolas, e gostam dos cumpri-
mentos nas praças, e dos principais lugares
nas sinagogas, e dos lugares de honra nas
comemorações.
47. Os quais devoram as casas das viúvas, e,
por pretexto, fazem longas orações. Estes
receberão uma condenação tanto maior”.
21.
1. E, elevando os seus olhos, viu os ricos
depositarem suas ofertas no tesouro protegi-
do.
2. E viu também certa viúva paupérrima
lançando dois leptos239.
3. E disse: “Verdadeiramente lhes digo que
esta viúva mendiga depositou mais do que
todos.
4. Pois todos estes depositaram nas ofertas
a Deus daquilo que lhes sobrava, mas ela, de
sua necessidade, depositou todo o seu meio
de vida”.
237
Êxodo 3:6; Mateus 22:32; Marcos 12:26; Atos
7:32
238
Salmo 110:1; Mateus 22:44; Marcos 12:36;
Atos 2:34-35; I Coríntios 15:25; Hebreus 1:13
239
Lepto: uma décima parte de um denário.

5. E, quando alguns fizeram comentários
sobre o Templo, que era ornamentado de
pedras formosas e doações votivas, disse:
6. “Virão dias em que, disso que vocês
estão admirando, não será deixada pedra
sobre pedra, que não será derrubada”.
7. E perguntaram-lhe, dizendo: “Mestre,
quando há de suceder isso, e qual será o
sinal de que isso está próximo a ocorrer?”
8. E ele disse: “Vejam! Não sejam engana-
dos! Porque muitos virão em meu nome,
dizendo: ‘Sou eu!’ e ‘o tempo se aproxi-
mou!’ Sendo assim, não os sigam!
9. E, quando ouvirem falar em guerras e
revoluções, não se apavorem, porque isso
precisa ocorrer primeiro, mas o fim não virá
logo em seguida”.
10. Então disse-lhes: “Levantar-se-á etnia
contra etnia, e reino contra reino.
11. Também ocorrerão grandes terremotos
em várias regiões, e haverá fomes, e epide-
mias, e haverá fenômenos atemorizantes,
bem como grandes sinais no Céu.
12. Mas antes de tudo isso deitarão as mãos
em vocês, irão persegui-los e entregá-los às
sinagogas e prisões, levando-os diante de
reis e governadores por razão do meu nome.
13. Mas isso se reverterá em oportunidade de
testemunho para vocês.
14. Decidam, pois, em seus corações a não
premeditarem a sua defesa.
15. Porque eu lhes darei boca e sabedoria,
aos quais não poderão replicar nem resistir
todos os seus adversários.
16. Mas vocês serão denunciados até pelos
pais, e irmãos, e parentes, e amigos, e mata-
rão alguns de vocês.
17. E vocês serão odiados por todos por
causa do meu nome.
18. Mas não se perderá nem um fio de cabe-
lo de sua cabeça.
19. Na sua persistência ganharão as suas
almas.
20. Mas, quando virem Jerusalém cercada
por exércitos, então saibam que se aproxi-
mou a sua devastação.
21. Então os da Judéia fujam às montanhas,
e os que estão nela, saiam, e os que estive-
rem nos campos não entrem nela.
Lucas
22. Porque estes são dias de vingança, para
que se cumpra tudo que foi escrito.
23. Mas ai das grávidas e das que estiverem
amamentando naqueles dias! Porque haverá
grande escassez sobre a Terra e fúria contra
este povo.
24. E cairão ao fio da espada, e serão levados
cativos para todos os povos. E Jerusalém
será pisoteada pelos povos até se cumprirem
os tempos dos povos.
25. E haverá sinais no Sol, e na Lua, e nas
estrelas, e sobre a Terra agonia e perplexida-
de dos povos, marulhar do mar e agitação
das ondas,
26. As pessoas desmaiarão do pavor e da
expectativa daquilo que sobrevirá ao mundo,
porque os poderes dos céus serão abalados.
27. E então verão o Filho do Homem vindo
numa nuvem, com poder e grande glória.
28. Mas quando isso começar a acontecer,
levantem-se e elevem as suas cabeças, por-
que o seu resgate está próximo”.
29. E contou-lhes uma parábola: “Observem
a figueira e todas as árvores:
30. Quando estiverem brotando, vocês mes-
mos percebem e sabem que o verão já está
próximo.
31. Assim também vocês, quando virem isso
acontecendo, saibam que o Reino de Deus
está próximo.
32. Com certeza lhes digo que de maneira
alguma terá passado esta geração até que
tudo tenha sucedido.
33. O céu e a Terra passarão, mas as minhas
palavras de modo algum passarão.
34. Acautelem-se, a fim de que seus cora-
ções não sejam sobrecarregados com exces-
sos, e bebedeiras, e com os cuidados da vida,
e esse dia lhes sobrevenha desprevenida-
mente.
35. Porque virá como uma armação240 sobre
todos os moradores da face de toda a Ter-
ra241.
240
pagiv (pagis): a armação de uma cilada, como
a armadilha (rede) para pegar pássaros, que so-
brevêm ao pássaro inesperadamente. Algo
premeditado por alguém.
241
Há pessoas que procuram por um refúgio para
a futura purificação da Terra. Não haverá ne-
101
Lucas
36. Vigiem, pois, orando em toda a ocasião,
para serem considerados dignos de escapar
de tudo isso que há de suceder, e comparecer
diante do Filho do Homem” 242.
37. E de dia ensinava no Templo e à noite
saía para pernoitar no monte chamado “das
Oliveiras”.
38. E todo o povo chegava cedo de manhã a
ele no Templo para ouvi-lo.
22.
1. Ora, aproximava-se a festa dos pães ázi-
mos, chamada Páscoa.
2. E os arqui-sacerdotes e os escribas pro-
curavam um meio de matá-lo, pois temiam o
povo.
3. Então o Adversário entrou em Judas,
chamado Iscariotes, sendo do número dos
Doze.
4. E foi e conferenciou com os arqui-
sacerdotes e capitães, sobre como lhos en-
tregaria.
5. E se alegraram, e concordaram em dar-
lhe moedas de prata.
6. E ele se comprometeu, e procurava uma
oportunidade de lhes entregá-lo longe do
povo.
7. Chegou, então, o dia dos pães ázimos, no
qual era necessário de se sacrificar o cordei-
ro pascal.
8. E enviou a Pedro e João, dizendo: “Vão
preparar-nos o cordeiro pascal, para que o
comamos”.
9. Mas disseram-lhe: “Onde deseja que o
preparemos?”
10. E ele disse-lhes: “Eis que, entrando na
cidade, lhes virá de encontro uma pessoa
carregando um jarro de água. Sigam-na à
casa em que entrar.
11. E vocês dirão ao dono da casa: ‘O Mes-
tre pergunta: Onde está a sala na qual posso
nhum lugar e nenhuma pessoa que não será afe-
tado.
242
Não haverá solução militar, nem política, nem
econômica, nem religiosa para a crise. A única
saída será a vida de acordo com a fé no Senhor
Jesus Cristo.
102
comer o cordeiro pascal com os meus discí-
pulos?’.
12. E ele lhes mostrará um grande cenáculo
mobiliado. Façam ali os preparativos”.
13. Indo, pois, encontraram como lhes havia
dito. E prepararam o cordeiro pascal.
14. E, chegando o determinado momento,
reclinou-se, e os doze apóstolos com ele.
15. E disse-lhes: “Desejei ardentemente co-
mer este cordeiro pascal com vocês, antes de
sofrer.
16. Porque digo-lhes que não mais comerei
dele, até que se cumpra no Reino de Deus”.
17. E, tomando o cálice, e tendo dado graças,
disse: “Tomem-no e repartam-no entre vo-
cês!
18. Porque digo-lhes que não mais beberei
do fruto da videira até ter vindo o Reino de
Deus”.
19. E, tomando pão, e tendo dado graças,
partiu-o e entregou-lhos, dizendo: “Isto é o
meu corpo que está sendo dado por vocês.
Façam isto em memória de mim”.
20. Do mesmo modo também o cálice, após
a ceia, dizendo: “Este cálice é o Novo Tes-
tamento no meu sangue que está sendo der-
ramado por vocês.
21. Todavia, vejam a mão daquele que está
me traindo comigo na mesa.
22. E de fato o Filho do Homem parte, assim
como tem sido determinado, mas ai da pes-
soa pela qual está sendo traído”.
23. E começaram a discutir sobre quem den-
tre eles faria isto.
24. E houve também uma discussão entre
eles, sobre quem deles deveria ser conside-
rado o maior.
25. Ele, porém, lhes disse: “Os reis dos po-
vos se assenhoreiam deles, e aqueles que
sobre eles dominam são chamados de ‘ben-
feitores’,
26. Mas entre vocês não será assim. Mas o
maior de vocês será como o mais jovem, e
aquele que dirige, como aquele que serve.
27. Pois quem é maior, aquele que se reclina
à mesa ou aquele que serve? Não é o que se
reclina à mesa? Mas eu estou no meio de
vocês como aquele que serve.

28. Mas vocês são os que têm permanecido
comigo nas minhas tentações.
29. E eu lhes transmito um reino, assim co-
mo meu Pai o transmitiu a mim,
30. Para que vocês comam e bebam à minha
mesa no meu reino, e assentem-se em tro-
nos, julgando as doze tribos de Israel”.
31. E disse o Senhor: “Simão, Simão, eis que
o Adversário reclamou vocês para joeirá-los
como a trigo,
32. Mas eu roguei por você, para que a sua
fé não cesse. E você, quando se converter,
fortaleça os seus irmãos”.
33. E ele disse-lhe: “Senhor, estou pronto
para não somente ir à prisão, mas também
para ser morto com o Senhor!”
34. Mas ele disse: “Digo-lhe, Pedro, o galo
não cantará hoje, antes que você negue co-
nhecer-me, por três vezes”.
35. E disse-lhes: “Quando lhes enviei sem
carteira, nem alforje, nem calçados, faltou-
lhes algo?” E eles responderam: “Nada!”
36. Disse-lhes, pois: “Agora, porém, aquele
que tiver uma carteira, leve-a, bem como o
alforje. E aquele que não tiver espada, venda
seu traje e compre uma,
37. Porque digo-lhes ainda isto, é necessário
que aquilo que tem sido escrito se cumpra
em mim: ‘E foi contado entre os fora-da-
lei’243, porque também no que se refere a
mim haverá um fim’.”
38. E eles disseram: “Senhor, eis aqui duas
espadas!” E ele lhes disse: “É suficiente!”
39. E, indo adiante, foi, como de costume, ao
Monte das Oliveiras, e seus discípulos tam-
bém o seguiram.
40. E, chegando ao lugar, disse-lhes: “Orem
para não entrarem em tentação!”
41. E ele se distanciou deles em torno de um
tiro de pedra, e, ajoelhando-se, orava,
42. Dizendo: “Pai, se quiser, remova de mim
este cálice, seja feita, no entanto, não a mi-
nha, mas a sua vontade!”
43. E apareceu-lhe um anjo do Céu, fortale-
cendo-o.
243
Isaías 53:12; Marcos 15:28
Lucas
44. E, estando em agonia, orava mais inten-
samente. E seu suor tornou-se como grandes
gotas de sangue caindo no chão.
45. E, levantando-se da oração, vindo aos
discípulos, encontrou-os dormindo de triste-
za.
46. E ele disse-lhes: “Por que vocês dor-
mem? Levantem-se e orem para não entra-
rem em tentação”.
47. Logo, enquanto ainda falava, eis que
veio uma multidão, e aquele que se chamava
Judas, um dos Doze, andando na frente de-
les, e aproximou-se de Jesus para beijá-lo.
48. Mas Jesus lhe disse: “Judas, com um
beijo você trai o Filho do Homem?!”
49. Vendo, pois, os que estavam ao redor o
que estava para acontecer, disseram-lhe:
“Senhor, ataquemos com a espada?”
50. E um deles golpeou um certo servo do
arqui-sacerdote e cortou sua orelha direita.
51. E, respondendo Jesus, disse: “Deixem-
nos, basta!” E, tocando sua orelha, o curou.
52. E Jesus disse aos arqui-sacerdotes, e aos
capitães do Templo, e aos anciãos que havi-
am vindo contra ele: “Vocês vieram como
contra um ladrão, com espadas e bastões.
53. Quando diariamente estive com vocês no
Templo vocês não estenderam suas mãos
contra mim. Mas esta é a sua hora, e da auto-
ridade da escuridão”.
54. E, agarrando-o, levaram-no e o conduzi-
ram à casa do arqui-sacerdote. Mas Pedro
seguia de longe.
55. E, acendendo um fogo no meio do pátio,
e assentando-se ao redor, Pedro assentou-se
entre eles.
56. E, vendo-o uma serva assentado próximo
à chama, e observando-o atentamente, disse:
“E este também esteve com ele!”
57. Ele, porém, o negou, dizendo: “Mulher,
não o conheço!”
58. E, logo depois um outro, vendo-o, disse:
“Você também é um deles!” Mas Pedro
disse: “Homem, não sou!”
59. E, transcorrido em torno de uma hora,
um outro afirmou enfaticamente, dizendo:
“Com certeza este também esteve com ele!
Porque também é galileu!”
103
Lucas
60. Mas Pedro disse: “Homem, não sei do
que está falando!” E logo, enquanto ainda
falava, o galo cantou.
61. E, voltando-se, o Senhor fixou os olhos
em Pedro. E Pedro lembrou-se da palavra do
Senhor, em como lhe havia dito: “Antes do
galo cantar, você me negará três vezes!”
62. E, saindo, Pedro chorou amargamente.
63. Mas os homens que guardavam a Jesus,
debochavam dele e o esbofeteavam.
64. E, vendando seus olhos, batiam no seu
rosto, perguntando-lhe, dizendo: “Profetize,
quem é que lhe bateu?”
65. E dirigiram-lhe muitas outras blasfêmias.
66. E, chegando o dia, reuniram-se os anci-
ãos do povo, e os arqui-sacerdotes, e os es-
cribas, e conduziram-no ao Sinédrio deles,
dizendo:
67. “Diga-nos se você é o Ungido!” E ele
disse-lhes: “Se eu lhos dissesse, de forma
alguma acreditariam!
68. E se também lhes perguntasse, de forma
alguma me responderiam, nem me libertari-
am.
69. De agora em diante o Filho do Homem
estará assentado à direita do Poder de Deus”.
70. E todos disseram: “Você então é o Filho
de Deus?” E ele disse-lhes: “Vocês dizem
que eu sou!”
71. E eles disseram: “Por que ainda precisa-
ríamos de testemunho? Pois nós mesmos o
ouvimos da sua própria boca!”
23.
1. E, levantando-se toda a multidão deles,
conduziram-no até Pilatos.
2. Começaram, então, a acusá-lo, dizendo:
“Encontramos este pervertendo o povo e
proibindo a pagar imposto a César, dizendo
ele mesmo ser o Rei Ungido”.
3. E Pilatos interrogou-o, dizendo: “Você é
o Rei dos Judeus?” E ele, respondendo, dis-
se: “Você o diz!”
4. E Pilatos disse aos arqui-sacerdotes e às
multidões: “Não acho culpa nenhuma neste
homem!”
104
5. Mas eles insistiam, dizendo: “Ele agita o
povo, ensinando por toda a Judéia, come-
çando pela Galiléia e chegando até aqui”.
6. Mas ouvindo Pilatos “Galiléia”, pergun-
tou se o homem fosse galileu.
7. Tomando, pois, conhecimento de que era
da jurisdição de Herodes, enviou-o para
Herodes, estando ele também em Jerusalém
naqueles dias.
8. Mas, vendo Herodes a Jesus, alegrou-se
profundamente, porque desejava há muito
vê-lo, porque ouvira muito a seu respeito, e
esperava vê-lo operar algum sinal.
9. E interrogava-o com muitas palavras.
Ele, porém, não lhe respondia nada.
10. E os arqui-sacerdotes e escribas resisti-
ram-no, acusando-o com grande veemência.
11. E Herodes, com os seus soldados, ha-
vendo-o humilhado e zombado dele, vestin-
do-o com um traje vistoso, enviaram-no de
volta para Pilatos.
12. E Pilatos e Herodes fizeram as pazes
naquele dia, porque estavam brigados.
13. E Pilatos, convocando os arqui-
sacerdotes, e os governantes, e o povo,
14. Disse-lhes: “Trouxeram-me este homem
como sendo um sedutor do povo. Mas eis
que, tendo-o interrogado na sua presença,
não achei neste homem nenhuma culpa da-
quilo que o acusam,
15. Nem mesmo Herodes, porque enviou-o
de volta para vocês, e vejam, ele não prati-
cou nada digno de morte.
16. Tendo-o punido, pois, irei colocá-lo em
liberdade”.
17. Era necessário que lhes libertasse um
deles durante a festa.
18. Mas gritavam todos juntos, dizendo:
“Fora com este, e solte-nos Barrabás!”
19. (O mesmo fora preso, devido a uma in-
surreição e assassinato ocorrido na cidade).
20. Novamente, pois, Pilatos protestou, pre-
tendendo libertar a Jesus.
21. Mas eles gritavam, dizendo: “Crucifique,
crucifique-o!”
22. Então ele, pela terceira vez, disse-lhes:
“Pois, que mal fez ele? Não achei nele ne-
nhuma razão de morte. Tendo-o punido,
pois, vou colocá-lo em liberdade”.

23. Mas eles pressionavam em tom elevado,
pedindo para que fosse crucificado. E suas
vozes e as dos arqui-sacerdotes prevaleciam.
24. Pilatos, então, sentenciou que sua petição
fosse atendida.
25. E soltou-lhes aquele que pediam, que
devido à insurreição e ao assassinato havia
sido preso, mas entregou Jesus à sua vonta-
de.
26. E, enquanto o conduziam, pegaram a
Simão, um certo cireneu, que vinha do cam-
po, colocaram nele a cruz, para carregá-la
após Jesus.
27. E seguia-no uma grande multidão do
povo, e mulheres, que também choravam e
se afligiam por ele.
28. E, voltando-se a elas, Jesus disse: “Filhas
de Jerusalém, não chorem por mim, mas
chorem por vocês mesmas e pelos seus fi-
lhos,
29. Porque, eis que virão dias em que dirão:
‘Bem-aventuradas as estéreis, e os ventres
que não deram à luz, e os seios que não a-
mamentaram!’
30. ‘Então começarão a dizer às montanhas:
‘Caiam sobre nós!’ E aos montes: ‘Cubram-
nos!’244
31. Porque se fizerem isto com a madeira
verde, o que farão com a seca?”
32. Estavam também sendo conduzidos dois
outros, malfeitores, para serem executados
com ele.
33. E, quando chegaram ao lugar chamado
“Caveira”, ali o crucificaram, e os malfeito-
res, um à direita e o outro à esquerda.
34. E Jesus dizia: “Pai, perdoe-lhes, porque
não sabem o que fazem!” E, repartindo suas
vestes, lançaram a sorte.
35. E o povo ficou parado e olhando, e junto
com os governantes o ridicularizavam, di-
zendo: “Salvou a outros, que se salve a si
mesmo caso ele seja o Ungido, o seleto de
Deus!”.
36. E também os soldados zombavam dele,
aproximando-se e oferecendo-lhe vinagre,
37. E dizendo: “Caso você seja o Rei dos
Judeus, salve-se a você mesmo!”
244
Oséias 10:8
Lucas
38. E também havia uma epígrafe escrita
acima dele, em escrita grega, e latina, e he-
braica: “Este é o Rei dos Judeus”.
39. Mas um dos malfeitores, que foram pen-
durados, caluniou-o, dizendo: “Caso você
seja o Ungido, salve-se a você mesmo e
também a nós!”
40. Mas o outro, respondendo, repreendia-o,
dizendo: “Nem mesmo você teme a Deus,
estando sob o mesmo julgamento?!
41. Nós de fato somos tratados com justiça
pelos nossos atos, mas este não cometeu
nenhum ato ilícito!”.
42. E disse a Jesus: “Lembre-se de mim,
Senhor, quando entrar no seu reino!”
43. E Jesus disse-lhe: “Com certeza lhe digo:
Hoje você estará comigo no Paraíso!”
44. E era em torno de meio-dia, e sobreveio
escuridão sobre toda a Terra, até às quinze
horas.
45. E o Sol ficou encoberto, e o véu do
Templo rasgou-se ao meio.
46. E, clamando em alta voz, Jesus disse:
“Pai, em suas mãos recomendo o meu espíri-
to!” E, tendo dito isto, expirou.
47. Vendo, pois, o centurião o acontecido,
glorificou a Deus, dizendo: “Verdadeira-
mente este homem era justo!”
48. E, todas as multidões reunidas diante
deste espetáculo, vendo o que havia aconte-
cido, retornaram golpeando os seus peitos.
49. E todos os seus conhecidos ficaram pa-
rados de longe, também as mulheres que o
haviam seguido desde a Galiléia, assistindo
aos acontecimentos.
50. E eis que um homem, chamado José,
membro do Sinédrio, homem bom e justo,
51. Que não consentira com o Conselho e
seu procedimento, era de Arimatéia, cidade
dos judeus, e ele mesmo aguardava o Reino
de Deus,
52. Foi até Pilatos e pediu pelo corpo de
Jesus.
53. E, descendo-o, envolveu-o num lençol de
linho, e deitou-o num túmulo, talhado na
rocha, no qual jamais alguém havia sido
posto.
54. E era o Dia da Preparação, e o Descanso
estava chegando.
105
Lucas
55. Seguindo-o também mulheres, que havi-
am vindo com ele da Galiléia, viram a sepul-
tura, e como o seu corpo fora disposto.
56. E, retornando, prepararam arômatas e
ungüentos. Mas no Descanso repousaram, de
acordo com o mandamento.
24.
1. Ora, na alvorada do primeiro dia da se-
mana foram ao túmulo, levando os arômatas
que haviam preparado, e outras com elas.
2. E encontraram a pedra revolvida da se-
pultura,
3. Mas, entrando, não encontraram o corpo
do Senhor Jesus.
4. Porém, aconteceu que, estando muito
confusas a esse respeito, eis que lhes apare-
ceram dois homens, em roupa resplandecen-
te.
5. E, ficando com muito medo, elas inclina-
ram seus rostos para o chão, e eles lhes dis-
seram: “Por que procuram o vivo dentre os
mortos?
6. Não está aqui, mas ressuscitou. Lem-
brem-se de como lhes disse quando ainda
estava na Galiléia,
7. Dizendo: ‘É necessário que o Filho do
Homem seja entregue nas mãos de pessoas
pecadoras, e seja crucificado, e ressuscite no
terceiro dia’.”
8. E lembraram-se de suas palavras.
9. E, retornando da sepultura, contaram
tudo isto aos Onze, e a todos os outros.
10. E estes eram: Maria Madalena, e Joana, e
Maria, mãe de Tiago, e outras com elas, que
contaram tudo isto aos apóstolos.
11. Mas suas palavras lhes pareciam como
contos, e não acreditaram nelas.
12. Pedro, contudo, levantando-se, correu
para a sepultura. E, inclinando-se, viu so-
mente os panos de linho dispostos à parte. E
foi embora, maravilhando-se do ocorrido.
13. Além disso, eis que dois deles foram
naquele mesmo dia para um povoado cha-
mado Emaús, que ficava em torno de onze
quilômetros de Jerusalém.
14. E conversavam um com o outro sobre
todos estes acontecimentos.
106
15. Mas aconteceu que, enquanto conversa-
vam e inquiriam entre eles, Jesus mesmo,
aproximando-se, caminhava com eles.
16. Mas seus olhos foram retidos a fim de
não o reconhecerem.
17. E ele lhes disse: “Que palavras comparti-
lhavam um com o outro enquanto caminha-
vam, e estão de semblante triste?”
18. E um deles, chamado Cléopas, respon-
dendo, disse-lhe: “É você o único forasteiro
em Jerusalém que não ficou sabendo do que
aconteceu ali nestes dias?”
19. E ele disse-lhes: “O quê?” E eles disse-
ram-lhe: “A respeito de Jesus, o Nazareno,
que era homem profeta, poderoso em obras e
palavras diante de Deus e de todo o povo.
20. E em como os arqui-sacerdotes e os nos-
sos governantes o entregaram para ser con-
denado à morte e o crucificaram.
21. Mas nós esperávamos que fosse ele
quem resgatasse a Israel. Todavia, além do
mais, já é hoje o terceiro dia desde que tudo
isso aconteceu.
22. Mas, apesar disso, certas mulheres do
nosso meio, que cedo de manhã foram à
sepultura, deram um susto em nós,
23. E, não achando o seu corpo, vieram,
dizendo que tiveram uma aparição de anjos,
que diziam que ele estava vivo.
24. E alguns dos que estavam conosco foram
à sepultura e confirmaram o que as mulheres
haviam dito, mas a ele não viram”.
25. Então ele lhes disse: “Ó lerdos e de difí-
cil compreensão para crerem em tudo aquilo
que os profetas falaram!
26. Não era necessário que o Ungido sofres-
se isso e entrasse na sua glória?”
27. E, começando por Moisés, e todos os
Profetas, interpretou-lhes em todas as Escri-
turas o que foi relatado a seu respeito.
28. E, aproximando-se do povoado ao qual
se dirigiam, ele deu a entender que prosse-
guiria.
29. Mas eles insistiram com ele, dizendo:
“Fique conosco, porque está anoitecendo e o
dia já declina”. E ele entrou para permanecer
com eles.

30. E aconteceu que, enquanto se reclinava
com eles, tomou o pão, deu graças, e partin-
do-o, ofereceu-lhes.
31. Abriram-se então os seus olhos e o reco-
nheceram. Mas ele desapareceu diante deles.
32. E eles disseram um ao outro: “Não ardia
nosso coração em nós enquanto ele falava
conosco no caminho e nos desvendava as
Escrituras?”
33. E, levantando-se, naquele instante, retor-
naram para Jerusalém e encontraram os On-
ze reunidos e os que estavam com eles,
34. Que diziam: “Verdadeiramente o Senhor
ressuscitou e apareceu a Simão!”
35. E eles contaram o que lhes acontecera no
caminho e como fora reconhecido por eles
no partir do pão.
36. E, enquanto diziam isto, o próprio Jesus
apareceu no meio deles e disse-lhes: “Paz
com vocês!”
37. E ficaram atemorizados e amedrontados,
e imaginavam estar vendo um espírito.
38. Mas ele disse-lhes: “Por que estão abala-
dos e surgem especulações nos seus cora-
ções?
39. Vejam as minhas mãos e os meus pés,
que sou eu mesmo, e me apalpem! E vejam
que um espírito não tem carne e ossos como
percebem que eu tenho”.
40. E, tendo dito isto, mostrou-lhes as mãos
e os pés.
Lucas
41. Mesmo ainda não crendo, tamanha a
alegria e o assombro, disse-lhes: “Vocês têm
aqui algo comestível?”
42. E trouxeram-lhe um pedaço de peixe
assado e um favo de mel.
43. E tomando-os, comeu diante deles.
44. E disse-lhes: “Estas são as palavras que
lhes disse estando ainda com vocês, que era
necessário que se cumprissem todas as coi-
sas que foram escritas a meu respeito na Lei
de Moisés, e nos Profetas, e nos Salmos”.
45. Desvendou-lhes, então, sua compreensão
para entenderem as Escrituras.
46. E disse-lhes: “Assim como tem sido
escrito, assim também era preciso que o
Ungido sofresse e ressuscitasse dos mortos
no terceiro dia,
47. E que em seu nome fosse proclamado o
arrependimento e a remissão dos pecados
entre todos os povos, começando por Jerusa-
lém.
48. E vocês são disto testemunhas.
49. E eis que envio sobre vocês a promessa
de meu Pai. Mas aguardem em Jerusalém até
terem sido revestidos de poder das alturas.”
50. E conduziu-os para fora, até Betânia, e,
elevando suas mãos, abençoou-os.
51. E aconteceu que, abençoando-os ele, foi
apartado deles e transportado para o Céu.
52. E eles, adorando-o, retornaram para Jeru-
salém com grande alegria.
53. E estavam continuamente no Templo,
louvando e glorificando a Deus. Amém.
107
João
A BOA MENSAGEM SEGUNDO
JOÃO
1.
1. No princípio era o Verbo245, e o Verbo
estava com Deus, e Deus era o Verbo.
2. O mesmo estava no princípio com Deus.
3. Tudo chegou à existência por meio dele,
e sem ele nada chegou à existência, daquilo
que chegou à existência.
4. Nele estava a vida, e a vida era a luz das
pessoas.
5. E a luz brilha na escuridão, mas a escuri-
dão não se apropriou dela.
6. Havia uma pessoa enviada por Deus, seu
nome: João.
7. O mesmo veio como testemunha, para
que testificasse a respeito da luz, a fim de
que todos cressem por meio dele.
8. Ele não era a luz, veio, contudo, para
testemunhar da luz.
9. Esta era a verdadeira luz que ilumina a
toda pessoa vinda ao mundo.
10. Estava no mundo, e o mundo chegou à
existência por meio dele, mas o mundo não
o reconheceu.
11. Veio para o seu, mas os seus não o rece-
beram.
12. Mas a todos quantos o receberam conce-
deu-lhes a autoridade de se tornarem filhos
de Deus, aos que têm confiado no seu nome.
13. Os quais foram gerados, não pelo san-
gue, nem pela vontade da carne, nem pela
vontade de homem, mas por Deus.
14. E o Verbo se tornou carne e acampou246
entre nós, e assistimos à sua glória, glória
como de um unigênito do Pai, cheio de graça
e de verdade.
15. João testifica a seu respeito, e clamou,
dizendo: “Este era aquele do qual disse:
‘Aquele que vem depois de mim, é o que
245
Logos em grego: Palavra ou Verbo em portu-
guês.
246
Eskhnwsen (eskesosen): verbo inexistente em
português. Seria: tabernacular.
108
tem a precedência sobre mim, porque era
antes de mim”.
16. E de sua plenitude todos nós recebemos
graça sobre graça.
17. Porque a Lei foi dada por intermédio de
Moisés, mas a graça e a verdade vieram por
intermédio de Jesus Ungido.
18. Ninguém jamais viu a Deus. O Filho
unigênito, que está no seio do Pai, este no-lo
revelou.
19. E este é o testemunho de João, quando os
judeus enviaram sacerdotes e levitas de Jeru-
salém, a fim de que lhe perguntassem:
“Quem é você?”
20. E ele confirmou e não negou, mas con-
firmou: “Eu não sou o Ungido!”
21. E perguntaram-lhe: “Quem você é então,
Elias?” E ele diz: “Não sou!” “Você é um
profeta?” E ele respondeu: “Não”.
22. Então disseram-lhe: “Quem é você, para
podermos responder aos que nos enviaram?
O que você diz de si mesmo?”
23. Ele declarou: “Sou ‘voz clamando no
deserto: ‘Endireitem o caminho do Se-
nhor!’247’, como disse o profeta Isaías”.
24. E os que foram enviados eram dos fari-
seus.
25. E perguntaram-lhe e disseram-lhe: “Por
que então submerge, se você não é o Ungi-
do, nem Elias, nem um profeta?”
26. João respondeu-lhes, dizendo: “Eu sub-
merjo na água, mas tem alguém entre vocês,
a quem vocês não conhecem.
27. Este é o que vem depois de mim, mas
tem a precedência sobre mim, do qual não
sou digno de desatar a correia de seus calça-
dos”.
28. Isto aconteceu em Betabara, além do
Jordão, onde João batizava.
247
Isaías 40:3; Mateus 3:3; Marcos 1:3; Lucas
3:4-6

29. No dia seguinte, João vê Jesus vindo a
ele, e diz: “Vejam o Cordeiro de Deus, que
carrega o pecado do mundo!
30. Este é aquele do qual eu disse: ‘Após
mim vem um homem que tem a precedência
sobre mim, porque era antes de mim’.
31. Também eu não o conhecia. No entanto,
a fim de tornar-se conhecido a Israel, por
esta razão vim submergindo na água”.
32. E João testificou, dizendo: “Vi o Espírito
descendo como pomba do Céu, e permane-
cer sobre ele.
33. Mas eu não o conhecia, todavia, aquele
que me enviou para submergir na água, o
mesmo me disse: ‘Aquele sobre o qual você
vir o Espírito descendo e permanecer sobre
ele, o mesmo é o que submerge no Espírito
Santo’.
34. Também eu tenho visto e testificado que
este é o Filho de Deus”.
35. No dia seguinte estavam novamente
parados João e dois de seus discípulos.
36. E, olhando para Jesus caminhando, disse:
“Vejam o Cordeiro de Deus!”
37. E os dois discípulos ouviram-no falando,
e seguiram a Jesus.
38. Então Jesus, voltando-se, viu-os seguin-
do, e lhes diz: “A quem vocês procuram?” E
eles disseram: “Rabi (que traduzido significa
“Mestre”), onde o Senhor está hospedado?”
39. Ele disse-lhes: “Venham e vejam!” Fo-
ram e viram onde estava hospedado e fica-
ram com ele naquele dia, e era em torno de
dezesseis horas.
40. André, irmão de Simão Pedro, foi um
dos que ouviram a João, e o seguiram.
41. Ele encontra primeiro a seu próprio ir-
mão Simão, e lhe diz: “Achamos o Messi-
as!” (que traduzido significa “o Ungido”).
42. E conduziu-o para Jesus. Olhando Jesus
para ele, disse: “Você é Simão, filho de Jo-
nas. Você será chamado de Cefas”, (que
traduzido significa “Pedra”).
43. No dia seguinte Jesus queria partir para a
Galiléia, e encontra a Filipe, e lhe diz: “Siga-
me!”
44. Ora, Filipe era de Betsaida, da cidade de
André e Pedro.
João
45. Filipe encontra a Natanael e lhe diz:
“Encontramos aquele do qual escreveram,
Moisés na Lei, e os Profetas: Jesus, o filho
de José, que é de Nazaré”.
46. E Natanael lhe disse: “Pode algo de bom
vir de Nazaré?” Filipe lhe diz: “Venha e
veja!”
47. Vendo Jesus a Natanael vindo a ele, e diz
a seu respeito: “Vejam um verdadeiro Israe-
lita, no qual não há fingimento!”
48. Natanael lhe diz: “De onde me conhe-
ce?” Jesus respondeu e disse-lhe: “Antes de
Filipe lhe chamar, quando você esteve de-
baixo da figueira, eu lhe vi”.
49. Natanael falou e lhe disse: “Rabi, o Se-
nhor é o Filho de Deus. O Senhor é o Rei de
Israel!”
50. Jesus falou e disse-lhe: “Porque eu lhe
disse: ‘Eu lhe vi debaixo da figueira’, você
crê? Você verá obras maiores do que esta!”
51. E disse-lhe: “Com certeza, com certeza
lhes digo: De agora em diante vocês verão o
Céu aberto, e os anjos de Deus subindo e
descendo sobre o Filho do Homem”.
2.
1. E, no terceiro dia, foi realizado um ca-
samento em Caná da Galiléia, e a mãe de
Jesus estava presente.
2. E foram também convidados Jesus e seus
discípulos para o casamento.
3. E, faltando vinho, a mãe de Jesus lhe diz:
“Eles não têm vinho!”
4. Jesus lhe diz: “O que isso tem a haver
comigo e com a senhora, mulher? A minha
hora ainda não chegou!”
5. A sua mãe diz aos garçons: “Façam tudo
que ele lhes disser!”
6. Havia ali seis jarros de pedra, posiciona-
dos segundo a purificação dos judeus, com a
capacidade de oitenta a cento e vinte litros
cada.
7. Diz-lhes Jesus: “Encham os jarros com
água!” E eles os encheram até à borda.
8. E ele lhes diz: “Retirem agora e levem ao
mestre-de-cerimônias”. E levaram-no.
9. Mas o mestre-de-cerimônias, provando a
água transformada em vinho, e, não sabendo
109
João
de sua procedência, mas os garçons sabiam
quem havia tirado a água, o mestre-de-
cerimônias chama o noivo,
10. E lhe diz: “Qualquer pessoa serve pri-
meiro o vinho bom, e após terem bebido à
vontade, então serve o inferior. Você reser-
vou o vinho bom até agora!”
11. Este princípio de sinais realizou Jesus em
Caná da Galiléia, e manifestou sua glória. E
seus discípulos creram nele.
12. Depois disto Jesus desceu a Cafarnaum,
ele, e sua mãe, e seus irmãos, e seus discípu-
los, e ali permaneceram não muitos dias.
13. E estava próxima a Páscoa dos judeus, e
Jesus subiu para Jerusalém.
14. E ele encontrou no Templo os que vendi-
am bois, e ovelhas, e pombos, e os cambistas
assentados.
15. E, tendo feito um chicote de cordinhas,
expulsou todos do Templo, também as ove-
lhas e os bois, e despejou as moedas dos
cambistas e virou as mesas.
16. E aos que vendiam os pombos ele disse:
“Tirem isto daqui! Não transformem a casa
de meu Pai em casa de empório!”
17. E seus discípulos se lembraram de que
havia sido escrito: “O zelo pela sua casa me
tem devorado”248.
18. Os judeus então falaram e lhe disseram:
“Que sinal você nos apresenta para fazer
isto?”
19. Jesus, respondendo, disse-lhes: “Destru-
am este Templo e em três dias o reconstrui-
rei!”
20. Disseram, pois, os judeus: “Este Templo
foi construído em quarenta e seis anos, e
você quer reconstruí-lo em três dias?!”
21. Mas ele falava a respeito do Templo de
seu corpo.
22. Assim que ele ressuscitou dos mortos
seus discípulos se lembraram de que ele lhes
dissera isto. E creram na Escritura e na pala-
vra que Jesus falara.
23. E, quando estava em Jerusalém, durante
a festa da Páscoa, muitos creram no seu
nome, vendo os sinais que operava.
248
Salmo 69:10
110
24. Mas ele mesmo, Jesus, não se confiava a
eles, porque conhecia a todos.
25. E não havia necessidade de alguém testi-
ficar a respeito do ser humano, porque ele
sabia o que estava no ser humano.
3.
1. Mas havia um homem dentre os fariseus,
chamado Nicodemos, um dos líderes dos
judeus.
2. O mesmo veio de noite a Jesus, e disse-
lhe: “Rabi, sabemos que o Senhor é um
Mestre vindo de Deus, porque ninguém pode
realizar os sinais que o Senhor opera, a não
ser que Deus esteja com ele”.
3. Jesus respondeu e disse-lhe: “Com certe-
za, com certeza lhe digo: A não ser que al-
guém nasça do alto249, não pode enxergar o
Reino de Deus”.
4. Nicodemos lhe diz: “Como pode uma
pessoa nascer sendo idosa? Pode entrar pela
segunda vez no ventre de sua mãe e nascer?”
5. Respondeu Jesus: “Com certeza, com
certeza lhe digo: A não ser que alguém nasça
da água e do Espírito não pode entrar no
Reino de Deus.
6. O que é nascido da carne é carne, e o que
é nascido do Espírito é espírito.
7. Não se surpreenda em ter-lhe dito: ‘É
necessário vocês nascerem do alto’.
8. O vento sopra onde quer, e você ouve o
seu zunido, mas não sabe de onde vem, nem
para onde vai. Assim é todo aquele nascido
do Espírito”.
9. Nicodemos atendeu e disse-lhe: “Como é
isso possível?”
10. Jesus respondeu e disse-lhe: “O senhor é
mestre em Israel e não compreende isto?
11. Com certeza, com certeza lhe digo que
falamos daquilo que temos conhecimento, e
249
γεννηθη ανωθεν (gennethen anothen): nascido
do alto é o uso mais freqüente e literal destas
palavras. Se Jesus quisesse dizer “nascer de no-
vo” ele poderia ter usado o termo específico
usado por Pedro em I Pedro 1:3, αναγεννησας
(anagennesas).

testemunhamos daquilo que temos visto,
mas vocês não aceitam o nosso testemunho.
12. Se lhes falei do terrestre e vocês não
acreditam, como acreditarão se lhes falar do
celeste?
13. E ninguém subiu ao Céu, a não ser aque-
le que desceu do Céu, o Filho do Homem,
que está no Céu.
14. E assim como Moisés suspendeu a ser-
pente no deserto, do mesmo modo é necessá-
rio que seja suspenso o Filho do Homem.
15. A fim de que todo aquele que nele crê,
não pereça, mas tenha vida eterna.
16. Porque tamanho é o amor de Deus para
com o mundo, que deu o seu Filho unigêni-
to, para que todo aquele que nele crê não
pereça, mas tenha a vida eterna.
17. Porque Deus não enviou o seu Filho ao
mundo para que julgasse o mundo, mas para
que o mundo fosse salvo por meio dele.
18. Aquele que nele crê não é julgado. Mas
aquele que não crê já foi julgado, porque não
tem crido no nome do unigênito Filho de
Deus.
19. E o juízo é este: Que a luz veio ao mun-
do, mas as pessoas preferiram antes a escu-
ridão do que a luz, porque as suas obras
eram perversas.
20. Porque todo aquele que pratica a perver-
sidade odeia a luz, e não se aproxima da luz,
a fim de que suas obras não sejam censura-
das.
21. Mas aquele que pratica a verdade se
aproxima da luz, a fim de que suas obras se
tornem evidentes, visto terem sido praticadas
em Deus.”
22. Depois disto Jesus e seus discípulos fo-
ram à terra da Judéia, e permaneceu ali com
eles e batizava.
23. E também João batizava em Enom, pró-
ximo de Salim, porque havia ali muitas á-
guas, e vinham para ser submersos.
24. Porque João ainda não havia sido lança-
do na prisão.
25. Surgiu então uma discussão entre os
discípulos de João e os judeus a respeito da
purificação.
26. E vieram a João e lhe disseram: “Rabi,
aquele que estava com você além do Jordão,
João
do qual você testemunhou, eis que está sub-
mergindo, e todos se dirigem a ele!”
27. João respondeu e disse: “Uma pessoa
não pode receber nada a não ser que lhe seja
dado do Céu.
28. Vocês mesmos testificam de mim que eu
disse: ‘Eu não sou o Ungido, mas que fui
enviado diante dele’.
29. Aquele que possui a noiva é o noivo, mas
o amigo do noivo, que está do seu lado e o
ouve, se alegra profundamente com a voz do
noivo. Esta minha alegria se cumpriu.
30. É necessário que ele cresça, mas que eu
diminua.
31. Aquele que vem do alto está acima de
todos. Aquele que vem da Terra, é da Terra,
e fala do que é da Terra. Aquele que vem do
Céu está acima de todos,
32. E testifica daquilo que viu e ouviu, mas
ninguém aceita o seu testemunho.
33. Aquele que aceitou o seu testemunho,
certifica de que Deus é verdadeiro.
34. Porque aquele a quem Deus enviou fala
as palavras de Deus, porque Deus não dá o
Espírito por medida.
35. O Pai ama o Filho, e entregou tudo em
sua mão.
36. Aquele que crê no Filho tem vida eterna,
aquele, porém, que não crê no Filho não verá
a vida, mas a ira de Deus permanece sobre
ele”.
4.
1. Quando, então, o Senhor tomou conhe-
cimento de que os fariseus ouviram que
Jesus fazia e batizava mais discípulos do que
João
2. (ainda que Jesus mesmo não batizasse,
mas seus discípulos),
3. Deixou a Judéia e retornou para a Gali-
léia.
4. E era-lhe necessário que atravessasse a
Samaria.
5. Ele chega, então, a uma cidade da Sama-
ria, chamada Sicar, próximo à propriedade
que Jacó dera a seu filho José.
111
João
6. E havia ali o Poço de Jacó. Jesus, agora,
cansado da viagem, assentou-se assim junto
ao poço. Era em torno de meio-dia.
7. Chega uma mulher de Samaria para tirar
água. Jesus lhe diz: “Dê-me de beber!”
8. (Porque seus discípulos haviam ido à
cidade para comprar alimento).
9. Diz-lhe, pois, a mulher samaritana:
“Como o Senhor, sendo judeu, me pede de
beber a mim, sendo eu uma mulher samari-
tana?” (Porque os judeus não se juntam com
os samaritanos).
10. Jesus respondeu e disse-lhe: “Se você
conhecesse o dom de Deus, e quem é que lhe
diz: ‘Dê-me de beber!’, você teria lhe pedi-
do, e ele lhe teria dado água viva.”
11. A mulher lhe disse: “Senhor, o
Senhor não tem nada para tirá-la, e
o poço é fundo, donde então o Se-
nhor tem a água viva?
12. Por acaso o Senhor é maior que o nosso
pai Jacó, que nos deu este poço, do qual ele
mesmo bebeu, e seus filhos, e seu gado?”
13. Jesus respondeu e disse-lhe: “Todo aque-
le que beber desta água tornará a ter sede,
14. Mas aquele que beber da água que eu lhe
der, jamais terá sede para sempre, mas a
água que eu lhe der, se transformará nele
numa nascente de água, jorrando para a vida
eterna”.
15. A mulher lhe diz: “Senhor, dê-me desta
água, para que não volte a ter sede, nem
precise vir aqui para puxá-la”.
16. Jesus lhe diz: “Vá, chame seu marido, e
volte para cá”.
17. A mulher respondeu, e disse: “Não tenho
marido”. Jesus lhe diz: “Você disse correta-
mente: ‘Não tenho marido’,
18. Porque você teve cinco maridos, e aquele
que tem agora não é seu marido, nisto você
falou a verdade”.
19. A mulher lhe diz: “Senhor, percebo que
o Senhor é profeta!
20. Nossos pais adoravam neste monte, mas
vocês dizem que o lugar onde se deve adorar
é Jerusalém”.
21. Jesus lhe diz: “Mulher, acredite-me que
vem a hora em que vocês adorarão ao Pai,
nem neste monte, nem em Jerusalém.
112
22. Vocês adoram o que não conhecem, mas
nós adoramos o que conhecemos, porque a
salvação é dos judeus.
23. Mas vem a hora, e já é, quando os verda-
deiros adoradores adorarão ao Pai em espíri-
to e em verdade. E são esses os que o Pai
procura para adorá-lo.
24. Deus é Espírito, e aqueles que o adoram,
devem adorar em espírito e em verdade”.
25. A mulher lhe diz: “Eu sei que virá o
Messias, o qual é chamado de Ungido.
Quando este vier, ele nos anunciará tudo”.
26. Jesus lhe diz: “Sou eu, aquele que está
falando com você”.
27. E, enquanto isso, chegaram os seus dis-
cípulos, e se surpreenderam de ele estar
falando com uma mulher. Ninguém, porém,
disse: “O que está fazendo?” ou “Por que
está falando com ela?”
28. A mulher, então, deixou o seu jarro e foi
embora para a cidade, dizendo às pessoas:
29. “Venham ver um homem que me disse
tudo quanto tenho feito! Seria ele, por acaso,
o Ungido?”
30. Saíram, pois, da cidade, e foram até ele.
31. Enquanto isso, pediram-lhe os discípu-
los, dizendo: “Rabi, coma!”
32. Mas ele disse-lhes: “Tenho alimento para
comer que vocês não conhecem”.
33. Diziam, pois, os discípulos uns aos ou-
tros: “Será que alguém lhe trouxe alimento?”
34. Jesus lhes diz: “Meu alimento consiste
em fazer a vontade daquele que me enviou e
desenvolver a sua obra.
35. Vocês não dizem que ainda faltam quatro
meses para a chegada da colheita? Eis que
lhes digo: Levantem os seus olhos e con-
templem os campos, porque já estão brancos
para a colheita.
36. Aquele que colhe recebe salário, e reco-
lhe fruto para a vida eterna, a fim de que
ambos juntos se alegrem, o que semeia e o
que colhe.
37. Porque nisto se torna verdadeiro o ditado
que um é o que semeia e outro o que colhe.
38. Enviei-lhes para colher onde não traba-
lharam. Outros trabalharam, e vocês entra-
ram no seu trabalho”.

39. Mas muitos dos samaritanos daquela
cidade creram nele, por causa da palavra da
mulher, que testificou: “Disse-me tudo quan-
to tenho feito”.
40. Quando, pois, os samaritanos chegaram
até ele, pediram-lhe para que ficasse com
eles. E permaneceu ali por dois dias.
41. E muitos outros creram devido à sua
palavra,
42. E diziam à mulher: “Já não mais cremos
devido ao seu relato, mas nós mesmos ou-
vimos e sabemos que este verdadeiramente é
o Salvador do mundo, o Ungido”.
43. Mas, após os dois dias, ele partiu de lá e
foi para a Galiléia.
44. Porque ele mesmo, Jesus, testificou que
um profeta não tem honra na sua própria
pátria.
45. Quando, então, chegou à Galiléia, os
galileus o receberam, tendo visto tudo que
fizera em Jerusalém, durante a festa, porque
eles também haviam ido para a festa.
46. Veio então Jesus novamente a Caná da
Galiléia, onde transformara a água em vinho.
E havia ali certo cortesão250, cujo filho esta-
va enfermo em Cafarnaum.
47. Ouvindo o mesmo que Jesus viera da
Judéia para a Galiléia, dirigiu-se a ele, e
pediu-lhe para descer e curar o seu filho,
porque encontrava-se em estado terminal.
48. Então Jesus disse-lhe: “Se não virem
sinais e milagres de forma alguma crerão!”
49. Disse-lhe o cortesão: “Senhor, desça,
antes que meu filhinho morra!”
50. Disse-lhe Jesus: “Vá, seu filho vive!” E a
pessoa creu na palavra que Jesus lhe dissera,
e partiu.
51. Mas, enquanto descia, seus servos foram
ao seu encontro, e relataram, dizendo: “Teu
filho vive!”
52. Informou-se, então, a que horas ele me-
lhorara. E lhe disseram: “Ontem às treze
horas a febre o deixou”.
53. Soube, então, o pai, que foi nesta hora
em que Jesus lhe dissera: “Teu filho vive!” E
ele mesmo creu, e toda a sua casa.
250
Pessoa que vive ou trabalha no palácio.
João
54. Este já foi o segundo sinal que Jesus fez,
tendo vindo da Judéia para a Galiléia.
5.
1. Depois disto ocorreu uma festa dos ju-
deus, e Jesus subiu para Jerusalém.
2. Existe em Jerusalém, junto ao Portão das
Ovelhas, um tanque, que em hebraico é
chamado de Betesda, tendo cinco pórticos.
3. Nestes jazia uma grande multidão de
debilitados: Cegos, coxos, paralíticos, a-
guardando o movimento da água.
4. Porque de vez em quando um anjo descia
ao tanque, e agitava a água. Aquele, pois,
que primeiro entrava na água, após ter sido
agitada, era curado de qualquer que fosse a
doença que o acometia.
5. Mas havia ali um homem, enfermo fazia
trinta e oito anos.
6. Jesus, vendo-o deitado, e sabendo que
estava lá há muito tempo, lhe diz: “Você
deseja ficar são?”
7. Respondeu-lhe o enfermo: “Senhor, não
tenho nenhuma pessoa que me coloque no
tanque quando a água é agitada. Mas, en-
quanto eu vou, um outro desce antes de
mim”.
8. Jesus lhe diz: “Levante-se, tome o seu
colchão, e ande!”
9. E imediatamente o homem ficou são, e
tomou o seu colchão, e andava. E esse dia
era o Descanso.
10. Disseram, pois, os judeus ao que havia
sido curado: “É Descanso! Não é permitido
você carregar o seu colchão!”
11. Ele lhes respondeu: “Aquele que me
curou, o mesmo me disse: ‘Tome o seu col-
chão, e ande!’.”
12. Perguntaram-lhe, pois: “Quem é a pessoa
que lhe disse: ‘Tome o seu colchão, e an-
de!’?”
13. Mas aquele que fora curado não sabia
quem era, porque Jesus havia se retirado,
havendo uma multidão naquele lugar.
14. Depois disso Jesus o encontra no Templo
e disse-lhe: “Veja que você ficou curado,
não peque mais, para que nada pior lhe so-
brevenha!”
113
João
15. O homem foi e contou aos judeus que
fora Jesus quem o curara.
16. E por esta razão os judeus perseguiam a
Jesus, e procuravam matá-lo, por estar fa-
zendo isto no Descanso.
17. Mas Jesus lhes respondeu: “Meu Pai
trabalha até agora, e eu também trabalho”.
18. Devido a isso, pois, os judeus procura-
vam ainda mais matá-lo, porque não somen-
te violava o Descanso, como também se
dirigia a Deus como seu próprio Pai, fazen-
do-se igual a Deus.
19. Continuou, pois, Jesus e disse-lhes:
“Com certeza, com certeza, lhes digo: O
Filho não tem poder de fazer nada por si
mesmo, a não ser o que vê o Pai fazendo.
Porque tudo quanto ele faz, isso também o
Filho do mesmo modo faz.
20. Porque o Pai ama ao Filho, e mostra-lhe
tudo que ele mesmo faz. E obras maiores do
que estas lhe mostrará, para que fiquem
maravilhados.
21. Do modo como o Pai ressuscita e vivifica
os mortos, assim também o Filho vivifica
aos que quer.
22. Porque o Pai não julga a ninguém, mas
tem confiado todo o julgamento ao Filho,
23. A fim de que todos honrem o Filho, as-
sim como honram o Pai. Quem não honrar o
Filho, não honra o Pai, que o enviou.
24. Com certeza, com certeza, lhes digo que
quem ouve a minha palavra, e crê naquele
que me enviou, tem a vida eterna, e não
entra em juízo, mas passou da morte para a
vida.
25. Com certeza, com certeza lhes digo que
vem a hora, e já é, em que os mortos ouvirão
a voz do Filho de Deus, e os que a ouvirem
viverão.
26. Porque assim como o Pai tem vida em si
mesmo, assim também concedeu que o Filho
tivesse vida em si mesmo.
27. E também concedeu-lhe a autoridade de
executar o juízo, porque é o Filho do Ho-
mem.
28. Não se surpreendam disto, porque vem a
hora em que todos os que estão nos túmulos
ouvirão a sua voz,
114
29. E sairão os que praticaram o bem para a
ressurreição da vida, e os que praticaram o
mal para a ressurreição do juízo.
30. Não posso fazer nada por mim mesmo.
Assim como ouço, julgo. E o meu julgamen-
to é justo, porque não procuro a minha von-
tade, mas a vontade do Pai que me enviou.
31. Se eu testifico de mim mesmo, o meu
testemunho não é verdadeiro.
32. Um outro é o que testifica a meu respei-
to. E sei que o seu testemunho, que ele testi-
fica a meu respeito, é verdadeiro.
33. Vocês enviaram para João, e ele testifi-
cou da verdade.
34. Eu, porém, não aceito testemunho huma-
no, mas digo isto para que sejam salvos.
35. Ele era a lâmpada que iluminava e res-
plandecia, e vocês estavam dispostos a se
alegrar na sua luz por um instante.
36. Mas eu tenho um testemunho maior do
que o de João, devido às obras que meu Pai
me deu para executar. As próprias obras que
eu pratico testificam a meu respeito, que o
Pai me enviou.
37. E o Pai, que me enviou, ele mesmo tem
testificado a meu respeito. Vocês jamais
ouviram a sua voz, nem têm visto a sua apa-
rência,
38. E a sua palavra vocês não têm permanen-
te em vocês, porque vocês não crêem ao que
ele enviou.
39. Vocês pesquisam nas Escrituras, porque
julgam possuírem nelas a vida eterna, e são
elas que testificam de mim.
40. Mas vocês não querem vir a mim para
possuírem a vida.
41. Eu não aceito glória humana.
42. Mas eu lhes tenho conhecido, que vocês
não têm o amor de Deus em vocês mesmos.
43. Eu vim em nome de meu Pai, mas vocês
não me acolheram. Se um outro vier em seu
próprio nome, ao mesmo vocês acolherão.
44. Como vocês podem crer, se aceitam
glória um do outro, mas a glória que procede
do Deus único vocês não procuram?
45. Não pensem que eu lhes acusarei diante
do Pai. Há quem lhes acuse, Moisés, no qual
vocês têm confiado.

46. Porque se vocês cressem em Moisés,
teriam crido em mim, porque ele escreveu a
meu respeito.
47. Mas, se não crerem em seus Escritos,
como crerão nos meus discursos?”
6.
1. Depois disto partiu Jesus para o outro
lado do lago da Galiléia, que é o de Tibería-
des.
2. E seguia-lhe uma grande multidão, por-
que viam seus sinais que operava nos enfer-
mos.
3. E Jesus subiu à montanha, e assentou-se
ali com os seus discípulos.
4. E estava próxima a Páscoa, a festa dos
judeus.
5. Levantando, então, Jesus os olhos, e
vendo que uma grande multidão se dirigia a
ele, diz a Filipe: “Onde compraremos pães
para que estes se alimentem?”
6. Mas dizia isto para experimentá-lo, por-
que sabia o que estava para fazer.
7. Filipe respondeu-lhe: “Duzentos denários
de pães não são suficientes para eles, a fim
de que cada um deles receba um pouco”.
8. Um dos seus discípulos, André, irmão de
Simão Pedro, lhe diz:
9. “Tem aqui um menino que tem cinco
pães de cevada e dois peixinhos. Mas o que
é isto para tantos?”
10. E Jesus disse: “Façam com que as pesso-
as se reclinem!” Ora, havia muito capim
naquele lugar. Os homens, pois, se reclina-
ram, em número de aproximadamente cinco
mil.
11. E Jesus tomou os pães, e, tendo dado
graças, repartiu-os entre os discípulos, e os
discípulos entre os que estavam reclinados.
E do mesmo modo os peixinhos, tantos
quantos desejavam.
12. E, tendo-se saciado, diz aos seus discípu-
los: “Recolham os pedaços que sobraram,
para que nada se estrague”.
13. Recolheram, pois, e encheram doze ces-
tos dos pedaços dos cinco pães de cevada
que sobraram, daqueles que haviam comido.
João
14. Vendo, pois, as pessoas o sinal que Jesus
operara, diziam: “Este verdadeiramente é o
profeta que viria ao mundo!”.
15. Jesus, pois, sabendo que pretendiam
levá-lo à força para fazê-lo rei, retirou-se
novamente sozinho para a montanha.
16. Tendo anoitecido, seus discípulos desce-
ram ao lago.
17. E, entrando no barco, atravessavam o
lago para Cafarnaum. Mas já havia escureci-
do, e Jesus não havia vindo a eles.
18. E o mar foi agitado por uma forte venta-
nia.
19. Tendo, então, remado por em torno de
quatro e meio a cinco e meio quilômetros,
observam Jesus andando por sobre o lago. E,
aproximando-se do barco, ficaram com me-
do.
20. Mas ele lhes diz: “Sou eu! Não tenham
medo!”
21. Queriam então que entrasse no barco, e
imediatamente o barco chegou à terra à qual
se dirigiam.
22. No dia seguinte, a multidão que estava
do outro lado do lago, tendo visto que não
havia ali nenhum outro barquinho a não ser
aquele no qual haviam embarcado seus dis-
cípulos, e que Jesus não havia embarcado
com os seus discípulos no barco, mas que
seus discípulos partiram sozinhos,
23. Mas, vindo outros barquinhos de Tiberí-
ades, próximo ao lugar onde comeram o pão,
tendo o Senhor dado graças,
24. Quando, pois, a multidão viu que Jesus
não estava lá, nem seus discípulos, também
eles mesmos embarcaram nos barcos e fo-
ram a Cafarnaum à procura de Jesus.
25. E, tendo-o encontrado no outro lado do
lago, disseram-lhe: “Rabi, quando o Senhor
veio para cá?”
26. Respondeu-lhes Jesus e disse: “Com
certeza, com certeza lhes digo: Vocês me
procuram, não porque viram sinais, mas
porque comeram dos pães e se fartaram.
27. Não trabalhem pela comida que perece,
mas pela comida que dura para a vida eterna,
que o Filho do Homem lhes dará, porque a
ele Deus, o Pai, selou”.
115
João
28. Disseram-lhe pois: “O que faremos para
executarmos as obras de Deus?”
29. Jesus respondeu e disse-lhes: “Esta é a
obra de Deus: Que creiam naquele que ele
enviou”.
30. Disseram-lhe pois: “Que sinal, pois, o
Senhor opera para que vejamos e creiamos
no Senhor? O que o Senhor opera?
31. Nossos pais comeram do maná no deser-
to, como está escrito: ‘Pão do céu ele lhes
deu a comer’251.”
32. Jesus, pois, lhes disse: “Com certeza,
com certeza lhes digo: Não foi Moisés quem
lhes deu pão do céu, mas meu Pai lhes dá o
verdadeiro pão do céu.
33. Porque o pão de Deus é aquele que desce
do Céu e dá vida ao mundo”.
34. Disseram-lhe pois: “Senhor, dê-nos sem-
pre desse pão!”
35. Jesus, todavia, disse-lhes: “Eu sou o pão
da vida. Aquele que vem a mim jamais terá
fome, e aquele que crer em mim jamais terá
sede para sempre.
36. Mas disse-lhes que vocês também me
têm visto, mas não crêem.
37. Todo aquele que meu Pai me dá, virá a
mim. E aquele que vier a mim, de forma
alguma lançarei fora.
38. Porque desci do Céu, não para fazer a
minha vontade, mas a vontade daquele que
me enviou.
39. E esta é a vontade do Pai que me enviou:
Que de todos que me tem dado não perca
nenhum, mas que o ressuscite no último dia.
40. E esta é a vontade daquele que me envi-
ou: Que todo aquele que vê o Filho e nele
crê, tenha a vida eterna, e eu o ressuscitarei
no último dia”.
41. Os judeus, pois, reclamaram dele, porque
disse: “Eu sou o pão que desceu do Céu”.
42. E diziam: “Não é este Jesus, o filho de
José, do qual conhecemos o pai e a mãe?
Como, pois, afirma: ‘Desci do Céu!’?”
43. Respondeu, pois, Jesus, e disse-lhes:
“Não resmunguem entre vocês.
251
Salmo 78:24; 105:40
116
44. Ninguém pode vir a mim a não ser que o
Pai, que me enviou, o atraia, e eu o ressusci-
tarei no último dia.
45. Está escrito nos Profetas: ‘E todos serão
instruídos por Deus’252. Todo aquele, pois,
que tem ouvido e aprendido do Pai, vem a
mim.
46. Não que alguém tenha visto o Pai, a não
ser aquele que é de Deus, o mesmo tem visto
o Pai.
47. Com certeza, com certeza lhes digo:
Aquele que crê em mim tem vida eterna.
48. Eu sou o pão da vida.
49. Seus pais comeram o maná no deserto e
morreram.
50. Este é o pão que desce do Céu, para que
qualquer que dele comer não morra.
51. Eu sou o pão vivo que desceu do Céu. Se
alguém tiver comido deste pão, viverá para
sempre. E o pão que eu darei é a minha car-
ne, que eu darei pela vida do mundo”.
52. Os judeus discutiram, pois, um com o
outro, dizendo: “Como poderia nos dar a sua
carne para comer?”
53. Disse-lhes, pois, Jesus: “Com certeza,
com certeza lhes digo: A não ser que tiverem
comido a carne do Filho do Homem e bebi-
do o seu sangue, não terão vida em vocês
mesmos.
54. Aquele que comer da minha carne e be-
ber do meu sangue tem vida eterna, e eu o
ressuscitarei no último dia.
55. Porque a minha carne verdadeiramente é
comida, e o meu sangue verdadeiramente é
bebida.
56. Aquele que comer da minha carne e be-
ber do meu sangue permanece em mim e eu
nele.
57. Assim como o Pai vivente me enviou, e
eu vivo em função do Pai, aquele que de
mim se alimenta, também viverá em função
de mim.
58. Este é o pão que desceu do Céu. Não
como os seus pais comeram o maná e morre-
ram. Aquele que comer deste pão viverá
para sempre.”
252
Isaías 54:13

59. Isto ele disse ensinando na sinagoga em
Cafarnaum.
60. Muitos de seus discípulos, pois, ouvindo
isto, disseram: “Dura é esta palavra, quem é
capaz de ouvi-la?”
61. Mas Jesus, sabendo em si mesmo que
seus discípulos resmungaram a respeito
disto, disse-lhes: “Isto lhes escandaliza?
62. O que seria, pois, caso vissem o Filho do
Homem subir para onde estava antes?
63. O espírito é o que vivifica, a carne não
tem proveito algum. As palavras que eu lhes
digo são espírito e são vida.
64. Mas há alguns dentre vocês que não
crêem”. (Porque Jesus conhecia desde o
início aqueles que não criam, e quem era o
que o havia de entregar).
65. Mas dizia: “Por isso eu lhes disse que
ninguém poderia vir a mim, a não ser que
lhe fosse dado pelo meu Pai”.
66. Desde então muitos dos seus discípulos
retrocederam, e não mais andavam com ele.
67. Disse, então, Jesus aos Doze: “Vocês
também querem ir embora?”
68. Respondeu-lhe, pois, Simão Pedro: “Se-
nhor, para quem iremos? O Senhor tem pa-
lavras da vida eterna!
69. E nós temos crido e reconhecido que o
Senhor é o Ungido, o Filho do Deus viven-
te!”
70. Respondeu-lhes Jesus: “Não escolhi os
doze de vocês? Mas um de vocês é Calunia-
dor!”
71. Mas ele falava de Judas Iscariotes, filho
de Simão, porque ele estava prestes a entre-
gá-lo, sendo um dos Doze.
7.
1. Mas depois disto Jesus andava pela Gali-
léia, porque não queria andar pela Judéia,
pois os Judeus procuravam matá-lo.
2. Estava próxima a festa dos judeus, a dos
Tabernáculos.
3. Seus irmãos, então, disseram-lhe: “Parta
daqui, e vá para a Judéia, a fim de que os
seus discípulos também vejam as suas obras
que opera,
João
4. Porque ninguém faz algo em secreto e
procura se tornar conhecido em público. Se
você estiver fazendo isto: Torne-se conheci-
do ao mundo!”.
5. Porque nem mesmo seus irmãos acredi-
tavam nele.
6. Jesus, pois, lhes diz: “O meu tempo ain-
da não é chegado, mas o de vocês está sem-
pre à disposição.
7. O mundo não é capaz de odiá-los, mas a
mim odeia, porque testifico a seu respeito,
que as suas obras são más.
8. Subam vocês à festa! Eu ainda não subi-
rei para a festa, porque o meu tempo ainda
não se cumpriu”.
9. E, tendo-lhes dito isto, permaneceu na
Galiléia.
10. Mas, quando seus irmãos haviam subido,
ele também subiu para a festa, não em públi-
co, mas como que secretamente.
11. Mas os judeus procuravam-no na festa, e
diziam: “Onde está ele?”
12. E havia muita conversa a respeito dele
entre as multidões. Alguns diziam: “Ele é
bom!” Mas outros diziam: “Não! Mas ele
seduz o povo!”
13. Ninguém, porém, falava publicamente a
seu respeito, devido ao medo dos judeus.
14. Mas, chegando a metade da festa, subiu
Jesus ao Templo, e ensinava.
15. Mas os judeus se admiravam, dizendo:
“Como este entende as Escrituras, não tendo
estudado?”
16. Respondeu-lhes Jesus e disse: “O meu
ensinamento não é meu, mas daquele que me
enviou.
17. Se alguém desejar fazer a vontade dele,
saberá do ensinamento se é de Deus, ou se
falo por mim mesmo.
18. Aquele que fala de si mesmo procura a
sua própria glória. Mas aquele que procura a
glória daquele que o enviou, este é verdadei-
ro, e não há injustiça nele.
19. Não foi Moisés que lhes deu a Lei? Mas
ninguém de vocês pratica a Lei. Por que
procuram matar-me?”
20. Respondeu a multidão e disse: “Você
tem demônio! Quem procura matar-lhe?”
117
João
21. Jesus respondeu e disse-lhes: “Fiz uma
obra e todos vocês se impressionam.
22. Por isto Moisés lhes deu a circuncisão,
não que ela seja de Moisés, mas dos pais, e
no Descanso vocês circuncidam um homem.
23. Se um homem recebe a circuncisão no
Descanso, no qual a Lei de Moisés não pode
ser violada, por que vocês se irritam comigo,
porque restaurei por completo uma pessoa
no Descanso?
24. Não julguem de acordo com a aparência,
mas façam um julgamento com veredicto
justo”.
25. Diziam, pois, alguns dos de Jerusalém:
“Não é este a quem procuram matar?
26. Mas eis que fala publicamente e eles não
lhe dizem nada! Com certeza os governantes
reconheceram que este de fato é o Ungido”.
27. “Pelo contrário, este sabemos donde é.
Mas o Ungido, quando chegar, ninguém
saberá donde é”.
28. Clamava, pois, Jesus, ensinando no
Templo e dizendo: “Vocês tanto me conhe-
cem quanto sabem donde vim, mas não vim
por mim mesmo, mas verdadeiro é aquele
que me enviou, a quem vocês não conhe-
cem.
29. Mas eu o conheço, porque sou dele, e ele
me enviou”.
30. Procuravam, pois, prendê-lo, mas nin-
guém lançou a mão nele, pois ainda não
havia chegada a sua hora.
31. Mas muitos da multidão creram nele e
diziam: “Quando vier o Ungido, por acaso
fará maiores sinais do que este tem opera-
do?”
32. Os fariseus ouviram que a multidão
murmurava isto a seu respeito, e os fariseus
e os arqui-sacerdotes enviaram oficiais para
prendê-lo.
33. Disse-lhes, pois, Jesus: “Estou ainda um
breve período de tempo com vocês, e vou
para aquele que me enviou.
34. Vocês me procurarão e não me encontra-
rão. E onde eu estou, vocês não poderão
vir”.
35. Disseram, pois, os judeus entre si: “Para
onde ele pretende ir, para nós não o achar-
118
mos? Será que irá para a diáspora253 entre os
gregos, para ensinar aos gregos?
36. O que é esta palavra que disse: ‘Vocês
me procurarão e não me encontrarão’ e ‘on-
de eu estou, vocês não poderão vir?’”
37. E no último dia, o maior da festa, ficou
Jesus em pé e clamou, dizendo: “Se alguém
tiver sede, venha a mim e beba!
38. Quem crê em mim, como diz a Escritura,
do seu interior fluirão rios de água viva”.
39. Mas isto ele disse a respeito do Espírito
que estavam para receber os que cressem
nele. Porque ainda não havia o Espírito San-
to, porque Jesus ainda não havia sido exalta-
do.
40. Muitos, pois, da multidão, ouvindo a
Palavra, diziam: “Verdadeiramente este é o
Profeta!”.
41. Outros diziam: “Este é o Ungido!”. Ain-
da outros diziam: “Por acaso o Ungido vem
da Galiléia?
42. Não diz a Escritura que o Ungido vem da
descendência de Davi, e de Belém, o povoa-
do onde estivera Davi?”
43. Surgiu, pois, uma divisão na multidão
por causa dele.
44. E alguns deles queriam prendê-lo, mas
ninguém lançou as mãos nele.
45. Retornaram, pois, os oficiais aos arqui-
sacerdotes e fariseus, e estes disseram-lhes:
“Por que não o trouxeram?!”
46. Os oficiais responderam: “Jamais um
homem falou assim como este homem!”
47. Responderam-lhes, pois, os fariseus:
“Vocês também foram seduzidos?!
48. Por acaso alguém dos governantes ou
dos fariseus creu nele?!
49. Mas este povão, que não conhece a Lei, é
amaldiçoado!”
50. Nicodemos, aquele que veio de noite a
ele, sendo um deles, disse-lhes:
51. “Por acaso nossa Lei julga uma pessoa
antes de tê-la ouvido primeiro, para saber o
que está fazendo?”.
253
Diáspora: dispersão dos judeus por todo o
mundo.

52. Eles responderam e disseram-lhe: “Você
também é da Galiléia? Pesquise e veja que
nenhum profeta tem surgido da Galiléia!”.
53. E cada um foi para a sua casa.
8.
1. Mas Jesus foi para o Monte das Olivei-
ras.
2. E, ao amanhecer, veio novamente ao
Templo, e todo o povo veio a ele. E, assen-
tando-se, os ensinava.
3. E os escribas e os fariseus lhe trazem
uma mulher pega em adultério, e, colocan-
do-a no meio,
4. Dizem-lhe: “Mestre, esta mulher foi pega
em flagrante adultério.
5. Ora, na Lei, Moisés nos ordenou a ape-
drejar os mesmos. E você, o que nos diz?”
6. Mas diziam isto, tentando-o, a fim de
terem algo de que acusá-lo. Mas Jesus, in-
clinando-se, escrevia com o seu dedo no
chão.
7. Mas, já que insistiam perguntando-lhe,
levantando-se, disse-lhes: “Aquele dentre
vocês que estiver sem pecado, seja o primei-
ro a atirar-lhe a pedra!”
8. E, voltando a inclinar-se, escrevia no
chão.
9. Mas, ouvindo isto, e sendo acusados pela
consciência, retiraram-se um após o outro,
começando pelos mais velhos até aos mais
jovens. E ficaram sozinhos, Jesus, e a mu-
lher parada no meio.
10. E, levantando-se Jesus, e não vendo nin-
guém, a não ser a mulher, disse-lhe: “Mu-
lher, onde estão os seus acusadores? Nin-
guém lhe condenou?”
11. E ela disse: “Ninguém, Senhor!” E disse-
lhe Jesus: “Nem eu lhe condeno! Vá, e não
peque mais!”
12. Novamente, pois, Jesus falou-lhes, di-
zendo: “Eu sou a luz do mundo. Aquele que
me seguir, de forma alguma andará na escu-
ridão, mas terá a luz da vida”.
13. Disseram-lhe, pois, os fariseus: “Você
testifica a seu respeito. O seu testemunho
não é verdadeiro!”
João
14. Respondeu Jesus e disse-lhes: “Mesmo
se eu testificar a meu respeito, o meu teste-
munho é verdadeiro, porque sei donde vim,
e para onde vou. Mas vocês não sabem don-
de vim, nem para onde vou.
15. Vocês julgam de acordo com a carne. Eu
não julgo a ninguém.
16. E mesmo se eu julgo, o meu julgamento
é verdadeiro, porque não estou sozinho, mas
eu e o Pai que me enviou.
17. Mas também na sua Lei tem sido escrito
que o testemunho de duas pessoas é verda-
deiro.
18. Sou eu quem testifica a meu respeito, e o
Pai, que me enviou, testifica a meu respei-
to”.
19. Disseram-lhe, pois: “Onde está o seu
pai?” Respondeu Jesus: “Vocês não conhe-
cem nem a mim, nem a meu Pai. Se vocês
me tivessem conhecido, teriam também
conhecido a meu Pai”.
20. Estas palavras falou Jesus no lugar do
tesouro, ensinando no Templo. E ninguém o
prendeu, porque ainda não havia chegada a
sua hora.
21. Disse-lhes, pois, novamente Jesus: “Eu
vou embora, e vocês me procurarão e morre-
rão no seu pecado. Para onde eu vou, vocês
não podem ir”.
22. Diziam, pois, os judeus: “Será que ele
vai cometer suicídio, ao dizer ‘para onde eu
vou, vocês não podem ir’?”.
23. E disse-lhes: “Vocês são de baixo, eu sou
de cima. Vocês são deste mundo, eu não sou
deste mundo.
24. Por isso disse-lhes que vocês morrerão
nos seus pecados. Porque se não crerem que
eu sou, vocês morrerão nos seus pecados”.
25. Disseram-lhe, pois: “Quem é você?” E
disse-lhes Jesus: “Precisamente o que lhes
tenho falado desde o princípio”.
26. Tenho muito que dizer e opinar a seu
respeito, mas aquele que me enviou é verda-
deiro, também eu, aquilo que dele ouvi, isto
anuncio ao mundo”.
27. Eles não entenderam que lhes falava do
Pai.
28. Disse-lhes, pois, Jesus: “Quando tiverem
suspenso o Filho do Homem, então tomarão
119
João
conhecimento de que eu sou, e que de mim
mesmo não faço nada, mas assim como en-
sinou-me o Pai, assim falo.
29. E aquele que me enviou está comigo. O
Pai não me abandonou, porque sempre faço
o que lhe agrada”.
30. Dizendo isto, muitos creram nele.
31. Dizia, pois, Jesus aos judeus que haviam
crido nele: “Se vocês permanecerem na mi-
nha palavra são verdadeiramente meus dis-
cípulos,
32. E conhecerão a verdade, e a verdade lhes
libertará”.
33. Responderam-lhe: “Somos descendência
de Abraão, e nunca temos sido subjugados a
ninguém. Como você pode dizer: ‘Se torna-
rão livres’!?”
34. Respondeu-lhes Jesus: “Com certeza,
com certeza lhes digo, que todo aquele que
comete pecado é escravo do pecado.
35. Mas o escravo não permanece para sem-
pre na casa. O filho permanece para sempre.
36. Se, pois, o Filho lhes libertar, sereis ver-
dadeiramente livres.
37. Sei que vocês são a descendência de
Abraão, contudo procuram matar-me, por-
que a minha palavra não tem lugar em vo-
cês.
38. Eu falo daquilo que tenho visto de meu
Pai, e vocês também fazem o que viram de
seu pai”.
39. Responderam e disseram-lhe: “Nosso pai
é Abraão”. Disse-lhes Jesus: “Se fossem
filhos de Abraão praticariam as obras de
Abraão.
40. Mas agora procuram me matar, uma
pessoa que lhes têm dito a verdade que tem
ouvido de Deus. Abraão não procedeu as-
sim!
41. Vocês praticam as obras de seu pai”.
Eles, pois, disseram-lhe: “Nós não nascemos
da prostituição. Temos um Pai: Deus!”
42. Disse-lhes, pois, Jesus: “Se Deus fosse o
seu Pai, vocês teriam me amado, porque eu
procedi e venho de Deus. Eu não vim por
iniciativa própria, mas ele me enviou.
43. Por que não entendem a minha lingua-
gem? Porque são incapazes de ouvir a minha
palavra.
120
44. Vocês têm por pai o Caluniador, e têm
prazer em praticar as cobiças de seu pai. Ele
foi assassino desde o princípio, e não se
estabeleceu na verdade, porque não há ver-
dade nele. Sempre que ele fala mentira, fala
do que é seu, porque é mentiroso, e o pai
dela.
45. Eu, porém, por falar a verdade, vocês
não me acreditam.
46. Quem de vocês me convence de pecado?
Mas se eu falar a verdade, por quê razão não
me acreditam?
47. Quem é de Deus ouve as palavras de
Deus. Por isso vocês não ouvem, porque não
são de Deus”.
48. Responderam, pois, os judeus e disse-
ram-lhe: “Não falamos corretamente que
você é samaritano e tem demônio?”
49. Respondeu Jesus: “Eu não tenho demô-
nio, mas honro a meu Pai, e vocês me deson-
ram.
50. Eu, porém, não procuro a minha glória.
Tem aquele que a procura, e julga.
51. Com certeza, com certeza lhes digo: Se
alguém guardar a minha palavra jamais verá
a morte eternamente”.
52. Disseram-lhe, pois, os judeus: “Agora
entendemos que você tem demônio. Abraão
morreu, e os profetas, e você diz: ‘Se alguém
guardar a minha palavra jamais provará a
morte eternamente’.
53. Você é maior do que o nosso pai Abraão,
que morreu, e os profetas, que morreram?
Em quem você se transforma?”
54. Respondeu Jesus: “Se eu me glorificar a
mim mesmo, a minha glória não é nada. O
meu Pai é o que me glorifica, do qual vocês
dizem que é o seu Deus.
55. E vocês não o tem conhecido, mas eu o
conheço. E se eu dissesse que não o conhe-
ço, serei como vocês: Mentiroso. Mas eu o
conheço e guardo a sua palavra.
56. O seu pai Abraão exultava em poder ver
o meu dia, e ele o viu e se regozijou”.
57. Disseram-lhe, pois, os judeus: “Você não
tem nem cinqüenta anos e viu a Abraão?”
58. Disse-lhes Jesus: “Com certeza, com
certeza lhes digo, antes que Abraão existisse,
eu sou!”
 João
59. Pegaram, pois, pedras para apedrejá-lo. 16. Diziam, pois, alguns dos fariseus: “Este
Mas Jesus ocultou-se, e saiu do Templo, homem não é de Deus, porque não guarda o
passando pelo seu meio e foi embora. Descanso”. Outros diziam: “Como um ho-
mem pecador pode operar tais sinais?” E
9. houve uma divisão entre eles.
17. Dizem novamente ao cego: “Você, o que
1. E, partindo, viu uma pessoa cega de nas- diz a seu respeito? Já que abriu os seus o-
cença. lhos”. E ele disse: “É profeta!”
2. E seus discípulos perguntaram-lhe, di- 18. Os judeus, pois, não acreditaram que ele
zendo: “Rabi, quem pecou, este ou os seus fora cego e recebera a visão, até terem cha-
pais, por ter nascido cego?” mado os pais daquele que recebera a visão.
3. Respondeu Jesus: “Nem este pecou, nem 19. E perguntaram-lhes, dizendo: “É este o
os seus pais, mas a fim de que nele se mani- seu filho, do qual vocês dizem que nasceu
festassem as obras de Deus. cego? Como então agora enxerga?”
4. Convém-me realizar as obras daquele 20. Responderam-lhes seus pais e disseram:
que me enviou enquanto é dia. Vem a noite, “Sabemos que este é o nosso filho e que
quando ninguém pode trabalhar”. nasceu cego,
5. Enquanto estiver no mundo, sou a luz do 21. Mas como agora enxerga, não sabemos,
mundo”. ou quem tenha aberto os seus olhos, não
6. Tendo dito isto, cuspiu no chão e fez sabemos. Ele é adulto, perguntem-no, para
lama da saliva, e aplicou a lama aos olhos do que fale por si mesmo!”
cego. 22. Os seus pais disseram isto porque temi-
7. E disse-lhe: “Vá e lave-se no tanque de am os judeus. Porque os judeus já haviam
Siloé!” (Que traduzido significa “enviado”). concordado que, se alguém confessasse que
Ele, pois, foi, e se lavou, e voltou enxergan- ele era o Ungido, deveria ser excomungado
do. da sinagoga.
8. Os vizinhos, pois, e aqueles que o viram 23. Devido a isto seus pais disseram: “Ele é
antes, quando era cego, disseram: “Não é adulto, perguntem-no”.
este aquele que ficava assentado mendigan- 24. Chamaram, pois, pela segunda vez o
do?” homem que estivera cego, e disseram-lhe:
9. Alguns disseram: “É ele!” Mas outros: “Glorifique a Deus! Sabemos que este ho-
“Ele se parece com ele!” Ele disse: “Sou mem é pecador!”
eu!” 25. Ele, pois, respondeu e disse: “Se ele é
10. Disseram-lhe pois: “Como seus olhos se pecador ou não, não sei. Isto eu sei: Que eu
abriram?” estava cego e agora enxergo!”
11. Ele respondeu e disse: “Um homem, 26. E novamente lhe disseram: “O que ele
chamado Jesus, fez lama e aplicou-a aos lhe fez? Como abriu os seus olhos?”
meus olhos, e me disse: ‘Vá ao tanque de 27. Respondeu-lhes: “Já lhes disse, mas não
Siloé e lave-se!’ Tendo ido e me lavado, prestaram atenção. Por que querem ouvi-lo
recebi a visão”. novamente? Querem vocês também tornar-
12. Eles, pois, lhe disseram: “Onde ele es- se seus discípulos?”
tá?” Ele diz: “Não sei!” 28. Repreenderam-no, pois, e disseram:
13. Levam o que era cego aos fariseus. “Você é seu discípulo, nós, porém, somos
14. Era Descanso quando Jesus fez a lama e discípulos de Moisés!
abriu os seus olhos. 29. Sabemos que Deus falou a Moisés, mas
15. Novamente, pois, perguntaram-lhe tam- este não sabemos donde é”.
bém os fariseus como ele recebera a visão. E 30. Respondeu-lhes o homem e disse-lhes:
ele disse-lhes: “Ele aplicou lama aos meus “É impressionante que vocês não saibam
olhos, e lavei-me, e enxergo!”
121
João
donde ele é, enquanto tivesse aberto os meus
olhos!
31. Mas sabemos que Deus não atende a
pecadores. Mas, se alguém for temente a
Deus, e fizer a sua vontade, a este atende.
32. Desde o princípio jamais se ouviu que
alguém tivesse aberto os olhos de um cego
de nascença.
33. Se este não fosse de Deus não poderia
fazer nada.”
34. Responderam e disseram-lhe: “Você
nasceu inteiramente em pecados e quer ensi-
nar-nos?” E expulsaram-no.
35. Jesus ouviu que o haviam expulsado, e,
encontrando-o, disse-lhe: “Você crê no Filho
de Deus?”
36. Ele respondeu e disse: “Quem é ele,
Senhor, para que creia nele?”
37. E disse-lhe Jesus: “Você já o viu e aque-
le que fala com você é ele”.
38. E ele disse: “Creio, Senhor!” E o adorou.
39. E disse Jesus: “Vim para juízo ao mun-
do, para que aqueles que não enxergam,
enxergassem, e aqueles que enxergam, se
tornassem cegos”.
40. E alguns dos fariseus, que estavam com
ele, ouviram isto, e lhe disseram: “Nós tam-
bém somos cegos?”
41. Disse-lhes Jesus: “Se vocês fossem cegos
não teriam pecado. Mas sendo que vocês
dizem: ‘Enxergamos’, o seu pecado perma-
nece.
10.
1. Com certeza, com certeza lhes digo,
aquele que não entrar no aprisco de ovelhas
pela porta, mas salta em outro lugar, este é
ladrão e assaltante.
2. Aquele, porém, que entra pela porta é o
pastor das ovelhas.
3. A este o porteiro abre, e as ovelhas aten-
dem à sua voz, e chama as suas próprias
ovelhas por nome, e as conduz para fora.
4. E quando solta as suas ovelhas, ele vai
adiante delas, e as ovelhas o seguem, porque
conhecem a sua voz.
122
5. Mas ao estranho de forma alguma segui-
riam, antes fugirão dele, porque não conhe-
cem a voz dos estranhos”.
6. Jesus lhes contou esta alegoria, mas eles
não entenderam o que era que lhes dizia.
7. Disse-lhes, pois, Jesus, novamente:
“Com certeza, com certeza lhes digo que eu
sou a porta das ovelhas.
8. Todos quantos vieram antes de mim são
ladrões e assaltantes, mas as ovelhas não
lhes deram ouvidos.
9. Eu sou a porta. Se alguém entrar por
mim será salvo, e entrará, e sairá, e achará
pastagem.
10. O ladrão não vem, a não ser somente
para roubar, e matar, e destruir. Eu vim para
que tenham vida, e a tenham transbordante.
11. Eu sou o bom Pastor. O bom Pastor re-
nuncia à sua vida pelas ovelhas.
12. O assalariado, porém, e aquele que não é
o pastor, a quem não pertencem as ovelhas,
vê o lobo chegando, e abandona as ovelhas,
e foge. E o lobo as agarra, e espalha as ove-
lhas.
13. Já o assalariado foge, porque é assalaria-
do, e não se importa com as ovelhas.
14. Eu sou o bom Pastor, e conheço os meus,
e sou conhecido pelos meus.
15. Assim como o Pai me conhece, assim
também eu conheço o Pai, e renuncio à mi-
nha vida pelas ovelhas.
16. E tenho outras ovelhas que não são deste
aprisco. É necessário que também conduza
as mesmas, e elas ouvirão a minha voz. E se
tornarão um rebanho, um Pastor.
17. Por isto o meu Pai me ama, porque re-
nuncio à minha vida, para que novamente a
retome.
18. Ninguém a toma de mim, mas eu renun-
cio à mesma voluntariamente. Tenho autori-
dade para renunciar à mesma e novamente
autoridade para retomá-la. Recebi esta or-
dem de meu Pai.”
19. Houve, pois, novamente uma divisão
entre os judeus devido a estas palavras.
20. Porque muitos deles diziam: “Tem de-
mônio e é louco, por que lhe dão ouvidos?”

21. Outros diziam: “Estas palavras não são
de um endemoninhado. Por acaso um demô-
nio é capaz de abrir os olhos de um cego?”
22. E aconteceu a festa da Dedicação em
Jerusalém, e era inverno.
23. E Jesus andava pelo Templo, no Pórtico
de Salomão.
24. Rodearam-no, pois, os judeus, e disse-
ram-lhe: “Até quando você manterá nossa
alma em suspense? Caso você seja o Ungi-
do, diga-nos abertamente!”
25. Respondeu-lhes Jesus: “Já lhes tenho
dito, mas vocês não acreditam. As obras que
opero no nome de meu Pai, estas testificam
de mim.
26. Mas vocês não acreditam, porque não
são das minhas ovelhas, assim como lhes
tenho dito.
27. As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e
eu as conheço, e elas me seguem.
28. E eu lhes dou a vida eterna, e de modo
algum perecerão pelas eras, e ninguém as
arrebatará da minha mão.
29. Meu Pai, que mas deu, é maior do que
todos, e ninguém é capaz de arrebatá-las da
mão de meu Pai.
30. Eu e o Pai somos um”.
31. Os judeus, pois, pegaram novamente
pedras para apedrejá-lo.
32. Respondeu-lhes Jesus: “Apresentei-lhes
muitas boas obras de meu Pai. Por qual des-
tas obras vocês me apedrejam?”
33. Responderam-lhe os judeus, dizendo:
“Não lhe apedrejamos por uma obra boa,
mas pela blasfêmia, e pelo fato de você ser
um ser humano e transformar-se em Deus”.
34. Respondeu-lhes Jesus: “Não está escrito
na sua Lei: ‘Eu disse: Vocês são deuses’254?
35. Se chamou de deuses aqueles aos quais
foi dirigida a Palavra de Deus (e a Escritura
não pode ser violada),
36. Daquele que o Pai santificou e enviou ao
mundo vocês dizem: ‘blasfema!’, porque eu
disse: ‘Sou o Filho de Deus’.
37. Se eu não faço as obras de meu Pai, não
acreditem em mim.
254
Salmo 82:6
João
38. Mas se as faço, mesmo se não acredita-
rem em mim, acreditem nas obras, para que
entendam e acreditem que o Pai está em
mim e eu nele”.
39. Procuravam, pois, novamente prendê-lo,
mas ele escapou de suas mãos.
40. E foi novamente para além do Jordão, ao
lugar em que João inicialmente submergira.
E lá permaneceu.
41. E muitos vieram a ele, e diziam: “De fato
João não fez nenhum sinal, mas tudo o que
João disse a seu respeito foi verdadeiro”.
42. E muitos naquele lugar creram nele.
11.
1. Ora, havia um certo enfermo, Lázaro, de
Betânia, o povoado de Maria e de sua irmã
Marta.
2. E fora Maria que ungira o Senhor com
ungüento e enxugara os seus pés com os
seus cabelos, cujo irmão Lázaro estava en-
fermo.
3. Enviaram-lhe informar, pois, suas irmãs,
dizendo: “Senhor, eis que aquele que você
ama está doente”.
4. Mas, ouvindo isto, Jesus disse: “Esta
enfermidade não é para a morte, mas para a
glória de Deus, a fim de que por meio dela
seja glorificado o Filho de Deus”.
5. Ora, Jesus amava a Marta, e a sua irmã, e
a Lázaro.
6. Quando, pois, ouviu que estava doente,
permaneceu no lugar em que estava ainda
por dois dias.
7. Então, depois disto, ele diz aos discípu-
los: “Vamos novamente para a Judéia!”
8. Os discípulos lhe dizem: “Rabi, ainda há
pouco os judeus procuravam lhe apedrejar, e
o Senhor novamente vai para lá?”
9. Respondeu Jesus: “Não são doze as ho-
ras do dia? Se alguém andar de dia não tro-
peça, porque vê a luz deste mundo.
10. Mas se alguém andar de noite tropeça,
porque a luz não está nele”.
11. Isto ele disse e depois disto ele lhes diz:
“Nosso amigo Lázaro adormeceu. Mas vou
para acordá-lo”.
123
João
12. Disseram, pois, os seus discípulos: “Se-
nhor, se ele adormeceu, vai melhorar!”
13. Jesus, porém, havia falado de sua morte,
mas eles imaginavam que falava do descan-
so do sono.
14. Então, pois, Jesus disse-lhes francamen-
te: “Lázaro morreu.
15. E eu me alegro por vocês, para que crei-
am, por eu não ter estado lá. Mas vamos até
ele.”
16. Disse, pois, Tomé, chamado Dídimo, aos
condiscípulos: “Vamos nós também, para
morrermos com ele!”
17. Vindo, pois, Jesus, encontrou-o tendo
estado já por quatro dias na sepultura.
18. (Ora, Betânia estava próximo de Jerusa-
lém, em torno de três quilômetros de distân-
cia).
19. E muitos dos judeus haviam vindo aos
vizinhos de Marta e Maria a fim de consolá-
las com respeito a seu irmão.
20. Ouvindo, pois, Marta, que Jesus estava
vindo, foi ao seu encontro. Mas Maria ficou
assentada em casa.
21. Marta disse, então, para Jesus: “Senhor,
se o Senhor tivesse estado aqui, meu irmão
não teria morrido.
22. Mas ainda agora sei que tudo que pedir
de Deus, Deus lhe dará”.
23. Jesus lhe diz: “O seu irmão ressuscitará!”
24. Marta lhe diz: “Eu sei que ressuscitará na
ressurreição do último dia”.
25. Disse-lhe Jesus: “Eu sou a ressurreição e
a vida. Aquele que crer em mim, mesmo que
morra, viverá!
26. E todo aquele que vive, e crê em mim,
jamais morrerá pelas eras. Você crê nisto?”
27. Ela lhe diz: “Sim, Senhor! Eu tenho cri-
do que o Senhor é o Ungido, o Filho de
Deus, que viria ao mundo”.
28. E, tendo dito isto, foi embora, e chamou
a sua irmã Maria, a sós, dizendo: “O Mestre
chegou e está lhe chamando”.
29. Ouvindo ela isto, levanta-se apressada-
mente e se dirige a ele.
30. Jesus ainda não havia entrado no povoa-
do, mas estava no lugar em que Marta o
encontrara.
124
31. Os judeus, pois, que estavam com ela na
casa e a consolavam, vendo que Maria se
levantara e saíra apressadamente, seguiram-
na, dizendo: “Ela vai à sepultura para ali
chorar”.
32. Quando Maria veio, pois, ao lugar em
que Jesus estava, vendo-o, lançou-se aos
seus pés, dizendo-lhe: “Senhor, se tivesse
estado aqui, meu irmão não teria morrido!”
33. Vendo-a, pois, Jesus, chorando, e os
judeus que a acompanhavam, chorando,
suspirou em seu espírito, e se comoveu,
34. E disse: “Onde o deitaram”. Disseram-
lhe: “Senhor, venha e veja!”
35. Jesus chorou.
36. Os judeus, pois, disseram: “Vejam como
o amava!”
37. Mas alguns deles disseram: “Será que
aquele que abriu os olhos do cego não pode-
ria ter impedido que este morresse?”
38. Jesus, pois, suspirando novamente em si
mesmo, se dirige à sepultura, que era uma
caverna, e uma pedra a cobria.
39. Disse Jesus: “Retirem a pedra”. Disse-
lhe a irmã do morto, Marta: “Senhor, já chei-
ra, porque faz quatro dias!”
40. Disse-lhe Jesus: “Não lhe disse que, se
você acreditasse, viria a glória de Deus?”
41. Tiraram, pois, a pedra do lugar em que o
defunto havia sido posto. E Jesus levantou
os seus olhos para o alto, e disse: “Pai, eu
lhe dou graças porque me ouve,
42. E sei que sempre me ouve, mas eu disse
isto devido à multidão que está ao redor,
para que creiam que o Senhor me enviou”.
43. E, tendo dito isto, clamou em alta voz:
“Lázaro, venha para fora!”
44. Saiu aquele que estivera morto, amarrado
nos pés e nas mãos com mortalhas, e seu
rosto envolto com um lenço. Disse-lhes
Jesus: “Desamarrem-no e deixem-no ir”.
45. Muitos, pois, dos judeus que haviam
vindo a Maria e haviam visto o que Jesus
fizera, creram nele.
46. Mas alguns deles foram até os fariseus e
contaram-lhes o que Jesus fizera.
47. Os arqui-sacerdotes e os fariseus, pois, se
reuniram em conselho e diziam: “O que
 João
faremos? Porque este homem opera muitos os pés de Jesus, e enxugou-lhe os pés com os
sinais. seus cabelos. E a casa se encheu com o aro-
48. Se assim o deixarmos, todos crerão nele, ma do ungüento.
e virão os romanos e nos tomarão ambos: A 4. Diz, pois, um de seus discípulos, Judas
posição e o povo. Simão Iscariotes, que estava para traí-lo:
49. Mas um deles, Caifás, sendo arqui- 5. “Por que não se vendeu este ungüento
sacerdote naquele ano, disse-lhes: “Vocês por trezentos denários e se deu aos pobres?”
não entendem nada, 6. Mas ele disse isto, não porque se preocu-
50. Nem analisam que é preferível para nós pava com os pobres, mas porque era ladrão e
que uma pessoa morra pelo povo do que a carregava a carteira, e o que era colocado
nação toda seja destruída”. nela, ele carregava.
51. Mas isto ele não disse de si mesmo, po- 7. Disse, pois, Jesus: “Deixem-na em paz!
rém, sendo arqui-sacerdote naquele ano, Ela o guardou para o dia de meu sepulta-
profetizou que Jesus estava para morrer pelo mento.
povo, 8. Porque os pobres vocês têm sempre com
52. E não somente pelo povo, mas também vocês, mas a mim nem sempre têm”.
para que os filhos de Deus espalhados fos- 9. E uma grande multidão de judeus tomou
sem reunidos em um. conhecimento de que ele estava lá, e foram,
53. Naquele dia, pois, deliberaram que o não devido a Jesus somente, mas também
matariam. para ver a Lázaro, ao qual ressuscitara dos
54. Jesus, pois, já não andava publicamente mortos.
entre os judeus, mas retirou-se dali para a 10. Mas os arqui-sacerdotes deliberaram que
região próxima ao deserto, a uma cidade também Lázaro fosse morto.
chamada Efraim, e ali permaneceu com os 11. Porque muitos dos judeus, devido a ele,
seus discípulos. se afastavam e criam em Jesus.
55. Ora, estava próxima a Páscoa dos judeus, 12. No dia seguinte, uma grande multidão
e muitos da terra subiram para Jerusalém, que viera para a festa, ouvindo que Jesus
antes da Páscoa, a fim de purificar-se. estava vindo para Jerusalém,
56. Procuravam, pois, a Jesus, e diziam entre 13. Tomaram ramos das palmeiras, e saíram
eles, parados no Templo: “O que lhes pare- ao seu encontro, e clamavam: “Hosana257,
ce, será que não virá para a festa?”. bendito o que vem em nome do Senhor258, o
57. Tanto os arqui-sacerdotes quanto os fari- Rei de Israel!”
seus haviam dado uma ordem que, se al- 14. E, achando Jesus um jumentinho, mon-
guém soubesse onde se encontrava, o de- tou nele, como está escrito:
nunciasse, para prendê-lo. 15. “Não tema, filha de Sião! Eis que o seu
Rei vem, montado num potro de jumenta”259.
12. 16. Inicialmente, porém, os seus discípulos
não o compreenderam, mas após Jesus ter
1. Foi, pois, Jesus seis dias antes da Páscoa sido glorificado, então se lembraram de que
para Betânia, onde se encontrava Lázaro,
que morrera, o qual ressuscitara dos mortos.
2. Prepararam-lhe ali, pois, uma ceia, e 256
Marta servia, e Lázaro era um dos que se Nardo: a fragrância de uma planta da Índia
pertencente ao genus Valerianna, que produz
reclinavam com ele.
um líquido de cheiro agradável que os antigos
3. Maria, pois, tomando uma litra255 de usavam (ou puro ou misturado) no preparo de
256
ungüento de nardo puro, caríssimo, ungiu um óleo preciosíssimo.
257
Hosana: salve rogamos!
258
Salmo 118:26; Mateus 21:9; 23:39; Marcos
11:9; Lucas 19:38
255 259
Litra: em torno de 340g. Zacarias 9:9; Mateus 21:5
125
João
isto fora escrito a seu respeito, e assim pro-
cederam com ele.
17. A multidão, pois, que estava com ele
quando chamou a Lázaro para fora da sepul-
tura, testificava que ele o ressuscitara dos
mortos.
18. Devido a isto a multidão saiu ao seu
encontro, porque ouvira que ele operara este
sinal.
19. Os fariseus, pois, disseram entre eles:
“Vocês percebem que não alcançam nada?
Vejam, o mundo inteiro o segue!”
20. E havia certos gregos entre os que subi-
ram para adorar durante a festa.
21. Estes, pois, se dirigiram a Filipe, que era
de Betsaida da Galiléia, e pediram-lhe, di-
zendo: “Senhor, queríamos ver a Jesus!”
22. Filipe vai e fala com André, e André e
Filipe o comunicam a Jesus.
23. Mas Jesus respondeu-lhes, dizendo:
“Chegou a hora de ser glorificado o Filho do
Homem.
24. Com certeza, com certeza lhes digo: A
não ser que o grão de trigo caia no solo e
morra, permanece só. Mas se morrer, produz
muito fruto.
25. Quem amar a sua vida, perdê-la-á, mas
quem a desprezar, preservá-la-á para a vida
eterna.
26. Se alguém me servir, siga-me! E onde eu
estiver, ali estará também o meu servidor. E,
se alguém me servir, o Pai o honrará.
27. Agora minha alma está comovida, e o
que direi: ‘Pai, salva-me desta hora!’? Mas
precisamente para esta hora é que eu vim!
28. Pai, glorifique o seu nome!” Veio, pois,
uma voz do Céu: “Já o tenho glorificado, e
novamente o glorificarei!”
29. Ouvindo-a, pois, a multidão ali parada,
dizia: “Foi um trovão!” Outros diziam: “Um
anjo falou com ele!”
30. Respondeu Jesus e disse: “Não foi devi-
do a mim que ocorreu esta voz, mas devido a
vocês.
31. Agora é o julgamento deste mundo! A-
gora o príncipe deste mundo será expulso!
126
32. E quando eu for suspenso260 da terra,
atrairei a todos para mim”.
33. Mas dizia isto, indicando por que tipo de
morte estava para morrer.
34. A multidão lhe respondeu: “Ouvimos da
Lei que o Ungido permanece para sempre, e
como você diz que o Filho do Homem preci-
sa ser suspenso? Quem é este ‘Filho do Ho-
mem’?!”
35. Disse-lhes, pois, Jesus: “Ainda por pouco
tempo a luz está com vocês. Caminhem
enquanto vocês têm a luz, para que não lhes
sobrevenha a escuridão. Mas aquele que
caminha na escuridão não sabe para onde
vai.
36. Enquanto vocês têm a luz, acreditem na
luz, para que se tornem filhos da luz”. Isto
falou Jesus e, indo embora, se ocultou deles.
37. Mas, apesar de ter operado tantos sinais
diante deles, não criam nele.
38. A fim de se cumprir a palavra do profeta
Isaías, que disse: “Senhor, quem creu na
nossa mensagem? E a quem foi revelado o
braço do Senhor?261”
39. Por esta razão não podiam crer, porque
Isaías disse novamente:
40. “Cegou-lhes os seus olhos e endureceu-
lhes os seus corações, para que não vejam
com os olhos, e compreendam com o cora-
ção, e se convertam, e sejam por mim cura-
dos”262.
41. Isto Isaías disse quando viu a sua glória e
falou a seu respeito.
42. Apesar de mesmo dos líderes muitos
crerem nele, não o confessavam, devido aos
fariseus, para não serem excomungados da
sinagoga.
43. Porque amavam mais a glória dos ho-
mens do que a glória de Deus.
44. Mas Jesus clamou, e disse: “Quem crer
em mim, não crê em mim, mas naquele que
me enviou.
260
Suspenso: Jesus está se referindo a ser depen-
durado na cruz.
261
Isaías 53:1; Romanos 10:16
262
Isaías 6:9-10; Mateus 13:14-15; Marcos 4:12;
Lucas 8:10; Atos 28:26-27

45. E quem me vê a mim, vê aquele que me
enviou.
46. Eu vim como a luz ao mundo, a fim de
todo aquele que crer em mim não permaneça
na escuridão.
47. E se alguém ouvir as minhas palavras, e
não crer, eu não o julgo, porque não vim
para julgar o mundo, mas para salvar o
mundo.
48. Aquele que me rejeitar e não receber as
minhas palavras, tem quem o julgue: A pa-
lavra que eu tenho falado, esta o julgará no
último dia.
49. Porque eu não tenho falado de mim
mesmo, mas o Pai, que me enviou, ele mes-
mo me deu mandamento sobre o que dizer e
o que falar.
50. E sei que o seu mandamento é a vida
eterna. Portanto, o que digo, falo de tal for-
ma como o Pai me ordenou.
13.
1. Ora, antes da Festa da Páscoa, sabendo
Jesus que havia vindo a sua hora na qual
partiria do mundo para o Pai, tendo amado
os seus que estavam no mundo, amou-os até
o fim.
2. E, durante a ceia, o Caluniador já tendo
colocado no coração de Judas Simão Iscario-
tes que o traísse,
3. Sabendo Jesus que o Pai lhe havia entre-
gue tudo nas suas mãos, e que havia vindo
de Deus e que partiria para Deus,
4. Levanta-se da ceia e tira as vestes, e,
tomando uma toalha, cingiu-se.
5. Depois despeja água numa bacia e come-
ça a lavar os pés dos discípulos, e a enxugá-
los com a toalha com a qual se cingia.
6. Chega, pois, até Simão Pedro, e este lhe
diz: “Senhor, o Senhor lavará os meus
pés?!”
7. Respondeu Jesus e disse-lhe: “O que eu
faço você agora não entende, porém mais
tarde o entenderá”.
8. Pedro lhe diz: “Nunca jamais o Senhor
lavará os meus pés!” Disse-lhe Jesus: “Se eu
não lavá-los, você não faz parte de mim!”
João
9. Diz Simão Pedro a ele: “Senhor, não
somente os meus pés, mas também as mãos
e a cabeça!”
10. Jesus lhe diz: “Aquele que foi lavado não
tem necessidade de lavar a não ser os pés,
mas já está completamente limpo. E vocês
estão limpos, mas não todos”.
11. Porque sabia quem o estava traindo, por
isso disse: “Nem todos estão limpos”.
12. Quando, pois, havia lavado os seus pés, e
vestido as suas vestes, tendo-se reclinado
novamente, disse-lhes: “Vocês compreende-
ram o que lhes fiz?
13. Vocês me chamam de ‘Mestre’ e ‘Se-
nhor’, e fazem bem, porque eu o sou.
14. Se, pois, eu, o ‘Mestre’ e o ‘Senhor’,
lavei os seus pés, também vocês devem lavar
os pés uns dos outros.
15. Porque dei-lhes um padrão, que assim
como procedi com vocês, vocês também
procedam.
16. Com certeza, com certeza lhes digo: O
servo não é maior do que o seu senhor, nem
o apóstolo maior do que o mandante.
17. Se compreenderem isto, bem-aventura-
dos serão se as praticarem.
18. Não me referi a todos vocês. Eu sei a
quem escolhi, mas para que a Escritura se
cumpra: “Aquele que comigo come o pão
levantou contra mim o seu calcanhar”263.
19. A partir de agora lhes digo antes que
aconteça, para que, quando acontecer, vocês
creiam que eu sou.
20. Com certeza, com certeza lhes digo:
Aquele que receber ao que eu enviar, a mim
me recebe, e aquele que me recebe, recebe
àquele que me enviou”.
21. Dizendo isto, Jesus comoveu-se no seu
espírito, e confessou, e disse: “Com certeza,
com certeza lhes digo que um de vocês há de
me trair”.
22. Entreolharam-se, pois, os discípulos,
atônitos sobre a quem se referia.
23. Mas um dos discípulos, a quem Jesus
amava, se reclinava ao peito de Jesus.
263
Salmo 41:9
127
João
24. Simão Pedro, pois, lhe faz um sinal, para
perguntar quem seria aquele ao qual se refe-
ria.
25. E, inclinando-se para o peito de Jesus,
lhe diz: “Senhor, quem é?”
26. Respondeu Jesus: “É aquele que a quem
eu, molhando o bocado, o entregar”. E, mo-
lhando o bocado, o entrega a Judas Simão
Iscariotes.
27. E, após o bocado, o Adversário tomou
posse dele. Disse-lhe, pois, Jesus: “O que
faz, faça-o logo!”
28. Mas ninguém dos reclinados entendeu do
que estava tratando com ele.
29. Porque alguns imaginavam que, sendo
que Judas carregava a carteira, Jesus lhe
tivesse dito: “Compre o necessário para a
festa” ou que fosse doar algo aos pobres.
30. Aceitando, pois, o bocado, saiu imedia-
tamente. Era contudo noite.
31. Após ter saído, Jesus diz: “Agora tem
sido glorificado o Filho do Homem, e Deus
tem sido glorificado nele.
32. Se Deus tem sido glorificado nele, tam-
bém Deus o glorificará nele mesmo, e logo o
glorificará.
33. Filhinhos, ainda um pouco estou com
vocês. Vocês me procurarão. E assim como
disse aos judeus que ‘onde eu for, vocês não
podem ir’, o mesmo também agora lhes
digo.
34. Dou-lhes um novo mandamento: que se
amem reciprocamente, na mesma proporção
em que eu lhes amei, que vocês também se
amem reciprocamente.
35. Nisto todos tomarão conhecimento de
que vocês são meus discípulos, se tiverem
amor recíproco”.
36. Simão Pedro lhe diz: “Senhor, para onde
vai?” Respondeu-lhe Jesus: “Para onde vou,
você agora não pode me seguir, mas mais
tarde me seguirá”.
37. Simão Pedro lhe diz: “Senhor, por que
não posso segui-lo agora? Darei minha vida
pelo Senhor!”
38. Respondeu-lhe Jesus: “A sua vida você
dará por mim. Com certeza, com certeza lhe
digo: O galo não cantará até você ter me
negado por três vezes.
128
14.
1. Não se abale o seu coração. Vocês crêem
em Deus, creiam também em mim.
2. Na casa de meu Pai há muitas mansões.
Se não fosse assim, eu lhes teria dito: ‘Vou
preparar-lhes alojamentos’.
3. E se eu for preparar-lhes alojamento,
retorno e lhes levarei comigo, a fim de que
onde eu estiver estejam vocês também.
4. E para onde eu vou vocês têm sabido, e
têm conhecido o caminho”.
5. Tomé lhe diz: “Senhor, não temos sabido
para onde o Senhor vai, e como podemos
conhecer o caminho?”
6. Jesus lhe diz: “Eu sou o caminho, e a
verdade, e a vida. Ninguém vem264 ao Pai, a
não ser por mim.
7. Se me conhecessem também teriam co-
nhecido o Pai. E a partir de agora vocês o
conhecem, e o têm visto”.
8. Filipe lhe diz: “Senhor, mostre-nos o Pai,
e isto nos contenta”.
9. Jesus lhe diz: “Há tanto tempo estou com
vocês e você não me tem conhecido, Filipe?
Aquele que tem visto a mim, tem visto o Pai,
mas como você diz: ‘Mostre-nos o Pai!’?
10. Você não crê que eu estou no Pai e o Pai
em mim? As palavras que eu lhes transmito,
não as falo por mim mesmo, mas o Pai que
reside em mim, ele opera as obras.
11. Acreditem-me que eu estou no Pai, e o
Pai em mim. Mas se não, acreditem-me
devido às próprias obras.
12. Com certeza, com certeza lhes digo:
Quem crê em mim também fará as obras que
eu opero, e fará maiores do que estas, porque
eu vou para o meu Pai.
13. E tudo quanto pedirem em meu nome,
isto farei, para que o Pai seja glorificado no
Filho.
14. Se pedirem algo em meu nome, eu o
farei.
264
Ninguém consegue alcançar a presença de
Deus Pai, a não ser por meio do Senhor Jesus
Cristo. Todos os outros caminhos conduzem à
morte.

15. Se me amam, guardem os meus precei-
tos!
16. E eu pedirei ao Pai, e ele lhes dará outro
Mentor265, para que permaneça para sempre
com vocês:
17. O Espírito da verdade, que o mundo não
pode receber, porque não o enxerga, nem o
conhece. Mas vocês o conhecem, porque
permanece com vocês, e estará em vocês.
18. Não lhes abandonarei órfãos, retornarei
para vocês.
19. Ainda um pouco, e o mundo não me
enxerga mais, mas vocês me enxergam,
porque eu vivo, vocês também viverão.
20. Naquele dia vocês saberão que eu estou
no meu Pai, e vocês em mim, e eu em vocês.
21. Aquele que tem os meus preceitos e os
guarda, esse é o que me ama. E aquele que
me ama será amado pelo meu Pai, e eu o
amarei, e me revelarei a ele”.
22. Judas (não o Iscariotes) lhe diz: “Senhor,
o que houve que o Senhor está para se reve-
lar a nós e não ao mundo?”
23. Respondeu Jesus e disse-lhe: “Se alguém
me amar, guardará a minha palavra, e meu
Pai o amará, e viremos a ele e residiremos
com ele.
24. Quem não me ama não guarda as minhas
palavras. E a palavra que vocês ouvem não é
minha, mas do Pai que me enviou.
25. Tenho lhes dito isto, estando com vocês,
26. Mas o Mentor, o Espírito Santo, o qual o
Pai enviará em meu nome, ele lhes ensinará
tudo, e lhes lembrará de tudo que lhes tenho
dito.
265
paraklhtov (parakletos): normalmente tradu-
zido como “Consolador”, só que este é somente
um aspecto da atividade do Espírito Santo. Al-
guém que está do nosso lado como: Advogado,
Ajudante, Intercessor, Auxiliar, etc. É difícil
encontrar um termo amplo em português que
englobe todos estes significados. A única opção
foi usar o termo transliterado: “Paracleto”. A
palavra “Consolador” parece limitar a sua atua-
ção aos nossos conflitos e problemas. Aparen-
temente não existe um termo na nossa língua
que faça jus ao seu significado original, por is-
so preferimos usar a transliteração do termo o-
riginal.
João
27. Deixo-lhes a paz. A minha paz lhes dou.
Não a dou como a dá o mundo. Não se abale
nem se atemorize o seu coração.
28. Vocês ouviram que eu lhes disse: ‘Vou
embora e voltarei para vocês’. Se vocês me
amassem teriam exultado por eu ter dito:
‘Vou para o Pai’, porque meu Pai é maior
que eu.
29. Mas agora lhes disse isto antes que ocor-
ra, a fim de que, quando ocorrer, vocês crei-
am.
30. Já não falarei muito com vocês, porque
vem o príncipe deste mundo, mas não tem
nada em mim.
31. Mas a fim de que o mundo saiba que eu
amo o Pai, e assim como o Pai me ordenou,
assim procedo. Levantem-se, vamos embora
daqui!
15.
1. Eu sou a videira verdadeira e o meu Pai é
o viticultor.
2. Todo ramo em mim não produzindo
fruto, ele remove. E todo aquele que produz
fruto, ele limpa, a fim de produzir mais fru-
to.
3. Vocês já são limpos, devido à palavra
que lhes tenho falado.
4. Permaneçam em mim, e eu em vocês.
Assim como o ramo não é capaz de produzir
fruto por si mesmo, a não ser que permaneça
na videira, assim também vocês não podem,
a não ser que permaneçam em mim.
5. Eu sou a videira, vocês os ramos. Aquele
que permanecer em mim, e eu nele, produz
muito fruto, porque sem mim não podem
fazer nada.
6. A não ser que alguém permaneça em
mim, é jogado fora e murcha, como o ramo.
E são recolhidos e jogados no fogo e quei-
mados.
7. Se permanecerem em mim, e as minhas
palavras permanecerem em vocês, pedirão o
que quiserem, e lhes sucederá.
8. Nisto é glorificado o meu Pai, em que
vocês produzam muito fruto, e vocês se
tornarão meus discípulos.
129
João
9. Assim como o Pai me amou, também eu
lhes amei. Permaneçam no meu amor.
10. Se guardarem os meus preceitos, perma-
necerão no meu amor, assim como eu tenho
guardado os preceitos de meu Pai, e perma-
neço no seu amor.
11. Tenho-lhes dito isto, a fim de que a mi-
nha alegria permaneça em vocês, e a sua
alegria seja sobrepujante.
12. Este é o meu preceito, que vocês se a-
mem reciprocamente, assim como eu lhes
tenho amado.
13. Ninguém tem maior amor do que este, do
que alguém entregar a sua vida pelos seus
amigos.
14. Vocês são meus amigos, se fizerem o
que eu lhes mando.
15. Já não lhes chamo de servos, porque o
servo não sabe o que o seu senhor está fa-
zendo, mas chamei-lhes de amigos, porque
tudo que tenho ouvido de meu Pai lhes fiz
conhecer.
16. Não foram vocês que me escolheram,
mas eu escolhi a vocês, e lhes designei para
que vão e produzam fruto, e o seu fruto per-
maneça, a fim de que tudo que pedirem ao
Pai, em meu nome, ele lhes conceda.
17. Isto lhes ordeno, que se amem recipro-
camente.
18. Se o mundo lhes odeia, vocês sabem que
já me odiou antes de vocês.
19. Se vocês fossem do mundo, o mundo
amaria os seus. Mas sendo que vocês não
são do mundo, mas eu lhes selecionei do
mundo, por isso o mundo lhes odeia.
20. Lembrem-se da palavra que eu lhes dis-
se: ‘Um servo não é maior do que o seu
mestre’. Se perseguiram a mim, também
perseguirão a vocês. Se guardaram a minha
palavra, também guardarão a sua.
21. Mas tudo isto lhes farão devido ao meu
nome, porque não conhecem aquele que me
enviou.
22. Se eu não tivesse vindo e lhes falado, não
teriam pecado. Mas agora já não têm pretex-
to pelo seu pecado.
23. Aquele que me odeia, também odeia ao
meu Pai.
130
24. Se entre eles não tivesse feito as obras
que nenhum outro fez, não teriam tido peca-
do. Mas agora, tanto viram quanto odiaram,
tanto a mim quanto ao meu Pai.
25. Mas para que se cumprisse a palavra que
tem sido escrita na Lei deles: ‘Odiaram-me
sem motivo’266.
26. Mas, quando tiver vindo o Mentor267, o
qual lhes enviarei do Pai, o Espírito da ver-
dade, o qual procede do Pai, ele testificará a
meu respeito.
27. E vocês também testificarão, porque
estão comigo desde o início.
16.
1. Disse-lhes isto para que não se escanda-
lizassem.
2. Vocês serão excomungados das sinago-
gas, além disso, vem a hora em que todo
aquele que lhes matar julgará estar cultuando
a Deus.
3. E isto lhes farão porque não conheceram
ao Pai, nem a mim.
4. Mas disse-lhes isto, para que, quando
tiver chegada a hora, vocês se lembrem dis-
to, de que lho falei. Não lhes disse isto desde
o começo, porque eu estava com vocês.
5. Mas agora parto para aquele que me
enviou, e ninguém de vocês me pergunta:
‘Para onde vai?’
6. Mas, por ter-lhes dito isto, tristeza en-
cheu o seu coração.
7. Mas eu digo-lhes a verdade: É preferível
para vocês que eu vá. Porque, se eu não for,
o Mentor não virá para vocês. Mas, se eu
for, enviá-lo-ei a vocês.
8. E, tendo vindo, convencerá o mundo do
pecado, e da justiça, e do juízo.
9. Do pecado, de fato, porque não crêem
em mim.
10. Da justiça, porque vou para o meu Pai, e
vocês já não me verão mais.
11. E do juízo, porque o príncipe deste mun-
do tem sido julgado.
266
Salmo 69:5
267
Veja nota de rodapé de João 14:16.

12. Ainda tenho muito o que lhes dizer, mas
vocês não são capazes de suportá-lo agora.
13. Mas quando ele, o Espírito da verdade,
tiver vindo, ele lhes guiará para toda a ver-
dade. Porque não falará por si mesmo, mas
falará daquilo que ouvir. E lhes anunciará o
vindouro.
14. Ele me glorificará, porque receberá do
que é meu, e lhes anunciará.
15. Tudo que pertence ao Pai é meu. Por isso
eu disse que receberá do meu e lhes anuncia-
rá.
16. Ainda um pouco, e vocês não me verão.
E novamente um pouco, e vocês me verão.
Porque vou para o Pai”.
17. Disseram, pois, alguns de seus discípulos
uns aos outros: “O que é isto que ele nos diz:
‘Ainda um pouco, e vocês não me verão; e
novamente um pouco, e vocês me verão’? e
‘Porque vou para o Pai’?”
18. Diziam, pois: “O que significa o que ele
disse: ‘ainda um pouco’? Não sabemos do
que ele está tratando”.
19. Jesus, pois, ficou sabendo que queriam
perguntá-lo, e disse-lhes: “Vocês indagam
entre vocês em eu ter dito: ‘Ainda um pou-
co, e vocês não me verão. E novamente um
pouco, e vocês me verão’?
20. Com certeza, com certeza lhes digo que
vocês chorarão e se lamentarão, mas o mun-
do exultará. Mas vocês serão entristecidos,
mas a sua tristeza se transformará em alegri-
a.
21. A mulher, ao dar à luz, sente tristeza,
porque chegou a sua hora. Mas, após ter
dado à luz ao filho, não se lembra mais do
sofrimento, devido à alegria de ter nascido
uma pessoa ao mundo.
22. De fato vocês agora sentem tristeza. Mas
lhes verei novamente, e seu coração exulta-
rá, e a sua alegria ninguém toma de vocês.
23. E naquele dia não pedirão nada de mim.
Com certeza, com certeza lhes digo que tudo
aquilo que pedirem do Pai, em meu nome,
ele lhes dará.
24. Até agora não pediram nada em meu
nome. Peçam, e receberão, para que a sua
alegria seja sobrepujante.
João
25. Disse-lhes isto por alegorias. Mas virá o
momento em que não mais falarei por meio
de alegorias, mas falarei abertamente a res-
peito do Pai.
26. Naquele dia pedirão em meu nome, e não
lhes digo que eu suplicarei ao Pai por vocês.
27. Pois o Pai mesmo lhes ama, porque vo-
cês têm me amado a mim, e têm crido que
vim de Deus.
28. Parti do Pai, e vim ao mundo. Novamen-
te parto do mundo, e vou para o Pai”.
29. Dizem-lhe seus discípulos: “Eis que
agora o Senhor fala abertamente e não conta
nenhuma alegoria.
30. Agora sabemos que tem conhecimento
de tudo, e não tem necessidade de alguém
lhe perguntar. Por isto cremos que partiu de
Deus”.
31. Respondeu-lhes Jesus: “Agora vocês
crêem?
32. Eis que vem o momento, e já chegou, no
qual vocês serão espalhados, cada um para o
que é seu, e vocês me deixarão só. Porém
não estou só, porque o Pai está comigo.
33. Tenho-lhes dito isto para que tenham paz
em mim. No mundo vocês passam por afli-
ções, mas tenham coragem, eu venci o mun-
do!”
17.
1. Isto disse Jesus, e levantou os seus olhos
para o Céu, e disse: “Pai, chegou a hora:
Glorifique o seu Filho, a fim de que também
o seu Filho lhe glorifique.
2. Assim como lhe deu autoridade sobre
toda a carne, a fim de que desse a vida eter-
na a todos que lhe tem dado.
3. E esta é a vida eterna: Que lhe conhe-
çam, o único Deus verdadeiro, e a quem
enviou, Jesus Ungido.
4. Eu lhe glorifiquei na Terra. Completei a
obra que me deu para cumprir.
5. E agora, ó Pai, glorifique-me diante do
Senhor, com a glória que tive contigo antes
do mundo existir.
6. Manifestei o seu nome às pessoas que me
tem dado do mundo. Eram suas e mas deu, e
guardaram a sua palavra.
131
João
7. Agora entenderam que tudo que me deu
provém do Senhor,
8. Porque dei-lhes as palavras que o Senhor
me deu, e receberam-nas, e souberam verda-
deiramente que procedi do Senhor, e creram
que o Senhor me enviou.
9. Eu rogo por eles. Não rogo pelo mundo,
mas pelos que o Senhor me têm dado, por-
que são seus.
10. E todos os que são meus também são
seus, e eu tenho sido glorificado neles.
11. E já não estou no mundo, mas eles estão
no mundo, e eu vou para o Senhor. Santo
Pai, guarde-os em seu nome, aqueles que o
Senhor me deu, para que sejam um, assim
como nós.
12. Quando estive com eles no mundo guar-
dava-os no seu nome. Guardei aqueles que o
Senhor me deu, e nenhum deles se perdeu, a
não ser o filho da perdição, para que se
cumprisse a Escritura.
13. Mas agora vou para o Senhor, e digo isto
no mundo, para que tenham a minha alegria
concretizada neles.
14. Tenho-lhes dado a sua palavra, e o mun-
do os têm odiado, porque não são do mundo,
assim como eu não sou do mundo.
15. Não peço que os remova do mundo, mas
que os guarde do mal.
16. Não são do mundo, assim como eu não
sou do mundo.
17. Santifique-os na sua verdade. A sua Pa-
lavra é a verdade.
18. Assim como o Senhor me enviou ao
mundo, assim também eu os enviei ao mun-
do.
19. E santifico-me por eles, para que também
eles sejam santificados na verdade.
20. E não rogo somente por estes, mas tam-
bém por aqueles que vierem a crer em mim
por meio de sua palavra,
21. A fim de que todos sejam um, assim
como o Senhor, Pai, está em mim, e eu no
Senhor, para que também eles sejam um em
nós, para que o mundo creia que o Senhor
me enviou.
22. E dei-lhes a glória que o Senhor me deu,
para que sejam um, assim como nós somos
um.
132
23. Eu neles, e o Senhor em mim, para que
sejam aperfeiçoados em um, e para que o
mundo tome conhecimento que o Senhor me
enviou, e os têm amado, assim como me tem
amado.
24. Pai, quero que aqueles que o Senhor me
tem dado estejam também comigo onde eu
estou, para que contemplem a minha glória
que o Senhor me deu, porque o Senhor me
tem amado antes da fundação do mundo.
25. Justo Pai, o mundo, porém, não lhe co-
nheceu, mas eu lhe conheci, e estes têm
reconhecido que o Senhor me enviou.
26. E eu lhes tornei conhecido o seu nome, e
o farei conhecido, para que o amor com o
qual me amou esteja neles, e eu neles.”
18.
1. Tendo Jesus dito isto, saiu com os seus
discípulos para além do córrego de Cedrom,
onde havia um horto, no qual ele entrou, e
seus discípulos.
2. Também Judas, que o estava traindo,
conhecia o lugar, porque Jesus freqüente-
mente ali se reunia com os seus discípulos.
3. Judas, pois, tendo-se juntado ao desta-
camento, e aos oficiais dos arqui-sacerdotes,
e aos fariseus, vem com tochas, e lampiões,
e armas.
4. Sabendo, pois, Jesus tudo que lhe sobre-
viria, chegou e disse-lhes: “A quem procu-
ram?”
5. Responderam-lhe: “A Jesus, o Nazare-
no”. Diz-lhes Jesus: “Sou eu!” E também
Judas, quem o estava traindo, estava parado
junto deles.
6. Quando, pois, lhes disse: “Sou eu!”,
recuaram e caíram no chão.
7. Novamente, pois, Jesus perguntou-lhes:
“A quem procuram?” E eles disseram: “A
Jesus, o Nazareno”.
8. Respondeu Jesus: “Já lhes disse que sou
eu. Se, pois, procuram a mim, permitam que
estes se retirem!”
9. Para que se cumprisse a palavra que ele
havia dito: “Dos que o Senhor me tem dado
não perdi nenhum”.

10. Simão Pedro, pois, tendo uma espada,
desembainhou-a, e feriu o servo do arqui-
sacerdote, e cortou sua orelha direita. E o
nome do servo era Malco.
11. Disse, pois, Jesus para Pedro: “Mete a
sua espada na bainha. Não tomaria eu o cáli-
ce que o meu Pai me deu?”
12. O destacamento, pois, e o quiliarco268, e
os oficiais dos judeus, agarraram a Jesus, e o
manietaram.
13. E conduziram-no primeiramente a Anás,
por ser o sogro de Caifás, que era o arqui-
sacerdote naquele ano.
14. E foi Caifás que havia aconselhado os
judeus que seria preferível uma pessoa mor-
rer pelo povo.
15. Seguiam, porém, a Jesus, Simão Pedro e
o outro discípulo. E este discípulo era co-
nhecido do arqui-sacerdote, e entrou com
Jesus no pátio do arqui-sacerdote.
16. Mas Pedro ficou parado do lado de fora
do portão. Saiu, pois, o outro discípulo, que
era conhecido do arqui-sacerdote, e falou
com a porteira, e introduziu a Pedro.
17. Diz, pois, a serva-porteira para Pedro:
“Você não é também um dos discípulos
deste homem?” Ele diz: “Não sou”.
18. Mas estavam ali parados os servos e os
oficiais, tendo feito uma fogueira de carvão,
porque fazia frio, e estavam se aquecendo.
Também Pedro estava parado junto deles se
aquecendo.
19. O arqui-sacerdote, pois, interrogou a
Jesus a respeito dos seus discípulos e a res-
peito de sua doutrina.
20. Respondeu-lhe Jesus: “Eu falei aberta-
mente ao mundo. Eu sempre ensinei na sina-
goga e no Templo, onde os judeus sempre se
reúnem, e não falei nada em oculto.
21. Por que me interroga? Pergunte aos que
ouviram o que lhes tenho dito! Eis que eles
sabem o que eu falei”.
22. Mas ao falar isto, um dos oficiais ali
parados deu uma palmada em Jesus, dizen-
268
Ciliarcw (quiliarco): na antiga Grécia o
responsável por uma quiliarquia, que era uma
formação de 1.024 homens, novamente subdi-
vidida em grupos menores.
João
do: “É assim que se responde ao arqui-
sacerdote?!”
23. Respondeu-lhe Jesus: “Se falei mal, testi-
fique do mal, mas, se bem, porque me bate?”
24. Enviou-o Anás manietado ao arqui-
sacerdote Caifás.
25. Ora, Simão Pedro estava parado e se
aquecendo. Disseram-lhe, pois: “Não é você
também um dos seus discípulos?” Ele negou
e disse: “Não sou”.
26. Diz um dos servos do arqui-sacerdote,
sendo parente do qual Pedro cortara a ore-
lha: “Não lhe vi eu no horto com ele?”
27. Novamente, pois, Pedro negou, e logo o
galo cantou.
28. Conduzem, pois, a Jesus, de Caifás ao
Pretório269, e era cedo de manhã. E não en-
traram no Pretório, para não se profanarem,
mas poderem comer o cordeiro pascal.
29. Chegou, pois, Pilatos diante deles, e
disse: “Que acusação trazem contra este
homem?”
30. Responderam e disseram-lhe: “Se este
não fosse malfeitor, não lho teríamos entre-
gue”.
31. Disse-lhes, pois, Pilatos: “Tomem-no
vocês e julguem-no segundo a sua Lei”.
Disseram-lhe, pois, os judeus: “Não nos é
permitido matar a ninguém”.
32. Para que se cumprisse a palavra dita por
Jesus, indicando por que tipo de morte esta-
va para morrer270.
33. Pilatos, pois, entrou novamente no Pretó-
rio, e chamou a Jesus, e disse-lhe: “Você é o
Rei dos Judeus?”
34. Respondeu-lhe Jesus: “Você o diz por si
mesmo, ou outros lhe falaram a meu respei-
to?”
35. Respondeu Pilatos: “Por acaso sou eu
judeu? O seu povo e os arqui-sacerdotes lhe
entregaram a mim. Que crime cometeu?”
36. Respondeu Jesus: “O meu reino não é
deste mundo. Se o meu reino fosse deste
mundo, meus oficiais lutariam para que não
269
Pretório: salão de audiência.
270
Os judeus normalmente apedrejavam e os
romanos crucificavam. Jesus havia dito que ele
seria suspenso.
133
João
fosse entregue aos judeus. Mas agora o meu
reino não é daqui”.
37. Disse-lhe, pois, Pilatos: “Logo você é
rei?” Respondeu Jesus: “Você o diz que eu
sou rei. Para isto eu nasci e para isto vim ao
mundo, para testificar da verdade. Todo
aquele que é da verdade ouve a minha voz”.
38. Pilatos lhe diz: “O que é ‘verdade’?” E,
tendo dito isto, saiu novamente para os ju-
deus e disse-lhes: “Eu não acho nenhuma
culpa nele.
39. Mas é costume seu que eu lhes liberte
alguém na Páscoa. Vocês querem, pois, que
eu lhes liberte o rei dos judeus?”
40. Todos, pois, em resposta gritaram, di-
zendo: “Não este, mas Barrabás!” Ora, Bar-
rabás era ladrão.
19.
1. Então, pois, Pilatos entregou a Jesus e o
açoitou.
2. E os soldados, entrelaçando uma coroa
de espinhos, colocaram-na na sua cabeça, e
vestiram-no com um manto de púrpura.
3. E diziam: “Salve, rei dos judeus!” E
davam-lhe palmadas.
4. Pilatos, pois, saiu novamente e lhes diz:
“Vejam, trago-lo para vocês para fora, para
que tomem conhecimento de que eu não
acho nele culpa nenhuma”.
5. Saiu pois Jesus, vestido com uma coroa
de espinhos e um manto de púrpura, e ele
lhes diz: “Vejam o homem!”
6. Quando, pois, os arqui-sacerdotes e os
oficiais o viram, gritaram, dizendo: “Cruci-
fique! Crucifique!” Diz-lhes Pilatos: “To-
mem-no vocês e crucifiquem-no, porque eu
não encontro culpa nele”.
7. Responderam-lhe os judeus: “Nós temos
uma Lei, e de acordo com a nossa Lei deve
morrer, porque transformou-se no Filho de
Deus”.
8. Quando, pois, Pilatos ouviu esta palavra,
ficou ainda mais amedrontado.
9. E foi novamente ao Pretório e diz a Je-
sus: “De onde você é?” Mas Jesus não lhe
deu resposta.
134
10. Diz-lhe, pois, Pilatos: “Você não fala
comigo? Você não sabe que tenho autorida-
de para lhe crucificar, e tenho autoridade
para lhe libertar?”
11. Respondeu Jesus: “Você não teria auto-
ridade para comigo se não lhe fosse dada do
alto. Por esta razão aquele que me está en-
tregando a você tem maior pecado”.
12. A partir deste momento Pilatos procurou
libertá-lo. Mas os judeus gritavam, dizendo:
“Se libertar a este você não é amigo de Cé-
sar. Quem se faz rei contradiz a César”.
13. Ouvindo, pois, Pilatos esta palavra, con-
duziu Jesus para fora, e assentou-se no trono
do julgamento, num lugar chamado “Pavi-
mento”, e em hebraico “Gábata”.
14. E era a preparação da Páscoa, em torno
de seis horas. E ele diz aos judeus: “Vejam o
seu rei!”
15. Mas eles gritavam: “Fora! Fora! Crucifi-
que-o!” Diz-lhes Pilatos: “Crucificarei o seu
rei?!” Os arqui-sacerdotes responderam:
“Não temos rei a não ser César!”
16. Então, pois, entregou-lho para ser cruci-
ficado. E tomaram a Jesus e levaram-no
embora.
17. E, carregando a sua cruz, saiu para o
lugar chamado “Caveira”, que em hebraico é
chamado de Gólgota.
18. No lugar em que o crucificaram foram
crucificados outros dois com ele, um de um
lado e o outro do outro, e Jesus no meio.
19. E, além disso, escreveu Pilatos um título
e fixou-o na cruz. E estava escrito: “Jesus, o
Nazareno, o Rei dos Judeus”.
20. Muitos dos judeus, pois, leram este títu-
lo, porque o lugar onde Jesus fora crucifica-
do era próximo da cidade. E estava escrito
em hebraico, grego e latim.
21. Os arqui-sacerdotes dos judeus diziam,
pois, a Pilatos: “Não escreva: ‘O Rei dos
Judeus’, mas que ele disse: ‘Sou Rei dos
Judeus’.”
22. Respondeu Pilatos: “O que escrevi, es-
crevi!”
23. Os soldados, pois, quando crucificaram a
Jesus, tomaram suas vestes e dividiram-nas
em quatro partes, uma para cada soldado, e a

túnica. Mas a túnica era sem costura, toda
tecida de alto a baixo.
24. Disseram, pois, uns aos outros: “Não
rasguemo-la, mas lancemos a sorte, para ver
de quem será!” A fim de que se cumprisse a
Escritura que diz: “Repartiram as minhas
vestes entre eles, e por minha túnica lança-
ram a sorte!”271 Os soldados, pois, fizeram
isto.
25. E estavam parados junto à cruz de Jesus:
Sua mãe, e a irmã de sua mãe, Maria, esposa
de Cléopas, e Maria, a Madalena.
26. Jesus, pois, vendo sua mãe e o discípulo
que ele amava do lado dela, diz à sua mãe:
“Mulher, veja o seu filho!”
27. Diz então ao discípulo: “Veja a sua
mãe!” E a partir daquele momento o discípu-
lo levou-a para o seu.
28. Depois disto, sabendo Jesus que tudo já
havia sido concluído, para que se cumprisse
a Escritura, ele diz: “Tenho sede!”
29. Colocaram, pois, uma vasilha cheia de
vinagre, e, tendo embebido uma esponja
com vinagre, colocando-a num hissope272,
levaram-na à sua boca.
30. Tendo, pois, Jesus tomado o vinagre,
disse: “Está consumado!” E, inclinando a
cabeça, rendeu o espírito.
31. Os judeus, pois, para que os corpos não
ficassem na cruz no Descanso, porque era a
Preparação, porque era grande o dia daquele
Descanso, pediram a Pilatos para que suas
pernas fossem quebradas e retirados.
32. Chegaram, pois, os soldados e quebraram
as pernas do primeiro e do outro que foi
crucificado com ele.
33. Mas, vindo até Jesus, quando viram que
já estava morto, não quebraram suas pernas,
34. Mas um dos soldados cravou uma espada
no seu lado, e logo saiu sangue e água.
35. Aquele que o viu testificou, e ele sabe
que o seu testemunho é verdadeiro, e sabe
que fala a verdade, para que vocês creiam.
271
Salmo 22:18; Mateus 27:35
272
Hissope: planta de cujo caule fazia-se uma
haste comprida.
João
36. Isto ocorreu para que se cumprisse a
Escritura: “Não se quebrará nenhum de seus
ossos”273.
37. E novamente uma outra Escritura diz:
“Olharão para aquele ao qual cravaram”274.
38. E, depois disto, José de Arimatéia, sendo
discípulo de Jesus, apesar de oculto, pelo
medo dos judeus, pediu a Pilatos para que
pudesse tirar o corpo de Jesus. E Pilatos o
autorizou. Veio, pois, e tirou o corpo de
Jesus.
39. E veio também Nicodemos, que inicial-
mente veio a Jesus de noite, trazendo uma
mistura de mirra e aloés, de em torno de
trinta e cinco quilos.
40. Tomaram, pois, o corpo de Jesus e o
envolveram em panos de linho com os arô-
matas, como é costume entre os judeus, no
preparo para o sepultamento.
41. Ora, havia no lugar em que fora crucifi-
cado um horto, e no horto uma sepultura
nova, na qual jamais alguém havia sido pos-
to.
42. Ali, pois, devido à preparação dos ju-
deus, porque a sepultura estava próxima,
puseram a Jesus.
20 .
1. Ora, no primeiro dia da semana, Maria, a
Madalena, vai cedo de manhã para a sepultu-
ra, estando ainda escuro, e vê a pedra remo-
vida da sepultura.
2. Correu, pois, e chega a Simão Pedro, e
ao outro discípulo, ao qual Jesus amava, e
lhes diz: “Tiraram o Senhor da sepultura, e
não sabemos onde o puseram!”
3. Foram, então, Pedro e o outro discípulo e
vieram à sepultura.
4. E os dois corriam juntos, mas o outro
discípulo correu mais depressa que Pedro, e
chegou primeiro à sepultura,
5. E, agachando-se, vê os panos de linho
deitados, porém não entrou.
273
Salmo 34:20
274
Zacarias 12:10
135
João
6. Vem, então, Simão Pedro, seguindo-o, e
entrou na sepultura e vê os panos de linho
deitados,
7. E o lenço, que havia estado sobre a sua
cabeça, deitado, não junto com os panos de
linho, mas separado, dobrado, em outro
lugar.
8. Então, pois, entrou também o outro dis-
cípulo, que chegara primeiro à sepultura, e
viu, e creu.
9. Porque ainda não consideraram na Escri-
tura, que era necessário que ele ressuscitasse
dentre os mortos.
10. Os discípulos, pois, retornaram aos seus.
11. Mas Maria ficou parada e chorando do
lado de fora da sepultura. Enquanto chorava,
agachou-se e olhou para dentro da sepultura,
12. E vê dois anjos brilhantes assentados, um
à cabeceira e o outro aos pés, onde o corpo
de Jesus jazera.
13. E eles lhe dizem: “Mulher, por que cho-
ra?” Ela lhes diz: “Porque levaram o meu
Senhor, e não sei onde o puseram”.
14. E, tendo dito isto, voltou-se, e vê a Jesus
parado, mas não percebeu que era Jesus.
15. Diz-lhe Jesus: “Mulher, por que chora?
A quem você procura?” Supondo ela que era
o jardineiro, lhe diz: “Senhor, se você o
levou, diga-me onde o colocou, e eu o leva-
rei”.
16. Diz-lhe Jesus: “Maria!” Voltando-se, ela
lhe diz: “Rabbouni” (que significa “Mes-
tre”).
17. Jesus lhe diz: “Não me detenha, porque
ainda não ascendi ao meu Pai. Mas vá aos
meus irmãos e diga-lhes: ‘Subo para o meu
Pai e o seu Pai, e o meu Deus e o seu
Deus’”.
18. Maria, a Madalena, vai aos discípulos
contando-lhes que vira o Senhor e que ele
lhe dissera isto.
19. Sendo, pois, já noite daquele dia, o pri-
meiro da semana, e as portas onde os discí-
pulos se reuniam estando trancadas, devido
ao medo dos judeus, veio Jesus e parou no
meio e lhes diz: “Paz com vocês!”
20. E, tendo dito isto, mostrou-lhes as suas
mãos e o seu lado. Os discípulos, pois, se
regozijaram, vendo o Senhor.
136
21. Disse-lhes, pois, Jesus novamente: “Paz
a vocês! Assim como o Pai me enviou, tam-
bém eu lhes envio”.
22. E, tendo dito isto, soprou275 neles e disse-
lhes: “Recebam o Espírito Santo!
23. Daquele que liberarem os pecados, lhes
são liberados. Daquele que os retiverem,
foram retidos.”
24. Mas Tomé, um dos Doze, chamado Dí-
dimo, não estava com eles quando Jesus
apareceu.
25. Disseram-lhe, pois, os outros discípulos:
“Vimos o Senhor!”. Mas ele disse-lhes: “A
não ser que eu veja em suas mãos a marca
dos cravos, e não colocar o meu dedo na
marca dos cravos, e colocar a minha mão no
seu lado, de forma alguma acreditarei”.
26. E, após oito dias, seus discípulos esta-
vam novamente dentro, e Tomé com eles.
Jesus aparece, com as portas trancadas, e
parou no seu meio, e disse: “Paz com vo-
cês!”
27. Diz então a Tomé: “Estenda o seu dedo
para cá e veja as minhas mãos, e estenda a
sua mão e coloque-a no meu lado, e não seja
descrente, mas crente”.
28. E Tomé respondeu, e disse-lhe: “Senhor
meu e Deus meu!”
29. Jesus lhe diz: “Porque me viu, Tomé,
você creu. Bem-aventurados os que não
viram mas creram”.
30. Também muitos outros sinais Jesus ope-
rou na presença de seus discípulos, que não
estão escritos neste livro.
31. Estes, porém, foram escritos para que
creiam que Jesus é o Ungido, o Filho de
Deus, e para que, crendo, tenham vida em
seu nome.
275
emfusaw (emphusao): Esta palavra foi usada
somente uma vez pelos tradutores da LXX, e
isto em Gênesis 2:7, quando Deus soprou o fô-
lego de vida nas narinas de Adão. Assim como
foi no princípio, agora há um novo começo no
poder do Espírito Santo. A palavra também é
usada somente neste caso no Novo Testamento.

21.
1. Depois disto manifestou-se Jesus nova-
mente aos discípulos junto ao lago de Tibe-
ríades. E manifestou-se da seguinte maneira:
2. Estavam reunidos Simão Pedro, e Tomé,
chamado Dídimo, e Natanael, de Caná da
Galiléia, e os filhos de Zebedeu, e outros
dois dos seus discípulos.
3. Simão Pedro lhes diz: “Vou pescar!”
Dizem-lhe: “Nós também vamos com você!”
E foram, e logo entraram no barco, e naquela
noite não pegaram nada.
4. E, tendo já amanhecido, Jesus estava
parado na praia. Os discípulos, porém, não
reconheceram que era Jesus.
5. Diz-lhes, pois, Jesus: “Filhinhos, têm
alguma comida?” Eles responderam-lhe:
“Não!”
6. E ele disse-lhes: “Lancem a rede do lado
direito do barco, e vocês acharão”. Lança-
ram, pois, e não puderam tirá-la, devido à
grande quantidade de peixes.
7. Diz, pois, o discípulo, a quem Jesus a-
mava para Pedro: “É o Senhor!” Simão Pe-
dro, pois, ouvindo que era o Senhor, vestiu
sua capa de pescador, porque estava despido,
e lançou-se ao lago.
8. E os outros discípulos vieram no barqui-
nho, porque não estavam distantes da terra,
mas em torno de cem metros, arrastando a
rede com os peixes.
9. Quando, pois, subiram à terra, observam
brasas amontoadas, e um peixe nas brasas, e
pão.
10. Diz-lhes Jesus: “Tragam dos peixes que
vocês acabaram de pescar!”
11. Simão Pedro foi e arrastou a rede para a
terra, cheia de cento e cinqüenta e três gran-
des peixes. E apesar de serem tantos, a rede
não se rasgou.
12. Diz-lhes Jesus: “Venham tomar a refei-
ção!” Mas nenhum dos discípulos se atrevia
a perguntá-lo: “Quem é você?” Sabendo que
era o Senhor.
13. Vem, pois, Jesus e toma o pão e lhos
serve, e do mesmo modo o peixe.
João
14. Esta já era a terceira vez em que Jesus foi
manifesto aos seus discípulos, após ter sido
ressuscitado dos mortos.
15. Tendo, pois, tomado a refeição, Jesus diz
a Simão Pedro: “Simão de Jona, você me
ama276 mais do que estes?” Ele lhe diz:
“Sim, Senhor! O Senhor sabe que gosto277
do Senhor!” Ele lhe diz: “Apascente os meus
cordeirinhos!”
16. Ele novamente lhe diz pela segunda vez:
“Simão de Jona, você me ama?” Ele lhe diz:
“Sim Senhor! O Senhor sabe que gosto do
Senhor!” Ele lhe diz: “Pastoreie o meu reba-
nho!”
17. Ele lhe diz pela terceira vez: “Simão de
Jona, você gosta de mim?” Pedro se entriste-
ceu por ter-lhe dito pela terceira vez: “Você
gosta de mim?” e disse-lhe: “Senhor, o Se-
nhor tem conhecimento de tudo. O Senhor
sabe que eu gosto do Senhor!” Jesus lhe diz:
“Alimente o meu rebanho!”
18. Com certeza, com certeza lhe digo:
Quando você era mais jovem, você se vestia
sozinho, e andava para onde queria, mas,
quando envelhecer, você estenderá as suas
mãos, e um outro lhe vestirá, e lhe levará
para onde você não gostaria de ir”.
19. Mas isto ele disse, indicando por que
forma de morte glorificaria a Deus. E, tendo
dito isto, ele lhe diz: “Siga-me!”
20. Mas, voltando-se Pedro, vê o discípulo a
quem Jesus amava seguindo, o qual também
reclinara no seu peito durante a ceia, e disse-
ra: “Senhor, quem é o que lhe está traindo?”
21. Vendo-o Pedro, diz a Jesus: “Senhor, e o
que será deste?”
276
Agapav (agapas): Jesus usa a palavra que
pode significar: amor apaixonado. Este é o a-
mor divino requerido dos Filhos de Deus e der-
ramado pelo Espírito Santo em nossos cora-
ções. No versículo 17 Jesus muda para a pala-
vra que Pedro estava usando.
277
Filw (philo): Pedro usa uma palavra que pode
significar: gostar de algo. É o amor de amizade
humana. O amor que Jesus requer de Pedro é
superior à resposta dada por Pedro. Deus requer
amizade divina.
137
João
22. Jesus lhe diz: “Se eu quiser que ele per-
maneça até eu retornar, o que lhe importa?
Siga-me você!”
23. Divulgou-se, pois, esta palavra entre os
irmãos, que aquele discípulo não morreria.
Jesus, porém, não lhe disse que não morreri-
a, mas: “Se eu quiser que ele permaneça até
eu retornar, o que lhe importa?”
24. Este é o discípulo que testifica a respeito
disto e que o escreveu. E sabemos que o seu
testemunho é verdadeiro.
25. Há muitas outras obras que foram reali-
zadas por Jesus, as quais, se fossem escritas
uma por uma, suponho não haver espaço
suficiente no mundo todo para conter os
livros escritos. Amém!

138

OS ATOS DO ESPÍRITO SANTO
POR INTERMÉDIO DOS APÓSTOLOS
1.
1. O primeiro tratado, ó Teófilo, de fato fiz,
sobre tudo que Jesus começou a fazer e en-
sinar,
2. Até ao dia em que foi assunto278, após ter
dado ordens pelo Espírito Santo aos apósto-
los que selecionara.
3. Aos quais também se apresentou vivo
após sua paixão, por meio de muitas provas
incontestáveis, tendo sido visto por eles
durante quarenta dias, e falando de questões
relacionadas ao Reino de Deus.
4. E, tendo-se reunido com eles, ordenou-
lhes que não partissem de Jerusalém, mas
aguardassem pela promessa do Pai, “da qual
ouviram de mim.
5. Porque João de fato submergiu na água,
mas vocês serão submersos no Espírito San-
to após não muitos dias.”
6. Tendo-se, pois, de fato reunido, pergun-
taram-lhe, dizendo: “O Senhor restaurará
nesta época o reino a Israel?”
7. E disse-lhes: “Não lhes compete saber
tempos e épocas que o Pai determinou na
sua alçada.
8. Mas vocês receberão poder, sobrevindo-
lhes o Espírito Santo, e vocês serão minhas
testemunhas, tanto em Jerusalém, quanto em
toda a Judéia, e Samaria, e até aos extremos
da Terra.”
9. E, dizendo isto, contemplando-o eles, foi
elevado, e uma nuvem o levantou da vista
deles.
10. E, enquanto olhavam atentamente para o
céu, enquanto ele subia, eis que dois homens
pararam do seu lado, em trajes brilhantes,
11. Os quais também disseram: “Homens
galileus, por que vocês estão aí parados o-
lhando para o céu? Este mesmo Jesus, que
foi elevado de sua presença para o Céu, re-
278
Anelhfyh (anelephthe): Assunto, elevado.
Atos
tornará assim como vocês o viram partir
para o Céu.”
12. Retornaram então para Jerusalém, do
monte chamado “das Oliveiras”, próximo de
Jerusalém, distando uma jornada de Descan-
so279.
13. E, entrando, subiram à sala superior,
onde se encontravam Pedro e Tiago, e João e
André, Filipe e Tomé, Bartolomeu e Mateus,
Tiago de Alfeu, e Simão o Zelote, e Judas de
Tiago.
14. Todos estes permaneceram harmoniosa-
mente reunidos em oração e súplica, com as
mulheres, e Maria, mãe de Jesus, e com os
seus irmãos.
15. E naqueles dias, levantando-se Pedro
entre os discípulos (o número de nomes
reunidos era de em torno de cento e vinte),
disse:
16. “Homens irmãos, foi necessário que se
cumprisse a Escritura, a qual o Espírito San-
to predisse pela boca de Davi, a respeito de
Judas, que foi o guia daqueles que prende-
ram a Jesus.
17. Porque ele era contado entre nós, e havia
recebido parte deste ofício.
18. De fato, o mesmo comprou um campo
com o salário da injustiça, e, precipitando-se
de cabeça, arrebentou-se no meio, e todas as
suas entranhas se derramaram.
19. E isto tornou-se conhecido a todos os
moradores de Jerusalém, a ponto de aquele
campo, na sua própria língua, ser chamado
de Aceldama280, isto é: ‘Campo de Sangue’.
20. Porque tem sido escrito no livro dos
Salmos: ‘Torne-se deserta a sua habitação,
e ninguém habite nela’281, e ‘um outro as-
suma a sua supervisão282’
279
Jornada de sábado: em torno de 1km.
280
Akeldama (akeldama): palavra de origem
aramaica.
281
Salmo 69:25
282
Salmo 109:8
139
Atos
21. É necessário, pois, que dos homens que
conviveram conosco durante todo o tempo
em que o Senhor Jesus entrava e saía no
nosso meio,
22. Começando pela submersão de João, até
ao dia em que do nosso meio foi assunto,
alguém se torne testemunha conosco de sua
ressurreição.
23. E apresentaram a dois: José, chamado
Barsabás, com o sobrenome de Justo, e Ma-
tias.
24. E, orando, disseram: “Senhor, conhece-
dor dos corações de todos, declare qual dos
dois o Senhor selecionou,
25. Para que faça parte deste ofício e aposto-
lado, do qual Judas, transgredindo, desviou-
se para o seu próprio lugar.”
26. E lançaram suas sortes, e a sorte caiu
sobre Matias. E foi contado entre os onze
apóstolos.
2.
1. E, tendo chegado o dia de Pentecostes,
estavam todos concordemente em um só
lugar.
2. E, de repente, surgiu um som do Céu,
como de uma rajada de forte vento, e encheu
toda a casa em que estavam assentados.
3. E apareceram-lhes línguas distribuídas,
como de fogo, e repousaram sobre cada um
deles.
4. E todos foram preenchidos com o Espíri-
to Santo, e começaram a falar em outras
línguas, assim como o Espírito Santo lhes
concedia falar.
5. Ora, havia judeus residindo em Jerusa-
lém, homens piedosos, de cada povo debaixo
do céu.
6. E, acontecendo este som, ajuntou-se uma
multidão, e ficaram desconcertados, porque
cada um os ouvia falar em seu próprio diale-
to283.
283
Notemos bem que eram línguas ou dialetos
humanos conhecidos e falados na época. Não
eram nem línguas desconhecidas nem línguas de
anjos.
140
7. E todos se impressionavam e se maravi-
lhavam, dizendo uns aos outros: “Vejam,
não são galileus todos estes que falam?!
8. Como então os ouvimos, cada um de nós,
falando no seu próprio dialeto nativo?
9. Partos, e medos, e elamitas, e os que
habitam na Mesopotâmia, e na Judéia, e na
Capadócia, em Ponto e os da Ásia,
10. Bem como da Frígia, e da Panfília, do
Egito, e das regiões da Líbia, junto a Cirene,
e romanos residentes, tanto judeus quanto
prosélitos,
11. Cretenses e árabes, todos os ouvimos
falar em nossas próprias línguas das grande-
zas de Deus”.
12. E todos se impressionavam e estavam
desconcertados, dizendo uns aos outros:
“Que quer dizer isto?”
13. Mas outros ridicularizavam, dizendo:
“Estão cheios de vinho doce!”.
14. Pedro, porém, levantando-se com os
Onze284, levantou a sua voz, e disse-lhes:
“Homens judeus, e todos os que habitam em
Jerusalém, seja isto de seu conhecimento, e
ouçam as minhas palavras:
15. Porque estes não estão embriagados,
como imaginam, sendo que são somente
nove horas do dia.
16. Mas isto é o que foi dito pelo profeta
Joel:
17. ‘E acontecerá nos últimos dias,’ diz
Deus, ‘que derramarei do meu Espírito so-
bre toda a carne, e os seus filhos e as suas
filhas profetizarão, e os seus jovens verão
visões, e os seus idosos sonharão sonhos;
18. E até sobre os meus servos e as minhas
servas derramarei naqueles dias do meu
Espírito, e profetizarão;
284
Onze: após a deserção de Judas, a Bíblia fala
dos Onze somente. Aqui fala de “Pedro ... com
os Onze”, portanto eram novamente doze após-
tolos. Uns comentários superficiais afirmam que
os apóstolos se enganaram ao eleger Matias e
que o mesmo nunca mais foi mencionado na
Bíblia. Ele é, indiretamente, mencionado nesta
passagem, bem como em várias outras posterio-
res.

19. E farei milagres no céu acima, e sinais
na Terra abaixo: sangue, e fogo, e vapor de
fumaça.
20. O Sol se tornará em escuridão, e a Lua
em sangue, antes que venha o grande e no-
tável Dia do Senhor.
21. E acontecerá que todo aquele que invo-
car o nome do Senhor será salvo.’285’
22. Homens israelitas, ouçam estas palavras:
Jesus, o Nazareno, homem aprovado por
Deus entre vocês com poderes, e milagres, e
sinais, que Deus operou por ele no seu meio,
como vocês mesmos sabem,
23. O mesmo, sendo entregue pelo propósito
deliberado e pela presciência de Deus, pren-
dendo-o por mãos dos fora-da-lei, crucifi-
cando-o, vocês assassinaram.
24. Ao qual Deus ressuscitou, desatando as
agonias da morte, em vista que era impossí-
vel que fosse retido pela mesma.
25. Porque Davi fala a seu respeito: ‘Tive o
Senhor continuamente diante de mim, por-
que está à minha direita, para não ser aba-
lado.
26. Por isso o meu coração se regozijou, e a
minha língua exultou; a minha, sim, além
disto, a minha carne repousará na esperan-
ça!
27. Porque não largará a minha alma no
Hades, nem permitirá que o seu Santo veja a
corrupção.
28. Fez-me conhecer caminhos da vida, me
preencherá de alegria com o seu semblan-
te.’286
29. Homens irmãos, permitam-me falar-lhes
francamente do patriarca Davi, que não so-
mente morreu mas também foi sepultado, e a
sua sepultura está conosco até ao presente
dia.
30. Sendo, pois, profeta, e sabendo que Deus
lhe havia jurado com juramento, de que do
fruto de seu lombo, de acordo com a carne,
levantaria o Ungido, para assentá-lo sobre o
seu trono,
285
Joel 2:28-32
286
Salmo 16:8-11
Atos
31. Prevendo isto, falou da ressurreição do
Ungido, que a sua alma não foi largada no
Hades, nem viu a sua carne a corrupção.
32. A este Jesus ressuscitou Deus, disto nós
todos somos testemunhas.
33. Portanto, tendo sido exaltado pela direita
de Deus, e tendo recebido do Pai a promessa
do Espírito Santo, derramou o que vocês
estão vendo e ouvindo.
34. Porque Davi não ascendeu aos Céus, mas
ele mesmo diz: ‘Disse o Senhor ao meu
Senhor: Assente-se à minha direita,
35. Até fazer dos seus inimigos o apoio de
seus pés.’287
36. Saiba, pois, indubitavelmente, toda a
casa de Israel, que Deus fez este mesmo
Jesus, o qual vocês crucificaram, ambos:
Senhor e Ungido.”
37. Ouvindo isto, cortou-lhes o coração, e
disseram a Pedro e aos outros apóstolos: “O
que faremos, homens irmãos?”.
38. Então Pedro disse-lhes: “Arrependam-se,
e sejam submersos, cada um de vocês, no
nome de Jesus Ungido, em virtude da remis-
são dos pecados, e receberão o presente do
Espírito Santo.
39. Porque a promessa é sua, e de seus fi-
lhos, e de todos os que estão distantes, todos
quantos o Senhor nosso Deus convidar.”
40. E com muitas outras palavras solenemen-
te testemunhava e exortava, dizendo: “Sal-
vem-se desta geração entortada!”.
41. Então os que prazerosamente receberam
a sua palavra foram submersos. E naquele
dia acrescentaram-se em torno de três mil
almas.
42. E perseveraram no ensinamento dos
apóstolos, e na comunhão, e no partir do
pão, e nas orações.
43. E sobreveio temor sobre cada alma. E
muitos milagres e sinais aconteciam pelos
apóstolos.
44. E todos os que criam estavam reunidos, e
tinham tudo em comum.
287
Salmo 110:1; Mateus 22:44; Marcos 12:36;
Lucas 20:42-43; I Coríntios 15:25; Hebreus
1:13
141
Atos
45. E vendiam suas propriedades e seus
bens, e os repartiam entre todos, de acordo
com a necessidade de cada um.
46. E, perseverando todos os dias concorde-
mente no Templo, e partindo o pão em casa,
tomavam suas refeições com muita alegria e
singeleza de coração,
47. Enaltecendo a Deus, e contando com a
simpatia de todo o povo. E o Senhor acres-
centava diariamente à Convocação os que
estavam sendo salvos.
3.
1. Mas Pedro e João subiam juntos ao
Templo à oração das quinze horas.
2. E estava sendo trazido certo homem,
coxo desde o ventre materno, o qual deixa-
vam diariamente à porta do Templo, chama-
da “Formosa”, para pedir esmola dos que
entravam no Templo.
3. O qual, vendo Pedro e João entrando no
Templo, pediu para receber esmola deles.
4. E Pedro, fitando os olhos nele, com João,
disse: “Olhe para nós!”
5. E observava-os, esperando receber algo
deles.
6. Então Pedro disse: “Prata e ouro não
tenho, mas o que tenho isto lhe dou: No
nome de Jesus Ungido, o Nazareno, levante-
se e ande”.
7. E, tomando-o pela mão direita, ergueu-o,
e imediatamente os seus pés e tornozelos se
firmaram.
8. E, saltando, se pôs em pé, e andou, e
entrou com eles no Templo, andando, e sal-
tando, e louvando a Deus.
9. E todo o povo o via andando e glorifi-
cando a Deus,
10. E reconheceram-no, que era ele quem se
assentava à porta Formosa do Templo pe-
dindo esmola. E ficaram maravilhados e
estupefatos pelo que lhe sucedera.
11. E, apegando-se o coxo, que fora curado,
a Pedro e João, todo o povo, correndo, jun-
tou-se extasiado a eles no pórtico chamado
Salomão.
12. Vendo-o, porém, Pedro, disse ao povo:
“Homens israelitas, por que se maravilham
142
disto? Ou por que nos encaram, como se
pelo nosso próprio poder, ou pela nossa
santidade tivéssemos feito a este homem
andar?
13. O Deus de Abraão, e de Isaque, e de
Jacó, o Deus de nossos pais, glorificou a seu
Filho Jesus, o qual vocês entregaram e nega-
ram na presença de Pilatos, tendo ele delibe-
rado soltá-lo.
14. Mas vocês negaram o Santo e Justo, e
pediram um homem assassino para que lhes
fosse absolvido.
15. Mas vocês mataram o Arquicondutor da
Vida, o qual Deus ressuscitou dentre os mor-
tos, do que nós somos testemunhas.
16. E, pela fé no seu nome, fortaleceu a este
homem, que vocês estão vendo e conhecem.
O seu nome, e a fé nele, deu a este perfeita
saúde diante de todos vocês.
17. E agora, irmãos, sei que vocês o fizeram
na ignorância, assim como também os seus
governantes.
18. Mas aquilo que Deus prenunciou pela
boca de todos os seus profetas, que o Ungido
sofreria, ele assim o cumpriu.
19. Arrependam-se, pois, e convertam-se,
para seus pecados serem apagados, e assim
venham tempos de refrigério da presença do
Senhor,
20. E envie ele aquele que lhes foi pré-
proclamado, Jesus, o Ungido.
21. O qual, sem dúvida, convém que o Céu
receba até aos tempos da restauração de
tudo, dos quais Deus tem falado pela boca
de todos os seus santos profetas, desde o
princípio.
22. Porque Moisés, de fato, disse aos pais:
‘O Senhor seu Deus lhes levantará um pro-
feta, dentre seus irmãos, como eu, a ele
darão ouvidos em tudo que lhes disser.288
23. E acontecerá que toda alma que não
ouvir a esse profeta será exterminada dentre
o povo.’289
24. E, de fato, todos os profetas desde Samu-
el e os subseqüentes, tantos quantos falaram,
também pré-proclamaram estes dias.
288
Deuteronômio 18:15; Atos 7:37
289
Deuteronômio 18:19

25. Vocês são filhos dos profetas e do Tes-
tamento que Deus fez com os nossos pais,
dizendo a Abraão: ‘E na sua descendência
serão abençoados todos os clãs da Terra’290.
26. Deus enviou-o primeiramente a vocês,
tendo ressuscitado a seu Filho Jesus, aben-
çoando-lhes, em que cada um de vocês se
aparte de suas maldades”.
4.
1. E, falando eles ao povo, pararam junto
deles os sacerdotes, e o capitão do Templo, e
os saduceus,
2. Irritados por ensinarem ao povo e anun-
ciarem a ressurreição dos mortos por inter-
médio de Jesus,
3. E lançaram mão deles, e lançaram-nos na
prisão até ao dia seguinte, pois já era tarde.
4. Entretanto, muitos dos que haviam ouvi-
do a palavra, creram, e o número dos ho-
mens chegou a aproximadamente cinco mil.
5. E aconteceu, no dia seguinte, reunirem-
se em Jerusalém os seus governantes, e anci-
ãos, e escribas,
6. E o arqui-sacerdote Anás, e Caifás, e
João, e Alexandre, e todos os que eram da
linhagem arqui-sacerdotal,
7. E, introduzindo-os na sua presença, per-
guntaram: “Em que poder, ou em que nome
vocês praticaram isto?”
8. Então Pedro, cheio do Espírito Santo,
disse-lhes: “Governantes do povo e anciãos
de Israel!
9. Visto que neste dia somos interrogados a
respeito da boa ação praticada a este homem
enfermo, em como foi curado,
10. Seja do conhecimento de todos vocês, e
de todo o povo de Israel, que no nome de
Jesus Ungido, o Nazareno, a quem vocês
crucificaram, ao qual Deus ressuscitou den-
tre os mortos, pelo qual este homem apre-
senta-se são diante de vocês.
290
Gênesis 22:18
Atos
11. Ele é a pedra rejeitada por vocês, os
construtores, a qual tornou-se principal pe-
dra angular291.
12. E em nenhum outro há salvação, porque
não há nenhum outro nome dado às pessoas
debaixo do céu, pelo qual é imperioso nós
sermos salvos.”
13. Mas, vendo a ousadia de Pedro e João, e
percebendo que eram pessoas iletradas e
indoutas, surpreenderam-se. E souberam que
haviam estado com Jesus.
14. Mas, contemplando o homem que fora
curado parado junto deles, não puderam
fazer nenhuma objeção.
15. E, ordenando-os a retirar-se do Sinédrio,
consultaram entre eles,
16. Dizendo: “O que faremos com estas
pessoas? Porque o fato de um milagre notá-
vel ter ocorrido por meio deles é do conhe-
cimento de todos os moradores de Jerusa-
lém, e não podemos negá-lo.
17. Mas, a fim de que não se propague ainda
mais entre o povo, intimidemo-los com a-
meaça, para que de agora em diante não
falem mais a nenhuma pessoa neste nome.”
18. E, chamando-os, intimidaram-lhes para
que de forma alguma falassem ou ensinas-
sem no nome de Jesus.
19. Mas Pedro e João, respondendo-lhes,
disseram: “Julguem se é justo diante de
Deus a dar ouvidos a vocês antes que a
Deus!
20. Porque não podemos deixar de falar do
que temos visto e ouvido.”
21. Mas, ameaçando-os novamente, despedi-
ram-nos, não encontrando nenhum motivo
para puni-los, devido ao povo, porque todos
glorificavam a Deus pelo ocorrido.
22. Pois o homem tinha mais de quarenta
anos no qual este milagre de cura ocorrera.
23. E, tendo sido despedidos, foram aos seus,
e relataram tudo que os arqui-sacerdotes e os
anciãos lhes haviam dito.
24. E, ouvindo-o, levantaram concordemente
sua voz a Deus, e disseram: “Soberano, o
291
Salmo 118:22; Mateus 21:42; Marcos 12:10;
Lucas 20:17; I Pedro 2:7
143
Atos
Senhor é o Deus que fez o céu, e a Terra, e o
mar, e tudo o que neles há,
25. O qual, pela boca de seu servo Davi, tem
falado: ‘Por que as etnias se encolerizaram,
e os povos seguiram vaidades?
26. Os reis da Terra se colocaram de pronti-
dão, e os governantes se aliaram contra o
Senhor e contra o seu Ungido.’292
27. Porque de fato se aliaram contra o seu
Santo Filho Jesus, a quem o Senhor ungiu:
Tanto Herodes, quanto Pôncio Pilatos, com
as etnias e os povos de Israel,
28. A fim de realizarem tudo aquilo que sua
mão e seu conselho predefiniram a suceder.
29. E agora, Senhor, repare nas suas amea-
ças, e conceda a seus servos que com toda a
ousadia falem a sua Palavra,
30. Em estender a sua mão para curar, e para
que ocorram sinais e milagres pelo nome de
seu Santo Filho Jesus.”
31. E, tendo orado, foi sacudido o lugar em
que estavam reunidos, e todos foram preen-
chidos com o Espírito Santo, e anunciavam a
Palavra de Deus com ousadia.
32. E o coração e a alma da multidão dos que
criam era um, e ninguém dizia que algo do
que possuía fosse seu, mas tudo lhes era
comum.
33. E com grande poder os apóstolos davam
testemunho da ressurreição do Senhor Jesus,
e havia grande graça sobre todos.
34. Também não havia nenhum necessitado
entre eles, porque quantos eram proprietários
de terras ou casas, vendiam-nas e traziam os
valores do vendido,
35. E depositavam-nos aos pés dos apósto-
los, e repartia-se a cada um de acordo com a
sua necessidade.
36. Também José, que pelos apóstolos havia
sido apelidado de Barnabé (o que traduzido
significa: “Filho da exortação”), levita, ci-
priota por nascimento,
37. Possuindo terra, vendendo-a, trouxe o
dinheiro e depositou-o aos pés dos apósto-
los.
292
Salmo 2:1-2
144
5.
1. Mas certo homem, chamado Ananias,
com sua esposa Safira, vendeu uma proprie-
dade,
2. E reteve parte do valor, com o conheci-
mento de sua esposa. Trazendo uma parte,
depositou-a aos pés dos apóstolos.
3. Mas Pedro disse: “Ananias, por que o
Adversário encheu o seu coração, para men-
tir ao Espírito Santo, e reter parte do valor
do campo?
4. Quando estava com você, você não pode-
ria ter ficado com ele? E, vendendo-o, não se
encontrava em seu poder? Por que você
concebeu isto no seu coração? Você não
mentiu a homens, mas a Deus”.
5. E Ananias, ouvindo estas palavras, cain-
do, expirou. E sobreveio grande temor sobre
todos os que o ouviram.
6. E, levantando-se os jovens, enfaixaram-
no, e, carregando-o para fora, sepultaram-no.
7. E, num intervalo de em torno de três
horas, entrou também sua esposa, sem ter
conhecimento do ocorrido.
8. E Pedro perguntou-lhe: “Diga-me se
vocês venderam a propriedade por tal va-
lor?” E ela disse: “Sim, por este valor.”
9. E Pedro disse-lhe: “Por que vocês con-
cordaram em tentar o Espírito do Senhor?
Eis que os pés daqueles que sepultaram seu
marido estão à porta, e carregarão a você”.
10. E ela imediatamente caiu aos seus pés, e
expirou. E, entrando os jovens, encontraram-
na morta, e, carregando-a, sepultaram-na ao
lado de seu marido.
11. E sobreveio grande temor sobre toda a
Convocação e sobre todos os que o ouviram.
12. E ocorreram muitos sinais e milagres
entre o povo pelas mãos dos apóstolos. E
todos se reuniam concordemente no pórtico
de Salomão.
13. E dos outros ninguém se atrevia a jun-
tar-se a eles, mas as pessoas os elogiavam.
14. E cada vez mais crentes se acrescenta-
vam ao Senhor, multidões, tanto de homens
quanto de mulheres.

15. A ponto de levarem os enfermos às pra-
ças, e os deitarem em divãs e colchões, a fim
de que ao menos, na passagem de Pedro, a
sombra cobrisse a alguns deles.
16. E concorria também uma multidão das
cidades circunvizinhas de Jerusalém, trazen-
do os enfermos, e os molestados por espíri-
tos imundos, os quais eram todos curados.
17. Mas, levantando-se o arqui-sacerdote, e
todos os que estavam com ele, que é a seita
dos saduceus, encheram-se de fúria.
18. E lançaram suas mãos nos apóstolos, e
lançaram-nos na prisão pública.
19. Mas um anjo do Senhor abriu as portas
da prisão, durante a noite, e, tendo-os con-
duzido para fora, disse:
20. “Vão e, apresentando-se, falem no Tem-
plo ao povo todas as palavras desta vida”.
21. E, ouvindo-o, entraram ao amanhecer no
Templo, e ensinavam. Mas, vindo o arqui-
sacerdote e os que estavam com ele, convo-
caram o Sinédrio e o conselho dos anciãos
dos filhos de Israel, e enviaram ao cárcere
para buscá-los.
22. Mas, chegando os oficiais, não os encon-
traram na prisão. E, retornando, relataram,
23. Dizendo: “O cárcere de fato estava tran-
cado, com toda a segurança, e os vigias pa-
rados diante das portas, mas, quando o abri-
mos, não encontramos a ninguém dentro”.
24. Mas, quando o sacerdote e o capitão do
Templo, e os arqui-sacerdotes, ouviram estas
palavras, ficaram perplexos a respeito deles,
no que isto daria.
25. E veio alguém e relatou-lhes, dizendo:
“Eis que os homens que vocês prenderam
estão parados no Templo e ensinando ao
povo”.
26. E o capitão com os oficiais foram e trou-
xeram-nos sem violência, temendo o povo,
para não serem apedrejados.
27. E, trazendo-os, apresentaram-nos diante
do Sinédrio. E o arqui-sacerdote perguntou-
lhes,
28. Dizendo: “Não lhes intimidamos com
ameaça a não ensinarem neste nome?! E eis
que vocês encheram Jerusalém com a sua
doutrina, e intentam lançar sobre nós o san-
gue deste homem”.
Atos
29. Mas Pedro e os apóstolos, respondendo,
disseram: “Devemos antes obedecer a Deus
do que aos homens.
30. O Deus de nossos pais ressuscitou a Je-
sus, ao qual vocês mataram, suspendendo-o
num poste.
31. A ele Deus exaltou com a sua direita a
Arquicondutor e Salvador, para dar arrepen-
dimento e remissão de pecados a Israel.
32. E nós somos suas testemunhas destas
palavras, e também o Espírito Santo, o qual
Deus deu aos que o obedecem.
33. Mas, ouvindo-o eles, se enfureceram, e
deliberaram matá-los.
34. Mas, levantando-se certo homem no
Sinédrio, fariseu, chamado Gamaliel, mestre
da Lei, estimado por todo o povo, ordenou
que os apóstolos fossem retirados por um
instante,
35. E disse-lhes: “Homens Israelitas, acaute-
lem-se quanto a estes homens e o que estão
para executar.
36. Porque, antes destes dias, levantou-se
Teudas, afirmando ser alguém importante,
ao qual se ajuntou um número de homens de
em torno de quatrocentos. O mesmo foi
morto e todos quantos por ele foram con-
vencidos se dispersaram, e tudo resultou em
nada.
37. Depois deste levantou-se Judas, o gali-
leu, nos dias do censo público, e atraiu muito
povo após ele. Mas ele pereceu e foram dis-
persos todos os que por ele foram convenci-
dos.
38. E agora digo-lhes: Desistam destes ho-
mens e deixem-nos em paz! Porque, se este
conselho, ou esta obra, for de homens, não
levará a nada,
39. Mas se for de Deus, vocês não poderão
acabar com o mesmo, a não ser que queiram
ser considerados adversários de Deus.”
40. E foram por ele persuadidos. E, chaman-
do os apóstolos, tendo-os açoitado, ordena-
ram-lhes a não falar no nome de Jesus, e
despediram-nos.
41. Mas eles saíram se regozijando da pre-
sença do Sinédrio, por terem sido considera-
dos dignos de serem insultados pelo seu
nome.
145
Atos
42. E não deixavam de ensinar e de anunciar, 12. E incitaram o povo, e os anciãos, e os
todos os dias, no Templo e nas casas, a Boa escribas, e, surpreendendo-o, agarraram-no e
Mensagem de Jesus Ungido. levaram-no ao Sinédrio.
13. E apresentaram falsas testemunhas, que
6. diziam: “Este homem não deixa de proferir
palavras blasfemas contra este santo lugar e
1. E, naqueles dias, multiplicando-se os a Lei.
discípulos, surgiu um resmungar entre os 14. Porque ouvimo-lo dizer que Jesus, o
gregos contra os hebreus, pelo fato de suas Nazareno, destruirá este lugar, e mudará os
viúvas serem negligenciadas na ministração costumes que nos foram entregues por Moi-
diária. sés.”
2. E, tendo os Doze convocado a multidão 15. E, encarando-o todos os assentados no
dos discípulos, disseram: “Não convém a- Sinédrio, viram o seu rosto, como o rosto de
bandonarmos a Palavra de Deus para ser- um anjo.
virmos293 às mesas.
3. Procurem, pois, irmãos, sete homens
dentre vocês, com bom testemunho, cheios 7.
do Espírito Santo e de sabedoria, os quais 1. E o arqui-sacerdote disse: “Corresponde
constituiremos para superintenderem esta o que foi dito?”
obrigação. 2. E ele disse: “Homens irmãos, e pais,
4. Mas nós continuaremos firmes na oração ouçam: O Deus da glória apareceu a nosso
e no ministério294 da Palavra”. pai Abraão, estando na Mesopotâmia, antes
5. E este parecer agradou a toda a multidão. de morar em Harã,
E selecionaram a Estêvão, homem cheio de 3. E disse-lhe: ‘Parta da sua terra, e da sua
fé e do Espírito Santo, e Filipe, e Prócoro, e parentela, e vá a uma terra que lhe mostra-
Nicanor, e Timão, e Parmenas, e Nicolau, rei’295.
prosélito da Antioquia. 4. Partindo, então, da terra dos caldeus, foi
6. Os quais apresentaram diante dos apósto- morar em Harã. E, após a morte de seu pai,
los e, orando, impuseram-lhes as mãos. transferiu-o para esta terra, na qual vocês
7. E a Palavra de Deus crescia, e se multi- agora residem.
plicava muito o número de discípulos em 5. E não lhe deu nenhuma herança nela,
Jerusalém, e uma grande multidão dos sa- nem mesmo a largura de um pé, mas prome-
cerdotes obedecia à fé. teu-lhe dar a mesma como possessão, e à sua
8. E Estêvão, cheio de fé e de poder, opera- descendência depois dele, não tendo ele
va grandes milagres e sinais no meio do filho.
povo. 6. E Deus assim falou que sua descendência
9. E levantaram-se alguns da sinagoga seria peregrina numa terra estrangeira, e que
chamada Libertina, e dos cireneus, e dos seriam nela escravizados e maltratados por
alexandrinos, e da Cilícia, e da Ásia, discu- quatrocentos anos296.
tindo com Estêvão. 7. ‘E julgarei a nação na qual serão escra-
10. E não foram capazes de opor-se à sabe- vizados297’, disse Deus, ‘e depois disto sai-
doria e ao Espírito pelo qual falava. rão e me servirão neste lugar’298.
11. Subornaram, então, homens, dizendo: 8. E deu-lhe a aliança da circuncisão. E
“Ouvimo-lo proferir palavras blasfemas assim gerou a Isaque, e o circuncidou no
contra Moisés e Deus”.

295
Gênesis 12:1
296
Gênesis 15:13
293 297
Diaconato material. Gênesis 15:14
294 298
Diaconato espiritual. Êxodo 3:12
146

oitavo dia, e Isaque a Jacó, e Jacó aos doze
patriarcas.
9. Mas os patriarcas, invejando a José, ven-
deram-no para o Egito. Mas Deus estava
com ele,
10. E libertou-o de todas as suas tribulações,
e deu-lhe graça e sabedoria diante de Faraó,
rei do Egito, e designou-o por príncipe sobre
o Egito e toda a sua casa.
11. Mas sobreveio uma fome a toda a terra
do Egito e de Canaã, e grande tribulação. E
nossos pais não encontravam mantimentos.
12. Mas, ouvindo Jacó que havia cereais no
Egito, enviou nossos pais pela primeira vez.
13. E, na segunda vez, José deu-se a reco-
nhecer aos seus irmãos, e a família de José
tornou-se conhecida a Faraó.
14. E José enviou e chamou pelo seu pai
Jacó, e toda a sua parentela, setenta e cinco
almas.
15. E Jacó desceu ao Egito e faleceu, ele e
nossos pais,
16. E foram levados a Siquém, e postos na
sepultura que Abraão comprara por certo
valor em prata dos filhos de Emor, de Si-
quém.
17. Aproximando-se, porém, o tempo da
promessa que Deus jurara a Abraão, o povo
no Egito aumentou e se multiplicou,
18. Até surgir um outro rei, que não conhe-
cera a José.
19. O mesmo tratou com astúcia nossa li-
nhagem, e maltratou nossos pais, tendo que
expor299 seus bebês, para que não vivessem.
20. Nessa época nasceu Moisés, e era formo-
so para Deus, e foi criado por três meses na
casa de seu pai.
21. E, sendo exposto, foi recolhido pela filha
de Faraó, que o criou como seu filho.
22. E Moisés foi educado em toda a sabedo-
ria dos egípcios, e era poderoso em palavras
e obras.
23. E, quando completava a idade de quaren-
ta anos, veio no seu coração visitar os seus
irmãos, os filhos de Israel.
299
ekyetov (ekthetos): Abandonar uma criança à
mercê da natureza.
Atos
24. E, observando alguém sendo injustiçado,
defendeu e vingou o afligido, matando o
egípcio.
25. Porque imaginava que seus irmãos en-
tenderiam que Deus os libertaria pela sua
mão. Mas eles não o entenderam.
26. E, no dia seguinte, apareceu aos que
estavam brigando, e tentou apaziguá-los,
dizendo: ‘Homens, vocês são irmãos, por
que ferem um ao outro?’
27. Mas aquele que feria ao próximo, empur-
rou-o, dizendo: ‘Quem lhe constituiu por
chefe e juiz sobre nós?
28. Você quer matar-me, assim como matou
o egípcio ontem?’300
29. E diante desta palavra Moisés fugiu, e se
tornou peregrino na terra de Midiã, onde
gerou dois filhos.
30. E, completados quarenta anos, apareceu-
lhe no deserto do monte Sinai o anjo do
Senhor, numa chama de fogo de um espi-
nheiro.
31. E, vendo-o Moisés, maravilhou-se da
visão, e, aproximando-se para contemplá-la,
ocorreu-lhe a voz do Senhor:
32. ‘Eu sou o Deus de seus pais, o Deus de
Abraão, e o Deus de Isaque, e o Deus de
Jacó’301. E Moisés, ficando trêmulo, não
ousava olhar.
33. E disse-lhe o Senhor: ‘Desamarre os
calçados de seus pés, porque o lugar no
qual você está parado é solo santo.302
34. Olhando, tenho visto a aflição de meu
povo no Egito, e tenho ouvido os seus gemi-
dos303, e tenho descido para resgatá-los304.
E agora vá, eu lhe enviarei ao Egito’305.
35. A este Moisés, que haviam rejeitado,
dizendo: ‘Quem lhe constituiu por chefe e
juiz?’306, este mesmo enviou Deus como
chefe e libertador pela mão do anjo que lhe
aparecera no espinheiro.
300
Êxodo 2:14
301
Êxodo 3:6
302
Êxodo 3:5
303
Êxodo 3:7
304
Êxodo 3:8
305
Êxodo 3:10
306
Êxodo 2:14
147
Atos
36. Este mesmo os conduziu para fora, ope-
rando milagres e sinais na terra do Egito, e
no Mar Vermelho, e no deserto, por quarenta
anos.
37. Este é aquele Moisés que disse aos filhos
de Israel: “O Senhor seu Deus lhes levantará
um profeta, dentre seus irmãos, como eu, a
ele darão ouvidos”307.
38. Este é o que estava na Convocação no
deserto com o anjo, que falou com ele e com
os nossos pais no monte Sinai. O qual rece-
beu oráculos vivos para nos transmitir.
39. Ao qual nossos pais não quiseram se
sujeitar, mas rechaçaram-no, e nos seus co-
rações retrocederam para o Egito,
40. Dizendo a Aarão: ‘Faça-nos deuses que
irão adiante de nós, porque esse Moisés, que
nos tirou da terra do Egito, não sabemos o
que aconteceu com ele’308.
41. E fizeram um bezerro naqueles dias, e
ofereceram sacrifício ao ídolo, e se alegra-
ram nas obras de suas mãos.
42. Mas Deus se apartou, e os entregou à
adoração das milícias do céu. Como tem
sido escrito no Livro dos Profetas: ‘Por
acaso vocês me ofereceram animais abati-
dos e sacrifícios durante os quarenta anos
no deserto, ó casa de Israel?
43. Mas antes construíram o tabernáculo de
Moloque, e a estrela de seu deus Renfã,
figuras que fizeram para adorá-las, por isso
lhes removerei para além da Babilônia’309.
44. O tabernáculo do testemunho estava com
nossos pais no deserto, como ordenado por
aquele que falou a Moisés de fazê-lo de
acordo com o modelo que havia visto.
45. O qual nossos pais, recebendo-o como
sucessão de direito, também introduziram
com Josué na terra, na tomada da posse dos
povos que Deus expulsou diante da face de
nossos pais até aos dias de Davi.
46. O qual achou graça diante de Deus, e
pediu para encontrar uma moradia para o
Deus de Jacó.
47. Mas Salomão lhe construiu uma casa.
307
Deuteronômio 18:15; Atos 3:22
308
Êxodo 32:1
309
Amós 5:25-27
148
48. Mas o Altíssimo não reside em templos
construídos a mão, como diz o profeta:
49. ‘O Céu é o meu trono, e a Terra o apoio
de meus pés. Que casa me construirão?’ diz
o Senhor, ‘ou que lugar para o meu descan-
so?
50. Não foi a minha mão que criou tudo
isto?’310
51. Teimosos e incircuncisos de coração e
ouvidos! Vocês sempre resistem ao Espírito
Santo, como seus pais, assim também vocês.
52. A qual dos profetas os seus pais não
perseguiram? E mataram aos que preanunci-
aram a vinda do Justo, do qual vocês agora
se tornaram traidores e assassinos!
53. Vocês que receberam a Lei pela interme-
diação dos anjos, mas não a guardaram.”
54. E, ouvindo-o, cortou-se-lhes o coração e
rangiam os seus dentes sobre ele.
55. Mas, estando cheio do Espírito Santo,
fitando os olhos no Céu, viu a glória de
Deus, e Jesus parado à direita de Deus,
56. E disse: “Eis que vejo os Céus abertos, e
o Filho do Homem parado à direita de
Deus!”.
57. E, gritando em alta voz, tamparam seus
ouvidos, e se precipitaram concordemente
sobre ele,
58. E, expulsando-o da cidade, o apedreja-
vam. E as testemunhas deixaram seus trajes
aos pés de um jovem chamado Saulo.
59. E apedrejaram a Estêvão, o qual invoca-
va e dizia: “Senhor Jesus, receba o meu espí-
rito!”.
60. E, dobrando os joelhos, clamou em alta
voz: “Senhor, não lhes atribua este pecado!”
E, tendo dito isto, adormeceu.
8.
1. E Saulo contentou-se com a sua morte. E
iniciou-se naquele dia uma grande persegui-
ção contra a Convocação de Jerusalém. E
todos, exceto os apóstolos, foram dispersos
pelas regiões da Judéia e da Samaria.
310
Isaías 66:1-2

2. E homens devotos foram sepultar a Estê-
vão, e fizeram uma grande lamentação sobre
ele.
3. Mas Saulo devastava a Convocação en-
trando pelas casas, e arrastando homens e
mulheres, entregando-os à prisão.
4. Aqueles, pois, que haviam sido disper-
sos, foram anunciando a Boa Mensagem da
Palavra.
5. E Filipe, descendo para uma cidade da
Samaria, proclamava-lhes ao Ungido.
6. As multidões, porém, concordemente
prestavam atenção ao que Filipe dizia, ao
ouvirem e verem os sinais que operava,
7. Já que os espíritos imundos saíam de
muitos possessos, gritando em alta voz, e
muitos paralíticos e coxos eram curados.
8. E havia grande alegria naquela cidade.
9. Mas havia certo homem, chamado Si-
mão, que no passado empregara a bruxaria e
enfeitiçara as pessoas de Samaria, que se
gabava ser alguém importante,
10. Do qual eram todos devotos, desde o
menor até ao maior, dizendo: “Este é o
grande poder de Deus!”
11. Mas eram seus devotos, porque por mui-
to tempo os havia enfeitiçado com a sua
bruxaria.
12. Mas, quando creram a Filipe anunciando
a Boa Mensagem a respeito do Reino de
Deus e o nome de Jesus Ungido, foram
submersos, tanto homens quanto mulheres.
13. E o próprio Simão também creu, e, tendo
sido submerso, acompanhava de perto a
Filipe. E, vendo os grandes sinais e prodí-
gios sendo realizados, ficou extasiado.
14. E, ouvindo os apóstolos em Jerusalém
que Samaria recebera a Palavra de Deus,
enviaram-lhes Pedro e João.
15. Os quais, tendo descido, oraram por eles
para que recebessem o Espírito Santo,
16. (Porque ainda não havia sobrevindo a
nenhum deles, mas haviam sido submersos
somente no nome do Senhor Jesus).
17. Impuseram-lhes, então, as mãos, e rece-
beram o Espírito Santo.
18. Mas Simão, vendo que pela imposição
das mãos dos apóstolos estava sendo dado o
Espírito Santo, ofereceu-lhes dinheiro,
Atos
19. Dizendo: “Concedam-me também esta
autoridade, para que aquele ao qual eu impor
as mãos, receba o Espírito Santo”.
20. Mas Pedro disse-lhe: “Seja a sua prata
para a sua ruína, porque você imaginou que
o dom de Deus se compra com dinheiro.
21. Você não tem parte nem quinhão nisto,
porque o seu coração não é reto diante de
Deus.
22. Arrependa-se, pois, desta sua maldade, e
suplique a Deus, se por acaso lhe seja perdo-
ado o intento de seu coração.
23. Pois vejo que você está em fel de amar-
gura, e em laço de injustiça”.
24. Respondendo, porém, Simão, disse: “Su-
pliquem vocês por mim ao Senhor, para que
nada daquilo que disseram me sobrevenha”.
25. Tendo eles, pois, solenemente testificado
e falado a Palavra do Senhor, retornaram
para Jerusalém, e anunciaram a Boa Mensa-
gem a muitos vilarejos samaritanos.
26. Mas um anjo do Senhor falou a Filipe,
dizendo: “Levante-se, e vá em direção ao
sul, na estrada que desce de Jerusalém para
Gaza, que está deserta.”.
27. E, levantando-se, foi. E eis que um ho-
mem etíope, eunuco, autoridade debaixo da
rainha Candace da Etiópia, responsável por
todo o seu tesouro, que havia vindo adorar
em Jerusalém,
28. E estava voltando, e, assentado na carru-
agem, lia o profeta Isaías.
29. E o Espírito disse a Filipe: “Aproxime-se
e fique grudado na carruagem”.
30. E Filipe, correndo ao lado, ouviu-o lendo
o profeta Isaías, e disse: “E aí, o senhor
entende o que está lendo?”
31. Mas ele disse: “Como poderia, a não ser
que alguém me orientasse?” E convidou a
Filipe a subir e assentar-se com ele.
32. E a passagem da Escritura que lia era
esta: “Ele foi levado como ovelha para o
matadouro, e assim como uma ovelha está
muda diante do que tosquia, assim não abre
a sua boca.
149
Atos
33. Na sua humilhação negaram-lhe a defe-
sa, e quem declarará a sua descendência?
Porque a sua vida é tirada da Terra”311.
34. E, replicando o eunuco a Filipe, disse:
“Solicito-lhe, a respeito de quem o profeta
diz isto? De si mesmo, ou de algum outro?”
35. E, abrindo Filipe a sua boca, e partindo
desta passagem, anunciou-lhe a Boa Mensa-
gem de Jesus.
36. E, enquanto prosseguiam pelo caminho,
chegaram até certa água, e o eunuco disse:
“Veja, água! O que me impede de ser sub-
merso?”
37. E Filipe disse: “Se crer de todo o seu
coração é lícito”. E, respondendo, disse:
“Creio Jesus Ungido ser o Filho de Deus”.
38. E mandou parar a carruagem, e desceram
ambos na água, Filipe e o eunuco, e o sub-
mergiu.
39. Mas, ao subirem para fora da água, o
Espírito do Senhor arrebatou a Filipe, e o
eunuco não o viu mais; ele, porém, prosse-
guiu seu caminho regozijando-se.
40. Mas Filipe foi encontrado em Azoto, e,
na passagem por todas as cidades anunciava
a Boa Mensagem, até chegar a Cesaréia.
9.
1. Mas Saulo, ainda bufando ameaças e
assassinatos contra os discípulos do Senhor,
dirigindo-se ao arqui-sacerdote,
2. Pediu dele cartas para Damasco, para as
sinagogas, a fim de que, caso encontrasse
alguns do Caminho, tanto homens quanto
mulheres, prendendo-os, os levasse para
Jerusalém.
3. Mas, prosseguindo na viagem, aconteceu
aproximar-se de Damasco, e, repentinamen-
te, brilhou uma luz do Céu ao seu redor.
4. E, caindo no chão, ouviu uma voz dizen-
do-lhe: “Saulo, Saulo, por que me perse-
gue?”
5. E ele disse: “Quem é o Senhor?” E o
Senhor disse: “Eu sou Jesus, a quem você
persegue. Será cruel para você dar coices
contra os ferrões”.
311
Isaías 53:7-8
150
6. E, tremendo e assustado, disse: “Senhor,
o que o Senhor quer que eu faça?” E disse-
lhe o Senhor: “Levante-se e entre na cidade,
e lhe dirão o que lhe cabe fazer”.
7. Mas os homens, que viajavam com ele,
pararam atordoados, ouvindo de fato a voz,
não vendo, porém, a ninguém.
8. E Saulo levantou-se do chão, e, abrindo
os seus olhos, não enxergava nada. Mas,
conduzindo-o pela mão, levaram-no para
Damasco.
9. E esteve três dias sem enxergar, e sem
comer nem beber.
10. E havia certo discípulo em Damasco,
chamado Ananias. E o Senhor disse-lhe
numa visão: “Ananias!” E ele disse: “Eis-me
aqui, Senhor!”
11. E o Senhor disse-lhe: “Levante-se, e vá à
rua que é chamada Reta, e procure na casa
de Judas por alguém chamado Saulo, de
Tarso. Pois eis que ele está orando.
12. E ele viu numa visão um homem, cha-
mado Ananias, vindo e impondo-lhe a mão,
para recuperar a visão.”
13. Mas Ananias respondeu: “Senhor, ouvi
de muitos a respeito deste homem, quantos
males tem feito aos seus santos em Jerusa-
lém,
14. E ele recebeu poderes dos arqui-
sacerdotes para aqui prender todos os que
invocam o seu nome.”
15. Disse-lhe, porém, o Senhor: “Vá, porque
este é para mim um vaso seleto, para levar o
meu nome diante dos povos, e dos reis, e dos
filhos de Israel,
16. Porque eu lhe mostrarei o quanto deve
sofrer pelo meu nome”.
17. E Ananias foi, e entrou na casa, e, im-
pondo-lhe as mãos, disse: “Irmão Saulo, o
Senhor enviou-me, Jesus, que lhe apareceu
no caminho em que você veio, para que você
recupere a visão e seja preenchido com o
Espírito Santo”.
18. E imediatamente caíram de seus olhos
como se fossem escamas, e imediatamente
recuperou sua visão, e, levantando-se, foi
submerso.

19. E, tendo-se alimentado, fortaleceu-se. E
Saulo esteve com os discípulos em Damasco
por vários dias.
20. E logo, nas sinagogas, proclamava ao
Ungido, que este é o Filho de Deus.
21. E todos que o ouviram ficaram atônitos,
e diziam: “Não é este aquele que massacrava
aqueles que invocavam este nome em Jeru-
salém, e veio até aqui com o objetivo de
levá-los presos para os arqui-sacerdotes?!”
22. Saulo, porém, se fortalecia em poder, e
embaraçava os judeus que moravam em
Damasco, provando que este é o Ungido.
23. E, tendo passado muitos dias, os judeus
deliberaram matá-lo.
24. Mas Paulo tomou conhecimento do com-
plô. E ficaram guardando os portões, tanto
de dia quanto de noite, para matá-lo.
25. Tomando-o, porém, de noite os discípu-
los, o desceram pelo muro, baixando-o num
cesto.
26. E Saulo, chegando a Jerusalém, tentava
unir-se aos discípulos, mas todos o temiam,
não acreditando que fosse discípulo.
27. Mas Barnabé, tomando-o, levou-o aos
apóstolos, e relatou-lhes como na viagem
vira o Senhor, e que falara com ele, e como
em Damasco pregara ousadamente no nome
de Jesus.
28. E entrava e saía com eles em Jerusalém.
29. E pregava ousadamente no nome do
Senhor Jesus. Falava e discutia também com
os gregos, mas eles intentavam matá-lo.
30. Mas, tomando conhecimento disto, os
irmãos o acompanharam até Cesaréia, e
enviaram-no para Tarso.
31. Então, de fato, as Convocações por toda
a Judéia, e Galiléia, e Samaria, tinham paz,
e, sendo edificadas e prosseguindo no temor
do Senhor, e na assistência do Espírito San-
to, se multiplicavam.
32. E aconteceu que Pedro, viajando por
todas as regiões, desceu também aos santos
que moravam em Lida.
33. E lá encontrou certo homem chamado
Enéias, já por oito anos jazendo no colchão,
o qual era paralítico.
Atos
34. E Pedro disse-lhe: “Enéias, Jesus Ungido
lhe cura! Levante-se e arrume a sua cama”.
E imediatamente ele se levantou.
35. E todos os moradores de Lida e Sarona o
viram, os quais se converteram ao Senhor.
36. E em Jope havia uma discípula chamada
Tabita (que traduzido significa Gazela312).
Ela estava cheia de boas obras e caridades
que praticava.
37. E aconteceu naqueles dias que, adoecen-
do ela, faleceu. E, tendo-a lavado, velaram-
na na sala superior.
38. E, sendo que Lida ficava próxima de
Jope, os discípulos, ouvindo que Pedro lá se
encontrava, enviaram-lhe dois homens, pe-
dindo que não demorasse em vir ter com
eles.
39. E Pedro, levantando-se, foi com eles. O
qual, tendo chegado, conduziram-no à sala
superior. E estavam presentes todas as viú-
vas, chorando e mostrando as túnicas e os
trajes que Gazela fizera estando com elas.
40. Mas Pedro, fazendo a todos se retirarem,
ajoelhou-se e orou. E, voltando-se para o
corpo, disse: “Levante-se Tabita!” E ela
abriu os seus olhos, e, vendo a Pedro, assen-
tou-se.
41. E, estendendo-lhe a mão, levantou-a, e,
chamando os santos e as viúvas, apresentou-
a viva.
42. E isto se tornou conhecido em toda a
Jope, e muitos creram no Senhor.
43. E aconteceu que permaneceu muitos dias
em Jope com um certo Simão curtidor.
10.
1. Havia certo homem em Cesaréia, cha-
mado Cornélio, centurião da coorte que é
chamada italiana,
2. Piedoso e temente a Deus, com toda a
sua casa, que dava muitas esmolas ao povo,
e orava continuamente a Deus,
312
Antílope comum à África e Ásia, gracioso,
esbelto, pernas longas, chifres espiralados. Mo-
ça bonita, elegante e graciosa.
151
Atos
3. Viu nitidamente numa visão, em torno
das quinze horas do dia, um anjo de Deus
dirigindo-se a ele e dizendo-lhe: “Cornélio!”
4. O qual, olhando atentamente para ele, e
muito atemorizado, disse: “O que é, Se-
nhor?” E disse-lhe: “As suas orações e as
suas esmolas têm subido como memorial
diante de Deus.
5. E agora envie homens a Jope para cha-
mar a Simão, apelidado de Pedro.
6. O mesmo está alojado com certo Simão
curtidor, cuja casa está à beira-mar. Ele lhe
dirá o que lhe convém fazer.”
7. E, tendo partido o anjo que falava a Cor-
nélio, chamando dois de seus empregados, e
um soldado piedoso daqueles que sempre o
atendiam,
8. E, tendo-lhes relatado tudo, enviou-os
para Jope.
9. E, no dia seguinte, enquanto viajavam e
se aproximavam da cidade, Pedro subiu ao
terraço para orar, em torno do meio-dia.
10. E ficou com muita fome, e sentia o dese-
jo de se alimentar. Mas, preparando eles,
sobreveio-lhe um êxtase.
11. E viu o Céu aberto, e descendo sobre ele
uma certa vela, como um grande lençol,
amarrada pelos quatro cantos, e sendo desci-
da sobre a Terra,
12. Na qual havia todo tipo de quadrúpedes
da Terra, e bestas-feras, e seres rastejantes, e
aves do céu.
13. E foi-lhe dirigida uma voz: “Levante-se
Pedro, mate e coma!”
14. Mas Pedro disse: “De forma alguma,
Senhor! Porque nunca comi algo profano ou
imundo”.
15. E a voz ocorreu-lhe novamente, pela
segunda vez: “Ao que Deus purificou, não o
considere profano”.
16. E isto aconteceu por três vezes, e a vela
foi novamente erguida ao Céu.
17. E, enquanto Pedro estava perplexo sobre
o significado da visão que vira, eis que os
homens enviados por Cornélio, tendo per-
guntado pela casa de Simão, estavam diante
do portão.
18. E, chamando, perguntaram se Simão,
apelidado de Pedro, estava ali alojado.
152
19. Mas, enquanto Pedro ponderava sobre a
visão, disse-lhe o Espírito: “Eis que três
homens lhe procuram.
20. Mas, levante-se, desça, e vá com eles,
não duvidando, porque eu os enviei.”
21. E Pedro, tendo descido aos homens que
lhe foram enviados por Cornélio, disse: “Eis
que sou eu a quem procuram. Qual é a razão
de sua vinda?”
22. E eles disseram: “O centurião Cornélio,
homem justo e temente a Deus, tendo um
bom testemunho diante de toda a nação dos
judeus, foi divinamente instruído por um
santo anjo, para chamá-lo à sua casa e ouvir
palavras suas”.
23. Convidando-os, então, a entrar, alojou-
os. E, no dia seguinte, Pedro viajou com
eles, e alguns dos irmãos de Jope o acompa-
nharam.
24. E no dia seguinte chegaram a Cesaréia. E
Cornélio os aguardava, tendo convocado os
seus parentes e amigos íntimos.
25. E, enquanto Pedro entrava, encontrando-
o Cornélio, prostrando-se aos seus pés, o
adorou.
26. Mas Pedro levantou-o, dizendo: “Levan-
te-se! Eu também só sou humano!”
27. E, falando com ele, entrou e encontrou
muitos reunidos.
28. E ele disse-lhes: “Vocês sabem que é
totalmente proibido para um homem judeu
se reunir com, ou aproximar de, alguém de
outro clã313. Mas Deus me mostrou a não
chamar a nenhuma pessoa de impura ou
profana.
29. Por conseguinte também, tendo sido
chamado, vim sem objeção. Pergunto agora:
Qual é a razão por terem me chamado?”
30. E Cornélio disse: “Quatro dias atrás eu
estava jejuando até esta hora, e às quinze
horas orando na minha casa. E eis que um
homem em traje brilhante parou diante de
mim,
31. E disse: ‘Cornélio, a sua oração foi ouvi-
da e houve lembrança de suas esmolas dian-
te de Deus.
313
Αλλοφυλω (allophulo): allo=diferente e phu-
le=ramo.

32. Envie, pois, a Jope e chame por Simão,
apelidado de Pedro. Ele está alojado na casa
de Simão curtidor, à beira-mar, o qual, vin-
do, falará com você’.
33. Imediatamente, pois, chamei pelo se-
nhor. E o senhor fez bem em ter vindo. Ago-
ra, pois, todos nós estamos na presença de
Deus, para ouvir tudo que lhe foi ordenado
por Deus”.
34. E, abrindo Pedro a boca, disse: “Verda-
deiramente compreendo que Deus não dis-
crimina a ninguém,
35. Mas em cada povo aquele que o teme e
pratica a justiça lhe é aceitável.
36. Vocês conhecem a palavra que enviou
aos filhos de Israel, anunciando a Boa Men-
sagem da paz por meio de Jesus Ungido, o
mesmo é o Senhor de todos,
37. A palavra que veio a toda a Judéia, co-
meçando pela Galiléia, após a submersão
que João proclamou,
38. Em como Deus ungiu Jesus de Nazaré
com o Espírito Santo e com poder, o qual
andava fazendo o bem, e curando todos os
oprimidos do Caluniador, porque Deus esta-
va com ele.
39. E nós somos testemunhas de tudo que ele
fez, tanto na região dos Judeus, quanto em
Jerusalém. Ao qual mataram, suspendendo-o
num poste.
40. A este mesmo, Deus ressuscitou no ter-
ceiro dia, e apresentou-o em público,
41. Não a todo o povo, mas às testemunhas
previamente escolhidas por Deus, a nós, que
com ele comemos e bebemos após a sua
ressurreição dos mortos.
42. E ordenou-nos a proclamar ao povo, e
solenemente testemunhar que ele foi consti-
tuído por Deus juiz de vivos e mortos.
43. Todos os profetas testificam dele, que
por meio de seu nome receba a remissão dos
pecados todo aquele que nele crer.”
44. Enquanto Pedro dizia estas palavras, o
Espírito Santo sobreveio a todos os que ou-
viam a Palavra.
45. E surpreenderam-se todos os crentes da
Circuncisão que haviam vindo com Pedro,
que também sobre os povos havia sido der-
ramado o dom do Espírito Santo.
Atos
46. Porque ouviam-nos falar em línguas e
enaltecendo a Deus. Então disse Pedro:
47. “Pode alguém recusar a água, para que
estes não sejam submersos, que receberam o
Espírito Santo, assim como também nós?”
48. E ele ordenou-lhes a serem submersos no
nome do Senhor. Então pediram-lhe que
permanecesse por alguns dias.
11.
1. E os apóstolos e os irmãos que estavam
na Judéia ouviram que também os povos
haviam recebido a Palavra de Deus.
2. E, quando Pedro subiu para Jerusalém,
os da Circuncisão debateram com ele,
3. Dizendo: “Você entrou na casa de ho-
mens incircuncisos, e se alimentou com
eles”.
4. Mas, começando Pedro, lhes expôs em
ordem cronológica, dizendo:
5. “Eu estava na cidade de Jope orando, e
vi, num êxtase, uma visão: Uma certa vela,
como se fosse um grande lençol, descendo
do Céu, pelas quatro pontas, vindo até mim.
6. Sobre a qual, tendo olhado atentamente,
contemplei e vi os quadrúpedes da Terra, e
as bestas-feras, e os seres rastejantes, e as
aves do céu.
7. E ouvi uma voz que me dizia: ‘Levante-
se Pedro, mate e coma!’
8. Mas eu disse: ‘De forma alguma, Senhor,
porque nada de profano ou impuro jamais
entrou na minha boca!’.
9. Mas a voz me respondeu pela segunda
vez do Céu: ‘O que Deus purificou, não o
considere profano’.
10. E isto sucedeu por três vezes, e tudo
novamente foi recolhido para o Céu.
11. E eis que, em seguida, três homens para-
ram diante da casa na qual eu estava, envia-
dos por mim da Cesaréia.
12. E disse-me o Espírito a acompanhá-los,
sem duvidar. Além disso foram comigo
também estes seis irmãos, e entramos na
casa do homem.
13. E contou-nos de como vira um anjo pa-
rado na sua casa, e dizendo-lhe: ‘Envie ho-
153
Atos
mens a Jope, e mande chamar a Simão, ape-
lidado de Pedro,
14. O qual lhe dirá palavras pelas quais será
salvo você, e toda a sua casa’.
15. E, no que comecei a falar, sobreveio-lhes
o Espírito Santo, da mesma forma como
sobre nós no princípio.
16. E lembrei-me da palavra do Senhor,
quando ele disse: ‘João de fato submergiu
na água, mas vocês serão submersos no
Espírito Santo’314.
17. Se Deus, pois, concedeu-lhes o mesmo
dom como também a nós, tendo crido no
Senhor Jesus Ungido, quem seria eu capaz
de impedir a Deus?”
18. E, ouvindo isto, ficaram em silêncio, e
glorificaram a Deus, dizendo: “De fato, en-
tão, Deus também deu aos povos o arrepen-
dimento para a vida”.
19. Então, pois, os que foram dispersos pela
perseguição que ocorreu após Estêvão, pas-
saram pela Fenícia, e Chipre, e Antioquia,
falando a Palavra a ninguém, exceto somen-
te aos judeus.
20. Mas havia alguns dos homens cipriotas e
cirenenses, os quais, chegando à Antioquia,
falaram aos gregos, anunciando a Boa Men-
sagem do Senhor Jesus.
21. E a mão do Senhor estava com eles, e um
grande número, crendo, converteu-se ao
Senhor.
22. E o relato a seu respeito chegou aos ou-
vidos da Convocação em Jerusalém. E eles
enviaram a Barnabé para ir à Antioquia.
23. O qual, tendo chegado e visto a graça de
Deus, alegrou-se, e encorajou a todos que
com determinação de coração permaneces-
sem firmes no Senhor.
24. Porque ele era homem justo, e cheio do
Espírito Santo e de fé. E foi acrescentada
uma grande multidão ao Senhor.
25. E Barnabé foi a Tarso procurar por Sau-
lo.
26. E, tendo-o encontrado, levou-o à Antio-
quia. E aconteceu que por um ano inteiro se
reuniram na Convocação e ensinaram uma
grande multidão. E os discípulos foram pela
314
Atos 1:5
154
primeira vez chamados de “cristãos” na
Antioquia.
27. E nestes dias desceram profetas de Jeru-
salém para a Antioquia.
28. E, levantando-se um dentre eles, chama-
do Ágabo, tornou conhecido pelo Espírito
uma grande fome que viria logo sobre o
mundo todo. A mesma de fato ocorreu sob o
César Cláudio.
29. E os discípulos, de acordo com as condi-
ções de cada um, decidiram cada um deles,
de enviar assistência aos irmãos residentes
na Judéia.
30. O que também fizeram, enviando-a aos
anciãos pela mão de Barnabé e Saulo.
12.
1. E, nessa época, o rei Herodes estendeu as
mãos para oprimir alguns dos da Convoca-
ção
2. E matou à espada a Tiago, o irmão de
João.
3. E, percebendo que isto fora agradável
aos judeus, prosseguiu e prendeu também a
Pedro. E eram os dias dos pães ázimos.
4. E, havendo-o detido, aprisionou-o, entre-
gando-o a quatro quaternos315 de soldados
para guardá-lo, pretendendo apresentá-lo ao
povo após a Páscoa.
5. Por esta razão, de fato, permanecia Pedro
detido. Mas a Convocação orava incessan-
temente a Deus a seu favor.
6. Mas, quando Herodes estava para apre-
sentá-lo, na mesma noite dormia Pedro entre
dois soldados, manietado com duas corren-
tes, e havia sentinelas diante da porta vigi-
ando a prisão.
7. E eis que lhe apareceu um anjo do Se-
nhor, e uma luz brilhou na prisão. E, tocando
no lado de Pedro, acordou-o, dizendo: “Le-
vante-se depressa!” E as correntes caíram de
suas mãos.
8. E o anjo disse-lhe: “Cinja-se, e calce as
suas sandálias!” E ele assim o fez. E ele lhe
315
Quaterno: Um conjunto formado por quatro.
Neste caso dezesseis soldados.

diz: “Envolva-se com o seu traje, e siga-
me!”
9. E, saindo, o seguia, mas não sabia que
era real o que ocorria pelo anjo, mas achava
estar vendo uma visão.
10. E, tendo passado pela primeira e pela
segunda sentinela, chegaram ao portão de
ferro, que leva à cidade, que abriu automati-
camente diante deles. E, tendo saído, conti-
nuaram andando por uma rua, e logo o anjo
se apartou dele.
11. E Pedro, tendo voltado a si, disse: “Ago-
ra verdadeiramente sei que o Senhor enviou
o seu anjo, e me livrou da mão de Herodes, e
de toda a expectativa do povo dos judeus”.
12. E, ainda ponderando sobre o ocorrido,
chegou à casa de Maria, mãe de João, apeli-
dado de Marcos, onde muitos estavam reu-
nidos e orando.
13. E, batendo Pedro no postigo do portão,
veio uma criada por nome de Rode, para
saber quem era.
14. E, reconhecendo a voz de Pedro, de ta-
manha felicidade não abriu o portão, mas,
correndo para dentro, avisou que Pedro esta-
va diante do portão.
15. Mas eles lhe disseram: “Você está malu-
ca!” Mas ela insistia que era assim. E eles
disseram: “É o anjo dele!”
16. Mas Pedro continuava batendo. E, tendo
aberto, viram-no, e ficaram desconcertados.
17. E, acenando-lhes com a mão para que se
calassem, contou-lhes como o Senhor o
tirara da prisão, e disse: “Relatem-no a Tia-
go e aos irmãos”. E, retirando-se, foi para
um outro lugar.
18. E, chegando o dia, houve não pequena
agitação entre os soldados sobre o que teria
acontecido a Pedro.
19. E, tendo Herodes o procurado e não a-
chado, interrogando as sentinelas, mandou
executá-las. E, tendo descido da Judéia para
a Cesaréia, permaneceu por lá.
20. E Herodes tinha um ódio profundo con-
tra os tírios e os sidônios. Mas estes, concor-
demente, se dirigiram a ele, e, tendo con-
quistado a Blasto, chefe de gabinete do rei,
procuraram a paz, porque seu país era abas-
tecido pelo do rei.
Atos
21. E, num determinado dia, vestindo Hero-
des seus trajes reais, e, tendo-se assentado
no trono, dirigia-lhes um discurso.
22. E a massa gritava: “Voz de Deus, e não
de homem!”
23. E no mesmo instante um anjo do Senhor
o feriu, porque não dera a glória a Deus, e,
sendo devorado pelos vermes, expirou.
24. Mas a Palavra de Deus crescia e se mul-
tiplicava.
25. E Barnabé e Saulo retornaram de Jerusa-
lém, tendo concluído a assistência, levando
também consigo a João, apelidado de Mar-
cos.
13.
1. Havia, porém, na Convocação da Antio-
quia certos profetas e mestres, a saber: Bar-
nabé e Simeão, chamado Negro, e Lúcio o
cireneu, e Manaém, irmão adotivo do Te-
trarca Herodes, e Saulo.
2. E, servindo eles ao Senhor, e jejuando,
disse o Espírito Santo: “Separem-me agora a
ambos, a Barnabé e a Saulo, para a obra para
a qual os tenho chamado”.
3. Tendo, então, jejuado e orado, e tendo
imposto-lhes as mãos, despediram-nos.
4. Tendo, pois, certamente, sido enviados
pelo Espírito Santo, desceram para a Selêu-
cia, e de lá velejaram para Chipre.
5. E, chegando a Salamina, anunciavam a
Palavra de Deus nas sinagogas dos judeus. E
tinham também João como ajudante.
6. E, tendo atravessado a ilha até Pafos,
encontraram certo feiticeiro, pseudoprofeta
judeu, chamado Barjesus,
7. O qual estava com o procônsul Sérgio
Paulo, homem inteligente. Tendo ele cha-
mado a Barnabé e a Saulo, desejava ouvir a
Palavra de Deus.
8. Mas o feiticeiro Elimas316 (porque esta é
a tradução de seu nome), se opôs a eles,
tentando afastar o procônsul da fé.
9. Mas Saulo, que também é Paulo, cheio
do Espírito Santo, e fixando nele o olhar,
316
Elimas: sábio.
155
Atos
10. Disse: “Ó filho do Caluniador, cheio de
toda a falsidade e de toda a maldade, inimi-
go de toda a justiça, você não deixará de se
opor aos retos caminhos do Senhor?
11. E agora, eis que a mão do Senhor está
sobre você, e você ficará cego, não enxer-
gando o Sol por algum tempo”. E imediata-
mente caiu sobre ele uma névoa e escuridão,
e andando em redor, procurava por alguém
que o conduzisse pela mão.
12. Então o procônsul, vendo o que havia
acontecido, creu, maravilhado do ensina-
mento do Senhor.
13. E, velejando Paulo e os que com ele
estavam, de Pafos chegaram a Perge da Pan-
fília. Mas João, apartando-se deles, retornou
para Jerusalém.
14. Mas, tendo eles passado por Perge, che-
garam à Antioquia da Pisídia, e, entrando na
sinagoga, no dia do Descanso, assentaram-
se.
15. E, após a leitura da Lei e dos Profetas, os
dirigentes da sinagoga chamaram-nos, di-
zendo: “Homens irmãos, se tiverem alguma
palavra de exortação para o povo, falem”.
16. E Paulo, levantando-se e sinalizando
com a mão, disse: “Homens israelitas, e os
que temem a Deus, ouçam!
17. O Deus deste povo de Israel escolheu a
nossos pais, e enalteceu o povo quando es-
trangeiros na terra do Egito, e com braço
forte os tirou dela,
18. E por um período de em torno de quaren-
ta anos suportou o seu comportamento no
deserto.
19. E, destruindo sete povos na terra de Ca-
naã, repartiu-lhes sua terra por sorte.
20. E, depois disto, por em torno de quatro-
centos e cinqüenta anos, deu-lhes juízes, até
ao profeta Samuel.
21. E pediram então por um rei. E Deus deu-
lhes a Saul, filho de Quis, homem da tribo
de Benjamin, por quarenta anos.
22. E, tendo-o deposto, levantou por rei a
Davi, ao qual disse testemunhando: ‘Achei a
Davi317, o filho de Jessé, homem de acordo
317
Salmo 89:20
156
com o meu coração,318 que executará toda a
minha vontade.’
23. De sua descendência, segundo a promes-
sa, Deus levantou a Israel o Salvador Jesus,
24. Tendo João pré-proclamado, antes de sua
aparição, a submersão de arrependimento a
todo o povo de Israel.
25. E, concluindo João o seu percurso, dis-
se: ‘Eu não sou aquele que vocês supõe que
eu seja! Mas eis que vem após mim aquele
do qual não sou digno de desatar o calçado
de seus pés.’
26. Homens irmãos, filhos da descendência
de Abraão, e aos que dentre vocês temem a
Deus! A vocês foi enviada a palavra desta
salvação.
27. Porque os que habitavam em Jerusalém e
suas autoridades, não tendo-o conhecido,
nem as vozes dos profetas, que são lidas
todo o Descanso, cumpriram-nas ao conde-
ná-lo.
28. E, mesmo não tendo encontrado nenhum
motivo de morte, pediram a Pilatos que ele
fosse morto.
29. E, quando cumpriram tudo que fora es-
crito a seu respeito, tirando-o do poste, puse-
ram-no na sepultura.
30. Mas Deus o ressuscitou dentre os mor-
tos!
31. O qual apareceu por muitos dias aos que
com ele haviam subido da Galiléia para Je-
rusalém, os quais são suas testemunhas dian-
te do povo.
32. E nós lhes anunciamos a Boa Mensagem,
a promessa feita aos pais,
33. A qual Deus cumpriu a nós, seus filhos,
ressuscitando a Jesus, como também tem
sido escrito no segundo Salmo: ‘Você é o
meu filho, eu hoje lhe gerei’319.
34. E que ele o ressuscitaria dentre os mor-
tos, para jamais voltar à corrupção, disse
assim: ‘Eu lhes darei as santas e fiéis bên-
çãos de Davi’320.
318
I Samuel 13:14
319
Salmo 2:7; Hebreus 1:5; 5:5
320
Isaías 55:3

35. Portanto também diz em outro Salmo:
‘Não permitirá que o seu Santo veja a cor-
rupção’321.
36. Porque Davi, na verdade, tendo ministra-
do à sua própria geração segundo o propósi-
to de Deus, adormeceu, e foi unido aos seus
pais, e viu a corrupção.
37. Mas aquele a quem Deus ressuscitou não
viu corrupção.
38. Seja, pois, de seu conhecimento, homens
irmãos, que por intermédio deste lhes é a-
nunciada a remissão dos pecados,
39. E de tudo que vocês não podiam ser
justificados pela Lei de Moisés, todo aquele
que nele crê é justificado.
40. Estejam atentos, pois, para que não lhes
sobrevenha o que foi dito nos Profetas:
41. ‘Vejam, vocês desprezadores, admirem-
se e pasmem! Porque farei uma obra em
seus dias, obra tal, na qual de forma alguma
crerão, quando alguém lhes narrá-la’.322”
42. Mas, tendo os judeus se retirado da sina-
goga, os povos pediram para que no Descan-
so seguinte lhes falassem as mesmas pala-
vras.
43. Mas, tendo-se dissolvida a reunião, mui-
tos dos judeus e dos prosélitos devotos se-
guiram a Paulo e Barnabé. Os quais, falando
com eles, os persuadiram a permanecer na
graça de Deus.
44. E no Descanso seguinte ajuntou-se quase
toda a cidade para ouvir a Palavra de Deus.
45. Mas os judeus, vendo as multidões, en-
cheram-se de inveja e contradiziam o que
era dito por Paulo, contradizendo e blasfe-
mando.
46. Mas, falando ousadamente, Paulo e Bar-
nabé disseram: “Foi necessário falar a Pala-
vra de Deus primeiro a vocês. Mas, já que a
rejeitam, e não se consideram dignos da vida
eterna, eis que nos dirigimos aos povos.
47. Porque assim nos ordenou o Senhor:
‘Estabeleci-lhe por luz dos povos, para que
você seja por salvação até aos extremos da
Terra’323.”
321
Salmo 16:10
322
Habacuque 1:5
323
Isaías 49:6
Atos
48. Ouvindo-o os povos, alegravam-se e
glorificavam a Palavra do Senhor, e creram
quantos estavam alinhados324 para a vida
eterna.
49. E a Palavra do Senhor foi propagada por
toda aquela região.
50. Mas os judeus instigaram as mulheres
devotas e influentes, e os governantes da
cidade, e provocaram uma perseguição con-
tra Paulo e Barnabé, e expulsaram-nos de
seus termos.
51. Mas eles, sacudindo a poeira de seus pés
contra eles, partiram para Icônio.
52. E os discípulos transbordavam de felici-
dade e do Espírito Santo.
14.
1. E aconteceu em Icônio que se reuniram
na sinagoga dos judeus, e falaram de tal
forma, que uma grande multidão de judeus e
gregos creu.
2. Mas os judeus descrentes instigaram e
envenenaram as almas dos povos contra os
irmãos.
3. Permaneceram, pois, por longo tempo,
falando ousadamente no Senhor, o qual ates-
tava a Palavra de sua graça e concedia sinais
e milagres serem operados por suas mãos.
4. Mas a multidão da cidade estava dividi-
da, e alguns estavam do lado dos judeus, e
outros do lado dos apóstolos.
5. E, quando ocorreu uma agitação, tanto
dos povos quanto dos judeus, com os seus
governantes, para injuriá-los e apedrejá-los,
6. Tomando disto conhecimento, fugiram
para Listra e Derbe, cidades da Licaônia, e
região adjacente,
7. E lá anunciavam a Boa Mensagem.
8. E estava assentado certo homem em
Listra, deficiente nos pés, coxo desde o ven-
tre materno, o qual nunca andara.
9. O mesmo ouviu Paulo falando, o qual,
olhando atentamente para ele, e vendo que
tinha fé para ser curado,
324
tassw (Tasso): estar em linha, em forma de
sentido, como no exército, pronto para cumprir
uma ordem.
157
Atos
10. Disse em alta voz: “Levante-se, e fique
ereto em pé!” E saltava e andava.
11. E as multidões, vendo o que Paulo fizera,
levantaram suas vozes em licaônico, dizen-
do: “Os deuses, assumindo forma humana,
desceram até nós”.
12. E chamavam a Barnabé de Zeus325, e a
Paulo de Hermes326, porque ele liderava na
fala.
13. E o sacerdote de Zeus, que estava diante
de sua cidade, trazendo bois e grinaldas aos
portões, queria sacrificar, junto com as mul-
tidões.
14. Mas, ouvindo-o os apóstolos Barnabé e
Paulo, rasgando seus trajes, pularam para o
meio das multidões, gritando
15. E dizendo: “Homens, por que fazem
isto? Nós também somos humanos e temos
os mesmos sentimentos que vocês, anunci-
ando-lhes a Boa Mensagem, para que vocês
se convertam destas vaidades ao Deus vivo,
que fez o céu, e a Terra, e o mar, e tudo o
que neles há.
16. O qual nas gerações passadas tolerou a
todos os povos trilharem nos seus próprios
caminhos.
17. Apesar de não ter-se deixado sem teste-
munho, fazendo o bem, enviando-nos chu-
vas do céu, e estações frutíferas, saciando
nossos corações com alimento e felicidade”.
18. E, dizendo isto, com dificuldade impedi-
ram as multidões de lhes sacrificarem.
19. Vieram, porém, judeus da Antioquia e de
Icônio, e persuadindo as multidões, e ape-
drejando a Paulo, arrastaram-no para fora da
cidade, supondo que havia morrido.
20. Mas, tendo-o rodeado os discípulos,
levantando-se, entrou na cidade. E no dia
seguinte, acompanhado de Barnabé, foi para
Derbe.
21. E, tendo anunciado a Boa Mensagem
nesta cidade, e tendo discipulado a muitos,
retornaram para Listra, e Icônio, e Antioqui-
a,
22. Fortalecendo as almas dos discípulos,
exortando-os a continuarem na fé, e que “é
325
Zeus: Júpiter.
326
Hermes: Mercúrio.
158
necessário por meio de muitas tribulações
nós entrarmos no Reino de Deus”.
23. E, tendo-lhes eleito327 anciãos em cada
Convocação tendo orado com jejuns, enco-
mendaram-nos ao Senhor, no qual haviam
crido.
24. E, atravessando a Pisídia, chegaram à
Panfília.
25. E, tendo falado a Palavra em Perge, des-
ceram para a Atália.
26. E de lá velejaram para a Antioquia, de
onde haviam sido comissionados à graça de
Deus para a obra que haviam concluído.
27. E, tendo chegado e reunido a Convoca-
ção relataram tudo que Deus fizera por in-
termédio deles, e que abrira a porta da fé aos
povos.
28. E lá permaneceram por não pouco tempo
com os discípulos.
15.
1. E, descendo alguns da Judéia, ensinavam
aos irmãos: “A não ser que sejam circunci-
dados segundo o rito de Moisés, não podem
ser salvos!”
2. Acontecendo, pois, um conflito e uma
não pequena discussão entre Paulo e Barna-
bé e eles, indicaram a Paulo e Barnabé, e
alguns outros dentre eles, para subirem aos
apóstolos e anciãos de Jerusalém, para tratar
deste assunto.
3. Tendo, pois, de fato sido acompanhados
pela Convocação, atravessavam a Fenícia e a
Samaria, relatando a conversão dos povos, e
assim causavam muita alegria a todos os
irmãos.
4. E, chegando a Jerusalém, foram recebi-
dos pela Convocação, e pelos apóstolos, e
pelos anciãos, e relataram tudo que Deus
fizera com eles.
5. Mas levantaram-se alguns dos da seita
dos fariseus, que haviam crido, dizendo que
era necessário circuncidá-los, e ordená-los a
guardarem a Lei de Moisés.
327
Ceirotonhsantev (cheirotonesantes): levan-
tar as mãos.

6. Reuniram-se, pois, os apóstolos e os
anciãos, para analisarem esta questão.
7. E, tendo ocorrido longa discussão, levan-
tando-se Pedro, disse-lhes: “Homens irmãos,
vocês sabem que desde o princípio Deus me
selecionou dentre nós, para que por meio de
minha boca os povos ouvissem e cressem na
Palavra da Boa Mensagem.
8. E o Deus conhecedor dos corações testi-
ficou-lhes, dando-lhes o Espírito Santo,
assim como também a nós.
9. E também não fez nenhuma distinção
entre nós e eles, tendo purificado os seus
corações pela fé.
10. Por que, então, agora vocês tentam a
Deus, impondo um jugo no pescoço dos
discípulos, que nem nossos pais nem nós
pudemos carregar?
11. Mas cremos ser salvos pela graça do
Senhor Jesus Ungido, assim como também
eles”.
12. E toda a multidão permaneceu em silên-
cio, ouvindo a Barnabé e a Paulo narrando
os sinais e milagres que Deus operara entre
os povos por intermédio deles.
13. E, após terem feito silêncio, falou-lhes
Tiago, dizendo: “Homens irmãos, ouçam-
me:
14. Simão narrou como Deus primeiro cui-
dou de tirar um povo dentre as etnias para o
seu nome.
15. E com isto concordam as palavras dos
profetas, como tem sido escrito:
16. ‘Depois disto voltarei e reedificarei o
tabernáculo arruinado de Davi. E reconstru-
irei e aprumarei as suas ruínas,
17. A fim de que o remanescente dentre os
homens busque ao Senhor, e todos os povos
sobre os quais têm sido invocado o meu
nome, diz o Senhor, que opera tudo isto’328.
18. Desde a eternidade são conhecidas por
Deus todas as suas obras.
19. Por isso julgo não molestarmos aqueles
dentre os povos que se convertem a Deus,
20. Mas escrever-lhes de se absterem das
contaminações dos ídolos, e do sexo ilícito,
e do estrangulado, e do sangue.
328
Amós 9:11-12
Atos
21. Porque Moisés tem quem o proclame
desde gerações antigas em cada cidade, sen-
do lido nas sinagogas todo Descanso.”
22. Então pareceu bem aos apóstolos e aos
anciãos, com toda a Convocação, enviar
homens seletos dentre eles à Antioquia, com
Paulo e Barnabé: Judas, chamado Barsabás,
e Silas, homens líderes entre os irmãos,
23. Tendo escrito por suas mãos o seguinte:
“Os apóstolos, e anciãos, e irmãos, aos da
Antioquia, e Síria, e Cilícia, irmãos dentre os
povos, saudações!
24. Visto que ouvimos que alguns dentre nós
foram perturbar-lhes com palavras, transtor-
nando as suas almas, afirmando que devem
ser circuncidados e guardar a Lei, aos quais
não demos nenhuma ordem,
25. Pareceu-nos bem, chegando a pleno a-
cordo, tendo escolhido homens, enviá-los,
com nossos amados Barnabé e Paulo.
26. Homens que renunciaram às suas vidas
pelo nome de nosso Senhor Jesus Ungido.
27. Enviamos, pois, a Judas e Silas, os quais
também confirmarão verbalmente o mesmo.
28. Porque pareceu bem ao Espírito Santo, e
a nós, a não impor-lhes nenhum outro encar-
go, exceto estas questões necessárias:
29. De se absterem do sacrificado aos ídolos,
e do sangue, e do estrangulado, e do sexo
ilícito. Resguardando-se dos mesmos, vocês
farão bem. Saudações!”
30. Eles, pois, tendo sido despedidos, chega-
ram à Antioquia, e, convocando a multidão,
entregaram a carta.
31. Tendo-a lido, alegraram-se pela motiva-
ção.
32. E Judas e Silas, também eles mesmos
sendo profetas, por muitos discursos exorta-
ram os irmãos e os confirmaram.
33. E, tendo permanecido por algum tempo,
foram despedidos em paz pelos irmãos para
os apóstolos.
34. Mas pareceu bem a Silas permanecer ali.
35. E Paulo e Barnabé permaneceram na
Antioquia, ensinando e anunciando, com
muitos outros, a Boa Mensagem, a Palavra
do Senhor.
36. E após vários dias disse Paulo a Barnabé:
“Retornemos para visitar e saber como pas-
159
Atos
sam nossos irmãos em cada cidade em que
anunciamos a Palavra do Senhor.”
37. E Barnabé resolveu levar com eles a
João, chamado Marcos.
38. Mas Paulo considerou inoportuno levar
com eles aquele que havia desertado deles
na Panfília, e não os acompanhara na obra.
39. Surgiu, pois, uma tão forte discussão, a
ponto de se separarem um do outro. E Bar-
nabé, levando a Marcos, velejou para Chi-
pre.
40. Mas Paulo, chamando a Silas, partiu,
tendo sido encomendado à graça de Deus
pelos irmãos.
41. E atravessou a Síria e a Cilícia, fortale-
cendo as Convocações.
16.
1. E chegou a Derbe e Listra. E eis que
havia ali um certo discípulo chamado Timó-
teo, filho de uma certa mulher judia crente e
de um pai grego,
2. Que tinha um bom testemunho dos ir-
mãos de Listra e Icônio.
3. Querendo Paulo levá-lo consigo, toman-
do-o, circuncidou-o, devido aos judeus que
estavam naquelas regiões, sendo que todos
sabiam que seu pai era grego.
4. E, enquanto passavam pelas cidades,
transmitiam-lhes as ordenanças a serem
observadas, aprovadas pelos apóstolos e
anciãos de Jerusalém.
5. Assim, pois, as Convocações foram for-
talecidas na fé, e cresciam em número a cada
dia.
6. E, atravessando a Frígia e a região da
Galácia, tendo sido impedidos pelo Espírito
Santo de falar a Palavra na Ásia,
7. Descendo para a Mísia, tentaram ir para
a Bitínia, mas o Espírito não lhos permitiu.
8. E, tendo passado pela Mísia, desceram
para Trôade.
9. E apareceu uma visão durante a noite a
Paulo: Certo homem da Macedônia parado,
suplicando-o e dizendo: “Passando para a
Macedônia, ajude-nos!”
10. E, tendo tido a visão, imediatamente
procuramos prosseguir para a Macedônia,
160
concluindo que o Senhor nos chamara para
lhes anunciar a Boa Mensagem.
11. Velejando, pois, de Trôade em percurso
reto, chegamos a Samotrácia, e no dia se-
guinte a Neápolis,
12. E dali para Filipos, principal cidade desta
região da Macedônia, e uma colônia329. E
permanecemos por vários dias nesta cidade.
13. E no dia do Descanso saímos da cidade,
junto a um rio, onde costumava ser feita a
oração. E, assentando-nos, conversamos
com as mulheres que ali se reuniam.
14. E uma mulher, chamada Lídia, vendedo-
ra de púrpura, da cidade de Tiatira, que reve-
renciava a Deus, prestava atenção, e o Se-
nhor lhe abriu o coração para aceitar o que
foi falado por Paulo.
15. E após ela ter sido batizada, e a sua casa,
nos rogou, dizendo: “Se me consideram ser
fiel ao Senhor, entrem na minha casa e hos-
pedem-se”. E ela nos constrangeu.
16. E aconteceu, ao caminharmos para a
oração, encontrou-nos uma empregada, pos-
suída por um espírito de Piton330, que gerava
muito lucro aos seus senhores pela adivinha-
ção.
17. E ela, seguindo a Paulo e a nós, gritava,
dizendo: “Estas pessoas são servas do Deus
Altíssimo que nos anunciam o caminho da
salvação!”
18. E isto fez ela por muitos dias. Mas Paulo,
perturbado, voltou-se e disse ao espírito:
“Ordeno-lhe, no nome de Jesus Ungido, a
sair dela!” E ele saiu na mesma hora.
19. E, percebendo seus senhores que a sua
esperança de lucro partira, agarrando a Paulo
e Silas, arrastaram-nos até a ágora331, diante
dos magistrados.
329
kolwnia (kolonia): Otaviano havia implanta-
do uma colônia romana em Filipos.
330
Piton: na mitologia grega, nome dado à serpen-
te ou dragão de Pítia que vivia na região de Pito
aos pés do Parnásso em Foci, e dizia-se que
guardava o óraculo de Delfi e ter sido morto
por Apólo. Um espírito de adivinhação.
331
Ágora: antiga praça pública grega onde havia o
mercado, e eram realizada reuniões políticas e
religiosas.

20. E, tendo-os levado aos capitães, disse-
ram: “Estas pessoas, sendo judias, perturbam
demais a nossa cidade,
21. E anunciam costumes que não nos são
lícitos de receber nem praticar, sendo nós
romanos.”
22. E, amotinando-se a multidão, e os capi-
tães, contra eles, arrancando-lhes os trajes,
mandaram fustigá-los com varas.
23. E, havendo-lhes ferido com muitos gol-
pes, lançaram-nos na prisão, mandando ao
carcereiro guardá-los com segurança.
24. O qual, tendo recebido esta ordem, lan-
çou-os na prisão interior, e prendeu os seus
pés no tronco.
25. E, em torno da meia-noite, Paulo e Silas,
orando, cantavam hinos a Deus. E os deten-
tos os ouviam.
26. E, repentinamente, ocorreu um grande
terremoto, a ponto de serem abalados os
alicerces da prisão. E imediatamente abri-
ram-se todas as portas, e as cadeias de todos
foram desatadas.
27. E, acordando o carcereiro, e vendo as
portas da prisão abertas, sacando sua espada
queria suicidar-se, supondo que os detentos
tivessem fugido.
28. Mas Paulo gritou em alta voz, dizendo:
“Não lhe faça nenhum mal, porque estamos
todos aqui!”
29. E, pedindo luzes, saltou para dentro, e,
tremendo, lançou-se diante de Paulo e Silas.
30. E, conduzindo-os para fora, disse: “Se-
nhores, o que preciso fazer para ser salvo?”
31. E disseram: “Creia no Senhor Jesus Un-
gido e será salvo você, e a sua família”.
32. E anunciaram-lhe a Palavra do Senhor e
a todos os de sua casa.
33. E, recebendo-os naquela mesma hora da
noite, lavou os seus vergões, e em seguida
foram submersos, ele, e todos os seus.
34. E, levando-os para a sua casa, pôs a me-
sa, e rejubilou-se com toda a sua casa, por
ter crido em Deus.
35. E, fazendo-se dia, os capitães enviaram
os sargentos, dizendo: “Podem soltar estes
homens!”
36. E o carcereiro comunicou estas palavras
a Paulo: “Os capitães enviaram comunicado
Atos
de que vocês podem ser liberados: ‘Saiam,
pois, agora e partam em paz!’”
37. Mas Paulo disse-lhes: “Tendo-nos açoi-
tado publicamente, sem julgamento, sendo
cidadãos romanos, lançaram-nos na prisão, e
agora querem nos lançar fora às escondi-
das?! De forma alguma! Que venham pesso-
almente e nos tirem daqui!”
38. E os sargentos comunicaram estas pala-
vras aos capitães. E temeram, ouvindo que
eram romanos.
39. E, vindo, desculparam-se, e, tendo-os
conduzido para fora, pediram que se retiras-
sem da cidade.
40. E, tendo saído da prisão, foram até à casa
de Lídia. E, tendo visto os irmãos, encoraja-
ram-nos e partiram.
17.
1. E, atravessando a Anfípolis e Apolônia,
chegaram a Tessalônica, onde havia uma
sinagoga dos judeus.
2. E Paulo, como de costume, foi ter com
eles. E por três Descansos argumentou com
eles com base nas Escrituras,
3. Esclarecendo e expondo que foi necessá-
rio o Ungido ter sofrido e ter ressuscitado
dos mortos, e que “este Jesus, o qual lhes
anuncio, é o Ungido”.
4. E alguns deles creram, e se juntaram a
Paulo e Silas, e dos gregos reverentes uma
grande multidão, e não poucas das mulheres
influentes.
5. Mas os judeus descrentes, tomados de
inveja, e chamando dos feirantes alguns
homens vis, e juntando uma multidão, cria-
ram um tumulto na cidade. E, assaltando a
casa de Jásono, procuravam trazê-los para
fora, diante do povo.
6. Mas, não tendo-os achado, arrastaram a
Jásono e a alguns irmãos diante dos magis-
trados da cidade, gritando: “Estes que vira-
ram o mundo ao avesso, também chegaram
até aqui!
7. Os mesmos foram hospedados por Jáso-
no. E todos estes são contrários aos decretos
de César, afirmando outro ser rei: Jesus”.
161
Atos
8. E, ouvindo isto, agitaram a multidão e os 20. Porque estranhamos o que você nos traz
magistrados da cidade. aos ouvidos. Queríamos, pois, saber o signi-
9. E, tendo recebido a fiança de Jásono e ficado disto”.
dos outros, soltaram-nos. 21. Ora, os atenienses, e os estrangeiros
10. Mas os irmãos, imediatamente, durante a residentes, não tinham nenhum passatempo
noite, enviaram Paulo e Silas para Beréia. além de contar ou ouvir novidades.
Os quais, chegando, foram para a sinagoga 22. E Paulo, posicionando-se no meio do
dos judeus. Areópago, disse: “Homens atenienses! Ob-
11. Mas estes eram mais nobres que os de servo que em tudo vocês são muito religio-
Tessalônica, os quais receberam a Palavra sos334.
com entusiasmo, examinando diariamente as 23. Porque, andando e observando suas ima-
Escrituras para verificar se os dados corres-gens, encontrei também um altar no qual
pondiam. havia sido inscrito: ‘Deus Desconhecido’.
12. Muitos, de fato, dentre eles, creram, Este mesmo, ao qual vocês reverenciam sem
também mulheres gregas da alta sociedade e conhecer, é o que eu lhes anuncio.
não poucos homens. 24. O Deus que fez o mundo e tudo o que
13. Mas, quando os judeus de Tessalônica nele há, sendo Senhor do céu e da Terra, não
souberam que a Palavra de Deus também reside em templos manualmente construídos,
estava sendo anunciada por Paulo em Beréi- 25. Nem é servido por mãos humanas, como
a, foram até lá incitar as multidões. se precisasse de algo, ele mesmo conceden-
14. E imediatamente os irmãos enviaram a do a todos vida, e respiração e tudo mais.
Paulo como se fosse para o mar. Mas Silas e 26. E de um só sangue fez todas as pessoas
Timóteo permaneceram ali. de todos os povos, para habitarem sobre toda
15. Mas os que acompanhavam a Paulo leva- a face da Terra, determinando os tempos
ram-no até Atenas. E logo regressaram com preestabelecidos e os limites de sua morada,
uma ordem a Silas e Timóteo que fossem o 27. Para que buscassem o Senhor, se de todo,
mais depressa possível encontrar-se com ele. tateando, o encontrassem, embora não esteja
16. Enquanto Paulo, pois, esperava por eles longe de cada um de nós.
em Atenas, irritou-se no seu espírito, vendo 28. Porque nele vivemos, e nos movemos, e
a cidade sendo idólatra. existimos. Como também alguns de seus
17. Argumentava, então, com os judeus na poetas têm dito: ‘Porque também somos de
sinagoga, e com as pessoas devotas, e diari- sua linhagem!’
amente na ágora com os que encontrava. 29. Sendo, pois, da linhagem de Deus, não
18. Mas alguns dos filósofos epicureus e devemos pensar da divindade como sendo
estóicos discutiam com ele. E uns diziam: semelhante a objeto de arte de ouro, ou pra-
“O que este tagarela pretende dizer?”, e ta, ou pedra, cunhado pela imaginação hu-
outros: “Parece ser um arauto de religião mana.
estranha332!” Isto porque lhes anunciava a 30. Tendo Deus, pois, de fato não levado em
Boa Mensagem de Jesus e da ressurreição. conta os tempos da ignorância, agora manda
19. E, conduzindo-o, levaram-no ao Areópa- a todas as pessoas, por toda a parte, a se
go333, dizendo: “Poderíamos saber que nova arrependerem.
doutrina é esta da qual você está falando? 31. Porque estabeleceu um dia no qual há de
julgar o mundo com justiça por meio de um
homem que ele determinou para isto, acredi-
tando-o diante de todos, tendo-o ressuscitado
332
xenwn daimoniwn (zenon daimonion): Demô- dos mortos.”
nios estranhos.
333
Areópago: monte de Marte. Uma elevação
rochosa da cidade de Atenas onde se realiza- 334
Deisidaimonesterouv (deisidaimonesterous):
vam os julgamentos. Tementes aos demônios.
162

32. E, ouvindo da ressurreição dos mortos,
alguns zombavam, e outros diziam: “Ouvi-
remos-lhe novamente a respeito deste assun-
to”.
33. E assim Paulo se retirou do meio deles.
34. Mas alguns homens, crendo, se uniram a
ele. Entre os quais também estava Dionísio,
o areopagita335, e uma mulher chamada Da-
maris, e outros com eles.
18.
1. E, depois disto, partindo Paulo de Ate-
nas, chegou a Corinto.
2. E, encontrando certo judeu chamado
Áqüila, natural de Ponto, recentemente che-
gado da Itália com sua esposa Priscila, por-
que Cláudio havia mandado todos os judeus
se retirarem de Roma, juntou-se a eles.
3. E, sendo que eram da mesma profissão,
morava e trabalhava com eles, porque eram
fabricantes de tendas.
4. E argumentava na sinagoga todo Descan-
so, e persuadia a judeus e gregos.
5. Mas, quando ambos, Silas e Timóteo,
haviam descido da Macedônia, Paulo foi
impelido pelo Espírito, testificando solene-
mente aos judeus ao Ungido Jesus.
6. Mas, opondo-se eles e blasfemando,
tendo sacudido as vestes, disse-lhes: “O seu
sangue recaia sobre a sua cabeça, eu estou
limpo. De agora em diante irei para os po-
vos”.
7. E, retirando-se dali, veio à casa de um
certo Justo, reverente a Deus, cuja casa era
adjacente à sinagoga.
8. Mas Crispo, o presidente da sinagoga,
creu no Senhor com toda a sua casa. E mui-
tos dos coríntios ouvindo, creram e foram
submersos.
9. E o Senhor disse numa visão durante a
noite a Paulo: “Não tema, mas fale, e não se
cale,
10. Porque eu estou com você, e ninguém
encostará a mão em você para lhe maltratar,
335
Αρεοπαγιτης areopagites: membro do tribunal
de justiça que se reunia a céu aberto no Monte
de Marte.
Atos
porque há um grande povo meu nesta cida-
de”.
11. E permaneceu por um ano e seis meses
ensinando entre eles a Palavra de Deus.
12. Mas, sendo Gálio procônsul da Acaia,
levantaram-se os judeus concordemente
contra Paulo, e levaram-no diante do tribu-
nal,
13. Dizendo: “Este persuade as pessoas a
adorarem a Deus de maneira contrária à
Lei”.
14. Mas, querendo Paulo abrir a boca, disse
Gálio aos judeus: “Se fosse alguma injustiça
ou crime violento praticado, ó judeus, tolera-
ria o seu discurso,
15. Mas, já que se trata de questão de pala-
vra, e de nomes, e de sua Lei, resolvam vo-
cês mesmos o caso, porque não desejo ser
juiz destas questões”.
16. E despediu-os do tribunal.
17. E todos os gregos, agarrando a Sóstenes,
o presidente da sinagoga, espancaram-no
diante do tribunal. Mas Gálio não fez ques-
tão do caso.
18. Paulo, porém, tendo permanecido ali
ainda muitos dias, despedindo-se dos ir-
mãos, velejou para a Síria, e com ele Áqüila
e Priscila, tendo raspado a cabeça em Cen-
créia, porque havia feito um voto,
19. E chegou a Éfeso, e deixou-os ali. Mas
ele mesmo, entrando na sinagoga, argumen-
tava com os judeus.
20. E, rogando-lhe que permanecesse com
eles por mais tempo, não o consentiu.
21. Mas despediu-se deles, dizendo: “É ne-
cessário de todos os meios guardar a festa
vindoura em Jerusalém. Mas voltarei a vo-
cês, Deus querendo”. E zarpou de Éfeso.
22. E, tendo desembarcado em Cesaréia, e
subido e saudado a Convocação, desceu para
a Antioquia.
23. E, tendo permanecido ali por algum tem-
po, partiu, atravessando sucessivamente a
região da Galácia e da Frígia, fortalecendo a
todos os discípulos.
24. Mas veio a Éfeso certo judeu chamado
Apolo, alexandrino por nascimento, homem
eloqüente e dinâmico nas Escrituras.
163
Atos
25. O mesmo era instruído no caminho do
Senhor e fervoroso de espírito, falava e ensi-
nava com exatidão a respeito do Senhor,
conhecendo somente a submersão de João.
26. E começou a falar ousadamente na sina-
goga. E, ouvindo-o Áqüila e Priscila, recebe-
ram-no e expuseram-lhe mais precisamente
o caminho de Deus.
27. E, querendo atravessar a Acaia, os ir-
mãos escreveram, aconselhando os discípu-
los a recebê-lo. Quando chegou, ajudou
muito aos que haviam crido, pela graça.
28. Ele convencia veementemente os judeus
publicamente, demonstrando pelas Escritu-
ras que Jesus era o Ungido336.
19.
1. E sucedeu que, enquanto Apolo se en-
contrava em Corinto, Paulo, tendo atraves-
sado as regiões superiores, chegou a Éfeso.
E, encontrando alguns discípulos,
2. Disse-lhes: “Vocês receberam o Espírito
Santo quando creram?” E disseram-lhe:
“Nem sequer ouvimos da existência do Espí-
rito Santo”.
3. Perguntou-lhes, então: “Em quem então
foram submersos?” Eles disseram: “Na
submersão de João”.
4. E Paulo disse: “João de fato submergiu a
submersão de arrependimento, dizendo ao
povo que cresse naquele que viria depois
dele, isto é, no Ungido Jesus”.
5. E, ouvindo-o, foram submersos no nome
do Senhor Jesus.
6. E, tendo Paulo imposto-lhes as mãos,
sobreveio-lhes o Espírito Santo, e falavam
em línguas e profetizavam.
7. E eram ao todo em torno de doze ho-
mens.
8. E, entrando na sinagoga, falava ousada-
mente durante três meses, argumentando e
persuadindo sobre fatos relacionados ao
Reino de Deus.
9. Mas, quando alguns se endureceram e
descreram, falando mal do Caminho diante
da multidão, retirando-se deles, separou os
336
Ungido
164
discípulos, disputando diariamente na escola
de um certo Tirano.
10. E fez isto por dois anos, de maneira que
todos os que habitavam na Ásia ouviram a
Palavra do Senhor Jesus, tanto judeus quanto
gregos.
11. E Deus operou prodígios extraordinários
por intermédio das mãos de Paulo,
12. A ponto de aos doentes serem levados
seus lenços ou aventais pessoais, e as doen-
ças se retiravam deles, e os espíritos malig-
nos saíam deles.
13. Mas, certos judeus viajantes, exorcistas,
decidiram invocar o nome do Senhor Jesus
sobre os que tinham espíritos malignos,
dizendo: “Esconjuramo-lhes pelo Jesus que
Paulo proclama”.
14. E havia estes sete filhos do arqui-
sacerdote Sceva, judeu, que assim procedi-
am.
15. Mas o espírito maligno disse: “Conheço
a Jesus, e sei quem é Paulo, mas vocês quem
são?”
16. E, saltando para cima deles, o homem no
qual estava o espírito maligno, e dominando-
os, subjugou-os, de maneira que fugiram nus
e feridos daquela casa.
17. E isto se tornou conhecido por todos os
moradores de Éfeso, tanto judeus quanto
gregos, e sobreveio temor sobre todos eles, e
o nome do Senhor Jesus era enaltecido.
18. E, muitos dos que criam, vieram confes-
sando e expondo suas práticas.
19. E muitos daqueles que praticavam a
bruxaria, trazendo os livros, queimaram-nos
diante de todos. E somaram o valor dos
mesmos, chegando a cinqüenta mil moedas
de prata337.
20. Assim, poderosamente, a Palavra do
Senhor crescia e prevalecia.
21. E após estes acontecimentos, tendo atra-
vessado a Macedônia e a Acaia, Paulo deci-
diu, no seu espírito, ir para Jerusalém, di-
337
Argurion: provavelmente o valor equivalente a
um sheqel (siclo) que seriam 11,4 g de prata;
5.520 kg de prata o total. Veja o valor do grama
da prata no jornal e faça o cálculo.

zendo: “Após ter passado por lá, é necessá-
rio ver também a Roma”.
22. E, tendo enviado à Macedônia dois dos
que o serviam, Timóteo e Erasto, ele perma-
neceu por algum tempo na Ásia.
23. E ocorreu um não pequeno tumulto nesta
época a respeito do Caminho.
24. Porque certo ourives, chamado Demé-
trio, fabricando nichos de prata de Artemi-
sa338, dava não pouco lucro aos artífices.
25. O qual, reunindo os artífices do ramo,
disse: “Homens, vocês sabem que desta arte
depende a nossa sobrevivência,
26. E vocês percebem e ouvem que não so-
mente em Éfeso, mas em quase toda a Ásia,
este Paulo tem persuadido e convertido uma
grande multidão, dizendo que não são deu-
ses aqueles feitos por mãos.
27. Não somente o nosso ofício está sendo
colocado em risco de cair em descrédito,
mas também o templo da grande deusa Ar-
temisa de ser considerado nada, e como
conseqüência seja destruída a majestade
daquela que a Ásia toda e o mundo vene-
ram”.
28. Ouvindo, porém, isto, e enchendo-se de
furor, gritavam, dizendo: “Grande é a Arte-
misa dos efésios!”
29. E houve um grande tumulto na cidade, e
todos concordemente correram para o teatro,
arrastando consigo a Gaio e Aristarco, ma-
cedônios, companheiros de viagem de Paulo.
30. Mas Paulo, intencionando entrar para o
povo, os discípulos não o deixaram.
31. E também alguns dos asiarcas339, sendo
seus amigos, deixaram avisá-lo, e o aconse-
lharam a não arriscar-se a entrar no teatro.
32. Uns gritavam uma coisa, outros outra,
porque a assembléia estava em tumulto, e a
maioria nem sequer sabia a razão de estarem
amotinados.
33. Mas do meio da multidão arrastaram
para a frente a Alexandre, empurrando-o
para a frente os judeus. E Alexandre, ace-
338
Artemisa: era a deusa de muitos asiáticos.
339
Asiarchv (Asiarches): sacerdote eleito dentre
o povo para presidir o evento esportivo religio-
so anual.
Atos
nando com a mão, queria defender-se diante
do povo.
34. Mas, reconhecendo-o como sendo judeu,
houve um grito de todos por em torno de
duas horas: “Grande é a Artemisa dos efé-
sios!”
35. Tendo, então, o secretário da cidade a-
calmado a multidão, disse: “Homens efésios!
Por acaso existe uma única pessoa que não
saiba que a cidade dos efésios é a guardiã da
grande deusa Artemisa que caiu de Zeus340?
36. Sendo isto inegável, é necessário que se
acalmem, e não ajam irrefletidamente.
37. Porque estes homens, que vocês apresen-
taram, não são nem sacrílegos, nem blasfe-
mam sua deusa.
38. Mas, se de fato Demétrio e os seus artífi-
ces tiverem algo contra alguém, temos tribu-
nais e procônsules, diante dos quais podem
se processar mutuamente.
39. Mas, se houver demandas referentes a
outras questões, serão resolvidas diante da
legítima assembléia.
40. Porque corremos o risco de sermos acu-
sados de insurreição, pelos acontecimentos
do dia, por não haver uma única razão a
apresentar que justifique este tumulto”.
41. Tendo proferido estas palavras, despediu
a convocação.
20 .
1. Mas, após ter cessado o tumulto, cha-
mando Paulo os discípulos, e, abraçando-os,
saiu para partir para a Macedônia.
2. E, tendo passado por aquelas regiões, e
motivando-os com muitas palavras, chegou à
Grécia.
3. E, tendo permanecido ali por três meses,
e, tendo os judeus feito um complô, estando
ele prestes a velejar para a Síria, decidiu
retornar pela Macedônia.
4. E acompanharam-no até à Ásia: O berei-
ano Sópatro; os tessalonicenses Aristarco e
Segundo; e o derbense Gaio, e Timóteo; e os
asiáticos Tíquico e Trófimo.
340
Zeus: o planeta júpiter, um dos deuses gregos.
165
Atos
5. Tendo estes nos precedido, esperaram
por nós em Trôade.
6. E nós velejamos de Filipos, depois dos
dias dos pães ázimos, e encontramo-los em
Trôade após cinco dias, onde permanecemos
por sete dias.
7. E, no primeiro dia da semana, tendo-se
reunido os discípulos para partir pão, Paulo
discursava para eles, pronto para partir no
dia seguinte. E prolongou a pregação até à
meia-noite.
8. E havia muitas lamparinas na sala supe-
rior onde estávamos reunidos.
9. E havia um jovem, chamado Êutico,
sentado na janela, vencido por um sono pro-
fundo, e, sendo demorada a pregação de
Paulo, tendo sido vencido pelo sono, caiu do
terceiro andar, e foi levantado morto.
10. E Paulo, descendo, agarrou-o, e debru-
çou-se sobre ele, e disse: “Não façam ne-
nhum escândalo, porque sua alma ainda está
nele!”
11. E, tendo subido e partido o pão, e tendo-
se alimentado, e tendo conversado muito, até
ao amanhecer, assim partiu.
12. E trouxeram o jovem vivo, e ficaram não
pouco confortados.
13. Mas nós, indo na frente até o navio, vele-
jamos para Assôs, onde receberíamos a Pau-
lo, porque assim havia ordenado, querendo
ele mesmo ir a pé.
14. E quando nos encontrou em Assôs, ten-
do-o recebido, chegamos a Mitilene.
15. E de lá, velejando, chegamos no dia se-
guinte diante de Quios, e no outro chegamos
a Samos. E, tendo permanecido em Trogílio,
chegamos no dia seguinte a Mileto.
16. Porque Paulo havia decidido velejar ao
largo de Éfeso, porque não queria gastar
tempo na Ásia. Apressava-se para, se possí-
vel, estar em Jerusalém no dia de Pentecos-
tes.
17. E de Mileto enviou para Éfeso chamar os
anciãos da Convocação.
18. E, quando chegaram, disse-lhes: “Vocês
sabem, desde o primeiro dia em que cheguei
à Ásia, qual foi a minha conduta entre vocês
o tempo todo,
166
19. Servindo ao Senhor com toda a humilda-
de, e muitas lágrimas, e provações, que me
ocorreram pelos complôs dos judeus.
20. Como não lhes retive nada de proveitoso,
de maneira a deixar de anunciar-lhes, e de
ensinar-lhes publicamente, e nas casas.
21. Solenemente testificando a ambos, ju-
deus e gregos, arrependimento para com
Deus, e fé no nosso Senhor Jesus Ungido.
22. E eis que agora estou indo para Jerusa-
lém, unido no Espírito, não sabendo o que
me sobrevirá,
23. Salvo que o Espírito Santo seriamente
testifica em toda cidade, dizendo que cadeias
e tribulações me aguardam.
24. Mas não faço caso disto tudo, nem valo-
rizo minha vida para mim mesmo, para con-
cluir com alegria o meu percurso, e o minis-
tério recebido do Senhor Jesus, de solene-
mente testificar a Boa Mensagem da graça
de Deus.
25. E agora, eis que sei que todos vocês não
mais verão a minha face, entre os quais te-
nho andado proclamando o Reino de Deus.
26. Razão porquê lhes testifico neste dia que
estou livre do sangue de todos,
27. Porque não me esquivei de lhes anunciar
todo o conselho de Deus.
28. Tenham cuidado, pois, de vocês mesmos,
e de todo o rebanho, sobre o qual foram
constituídos pelo Espírito Santo como su-
pervisores, para apascentarem a Convocação
de Deus, a qual ele comprou com o seu pró-
prio sangue.
29. Bem sei que, após a minha partida, virão
lobos vorazes entre vocês, que não pouparão
o rebanho.
30. E dentre vocês mesmos surgirão homens
que falarão perversidades, para arrastar os
discípulos atrás deles.
31. Vigiem, pois, lembrando-se de que du-
rante três anos não deixei de alertar a cada
um de vocês noite e dia com lágrimas.
32. E agora, irmãos, recomendo-lhes a Deus,
e à Palavra de sua graça, o qual é poderoso
para edificar-lhes e dar-lhes herança entre
todos os santificados.
33. Não cobicei nem prata, nem ouro ou
vestimenta de ninguém de vocês.

34. Mas vocês mesmos sabem que estas
mãos ministraram para as necessidades mi-
nhas e daqueles que estavam comigo.
35. Em tudo lhes tenho mostrado que, assim
trabalhando, convém sustentar os necessita-
dos e de lembrar-se das palavras que o pró-
prio Senhor Jesus disse: ‘Mais bem-
aventurado é dar do que receber’341.”
36. E, tendo dito isto, dobrando seus joelhos,
orou com todos eles.
37. E todos choraram muito, e, lançando-se
ao pescoço de Paulo, carinhosamente o bei-
javam.
38. Sobretudo entristecidos pela palavra que
dissera, de que não mais veriam a sua face.
E acompanharam-no ao navio.
21.
1. E, partindo deles, aconteceu que, vele-
jando em curso reto, chegamos a Cós, e no
dia seguinte a Rodes, e de lá a Pátara.
2. E, encontrando um navio cruzando para a
Fenícia, embarcamos e velejamos.
3. E, avistando a Chipre, deixando-a à es-
querda, velejamos para a Síria e chegamos a
Tiro, porque o navio descarregaria sua mer-
cadoria ali.
4. E, tendo encontrado os discípulos, per-
manecemos ali por sete dias. Os mesmos
alertavam a Paulo, pelo Espírito, para que
não subisse para Jerusalém.
5. E, tendo-se completado os dias, deixa-
mos o lugar e continuamos a viagem, acom-
panhando-nos todos, com esposas e filhos,
até aos limites da cidade. E, tendo-nos ajoe-
lhado na praia, oramos.
6. E, despedindo-nos uns dos outros, subi-
mos ao navio, e eles retornaram aos seus.
7. E, concluindo a viagem, de Tiro chega-
mos a Ptolemaida. E, saudando os irmãos,
permanecemos um dia com eles.
8. E, no dia seguinte, Paulo e seus compa-
nheiros partiram e chegaram a Cesaréia. E,
entrando na casa de Filipe, o evangelista,
que era um dos Sete, hospedamo-nos com
ele.
341
Palavras não registradas nos evangelhos.
Atos
9. Ora, o mesmo tinha quatro filhas virgens
que profetizavam.
10. E, demorando-nos ali por muitos dias,
desceu um profeta da Judéia, chamado Ága-
bo.
11. E, vindo ter conosco, e pegando o cinto
de Paulo, e amarrando tanto suas próprias
mãos quanto os pés, disse: “Assim diz o
Espírito Santo: ‘O homem ao qual pertence
este cinto, assim será amarrado em Jerusa-
lém, pelos judeus, e será entregue nas mãos
dos povos’.”
12. Ao ouvi-lo, tanto nós quanto os do lugar,
imploramos para que ele não subisse para
Jerusalém.
13. Mas Paulo respondeu: “Por que vocês
choram e quebrantam o meu coração? Por-
que estou disposto a não somente ser preso,
mas também a ser morto em Jerusalém pelo
nome do Senhor Jesus.”
14. Não deixando-se convencer, permane-
cemos calados, dizendo: “Faça-se a vontade
do Senhor!”
15. E depois destes dias, tendo arrumado as
malas, subimos para Jerusalém.
16. E alguns dos discípulos da Cesaréia tam-
bém nos acompanharam, levando consigo
um discípulo idoso, Mnason, cipriota, com o
qual ficaríamos hospedados.
17. E, chegando a Jerusalém, os irmãos nos
receberam prazerosamente.
18. E no dia seguinte Paulo foi conosco até
Tiago, e todos os anciãos estavam presentes.
19. E, tendo-os cumprimentado, relatou-lhes
detalhadamente o que Deus operara entre os
povos por meio de seu ministério.
20. Ouvindo-o eles, glorificaram ao Senhor.
E disseram-lhe: “Você vê, irmão, os milha-
res de judeus que têm crido, e todos são
zelosos da Lei.
21. E foram informados a seu respeito, que
você ensina a apostasia342 de Moisés a todos
342
Αποστασιαν (apostasia): palavra usada duas
vezes no NT. A outra ocorrência encontramos
em II Tessalonicenses 2:3. No grego clássico
significava a revolta contra um comandante mi-
litar. No sentido Bíblico pode significar o aban-
dono intelectual ou volitivo das doutrinas ou
também o abandono da prática dos preceitos
167
Atos
os judeus que estão entre os povos e, dizen-
do que não circuncidem seus filhos, nem
andem nos costumes.
22. O que faremos pois? Com certeza uma
multidão se reunirá, porque ouvirão que
você chegou.
23. Faça, pois, o seguinte que lhe diremos:
Há entre nós quatro homens tendo um voto
sobre si.
24. Junte-se a eles, e santifique-se com eles,
e assuma as suas despesas para que raspem a
cabeça, para que todos tomem conhecimento
que aquilo que lhes foi dito a seu respeito
não corresponde. Mas que você também
anda corretamente, guardando a Lei.
25. Mas, quanto aos que creram dentre os
povos, escrevemo-lhes, julgando não ser-
lhes necessário observar nada disso, a não
ser guardar-se do sacrificado aos ídolos, do
sangue, do estrangulado e do sexo ilícito.”
26. Paulo, então, tomando consigo os ho-
mens, no dia seguinte, santificou-se com
eles, entrou no Templo, indicando com isso
o cumprimento dos dias da purificação, até
que fosse realizado o sacrifício por cada um
deles.
27. Mas, quando os sete dias estavam para se
cumprir, os judeus da Ásia, tendo-o visto no
Templo, incitaram a multidão, e agarrando-
o,
28. Gritaram: “Homens israelitas, socorro!
Este é o homem que ensina a todos em todos
os lugares contra o povo, contra a Lei, e
contra este Lugar, e além disso levou gregos
para dentro do Templo, e profanou este san-
to Lugar”.
29. Porque haviam visto anteriormente a
Trófimo, um efésio, na cidade com ele, su-
pondo que Paulo o tivesse levado para den-
tro do Templo.
30. E toda a cidade ficou agitada, e houve
uma afluência de pessoas. E, tendo agarrado
morais Bíblicos. A palavra paralela αποστάσιον
(apostasion) é encontrada três vezes no NT (Ma-
teus 5:31, Mateus 19:7, Marcos 10:4) signifi-
cando uma Carta de Divórcio. A palavra sempre
é usada numa conotação negativa.
168
a Paulo, arrastaram-no para fora do Templo,
e imediatamente fecharam-se as portas.
31. Mas, procurando matá-lo, o quiliarco343
da coorte foi informado que Jerusalém intei-
ra estava alvoroçada.
32. O qual, imediatamente, levando consigo
soldados e centuriões, correu para o meio
deles. E eles, vendo o quiliarco e os solda-
dos, pararam de espancar a Paulo.
33. Aproximando-se, então, o quiliarco, o
deteve, e ordenou que fosse manietado com
duas correntes, e se informou a seu respeito
quem era e o que havia feito.
34. Mas uns do meio da multidão gritavam
uma coisa, outros outra. Não podendo confi-
ar no que se dizia, devido ao tumulto, orde-
nou que fosse levado para a fortaleza.
35. Mas, chegando aos degraus, aconteceu
tornar-se necessário ser carregado pelos
soldados, devido à violência da multidão.
36. Porque a multidão do povo seguia gri-
tando: “Fora com ele!”
37. Prestes a ser levado para dentro do caste-
lo, Paulo diz ao quiliarco: “Posso dizer-lhe
algo?” E ele disse: “Você entende grego?
38. Você não é aquele egípcio que uns dias
atrás fez um tumulto e conduziu ao deserto
quatro mil homens assassinos?”
39. Mas Paulo disse: “Na verdade sou ho-
mem judeu, cidadão de Tarso, da Cilícia,
cidade não insignificante, e peço-lhe que me
permita falar ao povo”.
40. Autorizando-o, Paulo, parado nos de-
graus, fez um sinal ao povo com a mão. E
houve grande silêncio. E falou-lhes na lín-
gua hebraica, dizendo:
22.
1. “Homens irmãos e pais, ouçam agora
minha defesa diante de vocês.”
2. Ouvindo que lhes falava no dialeto he-
braico, silenciaram-se mais ainda. E expõe:
343
Ciliarcw (quiliarco): na antiga Grécia o
responsável por uma quiliarquia, que era uma
formação de 1.024 homens, novamente subdi-
vidida em grupos menores.

3. “De fato sou judeu, nascido em Tarso da
Cilícia, mas educado nesta cidade aos pés de
Gamaliel, tendo sido instruído segundo a
exatidão da Lei paterna, sendo zeloso por
Deus, assim como todos vocês o são neste
dia,
4. Tendo perseguido este Caminho até à
morte, prendendo e entregando às prisões,
tanto homens quanto mulheres.
5. Como também o arqui-sacerdote testifica
de mim, e todo o conselho de anciãos. Dos
quais também, tendo recebido cartas dirigi-
das aos irmãos, fui para Damasco, para tra-
zer também presos para Jerusalém os que lá
se encontravam, a fim de que fossem puni-
dos.
6. E aconteceu que, enquanto viajava e me
aproximava de Damasco, em torno de meio-
dia, repentinamente brilhou uma forte luz do
céu ao meu redor.
7. E caí no chão, e ouvi uma voz dizendo-
me: ‘Saulo, Saulo, por que me persegue?’
8. E eu respondi: ‘Quem é o Senhor?’ E ele
disse-me: ‘Eu sou Jesus, o Nazareno, a quem
você persegue’.
9. Mas os que estavam comigo viram de
fato a luz, e ficaram atemorizados, mas não
entenderam a voz daquele que falava comi-
go.
10. E disse: ‘O que farei, Senhor?’ E o Se-
nhor me disse: ‘Levantando-se, vá para Da-
masco, e lá lhe será dito tudo que lhe foi
determinado a fazer’.
11. E, como eu não enxergava, devido ao
resplendor daquela luz, sendo conduzido
pela mão dos que estavam comigo, cheguei a
Damasco.
12. E certo Ananias, homem piedoso de
acordo com a Lei, tendo um bom testemu-
nho de todos os judeus residentes,
13. Dirigiu-se a mim, e, parado do meu lado,
me disse: ‘Irmão Saulo, recobre sua visão!’
No mesmo instante olhei para ele.
14. E ele disse: ‘O Deus de nossos pais lhe
pré-designou para conhecer a sua vontade,
ver o Justo e ouvir uma voz de sua boca.
15. Porque você será sua testemunha para
com todas as pessoas daquilo que você tem
visto e ouvido.
Atos
16. E agora, por que está demorando? Le-
vante-se e seja submerso, e lave os seus
pecados, invocando o nome do Senhor’.
17. E aconteceu que, retornando para Jerusa-
lém e orando no Templo, caí num êxtase.
18. E vi aquele que me dizia: ‘Apresse-se e
abandone rapidamente a Jerusalém, porque
não aceitarão o seu testemunho a meu res-
peito’.
19. E eu disse: ‘Senhor, eles mesmos sabem
que eu aprisionava e açoitava em todas as
sinagogas aqueles que criam no Senhor!
20. E quando se derramava o sangue de sua
testemunha Estêvão, eu também estava pre-
sente e consentia com a sua execução, guar-
dando os trajes daqueles que o matavam’.
21. E ele me disse: ‘Vá, porque lhe enviarei
a povos distantes!’.”
22. E ouviram-no até esta palavra, e levanta-
ram suas vozes, dizendo: “Fora com este da
Terra! Porque não merece viver!”
23. E gritando, e atirando suas vestes, e lan-
çando poeira ao ar,
24. O quiliarco ordenou que fosse recolhido
à fortaleza, ordenando que fosse interrogado
sob açoites, para saber a razão porquê assim
gritavam contra ele.
25. E quando o estendia com as correias,
Paulo disse ao centurião que estava presente:
“É-lhes permitido açoitar um cidadão roma-
no sem ter sido condenado?”
26. Mas ouvindo isto, o centurião foi e rela-
tou-o ao quiliarco, dizendo: “Vê o que está
por fazer, porque este homem é romano.”
27. E, aproximando-se o quiliarco, disse-lhe:
“Dize-me, és tu romano?” E ele disse:
“Sim!”.
28. E o quiliarco respondeu: “Eu comprei
esta cidadania por uma soma elevada”. E
Paulo disse: “Mas eu a tenho por nascimen-
to”.
29. Logo, pois, o deixaram os que estavam
por interrogá-lo, e também o quiliarco ficou
amedrontado, tendo sido informado de que
era romano, visto que o havia manietado.
30. E, no dia seguinte, desejando ter certeza
da razão porquê estava sendo acusado pelos
judeus, soltou-o das correntes e ordenou que
viessem os arqui-sacerdotes e todo o seu
169
Atos
Sinédrio. E, conduzindo a Paulo, apresentou- 11. Mas, na noite seguinte, o Senhor, ficando
o diante deles. do seu lado, disse: “Tenha coragem, Paulo!
Porque assim como você plenamente testifi-
23. cou a meu respeito em Jerusalém, assim é
preciso que também testifique em Roma”.
1. Olhando Paulo atentamente para o Siné- 12. E, fazendo-se dia, alguns judeus fizeram
drio, disse: “Homens irmãos, em tudo tenho um pacto, colocando-se sob juramento de
me conduzido diante de Deus com boa cons- maldição, declarando que nem comeriam
ciência até ao presente dia”. nem beberiam até que tivessem matado a
2. Mas o arqui-sacerdote Ananias mandou Paulo.
aos que estavam próximos dele a feri-lo na 13. E eram mais de quarenta os que fizeram
sua boca. esta conjuração.
3. Paulo então disse-lhe: “Deus está para 14. Os quais, chegando aos arqui-sacerdotes
lhe ferir, parede caiada! Deveras você está e anciãos, disseram: “Com maldição divina
assentado para julgar-me de acordo com a nos obrigamos a não provar nada até que
Lei, e contrário à Lei manda ferir-me?!” matemos a Paulo.
4. Os que estavam próximos disseram: 15. Dirijam, pois, uma petição do Sinédrio
“Você insulta o arqui-sacerdote de Deus?!” ao quiliarco, a fim de amanhã levá-lo para
5. E Paulo disse: “Eu não percebi que ele é vocês, como se desejassem interrogá-lo mais
o arqui-sacerdote. Porque tem sido escrito: acuradamente sobre as questões relacionadas
‘De um governante do povo você não falará a ele, e nós, antes de chegar ao destino, esta-
mal’344.” remos prontos para matá-lo”.
6. Mas Paulo, tomando conhecimento de 16. Mas um filho da irmã de Paulo, ouvindo
que uma parte consistia de saduceus e a da emboscada, apresentou-se, e entrou na
outra de fariseus, clamou no Sinédrio: “Ho- fortaleza e informou a Paulo.
mens irmãos, eu sou fariseu, filho de fariseu, 17. Chamando Paulo um dos centuriões,
e devido à esperança da ressurreição dos disse: “Leve este jovem ao quiliarco, porque
mortos estou sendo julgado!”. tem algo a comunicar-lhe”.
7. E, tendo dito isto, houve um cisma entre 18. Levando-o, pois, de fato ao quiliarco,
os fariseus e os saduceus, e a multidão se disse: “O detento Paulo, chamando-me,
dividiu. pediu para que lhe trouxesse este jovem,
8. Porque os saduceus de fato dizem não tendo algo a comunicar-lhe”.
haver ressurreição, nem anjo, nem espírito, 19. E o quiliarco, segurando-o pela mão,
mas os fariseus confessam a existência de levando-o para o lado, em particular, per-
todos. guntou: “O que é que você tem a dizer?”
9. E houve grande discussão. E, levantan- 20. E ele disse: “Os judeus concordaram em
do-se os escribas por parte dos fariseus, pedir-lhe que amanhã o senhor leve a Paulo
contendiam, dizendo: “Não encontramos para o Sinédrio, como se desejassem inter-
nenhum mal neste homem. E, se algum espí- rogar algo mais acuradamente a respeito
rito ou anjo falou com ele, não lutemos con- dele.
tra Deus”. 21. Mas não se deixe convencer por eles,
10. E surgiu uma grande confusão, temendo porque mais de quarenta homens prepararam
o quiliarco que Paulo fosse por eles estraça- uma emboscada contra ele, colocando-se sob
lhado, ordenou que a tropa descesse para juramento de maldição, de nem comer nem
pegá-lo à força do seu meio, e o levasse para beber, até terem-no matado. E agora só estão
a fortaleza. aguardando a sua autorização”.
22. O quiliarco, pois, despediu o jovem,
ordenando-lhe: “Não conte a ninguém que
você me informou disto!”
344
Êxodo 22:28
170

23. E, chamando dois dos centuriões, disse:
“Preparem duzentos soldados, setenta cava-
leiros, e duzentos lanceiros, para irem para a
Cesaréia às nove horas da noite,
24. E providenciem animais, para montar
neles a Paulo, para levarem-no em segurança
ao governador Félix”.
25. E escreveu uma carta com os seguintes
dizeres:
26. “Cláudio Lísias, ao excelentíssimo go-
vernador Félix, saudações!
27. Tendo este homem sido agarrado pelos
judeus, e estando prestes a ser morto por
eles, intervim rapidamente com a tropa,
resgatando-o, ouvindo que era romano.
28. E, desejando tomar conhecimento da
causa pela qual o acusavam, levei-o ao Siné-
drio deles.
29. Do qual descobri de ser acusado referen-
te a questões de sua Lei, mas não tendo co-
metido nenhum crime que merecesse a mor-
te ou prisão.
30. Sendo-me confidenciado o plano de uma
emboscada contra este homem, prestes a ser
executada pelos judeus, imediatamente envi-
ei-o a Vossa Excelência, tendo avisado tam-
bém os acusadores de apresentarem seus
argumentos diante de Vossa Excelência.
Felicitações!”
31. Os soldados, pois, de acordo com as
ordens recebidas, tomando a Paulo, levaram-
no de noite a Antipátride.
32. E, no dia seguinte, deixando os cavalei-
ros acompanhá-lo, retornaram para a fortale-
za.
33. Os quais, entrando em Cesaréia, e entre-
gando a carta ao governador, apresentaram-
lhe também a Paulo.
34. Lendo-a o governador, perguntou de que
província ele era, e, ouvindo que era da Cilí-
cia, disse:
35. “Ouvirei os detalhes quando também os
seus acusadores tiverem chegado”. E orde-
nou que fosse mantido no pretório de Hero-
des.
Atos
24.
1. E, após cinco dias, desceu o arqui-
sacerdote Ananias com os anciãos, e um
certo orador, Tértulo, que apresentaram acu-
sação diante do governador contra Paulo.
2. E, sendo chamado, Tértulo começou a
acusar, dizendo: “Sendo que através de Vos-
sa Excelência temos experimentado grande
paz, e tendo sido tomadas excelentes medi-
das a favor desta nação por intermédio de
sua providência,
3. Sempre e por toda a parte o reconhece-
mos, excelentíssimo Félix, com toda a grati-
dão.
4. Mas, para não importuná-lo demasiada-
mente, solicito dar-nos ouvidos resumida-
mente na sua benevolência.
5. Porque verificamos que este homem é
uma praga, e promovendo insurreições entre
todos os judeus, por todo o mundo, vanguar-
da da seita dos nazarenos,
6. O qual também procurou profanar o
Templo, o qual prendemos, e queríamos
julgar de acordo com a nossa Lei.
7. Mas, intervindo o quiliarco Lísias, com
grande violência tirou-o das nossas mãos.
8. Mandando os seus acusadores a virem a
Vossa Excelência, baseado no que poderá
fazer um julgamento próprio, após ter exa-
minado o caso, para tomar conhecimento da
razão de que nós o acusamos”.
9. E os judeus também concordaram que
isto era de fato assim.
10. Paulo, porém, respondeu, o governador
sinalizando com a mão para que falasse:
“Ciente que durante muitos anos Vossa Ex-
celência tem sido juiz deste povo, faço a
minha defesa com satisfação.
11. Podendo Vossa Excelência saber que não
passam de doze dias desde que subi a Jerusa-
lém para adorar,
12. Não puderam encontrar-me discutindo
com alguém no Templo, nem incitando a
multidão, nem nas sinagogas, nem na cida-
de.
13. Nem tampouco podem provar aquilo de
que agora me acusam.
171
Atos
14. Mas confesso-lhe o seguinte, que segun-
do o Caminho, que eles chamam de seita,
assim sirvo ao Deus paterno, crendo em tudo
que tem sido escrito na Lei e nos Profetas.
15. Tendo esperança em Deus, a qual eles
mesmos também aguardam, que haverá a
ressurreição dos mortos, tanto dos justos
quanto dos injustos.
16. Nisto também me esforço de sempre ter
uma consciência sem ofensa para com Deus
e para com as pessoas.
17. E, após muitos anos, vim trazer caridades
e ofertas para o meu povo.
18. Ao fazê-las, encontraram-me certos ju-
deus da Ásia, purificado no Templo, não
num ajuntamento, nem no meio dum tumul-
to.
19. São eles que devem comparecer diante
de Vossa Excelência e acusar, caso tiverem
algo contra mim!
20. Ou também estes mesmos digam se en-
contraram alguma injustiça em mim, quando
estive diante do sinédrio.
21. A não ser devido a esta uma afirmação
que clamei, estando no meio deles: ‘Devido
à esperança da ressurreição dos mortos estou
sendo julgado por vocês neste dia!’.”
22. E, ouvindo Félix isto, postergou a deci-
são, querendo saber com mais precisão as
questões relacionadas ao Caminho, dizendo:
“Quando o quiliarco Lísias tiver descido,
examinarei com maior exatidão a sua cau-
sa”.
23. Ordenando ao centurião que afrouxasse a
guarda de Paulo, e não impedisse que nin-
guém dos seus lhe prestasse assistência ou
visitasse.
24. E, após alguns dias, vindo Félix com sua
esposa Drusila, que era judia, mandou cha-
mar a Paulo, e ouviu-o a respeito da fé no
Ungido.
25. E, discursando sobre a justiça, o autocon-
trole, e o juízo vindouro, Félix, ficando a-
medrontado, disse: “Por agora está despedi-
do. Surgindo nova oportunidade mandarei
chamar-lhe”.
26. Além disso, esperando que lhe fosse
dado dinheiro por Paulo, para que o soltasse,
172
mandava chamá-lo mais freqüentemente e
conversava com ele.
27. Mas, completando-se dois anos, Pórcio
Festo tornou-se sucessor de Félix. Esperando
alcançar favores dos judeus, Félix manteve
Paulo preso.
25.
1. Tendo Festo, pois, vindo para a provín-
cia, após três dias subiu da Cesaréia para
Jerusalém.
2. Logo o arqui-sacerdote e os principais
judeus apresentaram-lhe o caso contra Paulo,
e solicitaram-lhe,
3. Pedindo um favor dele, que o enviasse
para Jerusalém, preparando eles uma embos-
cada para matá-lo no caminho.
4. Mas Festo respondeu que Paulo deveria
ser mantido em Cesaréia, e que ele mesmo
viajaria em breve.
5. “Aqueles dentre vocês que puderem
descer junto”, disse ele, “se tem algo contra
este homem, que o acusem”.
6. E, tendo estado com eles por mais de dez
dias, descendo para a Cesaréia, assentado-se,
no dia seguinte, no tribunal, ordenou que
Paulo fosse trazido.
7. E, tendo ele vindo, rodearam-no os ju-
deus que haviam descido de Jerusalém, tra-
zendo muitas e graves acusações contra
Paulo, as quais não podiam provar.
8. Defendendo-se, disse: “Em nada pequei,
nem contra a Lei dos judeus, nem contra o
Templo, nem contra César”.
9. Mas Festo, querendo conquistar o favor
dos judeus, respondendo a Paulo, disse:
“Você está disposto a subir para Jerusalém e
por mim ser julgado a respeito destas ques-
tões?”
10. Mas Paulo disse: “Estou parado diante
do tribunal de César, onde devo ser julgado.
Não cometi injustiça aos judeus, como Vos-
sa Excelência o sabe muito bem.
11. Se de fato estou procedendo injustamente
e tenho feito algo que mereça a morte, não
me recusarei a morrer. Mas se nada daquilo
de que me acusam for verdadeiro, ninguém
pode entregar-me a eles. Apelo para César!”

12. Então Festo, tendo conferenciado com o
Conselho, respondeu: “Apelou para César,
para César irá!”
13. E, após alguns dias, o rei Agripa e Bere-
nice desceram para Cesaréia, para cumpri-
mentar a Festo.
14. E, sendo que permaneceram ali por mui-
tos dias, Festo expôs ao rei as questões a
respeito de Paulo, dizendo: “Tem um certo
homem mantido preso por Félix,
15. Referente ao qual, na minha estada em
Jerusalém, os arqui-sacerdotes e os anciãos
dos judeus fizeram uma representação, pe-
dindo que fosse executado.
16. Aos quais respondi: ‘Não é costume dos
romanos condenar qualquer pessoa à morte,
antes de ter sido acusada face a face pelos
acusadores, e ter tido uma oportunidade de
defesa quanto à acusação’.
17. Tendo, pois, eles se reunido aqui, sem
demora, no dia seguinte, assentando-me no
tribunal, ordenei que fosse trazido o homem.
18. A respeito do qual, levantando-se os
acusadores, não apresentaram nenhuma das
acusações que eu imaginava,
19. Mas contra ele tinham somente questões
relacionadas à sua religião345, e referente a
um certo Jesus, morto, que Paulo afirmava
estar vivo.
20. Sem saber o que fazer diante desta con-
trovérsia, perguntei se estaria disposto a ir
para Jerusalém e lá ser julgado por estas
questões.
21. Mas Paulo, apelando para ser submetido
à audiência de Augusto, ordenei que fosse
mantido até que pudesse enviá-lo para Cé-
sar”.
22. Agripa disse então a Festo: “Eu também
gostaria de ouvir ao homem”. E ele respon-
deu: “Amanhã Vossa Majestade o ouvirá!”
23. No dia seguinte, pois, vindo Agripa e
Berenice, com grande pompa, e entrando na
sala de audiência, com os quiliarcos e os
345
deisidaimoniav (deisidaimoniav): literalmen-
te significa “adoração a demônios”, mas Josefo
usa a palavra no sentido de “religião”, referin-
do-se tanto às religiões não-judaicas (Antiq. lib.
xix. cap. 5. s. 3) quanto à judaica (como em
Antiq. lib. xiv. cap. 10, s. 13, 14, 16, 18, 19).
Atos
homens ilustres da cidade, e por ordem de
Festo, foi trazido Paulo.
24. E Festo diz: “Rei Agripa, e todos os ho-
mens presentes conosco: Os senhores estão
vendo este, a respeito do qual toda a multi-
dão de judeus me suplicou, tanto em Jerusa-
lém quanto aqui, clamando que não devesse
mais viver.
25. Mas eu, não encontrando nenhuma causa
digna de morte que praticara, tendo ele ape-
lado para Augusto, tenho determinado a
enviá-lo.
26. Não tendo nada a escrever a seu respeito
ao Senhor, razão porquê o trouxe diante dos
senhores, mas principalmente diante de Vos-
sa Majestade, rei Agripa, a fim de, ocorrido
o interrogatório, tenha algo a escrever.
27. Não sendo para mim razoável de enviar
um prisioneiro sem apresentar as acusações
contra ele.”
26.
1. Então Agripa disse a Paulo: “Você tem
permissão para se defender”. Paulo, então,
começou a sua defesa, estendendo a sua
mão:
2. “De tudo que sou acusado pelos judeus,
rei Agripa, considero-me bem-aventurado de
poder defender-me hoje diante de Vossa
Majestade.
3. Especialmente por ser Vossa Majestade
inteirado de todos os costumes e questões
dos judeus. Razão pela qual convido-o a
ouvir-me pacientemente.
4. Na verdade, o meu modo de vida, desde
a mocidade, que começou dentre meu pró-
prio povo em Jerusalém, é conhecido por
todos os judeus,
5. Que me conheceram desde o começo, se
quiserem testificar, que tenho vivido como
fariseu, a mais severa seita do nosso culto.
6. E agora estou de pé, sendo julgado pela
esperança da promessa dada aos pais por
Deus.
7. Esperança esta à qual nossas doze tribos,
servindo continuamente noite e dia, procu-
ram chegar. Esperança referente à qual estou
sendo acusado, rei Agripa, pelos judeus.
173
Atos
8. Por que é considerado indigno de crédito
por Vossa Majestade que Deus ressuscite os
mortos?
9. Sendo assim, parecia-me de fato necessá-
rio tomar muitas medidas contra o nome de
Jesus, o Nazareno.
10. O que também fiz em Jerusalém, e en-
carcerei muitos dos santos, tendo recebido
autorização dos arqui-sacerdotes. E, sendo
mortos, lançava o meu seixo346.
11. E, punindo-os freqüentemente em todas
as sinagogas, obrigava-os a blasfemar. Sen-
do excessivamente enfurecido contra eles,
persegui-os até em cidades estrangeiras.
12. Numa destas ocasiões, viajando para
Damasco, com autorização e concessão dos
arqui-sacerdotes,
13. Ao meio-dia, ó rei, vi no caminho uma
luz do Céu, excedendo a claridade do Sol,
brilhando ao meu redor e dos que comigo
viajavam.
14. E, caindo todos nós no chão, ouvi uma
voz falando comigo e dizendo na língua
hebraica: ‘Saulo, Saulo, por que me perse-
gue? Será cruel para você dar coices contra
os ferrões’.
15. E eu disse: ‘Quem é o Senhor?’ E ele
disse: ‘Eu sou Jesus, a quem você persegue.
16. Mas levante-se e fique sobre os seus pés,
porque com esta finalidade lhe apareci, para
designar-lhe ministro e testemunha de tanto
daquilo que você viu, quanto do que ainda
lhe aparecerei.
17. Resgatando-lhe dentre as pessoas e dos
povos aos quais agora lhe envio,
18. Para abrir-lhes os olhos, para que se
convertam da escuridão para a luz, e da ju-
risdição do Adversário para Deus, para que
recebam a remissão dos pecados e herança
entre os que têm sido santificados pela fé em
mim’.
19. Portanto, ó rei Agripa, não fui desobedi-
ente à visão celeste,
346
qhfov psephos: nos tribunais antigos as pes-
soas eram condenadas por seixos (pedrinhas)
pretas e absolvidas por pedrinhas brancas. Pela
cor do seixo os votantes demonstravam sua de-
cisão.
174
20. Mas imediatamente proclamei, primei-
ramente aos de Damasco e de Jerusalém, e
também a todas as regiões da Judéia e aos
povos, que se arrependessem e convertessem
a Deus, praticando obras dignas de arrepen-
dimento.
21. Em função disto, tendo os judeus me
agarrado no Templo, tentaram matar-me.
22. Tendo, pois, sido auxiliado por Deus,
tenho permanecido firme até ao presente dia,
testemunhando a pequenos e grandes, não
afirmando nada a não ser o que os Profetas e
Moisés disseram que aconteceria:
23. Que o Ungido sofreria e seria o primeiro
a ressuscitar dos mortos, para ser luz para
este povo e para os povos”.
24. E dizendo isto em sua defesa, Festo disse
em alta voz: “Você está louco, Paulo! O
muito estudo lhe enlouqueceu!”
25. Mas ele disse: “Não estou louco, exce-
lentíssimo Festo, mas em verdade e sobrie-
dade falo estas palavras.
26. Porque o rei, ao qual me dirijo com toda
a ousadia, tem conhecimento disto, porque
tenho certeza de que nada do que falei lhe é
oculto. Porque isto não aconteceu em qual-
quer canto!
27. Vossa Majestade, rei Agripa, crê nos
Profetas? Soube que crê!”
28. E Agripa disse a Paulo: “Falta pouco
para me convencer a tornar-me Cristão”.
29. E Paulo disse: “Queria em Deus que, por
pouco ou por muito, não somente Vossa
Majestade, mas também todos que me ou-
vem neste dia se tornem tal qual eu sou, a
não ser por estas correntes”.
30. Tendo dito isto, levantaram-se o rei, o
governador, e também Berenice e aqueles
assentados com eles,
31. E, retirando-se, falaram uns aos outros,
dizendo: “Este homem não fez nada que
merecesse a morte nem a prisão!”
32. E Agripa disse a Festo: “Se não tivesse
apelado para César este homem poderia ter
sido solto”.

27.
1. Mas, quando foi decidido que velejaría-
mos para a Itália, entregaram a Paulo, e al-
guns outros prisioneiros, às mãos de um
centurião chamado Júlio, da coorte augusta.
2. E, embarcando em um navio adramiteno,
pronto para navegar pelas encostas da Ásia,
estendemos as velas, estando conosco Aris-
tarco, macedônio de Tessalônica.
3. E, no dia seguinte, aportamos em Sídon.
E Júlio, tratando a Paulo humanamente,
permitiu que buscasse assistência dos seus
amigos.
4. Estendendo as velas, velejamos de lá,
costeando a Chipre, porque os ventos eram
contrários.
5. E, tendo atravessado o mar da Cilícia e
Panfília, chegamos a Mira da Lícia.
6. E o centurião, tendo achado um navio da
Alexandria velejando para a Itália, nos fez
embarcar nele.
7. E, velejando lentamente durante muitos
dias, e tendo chegado com dificuldade diante
de Cnido, o vento não permitindo, costea-
mos a Creta, diante de Salmone.
8. E com dificuldade passando pela mesma,
chegamos a um lugar chamado Bons Portos,
próximo da cidade de Laséia.
9. E, tendo transcorrido muito tempo, e a
navegação já se tornando perigosa, porque o
jejum347 já havia passado, Paulo alertava,
10. Dizendo-lhes: “Homens, percebo que
esta viagem redundará em dano e grande
perda, não somente da carga e do navio, mas
também de nossas vidas”.
11. Mas o centurião foi convencido pelo
capitão e pelo proprietário do navio, ao invés
do exposto por Paulo.
12. Mas, sendo que o porto era impróprio
para se invernar, a maioria aconselhou a
velejar de lá, para tentar chegar a Fenice, um
porto de Creta, aberto para o sudoeste e no-
roeste, e lá invernar.
13. E, soprando uma brisa fraca do Sul, su-
pondo ter alcançado pelo que esperavam,
347
O jejum era no décimo dia do sétimo mês.
Atos
levantando âncoras, costearam próximo a
Creta.
14. Mas não muito depois levantou-se uma
tempestade, chamada de euraquilão348.
15. Apoderando-se do barco, e não podendo
endireitá-lo em direção ao vento, desistimos,
e ficamos à deriva.
16. Passando por uma ilhota chamada Clau-
da, tivemos dificuldade em recolher o esca-
ler349.
17. Tendo-o recolhido, reforçaram o navio
com cordas, temendo ficarem presos na sir-
te350, desceram as velas e deixaram-se levar
a esmo.
18. Mas, sendo violentamente jogados, no
dia seguinte aliviaram o navio.
19. E no terceiro dia, com as próprias mãos,
lançamos fora a aparelhagem do navio.
20. E nem Sol nem estrelas aparecendo por
vários dias, e uma não pequena tempestade
nos pressionando, perdeu-se toda a esperan-
ça de sermos salvos.
21. E, estando em jejum por muito tempo,
Paulo se levantou no meio deles, e disse:
“Convinha ter-me dado ouvidos, ó homens,
e não velejado de Creta, e teríamos sido
poupados deste desastre e desta perda.
22. E agora lhes motivo a recobrarem os
ânimos, porque não haverá a perda da vida
de ninguém, somente do navio.
23. Porque nesta noite esteve ao meu lado
um anjo do Deus ao qual pertenço e sirvo,
24. Dizendo: ‘Não tenha medo, Paulo! É
necessário para você comparecer diante de
César, e eis que Deus lhe deu todos os que
velejam com você’.
25. Por isso tenham bom ânimo, homens!
Creio em Deus que sucederá assim como me
foi dito.
26. Mas teremos de ser jogados contra uma
ilha”.
27. E, quando chegou a décima quarta noite,
sendo levado a esmo no Adriático, em torno
348
Euraquilão: vento vindo do nordeste.
349
Escaler: pequeno barco para fazer o trajeto
entre o navio e a terra.
350
Sirte: banco de areia e outros perigos para os
navios.
175
Atos
da meia-noite, os marinheiros suspeitaram
que estávamos nos aproximando de terra
firme.
28. E, sondando a profundidade, encontra-
ram quarenta metros. E sondaram um pouco
adiante e encontraram trinta metros.
29. Temendo chocar-se com recifes, lançan-
do quatro âncoras da popa do navio, rogaram
para que amanhecesse.
30. Mas os marinheiros, procurando fugir do
navio, e descendo o escaler ao mar, com o
pretexto de quererem lançar âncoras da proa,
31. Disse Paulo ao centurião e aos soldados:
“Se estes não permanecerem no navio, vocês
não poderão ser salvos”.
32. Então os soldados cortaram as cordas do
escaler e deixaram-no cair.
33. E, prestes a chegar o dia, Paulo animou a
todos a se alimentarem, dizendo: “Este já é o
décimo quarto dia de expectativa, continu-
ando em jejum, sem vocês terem-se alimen-
tado.
34. Por isso lhes animo a comerem, porque
disto dependerá a sua salvação. De ninguém
de vocês se perderá um só cabelo da cabe-
ça”.
35. E, tendo dito isto, e tomando um pão,
deu graças a Deus diante de todos, e, tendo-o
partido, começou a comer.
36. E, tendo-se todos animado, também se
alimentaram.
37. E éramos ao todo duzentas e setenta e
seis almas no navio.
38. E, refeitos com o alimento, aliviaram o
navio, lançando o cereal ao mar.
39. E, fazendo-se dia, não reconheceram a
terra. Mas avistaram uma enseada, com uma
praia, em direção à qual decidiram, se possí-
vel, encalhar o navio.
40. E, tendo cortado as âncoras, deixaram-
nas no mar, ao mesmo tempo soltaram o
leme, e, tendo içado a vela principal ao ven-
to, dirigiram-se em direção à praia.
41. Tendo chegado a um lugar de encontro
de duas correntes, encalharam o navio. E
fincando-se a proa, tornou-se imóvel, e rom-
peu-se a popa do navio pela violência das
ondas.
176
42. E os soldados se aconselharam a matar
os prisioneiros, a fim de que ninguém esca-
passe nadando.
43. Mas o centurião, querendo salvar a Pau-
lo, impediu-os no seu intento, e mandou os
que sabiam nadar de pularem primeiro e
nadarem para a terra,
44. E os restantes, alguns agarrados em tá-
buas e outros em objetos do navio. E assim
todos chegaram com segurança à terra.
28.
1. E, tendo sido salvos, soubemos que a ilha
se chamava Malta.
2. E os nativos demonstraram-nos benevo-
lência incomum. Porque, acendendo uma
fogueira, acolheram a todos nós, devido à
chuva que caía, e devido ao frio.
3. E, tendo Paulo ajuntado uma braçada de
gravetos, e lançando-os no fogo, uma cobra,
fugindo do calor, prendeu-se na sua mão.
4. Quando, porém, os nativos viram a bes-
ta-fera dependurada de sua mão, diziam uns
aos outros: “Sem dúvida este homem é as-
sassino, porque, apesar de ter escapado do
mar, a justiça não o deixa viver”.
5. Tendo ele, pois, sacudido a besta-fera ao
fogo, não sofreu mal nenhum.
6. Mas eles aguardavam que inchasse, ou
que repentinamente caísse morto. Mas espe-
rando por um bom tempo, e vendo que nada
de nocivo lhe ocorreu, mudando de opinião,
diziam ser ele deus.
7. Mas, ao redor do lugar, havia proprieda-
des do governante da ilha, chamado Públio,
que nos recebeu e hospedou cordialmente
por três dias.
8. Aconteceu que o pai de Públio estava
acamado, sofrendo de febres e disenteria.
Paulo o visitou, e orando por ele, e impondo-
lhe as mãos, curou-o.
9. Diante disto, os outros enfermos da ilha
vieram e foram curados.
10. Os quais também nos recompensaram
com muitos bens, e ao velejarmos, levaram a
bordo tudo de que tínhamos necessidade.

11. E após três meses velejamos num navio
alexandrino que invernara na ilha, com uma
inscrição dos dois irmãos351.
12. E, chegando a Siracusa, permanecemos
ali por três dias.
13. De lá, tendo dado uma volta, chegamos a
Régio. E, depois de um dia, partimos, so-
prando um vento do sul, e no segundo dia
chegamos a Potéoli,
14. Onde encontramos irmãos que nos supli-
caram a permanecer por sete dias com eles.
E assim partimos para Roma.
15. E lá os irmãos, tendo ouvido a nosso
respeito, vieram nos encontrar na feira de
Ápio352 e em Três Tavernas353. Vendo-os
Paulo, tendo dado graças a Deus, ficou enco-
rajado.
16. E, quando chegamos a Roma, o centurião
entregou os prisioneiros ao comandante da
guarda. Mas Paulo recebeu autorização para
morar sozinho, acompanhado do soldado
que o guardava.
17. E aconteceu que, após três dias, Paulo
convocou os principais judeus. Tendo-se
reunido, disse-lhes: “Homens irmãos! Em-
bora não tenha feito nada contra o povo,
nem contra os costumes paternos, fui entre-
gue como prisioneiro em Jerusalém nas
mãos dos romanos,
18. Os quais, tendo-me interrogado, queriam
libertar-me, por não terem encontrado ne-
nhuma razão de morte em mim.
19. Mas, sendo que os judeus contradiziam,
fui obrigado a apelar para César, não que
tivesse algo de que acusar o meu povo.
20. Por esta razão convidei-lhes para lhes ver
e falar com vocês, porque devido à esperan-
ça de Israel estou preso com esta corrente”.
21. E disseram-lhe: “Não recebemos nem
cartas a seu respeito da Judéia, nem veio
alguém dos irmãos trazendo relatório ou
falando algum mal a seu respeito.
351
Dois irmãos: Castor e Pólux, os dois irmãos
gêmeos de Júpiter e Leda, e eram considerados
os patronos dos marinheiros.
352
Appius: cidade a 60 km de Roma.
353
Tabernai: Três Tavernas, nome de uma parada
na Via Ápia entre Roma e a Feira de Ápia, em
torno de 16 km de Roma.
Atos
22. Mas cremos ser justo ouvir os seus pen-
samentos, porque é do nosso conhecimento
de que fala-se contra esta seita em todos os
lugares”.
23. E, marcando um dia, muitos chegaram ao
seu alojamento, aos quais expôs, testificando
solenemente o Reino de Deus, persuadindo-
os das questões relacionadas a Jesus, partin-
do tanto da Lei de Moisés, quanto dos Profe-
tas, desde a manhã até à noite.
24. E alguns de fato deixavam-se convencer
pelo discurso, mas outros descriam.
25. E, discordando uns com os outros, parti-
ram, tendo Paulo falado a seguinte palavra:
“Apropriadamente o Espírito Santo falou por
intermédio do profeta Isaías aos nossos pais,
26. Dizendo: ‘Vá a este povo e diga: ‘Ouvin-
do, ouvirão, mas não entenderão. E vendo,
verão, mas não perceberão.
27. Porque o coração de seu povo embrute-
ceu, e com os ouvidos ouvem com dificulda-
de, e fecharam os seus olhos, a fim de que
não vejam com os olhos, e ouçam com os
ouvidos, e entendam com o coração, e se
convertam, e sejam por mim curados’354.’
28. Seja, pois, de seu conhecimento, que aos
povos é enviada a salvação de Deus. E eles
darão ouvidos”.
29. E, tendo dito isto, os judeus partiram,
tendo uma grande discussão entre eles.
30. E Paulo permaneceu por dois anos intei-
ros na sua própria casa alugada, e recebia
todos que lhe visitavam,
31. Proclamando o Reino de Deus, e ensi-
nando as verdades relacionadas ao Senhor
Jesus Ungido, com toda a liberdade, sem
impedimentos.
354
Isaías 6:9-10; Mateus 13:14-15; Marcos 4:12;
Lucas 8:10; João 12:40
177
Romanos
A CARTA DO APÓSTOLO PAULO AOS
ROMANOS
1.
1. Paulo, servo de Jesus Ungido, designado
para apóstolo, separado para a Boa Mensa-
gem de Deus,
2. A qual prenunciou por intermédio de
seus profetas nas Sagradas Escrituras,
3 Com respeito a seu Filho, que veio da
descendência de Davi, segundo a carne,
4. E foi constituído Filho de Deus, com
poder, segundo o Espírito de Santidade, pela
ressurreição dos mortos, nosso Senhor Jesus
Ungido;
5. Por meio do qual recebemos graça e
apostolado, para estabelecer a obediência da
fé entre todos os povos, em defesa do seu
nome.
6. Entre os quais estão também vocês, con-
vidados de Jesus Ungido.
7. A todos os amados de Deus que estão em
Roma, santos convidados: Graça e paz a
vocês, de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus
Ungido.
8. Primeiramente dou graças a meu Deus,
por intermédio de Jesus Ungido, por todos
vocês, pelo fato de sua fé estar sendo co-
mentada em todo o mundo.
9. Porque Deus é minha testemunha, a
quem sirvo no meu espírito na Boa Mensa-
gem de seu Filho, de como incessantemente
me lembro de vocês,
10. Suplicando sempre nas minhas orações
para que surja uma boa oportunidade, pela
vontade de Deus, de visitá-los.
11. Porque desejo vê-los, com a finalidade
de poder transmitir-lhes algum dom espiritu-
al, para que sejam confirmados.
12. Isto é, para que juntos nos confortemos
reciprocamente, pela fé comum, tanto sua
quanto minha.
13. Não quero, porém, irmãos, que ignorem
que muitas vezes propus ir até vocês, mas
tenho sido impedido até agora, para entre
17
vocês também produzir algum fruto, como
também entre os demais povos.
14. Sou devedor, tanto a gregos quanto a
bárbaros, tanto a sábios quanto a ignorantes.
15. Por isso, no que depender de mim, estou
pronto a anunciar a Boa Mensagem também
a vocês em Roma.
16. Pois não me envergonho da Boa Mensa-
gem do Ungido, porque é o poder de Deus
para a salvação de todo aquele que crê, pri-
meiramente do judeu, mas também do grego.
17. Sendo que nela se revela a justiça de
Deus de fé em fé, como tem sido escrito:
“Mas o justo viverá pela fé”355.
18. Porque a ira de Deus se revela do Céu
sobre toda a impiedade e injustiça das pes-
soas que detêm a verdade pela injustiça.
19. Porque aquilo que de Deus se pode co-
nhecer é manifesto neles, porque Deus lho
manifestou.
20. Porque seus atributos invisíveis, tanto o
seu poder eterno, quanto a sua divindade,
claramente se compreendem e percebem
desde a criação do mundo, sendo percebidos
através das obras, não tendo eles, pois, ne-
nhuma desculpa.
21. Porquanto, tendo conhecido a Deus, mas
não tendo-o glorificado como Deus, nem
tendo-lhe dado graças, antes desenvolvendo
raciocínios frívolos, obscureceu-se-lhes o
seu coração sem conhecimento.
22. Autodeclarando-se sábios, tornaram-se
tolos,
23. E transformaram a glória do Deus incor-
ruptível, na semelhança da imagem do ho-
mem corruptível, e das aves, dos quadrúpe-
des, e das criaturas rastejantes.
24. Por isso também Deus os rendeu à impu-
reza dos desejos de seus corações, para de-
sonrarem os seus corpos entre si mesmos,
25. Os quais transformaram a verdade de
Deus em mentira, e veneraram e serviram à
355
Habacuque 2:4; Gálatas 3:11

criatura mais do que àquele que a criou, que
é bendito para sempre. Amém.
26. Por esta razão Deus os rendeu a paixões
infames: Até suas mulheres mudaram as
relações naturais por relações contrárias à
natureza.
27. Semelhantemente também os homens,
deixando a relação natural com a mulher,
inflamaram-se mutuamente nos seus desejos,
tendo homens com homens cometido atos
indecentes, e recebendo neles mesmos o
justo revide de sua perdição.
28. E assim como não quiseram investigar o
conhecimento de Deus, Deus os rendeu a
uma mente reprovada, a práticas inconveni-
entes.
29. Repletos de toda a injustiça, sexo ilícito,
maldade, ganância, malícia; cheios de inve-
ja, homicídio, contenda, fraude, malignida-
de, fofoca;
30. Respondões, odiando a Deus, desrespei-
tosos, orgulhosos, pretensiosos, inventores
de males, desobedientes aos pais,
31. Sem conhecimento, não cumprindo com
compromissos assumidos, sem afeição natu-
ral, sem conciliação, sem misericórdia.
32. Conhecendo eles o justo julgamento de
Deus, que os praticantes destes atos são
merecedores de morte, não somente os prati-
cam, mas também consentem com os que os
praticam.
2.
1. Portanto, você é indesculpável, ó homem
que julga, porque naquilo que você julga a
outro, a você mesmo se condena, porque
você que julga, pratica o mesmo.
2. Mas percebemos que o julgamento de
Deus é de acordo com a verdade para com
os que cometem tais atos.
3. E você, ó homem, que julga os que prati-
cam tais atos, e igualmente os comete, pensa
que você escapará do julgamento de Deus?
4. Ou você despreza a riqueza da sua bon-
dade, e da paciência, e da longanimidade,
não sabendo que é a bondade de Deus que
lhe conduz ao arrependimento?
Romanos
5. Mas, segundo a sua dureza e seu coração
impenitente, você acumula para você mesmo
ira para o dia da ira e da revelação do justo
julgamento de Deus,
6. “Que retribuirá a cada um segundo os
seus atos”356.
7. Aos que pela persistência na prática do
bem procuram glória, e honra, e imortalida-
de: vida eterna.
8. Mas aos contenciosos e aos descrentes na
verdade, mas crentes na injustiça: indigna-
ção e ira.
9. Tribulação e angústia sobre toda a alma
humana que pratica o mal, primeiramente do
judeu e também do grego.
10. Glória, porém, e honra, e paz, sobre todo
o que pratica o bem, primeiramente sobre o
judeu e também sobre o grego.
11. Porque não há discriminação de pessoas
diante de Deus.
12. Porquanto, todos os que pecaram sem
Lei, também sem Lei perecerão, e todos os
que pecaram na Lei, pela Lei serão julgados.
13. Porque não são os ouvintes da Lei justos
diante de Deus, mas os praticantes da Lei
serão justificados.
14. Porque, se os povos, que não têm a Lei,
praticam por natureza as verdades contidas
na Lei, esses, mesmo não possuindo a Lei,
são uma Lei para si mesmos,
15. Que demonstram a obra da Lei inscrita
nos seus corações, testemunhando conjun-
tamente sua consciência, e seus pensamentos
reciprocamente, ou acusando-os ou descul-
pando-os,
16. No dia em que Deus julgar os segredos
das pessoas, por meio de Jesus Ungido, de
acordo com a minha Boa Mensagem.
17. Eis que você é chamado de judeu, e des-
cansa na Lei, e se vangloria em Deus,
18. E conhece a sua vontade, e aprova as
obras mais distintas, sendo instruído na Lei.
19. E está convicto de que é um guia dos
cegos, luz dos que estão nas trevas,
20. Instrutor dos ignorantes, mestre das cri-
anças, tendo a forma do conhecimento e da
verdade da Lei.
356
Salmo 62:12
17
Romanos
21. Você, pois, que ensina o próximo, não se
ensina a si mesmo?! Você que proclama que
não se deve roubar, rouba?!
22. Você que diz que não se deve adulterar,
adultera?! Você que abomina os ídolos,
saqueia os seus templos?!
23. Você que se vangloria na Lei, mas pela
infração da Lei, desonra a Deus?!
24. “Porque o nome de Deus é blasfemado
entre os povos por sua causa”357, como tem
sido escrito.
25. A circuncisão, de fato, tem valor, se você
praticar a Lei, mas, se você for um trans-
gressor da Lei, sua circuncisão já se tornou
em incircuncisão.
26. Se, pois, a Incircuncisão guardar a justiça
da Lei, a sua incircuncisão não será conside-
rada como circuncisão?!
27. E a Incircuncisão, que por natureza guar-
da a Lei, não julgará a você, que pela letra e
pela circuncisão é um transgressor da Lei?!
28. Mas não é judeu aquele que o é exteri-
ormente, nem é circuncisão aquela que é
exterior na carne:
29. Mas judeu é aquele que o é interiormen-
te, do coração, no espírito, e não na letra,
cujo louvor não procede de homens, mas de
Deus.
3.
1. Qual é, pois, a vantagem do judeu? Ou
qual o valor da circuncisão?
2. Muita, sob todos os aspectos: Principal-
mente, porque foram-lhes confiados os orá-
culos de Deus.
3. E se alguns deles não creram?! Sua des-
crença invalidaria a fidelidade de Deus?!
4. De modo nenhum! Antes seja Deus ver-
dadeiro e mentiroso todo o homem, como
tem sido escrito: “Que você seja justificado
pelas suas palavras, e vencedor no julga-
mento”358.
5. Mas, se a nossa injustiça estabelece a
justiça de Deus, que diremos? Seria Deus
357
Isaías 52:5
358
Salmo 51:6
18
injusto por aplicar a sua ira? (Falo como
homem.)
6. De modo nenhum! Como então julgaria
Deus o mundo?!
7. Porque, se a verdade de Deus se sobres-
sair diante da minha mentira, para a sua
glória, porque sou eu julgado como peca-
dor?!
8. E não dizemos, como alguns afirmam
nos caluniando: “Pratiquemos males que
resultem em bens”. Cuja condenação é justa.
9. E agora? Somos melhores? De modo
nenhum! Porque provamos anteriormente
que ambos, tanto judeus quanto gregos, es-
tão todos debaixo do pecado.
10. Como tem sido escrito: “Não há justo,
nem um sequer359,
11. Não há quem entenda, não há quem
busque a Deus,
12. Todos se desviaram, todos juntos se tor-
naram inúteis, não há quem faça o bem, não
há nem um sequer.
13. Suas gargantas são um sepulcro aber-
to360; com suas línguas enganam; veneno de
áspide361 está debaixo de seus lábios362;
14. Cuja boca está cheia de maldição e a-
margura363.
15. Seus pés são velozes para derramar
sangue364.
16. Destruição e miséria se encontram nos
seus caminhos.
17. E não conheceram o caminho da paz365;
18. Não há temor de Deus diante de seus
olhos366.”
19. Sabemos que o que a Lei afirma o diz
aos que estão debaixo da Lei, para que toda
a boca se cale, e todo o mundo se torne cul-
pado diante de Deus.
359
Salmo 14:1-3; 53:1-3
360
Salmo 5:10
361
Aspis: áspide – uma pequena e venenosíssima
serpente, de corpo marrom com estrias negras
no dorso, cuja mordida é fatal.
362
Salmo 140:4
363
Salmo 10:7
364
Provérbios 1:16
365
Isaías 59:7-8
366
Salmo 36:1

20. Portanto, pelas obras da Lei nenhuma
carne se justificará diante dele, apesar de que
pela Lei vem o conhecimento do pecado.
21. Mas agora, a justiça de Deus foi manifes-
tada independentemente da Lei, porém testi-
ficada pela Lei e pelos Profetas.
22. A própria justiça de Deus, que vem pela
fé em Jesus Ungido a todos, e sobre todos os
que crêem, não havendo diferença,
23. Porque todos pecaram e não alcançam o
louvor de Deus367.
24. Sendo justificados gratuitamente pela sua
graça, pela redenção no Ungido Jesus,
25. A quem Deus colocou como propicia-
ção368 pela fé no seu sangue, como demons-
tração da sua justiça para a remissão369 dos
pecados praticados no passado, suportados
pela paciência de Deus.
26. Para a demonstração de sua justiça nesta
época, para que seja justo e justificador da-
quele que crê em Jesus.
27. Onde está a exaltação própria? Foi de
todo excluída. Por quê Lei? Das obras? Não,
mas pela Lei da fé.
28. Concluímos, pois, que o homem é justi-
ficado pela fé, independentemente das obras
da Lei.
29. É ele somente o Deus dos judeus? Não o
é também dos povos? Claro que também o é
dos povos!
30. Percebemos que um só Deus justificará a
Circuncisão pela fé e a Incircuncisão medi-
ante a fé.
31. Anulamos então a Lei pela fé?! De modo
nenhum! Pelo contrário, estabelecemos a
Lei.
4.
1. Que diremos pois que Abraão, nosso pai,
alcançou segundo a carne?
367
O Padrão de Deus é o Senhor Jesus Cristo.
Para alcançar o louvor de Deus é necessário ter
a estatura do Senhor Jesus Cristo. Esta estatura
é somente alcançada pela fé nele, e desta forma
alcançamos pela graça o louvor de Deus.
368
Tornar a pessoa favorável diante de Deus.
369
Ato de perdoar.
Romanos
2. Porque, se Abraão foi justificado pelas
obras, tem de que se gloriar, mas não diante
de Deus.
3. O que, pois, diz a Escritura? “E Abraão
creu em Deus e isto lhe foi atribuído como
justiça”370.
4. Agora, para aquele que trabalha, o salá-
rio não é considerado como favor, mas como
dívida.
5. Mas para aquele que não trabalha, mas
crê naquele que justifica o ímpio, sua fé é
considerada como justiça.
6. Como também Davi descreve a bem-
aventurança da pessoa à qual Deus atribui a
justiça independentemente das obras:
7. “Bem-aventurados aqueles cujas infra-
ções foram perdoadas, e cujos pecados fo-
ram encobertos!
8. Bem-aventurado o homem a quem o
Senhor não atribuir pecado!”371
9. Esta bem-aventurança pertence somente
à Circuncisão, ou também à Incircuncisão?
Porque dizemos que a fé foi atribuída a A-
braão como justiça.
10. Como então foi atribuída? Estando na
Circuncisão ou na Incircuncisão? Não na
Circuncisão, mas na Incircuncisão.
11. E recebeu o sinal da circuncisão como
selo da justiça alcançada pela fé, ainda na
Incircuncisão, para ser o pai de todos os que,
na Incircuncisão, crêem, para que a justiça
seja atribuída também aos mesmos,
12. E o pai da Circuncisão daqueles que não
são da Circuncisão somente, mas que tam-
bém andam nos passos da mesma fé de nos-
so pai Abraão, quando ainda na Incircunci-
são.
13. Porque a promessa de ser o herdeiro do
mundo não foi feita a Abraão, ou à sua des-
cendência, por meio da Lei, mas pela justiça
da fé.
14. Porque, se os da Lei forem herdeiros,
tem-se anulado a fé, e a promessa tem-se
tornado sem efeito.
15. Porque a Lei produz ira. Pois onde não
há Lei, também não há violação.
370
Êxodo 15:6
371
Salmo 32:1-2
18
Romanos
16. Por isso provém da fé, para ser pela gra-
ça, a fim de que a promessa seja assegurada
a toda a descendência. Não somente para os
que são da Lei, mas também para os que são
da fé de Abraão, que é o pai de todos nós.
17. Como tem sido escrito: “Constitui-lhe
por pai de muitos povos”372, diante de Deus,
no qual creu, que revive os mortos, e chama
à existência o que não existe, como se exis-
tisse.
18. Aquele que creu esperando, sem haver
esperança, a fim de tornar-se o pai de muitos
povos, de acordo com o que havia sido dito:
“Assim será a sua descendência”373.
19. E não enfraquecendo na fé, não contem-
plou o seu próprio corpo já amortecido, sen-
do em torno de cem anos, nem o ventre a-
mortecido de Sara,
20. E não duvidou da promessa de Deus pela
incredulidade, mas foi fortalecido na fé,
dando glória a Deus.
21. E, estando plenamente convicto, de que
aquilo que prometera também era capaz de
cumprir,
22. E por isso foi-lhe atribuída como justiça.
23. Agora, não foi escrito por sua causa so-
mente, que esta lhe foi atribuída,
24. Mas também por nossa causa, a quem
será atribuída, aos que crêem naquele que
ressuscitou dos mortos a Jesus nosso Senhor,
25. O qual foi entregue pelas nossas trans-
gressões, e ressurreto para a nossa justifica-
ção.
5.
1. Tendo, pois, sido justificados pela fé,
temos paz com Deus, por intermédio de
nosso Senhor Jesus Ungido,
2. Por meio do qual também temos acesso,
pela fé, a esta graça na qual estamos firmes,
e nos gloriamos na esperança da glória de
Deus.
3. E não somente nisto, mas também nos
gloriamos nas tribulações, sabendo que a
tribulação produz persistência,
372
Gênesis 17:5
373
Gênesis 15:5
18
4. E a persistência, aprovação; e a aprova-
ção, esperança;
5. E a esperança não decepciona, porque o
amor de Deus foi derramado nos nossos
corações por intermédio do Espírito Santo
que nos foi dado.
6. Porque, quando ainda estávamos sem
força, o Ungido morreu no tempo certo pelos
ímpios.
7. Porque dificilmente alguém morrerá pelo
justo, apesar de que pelo bom alguém pode-
ria atrever-se a morrer.
8. Mas Deus prova o seu próprio amor para
conosco, pelo fato de ter o Ungido morrido
por nós, sendo nós ainda pecadores.
9. Quanto mais agora, tendo sido justifica-
dos pelo seu sangue, seremos salvos da ira
por intermédio dele.
10. Porque, se, sendo inimigos, fomos re-
conciliados com Deus pela morte de seu
Filho, muito mais agora, sendo reconcilia-
dos, seremos salvos pela sua vida.
11. Porém não somente nisto, mas também
nos gloriamos em Deus, por intermédio de
nosso Senhor Jesus Ungido, pelo qual temos
agora recebido a reconciliação.
12. De sorte que, assim como por uma pes-
soa o pecado foi introduzido no mundo, e
pelo pecado a morte, assim também a morte
passou para todas as pessoas, por terem to-
das pecado.
13. Pois até a vinda da Lei houve pecado no
mundo, mas na ausência da Lei o pecado
não é citado.
14. Todavia a morte reinou desde Adão até
Moisés, mesmo sobre aqueles que não havi-
am pecado semelhantemente à transgressão
de Adão, que é uma figura daquele que ha-
veria de vir.
15. Mas a transgressão não é como o dom
gratuito. Porque, se por meio da transgressão
de um muitos morreram, quanto mais a gra-
ça de Deus, e o dom pela graça, tem se so-
bressaído a favor de muitos, por meio de um
homem, Jesus Ungido.
16. E o dom não é como o pecado de um.
Porque o julgamento ocorreu por meio de
uma transgressão para a condenação, mas a

graça ocorre de muitas transgressões para a
justificação.
17. Pois, se a morte reinou pela transgressão
de um, muito mais aqueles que recebem a
plenitude da graça e o dom da justiça, reina-
rão em vida por meio de um, Jesus Ungido.
18. Por isso, assim como pela transgressão
de um o julgamento veio sobre todas as pes-
soas para a condenação, assim também pelo
ato de justificação de um, a justificação da
vida veio sobre todas as pessoas.
19. Porque, assim como pela desobediência
de uma pessoa muitos se tornaram pecado-
res, assim também pela obediência de um,
muitos serão justificados.
20. Além disso, a Lei foi acrescentada para
que a transgressão avultasse. Mas onde o
pecado avultou, a graça se sobressaiu muito
mais ainda.
21. Para que, assim como o pecado reinou
para a morte, assim também reinasse a gra-
ça, através da justiça, para a vida eterna, por
intermédio de nosso Senhor Jesus Ungido.
6.
1. O que diremos, pois? Persistiremos no
pecado, para que a graça se sobressaia?
2. De modo nenhum! Como poderíamos
nós, mortos ao pecado, continuar vivendo no
mesmo?
3. Ou vocês não sabem que todos nós, que
fomos submersos no Ungido Jesus, fomos
submersos na sua morte?!
4. Fomos, pois, sepultados com ele pela
submersão na morte, para que, assim como o
Ungido foi ressurreto dos mortos, pela glória
do Pai, andássemos nós também em novida-
de de vida.
5. Porque, se fomos unidos com ele na
semelhança de sua morte, o seremos também
na sua ressurreição,
6. Sabendo isto, que a nossa pessoa antiga
foi crucificada com ele, para que o corpo do
pecado fosse anulado, e não mais fôssemos
escravizados pelo pecado.
7. Aquele, pois, que morreu foi liberto do
pecado.
Romanos
8. Ora, se morremos com o Ungido, cremos
que também com ele viveremos,
9. Sabendo que o Ungido, ressuscitado dos
mortos, já não morre mais. A morte já não
tem mais domínio sobre ele.
10. Pois nisto que morreu, morreu de uma
vez por todas para o pecado, mas naquilo em
que vive, vive para Deus.
11. Assim também vocês, considerem-se
mortos de fato para o pecado, mas vivos
para com Deus, por intermédio de nosso
Senhor Jesus Ungido.
12. Não reine, portanto, o pecado no seu
corpo mortal, para obedecerem às suas cobi-
ças374.
13. Nem rendam os seus membros como
armas da injustiça para o pecado. Mas ren-
dam-se a Deus como vivificados dentre os
mortos, e os seus membros como armas da
justiça para Deus,
14. Já que o pecado não dominará sobre
vocês, porque não estão sujeitos à Lei, mas
sujeitos à graça.
15. E daí?! Pecaremos por não estarmos
sujeitos à Lei, mas sujeitos à graça?! De
modo nenhum!
16. Vocês não sabem que, àquele que se
renderem como escravos para a obediência,
dele serão escravos, a quem obedecerem,
quer ao pecado para a morte, quer à obedi-
ência para a justiça?!
17. Mas graças a Deus vocês foram escravos
do pecado, mas obedeceram de coração à
forma de doutrina à qual foram entregues.
18. Mas, libertos do pecado, tornaram-se
escravos da justiça.
19. Falo como homem, devido à fragilidade
de sua carne: Porque assim como renderam
os seus membros como escravos da impure-
za, de ilegalidade em ilegalidade, igualmente
agora, rendam os seus membros como es-
cravos da justiça para a santificação.
20. Porque, quando eram escravos do pecado
estavam livres da justiça.
21. Que fruto, pois, produziram na época?
Aquilo de que agora se envergonham, por-
que o seu fim é a morte.
374
Desejos, paixões.
18
Romanos
22. Mas agora, tendo sido libertos do peca-
do, e tendo-se tornado escravos de Deus,
têm como seu fruto a santificação, e por fim
a vida eterna.
23. Porque o salário do pecado é morte, mas
a graça375 de Deus é a vida eterna em nosso
Senhor Jesus Ungido.
7.
1. Ou vocês não sabem, irmãos (pois falo
aos que conhecem a Lei), de que a Lei tem
domínio sobre uma pessoa durante o tempo
em que ela vive?!
2. Porque a mulher casada está obrigada ao
marido pela Lei enquanto ele viver, mas, se
o marido morrer, ela está desobrigada do
marido pela Lei.
3. De sorte que, se ela, vivendo o marido,
se unir a outro homem, será declarada adúl-
tera. Se, porém, o marido morrer, ela está
livre da Lei, de maneira que não será adúlte-
ra caso se unir a outro homem.
4. Portanto, meus irmãos, vocês também
morreram para a Lei, pelo corpo do Ungido,
para se tornarem de outro, a saber daquele
que ressuscitou dos mortos, para frutificar-
mos para Deus.
5. Porque, enquanto estávamos na carne, as
paixões dos pecados, despertados pela Lei,
operavam em nossos membros, para frutifi-
carem para a morte.
6. Mas agora fomos liberados da Lei, e
mortos para o que nos prendia, para servir-
mos em novidade de espírito, e não na anti-
güidade da letra376.
7. Que diremos, pois? É a Lei pecado?! De
modo nenhum! Mas eu não teria conhecido
o pecado se não fosse pela Lei. Também não
me teria tornado consciente da cobiça, se a
Lei não tivesse dito: “Você não cobiça-
rá!”377
375
No original charisma = graça, libertação, lega-
do, presente gratuito.
376
A letra aqui se refere à Lei de Moisés, e não à
Palavra escrita, como algumas pessoas errone-
amente interpretam.
377
Êxodo 20:17
18
8. Mas o pecado, estimulado pelo manda-
mento, produziu em mim todo tipo de cobi-
ça. Porque sem Lei o pecado está morto.
9. Porque no passado, sem lei, eu vivia.
Mas, vindo o mandamento, o pecado revi-
veu, e eu morri.
10. E observou-se que o mandamento que
me era para a vida, tornou-se para a morte.
11. Porque o pecado, estimulado pelo man-
damento, me seduziu, e me matou pelo
mesmo.
12. Porquanto a Lei é santa, e o mandamento
santo, e justo, e bom.
13. Tornou-se então o bom em morte para
mim? De modo nenhum! Mas o pecado, para
mostrar-se como pecado, produziu em mim
a morte por meio do que era bom, a fim de
que o pecado, por meio do mandamento, se
tornasse tremendamente pecaminoso.
14. Porque sabemos que a Lei é espiritual,
mas eu sou carnal, vendido sob o pecado.
15. Porque não compreendo o que faço. Por-
que o que não quero fazer, isto pratico, e o
que deploro, isto faço.
16. Se então fizer o que não quero, concordo
com a Lei de ser boa.
17. Então já não sou eu quem o pratica, mas
o pecado que reside em mim.
18. Porque sei que em mim (isto é, na minha
carne) não reside o bem, porque o querer
está presente, mas o executar do bem não
encontro.
19. Porque o bem que quero fazer, não faço.
Mas o mal que não quero fazer, esse pratico.
20. Ora, se pratico o que não quero, já não
sou eu quem o executa, mas o pecado que
reside em mim.
21. Encontro então uma lei em mim, que, no
momento em que quero praticar o bem, o
mal está presente comigo.
22. Porque me delicio na Lei de Deus no ser
interior,
23. Mas observo uma outra lei nos meus
membros, guerreando contra a lei da minha
mente, e levando-me cativo à lei do pecado
que se encontra nos meus membros.
24. Que pessoa desgraçada eu sou! Quem me
libertará do corpo desta morte?!

25. Dou graças a Deus por intermédio de
nosso Senhor Jesus Ungido! Assim, pois, eu
pessoalmente com a mente de fato sirvo à
Lei de Deus, mas com a carne à lei do peca-
do.
8.
1. Já não existe, pois, nenhuma condenação
para os que estão no Ungido Jesus, que não
andam segundo a carne, mas segundo o Es-
pírito.
2. Porque a lei do Espírito de vida no Ungi-
do Jesus libertou-me da lei do pecado e da
morte.
3. Porque o que era impossível para a Lei,
por ser enfraquecida pela carne, isto fez
Deus, enviando o seu próprio Filho, na se-
melhança da carne pecaminosa, e em virtude
do pecado, condenou o pecado na carne,
4. A fim de que a exigência da Lei se cum-
prisse em nós que não andamos segundo a
carne, mas segundo o Espírito.
5. Porque os que estão de acordo com a
carne têm em mente o que é da carne, mas
os que estão de acordo com o espírito o que
é do Espírito.
6. Porque a mentalidade carnal significa
morte, mas a mentalidade espiritual, vida e
paz.
7. Porque a mentalidade carnal é inimizade
contra Deus, por não estar sujeita à Lei de
Deus, nem ser capaz disto.
8. Pois, os que estão na carne não podem
agradar a Deus.
9. Mas vocês não estão na carne, mas no
Espírito, se de fato o Espírito de Deus habita
em vocês. Mas, se alguém não tem o Espíri-
to do Ungido, esse não é dele.
10. Mas, se o Ungido residir em vocês, o
corpo na verdade está morto, devido ao pe-
cado, mas o Espírito é vida, devido à justiça.
11. Mas, se o Espírito daquele que ressusci-
tou a Jesus dos mortos reside em vocês,
aquele que ressuscitou ao Ungido dos mor-
tos também ressuscitará os seus corpos mor-
tais, devido ao seu Espírito que reside em
vocês.
Romanos
12. Assim, pois, irmãos, somos devedores,
não à carne, para vivermos segundo a carne,
13. Porque se viverem segundo a carne, mor-
rerão. Mas, se pelo Espírito mortificarem as
obras do corpo, viverão.
14. Porque todos os que forem conduzidos
pelo Espírito de Deus, esses são filhos de
Deus.
15. Porque vocês não receberam um espírito
de servidão, para novamente temerem, mas
receberam o Espírito da adoção, por meio do
qual clamamos: “Abba378, Pai!”
16. O próprio Espírito testifica ao nosso
espírito que somos filhos de Deus.
17. E, se somos filhos, também herdeiros, a
saber, herdeiros de Deus e co-herdeiros do
Ungido. Se sofremos juntos também sere-
mos glorificados juntos.
18. Porque considero que os sofrimentos do
tempo atual não são equiparáveis à glória
que nos há de ser revelada.
19. Porque a expectativa angustiante da cria-
tura aguarda pela manifestação dos filhos de
Deus.
20. Porque a criação foi sujeita à futilidade,
não por vontade própria, mas devido àquele
que a sujeitou sob esperança.
21. Porque a própria criatura também será
libertada da servidão da corrupção para a
liberdade da glória dos filhos de Deus.
22. Porque sabemos que toda a criação con-
juntamente geme e sofre dores de parto até o
presente momento.
23. E não somente ela, mas também nós, que
temos as primícias do Espírito, gememos em
nós mesmos, aguardando a adoção, a reden-
ção do nosso corpo.
24. Porque fomos salvos sob esperança. Mas
a esperança que se vê não é esperança. Co-
mo alguém espera por algo que enxerga?!
25. Mas, se esperamos por algo que não
enxergamos, aguardamos com paciência.
26. Semelhantemente o Espírito também nos
ajuda nas nossas fraquezas. Porque não sa-
bemos a favor de que orar, como convém
378
αββα (Abba): palavra hebraico-caldéia signifi-
cando “Pai”. Encontramos a mesma também
usada em Marcos 14:36 e Gálatas 4:6.
18
Romanos
orar, mas o próprio Espírito intercede por
nós com gemidos inexprimíveis.
27. E aquele que sonda os corações conhece
a mente do Espírito, porque faz intercessão
pelos santos de acordo com a vontade de
Deus.
28. Mas sabemos que tudo contribui para o
bem daqueles que amam a Deus, daqueles
que foram chamados de acordo com o seu
propósito.
29. Porque aqueles que previamente conhe-
ceu, esses também predefiniu para serem
conformados à imagem de seu Filho, para
ser o primogênito dentre muitos irmãos.
30. Além disso, aos que predefiniu, esses
também chamou; e aos que chamou, também
justificou; e aos que justificou, também glo-
rificou.
31. Que diremos, pois, diante destes fatos?
Sendo Deus a nosso favor, quem poderia ser
contra?
32. Aquele que não poupou a seu próprio
Filho, mas entregou-o por todos nós, como
não nos daria com ele tudo gratuitamente?!
33. Quem levantará qualquer acusação con-
tra os seletos de Deus? Deus é que os justifi-
ca!
34. Quem condenará? O Ungido morreu,
aliás, também foi ressuscitado, o qual tam-
bém está à direita de Deus, o qual também
intercede por nós!
35. Quem nos separará do amor do Ungido:
Tribulação, ou apertos, ou perseguição, ou
fome, ou nudez, ou perigo, ou espada?!
36. Como tem sido escrito: “Por sua causa
somos levados à morte o dia todo, somos
considerados como ovelhas para o mata-
douro”379.
37. Mas nisso tudo somos hipervencedores,
por meio daquele que nos amou.
38. Porque estou convicto de que, nem mor-
te, nem vida, nem anjos, nem principados,
nem poderes, nem acontecimentos do pre-
sente ou do futuro,
39. Nem altura, nem profundidade, nem
qualquer outra criatura, poderá nos separar
379
Salmo 44:22
18
do amor de Deus, que está no Ungido Jesus,
nosso Senhor.
9.
1. Falo a verdade no Ungido, não minto,
minha consciência dando-me testemunho
conjuntamente no Espírito Santo,
2. De que tenho grande pesar e tristeza
contínua no meu coração,
3. Porque eu mesmo desejava ser amaldiço-
ado do Ungido a favor de meus irmãos,
meus parentes segundo a carne,
4. Que são israelitas, a quem pertence a
adoção, e a glória, e as alianças, e a legisla-
ção, e o culto, e as promessas.
5. De quem são os pais, e de quem, segun-
do a carne, descende o Ungido, o qual é
acima de todos, Deus bendito pelas eras.
Amém.
6. Não, porém, que a Palavra de Deus tenha
perdido o seu efeito, porque nem todos que
procedem de Israel são israelitas.
7. Nem por serem descendentes de Abraão
são todos filhos, mas "em Isaque será cha-
mada a sua descendência"380.
8. Isto é, não são os filhos da carne os fi-
lhos de Deus, mas os filhos da promessa são
considerados como sendo a descendência.
9. Porque esta é a palavra da promessa:
“Nessa época voltarei e Sara terá um fi-
lho”381.
10. Mas não somente isso. Mas também
Rebeca, quando concebeu por um, nosso pai
Isaque,
11. (Antes mesmo dos filhos terem nascido
ou terem feito qualquer bem ou mal, a fim
de que o propósito de Deus fosse estabeleci-
do segundo a seleção, não por obras, mas
por meio daquele que chama),
12. Foi-lhe dito: “O mais velho servirá ao
mais jovem”382.
13. Como tem sido escrito: “Amei a Jacó,
mas odiei a Esaú”383.
380
Gênesis 21:12; Hebreus 11:18
381
Gênesis 18:10
382
Gênesis 25:23
383
Malaquias 1:2-3

14. Que diremos pois? Seria Deus injusto?!
De modo nenhum!
15. Porque ele diz a Moisés: “Terei miseri-
córdia de quem tenho misericórdia, e terei
compaixão de quem tenho compaixão”384.
16. Logo não depende de quem quer, nem de
quem corre, mas da compaixão de Deus.
17. Porque as Escrituras dizem a Faraó: “Por
essa mesma razão lhe levantei, para de-
monstrar o meu poder em você, e para que o
meu nome fosse declarado no mundo to-
do”385.
18. Logo, pois, tem misericórdia de quem
quer, e a quem quer endurece.
19. Você então me dirá: “Por que ele então
ainda responsabiliza? Porque, quem jamais
resistiu à sua vontade?”
20. E daí ó homem, quem é você para con-
testar a Deus?! Dirá o objeto formado àquele
que o formou: “Por que me fez assim?”!
21. Não tem o oleiro autoridade sobre o bar-
ro, para da mesma massa fazer um vaso para
honra e outro para desonra?
22. E se Deus, disposto a demonstrar a sua
ira e fazer conhecido o seu poder, suportou
com longanimidade os vasos da ira destina-
dos à destruição,
23. Para tornar conhecidas as riquezas de sua
glória nos vasos da misericórdia, que previ-
amente preparou para a glória,
24. A saber nós, que ele chamou, não dentre
os judeus somente, mas também dentre os
povos?
25. Como também diz em Oséias: “Chama-
rei ao que não era meu povo, de: meu povo;
e a não amada, de: amada”386.
26. E acontecerá que no lugar em que lhes
foi dito: “Vocês não são meu povo, ali serão
chamados de filhos do Deus vivo”387.
27. Isaías também clama a respeito de Israel:
“Mesmo se o número dos filhos de Israel for
como a areia do mar, o remanescente será
salvo,
384
Êxodo 33:19
385
Êxodo 9:16
386
Oséias 2:23
387
Oséias 1:10
Romanos
28. Porque concluirá a sua obra, e abreviá-
la-á com justiça, porque o Senhor realizará
uma obra abreviada na Terra”388.
29. E assim como Isaías disse anteriormente:
“A não ser que o Senhor dos Exércitos nos
tivesse deixado descendência, teríamos nos
tornado como Sodoma, e teríamos nos tor-
nado semelhantes a Gomorra”389.
30. Que diremos pois? Que os povos, que
não procuravam a justiça, alcançaram a jus-
tiça, precisamente a justiça da fé.
31. Mas Israel, que procurou a justiça da Lei,
não alcançou a justiça da Lei.
32. Por quê? Porque não foi pela fé, mas
como se procedesse das obras da Lei. Porque
tropeçaram na pedra de tropeço.
33. Como tem sido escrito: “Veja que lanço
uma pedra de tropeço e uma rocha de es-
cândalo em Sião. E todo aquele que nela
crer não será envergonhado”390.
10.
1. Irmãos, o desejo de meu coração, e a
minha súplica a Deus a favor de Israel, é
pela sua salvação.
2. Porque dou-lhes testemunho de que têm
zelo por Deus, mas não com conhecimento.
3. Mas, não tendo conhecimento da justiça
de Deus, e procurando estabelecer a sua
própria justiça, não se submeteram à justiça
de Deus.
4. Porque o fim da Lei é o Ungido para a
justiça de todo aquele que crê.
5. Porque Moisés escreve da justiça prove-
niente da Lei que “a pessoa que praticá-las
viverá por meio delas”391.
6. Mas a justiça proveniente da fé se ex-
pressa da seguinte maneira: “Você não pode
dizer no seu coração: ‘Quem subirá ao
Céu?’” (isto é, fazer descer ao Ungido),
7. Ou: “‘Quem descerá ao abismo?’” (isto
é, fazer subir ao Ungido dentre os mortos)”.
388
Isaías 10:22-23
389
Isaías 1:9
390
Isaías 8:14 e 28:16; Romanos 10:11; I Pedro
2:6
391
Levítico 18:5
18
Romanos
8. Mas o que diz? “A palavra está próxima
de você, na sua boca e no seu coração”392.
Esta é a palavra da fé que proclamamos.
9. Sendo que: Se você com a sua boca con-
fessar Jesus como sendo Senhor, e crer no
seu coração que Deus o ressuscitou dentre os
mortos, você será salvo.
10. Visto que com o coração se crê para a
justiça, e com a boca se faz confissão para a
salvação.
11. Porque a Escritura diz: “Todo aquele que
nele crer não será envergonhado”393.
12. Porque não há nenhuma distinção entre o
judeu e o grego. Porque o mesmo Senhor
sobre todos é rico para com todos os que o
invocam.
13. Porque “todo aquele que invocar o nome
do Senhor será salvo”394.
14. Como então invocarão aquele em quem
não creram? E como crerão naquele a respei-
to do qual não ouviram? E como ouvirão
sem que haja quem pregue?
15. E como pregarão se não forem enviados?
Como tem sido escrito: “Quão formosos são
os pés daqueles que anunciam a Boa Men-
sagem da paz, dos que anunciam a Boa
Mensagem do bem!395”
16. Mas nem todos obedeceram à Boa Men-
sagem, pois Isaías diz: “Senhor, quem creu
na nossa mensagem?”396
17. De sorte que a fé vem pelo ouvir, e o
ouvir pela Palavra de Deus.
18. Mas digo: Por acaso não ouviram? Sem
dúvida alguma, de fato: “O seu som se pro-
pagou por toda a Terra, e as suas palavras
até às extremidades do mundo”397.
19. Mas digo: Israel não o soube? Moisés
primeiramente afirma: “Vou provocá-los à
inveja por aqueles que não são povo, e inci-
tá-los à ira por um povo sem conhecimen-
to”398.
392
Deuteronômio 30:12-14
393
Isaías 28:16; Romanos 9:33; I Pedro 2:6
394
Joel 2:32
395
Isaías 52:7
396
Isaías 53:1; João 12:38
397
Salmo 19:4
398
Deuteronômio 32:21
18
20. Mas Isaías é muito atrevido e afirma:
“Fui achado pelos que não procuravam por
mim, fui manifesto aos que não perguntavam
por mim”.
21. Mas a Israel diz: “O dia todo estendia
minhas mãos a um povo descrente e contra-
dizente”399.
11.
1. Digo então: Repudiou Deus a seu povo?
De modo nenhum! Porque também eu sou
israelita, da descendência de Abraão, da
tribo de Benjamin.
2. Deus não repudiou a seu povo que previ-
amente conheceu. Ou não sabem o que a
Escritura diz de Elias? Como intercede a
Deus contra Israel, dizendo:
3. “Senhor, mataram os seus profetas, e
derrubaram os seus altares, e só eu sobrei, e
atentam contra a minha vida”400.
4. Mas o que lhe declara a resposta divina?
“Reservei-me sete mil homens que não do-
braram joelho diante de Baal”401.
5. Assim, pois, também no tempo presente
há um remanescente de acordo com a sele-
ção da graça.
6. Mas se for pela graça, deixa de ser por
obras, do contrário graça deixaria de ser
graça. Mas se for por obras, deixa de ser por
graça, do contrário obra deixaria de ser obra.
7. E daí?! O que Israel procura, não alcan-
çou, mas a seleção o alcançou, e os demais
foram endurecidos,
8. Como tem sido escrito: “Deus lhes têm
dado espírito de sonolência, olhos para não
enxergarem, e ouvidos para não ouvi-
rem”402, até ao presente dia.
9. E Davi diz: “Transforme-se sua mesa em
laço, e em armadilha, e em escândalo, e em
revide, para eles.
399
20-21: Isaías 65:1-2
400
I Reis 19:10
401
I Reis 19:18
402
Isaías 29:10

10. Sejam seus olhos obscurecidos para não
enxergarem, e encurve suas costas para
sempre”403.
11. Digo então: Tropeçaram para que caís-
sem? De modo nenhum! Mas pela sua queda
veio salvação aos povos, para provocá-los à
inveja.
12. Mas se o seu tropeço tornou-se na fortu-
na do mundo, e a sua perda na fortuna dos
povos, quanto mais a sua plenitude?
13. Porque falo a vocês, os povos, sendo que
sou o apóstolo dos povos, dignifico o meu
ministério,
14. Para que de alguma forma possa provo-
cá-los à inveja, a minha linhagem, e salvar a
alguns dentre eles.
15. Se, pois, a sua rejeição trouxe reconcilia-
ção ao mundo, o que seria sua aceitação, a
não ser vida dentre os mortos?
16. Se, pois, as primícias404 forem santas, a
massa também o será; e se a raiz for santa,
os ramos também o serão.
17. E se alguns dos ramos foram quebrados,
e você, sendo oliveira silvestre, foi enxerta-
do no meio deles, e tornou-se co-participante
da raiz e da seiva da oliveira,
18. Não se vanglorie contra os ramos. Mas,
se você se vangloria, lembre-se de que não é
você que sustenta a raiz, mas a raiz a você.
19. Você então diria: “Os ramos foram que-
brados para que eu pudesse ser enxertado”.
20. Tudo bem, devido à incredulidade foram
quebrados, e você pela fé estará em pé. Não
seja arrogante, mas tema.
21. Porque, se Deus não poupou os ramos
naturais, cuide para não lhe poupar também.
22. Veja, pois, a bondade e a severidade de
Deus. Sobre os que caíram, severidade, mas
sobre você, bondade, isto é, desde que você
persista na bondade, do contrário, você tam-
bém será quebrado.
403
Salmo 69:22-23
404
Aparch (aparche: primícias): Neste caso, a
primeira parte da massa, da qual pães sagrados
eram assados. Portanto, é o termo usado de
pessoas consagradas para sempre a Deus.
Romanos
23. E eles também, se não persistirem na
incredulidade, serão enxertados, porque
Deus é capaz de enxertá-los novamente.
24. Porque, se você foi cortado da oliveira
silvestre por natureza, e, contrário à natureza
enxertado numa oliveira mansa, quanto mais
esses, sendo naturais, serão enxertados na
sua própria oliveira?!
25. Porque não quero, irmãos, que deixem de
conhecer este mistério, para que não sejam
sábios de acordo com os seus próprios con-
ceitos, que endurecimento ocorreu em parte
a Israel, até que tenha entrado a plenitude
dos povos.
26. E assim todo o Israel será salvo, como
tem sido escrito: “De Sião virá o Resgatador
e eliminará a impiedade de Jacó,405
27. Porque este é o meu testamento com
eles, quando eu remover os seus peca-
dos406”.
28. Quanto à Boa Mensagem, de fato, são
inimigos por sua causa, mas no que se refere
à seleção, amados, devido aos pais.
29. Porque os dons e o chamado de Deus são
irrevogáveis.
30. Porque assim como também vocês em
tempos passados não creram em Deus, ago-
ra, porém, têm recebido misericórdia através
da incredulidade deles,
31. Assim também estes agora não creram,
para que através da misericórdia a vocês
demonstrada, eles também obtivessem mise-
ricórdia.
32. Porque Deus os encerrou a todos na in-
credulidade, para demonstrar misericórdia a
todos.
33. Ó profundidade das riquezas de ambos,
tanto da sabedoria quanto do conhecimento
de Deus! Quão inescrutáveis os seus juízos,
e quão impenetráveis os seus caminhos!
34. Porque, “quem conheceu a mente do
Senhor? Ou quem tornou-se no seu conse-
lheiro?”407
35. Ou “quem lhe brindou primeiro, para
que lhe seja retribuído?”408
405
Isaías 59:20-21
406
Jeremias 31:33-34; Isaías 27:9
407
Isaías 40:13; I Coríntios 2:16
18
Romanos
36. Porque dele, e por meio dele, e para ele, 12. Regozijem-se na esperança. Sejam per-
tudo existe, ao qual seja a glória pelas eras. sistentes na tribulação, perseverantes na
Amém. oração.
13. Participem das necessidades dos santos.
12. Sejam dados à hospitalidade.
14. Abençoem aos que lhes perseguem. A-
1. Suplico-lhes, pois, irmãos, pelas compai- bençoem e não amaldiçoem.
xões de Deus, de apresentarem os seus cor- 15. Alegrem-se com os que se alegram, e
pos por sacrifício vivo, santo, e agradável a chorem com os que choram.
Deus, como seu culto racional. 16. Tenham o mesmo pensamento uns para
2. E não sejam conformados com este com os outros. Não aspirem posição, mas
mundo, mas sejam transformados pela reno- identifiquem-se com o humilde. Não sejam
vação de suas mentes, para poderem discer- sábios de acordo com os seus próprios con-
nir qual seja a boa, agradável, e perfeita ceitos.
vontade de Deus. 17. Não retribuam a ninguém o mal com o
3. Porque pela graça que me é dada digo a mal. Tenham intenções boas para com todas
cada um dentre vocês que não tenha um as pessoas.
conceito superior de si mesmo do que con- 18. Se possível, no que depender de vocês,
vém ter, mas pense sobriamente, de acordo vivam em paz com todas as pessoas.
com a medida da fé que Deus distribuiu a 19. Amados, não se vinguem, mas dêem
cada um. lugar à Ira, porque tem sido escrito: “A vin-
4. Porque assim como temos muitos mem- gança é minha, eu revidarei”409, diz o Se-
bros em um corpo, mas nem todos os mem- nhor.
bros têm a mesma função, 20. Por isso, “se o seu inimigo tiver fome,
5. Assim nós, sendo muitos, somos um alimente-o; se tiver sede, dê-lhe de beber.
corpo no Ungido, individualmente, porém, Porque procedendo assim, você amontoará
membros um do outro. carvão em brasas na sua cabeça”410.
6. Exerçamos, pois, os diferentes dons, de 21. Não seja vencido pelo mal, mas vença o
acordo com a graça que nos foi dada: Se for mal com o bem.
profecia, seja de acordo com a proporção da
fé;
7. Ou ministério, em ministrar; ou ensino, 13.
em ensinar; 1. Toda alma esteja sujeita às autoridades
8. Ou quem exorta, em exortar. Aquele que superiores. Porque não há autoridade que
contribui, que o faça com sinceridade; aque- não proceda de Deus, e as autoridades exis-
le que preside, com diligência; aquele que tentes foram instituídas por Deus.
demonstra misericórdia, com alegria. 2. De sorte que, aquele que resistir à autori-
9. O amor seja sem fingimento. Aborrecen- dade, resiste à regulamentação de Deus; e
do ao mal, apeguem-se ao bem. aqueles que resistirem receberão sobre si
10. Sejam amigavelmente afeiçoados uns mesmos a condenação.
pelos outros com amor fraternal, preferindo- 3. Porque os governantes não são razão de
se em honra uns aos outros. medo para as boas obras, mas para as más.
11. Não sejam negligentes nas atividades. Você então não quer temer a autoridade?!
Sejam fervorosos de espírito, servindo ao Faça o bem, e receberá elogios dela.
Senhor. 4. Porque é servidora de Deus para o seu
bem. Mas se estiver praticando o mal, tema.

409
Deuteronômio 32:35; Hebreus 10:30
408 410
Jó 41:11 Provérbios 25:21-22
19
 Romanos
Porque não é à toa que carrega a espada. 2. Um acredita que pode comer de tudo,
Porque é servidora de Deus, vingadora para
outro, sendo fraco, come vegetais.
punir o praticante do mal. 3. Quem come não despreze ao que não
5. Por isso é necessário ser submisso, não
come; e o que não come, não julgue ao que
somente pelo fato da condenação, mas tam-come, porque Deus o acolheu.
bém devido à consciência. 4. Quem é você para julgar o servo alheio?
6. Por esta razão vocês também pagam Para o seu próprio Senhor estará em pé ou
impostos, por serem eles ministros de Deus,
cairá. Mas ele permanecerá em pé, porque
cuidando continuamente desta causa. Deus é poderoso para mantê-lo em pé.
7. Paguem, pois, a todos as suas obriga- 5. Um considera um dia superior ao outro
ções: Imposto, a quem cabe imposto; taxasdia; um outro, porém, considera todos os
alfandegárias, a quem cabem taxas alfande-
dias iguais. Seja cada um completamente
gárias; temor, a quem cabe temor; honra, a
convicto de sua opinião.
quem cabe honra. 6. Aquele que guarda um dia o faz para o
8. Não devam nada a ninguém, exceto o Senhor; aquele que não guarda um dia, para
amor mútuo; porque aquele que amar ao o Senhor não o guarda. Aquele que come,
próximo, cumpriu a Lei. para o Senhor o faz, porque dá graças a
9. Porque os preceitos: “Você não adultera-
Deus; e aquele que não come, para o Senhor
rá, não assassinará, não roubará, não dará
não come, e dá graças a Deus.
falso testemunho, não cobiçará”411, e qual-
7. Porque ninguém de nós vive para si
quer outro mandamento, é resumido neste mesmo, e ninguém morre para si mesmo.
dizer, a saber: “Você amará ao seu próximo
8. Porque tanto, se vivermos, vivemos para
como a você mesmo”412. o Senhor, e, se morrermos, morremos para o
10. O amor não faz mal nenhum ao próximo.Senhor; portanto, vivendo ou morrendo,
Por isso o cumprimento da Lei é o amor. somos do Senhor.
11. E, conhecendo os tempos, sabemos que 9. Porque por isso o Ungido tanto morreu
já é muito tarde, e está na hora de sermos
quanto ressuscitou, e reviveu, para dominar
despertados do sono, porque a nossa salva-
sobre mortos e vivos.
ção está agora mais próxima do que quando10. Mas você, porque julga a seu irmão? E
cremos. também você, porque despreza a seu irmão?
12. A noite avançou e o dia tem se aproxi-
Porque todos nós compareceremos diante do
mado. Lancemos de nós, pois, as obras da tribunal do Ungido.
escuridão, e vistamos as armas da luz. 11. Porque tem sido escrito: “Tão certo co-
13. Andemos decentemente, como de dia, mo eu vivo”, diz o Senhor, “todo joelho se
não em festanças e bebedeiras, não em vadi-
dobrará diante de mim, e toda língua con-
fessará a Deus”413.
agens e libertinagens, não em briga e inveja.
14. Mas vistam o Senhor Jesus Ungido, e 12. De maneira que cada um de nós prestará
não premeditem nenhuma oportunidade para contas de si mesmo a Deus.
a carne nas suas cobiças. 13. Não nos julguemos mais, portanto, um
ao outro; julguem antes o seguinte: Que
14. ninguém coloque tropeço ou escândalo dian-
te do irmão.
1. Mas acolham ao que é fraco na fé, não 14. Sei, e estou convicto no Senhor Jesus,
para discutir assuntos duvidosos. que nada é impuro em si mesmo, a não ser
para aquele que assim o considera impuro,
para esse é impuro.
411
Êxodo 20:13-17
412
Levítico 19:18; Mateus 22:39; Marcos 12:31;
413
Gálatas 5:14; Tiago 2:8 Isaías 45:23
19
Romanos
15. Mas se seu irmão se entristecer devido ao
seu alimento, você já não anda em amor.
Não destrua com o seu alimento aquele pelo
qual o Ungido morreu.
16. Não permitam, pois, que se blasfeme do
seu bem.
17. Porque o Reino de Deus não consiste em
comida e bebida, mas em justiça, e paz, e
alegria no Espírito Santo.
18. Porque aquele que nisto serve ao Ungido
agrada a Deus e é aprovado pelas pessoas.
19. Sigamos, pois, o que contribui para a
paz, e o que edifica um ao outro.
20. Não transtorne a obra de Deus por causa
da comida. Tudo de fato é puro, mas é mal-
dade do homem comer pondo tropeço.
21. Convém não comer carne, nem beber
vinho, nem fazer qualquer outra coisa que
leve o seu irmão a tropeçar, ou ser ofendido,
ou enfraquecido.
22. Você tem fé? Tenha-a para você mesmo
diante de Deus. Bem-aventurado aquele que
não se condena naquilo em que consente.
23. Mas aquele que duvidar tem sido conde-
nado se comer, porque não procede de fé. E
tudo que não procede da fé é pecado.
15.
1. Mas nós, os fortes, devemos sustentar as
fragilidades dos fracos, e não agradar-nos a
nós mesmos.
2. Cada um de nós, pois, agrade ao próximo
para o bem, para a edificação.
3. Porque também o Ungido não se agradou
a si mesmo, mas, como tem sido escrito: “Os
insultos daqueles que lhe difamaram caíram
sobre mim”414.
4. Porque tudo o que foi escrito no passado,
foi escrito para o nosso ensino, para que nós,
por meio da paciência e do conforto das
Escrituras, tivéssemos esperança.
5. Ora, o Deus da paciência e da consolação
lhes conceda que sejam unânimes entre vo-
cês, de acordo com Jesus Ungido,
414
Salmo 69:9
19
6. A fim de que, num acorde e numa voz,
glorifiquem ao Deus e Pai de nosso Senhor
Jesus Ungido.
7. Por isso, acolham-se uns aos outros,
assim como também o Ungido nos acolheu,
para a glória de Deus.
8. Digo, pois, que Jesus Ungido tornou-se
ministro da Circuncisão a favor da verdade
de Deus, para confirmar as promessas feitas
aos pais,
9. E para os povos glorificarem a Deus pela
sua misericórdia, como tem sido escrito:
“Portanto lhe confessarei entre os povos, e
salmodiarei ao seu nome”415.
10. E novamente diz: “Regozijem-se povos
com o seu povo”416,
11. E novamente: “Louvem ao Senhor todas
as nações, e exaltem-no todos os povos”417.
12. E novamente Isaías diz: “Haverá uma
raiz de Jessé, e aquele que se levantará para
reger os povos, nele os povos esperarão” 418.
13. Ora, o Deus da esperança encha-lhes de
toda a alegria e paz pela fé, para transborda-
rem de esperança, no poder do Espírito San-
to.
14. Mas também eu estou convicto de vocês,
meus irmãos, de que também estão cheios de
bondade, e repletos de todo o conhecimento,
aptos para admoestar-se reciprocamente.
15. Tenho-lhes escrito em parte de forma
mais ousada, para lembrá-los, devido à graça
que me foi dada por Deus,
16. Para que eu seja ministro de Jesus Ungi-
do para os povos, ministrando a Boa Mensa-
gem de Deus, para que o sacrifício dos po-
vos seja agradável, santificado pelo Espírito
Santo.
17. Por isso tenho de que me gloriar em
Jesus Ungido nas questões relacionadas a
Deus.
18. Porque não ousaria falar de algo que o
Ungido não tivesse operado por mim, para a
obediência dos povos, por palavra e obra,
415
Salmo 18:49
416
Deuteronômio 32:43
417
Salmo 117:1
418
Isaías 11:10

19. Pelo poder de sinais e milagres, pelo
poder do Espírito de Deus. De sorte que,
desde Jerusalém e arredores, até ao Ilírico,
tenho plenamente pregado a Boa Mensagem
do Ungido.
20. Assim procurei anunciar a Boa Mensa-
gem, não onde o Ungido já fora citado, para
não construir sobre alicerce alheio,
21. Antes como tem sido escrito: “Aos que
não foi anunciado, verão; e os que não ouvi-
ram, entenderão”419.
22. Razão pela qual também muitas vezes
tenho sido impedido de ir até vocês.
23. Mas agora, já não tendo campo nessas
regiões, e tendo um grande desejo, todos
esses anos, de chegar até vocês,
24. Quando fizer minha viagem para a Espa-
nha, irei até vocês. Porque espero vê-los na
minha passagem, e por vocês ser conduzido
até lá, após ter primeiro me reanimado com
vocês.
25. Mas agora vou para Jerusalém ministrar
aos santos.
26. Porque agradou à Macedônia e à Acaia
de fazer uma contribuição para os pobres
dentre os santos de Jerusalém.
27. Pois isso lhes agradou, e eles são seus
devedores. Porque, se os povos se tornaram
participantes dos seus bens espirituais, tam-
bém é de sua obrigação servi-los com os
seus bens materiais.
28. Após ter completado isto, e lhes tiver
selado este fruto, passando por vocês, irei
para a Espanha.
29. E tenho certeza de que, indo até vocês,
irei na plenitude da bênção da Boa Mensa-
gem do Ungido.
30. Peço-lhes, irmãos, pelo Senhor Jesus
Ungido, e pelo amor do Espírito, que lutem
juntos comigo nas suas orações a Deus a
meu favor,
31. Para que seja liberto dos incrédulos da
Judéia, e que meu serviço a favor de Jerusa-
lém seja do agrado dos santos.
32. Para que chegue até vocês com alegria,
pela vontade de Deus, e seja reanimado com
vocês.
419
Isaías 52:15
Romanos
33. E o Deus da paz esteja com todos vocês!
Amém.
16.
1. Recomendo-lhes, pois, a nossa irmã Fe-
be, sendo serva da Convocação de Cencréia,
2. Que a recebam dignamente no Senhor,
como convém a santos, e que lhe assistam
naquilo em que precisar de ajuda. Porque
também ela tem sido anfitriã de muitos,
inclusive de mim mesmo.
3. Saúdem Priscila e Áqüila, meus colabo-
radores no Ungido Jesus,
4. Que por minha vida ofereceram seus
pescoços, aos quais não somente eu sou
grato, mas também todas as Convocações
dos povos.
5. Saúdem também a Convocação em sua
casa. Saúdem meu amado Epêneto, que é a
primícia do Ungido na Acaia.
6. Saúdem Maria, que muito trabalhou a
nosso favor.
7. Saúdem Andrônico e Júnia, meus paren-
tes e co-prisioneiros, que são notáveis entre
os apóstolos, os quais estavam no Ungido
antes de mim.
8. Saúdem Amplíato, meu amado no Se-
nhor.
9. Saúdem Urbano, nosso colaborador no
Ungido, e meu amado Estáquis.
10. Saúdem Apeles, o aprovado no Ungido.
Saúdem os da casa de Aristóbulo.
11. Saúdem Herodião, meu parente. Saúdem
os da casa de Narciso, que estão no Senhor.
12. Saúdem Trifena e Trifosa, que trabalham
no Senhor. Saúdem a amada Pérside, que
muito trabalhou no Senhor.
13. Saúdem Rufo, seleto do Senhor, e sua e
minha mãe.
14. Saúdem Asíncrito, Flegonte, Hermas,
Pátrobras, Hermes, e os irmãos com eles.
15. Saúdem Filólogo e Júlia, Nereu e sua
irmã, e Olimpas, e todos os santos com eles.
16. Cumprimentem-se mutuamente com
ósculo santo. As Convocações do Ungido
lhes saúdam.
17. Rogo-lhes, pois, irmãos, para notar bem
os que provocam divisões e escândalos,
19
Romanos
contrários à doutrina que aprenderam, e
afastem-se deles.
18. Porque os tais não servem ao nosso Se-
nhor Jesus Ungido, mas aos seus próprios
ventres, e com belas palavras e lisonjas en-
ganam os corações dos ingênuos.
19. Mas a obediência de vocês se tornou
conhecida por todos, razão porquê me alegro
em vocês. Mas queria que fossem sábios a
favor do bem, e inocentes quanto ao mal.
20. Mas o Deus da paz esmagará em breve
ao Adversário sob os pés de vocês. A graça
de nosso Senhor Jesus Ungido esteja com
vocês!
21. Timóteo, meu colaborador, e Lúcio, e
Jasom, e Sosípatro, meus parentes, lhes saú-
dam.
22. Eu, Tércio, que escrevi esta carta, lhes
saúdo no Senhor.
19
23. Gaio, meu anfitrião, e a Convocação
toda, lhes saúdam. Erasto, o Secretário de
Finanças da cidade, e o irmão Quarto lhes
saúdam.
24. A graça de nosso Senhor Jesus Ungido
esteja com todos vocês. Amém.
25. Ora, àquele que é poderoso para confir-
má-los, de acordo com a minha Boa Mensa-
gem, e a proclamação de Jesus Ungido, de
acordo com a revelação do mistério mantido
em segredo desde os tempos remotos,
26. Mas agora manifestado, e tendo sido
feito conhecido por escrituras proféticas, de
acordo com a ordem do Deus eterno, a todos
os povos, para a obediência por fé,
27. A Deus, único sábio, por meio de Jesus
Ungido, seja dado glória pelas eras! Amém.

A PRIMEIRA CARTA DO APÓSTOLO PAULO AOS
CORÍNTIOS
1.
1. Paulo, apóstolo convidado por Jesus
Ungido, pela vontade de Deus, e o irmão
Sóstenes,
2. À Convocação de Deus que está em
Corinto, aos santificados no Ungido Jesus,
santos convidados, com todos os que em
todo o lugar invocam o nome de nosso Se-
nhor Jesus Ungido, tanto deles, quanto nos-
so:
3. Graça a vocês, e paz, de Deus nosso Pai,
e do Senhor Jesus Ungido!
4. Dou sempre graças a meu Deus por vo-
cês, pela graça de Deus que lhes foi dada em
Jesus Ungido,
5. Porque vocês foram enriquecidos em
tudo nele, em toda a palavra e em todo o
conhecimento.
6. Assim como o testemunho do Ungido foi
confirmado em vocês,
7. De maneira que não carecem de nenhum
dom, aguardando a revelação de nosso Se-
nhor Jesus Ungido.
8. O qual também lhes confirmará até ao
fim, para serem irrepreensíveis no Dia de
nosso Senhor Jesus Ungido.
9. Deus é fiel, pelo qual foram chamados à
comunhão de seu Filho Jesus Ungido, nosso
Senhor.
10. Rogo-lhes, pois, irmãos, pelo nome de
nosso Senhor Jesus Ungido, que todos vocês
falem o mesmo, e que não haja divisões
entre vocês, mas que estejam em perfeita
união, no mesmo pensamento e da mesma
opinião.
11. Porque fui informado a seu respeito,
meus irmãos, pelos de Cloé, que há conten-
das entre vocês.
12. Agora digo isso, a cada um de vocês que
diz: "Eu sou de Paulo, e eu de Apolo, e eu
de Cefas, e eu do Ungido".
I Coríntios
13. Por acaso foi o Ungido dividido? Foi
Paulo crucificado por vocês? Ou vocês fo-
ram submersos no nome de Paulo?
14. Dou graças a Deus que não submergi a
ninguém de vocês, a não ser a Crispo e a
Gaio,
15. Para que ninguém diga que submergi em
meu próprio nome.
16. E também submergi a família de Estéfa-
nas. Além destes, não sei se submergi mais
alguém.
17. Porque o Ungido não me enviou para
submergir, mas para anunciar a Boa Mensa-
gem. Não com palavras de sabedoria, para
não invalidar a cruz do Ungido.
18. Porque a palavra da cruz é tolice para os
que perecem, mas para nós, que somos sal-
vos, é o poder de Deus.
19. Porque tem sido escrito: "Destruirei a
sabedoria dos sábios, e reduzirei a nada o
conhecimento dos inteligentes"420.
20. Onde está o sábio? Onde o escriba? On-
de o inquiridor deste mundo? Não tem Deus
imbecilizado a sabedoria deste mundo?
21. Porque, já que o mundo pela sua sabedo-
ria não conheceu a Deus na sua sabedoria,
agradou a Deus salvar pela tolice da prega-
ção aos que crêem.
22. Visto que tanto os judeus exigem um
sinal, como os gregos procuram por sabedo-
ria,
23. Nós, todavia, pregamos ao Ungido cruci-
ficado, para os judeus, na verdade, um es-
cândalo, e para os gregos tolice,
24. Mas aos convidados, tanto judeus quanto
gregos, o Ungido é o poder de Deus e a
sabedoria de Deus.
25. Porque a “tolice” de Deus é mais sábia
do que os homens; e a “fraqueza” de Deus é
mais forte do que os homens.
26. Porque vocês vêem o seu convite, ir-
mãos, que não há muitos sábios segundo a
420
Isaías 29:14
19
I Coríntios
carne, não muitos poderosos, não muitos
nobres.
27. Mas Deus selecionou os tolos deste
mundo, para envergonhar os sábios, e Deus
selecionou os fracos deste mundo, para en-
vergonhar os valentes.
28. E Deus selecionou os comuns deste
mundo, e os desprezados, e o que não é, para
reduzir a nada o que é,
29. A fim de que nenhuma carne se glorie na
sua presença.
30. Mas vocês são dele no Ungido Jesus, o
qual nos foi feito sabedoria de Deus, e justi-
ça, e santificação, e redenção.
31. Para que, como tem sido escrito: "Quem
se gloria, glorie-se no Senhor!"421
2.
1. E eu, irmãos, indo até vocês, não fui com
linguagem sofisticada ou sabedoria, para
expor-lhes plenamente o testemunho de
Deus.
2. Porque decidi não saber nada entre vo-
cês, a não ser a Jesus Ungido, e o mesmo
crucificado.
3. E eu estive com vocês em fraqueza, e
temor, e grande tremor.
4. E minha linguagem e minha proclama-
ção não consistiram em palavras persuasivas
de sabedoria humana, mas na demonstração
do Espírito e de poder,
5. A fim de que sua fé não se fundamentas-
se na sabedoria humana, mas no poder de
Deus.
6. Não obstante falamos sabedoria entre os
amadurecidos, não, porém, a sabedoria deste
mundo, nem a dos catedráticos deste mundo
que são reduzidos a nada,
7. Mas falamos da sabedoria encoberta de
Deus em mistério, que Deus predefiniu antes
das eras para a nossa glória,
8. A qual nenhum dos governantes deste
mundo conheceu, porque se a tivessem co-
nhecido não teriam crucificado o Senhor da
glória.
421
Jeremias 9:24; II Coríntios 10:17
19
9. Mas como tem sido escrito: "Nem olho
viu, nem ouvido ouviu, nem entrou no cora-
ção humano, aquilo que Deus preparou aos
que o amam"422.
10. Mas Deus no-lo revelou pelo seu Espíri-
to, porque o Espírito perscruta tudo, até as
profundezas de Deus.
11. Porque, que pessoa conhece o que é
inerente à pessoa, a não ser o espírito da
pessoa que está nela? Assim também nin-
guém conhece o que é inerente a Deus, a não
ser o Espírito de Deus.
12. Mas nós não recebemos o espírito do
mundo, mas o Espírito de Deus, para saber-
mos o que nos foi agraciado por Deus.
13. Do que também falamos, não com pala-
vras de ensino de sabedoria humana, mas
com palavras ensinadas pelo Espírito Santo,
interpretando o espiritual com o espiritual.
14. Mas o homem psíquico não aceita o que
provém do Espírito de Deus, porque lhe é
tolice, nem pode compreendê-lo, porque
deve ser discernido espiritualmente.
15. Mas o espiritual discerne tudo, ele, po-
rém, não é discernido por ninguém.
16. Porque, "quem conheceu a mente do
Senhor? Quem o instruirá?"423 Mas nós
temos a mente do Ungido.
3.
1. Eu, porém, irmãos, não pude me dirigir a
vocês como a espirituais, mas como a car-
nais, como a bebês no Ungido.
2. Nutri-lhes com leite, e não com alimento
sólido, sendo que ainda não eram capazes,
mas nem mesmo agora são capazes,
3. Porque ainda são carnais. Porque, en-
quanto entre vocês houver inveja, e briga, e
facções, não são carnais e se comportam
como humanos?
4. Porque enquanto um diz: "Eu sou de
Paulo", e outro: "Eu de Apolo", vocês não
são carnais?
5. Quem, pois, é Paulo, e quem Apolo?
Somente obreiros por meio dos quais vocês
422
Isaías 64:3
423
Isaías 40:13; Romanos 11:34

creram, tal qual o Senhor concedeu a cada
um.
6. Eu plantei, Apolo regou, mas Deus deu o
crescimento.
7. Portanto, nem o que planta é alguém,
nem o que rega, mas Deus, que dá o cresci-
mento.
8. Ora, o que planta e o que rega são o
mesmo. E cada um receberá seu próprio
galardão de acordo com o seu próprio traba-
lho.
9. Porque somos colaboradores de Deus.
Vocês são o cultivo de Deus e a construção
de Deus.
10. Pela graça de Deus que me foi concedi-
da, como arquiteto sábio, lancei o alicerce, e
um outro edifica. Mas cada um veja como
edifica.
11. Porque outro alicerce ninguém pode
lançar além daquele que foi assentado, o
qual é Jesus Ungido.
12. Ora, se alguém sobre este alicerce edifi-
car ouro, prata, pedras preciosas, madeira,
feno, restolho,
13. A obra de cada um se tornará manifesta:
Porque o dia a tornará evidente, porque é
revelada mediante o fogo. E o fogo há de
provar a qualidade da obra de cada um.
14. Se a obra que alguém edificou resistir,
receberá galardão.
15. Se a obra de alguém for consumida,
sofrerá prejuízo, mas ele mesmo será salvo,
todavia como que através do fogo.
16. Vocês não souberam que são o Templo
de Deus, e que o Espírito de Deus habita em
vocês?!
17. Se alguém profanar o Templo de Deus,
Deus o profanará, porque o Templo de
Deus, que são vocês, é sagrado.
18. Ninguém se engane: Se alguém de vocês
julga ser sábio nesta era, torne-se tolo, para
que se torne sábio.
19. Porque a sabedoria deste mundo é tolice
diante de Deus. Porque tem sido escrito:
"Ele flagra os sábios na sua própria astú-
cia"424.
424
Jó 5:13
I Coríntios
20. E novamente: "O Senhor conhece os
raciocínios dos sábios, que são fúteis"425.
21. De forma que ninguém se glorie em
pessoas. Porque tudo é seu:
22. Quer seja Paulo, ou Apolo, ou Cefas, ou
o mundo, ou a vida, ou a morte, ou o presen-
te, ou o futuro, tudo é seu.
23. E vocês são do Ungido, e o Ungido é de
Deus.
4.
1. A pessoa assim nos considere, como
oficiais do Ungido e mordomos dos misté-
rios de Deus.
2. Além disso, exige-se de mordomos que
cada um seja encontrado fiel.
3. Mas, quanto a mim, faço pouco caso de
ser julgado por vocês, ou por um tribunal
humano, de fato, nem eu me julgo a mim
mesmo.
4. Porque não estou consciente de nada;
mas nem por isso tenho sido justificado,
pois quem me julga é o Senhor.
5. Por isso, não julguem nada antes do
tempo, até ter vindo o Senhor, que trará à
luz as questões ocultas da escuridão, e mani-
festará os intentos dos corações, e então
cada um receberá louvor de Deus.
6. Ora, irmãos, apliquei isto figuradamente
a mim e a Apolo por sua causa, para que
aprendam em nós a não julgar além do que
tem sido escrito, para que ninguém se en-
vaideça contra o outro.
7. Pois, quem lhe faz destacar? E o que
você possui que não tenha recebido? Mas já
que o recebeu, por que você se exalta como
se não o tivesse recebido?
8. Ora, vocês já estão saciados! Vocês já
foram enriquecidos! Já reinaram sem nós! E
queria em Deus que de fato reinassem, a fim
de que nós também reinássemos com vocês.
9. Porque sou da opinião de que Deus nos
expôs, a nós, os apóstolos, em último lugar,
como que sentenciados à morte. Porque
tornamo-nos um espetáculo ao mundo, e aos
anjos, e às pessoas.
425
Salmo 94:11
19
I Coríntios
10. Nós somos tolos pela causa do Ungido,
mas vocês sábios no Ungido; nós fracos,
mas vocês fortes; vocês honrados, mas nós
desprezados.
11. Até o presente momento passamos fome
e sede, e andamos mal-vestidos, e somos
esbofeteados e perambulamos.
12. E nos afadigamos, trabalhando com nos-
sas próprias mãos. Sendo insultados, aben-
çoamos; sendo perseguidos, suportamos;
13. Sendo difamados, admoestamos; torna-
mo-nos no lixo do mundo, no esgoto de
todos, até o presente momento.
14. Não lhes escrevo isto para envergonhá-
los, mas exorto-lhes como a meus filhos
amados.
15. Porque, mesmo que tenham dez mil tuto-
res no Ungido, não têm muitos pais, porque
no Ungido Jesus eu lhes gerei pela Boa
Mensagem.
16. Por isso exorto-lhes, tornem-se meus
imitadores!
17. Por esta razão enviei-lhes Timóteo, meu
filho amado e fiel no Senhor, o qual lhes
lembrará dos meus caminhos no Ungido,
assim como ensino por toda a parte, em cada
Convocação.
18. Ora, alguns se incharam como se eu não
fosse até vocês agora.
19. Mas irei em breve até vocês, se o Senhor
quiser, e conhecerei, não as palavras dos
inchados, mas o poder.
20. Porque o Reino de Deus não consiste em
palavra, mas em poder.
21. O que preferem? Que eu vá até vocês
com vara, ou em amor e em espírito de man-
sidão?
5.
1. É largamente difundido que há sexo
ilícito entre vocês, e sexo ilícito tal, que nem
mesmo entre os povos é mencionado: Que
alguém possua a esposa de seu próprio pai.
2. Mas vocês estão inchados, e não preferi-
ram chorar, para que fosse excluído dentre
vocês aquele que praticou tal ato.
3. Porque eu, apesar de fisicamente ausen-
te, porém espiritualmente presente, já jul-
19
guei, como se estivesse presente, que aquele
que isto praticou,
4. No nome de nosso Senhor Jesus Ungido,
reunidos vocês e o meu espírito, no poder de
nosso Senhor Jesus Ungido,
5. Que o mesmo seja entregue ao Adversá-
rio para a destruição da carne, a fim de que o
espírito seja salvo no Dia do Senhor Jesus.
6. Sua vanglória não fica bem. Vocês não
sabem que um pouco de fermento leveda a
massa toda?
7. Removam, pois, o fermento antigo, para
que sejam uma nova massa, assim como
estão sem fermento. Porque também o Un-
gido, nosso cordeiro pascal, foi sacrificado
por nós,
8. Para que celebremos a festa, não com o
fermento antigo, nem com o fermento da
safadeza e da depravação, mas com a massa
não-fermentada da sinceridade e da verdade.
9. Escrevi-lhes na carta para não se ajunta-
rem com os homossexuais.
10. Mas de todo não com os homossexuais
deste mundo, ou com os gananciosos, ou
extorquidores, ou idólatras. Do contrário
seria-lhes necessário sair deste mundo.
11. Mas agora escrevi-lhes a não conviverem
com alguém que for chamado de irmão e for
homossexual, ou ganancioso, ou idólatra, ou
maldizente, ou alcoólatra, ou extorquidor;
com um destes nem sequer tomem uma
refeição juntos.
12. Mas por que vou julgar também os de
fora? Vocês não julgam os de dentro?
13. Mas Deus julga os de fora. Por isso ex-
cluam de seu meio este perverso.
6.
1. Atreve-se alguém de vocês, tendo algu-
ma questão contra outro, a levá-lo à justiça
diante dos injustos, e não diante dos santos?
2. Vocês não sabem que os santos julgarão
o mundo? E se o mundo for julgado por
vocês, são vocês incapazes de julgar as
questões mínimas?
3. Não sabem que nós iremos julgar a an-
jos? Quanto mais as questões relativas a esta
vida?

4. Se agora tiverem contendas sobre ques-
tões relativas a esta vida, vocês designam os
menos honrados da Convocação para julgar.
5. Falo para a sua vergonha! Não há de fato
nenhum entendido entre vocês? Nem um
sequer que fosse capaz de julgar entre irmão
e irmão?
6. Mas um irmão vai à justiça contra outro
irmão, e isto diante de incrédulos!
7. Ora, já é uma grave derrota para vocês só
pelo fato de haver processos entre vocês. Por
que não preferem sofrer a injustiça? Por que
não preferem ser lesados?
8. Vocês antes cometem a injustiça e lesam,
e isso aos irmãos!
9. Ou não sabem que os injustos não herda-
rão o Reino de Deus? Não sejam enganados!
Nem prostitutos, nem adoradores de ima-
gens, nem adúlteros, nem efeminados, nem
homossexuais,
10. Nem ladrões, nem gananciosos, nem
alcoólatras, nem briguentos, nem extorqui-
dores, herdarão o Reino de Deus.
11. E tais foram alguns de vocês. Mas vocês
foram lavados, mas foram santificados, mas
foram justificados, pelo nome do Senhor
Jesus e pelo Espírito de nosso Deus.
12. Tudo me é permitido, mas nem tudo é
proveitoso. Tudo me é permitido, mas não
serei subjugado por nada.
13. Os alimentos são para o ventre, e o ven-
tre para os alimentos, mas Deus destruirá
tanto a um quanto ao outro. Mas o corpo não
é para o sexo ilícito, mas para o Senhor, e o
Senhor para o corpo.
14. E Deus ressuscitou tanto o Senhor, quan-
to também nos ressuscitará pelo seu poder.
15. Vocês não sabem que os seus corpos são
membros do Ungido? Tomaria eu, então, os
membros do Ungido, e deles faria membros
de uma prostituta? De modo nenhum!
16. Ou vocês não sabem que aquele que se
junta à prostituta é um corpo? Porque "os
dois", diz ele, "serão uma carne"426.
17. Mas o que é unido ao Senhor, é um espí-
rito.
426
Gênesis 2:24
I Coríntios
18. Fujam do sexo ilícito! Qualquer pecado
que uma pessoa cometa está fora do corpo,
mas aquele que praticar sexo ilícito peca
contra o seu próprio corpo.
19. Ou não sabem que o seu corpo é o San-
tuário do Espírito Santo, que está em vocês,
que receberam de Deus, e que não perten-
cem a vocês mesmos?
20. Porque vocês foram comprados por uma
soma elevada, por isso magnifiquem a Deus
no seu corpo e no seu espírito, os quais são
de Deus.
7.
1. E referente ao que me escreveram: É
recomendável para o homem não ter rela-
ções com mulher.
2. Porém, devido ao sexo ilícito427, cada um
tenha a sua própria esposa, e cada uma tenha
o seu próprio esposo.
3. O marido cumpra sua obrigação conjugal
para com a sua esposa bem disposto, e da
mesma maneira a esposa para com o marido.
4. A esposa não tem autoridade sobre o seu
corpo, mas o marido. E da mesma maneira
também o marido não tem autoridade sobre
o seu corpo, mas a esposa.
5. Não se privem um do outro, exceto por
mútua concordância por um tempo determi-
nado, para estarem livres para o jejum e a
oração, e voltem a ter relações conjugais,
para que o Adversário não lhes tente, devido
à sua incontinência.
6. Mas digo isto por permissão, não como
mandamento.
7. Porque queria que todas as pessoas fos-
sem como eu. Mas cada um tem o seu pró-
prio dom de Deus, um dessa forma e o outro
de outra.
8. Digo, pois, aos não-casados e às viú-
vas428: É preferível para os mesmos perma-
necerem como eu sou.
427
A idéia aqui é: “para evitar o sexo ilícito”.
428
Note que os separados não fazem parte da lista
daqueles que podem se casar.
19
I Coríntios
9. Mas, se não tiverem autocontrole, ca-
sem-se, porque é preferível casar do que
arder.
10. Todavia, aos casados ordeno, não eu,
mas o Senhor: Não se separe a esposa de seu
marido.
11. Mas, caso venha a separar-se, permaneça
não-casada429, ou reconcilie-se com o mari-
do. E o marido não deixe de sua esposa.
12. Mas aos restantes digo eu, não o Senhor:
Caso um irmão tenha uma esposa descrente,
e ela se agrada em conviver com ele, não a
abandone.
13. E a mulher que tem marido descrente, e
ele se agrada em conviver com ela, não o
abandone.
14. Porque o marido descrente é santificado
pela esposa, e a esposa descrente é santifica-
da pelo marido. Caso contrário seus filhos
seriam impuros, mas agora são santos.
15. Mas, se o descrente se separar, que se
separe. Este irmão ou esta irmã nestes casos
não está sob a servidão430. Mas Deus cha-
mou-nos à paz.
16. Porque, como você sabe, ó esposa, se
salvará o seu marido? Ou como você sabe, ó
esposo, se salvará a sua esposa?
17. Mas assim como Deus distribuiu a cada
um, como o Senhor chamou a cada um,
assim conduza a sua vida. E assim ordeno
em todas as Convocações.
18. Se alguém foi chamado circunciso, per-
maneça na circuncisão. Se alguém foi cha-
mado incircunciso, não seja circuncidado.
19. A circuncisão não é nada e a incircunci-
são também não é nada, entretanto a guarda
dos mandamentos de Deus.
20. Cada um permaneça na vocação em que
foi chamado.
21. Você foi chamado como servo? Não se
preocupe! Mas, se puder tornar-se livre,
aproveite-o.
429
Uma ordem muito clara para a pessoa separa-
da: “permaneça sem se casar”.
430
Servidão: não está obrigado a qualquer custo
continuar vivendo junto com o parceiro. Jamais
está incluído neste rompimento da servidão o
novo casamento. Este raciocínio contradiz todo
o resto do capítulo e toda a Bíblia.
20
22. Porque o que for chamado como servo
no Senhor, é um liberto do Senhor. Da
mesma maneira também aquele que for
chamado como livre é um servo do Ungido.
23. Vocês foram comprados por uma soma
elevada, não tornem-se servos de homens.
24. Irmãos, cada um permaneça na vocação
em que foi chamado por Deus.
25. No que se refere às virgens, não tenho
mandamento do Senhor, dou, porém, o meu
parecer, como alguém que recebeu o favor
do Senhor de ser fiel:
26. Julgo, pois, ser apropriado, devido às
necessidades atuais, que é preferível a pes-
soa ser assim:
27. Você foi ligado a uma esposa? Não pro-
cure desligar-se. Você foi desligado da es-
posa?431 Não procure uma esposa.
28. Mas, caso tenha casado, não pecou. E
caso uma virgem tenha casado, não pecou.
Todavia estes terão aflições no corpo, mas
eu quero poupá-los.
29. Mas isto digo, irmãos, o tempo tem se
abreviado. Daqui em diante até os que tive-
rem esposas sejam como se não as tivessem;
30. E os que choram, como se não choras-
sem; e os que se alegram, como que não se
alegrassem; e os que compram, como se
nada possuíssem;
31. E os que usam deste mundo, como se
não fosse seu. Porque o fascínio deste mun-
do passa.
32. Mas quero que estejam livres de preocu-
pações. O não-casado cuida do que é do
Senhor, em como agradar ao Senhor.
33. Mas o casado cuida do que é deste mun-
do, em como agradar a sua esposa.
34. Há diferença entre a esposa e a virgem.
A não-casada cuida do que é do Senhor,
para que seja santa, tanto no corpo, quanto
no espírito. Mas a casada cuida do que é do
mundo, em como agradar ao marido.
35. E isto digo para o seu próprio proveito,
não que eu lance um laço sobre vocês, mas
431
Desamarrado: Romanos 7:2 nos esclarece que
a única forma de uma pessoa ficar “desamarra-
da” de seu parceiro é através da morte.

para que haja um bom andamento, e para
que possam servir ao Senhor sem distração.
36. Mas, se alguém achar que age inconve-
nientemente para com a sua virgem, passan-
do ela da plenitude da vida, e a necessidade
o exigir, faça o que quiser, não peca: Casem-
se.
37. Aquele, porém, que estiver firme no seu
coração, não tendo necessidade, mas tendo
domínio sobre a sua vontade, e assim deter-
minou no seu coração, de manter a sua vir-
gindade, faz bem.
38. De maneira que, aquele que concede em
casamento, age bem; mas aquele que não
concede em casamento, age melhor.
39. A esposa está enlaçada pela Lei por todo
o tempo que seu marido viver; mas, falecen-
do o seu marido, está livre para casar com
quem quiser, desde que no Senhor432.
40. Mas será mais feliz se permanecer assim,
de acordo com a minha opinião, e creio
também ter o Espírito de Deus.
8.
1. Mas temos conhecimento a respeito do
sacrificado aos ídolos, porque todos nós
temos o saber. O saber incha, mas o amor
edifica.
2. E, se alguém supõe saber algo, não sabe
ainda como convém saber.
432
Palavra claríssima sobre a impossibilidade de
separação e novo casamento. A possibilidade
do novo casamento para um separado simples-
mente não existe. Esta transgressão sendo rea-
lizada por pastores e Cristãos nos nossos dias é
uma das principais evidências da apostasia em
andamento. A partir do momento em que posso
ignorar a Palavra de Deus nesta área, posso ig-
norá-la em qualquer outra. Como desculpa pelo
ato, e para agradar as pessoas, usa-se do subter-
fúgio: “Isto é uma questão de interpretação e
não é uma doutrina que envolva a salvação”.
Não nos enganemos: Os adúlteros não herdarão
o Reino de Deus, e, quem alterar uma das me-
nores verdades da Bíblia será considerado o
menor no Reino de Deus. Quantos pastores na-
nicos teremos no Céu, e quantos “Cristãos” en-
ganados pelos mesmos no inferno?!
I Coríntios
3. Mas, se alguém amar a Deus, o mesmo é
conhecido por ele.
4. No que se refere, pois, ao comer do sa-
crificado aos ídolos, sabemos que o ídolo
não é nada no mundo, e que não há nenhum
Deus a não ser um.
5. Porque apesar de haver assim-chamados
deuses, tanto no céu, como na terra, assim
como há muitos deuses e muitos senhores,
6. Para nós, todavia, há um só Deus, o Pai,
do qual tudo consiste, e nós nele; e um Se-
nhor, Jesus Ungido, por meio do qual tudo
consiste, e nós por meio dele.
7. Todavia não há este conhecimento em
todos: Porque alguns, conscientes do ídolo,
até agora comem como algo sacrificado ao
ídolo, e sua consciência fraca é contamina-
da.
8. Mas o alimento não nos aproxima de
Deus. Porque se comermos não seremos
melhores, nem se deixarmos de comer sere-
mos piores.
9. Mas vejam para que esta sua liberdade
não se transforme em tropeço para os fracos!
10. Porque, caso alguém lhe veja, você que
tem conhecimento, reclinado no templo do
ídolo, a consciência do fraco não será moti-
vada a comer do sacrificado ao ídolo?
11. Porventura, pereceria o irmão fraco, pelo
qual o Ungido morreu, devido ao seu conhe-
cimento?
12. Mas, se assim pecarem contra os irmãos,
e golpearem suas consciências fracas, pecam
contra o Ungido.
13. De maneira que, se o alimento escandali-
zar a meu irmão, nunca jamais comerei car-
ne sacrificada, para não escandalizar a meu
irmão.
9.
1. Não sou apóstolo? Não sou livre? Não
tenho visto a Jesus Ungido, nosso Senhor?
Não são vocês minha obra no Senhor?
2. Se não for apóstolo para os outros, ao
menos o sou para vocês: Porque o selo de
meu apostolado são vocês no Senhor.
3. Minha apologia para os que me questio-
nam é a seguinte:
20
I Coríntios
4. Não temos nós o direito de comer e be-
ber?
5. Não temos nós o direito de levar conosco
uma irmã, esposa, como também os demais
apóstolos, e os irmãos do Senhor, e Cefas?
6. Ou somente eu e Barnabé não temos o
direito de deixar de exercer a profissão?
7. Quem jamais presta serviço militar por
conta própria? Quem planta uma vinha e não
come do seu fruto? Ou quem apascenta o
rebanho e não se nutre do leite do rebanho?
8. Digo isto do ponto de vista humano, ou
não afirma a Lei também o mesmo?
9. Porque tem sido escrito na Lei de Moi-
sés: "Você não amordaçará o boi que debu-
lha"433. Por acaso Deus se preocupa com
bois?
10. Ou não o menciona por nossa causa?
Sem dúvida alguma foi escrito por nossa
causa. Que aquele que ara, are na esperança;
e aquele que debulha na esperança, participe
de sua esperança.
11. Se nós lhes semeamos bens espirituais,
seria excepcional colhermos seus bens mate-
riais?
12. Se outros participam deste direito sobre
vocês, não deveríamos nós muito mais?
Nós, porém, não usamos deste direito, antes
sofremos tudo, para não criar nenhum obstá-
culo à Boa Mensagem do Ungido.
13. Vocês não sabem que os que trabalham
no sagrado vivem das provisões do Templo?
E os que assistem no altar são participantes
do altar?
14. Assim também ordenou o Senhor aos
que pregam a Boa Mensagem, a viver da
Boa Mensagem.
15. Mas eu não fiz uso deste direito. Nem
escrevi isto para que assim se proceda comi-
go. Porque antes preferiria morrer do que
alguém anular este meu gloriar.
16. Porque, caso anuncie a Boa Mensagem,
não tenho de que me gloriar, porque esta
obrigação me foi imposta; mas, ai de mim,
se não anunciar a Boa Mensagem!
433
Deuteronômio 25:4; I Timóteo 5:18
20
17. Porque, se o faço de boa vontade, tenho
recompensa, mas se o faço contrariado, as-
sim mesmo a administração me foi confiada.
18. Qual é, neste caso, a minha recompensa?
Que, pregando a Boa Mensagem, apresente
a Boa Mensagem do Ungido de graça, para
não abusar de meu direito na Boa Mensa-
gem.
19. Porque, estando livre de todos, fiz-me
servo de todos, para ganhar o maior número
possível.
20. Aos judeus tornei-me judeu, para ganhar
os judeus; aos que estão debaixo da Lei,
vivo como debaixo da Lei, para ganhar os
que estão debaixo da Lei;
21. Para os que não têm Lei, vivo como não
tendo Lei, porém não estando sem Lei para
com Deus, mas sob a Lei do Ungido, para
ganhar os que não têm Lei;
22. Aos fracos tornei-me fraco, para ganhar
os fracos. Fiz-me tudo para com todos, para
por todos os meios salvar alguns.
23. E faço isto pela Boa Mensagem, para
que dela seja co-participante.
24. Não sabem de que os que correm no
estádio434, todos correm, mas somente um
leva o prêmio? Assim corram para conquis-
tá-lo!
25. E todo atleta que treina se controla em
tudo. Ora, aqueles, na verdade, para con-
quistar uma coroa corruptível435, nós, po-
rém, uma incorruptível.
26. Corro, pois, de tal forma, não a bel-
prazer; assim luto, não como desferindo
golpes no ar,
27. Mas golpeio o meu corpo, e o reduzo à
escravidão, para que jamais aconteça de,
tendo pregado a outros, eu mesmo vir a ser
desclassificado.
10.
1. Além disso, irmãos, não quero que igno-
rem que nossos pais estiveram todos debai-
xo da nuvem, e todos passaram pelo mar,
434
Stadion: corrida de aproximadamente 185m de
distância.
435
Os vencedores recebiam uma coroa de louros.

2. E todos foram submersos em Moisés, na
nuvem e no mar,
3. E todos comeram do mesmo alimento
espiritual,
4. E todos beberam da mesma bebida espi-
ritual, porque bebiam da rocha espiritual que
os acompanhava, e esta rocha era o Ungido.
5. Mas da maioria deles Deus não se agra-
dou, razão porquê foram prostrados no de-
serto.
6. Ora, estes se tornaram em tipos para nós,
a fim de não cobiçarmos o mal, bem como
eles o cobiçaram.
7. Nem tornem-se adoradores de imagens,
como alguns deles o foram, como tem sido
escrito: “O povo assentava-se para comer e
beber, e levantava-se para brincar”436.
8. Nem pratiquemos sexo ilícito, como
vários deles cometeram sexo ilícito, e caí-
ram num dia vinte e três mil.
9. Nem tentemos ao Ungido, como também
alguns deles o tentaram, e pereceram pelas
serpentes.
10. Nem resmunguem, como alguns deles
resmungaram, e foram mortos pelo destrui-
dor.
11. Ora, tudo isso lhes aconteceu como ti-
pos437, e foram escritos para a nossa admo-
estação, sobre os quais chegaram os fins das
eras.
12. Aquele, pois, que pensa estar em pé,
cuide para que não caia.
13. Vocês não foram surpreendidos por ne-
nhuma tentação que não fosse humana. Mas
Deus é fiel, que não permitirá que sejam
tentados acima de sua capacidade, antes,
junto com a tentação fornecerá uma saída,
de sorte que sejam capazes de suportá-la.
14. Por isso, meus amados, fujam da idola-
tria.
15. Falo como a sensatos. Julguem o que
afirmo.
16. O cálice da bênção, que abençoamos,
não é ele a comunhão do sangue do Ungido?
O pão que partimos, não é ele a comunhão
do corpo do Ungido?
436
Êxodo 32:6
437
Modelo a ser seguido ou evitado.
I Coríntios
17. Porque nós, sendo muitos, somos um só
pão, um só corpo, porque todos participa-
mos de um só pão.
18. Vejam quanto ao Israel segundo a carne:
Não são os que comem dos sacrifícios co-
participantes do altar?
19. O que pois direi? Que o ídolo é algo, ou
o sacrificado aos ídolos é algo?
20. Mas aquilo que os povos sacrificam,
sacrificam-no aos demônios, e não a Deus,
mas eu não quero que vocês se tornem co-
participantes dos demônios.
21. Vocês não podem beber o cálice do Se-
nhor e o cálice dos demônios. Vocês não
podem ser participantes da mesa do Senhor
e da mesa dos demônios.
22. Ou provocamos o Senhor à inveja? So-
mos mais fortes que ele?
23. Tudo me é permitido, mas nem tudo
favorece. Tudo me é permitido, mas nem
tudo edifica.
24. Ninguém procure o seu próprio interesse,
antes cada qual o que é do outro.
25. Comam de tudo que for vendido na feira
da carne, não perguntando pela procedência,
em função da consciência.
26. “Porque a Terra e a sua plenitude são
do Senhor”438.
27. Mas, se alguém dos descrentes lhes con-
vidar, e resolverem ir, comam de tudo que
lhes for servido, não perguntando nada, em
função da consciência.
28. Mas se alguém lhes disser: “Isto é sacri-
ficado ao ídolo!” Não comam, devido àquele
que lhes avisou, e em função da consciência,
“porque a Terra e a sua plenitude são do
Senhor”410.
29. Não me refiro à sua consciência, mas a
do outro. Por que razão seria a minha liber-
dade julgada pela consciência alheia?
30. Porque, se participo agradecido, por que
seria eu caluniado por aquilo que dou gra-
ças?
31. Se, pois, comerem ou beberem, ou o que
quer que seja que fizerem, façam tudo para a
glória de Deus.
438
Salmo 24:1
20
I Coríntios
32. Não sejam motivo de tropeço, nem para
judeus, nem para gregos, nem para a Convo-
cação de Deus.
33. Assim como procuro agradar a todos em
tudo, não procurando a minha própria van-
tagem, mas a da maioria, para que sejam
salvos.
11.
1. Sejam meus imitadores, assim como eu
do Ungido!
2. Louvo-lhes, porém, irmãos, por terem se
lembrado de mim em tudo, e guardarem os
costumes como lhos transmiti.
3. Mas, quero que saibam que o cabeça de
todo homem é o Ungido, e o cabeça da es-
posa é o marido, e o cabeça do Ungido é
Deus.
4. Todo homem que ora ou profetiza, tendo
algo na sua cabeça, desonra a sua cabeça.
5. Mas toda mulher que ora ou profetiza
com a cabeça descoberta, desonra a sua
cabeça, porque seria como se fosse rapada.
6. Porque, se a mulher não estiver coberta,
corte-se o cabelo. Mas, sendo que é vergo-
nhoso para a mulher cortar o cabelo ou ser
rapada, esteja coberta.
7. Porque um homem, de fato, não deve
cobrir a cabeça, sendo a imagem e a glória
de Deus, mas a mulher é a glória do homem.
8. Porque o homem não veio da mulher,
mas a mulher do homem.
9. Nem foi o homem criado a bem da mu-
lher, mas a mulher a bem do homem.
10. Por essa razão a mulher deve ter um
sinal de autoridade sobre a sua cabeça, devi-
do aos anjos.
11. Todavia, nem é o marido separado da
esposa, nem a esposa separada do marido no
Senhor.
12. Porque, assim como a mulher procede do
homem, assim também o homem procede da
mulher, mas tudo procede de Deus.
13. Julguem por vocês mesmos: É decoroso
para uma mulher orar a Deus descoberta?
14. Ou não lhes ensina a própria natureza
que é vergonhoso para um homem ter cabelo
comprido?
20
15. Se, porém, a mulher tiver cabelo com-
prido, é uma glória para ela: Porque o cabelo
lhe foi dado como cobertura.
16. Mas, se alguém quiser ser contencioso,
nós não temos este costume, nem as Convo-
cações de Deus.
17. Ora, nisto que ordeno, não lhes elogio,
que, quando se reúnem, não é para melhor,
mas para pior.
18. Porque primeiramente, de fato, quando
se reúnem na Convocação, ouço haver divi-
sões entre vocês, e em parte o acredito.
19. Porque é necessário haver divergências
entre vocês, para que os aprovados entre
vocês sejam manifestos.
20. Quando, pois, vocês se reúnem em um
lugar, não é para tomar a ceia do Senhor.
21. Porque cada um toma antecipadamente
sua própria ceia, e um está com fome e o
outro embriagado.
22. Por acaso vocês não têm casas para nelas
comer e beber? Ou vocês desprezam a Con-
vocação de Deus, e envergonham aos que
não têm? O que lhes direi? Devo elogiá-los
por isso? Não lhes elogio.
23. Porque eu recebi do Senhor o que tam-
bém lhes transmiti: Que o Senhor Jesus, na
noite em que foi traído, tomou o pão,
24. E, tendo dado graças, partiu-o e disse:
“Tomem, comam, isto é o meu corpo que
está sendo partido por vocês. Façam isto em
memória de mim”.
25. Do mesmo modo também o cálice, após
a ceia, dizendo: “Este cálice é o Novo Tes-
tamento no meu sangue. Façam isto, todas
as vezes que o beberem, em memória de
mim!”.
26. Porque todas as vezes que comerem
deste pão, e beberem deste cálice, anunciam
a morte do Senhor, até que ele retorne.
27. De maneira que, aquele que comer deste
pão, ou beber do cálice do Senhor indigna-
mente, será culpado do corpo e do sangue do
Senhor.
28. Examine-se, pois, a pessoa, e assim co-
ma do pão e beba do cálice.
29. Porque aquele que come e bebe indig-
namente, come e bebe condenação para si
mesmo, não distinguindo o corpo do Senhor.

30. Por esta razão há muitos debilitados e
doentes entre vocês, e muitos adormeceram.
31. Porque, se nós nos julgássemos a nós
mesmos, não seríamos julgados.
32. Mas, sendo julgados, somos disciplina-
dos pelo Senhor, para não sermos condena-
dos com o mundo.
33. Portanto, meus irmãos, quando se reuni-
rem para cear, aguardem um pelo outro.
34. Mas, se alguém tiver fome, coma em
casa, para não se reunirem para a condena-
ção. E o restante colocarei em ordem quando
chegar.
12.
1. Mas, quanto aos dons espirituais, irmãos,
não quero que sejam ignorantes.
2. Vocês sabem que eram povos, dirigidos
aos ídolos mudos, assim como eram leva-
dos.
3. Razão porquê faço-lhes entender que
ninguém, falando pelo Espírito de Deus, diz:
“Amaldiçoado seja Jesus”, e ninguém pode
dizer: “Senhor Jesus”, a não ser pelo Espíri-
to Santo.
4. Há, porém, diversidade de dons, mas o
mesmo Espírito.
5. E há diversidade de ministérios, mas o
mesmo Senhor.
6. E há diversidade de operações, mas o
mesmo Deus que opera tudo em todos.
7. Mas a manifestação do Espírito é conce-
dida a cada um para o proveito.
8. Porque a um é dado, pelo Espírito, a
palavra da sabedoria. E a outro a palavra do
conhecimento, pelo mesmo Espírito.
9. E a outro fé, pelo mesmo Espírito. E a
outro dons de cura, pelo mesmo Espírito.
10. A outro operações de poderes, e a outro
profecia, e a outro discernimento de espíri-
tos, e a outro línguas439 dos povos, a outro a
tradução das línguas.
11. Mas tudo isso opera um só e o mesmo
Espírito, repartindo respectivamente a cada
um, de acordo com a sua vontade.
439
Glwsswn (glosson): A língua falada por
algum povo.
I Coríntios
12. Porque assim como o corpo é um, e tem
muitos membros, e todos os membros deste
um corpo, sendo muitos, são um corpo:
Assim também o Ungido.
13. Porque também em um Espírito todos
nós fomos submersos em um corpo, quer
judeus ou gregos, quer escravos ou livres. E
a todos foi dado beber em um só Espírito.
14. Porque também o corpo não é um mem-
bro, mas muitos.
15. Se o pé disser: “Por não ser mão, não
faço parte do corpo”, deixaria de fazer parte
do corpo?
16. E se a orelha disser: “Sendo que não sou
olho, não faço parte do corpo”, deixaria de
fazer parte do corpo?
17. Se o corpo todo fosse olho, onde ficaria
a audição? Se o todo fosse ouvido, onde
ficaria o olfato?
18. Mas agora Deus dispôs cada um dos
membros do corpo de acordo com o seu
agrado.
19. Mas se todos fossem um membro, onde
ficaria o corpo?
20. Mas agora, de fato, há muitos membros,
mas um só corpo.
21. E o olho não pode dizer à mão: “Não
tenho necessidade de você!”. Nem ainda a
cabeça aos pés: “Não tenho necessidade de
vocês!”
22. Antes, pelo contrário, aqueles membros
do corpo que parecem ser mais frágeis, são
os mais necessários.
23. E aqueles membros do corpo que supo-
mos ser de menor consideração, a estes con-
ferimos muito mais valor. E as nossas partes
indecorosas tornamos mais charmosas.
24. Porque nossas partes elegantes não têm
necessidade disso, mas Deus de tal forma
articulou o corpo, dando muito mais valor às
partes desavantajadas,
25. Para que não haja divisão no corpo, mas os
membros tenham o mesmo cuidado mútuo.
26. E se um membro sofrer, todos os mem-
bros sofrem juntos. E se um membro for
exaltado, todos juntos se regozijam com ele.
27. Agora vocês são o corpo do Ungido, e
individualmente seus membros.
20
I Coríntios
28. E Deus, de fato, colocou na Convoca-
ção, em primeiro lugar apóstolos, em segun-
do lugar profetas, em terceiro lugar mestres,
depois prodígios, depois dons de cura, aju-
das, governos, línguas dos povos.
29. São todos apóstolos? São todos profetas?
São todos mestres? Têm todos prodígios?
30. Têm todos dons de cura? Falam todos
em línguas? Todos as traduzem?
31. Mas procurem ardentemente os dons
mais proveitosos! E além disso lhes mostro
uma conduta excessivamente superior.
13.
1. Mesmo se eu falasse nas línguas dos
homens e dos anjos, mas não tivesse amor,
seria feito um bronze ressoante ou um cím-
balo tilintante.
2. E mesmo se tivesse o dom de profecia, e
conhecesse todos os mistérios, e tivesse todo
o conhecimento, e mesmo se tivesse toda a
fé, a ponto de transpor montanhas, e não
tivesse amor, nada seria.
3. E mesmo se doasse todos os meus bens
para alimentar os famintos, e mesmo se
desse o meu corpo para ser incendiado, e
não tivesse amor, de nada me aproveitaria.
4. O amor é longânime e afável, o amor não
inveja, o amor não se vangloria, não é en-
vaidecido.
5. Não se conduz indecentemente, não
busca os seus interesses, não é irritado com
facilidade, não guarda rancor;
6. Não sente prazer com a injustiça, mas
regozija-se com a verdade;
7. Tudo suporta, tudo crê, tudo espera, tudo
atura.
8. O amor jamais é vencido; mas havendo
profecias, serão abolidas; havendo línguas,
cessarão; havendo conhecimento, será abo-
lido.
9. Porque compreendemos por fração e
profetizamos por fração.
10. Mas, quando chegar o completo, então o
fracionário será abolido.
11. Quando era criança, falava como criança,
compreendia como criança, raciocinava
20
como criança. Mas quando tornei-me adulto,
aboli o meu comportamento infantil.
12. Porque agora enxergamos obscuramente,
como através dum espelho, mas então face a
face. Agora compreendo em frações, mas
então conhecerei plenamente como também
tenho sido conhecido plenamente.
13. E agora serão mantidos estes três: A fé, a
esperança e o amor. Mas o maior destes é o
amor.
14.
1. Vão ao encalço do amor e procurem com
zelo os dons espirituais, mas principalmente
que profetizem.
2. Porque aquele que fala numa língua não
fala às pessoas, mas a Deus, porque nin-
guém o entende, sendo que pelo Espírito
fala mistérios.
3. Mas o que profetiza fala às pessoas, para
a edificação, e o encorajamento, e o confor-
to.
4. O que fala numa língua edifica-se a si
mesmo. Mas o que profetiza edifica a Con-
vocação.
5. Eu quero que todos vocês falem em lín-
guas, mas antes que profetizem. Porque, o
que profetiza é superior ao que fala em lín-
guas, a não ser que traduza, para que a Con-
vocação receba edificação.
6. E agora, irmãos, se eu for até vocês fa-
lando em línguas, de que lhes aproveitarei?
A não ser que lhes fale, ou por revelação, ou
por conhecimento, ou por profecia, ou por
ensino.
7. Até os instrumentos inanimados que
emitem som, quer seja flauta ou cítara, a não
ser que emitam sons distintos, como se sabe-
rá o que está sendo tocado ou dedilhado?
8. Porque se a trombeta emitir um som
obscuro, quem se preparará para a guerra?
9. Assim também vocês, a não ser que
transmitam com a língua palavras bem-
articuladas, como se saberá o que é falado?
Porque estarão falando ao ar!
10. Há tantas espécies de sons no mundo, e
nenhum deles sem significado.

11. Se, pois, eu não conhecer o sentido do
som, serei ao que fala um estrangeiro, e
aquele que fala, um estrangeiro para mim.
12. Assim também vocês, sendo que vocês
são zelosos dos dons espirituais, procurem
se sobressair na edificação da Convocação.
13. Portanto, aquele que fala em língua, ore
para que possa traduzi-la.
14. Porque, se eu orar em língua, meu espíri-
to ora, mas minha mente é infrutífera.
15. O que segue, então? Orarei com o espíri-
to, e também orarei com a mente. Salmodia-
rei com o espírito, e também salmodiarei
com a mente.
16. Do contrário, se você der graças com o
espírito, como aquele que ocupa o lugar dos
que não têm conhecimento poderá dizer
“Amém!” na sua ação de graças, visto que
não entende o que você fala?
17. Porque você de fato dá graças a conten-
to, mas o outro não é edificado.
18. Dou graças ao meu Deus que falo mais
em línguas do que todos vocês.
19. Na Convocação, todavia, prefiro falar
cinco palavras com a minha mente, para
instruir também a outros, do que dez mil
palavras numa língua.
20. Irmãos, não sejam crianças no entendi-
mento. Na malícia, no entanto, sejam bebês,
mas na compreensão adultos.
21. Tem sido escrito na Lei: “Em outras
línguas e por outros lábios falarei a este
povo, e mesmo assim não me darão ouvi-
dos” 440, diz o Senhor.
22. Logo, línguas são por sinal, não para os
crentes, mas para os descrentes, mas profe-
cia não para os descrentes, mas para os cren-
tes.
23. Se, pois, a Convocação toda se reunisse
num mesmo lugar, e todos falassem em
línguas, e entrassem não-esclarecidos, ou
descrentes, não diriam que vocês são lou-
cos?
24. Mas, se todos profetizassem, e entrasse
um descrente, ou não-esclarecido, seria con-
victo por todos, julgado por todos.
440
Isaías 28:11
I Coríntios
25. E, deste modo, os segredos de seu cora-
ção se tornam manifestos, e assim, prostrado
de rosto, adorará a Deus, declarando que
Deus verdadeiramente está entre vocês.
26. Como é então, irmãos? Quando se reuni-
rem, cada um de vocês tem um salmo, tem
uma instrução, tem uma língua, tem uma
revelação, tem uma interpretação. Que tudo
seja feito para a edificação.
27. Se alguém falar em língua, sejam dois,
ou no máximo três, e a seu turno, e alguém
traduza.
28. Mas, se não houver tradutor, permaneça
em silêncio na Convocação, e fale ele a si
mesmo e a Deus.
29. Dos profetas falem dois ou três, e os
outros julguem.
30. Se, todavia, acontecer uma revelação a
um outro que está assentado, o primeiro
permaneça em silêncio.
31. Porque todos vocês podem profetizar um
após o outro, a fim de que todos aprendam, e
todos sejam exortados.
32. E os espíritos dos profetas estão sujeitos
aos profetas.
33. Porque Deus não é de confusão, mas de
harmonia. Como em todas as Convocações
dos santos,
34. Permaneçam suas mulheres em silêncio
nas Convocações, porque não lhes é permi-
tido falar, mas estejam sujeitas, como tam-
bém a Lei o diz.
35. Mas, se desejarem aprender algo, per-
guntem a seus maridos em casa, porque é
vergonhoso para mulheres falarem na Con-
vocação.
36. Por acaso a Palavra de Deus partiu de
vocês, ou somente chegou até vocês?
37. Se alguém supõe ser profeta, ou espiritu-
al, reconheça que o que lhes escrevo são os
mandamentos do Senhor.
38. Mas, se alguém estiver sem conhecimen-
to, continue sem conhecimento.
39. Porquanto, irmãos, desejem arduamente
a profetizar, e não proíbam falar em línguas.
40. Tudo seja feito decentemente e em or-
dem.
20
I Coríntios
15.
1. Além disso, irmãos, torno-lhes conheci-
da a Boa Mensagem que lhes tenho anunci-
ado, a qual vocês também receberam, e na
qual estão firmes;
2. Por meio da qual vocês também são
salvos, desde que retenham a palavra que
lhes anunciei, a não ser que tenham crido em
vão.
3. Porque primeiramente transmiti-lhes o
que também recebi, que o Ungido morreu
pelos nossos pecados, de acordo com as
Escrituras;
4. E que foi sepultado, e que foi ressuscita-
do no terceiro dia, de acordo com as Escritu-
ras;
5. E que foi visto por Cefas, depois pelos
Doze,
6. Posteriormente foi visto por mais de
quinhentos irmãos de uma só vez, dos quais
a maioria vive até hoje, mas alguns já ador-
meceram.
7. Depois disto foi visto por Tiago, e depois
por todos os apóstolos.
8. E por fim também foi visto por mim,
como um extemporâneo.
9. Porque eu sou o menor dos apóstolos,
que não sou digno de ser chamado apóstolo,
porque persegui a Convocação de Deus.
10. Mas pela graça de Deus sou o que sou. E
sua graça para comigo não foi vã, porque
trabalhei mais do que eles todos, porém não
eu, mas a graça de Deus que estava comigo.
11. Portanto, quer seja eu, quer sejam eles,
assim proclamamos, e assim vocês têm cri-
do.
12. Ora, se o Ungido está sendo pregado
como tendo sido ressuscitado dos mortos,
como alguns dentre vocês dizem que não há
ressurreição de mortos?
13. Mas, se não houver ressurreição de mor-
tos, também o Ungido não foi ressuscitado.
14. Mas, se o Ungido não foi ressuscitado,
logo é vã a nossa proclamação, e também vã
a sua fé.
15. Além do mais, somos tidos por falsas
testemunhas de Deus, porque testificamos a
20
respeito de Deus que ele ressuscitou ao Un-
gido, o qual não ressuscitou, caso, pois, os
mortos não forem ressuscitados.
16. Porque, se os mortos não são ressuscita-
dos, o Ungido também não foi ressuscitado.
17. E se o Ungido não foi ressuscitado, sua
fé é vã e vocês ainda estão nos seus pecados.
18. E, neste caso, os que adormeceram no
Ungido pereceram.
19. Se depositarmos nossa esperança no
Ungido somente nesta vida, somos de todas
as pessoas as mais lastimáveis.
20. Porém, agora o Ungido foi ressuscitado
dos mortos, tornando-se primícias dos a-
dormecidos.
21. Visto que pelo ser humano veio a morte,
pelo ser humano veio também a ressurreição
dos mortos.
22. Porque, assim como em Adão todos
morrem, igualmente também no Ungido
todos serão vivificados.
23. Mas cada qual na sua própria seqüência:
o Ungido as primícias, depois os que são do
Ungido na sua vinda,
24. Depois o fim, quando entregar o Reino a
Deus e Pai, quando tiver abolido todo o
governo, e toda a autoridade, e todo o poder.
25. Porque é imperioso reinar até que tenha
“colocado todos os inimigos debaixo de seus
pés”441.
26. O último inimigo a ser abolido é a morte.
27. Porque “sujeitou tudo debaixo de seus
pés”442. Mas quando diz que sujeitou tudo,
exclui-se, obviamente, aquele que lhe sujei-
tou tudo.
28. Mas quando tudo lhe estiver sujeito,
então o próprio Filho também será sujeito ao
que tudo lhe sujeitou, para que Deus seja
tudo em todos.
29. Se não fora assim, o que farão os sub-
mersos pelos mortos, se os mortos de todo
não são ressuscitados? Por que, então, são
submersos pelos mortos?
30. E, por que corremos riscos a todo instan-
te?
441
Salmo 110:1; Mateus 22:44; Marcos 12:36;
Lucas 20:42-43; Atos 2:34-35; Hebreus 1:13
442
Salmo 8:6; Hebreus 2:6-8

31. Morro diariamente, pela exaltação que
tenho em vocês no Ungido Jesus, nosso
Senhor.
32. Se por interesse humano lutei com bes-
tas-feras em Éfeso, que proveito teria? Se os
mortos não forem ressuscitados, “comamos
e bebamos, pois amanhã morreremos”443.
33. Não sejam ludibriados! As más compa-
nhias corrompem os bons costumes.
34. Acordem para o que é justo, e não pe-
quem! Porque alguns não têm conhecimento
de Deus, digo isto para a vergonha sua.
35. Mas alguém poderia dizer: “Como são
ressuscitados os mortos, e em que corpos
aparecem?”.
36. Estúpido! Aquilo que você semeia não
renasce antes que morra!
37. E aquilo que semear, você não semeia o
corpo que haverá de ser, mas o simples grão,
quer seja de trigo ou outro qualquer.
38. Mas Deus lhe dá o corpo como lhe agra-
da, e a cada semente o seu próprio corpo.
39. Nem toda a carne é a mesma carne, mas
uma é a carne dos homens, e outra a carne
dos animais, e outra a dos peixes, e outra a
das aves.
40. E há corpos celestes e corpos terrestres,
mas o brilho dos celestes é um, e o dos ter-
restres é outro.
41. Um é o brilho do Sol, e outro o brilho da
Lua, e outro o brilho das estrelas. Porque
uma estrela supera a outra em brilho.
42. Assim também a ressurreição dos mor-
tos: É semeado na corrupção, e ressurge na
incorrupção;
43. É semeado na desonra, e ressurge na
glória; é semeado na fraqueza, e ressurge
com poder.
44. Semeia-se corpo psíquico, ressuscita
corpo espiritual. Há corpo psíquico e há
corpo espiritual.
45. E assim como tem sido escrito: O pri-
meiro homem, Adão, “tornou-se alma444
443
Isaías 22:13
444
quch (psuche): alma, compare „psicologia”: o
estudo da alma.
I Coríntios
vivente”445, o último Adão, espírito vivifi-
cante.
46. Todavia não existiu primeiro o espiritual,
mas o psíquico, e posteriormente o espiritu-
al.
47. O primeiro homem é do solo, terreno. O
segundo homem é o Senhor do Céu.
48. Tal qual o terreno, tais são também os
terrenos; e tal qual o celeste, tais também os
celestes.
49. E assim como temos portado a imagem
do terreno, assim também portaremos a
imagem do celeste.
50. Mas digo-lhes isto, irmãos, que carne e
sangue não podem herdar o Reino de Deus,
nem pode a corrupção herdar a incorrupção.
51. Vejam que lhes digo um mistério: Nem
todos, de fato, adormeceremos, mas todos
seremos transformados,
52. Num instante, num piscar de olhos, por
ocasião da última trombeta. Porque a trom-
beta tocará, e os mortos serão ressuscitados
incorruptíveis, e nós seremos transformados.
53. Porque é necessário que este corruptível
seja revestido de incorruptibilidade, e este
mortal revestido de imortalidade.
54. E, tão logo este corruptível tiver sido
revestido de incorruptibilidade, e este mortal
tiver sido revestido de imortalidade, então se
cumprirá a palavra que tem sido escrita: “A
morte foi tragada pela vitória446.
55. Onde está ó morte o seu ferrão? Onde
está ó Hades a sua vitória?”447.
56. O ferrão da morte é o pecado, e o poder
do pecado é a Lei.
57. Mas graças a Deus que nos concede a
vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus
Ungido!
58. Por isso, meus amados irmãos, permane-
çam firmes, inabaláveis, sempre se superan-
do na obra do Senhor, cientes de que o seu
trabalho não é vão no Senhor.
445
Gênesis 2:7
446
Isaías 25:8
447
Oséias 13:14
20
I Coríntios
16.
1. Ora, quanto à coleta pelos santos, assim
como orientei as Convocações da Galácia,
assim façam também vocês.
2. Em cada primeiro dia da semana, cada
um de vocês pessoalmente separe e guarde,
conforme tiver prosperado, para que não
aconteçam coletas quando eu chegar.
3. E, quando tiver chegado, enviarei os que
vocês tiverem credenciado por cartas, para
levar sua graça para Jerusalém.
4. E, se for apropriado que eu também vá,
eles irão comigo.
5. Irei, porém, a vocês tão logo tenha pas-
sado pela Macedônia, porque passarei pela
Macedônia.
6. E é possível de eu permanecer com vo-
cês, e até passar o inverno, para que vocês
me acompanhem na minha viagem, quando
prosseguir.
7. Porque não pretendo visitá-los nesta
passagem, mas espero permanecer um bom
tempo com vocês, se o Senhor permitir.
8. Mas permanecerei em Éfeso até o Pente-
costes.
9. Porque uma porta grande e eficaz se me
abriu, mas há muitos adversários.
10. Além disso, quando Timóteo chegar,
cuidem para que esteja com vocês sem me-
do, porque ele executa a obra do Senhor,
assim como eu.
11. Ninguém, pois, o despreze, mas condu-
zam-no em paz, para que venha a mim, por-
que o aguardo junto com os irmãos.
21
12. E, quanto ao irmão Apolo, muito o moti-
vei para que fosse até vocês com os irmãos,
mas de modo algum era de sua vontade ir
agora, mas ele irá quando lhe for convenien-
te.
13. Sejam vigilantes, firmes na fé, sejam
valentes e fortes.
14. Todas as suas atividades sejam feitas
com amor.
15. Mas, encorajo-lhes irmãos (vocês sabem
que a casa de Estéfanas é a primícia da A-
caia, e eles se dedicaram ao serviço dos
santos),
16. Que vocês também se sujeitem aos tais, e
a qualquer que coopera e trabalha.
17. Mas alegro-me com a vinda de Estéfa-
nas, e Fortunato, e Acaico, porque estes
supriram a sua carência.
18. Porque reanimaram o meu e o seu espíri-
to, por isso reconheçam os mesmos.
19. As Convocações da Ásia lhes saúdam.
Áquila e Priscila lhes saúdam afetuosamente
no Senhor, com a Convocação que se reúne
na sua casa.
20. Todos os irmãos lhes saúdam. Cumpri-
mentem-se uns aos outros com ósculo santo.
21. A saudação é de punho próprio: Paulo.
22. Se alguém não ama ao Senhor Jesus
Ungido seja amaldiçoado. O nosso Senhor
virá!
23. A graça de nosso Senhor Jesus Ungido
esteja com vocês!
24. O meu amor está com todos vocês no
Ungido Jesus. Amém!

A SEGUNDA CARTA DO APÓSTOLO PAULO AOS
CORÍNTIOS
1.
1. Paulo, apóstolo de Jesus Ungido, pela
vontade de Deus, e o irmão Timóteo, à Con-
vocação de Deus que está em Corinto, com
todos os santos que estão em toda a Acaia:
2. Graça a vocês e paz de Deus nosso Pai, e
do Senhor Jesus Ungido!
3. Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor
Jesus Ungido, o Pai das misericórdias e
Deus de todo o encorajamento!
4. O qual nos encoraja em toda a nossa
aflição, para que estejamos aptos a encorajar
aqueles que passam por todo tipo de aflição,
com o encorajamento com o qual nós mes-
mos somos encorajados por Deus.
5. Porque, assim como os sofrimentos do
Ungido se sobressaem a nosso favor, assim
também o nosso encorajamento se sobressai
por meio do Ungido.
6. Mas, se sofrermos aflições, é para o seu
encorajamento e a sua salvação, sendo ope-
rado na persistência dos mesmos sofrimen-
tos que também nós sofremos. Se formos
encorajados, é para o seu encorajamento e a
sua salvação. E a nossa esperança em rela-
ção a vocês é segura,
7. Sabendo que assim como são participan-
tes das aflições, assim também o serão da
consolação.
8. Porque não queremos, irmãos, que per-
maneçam desinformados a respeito da nossa
aflição que nos sobreveio na Ásia, que fo-
mos pressionados acima da medida, acima
da nossa força, a ponto de nos desesperar-
mos da própria vida.
9. Mas já portávamos a própria sentença de
morte em nós mesmos, para que não confi-
ássemos em nós mesmos, mas em Deus, que
ressuscita os mortos,
10. O qual nos resgatou de tão grande morte,
e resgata. No qual confiamos que ainda nos
resgatará.
II Coríntios
11.Vocês também colaborando em oração
por nós, a fim de que pela graça que nos foi
concedida, por intermédio de muitas pessoas
sejam dadas muitas ações de graças.
12. Porque nossa glória é o testemunho de
nossa consciência, de que em simplicidade e
sinceridade divina, não em sabedoria carnal,
mas pela graça de Deus, temos tido nossa
conduta neste mundo, e principalmente em
relação a vocês.
13. Porque não lhes escrevemos nada além
do que lêem ou reconhecem, e espero que o
reconheçam até ao fim,
14. Como também nos reconheceram parci-
almente, que somos a sua glória, como tam-
bém vocês a nossa no Dia do Senhor Jesus.
15. E nesta confiança propus anteriormente
ir até vocês, para que vocês tenham uma
segunda graça.
16. E de passar por vocês até a Macedônia, e
novamente retornar da Macedônia e ir a
vocês, e por vocês ser acompanhado para a
Judéia.
17. Por acaso fui leviano quando tive essa
intenção? Ou são carnais as decisões que eu
tomo, para que em mim haja “sim, sim” e
“não, não”?
18. Mas Deus é fiel de que nossa palavra
para com vocês não foi “sim” e “não”.
19. Porque o Filho de Deus, Jesus Ungido, o
qual foi por nós proclamado entre vocês (por
mim, e Silvano, e Timóteo), não foi “sim” e
“não”, mas nele houve o “sim”.
20. Porque quaisquer que sejam as promes-
sas de Deus, por meio dele são “sim”, e por
meio dele têm o “amém”, para a glória de
Deus por nosso intermédio.
21. Porém aquele que nos confirma junta-
mente com vocês no Ungido, e nos ungiu, é
Deus,
21
II Coríntios
22. O qual também nos selou, e tem dado o
penhor448 do Espírito em nossos corações.
23. Além disso, invoco a Deus por testemu-
nha da minha alma, de que para lhes poupar
ainda não tenho ido para Corinto.
24. Não que sejamos senhores de sua fé, mas
colaboradores de sua felicidade, porque pela
fé vocês estão firmes.
2.
1. Mas decidi comigo mesmo não mais ir
ter com vocês com tristeza.
2. Porque, se eu entristecê-los, quem me
alegrará, a não ser o mesmo que eu entriste-
ci?
3. E escrevi-lhes isto para que quando for,
não me entristeça daqueles que deveriam me
alegrar. Confiando em vocês todos, que a
minha alegria é a de todos vocês.
4. Porque no meio de grande aflição e ago-
nia de coração é que lhes escrevi, com mui-
tas lágrimas. Não para que vocês fossem
entristecidos, mas para que conhecessem o
amor transbordante que tenho por vocês.
5. Mas, se alguém provocou tristeza, não
entristeceu a mim somente, mas em parte,
sem querer exagerar, a todos vocês.
6. Basta ao mesmo esta punição da maioria.
7. Para que ao contrário o perdoem e o
encorajem, para que não sucumba na exces-
siva tristeza.
8. Porquanto rogo-lhes que demonstrem seu
amor para com ele.
9. Porque para este fim também lhes escre-
vi, para que lhes experimentasse, para saber
se vocês seriam obedientes em tudo.
10. Àquele que perdoarem algo, também eu
perdôo. Porque se perdoei algo, ao que per-
doei o fiz por sua causa, na pessoa do Ungi-
do.
448
arrabwn (arrhabon): dinheiro, ou bens mó-
veis ou imóveis, que em compras é dado como
entrada e garantia de que o valor total será pago
no futuro. A palavra também é usada em Efé-
sios 1:14 e II Coríntios 5:6.
21
11. Para não sermos trapaceados pelo Adver-
sário, porque não desconhecemos os seus
objetivos.
12. Além disso, vindo a Trôade pela Boa
Mensagem do Ungido, e abrindo-se uma
porta do Senhor,
13. Não tive tranqüilidade no meu espírito,
por não encontrar a meu irmão Tito, mas
ausentando-me deles, parti para a Macedô-
nia.
14. Mas, graças a Deus, que sempre nos faz
triunfar no Ungido, e faz sentir a fragrância
de seu conhecimento por nós em todo o
lugar.
15. Porque somos para Deus uma doce fra-
grância do Ungido, para os que são salvos e
para os que perecem.
16. Para estes somos um cheiro de morte
para a morte, mas para os outros cheiro de
vida para a vida. E quem é competente para
isto?
17. Porque não somos como muitos, trafi-
cando com a Palavra de Deus, mas com
sinceridade, como de Deus, e na presença de
Deus, falamos no Ungido.
3.
1. Começamos novamente a recomendar-
nos? Ou necessitamos, como alguns, de
cartas recomendatórias para vocês, ou reco-
mendatórias de vocês?
2. Vocês são a nossa carta, inscrita em nos-
sos corações, conhecida e lida por todas as
pessoas,
3. Manifesto que são a carta do Ungido,
ministrada por nós, inscrita, não com tinta,
mas com o Espírito do Deus vivo. Não em
tábuas de pedra, mas nas tábuas carnais do
coração.
4. E tal é a nossa confiança que temos por
meio do Ungido em Deus,
5. Não que sejamos aptos por nós mesmos,
de pensar algo por nós mesmos, mas nossa
aptidão vem de Deus.

6. O qual nos capacitou como servidores do
Novo Testamento, não da letra449, mas do
Espírito. Porque a letra mata, mas o Espírito
vivifica.
7. Mas, se o ministério da morte, cinzelado
em pedras, tornou-se glorioso, a ponto de os
filhos de Israel não poderem contemplar o
rosto de Moisés, pelo resplendor passageiro
de seu rosto,
8. Quanto mais glorioso será o ministério
do Espírito?
9. Porque, se o ministério da condenação
foi glorioso, em muito mais glória se sobres-
sai o ministério da justiça.
10. Porque o que foi glorioso não pode ser
considerado glorioso comparado a esta gló-
ria transcendente.
11. Porque, se o passageiro foi glorioso,
quanto mais glorioso será o permanente!
12. Tendo, pois, tal esperança, temos grande
ousadia,
13. E não agimos como Moisés, cobrindo o
seu rosto com um véu, para que os filhos de
Israel não contemplassem o término do pas-
sageiro.
14. Mas suas mentes eram calejadas. Porque
até a presente data permanece o mesmo véu
encoberto na leitura do Velho Testamento, o
qual é removido no Ungido.
15. Mas até hoje, quando Moisés é lido, o
véu encobre os seus corações.
16. Quando, todavia, se convertem ao Se-
nhor, o véu é removido.
17. O Senhor, porém, é o Espírito; e onde
está o Espírito do Senhor, aí há liberdade.
18. Mas todos nós, com rosto descoberto,
contemplando a glória do Senhor, como no
espelho, somos transfigurados na sua ima-
gem, de glória em glória, como pelo Espírito
do Senhor.
449
Letra: referindo-se à Lei de Moisés, escrita em assim como tem sido escrito: “Cri, por isso
placas de rocha. Algumas pessoas erroneamen-
te aplicam a “letra” como referindo-se à Pala-
vra de Deus escrita.
II Coríntios
4.
1. Sendo, pois, que temos este ministério,
na proporção da misericórdia recebida, não
desfalecemos.
2. Mas, tendo renunciado à desonestidade
vergonhosa, não andamos em astúcia, nem
manipulamos a Palavra de Deus. Mas, pela
manifestação da verdade, recomendamo-nos
a toda a consciência humana, diante de
Deus.
3. Mas, se a nossa Boa Mensagem ainda
estiver encoberta, está encoberta para os que
perecem,
4. Nos quais o deus deste mundo cegou as
mentes dos descrentes, impedindo que o
resplendor da Boa Mensagem da glória do
Ungido, o qual é a imagem de Deus, brilhe
sobre eles.
5. Porque não nos proclamamos a nós
mesmos, mas ao Senhor Jesus Ungido, e a
nós mesmos seus servos pela causa de Jesus.
6. Porque Deus, que disse para a luz brilhar
da escuridão, brilhou em nossos corações,
para nos transmitir a luz do conhecimento da
glória de Deus no semblante de Jesus Ungi-
do.
7. Temos, porém, este tesouro em vasos de
barro, para que a preeminência do poder seja
de Deus, e não de nós.
8. Somos pressionados por todos os lados,
porém não agoniados; atônitos, porém não
desesperados;
9. Perseguidos, mas não abandonados; aba-
tidos, mas não destruídos;
10. Sempre conduzindo no nosso corpo a
morte do Senhor Jesus, a fim de que também
a vida de Jesus se manifeste no nosso corpo.
11. Porque nós, que vivemos, somos sempre
entregues à morte pela causa de Jesus, para
que também a vida de Jesus se manifeste na
nossa carne mortal.
12. De sorte que a morte, na verdade, opera
em nós, mas a vida em vocês.
13. E, tendo nós o mesmo espírito de fé,
21
II Coríntios
falei”450; nós também cremos, por isso fala-
mos.
14. Cientes de que aquele que ressuscitou ao
Senhor Jesus também nos ressuscitará por
Jesus, e nos apresentará com vocês.
15. Porque tudo acontece por sua causa, a
fim de que a graça, multiplicada pela ação
de graças de muitos, transborde para glória a
Deus.
16. Razão porquê não desfalecemos. Mas,
apesar de nosso ser exterior perecer, o inte-
rior, no entanto, é renovado dia a dia.
17. Porque nossa leve e momentânea aflição
opera por nós um extraordinário peso eterno
de glória,
18. Porque não damos importância ao visí-
vel, mas ao invisível. Porque o visível é
temporário, mas o invisível é eterno.
5.
1. Porque sabemos que, quando nossa mo-
rada terrena desta tenda for desmontada,
temos um edifício, uma habitação eterna nos
Céus, não construída por mãos, mas por
Deus.
2. Porque nesta de fato gememos, aspirando
sermos revestidos pela nossa habitação que é
do Céu,
3. Se de fato realmente formos encontrados
vestidos e não despidos.
4. Porque, enquanto na tenda, suspiramos
sobrecarregados, sendo que não queremos
ser despidos, mas revestidos, para que a
mortalidade seja tragada pela vida.
5. Mas aquele que nos moldou para si
mesmo foi Deus, que também nos tem dado
o penhor451 do Espírito.
6. Por isso estamos sempre confiantes, e
sabendo que, enquanto habitarmos no corpo,
estamos ausentes do Senhor,
7. Porque andamos pela fé, e não pela vi-
são.
450
Salmo 116:10
451
arrabwn (arrhabon): dinheiro, ou bens mó-
veis ou imóveis, que em compras é dado como
entrada e garantia de que o valor total será pago
no futuro. A mesma palavra é usada em II Co-
ríntios 1:22 e Efésios 1:14.
21
8. Mas estamos confiantes e dispostos a
partir do corpo e sermos reunidos ao Senhor.
9. Em razão disso esforçamo-nos para a-
gradá-lo, quer ausentes, quer presentes.
10. Porque importa que todos nós compare-
çamos diante do Tribunal do Ungido, a fim
de que cada um receba de acordo com o que
realizou por meio do corpo, quer bem ou
mal.
11. Conhecendo, pois, o temor do Senhor,
persuadimos as pessoas, mas nós fomos
manifestos a Deus, e espero também termos
sido manifestos às suas consciências.
12. Porque não nos recomendamos nova-
mente a vocês, mas damo-lhes razão para se
gloriarem em nós, para que possam respon-
der aos que se gloriam na aparência e não no
coração.
13. Porque, se estivemos loucos, foi para
Deus, ou se somos normais, é para vocês.
14. Porque o amor do Ungido nos compele,
tendo julgado da seguinte maneira: Que, se
um morreu por todos, logo todos morreram.
15. E ele por isso morreu por todos, a fim de
que os que vivem não vivam mais para si
mesmos, mas para aquele que morreu e foi
ressuscitado por eles.
16. De maneira que, de agora em diante já
não conhecemos mais a ninguém segundo a
carne, e, apesar de termos conhecido ao
Ungido segundo a carne, contudo agora não
mais o conhecemos.
17. De maneira que, se alguém estiver no
Ungido, é nova criatura. O antigo passou, eis
que tudo se tornou novo!
18. E tudo isto provém de Deus, o qual nos
reconciliou consigo mesmo por meio de
Jesus Ungido, e nos têm dado o ministério
da reconciliação.
19. A saber, Deus estava no Ungido, recon-
ciliando consigo mesmo o mundo, não lhes
atribuindo suas transgressões, e nos confiou
a palavra da reconciliação.
20. Somos, pois, embaixadores do Ungido,
como se Deus suplicasse por nosso intermé-
dio, imploramos em nome do Ungido: “Se-
jam reconciliados com Deus!”
 II Coríntios
21. Porque àquele que não conheceu pecado, 14. Não se conjuguem453 desigualmente com
ele o constituiu pecado por nós, para que descrentes. Porque, que comunhão tem a
nele nos tornássemos na justiça de Deus. justiça com a ilegalidade? E, que comunhão
a luz com a escuridão?
6. 15. E, que harmonia entre o Ungido e Beli-
al454? Ou que participação tem o crente com
1. Mas também colaborando, exortamo-lhes o descrente?
para não receberem a graça de Deus em vão, 16. E que união entre o Templo de Deus e os
2. Porque diz: “Ouvi-lhe no tempo aceitável ídolos? Porque vocês são o Templo do Deus
e socorri-lhe no dia da salvação”452. Eis vivo, como Deus tem dito: “’Viverei neles, e
agora o tempo aceitável! Eis agora o dia da andarei com eles, e serei o seu Deus, e eles
salvação! serão o meu povo.
3. Não criamos nenhum obstáculo a nin- 17. Retirem-se, pois, do meio deles, e sepa-
guém, a fim de que o ministério não seja rem-se’, diz o Senhor, ‘e não toquem no
ridicularizado. impuro, e eu lhes acolherei,
4. Antes, em tudo apresentando-nos como 18. E lhes serei por Pai, e vocês serão para
ministros de Deus: Em grande persistência, mim filhos e filhas’, diz o Senhor Todo-
nas aflições, nas necessidades, nos apertos, Poderoso.”455
5. Nos açoites, nas prisões, nos tumultos,
nas fatigas, nas vigílias, nos jejuns,
6. Na pureza, no conhecimento, na longa- 7.
nimidade, na bondade, no Espírito Santo, no 1. Tendo, pois, amados, tais promessas,
amor não fingido, purifiquemo-nos de toda a contaminação da
7. Na palavra da verdade, no poder de carne e do espírito, aperfeiçoando a santifi-
Deus, pelas armas da justiça, à direita e à cação no temor do Senhor.
esquerda, 2. Acolham-nos: A ninguém injustiçamos, a
8. Por meio da glória e da infâmia, por ninguém corrompemos, a ninguém explora-
meio da difamação e da exaltação, como mos.
sedutores, porém verdadeiros; 3. Não o digo para condená-los, porque já o
9. Como desconhecidos, porém bem- disse anteriormente que vocês estão nos
conhecidos; como morrendo, mas eis que nossos corações, para juntos vivermos e
vivemos; como disciplinados, mas não mor- morrermos.
tos; 4. Grande é a minha franqueza para com
10. Como contristados, porém sempre feli- vocês, grande é a minha glória em vocês,
zes; como pobres, porém enriquecendo a estou repleto de encorajamento, estou trans-
muitos; como possuindo nada, porém possu- bordando de felicidade em toda a nossa afli-
indo tudo. ção.
11. Nossa boca tem se aberto para vocês, ó 5. Porque, chegando à Macedônia, nossa
coríntios, nosso coração tem se ampliado! carne não teve alívio, mas era afligida em
12. Vocês não estão restringidos em nós, tudo: Lutas por fora, temores por dentro.
mas vocês mesmos se restringiram em seus
próprios afetos.
13. Ora, em recompensa disto, (falo como a 453
eterozugew (heterozugeo): juntar-se através
filhos) ampliem-se também vocês.
de um jugo desigual, com pessoa de outra natu-
reza.
454
Belial: vindo do hebraico e significando inútil
ou maligno, nome de Satanás.
455
Esta citação é um “mosaico” de citações, unin-
do: Êxodo 29:45; Isaías 52:11; Ezequiel 20:34
452
Isaías 49:8 e II Samuel 7:14.
21
II Coríntios
6. Deus, no entanto, que encoraja os abati-
dos, encorajou-nos pela vinda de Tito.
7. E não somente pela sua vinda, mas tam-
bém pelo encorajamento com o qual foi
encorajado por vocês, contando-nos de sua
saudade, sua lamentação, seu zelo por mim.
De maneira que alegrei-me ainda mais.
8. Porque, apesar de tê-los entristecido pela
carta, não me arrependo, mesmo se me arre-
pendesse, porque vejo que a própria carta
lhes entristeceu por um momento.
9. Agora me alegro, não pelo fato de terem
sido entristecidos, mas por terem sido entris-
tecidos para o arrependimento. Porque vocês
foram entristecidos segundo Deus, para que
em nada fossem por nós prejudicados.
10. Porque a tristeza segundo Deus produz
arrependimento para a salvação, da qual não
há arrependimento. Mas a tristeza do mundo
produz a morte.
11. Vejam, pois, o fato de terem sido entris-
tecidos segundo Deus, que aplicação produ-
ziu isto em vocês, que responsabilidade, que
indignação, que temor, que ardente desejo,
que zelo, que punição! Em tudo vocês foram
aprovados como inocentes neste caso.
12. Por isso, mesmo que lhes tenha escrito,
não foi devido ao que injustiçou, nem devido
ao injustiçado, mas para que o nosso cuidado
por vocês fosse manifesto diante de Deus.
13. Por isso fomos confortados no seu con-
forto, sim, e muito mais nos alegramos pela
alegria de Tito, porque todos vocês recrea-
ram o seu espírito.
14. Porque naquilo em que tenho me gloria-
do de vocês diante dele, não fui envergonha-
do. Assim como tudo aquilo que falei de
vocês foi verdadeiro, assim também se con-
firmou como verdadeiro aquilo de que nos
gloriamos de vocês diante de Tito.
15. E sua afeição para com vocês aumentou
em muito, lembrando-se da obediência de
todos vocês, como com temor e tremor vo-
cês o receberam.
16. Alegro-me de poder confiar em vocês em
tudo.
21
8.
1. Tornamo-lhes, também, conhecido, ir-
mãos, a graça de Deus concedida às Convo-
cações da Macedônia,
2. Como em grande prova de tribulação, a
profusão de sua alegria e sua profunda po-
breza transbordaram em riquezas de sua
liberalidade.
3. Testifico que, voluntariamente, segundo
o seu poder, e acima de seu poder,
4. Suplicando-nos com muita persuasão que
recebêssemos a graça e a comunhão de seu
ministério para com os santos,
5. Não como esperávamos, mas eles pri-
meiramente entregaram-se a si mesmos ao
Senhor, e depois a nós, pela vontade de
Deus.
6. A ponto de termos que motivar a Tito,
que assim como começara, também conclu-
ísse entre vocês a mesma graça.
7. Por isso, assim como se superam em
tudo: Na fé, na palavra, no conhecimento, e
em toda a diligência, e no seu amor para
conosco, assim também se superem nesta
graça.
8. Não falo por ordem, mas sim para provar
a sinceridade de seu amor pela diligência de
outros.
9. Porque vocês conhecem a graça de nosso
Senhor Jesus Ungido, que, sendo rico, tor-
nou-se pobre por sua causa, para que vocês,
pela sua pobreza, se tornassem ricos.
10. E nisto dou minha opinião, porque isto
lhes é proveitoso, sendo que um ano atrás
começaram não somente o praticar, mas
também o querer.
11. Agora, porém, concluam também a práti-
ca. Para que assim como se dispuseram,
assim também executem segundo o que
possuem.
12. Porque, se houver a disposição, ela é
aceita de acordo com o que alguém possui e
não de acordo com o que não possui.
13. Não para que outros sejam aliviados
enquanto vocês são atribulados, mas para
que haja igualdade. Para que nesta época o
seu excedente supra a falta deles.

14. Para que o excedente deles também su-
pra a sua necessidade, para que haja igual-
dade.
15. Como tem sido escrito: “Aquele que
recolheu muito não teve sobras, e aquele
que recolheu pouco não passou necessida-
de”456.
16. Mas, graças a Deus, que coloca este cui-
dado por vocês no coração de Tito.
17. Porque de fato ele aceitou o desafio, mas
sendo tão zeloso, viajou voluntariamente até
vocês.
18. E enviamos com ele um irmão cujo lou-
vor na Boa Mensagem existe em todas as
Convocações.
19. E não somente isto, mas também foi
eleito457 pelas Convocações para viajar co-
nosco com esta graça, que por nós é minis-
trada para a glória do Senhor e sua predispo-
sição.
20. Prevenindo-nos para que ninguém nos
acuse nesta coleta generosa ministrada por
nós,
21. Demonstrando honestidade, não somente
diante de Deus, mas também diante das pes-
soas.
22. E enviamos com eles nosso irmão, que
muitas vezes já tem provado ser diligente em
muitas áreas, mas agora muito mais diligente
ainda, baseado na grande confiança que tem
em vocês.
23. Quanto a Tito, ele é meu companheiro e
seu colaborador, quanto aos apóstolos das
Convocações, são a glória do Ungido.
24. Demonstrem, pois, a eles, e às Convoca-
ções, a prova de seu amor e de nossa glória
em vocês.
9.
1. Quanto, pois, à assistência de amor a
favor dos santos não é necessário escrever-
lhes.
2. Porque sei de sua prontidão, na qual me
glorio de vocês diante dos macedônios, que
456
Êxodo 16:18
457
ceirotonhyeiv (cheirotonestheis): o levantar
das mãos.
II Coríntios
Acaia já esteve pronta faz um ano, e o seu
zelo tem estimulado a muitos.
3. Enviei, pois, estes irmãos, para que o
nosso gloriar em vocês não fosse anulado
nesta questão, para que, como disse, vocês
estejam preparados.
4. A fim de que, vindo os macedônios co-
migo, e encontrando-lhes despreparados, nós
(para não dizer vocês) não fôssemos enver-
gonhados nesta nossa confiança no gloriar.
5. Considerei-o, pois, necessário de motivar
os irmãos que me precedessem até vocês, e
preparassem a sua generosidade, previamen-
te anunciada, para que a mesma esteja prepa-
rada como generosidade, e não como mes-
quinhez.
6. Mas digo isto: Aquele que semear pouco,
pouco também colherá. Mas aquele que
semear generosamente, generosamente tam-
bém colherá.
7. Cada um segundo propõe no coração,
não contrariado, ou obrigado, porque Deus
ama ao contribuinte jubiloso.
8. Mas Deus é capaz de fazer transbordar
toda a graça para com vocês, para que vocês,
tendo sempre toda a suficiência em tudo, se
sobressaiam em toda boa obra.
9. Como tem sido escrito: “Distribuiu, deu
aos pobres, sua justiça permanece para
sempre”458.
10. Ora, aquele que supre semente ao que
semeia e pão para o alimento, supra e multi-
plique a sua sementeira, e faça crescer os
frutos de sua justiça.
11. Sendo enriquecidos em tudo para toda a
liberalidade, que por intermédio de nós pro-
duz ação de graças a Deus.
12. Porque a ministração deste serviço não
somente preenche as necessidades dos san-
tos, mas também transborda em ações de
graças por muitos a Deus,
13. Glorificando a Deus pela prova deste
serviço, pela sujeição de sua profissão da
Boa Mensagem do Ungido, pela singeleza
de sua contribuição por eles e por todos,
458
Salmo 112:9
21
II Coríntios
14. E pela oração deles por vocês, sentindo
saudades de vocês, pela sobrepujante graça
de Deus sobre vocês.
15. Mas graças a Deus pelo seu dom inex-
primível!
10.
1. Ora, eu mesmo, Paulo, exorto-lhes pela
delicadeza e brandura do Ungido, que pre-
sente sou modesto, mas ausente ousado para
com vocês,
2. Rogo-lhes, pois, para que não seja neces-
sário ser ousado quando presente, com a
confiança com a qual penso ser ousado para
com alguns que nos avaliam como se proce-
dêssemos segundo a carne.
3. Porque, apesar de vivermos na carne, não
combatemos segundo a carne.
4. Porque as armas do nosso combate não
são carnais, mas poderosas em Deus, para a
demolição de fortalezas;
5. Demolindo raciocínios e todo reduto que
se levanta contra o conhecimento de Deus, e
levando cativo todo o pensamento à obedi-
ência do Ungido,
6. E estando prontos a punir toda a desobe-
diência, quando a sua obediência se tiver
concretizado.
7. Vocês olham para a aparência. Se al-
guém estiver convicto em si mesmo de per-
tencer ao Ungido, reconheça também isto
dele mesmo, que, assim como ele é do Un-
gido, assim também nós somos do Ungido.
8. Porque, se tiver que me gloriar um pouco
mais da nossa autoridade dada pelo Senhor
para a edificação, e não para a sua destrui-
ção, não me envergonharei,
9. Para não dar a impressão de querer inti-
midá-los por intermédio de cartas.
10. “Por que as cartas”, diz alguém, “são
severas e fortes, mas sua presença física é
franzina e seu discurso desprezível”.
11. Reconheça o mesmo, que assim como
somos em palavras pelas cartas quando au-
sentes, assim seremos pela obra quando
presentes.
12. Porque não ousamos ser contados entre,
ou comparados com, os que se recomendam
21
a si mesmos. Mas estes, medindo-se uns
com os outros, e comparando-se uns com os
outros, não compreendem nada.
13. Mas não nos gloriaremos além do limite,
mas de acordo com a medida que nos foi
transmitida pelo Deus da medida, para al-
cançar até vocês.
14. Porque não nos estendemos além do que
convém, como se não lhes tivéssemos alcan-
çado, porque também chegamos até vocês na
Boa Mensagem do Ungido.
15. Não nos gloriando além da medida, no
trabalho de outros, mas na expectativa, de
que, crescendo a sua fé, sermos engrandeci-
dos entre vocês de acordo com a nossa me-
dida excedente,
16. Em anunciar a Boa Mensagem além de
seu limite, para não nos gloriarmos na medi-
da das obras realizadas por outro.
17. “Aquele, porém, que se gloria, glorie-se
no Senhor”459.
18. Porque não é aprovado aquele que se
recomenda a si mesmo, mas aquele que o
Senhor recomenda.
11.
1. Oxalá me tolerassem um pouco na minha
loucura! Mas de fato vocês me toleram!
2. Porque zelo por vocês com zelo de Deus,
porque noivei vocês a um homem, para a-
presentá-los como virgem pura ao Ungido.
3. Mas temo que, assim como a serpente
seduziu a Eva pela sua astúcia, assim suas
mentes sejam corrompidas da sinceridade
para com o Ungido.
4. Com efeito, chegando alguém e lhes
proclama outro Jesus, que não temos pro-
clamado, ou recebem outro espírito, que não
receberam, ou outra Boa Mensagem, que
não aceitaram, vocês o toleram com agrado.
5. Suponho não ter sido em nada inferior a
estes “super hiperapóstolos”.
6. Mas, mesmo se for leigo na retórica, não
o sou, contudo, no conhecimento, mas mani-
festo em tudo entre vocês.
459
Jeremias 9:24; I Coríntios 1:30

7. Ou tenho cometido algum pecado por
ter-me rebaixado, para que vocês fossem
exaltados, por ter-lhes anunciado a Boa
Mensagem de Deus gratuitamente?
8. Espoliei outras Convocações, recebendo
salário, para lhes servir.
9. E, quando presente com vocês, e passan-
do necessidade, não fui pesado a ninguém,
porque a minha carência foi suprida pelos
irmãos que vieram da Macedônia. E em tudo
me resguardei para não lhes ser pesado, e me
continuarei resguardando.
10. Tão certo como a verdade do Ungido
está em mim, ninguém tomará de mim esta
glória nas regiões da Acaia.
11. Por quê? Porque não lhes amo? Deus o
sabe.
12. Mas o que faço continuarei fazendo, para
acabar com o argumento daqueles que pro-
curam um argumento, querendo se gloriar de
estarem no nosso nível.
13. Porque os tais são pseudo-apóstolos,
obreiros enganadores, camuflados de apósto-
los do Ungido.
14. E não é de se admirar, porque o próprio
Adversário se camufla como anjo de luz.
15. Portanto, não é nada de extraordinário se
seus servos também se camuflam como ser-
vos da justiça, cujo fim será de acordo com
as suas obras.
16. Digo novamente: Ninguém me considere
ser tolo. Do contrário, recebam-me como
tolo, para que também me glorie um pouco.
17. O que agora falo, não o falo como no
Senhor, mas como se fora na tolice, mas
nesta confiança de gloriar-se.
18. Visto que muitos se gloriam na carne,
também eu me gloriarei.
19. Porque vocês, sendo eruditos, recebem
prazerosamente os tolos.
20. Porque vocês engrandecem aquele que
lhes escraviza, se alguém lhes devora, se
alguém lhes assalta, se alguém se exalta, se
alguém lhes esbofeteia no rosto.
21. Para vergonha minha o digo, falo como
se estivéssemos enfraquecidos. No entanto,
naquilo em que alguém se exalta (falo como
tolo), também eu posso me exaltar.
II Coríntios
22. São hebreus? Eu também! São israelitas?
Eu também! São descendentes de Abraão?
Eu também!
23. São servidores do Ungido? (Falo como
insano) Eu muito mais: Na fadiga, muito
mais, nos açoites, acima da medida, nas
prisões, mais freqüentemente, em perigo de
morte, muitas vezes.
24. Dos judeus recebi cinco quarentenas460
menos um.
25. Três vezes sofri varadas, uma vez fui
apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma
noite e um dia passei em alto mar,
26. Em viagens muitas vezes, em perigos nos
rios, em perigos de assaltantes, em perigos
dos da minha linhagem, em perigos dos
povos, em perigos na cidade, em perigos no
deserto, em perigos no mar, em perigos entre
pseudo-irmãos;
27. Em fadigas e angústias, em vigílias mui-
tas vezes, em fome e sede, em jejuns muitas
vezes, no frio e na nudez.
28. E além do exterior, aquilo que me sobre-
vém diariamente, o cuidado por todas as
Convocações.
29. Quem é fraco, e eu não enfraqueço?
Quem é ofendido, e eu não me inflamo?
30. Se for obrigado a me gloriar, gloriar-me-
ei das minhas fragilidades.
31. O Deus e Pai de nosso Senhor Jesus
Ungido, bendito pelas eras, sabe que não
minto.
32. Em Damasco, o etnarca461 do rei Aretas
guardava a cidade dos damascenos, determi-
nado a me prender.
33. E por uma janela desceram-me num ces-
to, pela muralha, e escapei de suas mãos.
12.
1. Certamente não me é decoroso gloriar-
me. Virei, porém, às visões e revelações do
Senhor.
460
Em Deuteronômio 25:2-3 a punição máxima
no uso de açoites era de 40. Para não se torna-
rem culpados de errar na contagem, os israeli-
tas davam somente 39 açoites.
461
Governador de província romana.
21
II Coríntios
2. Conheci uma pessoa no Ungido há mais
de quatorze anos, (se no corpo, não o sei, ou
fora do corpo, não o sei, Deus o sabe) a tal
foi arrebatada ao terceiro Céu.
3. E conheci tal pessoa (se no corpo ou fora
dele, não sei, Deus o sabe),
4. Que foi arrebatada ao paraíso e ouviu
palavras inexprimíveis, as quais não são
permitidas ao ser humano enunciar.
5. Do mesmo me gloriarei, porém, de mim
mesmo não me gloriarei, a não ser das mi-
nhas fragilidades.
6. Porque, se desejasse gloriar-me, não
seria tolo, porque diria a verdade. Mas disto
me abstenho, para que ninguém pense de
mim acima do que vê em mim, ou ouve de
mim.
7. E, devido a preeminência das revelações,
para não ser demasiadamente exaltado, foi-
me dado um espinho na carne, mensageiro
do Adversário, para me esmurrar, a fim de
não ser exaltado demais.
8. Por isto roguei três vezes ao Senhor para
que fosse removido de mim.
9. Mas ele me disse: “A minha graça lhe
basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na
fragilidade”. Com satisfação, pois, prefiro
muito mais gloriar-me nas minhas fragilida-
des, a fim de que o poder do Ungido resida
sobre mim.
10. Considerando isto, agrado-me nas fragi-
lidades: Nas injúrias, nas necessidades, nas
perseguições, nas opressões pelo Ungido,
porque quando sou fragilizado, então é que
sou poderoso.
11. Tornei-me tolo em gloriar-me. Vocês me
obrigaram a fazê-lo, porque eu é que deveria
ter sido recomendado por vocês, porque em
nada fui inferior a esses “super hiperapósto-
los”, apesar de não ser nada.
12. Verdadeiramente os sinais de apóstolo
foram executados dentre vocês com toda a
persistência, com sinais, e milagres, e pode-
res.
13. Porque, em que vocês foram inferiores às
outras Convocações, a não ser de não lhes
ter sido pesado? Perdoem-me esta injustiça!
14. Vejam, estou pronto para visitá-los pela
terceira vez, e não lhes serei pesado, porque
22
não procuro o que é de vocês, mas a vocês.
Porque não devem os filhos acumular bens a
favor dos pais, mas os pais a favor dos fi-
lhos.
15. E com satisfação me gastarei e me esgo-
tarei pelas suas almas, apesar de que, quanto
mais lhes amo, tanto menos sou amado.
16. Mas, sendo assim, não lhes fui pesado.
Mas, sendo esperto, peguei-lhes com sutile-
za.
17. Levei qualquer vantagem com algum
daqueles que lhes enviei?
18. Motivei a Tito e enviei um irmão com
ele. Tito, por acaso, levou vantagem sobre
vocês? Não andamos nós no mesmo espíri-
to? Nos mesmos passos?
19. Vocês novamente julgam que nos defen-
demos diante de vocês?! Falamos diante de
Deus no Ungido, mas tudo, amados, para a
sua edificação.
20. Porque temo que, quando chegar, não
lhes encontrarei como desejo, e que não
serei encontrado por vocês como desejarem,
havendo brigas, invejas, iras, rixas, difama-
ções, rumores, orgulhos e confusões.
21. Para não acontecer que, quando retornar,
meu Deus me humilhe para com vocês, e eu
chore por muitos que pecaram anteriormente
e não se arrependeram da impureza, e do
sexo ilícito, e da licenciosidade que comete-
ram.
13.
1. Esta é a terceira vez que estou indo até
vocês. Pela palavra de duas ou três testemu-
nhas cada questão será confirmada.
2. Disse-lhes anteriormente e volto a dizer,
como se presente pela segunda vez, e mesmo
agora ausente, escrevo aos que pecaram
anteriormente, e a todos os outros: Se for
novamente, não pouparei a ninguém.
3. Sendo que vocês procuram prova do
Ungido que fala em mim, que quanto a vo-
cês não é fraco, mas poderoso em vocês.
4. Porque apesar de ter sido crucificado na
fraqueza, todavia vive pelo poder de Deus.
Porque de fato somos fracos nele, mas vive-

remos com ele pelo poder de Deus para com
vocês.
5. Examinem-se se vocês estão na fé! Son-
dem-se a vocês mesmos! Ou vocês não se
conhecem a si mesmos, de que Jesus Ungido
está em vocês? A não ser que sejam répro-
bos.
6. Mas espero que vocês saibam que nós
não somos réprobos.
7. Espero em Deus que vocês não prati-
quem nenhum mal. Não para que nós pare-
çamos aprovados, mas para que vocês prati-
quem o que é louvável, apesar de sermos
como réprobos.
8. Porque nada podemos contra a verdade, a
não ser a favor da verdade.
II Coríntios
9. Porque alegramo-nos quando somos
fracos, mas vocês poderosos. E rogamos
também por isto, o seu aperfeiçoamento.
10. Por isso escrevo isto estando ausente,
para que presente não necessite usar de seve-
ridade, de acordo com a autoridade que o
Senhor me tem dado para a edificação, e não
para a destruição.
11. Finalmente, irmãos, alegrem-se, sejam
aperfeiçoados, encorajados, de um só pen-
samento, vivam em paz! E o Deus do amor e
da paz estará com vocês.
12. Saúdam-se uns aos outros com ósculo
santo.
13. Todos os santos lhes saúdam.
14. A graça do Senhor Jesus Ungido, e o
amor de Deus, e a comunhão do Espírito
Santo estejam com todos vocês! Amém.
22
Gálatas
A CARTA DO APÓSTOLO PAULO AOS
GÁLATAS
1.
1. Paulo, apóstolo, não de homens, nem por
intermédio de homem, mas por Jesus Ungi-
do, e Deus, o Pai, o qual o ressuscitou dentre
os mortos,
2. E todos os irmãos que estão comigo, às
Convocações da Galácia:
3. Graça a vocês e paz de Deus Pai e de
nosso Senhor Jesus Ungido,
4. O qual se entregou a si mesmo pelos
nossos pecados, para nos libertar deste mun-
do mau, de acordo com a vontade de nosso
Deus e Pai:
5. A quem seja a glória pelas eras das eras!
Amém.
6. Surpreendo-me de que vocês são tão
facilmente levados daquele que lhes chamou
para a graça do Ungido, para outra “Boa
Mensagem”.
7. Que não é outra, mas há alguns que lhes
perturbam, querendo perverter a Boa Men-
sagem do Ungido.
8. Mas, mesmo se nós, ou um anjo do Céu,
lhes anunciar qualquer outra “Boa Mensa-
gem”, diferente daquela que lhes anuncia-
mos, seja excomungado!
9. Assim como dissemos anteriormente,
também digo agora: Se alguém lhes anunciar
qualquer outra “Boa Mensagem”, contrária
àquela que receberam, seja excomungado!
10. Porque, agrado agora a homens ou a
Deus? Ou procuro agradar a homens? Por-
que, se ainda agradasse a homens não seria
servo do Ungido.
11. Mas asseguro-lhes, irmãos, que a Boa
Mensagem por mim anunciada, não é se-
gundo o homem.
12. Porque não a recebi de homem, nem me
foi ensinada, mas recebi-a pela revelação de
Jesus Ungido.
13. Porque vocês ouviram da minha convi-
vência no passado no judaísmo, de como
22
demasiadamente persegui a Convocação de
Deus, devastando-a.
14. E progredi no judaísmo muito acima de
meus contemporâneos da minha nação, so-
bressaindo-me muito no zelo pelas tradições
de meus pais.
15. Mas, quando agradou a Deus, que me
separou desde o ventre materno, e me cha-
mou pela sua graça,
16. A revelar seu Filho em mim, para que o
anunciasse entre os povos, não consultei
logo carne e sangue,
17. Nem subi para Jerusalém, aos que foram
apóstolos antes de mim, mas fui para a Ará-
bia e retornei novamente para Damasco.
18. Então, após três anos, subi para Jerusa-
lém, para ver a Pedro, e permaneci quinze
dias com ele.
19. Mas dos outros apóstolos não vi a nin-
guém, a não ser a Tiago, irmão do Senhor.
20. O que lhes escrevo, eis diante de Deus,
não minto!
21. Depois cheguei às regiões da Síria e da
Cilícia,
22. Mas por aparência era desconhecido às
Convocações da Judéia que estavam no Un-
gido.
23. Mas haviam somente ouvido falar que:
“Aquele que nos perseguia no passado, ago-
ra anuncia a Boa Mensagem da fé que outro-
ra devastava.”
24. E glorificavam a Deus a meu respeito.
2.
1. Então, quatorze anos depois, subi nova-
mente para Jerusalém, com Barnabé, levan-
do comigo também a Tito.
2. E subi por revelação, e lhes expus a Boa
Mensagem que proclamo entre os povos,
mas particularmente aos renomados, para
que não corresse ou tivesse corrido em vão.

3. Mas, nem mesmo Tito, que estava comi-
go, sendo grego, foi obrigado a circuncidar-
se,
4. Sendo que alguns pseudo-irmãos se in-
troduziram, infiltrando-se para espiar nossa
liberdade no Ungido Jesus, para nos escravi-
zar.
5. Aos quais não nos sujeitamos em ne-
nhum momento, para que a verdade da Boa
Mensagem persistisse com vocês.
6. Mas, os renomados (o que foram no
passado não me importa, Deus não discrimi-
na pessoas), os renomados nada me acres-
centaram.
7. Pelo contrário, vendo que a Boa Mensa-
gem da Incircuncisão fora a mim outorgada,
assim como a Boa Mensagem da Circunci-
são a Pedro
8. (Porque aquele que operou poderosa-
mente em Pedro no apostolado da Circunci-
são, o mesmo foi poderoso em mim para
com os povos),
9. E, conhecendo a graça a mim outorgada,
Tiago, Cefas e João, que eram considerados
pilares, ofereceram a mim e a Barnabé suas
mãos direitas da comunhão, para que nós
fôssemos aos povos e eles à Circuncisão.
10. Somente que nos lembrássemos dos po-
bres, o que também tenho-me empenhado
em fazer.
11. Mas, quando Pedro veio à Antioquia,
encarei-o de frente, porque tornara-se censu-
rável.
12. Porque, antes da vinda de alguns de Tia-
go, comia com os povos. Mas, tendo chega-
do, recuou, e separou-se, temendo os da
Circuncisão.
13. E também os outros judeus semelhante-
mente dissimularam com ele, a ponto de até
Barnabé ter sido levado pela sua dissimula-
ção.
14. Mas, quando percebi que não andavam
corretamente, de acordo com a verdade da
Boa Mensagem, disse a Pedro, diante de
todos: “Se você, sendo judeu, vive como os
povos, e não como os judeus, por que então
obriga os povos a judaizarem?”.
15. Nós, judeus por natureza, e não pecado-
res dentre os povos,
Gálatas
16. Sabendo que uma pessoa não é justifica-
da pelas obras da Lei, mas pela fé em Jesus
Ungido, também temos crido em Jesus Un-
gido, para sermos justificados pela fé no
Ungido, e não pelas obras da Lei, porque
pelas obras da Lei nenhuma carne será justi-
ficada.
17. Ora, se procurando ser justificados pelo
Ungido também formos encontrados pecado-
res, seria então o Ungido servidor do peca-
do? De modo nenhum!
18. Porque, se reconstruo o que destruí, faço-
me transgressor.
19. Porque eu, pela Lei, morri para a Lei,
para viver para Deus.
20. Fui crucificado com o Ungido, porém
vivo, não mais eu, mas o Ungido vive em
mim. E a vida que agora levo na carne, vivo-
a pela fé no Filho de Deus, o qual me amou
e se entregou por mim.
21. Não menosprezo a graça de Deus. Por-
que, se a justiça vem pela Lei, o Ungido
morreu em vão.
3.
1. Ó gálatas insensatos, quem lhes enfeiti-
çou para não obedecerem à verdade, diante
cujos olhos Jesus Ungido foi claramente
apresentado como se fora crucificado entre
vocês?!
2. Somente isto queria saber de vocês: Vo-
cês receberam o Espírito pelas obras da Lei
ou pelo ouvir da fé?
3. Vocês são tão irracionais? Tendo come-
çado no Espírito, estão agora sendo aperfei-
çoados na carne?
4. Será que sofreram tudo isso em vão? Se
é que foi em vão!
5. Ora, aquele que lhes ministra o Espírito e
opera prodígios entre vocês, ele o faz pelas
obras da Lei ou pelo ouvir da fé?
6. Como Abraão “creu em Deus e isto lhe
foi atribuído como justiça”462.
7. Saibam, pois, que os da fé, estes são
filhos de Abraão.
462
Gênesis 15:6; Tiago 2:23
22
Gálatas
8. E a Escritura, prevendo que Deus justifi-
caria os povos pela fé, anunciou antecipa-
damente a Boa Mensagem a Abraão, dizen-
do: “Em você serão abençoados todos os
povos”463.
9. De sorte que os da fé são abençoados
com o crente Abraão.
10. Porque todos quantos são das obras da
Lei estão sob a maldição, porque tem sido
escrito: “Maldito todo aquele que não per-
manece em tudo o que foi escrito no livro da
Lei, para praticá-lo”464.
11. Mas que ninguém é justificado pela Lei
diante de Deus é evidente, porque: “O justo
viverá pela fé”465.
12. E a Lei não é da fé, mas: “A pessoa que
praticá-las, viverá por meio delas”466.
13. O Ungido nos libertou da maldição da
Lei, ao tornar-se maldição por nós, porque
tem sido escrito: “Maldito todo aquele que
for pendurado no poste”467,
14. A fim de que a bênção de Abraão sobre-
viesse aos povos por meio de Jesus Ungido,
e recebêssemos a promessa do Espírito pela
fé.
15. Irmãos, falo do ponto de vista humano:
Se o testamento de uma pessoa for confir-
mado, ninguém o anula ou lhe acrescenta
algo.
16. Ora, as promessas foram feitas a Abraão
e à sua descendência. Ele não diz: “Às suas
descendências”, como sendo muitas, mas
uma, “e à sua descendência”, que é o Ungi-
do.
17. E isto digo, que o testamento que anteri-
ormente foi confirmado por Deus ao Ungido
não pode ser anulado pela Lei, que veio
quatrocentos e trinta anos depois, para tornar
a promessa sem efeito.
18. Porque, se a herança provém da Lei,
deixa de ser pela promessa, mas Deus a a-
graciou a Abraão pela promessa.
463
Gênesis 12:3
464
Deuteronômio 27:26
465
Habacuque 2:4; Romanos 1:17
466
Levítico 18:5
467
Deuteronômio 21:23
22
19. Qual é, pois, a finalidade da Lei? Foi
acrescentada devido às transgressões, até
que viesse o descendente, ao qual havia sido
feita a promessa, e foi ordenada pelos anjos
pela mão de um mediador.
20. Ora, o mediador não é o mediador de
um, mas Deus é um.
21. Seria a Lei neste caso contra as promes-
sas de Deus? De modo nenhum! Porque, se
tivesse sido dada uma Lei que pudesse dar
vida, a justiça certamente viria pela Lei.
22. Mas a Escritura encerrou a todos sob o
pecado, para que a promessa pela fé em
Jesus Ungido fosse dada aos que crêem.
23. Mas, antes que viesse a fé, fomos manti-
dos sob a Lei, reclusos até a fé que deveria
ser posteriormente revelada.
24. De sorte que a Lei foi nosso pedagogo
para conduzir-nos ao Ungido, para que fôs-
semos justificados pela fé.
25. Mas, tendo vindo a fé, já não estamos
mais sob o pedagogo.
26. Porque todos vocês são filhos de Deus
pela fé no Ungido Jesus.
27. Porque todos quantos foram submersos
no Ungido, vestiram ao Ungido.
28. Não há nem judeu nem grego, não há
nem escravo nem livre, não há nem homem
nem mulher, porque todos vocês são um no
Ungido Jesus.
29. E, se são do Ungido, são descendentes de
Abraão, e herdeiros de acordo com a pro-
messa.
4.
1. Digo, porém: Durante o tempo em que o
herdeiro for menor, não difere em nada do
servo, sendo senhor de tudo,
2. Mas está sob tutores e mordomos até ao
tempo designado pelo pai.
3. Assim também nós: Enquanto éramos
menores estávamos na servidão dos rudi-
mentos do mundo.
4. Vindo, porém, a plenitude do tempo,
Deus enviou seu Filho, vindo de mulher,
vindo sob a Lei,
5. Para remir os que estavam sob a Lei,
para que recebêssemos a adoção.

6. E, por serem filhos, Deus enviou o Espí-
rito de seu Filho em seus corações, claman-
do: “Abba468, Pai!”
7. De maneira que você já não é mais servo,
mas filho. E se for filho, então herdeiro de
Deus por intermédio do Ungido.
8. Não obstante, quando não conheciam a
Deus, serviam aos que por natureza não são
deuses.
9. Mas agora, tendo conhecido a Deus, ou
mais propriamente, tendo sido conhecidos
por Deus, como se voltam novamente aos
rudimentos fracos e pobres, aos quais nova-
mente desejam se subjugar?
10. Vocês guardam dias, e meses, e tempos,
e anos.
11. Temo de vocês que me afadiguei em vão
por vocês!
12. Rogo-lhes irmãos, sejam como eu sou,
porque eu sou como vocês: Vocês não me
injuriaram.
13. Vocês sabem que em fraqueza da carne
anunciei-lhes a Boa Mensagem na primeira
vez.
14. E vocês não desprezaram, nem rejeita-
ram, minha provação na carne, antes recebe-
ram-me como um anjo de Deus, como o
próprio Ungido Jesus.
15. Como vocês estavam bem-aventurados!
Porque testifico que, se possível fora, vocês
teriam arrancado e me dado os seus próprios
olhos.
16. Tornei-me seu inimigo, dizendo-lhes a
verdade?!
17. Eles estão zelosos por vocês, mas não
para o bem, mas querem afastá-los para que
sejam zelosos por eles.
18. Mas é bom ser sempre zeloso para o
bem, mas não somente na minha presença
com vocês.
19. Filhinhos, pelos quais novamente sofro
dores de parto até que o Ungido tenha sido
formado em vocês,
468
αββα (Abba): palavra hebraico-caldéia signifi-
cando “Pai”. Encontramos a mesma também
usada em Marcos 14:36 e Romanos 8:15.
Gálatas
20. Queria estar presente com vocês agora e
alterar a minha voz, porque estou confuso a
seu respeito.
21. Digam-me, vocês que querem estar sujei-
tos à Lei, não ouvem a Lei?
22. Porque tem sido escrito que Abraão teve
dois filhos: Um da escrava e o outro da livre.
23. Mas o da escrava nasceu segundo a car-
ne, mas o da livre, pela promessa.
24. Os quais são alegorizados, porque estas
são os dois testamentos. Um deles, o do
monte Sinai, que conduz à escravidão, o
qual é Agar.
25. Porque esta Agar é o monte Sinai na
Arábia, que corresponde à Jerusalém atual, e
está escravizada com os seus filhos.
26. Mas a Jerusalém de cima é a livre, a qual
é a mãe de todos nós.
27. Porque tem sido escrito: “Regozije-se,
você estéril, que não gera! Rompa em júbilo
e clame, você que não tem dores de parto:
Porque a solitária tem muito mais filhos do
que a que tem marido”469.
28. Nós, porém, irmãos, somos como Isaque,
filhos da promessa.
29. Mas, assim como então, o que nasceu
segundo a carne perseguia ao que nasceu
segundo o Espírito, assim também agora.
30. Todavia, o que diz a Escritura? “Expul-
sem a escrava e seu filho, porque o filho da
escrava não herdará com o filho da li-
vre”470.
31. Portanto, irmãos, não somos filhos da
escrava, mas da livre.
5.
1. Permaneçam, pois, firmes na liberdade
para a qual o Ungido nos libertou, e não
sejam novamente levados sob o jugo da
servidão.
2. Eis que eu, Paulo, digo-lhes que, se fo-
rem circuncidados, o Ungido de nada lhes
aproveitará.
469
Isaías 54:1
470
Gênesis 21:10
22
Gálatas
3. Porque testifico novamente a cada ho-
mem sendo circuncidado, que é devedor
para cumprir toda a Lei.
4. O Ungido foi abolido para vocês todos
que querem ser justificados pela Lei. Vocês
decaíram da graça.
5. Porque nós aguardamos no Espírito, pela
fé, a esperança da justiça.
6. Porque em Jesus Ungido nem a circunci-
são tem eficácia, nem a incircuncisão, mas a
fé que opera pelo amor.
7. Vocês corriam bem! Quem lhes atrapa-
lhou para não obedecerem à verdade?
8. Esta indução não vem daquele que lhes
chamou.
9. Um pouco de fermento leveda a massa
toda.
10. Confio em vocês, no Senhor, que vocês
não terão outra atitude, mas aquele que lhes
confunde levará a sua condenação, seja
quem quer que for.
11. Eu, porém, irmãos, se ainda proclamo a
circuncisão, por que ainda sou perseguido?
Neste caso o escândalo da cruz teria cessado.
12. Queria que se amputassem os que lhes
perturbam.
13. Porque, irmãos, vocês foram chamados
para a liberdade! Somente não usem a liber-
dade para dar uma chance à carne, mas sir-
vam uns aos outros pelo amor.
14. Porque toda a Lei é cumprida numa pa-
lavra, em: “Você amará ao seu próximo
como a você mesmo”471.
15. Se vocês, porém, se mordem e devoram
mutuamente, tomem cuidado para não serem
mutuamente consumidos.
16. Digo, porém: Andem no Espírito, e de
modo nenhum cumprirão a cobiça da carne.
17. Porque a carne cobiça contra o Espírito,
e o Espírito contra a carne, e estes são res-
pectivamente opostos, de maneira que não
fazem o que querem.
18. Mas, se forem conduzidos pelo Espírito,
não estão sujeitos à Lei.
471
Levítico 19:18; Mateus 22:39; Marcos 12:31;
Romanos 13:9; Tiago 2:8
22
19. Ora, as obras da carne são manifestas,
que são: Adultério, sexo ilícito, impureza,
licenciosidade,
20. Idolatria, feitiçaria, inimizades, brigas,
ciúmes, iras, rivalidades, seduções, heresias,
21. Invejas, homicídios, bebedeiras, orgias, e
atos semelhantes a estes, dos quais lhes digo
antecipadamente, assim como já lhes disse
anteriormente, que os que praticam atos
desta natureza não herdarão o Reino de
Deus.
22. Mas o fruto do Espírito é: Amor, alegria,
paz, longanimidade, cordialidade, bondade,
fé,
23. Mansidão, autocontrole: Contra estes não
existe Lei.
24. Mas os que pertencem ao Ungido cruci-
ficaram a carne com suas paixões e cobiças.
25. Se vivemos no Espírito, andemos tam-
bém no Espírito.
26. Não nos tornemos gabarolas, provocan-
do-nos uns aos outros, invejando-nos uns
aos outros!
6.
1. Irmãos, se uma pessoa for surpreendida
por alguma falta, vocês, os espirituais, res-
taurem a mesma com um espírito de mansi-
dão, levando em consideração a você mes-
mo, para que você não seja também tentado.
2. Carreguem as cargas um do outro e as-
sim cumpram a Lei do Ungido.
3. Porque, se alguém pensa ser algo, não
sendo nada, engana-se a si mesmo.
4. Mas cada um prove o seu próprio traba-
lho, e então terá glória somente em si mes-
mo, e não em outro.
5. Porque cada um levará a sua própria
carga.
6. Aquele, pois, que é ensinado na Palavra
compartilhe tudo que é agradável ao que lhe
instrui.
7. Não se iludam, Deus não se deixa zom-
bar! Porque tudo quanto a pessoa semear,
isto também colherá.
8. Porque aquele que tem semeado para a
sua carne, da carne colherá corrupção. Mas

aquele que tem semeado para o Espírito, do
Espírito colherá vida eterna.
9. Na prática do bem, porém, não desani-
memos, porque na época devida colheremos,
se não tivermos relaxado.
10. Assim, pois, de acordo com a oportuni-
dade que temos, façamos o bem a todos,
especialmente aos domésticos da fé.
11. Vejam com que letras grandes lhes es-
crevi com punho próprio!
12. Todos os que querem se exibir na carne
lhes obrigam a serem circuncidados, somen-
te para não serem perseguidos pela cruz do
Ungido.
13. Porque nem eles mesmos, os circuncida-
dos, guardam a Lei. Mas querem que vocês
Gálatas
sejam circuncidados, para poderem se glori-
ar na sua carne.
14. Mas longe de mim me gloriar a não ser
na cruz de nosso Senhor Jesus Ungido, pelo
qual o mundo foi crucificado para mim e eu
para o mundo.
15. Porque no Ungido Jesus nem a circunci-
são tem valor algum, nem a incircuncisão,
mas uma nova criatura.
16. E sobre todos quantos andarem de acor-
do com esta regra: Paz e misericórdia, e
sobre o Israel de Deus.
17. De agora em diante ninguém me moleste,
porque levo as marcas do Senhor Jesus no
meu corpo.
18. A graça de nosso Senhor Jesus Ungido
esteja com o seu espírito, irmãos. Amém.
22
Efésios
A CARTA DO APÓSTOLO PAULO AOS
EFÉSIOS
1.
1. Paulo, apóstolo de Jesus Ungido, pela
vontade de Deus, aos santos em Éfeso, e
crentes no Ungido Jesus:
2. Graça a vocês, e paz, de Deus nosso Pai,
e do Senhor Jesus Ungido!
3. Bendito seja o Deus e Pai de nosso Se-
nhor Jesus Ungido, que nos abençoou com
todo tipo de bênçãos espirituais nos Céus no
Ungido.
4. Assim como nos selecionou nele, antes
da fundação do mundo, para que fôssemos
santos e imaculados472 diante dele em amor,
5. Tendo-nos previamente indicado para a
adoção de filhos para si mesmo, por meio do
próprio Jesus Ungido, de acordo com o be-
neplácito de sua vontade,
6. Para o louvor da glória de sua graça, pela
qual nos agraciou no Amado.
7. No qual temos a redenção pelo seu san-
gue, a remissão das transgressões, de acordo
com as riquezas de sua graça,
8. Na qual transbordou a nosso favor em
toda a sabedoria e compreensão,
9. Tendo-nos feito conhecer o mistério de
sua vontade, de acordo com a sua benevo-
lência que propusera em si mesmo.
10. Para que na dispensação da plenitude dos
tempos convergisse tudo no Ungido, tanto o
que está nos Céus, quanto o que está na Ter-
ra.
11. Nele, no qual também alcançamos he-
rança, tendo sido predefinidos, de acordo
com a vontade daquele que opera tudo de
acordo com o conselho de sua vontade,
12. Para que fôssemos para o louvor de sua
glória, aos que previamente confiamos no
Ungido.
472
α
́µωµος amomos): sem mancha.

(
13. No qual também vocês, tendo ouvido a
Palavra da verdade, a Boa Mensagem de sua
salvação, no qual também, tendo crido, fo-
ram selados com o Espírito Santo da pro-
messa,
14. O qual é o penhor473 de nossa herança,
até ao resgate de sua aquisição, para o lou-
vor de sua glória.
15. Razão porquê, também eu, tendo ouvido
de sua fé no Senhor Jesus, e do amor para
com todos os santos,
16. Não cesso de dar graças por vocês, men-
cionando-os em minhas orações,
17. Para que o Deus de nosso Senhor Jesus
Ungido, o Pai da glória, dê-lhes o espírito de
sabedoria e de revelação no conhecimento
dele mesmo,
18. Tendo iluminado os olhos de sua mente,
para saberem qual é a esperança de seu cha-
mado, e quais as riquezas da glória da he-
rança dele nos santos,
19. E qual a grandeza superna de seu poder
para conosco que cremos, de acordo com a
operação da força de seu poder,
20. A qual operou no Ungido, ressuscitando-
o dentre os mortos e assentando-o à sua
direita nas celestes,
21. Muito acima de todo principado, e auto-
ridade, e poder, e senhorio, e todo nome
mencionado, não somente nesta era, mas
também na vindoura,
22. E sujeitou tudo debaixo de seus pés, e
deu-o à Convocação como cabeça sobre
tudo,
23. A qual é o seu corpo, a plenitude daquele
que preenche tudo e em todos.
473
arrabwn (arrhabon): dinheiro que em com-
pras é dado como entrada e garantia de que o
valor total será pago no futuro. A palavra tam-
bém é usada em II Coríntios 1:22 e 5:6.

2.
1. E a vocês, estando mortos em transgres-
sões e pecados,
2. Nos quais outrora andavam, de acordo
com o curso deste mundo, de acordo com o
príncipe da jurisdição do ar, o espírito que
agora opera nos filhos da desobediência,
3. Entre os quais também todos nós tínha-
mos outrora nosso convívio, nos desejos da
carne, cumprindo os desejos da carne e dos
pensamentos, e éramos por natureza filhos
da ira, como também os outros,
4. Mas Deus, sendo rico em misericórdia,
devido ao seu grande amor com o qual nos
amou,
5. Estando nós ainda mortos nos pecados,
nos vivificou juntamente com o Ungido
(pela graça vocês são salvos),
6. E nos ressuscitou juntamente com ele, e
nos fez assentar conjuntamente nas celestes
no Ungido Jesus,
7. Para que nas eras vindouras demonstras-
se as riquezas transbordantes de sua graça
pela sua bondade para conosco no Ungido
Jesus.
8. Porque pela graça vocês têm sido salvos,
pela fé. E isto não procede de vocês, é uma
oferta de Deus.
9. Não de obras, para que ninguém se van-
glorie.
10. Porque somos sua obra, criados no Ungi-
do Jesus para boas obras, as quais Deus
previamente preparou, para que andássemos
nelas.
11. Portanto, lembrem-se que vocês, outrora
povos na carne, chamados de Incircuncisão
pelos que são chamados de Circuncisão,
feita manualmente na carne,
12. Que nessa época vocês estavam sem o
Ungido, alienados da comunidade de Israel,
e estranhos às alianças da promessa, não
tendo esperança, e sem Deus no mundo.
13. Mas agora no Ungido Jesus, vocês, que
outrora estavam longe, foram aproximados
pelo sangue do Ungido.
14. Porque ele é a nossa paz, que fez de am-
bos um só, e derrubou o muro da divisão,
Efésios
15. Abolindo na sua carne a inimizade, a Lei
de mandamentos e estatutos, para fazer nele
mesmo, de duas, uma nova pessoa, fazendo
a paz.
16. E reconciliasse a ambas com Deus em
um corpo pela cruz, destruindo, pela mesma,
a inimizade.
17. E, vindo, anunciou a Boa Mensagem, paz
a vocês que estavam distantes, e aos que
estavam próximos.
18. Porque por meio dele ambos temos aces-
so ao Pai por um Espírito.
19. De sorte que agora vocês já não são mais
estrangeiros e sem cidadania, mas concida-
dãos dos santos, e da família de Deus,
20. Edificados sobre o fundamento dos após-
tolos e profetas, sendo o próprio Jesus Ungi-
do a principal pedra angular,
21. No qual toda a construção, bem ajustada,
cresce para um santo Templo no Senhor,
22. No qual vocês também são construídos
juntos para uma habitação de Deus no Espí-
rito.
3.
1. Por esta razão eu, Paulo, prisioneiro de
Jesus Ungido a favor de vocês povos,
2. Se de fato ouviram da administração da
graça de Deus que me foi confiada a seu
favor,
3. Como, por meio de revelação, ele me
tornou conhecido este mistério, como antes
lhes escrevi resumidamente,
4. Pelo qual, lendo-o, vocês perceberão o
meu conhecimento do mistério do Ungido,
5. Que em outras gerações não se tornou
conhecido aos filhos dos homens, como
agora tem sido revelado aos seus santos
apóstolos e profetas no Espírito:
6. Os povos serem co-herdeiros, e do mes-
mo corpo, e co-participantes de sua promes-
sa no Ungido por meio da Boa Mensagem,
7. Da qual me tornei servidor, de acordo
com o dom da graça de Deus dado a mim
pela operação de seu poder.
8. A mim, que sou o menor dos menores de
todos os santos, foi dada esta graça, para
Efésios
anunciar a Boa Mensagem entre os povos, as
insondáveis riquezas do Ungido,
9. E de iluminar a todos referente à comu-
nhão do mistério que esteve oculto desde as
eras em Deus, que criou tudo por intermédio
de Jesus Ungido,
10. Para que se tornasse conhecido agora aos
principados e às jurisdições celestes, pela
Convocação, a multiforme sabedoria de
Deus,
11. De acordo com o seu propósito das eras,
que realizou no Ungido Jesus, nosso Senhor,
12. No qual temos a ousadia e a aproximação
com confiança pela fé nele.
13. Por isso rogo-lhes que não desanimem
devido às minhas tribulações a favor de
vocês, que é a sua glória.
14. Por isso dobro os meus joelhos diante do
Pai de nosso Senhor Jesus Ungido,
15. De acordo com o qual é denominada toda
a família nos Céus e na Terra,
16. Para que lhes conceda, de acordo com a
riqueza de sua glória, serem fortalecidos
com poder pelo seu Espírito, no ser interior,
17. A fim de que o Ungido habite pela fé em
seus corações, sendo arraigados e alicerça-
dos no amor,
18. Para que sejam capazes de compreender,
com todos os santos, qual seja a largura, e o
comprimento, e a profundidade, e a altura,
19. E de conhecer o amor do Ungido, que
transcende todo o conhecimento, para que
sejam preenchidos com toda a plenitude de
Deus.
20. Ora, àquele que é capaz de operar muito
além de tudo que pudermos pedir ou imagi-
nar, de acordo com o poder que opera em
nós,
21. A ele seja glória na Convocação, por
meio do Ungido Jesus, em todas as gerações
para sempre! Amém.
4.
1. Por isso, eu, o prisioneiro do Senhor,
admoesto-lhes que andem dignos da vocação
do seu chamado,
2. Com toda a humildade da mente e man-
sidão, com longanimidade, tolerando-se uns
aos outros em amor,
3. Sendo diligentes em manter a unidade do
Espírito no enlace da paz,
4. Um corpo e um Espírito, assim como
foram chamados em uma esperança de seu
chamado,
5. Um Senhor, uma fé, uma submersão,
6. Um Deus e Pai de todos, o qual é sobre
todos, por meio de todos e em todos vocês.
7. Mas a cada um de nós foi dada a graça
de acordo com a medida do dom do Ungido.
8. Porquanto afirma: “Ascendendo às altu-
ras levou cativo474 o cativeiro, e deu dons às
pessoas”475.
9. Nisto que ascendeu, o que é a não ser
que primeiro desceu às partes inferiores da
Terra?
10. Aquele que desceu é o mesmo que subiu
muito acima de todos os Céus, para preen-
cher tudo.
11. E ele deu alguns apóstolos, e alguns
profetas, e alguns evangelistas, e alguns
pastores e mestres,
12. Para o aperfeiçoamento dos santos, para
a obra do ministério, para a edificação do
corpo do Ungido:
13. Até que todos cheguemos à unidade da
fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, até
ao homem adulto, até à medida da estatura
da plenitude do Ungido,
14. Para que não mais sejamos infantis, agi-
tados para todos os lados e carregados por
todo vento de doutrina, pelas jogadas e astú-
cias humanas, metodicamente na espreita
para desviar do caminho,
15. Antes, professando a verdade em amor,
cresçamos em tudo nele, que é o cabeça, o
Ungido,
16. A partir do qual todo o corpo, sistemati-
camente ordenado e entrelaçado pelo supri-
mento da energia de cada junta, de acordo
com a capacidade de cada parte, produz o
474
Cativo o cativeiro: aichmaloteuo aichmalosia -
uma tomada pela espada da tomada da espada.
Compare com Apocalipse 10:10.
475
Salmo 68:18

crescimento do corpo na edificação própria
em amor.
17. Isto, pois, digo e testifico no Senhor, que
vocês não mais andem como os outros po-
vos, na vaidade de seu juízo,
18. Obscurecidos na sua compreensão, sendo
alienados da vida de Deus, pela sua falta de
conhecimento, em função da dureza de seus
corações,
19. Os quais, tornando-se insensíveis, entre-
garam-se à libertinagem, para a prática apai-
xonada de todo tipo de imundícia.
20. Mas vocês não aprenderam assim ao
Ungido,
21. Se de fato o ouviram, e nele foram ins-
truídos, assim como a verdade está em Jesus:
22. Despojando-se do velho ser, segundo sua
conduta no passado, que se corrompe segun-
do os desejos enganosos,
23. E renovem-se no espírito de seu juízo,
24. E revistam-se do novo ser, que é criado
segundo Deus em justiça e em santidade da
verdade.
25. Razão porquê, tendo despojado a menti-
ra, “falem cada um a verdade com o seu
próximo”476, porque somos membros uns
dos outros.
26. “Enfureçam-se, sem, porém, pecar”477.
Não deixem o Sol descer sobre o seu furor,
27. Nem dêem lugar ao Caluniador.
28. Aquele que está furtando, não furte mais,
antes trabalhe, ocupando-se com as suas
mãos a favor do bem, para que possa contri-
buir com o que passa necessidade.
29. Não proceda nenhuma palavra corrompi-
da de sua boca, mas somente a que for pro-
veitosa para a edificação, para ministrar
graça aos ouvintes.
30. E não entristeçam o Espírito Santo de
Deus, com o qual foram selados até ao dia
da redenção.
31. Eliminem de vocês toda a amargura, e
ira, e fúria, e gritaria, e maledicência, com
toda a malícia,
476
Zacarias 8:16
477
Salmo 4:4
Efésios
32. Mas sejam gentis um para com o outro,
compassivos, perdoando uns aos outros,
assim como Deus no Ungido lhes perdoou.
5.
1. Sejam, pois, imitadores de Deus, como
filhos amados,
2. E andem em amor, assim como também
o Ungido nos amou, e a si mesmo se entre-
gou por nós como oferta e sacrifício a Deus
como aroma suave.
3. Mas sexo ilícito e toda a impureza, ou
ganância, nem sequer sejam mencionados
entre vocês, assim como convém a santos;
4. Nem obscenidade, nem fofoca, nem
zombaria, que não são decorosos, mas antes
ações de graça.
5. Porque isto é de seu conhecimento: De
que nem homossexual, nem impuro, nem
ganancioso, que é idólatra, tem herança no
reino do Ungido e de Deus.
6. Ninguém lhes engane com palavras vãs,
porque devido a estas práticas a ira de Deus
vem sobre os filhos da desobediência.
7. Não sejam, pois, seus parceiros.
8. Porque vocês foram outrora escuridão,
mas agora são luz no Senhor. Andem como
filhos da luz,
9. (Porque o fruto do Espírito é todo tipo de
bondade, e justiça, e verdade),
10. Distinguindo o que é agradável ao Se-
nhor.
11. E não sejam cúmplices das obras infrutí-
feras da escuridão, mas antes condenem-nas.
12. Porque os atos praticados por eles às
escondidas, só de mencioná-los já é vergo-
nhoso.
13. Mas tudo o que for reprovado pela luz
torna-se manifesto, porque tudo o que for
manifesto é luz.
14. Razão porquê diz: “Desperta você que
dorme, e levante-se dentre os mortos, e o
Ungido lhe iluminará”478.
478
Citação de alguma fonte desconhecida: epísto-
la, hino ou revelação.
Efésios
15. Vejam então para que andem correta-
mente, não como insensatos, mas como sá-
bios,
16. Resgatando o tempo, porque os dias são
maus.
17. Não sejam, pois, insensatos, mas com-
preendam qual seja a vontade do Senhor.
18. E não se embriaguem com vinho, no qual
há degradação, mas sejam preenchidos com
o Espírito,
19. Falando entre vocês em salmos, e hinos e
cânticos espirituais, cantando e salmodiando
em seu coração ao Senhor,
20. Dando sempre graças por tudo a Deus, o
Pai, no nome de nosso Senhor Jesus Ungido,
21. Sujeitando-se uns aos outros no temor de
Deus.
22. As esposas: sujeitem-se aos seus próprios
maridos, como ao Senhor.
23. Porque o marido é o cabeça da esposa,
assim como o Ungido é o cabeça da Convo-
cação, e ele é o salvador do corpo.
24. Assim, pois, como a Convocação é sujei-
ta ao Ungido, assim também o sejam as
esposas aos seus maridos em tudo.
25. Os maridos: amem suas esposas, assim
como também o Ungido amou a Convoca-
ção, e a si mesmo se entregou por ela,
26. Para que a santificasse, purificando-a
pela lavagem da água na Palavra,
27. Para que a apresentasse para si mesmo
como Convocação gloriosa, imaculada479,
sem ruga ou algo semelhante, mas que fosse
santa e inacusável.
28. Assim devem os maridos amar suas es-
posas, como aos seus corpos. Quem ama sua
esposa, ama-se a si mesmo.
29. Porque ninguém jamais odiou sua pró-
pria carne, antes alimenta-a e trata-a com
carinho, assim como o Senhor a Convocação
30. Porque somos membros de seu corpo, de
sua carne, e de seus ossos.
31. “Por esta razão o homem deixará seu pai
e sua mãe e aderirá à sua esposa, e os dois
serão uma só carne”480.
479
αµ
́ ωµος
(amomos): sem mancha.
480
Gênesis 2:24; Mateus 19:5; Marcos 10:7-8
32. Este mistério é grande. Mas refiro-me ao
Ungido e à Convocação
33. Cada um de vocês, contudo, assim ame a
sua esposa como a si mesmo, a esposa, po-
rém, tema ao marido.
6.
1. Os filhos: obedeçam aos seus pais no
Senhor, porque isto é justo.
2. “Você honrará a seu pai e a sua mãe”481,
que é o primeiro mandamento com promes-
sa,
3. “Para que lhe vá bem, e você tenha vida
longa sobre a Terra.”
4. E os pais: não provoquem seus filhos à
ira, mas eduquem-nos na instrução e na re-
primenda do Senhor.
5. Os servos: obedeçam a seus senhores
segundo a carne, com temor e tremor, na
singeleza de seu coração, como ao Ungido.
6. Não servindo somente à vista, como para
agradar a homens, mas como servos do Un-
gido, fazendo a vontade de Deus de coração.
7. Servindo ao Senhor de boa vontade, e
não às pessoas,
8. Cientes de que qualquer bem que alguém
tenha feito, o mesmo receberá do Senhor,
quer seja servo, quer livre.
9. E os senhores: façam o mesmo por eles,
deixando de ameaçar, sabendo também que
o seu Senhor está nos Céus, e não há discri-
minação com ele.
10. Finalmente, meus irmãos, sejam fortale-
cidos no Senhor e na força de seu poder.
11. Armem-se com toda a panóplia482 de
Deus, para que sejam capazes de permanecer
firmes contra as emboscadas do Caluniador.
12. Porque nossa luta não é contra carne e
sangue, mas contra principados, contra auto-
ridades, contra os dominadores da escuridão
deste mundo, contra a maldade espiritual nas
celestes.
481
Êxodo 20:12; Deuteronômio 5:16; Mateus
15:4; Marcos 7:10
482
Armadura completa de hoplita (soldado da
infantaria bem armado, com capacete, escudo,
couraça, cnêmides, lança e espada).

13. Por isso, munam-se com a panóplia de
Deus, para que possam resistir no dia mau,
e, tendo cumprido tudo, permaneçam firmes.
14. Permaneçam, pois, firmes, tendo cingido
suas cinturas com a verdade, e colocado o
peitoral da justiça,
15. E calçado os pés com a prontidão da Boa
Mensagem da paz.
16. Acima de tudo, segurem o escudo da fé,
com o qual podem apagar todos os dardos
inflamados do Maligno.
17. Coloquem também o capacete da salva-
ção, e a espada do Espírito, a qual é a Pala-
vra de Deus:
18. Suplicando sempre em oração e súplica
no Espírito, e vigiando nisso com toda a
persistência e súplica por todos os santos,
19. E por mim, para que a palavra me seja
dada, no abrir de minha boca, com ousadia,
Efésios
para tornar conhecido o mistério da Boa
Mensagem,
20. Pela qual sou apóstolo em corrente, para
que nela possa pregar com ousadia, como
me convém falar.
21. Mas, para que também tenham conheci-
mento a meu respeito, e de minha condição,
Tíquico, o irmão amado e fiel servidor no
Senhor, lhes informará de tudo:
22. O qual lhes enviei por esta razão, para
que tenham conhecimento do nosso estado, e
para que encoraje os seus corações.
23. Paz seja aos irmãos, e amor com fé, de
Deus Pai e do Senhor Jesus Ungido.
24. Graça seja com todos os que amam sin-
ceramente ao nosso Senhor Jesus Ungido.
Amém.
Filipenses
A CARTA DE PAULO AOS
FILIPENSES
1.
1. Paulo e Timóteo, servos de Jesus Ungi-
do, a todos os santos no Ungido Jesus em
Filipos, junto com os supervisores e servido-
res:
2. Graça a vocês, e paz, de Deus nosso Pai,
e do Senhor Jesus Ungido!
3. Dou graças ao meu Deus sempre que
lembro de vocês,
4. Fazendo-o sempre em cada oração minha
por todos vocês, fazendo meus pedidos com
alegria,
5. Pela sua comunhão na Boa Mensagem
desde o primeiro dia até agora,
6. Estando confiante disto, que aquele que
começou a boa obra em vocês, há de aper-
feiçoá-la até ao Dia de Jesus Ungido,
7. Como é próprio pensar de todos vocês,
porque trago-lhes no meu coração, visto que,
tanto nas minhas algemas, quanto na defesa
e confirmação da Boa Mensagem, todos
vocês têm sido co-participantes comigo da
minha graça.
8. Porque Deus é a minha testemunha do
meu grande desejo por todos vocês nas afei-
ções de Jesus Ungido.
9. E esta é a minha súplica: Que seu amor
aumente mais e mais no conhecimento e em
todo o discernimento,
10. Para poderem discernir o que é melhor,
para que sejam sinceros e inculpáveis para o
dia do Ungido,
11. Cheios de frutos da justiça, por meio de
Jesus Ungido, para a glória e o louvor de
Deus.
12. Mas quero que saibam, irmãos, que os
incidentes que aconteceram comigo contri-
buíram antes para o progresso da Boa Men-
sagem,
13. A ponto de minhas algemas no Ungido
terem se tornado conhecidas em todo o pre-
tório, e a todos os outros.
23
14. E a maioria dos irmãos no Senhor, tor-
nando-se confiantes pelas minhas algemas, é
muito mais ousada em pregar a Palavra, sem
temor.
15. Alguns, de fato, proclamam ao Ungido
por inveja e discórdia, mas outros também
de boa vontade.
16. Uns anunciam ao Ungido por intrigas,
não sinceramente, supondo acrescentar afli-
ção às minhas algemas,
17. Mas estes por amor, cientes de que fui
posto pela defesa da Boa Mensagem.
18. E daí? Contanto que de qualquer forma,
quer por pretexto, quer em verdade, o Ungi-
do esteja sendo pregado, nisso me regozijo,
sim, e me regozijarei483.
19. Porque sei que isto redundará na minha
libertação, por meio de suas orações e da
ministração do Espírito de Jesus Ungido.
20. De acordo com a minha profunda expec-
tativa e confiança, de que em nada serei
envergonhado, antes, com toda a ousadia,
como sempre, também agora, o Ungido seja
exaltado no meu corpo, quer pela vida, quer
pela morte.
21. Porque para mim viver é o Ungido, e
morrer é lucro.
22. Mas se viver na carne contribuir para o
fruto do meu trabalho, não sei o que esco-
lher.
23. Porque encontro-me num dilema entre
duas opções: Tenho o desejo de partir e estar
com o Ungido, o que é extremamente me-
lhor,
24. Ou de permanecer na carne, que é mais
proveitoso para vocês.
25. E, tendo esta confiança, sei que permane-
cerei e continuarei com todos vocês para o
seu progresso e a sua alegria da fé,
483
Notemos bem que a mensagem é correta, a
atitude está errada. Não o inverso. Não pode-
mos dizer: “Desde que preguem qualquer men-
sagem, incluindo a Cristo, o apóstolo Paulo
disse que está tudo bem!”

26. Para que o seu regozijo transborde no
Ungido Jesus para comigo, na minha nova
ida até vocês.
27. Unicamente comportem-se dignos da
Boa Mensagem do Ungido, para que, quer
indo e vendo-os, ou estando ausente, ouça a
seu respeito que estão firmes em um espírito,
com um propósito lutando juntos pela fé da
Boa Mensagem,
28. E não sendo em nada intimidados pelos
adversários, que para eles é nítida evidência
de perdição, mas para vocês de salvação, e
isto de Deus.
29. Porque a vocês foi dado, por motivo do
Ungido, a não somente crer nele, mas tam-
bém a sofrer por sua causa,
30. Tendo o mesmo conflito que viram em
mim, e agora ouvem estar em mim.
2.
1. Se, pois, houver entre vocês algum enco-
rajamento no Ungido, algum conforto de
amor, alguma comunhão no Espírito, algu-
mas afeições e misericórdias,
2. Completem minha alegria que tenham a
mesma mente, tendo o mesmo amor, harmo-
niosos, unidos nas intenções,
3. Nada façam por rixas ou vanglória, mas
em humildade considere cada um o outro
superior a si mesmo.
4. Não esteja cada um atento somente aos
seus interesses, mas também aos interesses
dos outros.
5. Tenham, portanto, a seguinte mentalida-
de, que também esteve no Ungido Jesus:
6. O qual, tendo existido na aparência ex-
terna de Deus, não considerou como rapina
ser igual a Deus,
7. Mas esvaziou-se a si mesmo, tendo as-
sumido a aparência externa de servo, assu-
mindo a imagem de homens.
8. E, achado na modo de ser como homem,
aviltou-se, tornando-se obediente até a mor-
te, sim, morte de cruz.
9. Razão porquê Deus também soberana-
mente o exaltou, e lhe concedeu nome acima
de todo nome,
Filipenses
10. A fim de que diante do nome de Jesus se
dobrasse todo o joelho, celeste, terrestre e
subterrâneo,
11. E toda a língua confessasse que Jesus
Ungido é o Senhor, para a glória de Deus
Pai.
12. Porquanto, meus amados, assim como
sempre obedeceram, não somente na minha
presença, mas também agora muito mais
ainda na minha ausência, efetivem a sua
própria salvação com temor e tremor.
13. Porque é Deus quem opera em vocês
ambos: O querer e o realizar, segundo a sua
boa vontade.
14. Façam tudo sem murmurações nem dis-
cussões,
15. Para que sejam sem falhas e inocentes,
filhos de Deus, sem culpa, no meio de uma
geração deformada e desvirtuada, no meio
da qual vocês brilham como luminárias no
mundo,
16. Expondo a Palavra da Vida, para o meu
regozijo no Dia do Ungido, que não corri em
vão, nem trabalhei em vão.
17. Mas, mesmo se eu for libado484 sobre o
sacrifício e o serviço de sua fé, alegro-me e
regozijo-me com todos vocês.
18. E nisto também alegrem-se vocês e se
regozijem comigo!
19. Mas espero no Senhor Jesus de enviar-
lhes Timóteo em breve, para que também eu
seja reanimado sabendo do seu estado.
20. Porque não tenho ninguém tão concor-
dante, que sinceramente cuide de sua situa-
ção.
21. Porque todos procuram o que é seu, não
o que é do Ungido Jesus.
22. Porque vocês conhecem o seu caráter
aprovado, de que como filho ao pai serviu
comigo na Boa Mensagem.
23. Espero, pois, enviá-lo imediatamente, tão
logo tenha conhecimento da minha situação.
24. Mas confio no Senhor que também eu
irei em breve.
25. Mas julguei necessário enviar-lhes o
irmão Epafrodito, meu colaborador e com-
484
Libar: aspergir um líquido sobre o sacrifício a
Deus.
23
Filipenses
panheiro de lutas na obra, mas seu apóstolo
e ministrante das minhas necessidades.
26. Porque sentiu saudades nostálgicas de
todos vocês, e ficou profundamente abatido
porque ouviram que esteve enfermo.
27. Porque de fato esteve enfermo, próximo
à morte, mas Deus se compadeceu dele, e
não somente dele, mas também de mim, para
que não tivesse tristeza sobre tristeza.
28. Apressadamente, pois, enviei-o, para
que, revendo-o, vocês se regozijem, e eu
fique menos entristecido.
29. Recebam-no, pois, no Senhor com toda a
alegria, e estimem tais pessoas em alta repu-
tação,
30. Porque pela obra do Ungido chegou
próximo à morte, não levando em conta a
sua vida, para preencher a falta de serviço de
vocês para comigo.
3.
1. Finalmente, meus irmãos, regozijem-se
no Senhor! Escrever-lhes sempre o mesmo,
de fato, não é cansativo para mim, mas é
segurança para vocês.
2. Acautelem-se dos cães, acautelem-se dos
maus obreiros, acautelem-se da Circuncisão!
3. Porque nós somos a Circuncisão, que
servimos a Deus no espírito e gloriamo-nos
no Ungido Jesus, e não confiamos na carne.
4. Apesar de eu poder confiar na carne. Se
alguém julga poder confiar na carne, eu
muito mais:
5. Circuncidado no oitavo dia, da linhagem
de Israel, da tribo de Benjamin, hebreu de
hebreus, quanto à Lei fariseu,
6. Quanto ao zelo, perseguindo a Convoca-
ção quanto à justiça procedente da Lei, sem
falha.
7. Mas o que para mim era lucro, isto con-
siderei perda a favor do Ungido.
8. Sim, sem dúvida, considero tudo como
perda, pela supremacia do conhecimento do
Ungido Jesus, meu Senhor, pelo qual sofri a
perda de tudo, que considero como esterco, 1. Portanto, meus amados e queridos ir-
para ganhar ao Ungido, mãos, minha alegria e minha coroa, assim
9. E ser achado nele, não tendo a minha permaneçam firmes no Senhor, amados.
própria justiça que procede da Lei, mas a
23
que vem pela fé no Ungido, a justiça que
procede de Deus pela fé,
10. Para que o conheça, e o poder de sua
ressurreição, e a comunhão de seus sofri-
mentos, conformando-me com a sua morte,
11. Para que de qualquer maneira chegue à
ressurreição dentre os mortos.
12. Não que o tenha já alcançado, ou que
tenha sido aperfeiçoado; mas vou no seu
encalço, para que possa abraçar aquilo pelo
que também fui abraçado pelo Ungido Jesus.
13. Irmãos, não me considero como tendo-o
abraçado: Mas isto faço, esquecendo-me do
que fica para trás, e estendendo-me para o
que está adiante,
14. Vou no encalço do alvo do prêmio da
convocação superior de Deus no Ungido
Jesus.
15. Todos quantos dentre nós forem adultos
deveriam ter esta atitude. E se referente a
qualquer assunto tiverem outra opinião,
Deus há de revelar-lhes inclusive isto.
16. Não obstante andemos de acordo com a
mesma regra daquilo que já conquistamos,
com a mesma atitude.
17. Irmãos, sejam meus co-imitadores, e
observem os que andam segundo o nosso
modelo.
18. Porque muitos andam, dos quais já lhes
falei repetidas vezes, e agora lhes digo até
em prantos, que são inimigos da cruz do
Ungido,
19. Cujo fim é a perdição, cujo deus é o seu
ventre, e cuja glória é a sua vergonha, que
desejam o terrestre.
20. Porque nossa cidadania procede dos
Céus, de onde também aguardamos o Salva-
dor, o Senhor Jesus Ungido:
21. O qual transformará nosso corpo degra-
dado, para que seja análogo ao seu corpo
glorioso, de acordo com a operação por meio
da qual é capaz de subjugar tudo a si mesmo.
4.

2. Exorto a Evódia, e exorto a Síntique, que
tenham o mesmo pensamento no Senhor.
3. E peço-lhe também, verdadeiro confrade,
ajude as mesmas que batalharam comigo na
Boa Mensagem, também com Clemente, e
com os meus outros colaboradores, cujos
nomes estão inscritos no Livro da Vida.
4. Regozijem-se sempre no Senhor, e repi-
to, regozijem-se!
5. Sua moderação seja notória a todas as
pessoas. O Senhor está próximo!
6. Não sejam angustiados por nada, mas em
tudo, por meio da oração e da súplica, tor-
nem seus pedidos conhecidos a Deus, com
ação de graças.
7. E a paz de Deus, que ultrapassa qualquer
entendimento, guardará os seus corações e
as suas mentes no Ungido Jesus.
8. Finalmente, irmãos, tudo que for verda-
deiro, tudo que for honesto, tudo que for
justo, tudo que for puro, tudo que for amá-
vel, tudo que for bem-conceituado, havendo
qualquer mérito, havendo qualquer reco-
mendação, nisto meditem.
9. Aquilo que aprenderam, e receberam, e
ouviram, e observaram em mim, isto façam,
e o Deus da paz estará com vocês.
10. Mas regozijei-me profundamente no
Senhor que agora finalmente o seu cuidado
por mim refloresceu novamente, com o qual
vocês se preocupavam, mas faltava-lhes a
oportunidade.
11. Não que eu fale por estar passando por
necessidades. Porque aprendi a me contentar
na situação em que me encontrar.
12. Sei viver apertado, e sei viver na fartura,
acostumei-me com toda e qualquer situação:
Tanto a estar farto, quanto a estar necessita-
do, tanto a viver na superfluidade485, quanto
na necessidade.
13. Posso tudo por meio do Ungido que me
capacita486.
Filipenses
14. Contudo fizeram bem em compartilhar
comigo nos meus apertos.
15. Ora, vocês filipenses, sabem que no
princípio da Boa Mensagem, quando parti da
Macedônia, nenhuma Convocação comparti-
lhava comigo no que se refere ao dar e rece-
ber, a não ser somente vocês.
16. Porque mesmo para a Tessalônica vocês
enviaram uma e duas vezes para suprir a
minha necessidade.
17. Não que eu procure o donativo, mas o
fruto que aumente para a sua conta.
18. Mas tenho de tudo, e sobrando. Estou
satisfeito, tendo recebido de Epafrodito o
que por vocês foi enviado, uma fragrância de
um cheiro suave, um sacrifício aceitável,
agradável a Deus.
19. Mas o meu Deus há de suprir toda a sua
necessidade segundo a sua riqueza na glória
no Ungido Jesus.
20. Mas, a Deus, nosso Pai, seja a glória
pelas eras das eras. Amém.
21. Saúdem todos os santos no Ungido Jesus.
Os irmãos que estão comigo lhes saúdam.
22. Todos os santos lhes saúdam, principal-
mente os da casa de César.
23. A graça de nosso Senhor Jesus Ungido
esteja com todos vocês! Amém.

485
Excesso de bens materiais.
486
Um dos versículos mais conhecidos e mais
maltratados do Novo Testamento. Popularmen-
te é interpretado como dizendo: “Tudo que eu
quero posso por meio de Cristo!” Enquanto que
Paulo diz no contexto: “Posso tudo por meio de
Cristo: Passar fome e viver na superfluidade!”
23
Colossenses
A CARTA DO APÓSTOLO PAULO AOS
COLOSSENSES
1.
1. Paulo, apóstolo de Jesus Ungido, pela
vontade de Deus, e o irmão Timóteo,
2. Aos santos e fiéis irmãos no Ungido em
Colossos: Graça a vocês e paz de Deus nos-
so Pai e do Senhor Jesus Ungido.
3. Damos graças ao Deus e Pai de nosso
Senhor Jesus Ungido, orando sempre por
vocês,
4. Tendo ouvido de sua fé no Ungido Jesus,
e do amor para com todos os santos,
5. Devido a esperança que lhes está reser-
vada nos Céus, da qual ouviram anterior-
mente por meio da Palavra da verdade da
Boa Mensagem,
6. Que chegou até vocês, como também a
todo o mundo, e está frutificando, como
também entre vocês, desde o dia em que
ouviram e conheceram a graça de Deus na
verdade.
7. Assim como também aprenderam do
nosso amado conservo Epafras, o qual é para
vocês um servidor fiel do Ungido,
8. O qual nos relatou de seu amor no Espí-
rito.
9. Por esta razão também nós, desde o dia
em que o ouvimos, não deixamos de orar por
vocês, pedindo para que sejam preenchidos
com o conhecimento de sua vontade, em
toda a sabedoria e compreensão espiritual.
10. Para andarem dignos do Senhor, agra-
dando-o em tudo, frutificando em toda boa
obra, e crescendo no conhecimento de Deus.
11. Fortalecidos com todo o poder, de acordo mentos a seu favor, e completo na minha
com o seu majestoso poder, para toda a
constância e regularidade, com alegria.
12. Dando graças ao Pai, o qual nos tornou
competentes para a parte da herança dos
santos na luz.
13. O qual nos resgatou da jurisdição da
escuridão, e nos transportou para o reino do 487
Filho de seu amor.
23
14. No qual temos o pagamento do resgate
pelo seu sangue, a remissão dos pecados.
15. O qual é a imagem do Deus invisível, o
primogênito de toda a criação:
16. Porque por meio dele foi tudo criado,
tudo quanto está nos Céus e o que está na
Terra, as visíveis e as invisíveis, quer sejam
tronos, quer domínios, quer principados,
quer autoridades. Todas foram criadas por
intermédio dele e para ele.
17. E ele é antes de tudo, e tudo por meio
dele coexiste.
18. E ele é o cabeça do corpo, da Convoca-
ção, o qual é o princípio, o primogênito dos
mortos, a fim de que tenha a preeminência
em tudo.
19. Porque aprouve que nele residisse toda a
plenitude,
20. E, tendo feito a paz por meio do sangue
de sua cruz, reconciliou por meio dele tudo
consigo mesmo, tanto o que está na Terra,
quanto o que está nos céus.
21. E vocês, outrora sendo estranhos e ini-
migos na mente pelas obras más, agora,
porém, reconciliou
22. No corpo de sua carne, pela morte, para
apresentá-los santos, imaculados487 e irre-
preensíveis diante dele,
23. Desde que permaneçam fundamentados e
constantes na fé, e não sejam afastados da
esperança da Boa Mensagem, a qual ouvi-
ram e foi pregada entre toda a Criação de-
baixo dos céus, da qual eu, Paulo, me tornei
servidor.
24. Mas agora me regozijo nos meus sofri-
carne o que falta nas aflições do Ungido a
favor de seu corpo, que é a Convocação
α
́µωµος
(amomos): sem mancha.

25. Do qual fui feito servidor, de acordo com
a dispensação de Deus que me foi dada a seu
favor, para cumprir a Palavra de Deus,
26. O mistério que esteve oculto desde as
eras, e desde as gerações, mas agora foi
manifesto aos seus santos.
27. Aos quais Deus desejou tornar conheci-
das as riquezas de sua glória deste mistério
entre os povos, o qual é o Ungido em vocês,
a esperança da glória.
28. A quem nós anunciamos, prevenindo a
toda a pessoa, e ensinando a toda a pessoa,
em toda a sabedoria, para que apresentemos
toda pessoa perfeita no Ungido Jesus.
29. A favor do que também trabalho, esfor-
çando-me de acordo com a sua operação que
opera com poder em mim.
2.
1. Porque quero que saibam quão grande
luta tenho por vocês, e pelos de Laodicéia, e
por todos que não me têm visto pessoalmen-
te na carne.
2. A fim de animá-los em seus corações,
para que sejam entrelaçados em amor, e
enriquecidos de plena segurança no conhe-
cimento e no saber do mistério do Deus e
Pai, e do Ungido,
3. No qual se encontram escondidos todos
os tesouros da sabedoria e do conhecimento.
4. E digo isto, a fim de que ninguém lhes
engane com discursos convincentes.
5. Porque, mesmo estando ausente na carne,
estou, porém, presente com vocês no espíri-
to, alegrando-me e observando sua ordem e
a firmeza de sua fé no Ungido.
6. Assim, pois, como receberam o Senhor
Jesus Ungido, andem nele,
7. Radicados e edificados nele, e confirma-
dos na fé, assim como foram instruídos,
transbordando nele em ações de graça.
8. Vejam que ninguém lhes despoje pelo
amor ao conhecimento488 e vão engano, de
acordo com a cultura das pessoas, de acordo
com os rudimentos do mundo, e não de a-
cordo com o Ungido.
488
Filosofiav (philosophias): Filosofia.
Colossenses
9. Porque nele reside corporalmente toda a
plenitude da divindade,
10. E vocês estão aperfeiçoados nele, que é o
cabeça de todo principado e autoridade.
11. No qual vocês também foram circunci-
dados, com uma circuncisão não feita por
mãos, no afastamento do corpo dos pecados
da carne, na circuncisão do Ungido,
12. Tendo sido juntamente com ele sepulta-
dos na submersão, na qual também junta-
mente ressuscitaram pela fé da operação de
Deus, que o ressuscitou dentre os mortos.
13. E a vocês, estando mortos nas transgres-
sões e na incircuncisão da carne, ele reviveu
com ele, perdoando-nos todas as transgres-
sões,
14. Apagando o título de dívida que era con-
tra nós, que nas leis nos era contrário. Ele o
removeu, pregando-o na cruz,
15. Desarmando os principados e as autori-
dades, fez deles um espetáculo público, tri-
unfando deles nela.
16. Jamais permitam, portanto, que alguém
lhes julgue pela comida ou bebida, ou no
que se refere a alguma festa, ou lua nova, ou
Descansos,
17. Que são uma sombra do vindouro, mas o
corpo é do Ungido.
18. Ninguém lhes roube o prêmio, procuran-
do a humildade e a adoração de anjos, in-
trometendo-se em assuntos que não viu,
sendo vaidosamente inflado na sua mente
carnal,
19. Deixando de se apegar ao cabeça, do
qual todo o corpo, suprido e entrelaçado
pelas juntas e ligamentos, se fortalece e
cresce no aumento de Deus.
20. Se, pois, morreram com o Ungido aos
rudimentos do mundo, por que, então, como
se vivessem no mundo, se sujeitam aos
dogmas?
21. “Não toque, não prove, não manuseie”,
22. Tudo aquilo que é destruído com o uso,
segundo os mandamentos e os ensinamentos
dos homens,
23. Que de fato são discursos de sabedoria
em culto arbitrário, e humildade, e asceti-
cismo do corpo, mas sem efeito contra os
desejos da carne.
23
Colossenses
3.
1. Se, pois, ressuscitaram com o Ungido,
procurem o que é do Alto, onde o Ungido
está assentado à direita de Deus.
2. Aspirem o que é do Alto, não o que é da
Terra,
3. Porque vocês morreram, e sua vida está
oculta com o Ungido em Deus.
4. Quando o Ungido, nossa vida, for mani-
festo, então também vocês, juntamente com
ele, serão manifestos em glória.
5. Mortifiquem, pois, os seus membros que
estão na terra: Sexo ilícito, impureza, pai-
xão, cobiça e ganância, que é idolatria.
6. Devido aos quais sobrevém a ira de Deus
aos filhos da descrença.
7. Entre os quais também vocês andavam
outrora, quando neles viviam.
8. Mas agora repudiem tudo: Ódio, ira,
malícia, calúnia, linguagem obscena de sua
boca.
9. Não mintam uns aos outros, tendo despi-
do a pessoa antiga com as suas práticas,
10. E, tendo-se revestido da nova, que é
renovada para o conhecimento, na imagem
daquele que a criou.
11. Onde não há mais nem grego nem judeu,
circunciso ou incircunciso, bárbaro, cita,
servo ou livre, mas tudo e em todos o Ungi-
do.
12. Vistam-se, pois, como seletos de Deus,
santos e amados, de terna misericórdia, inte-
gridade, modéstia, delicadeza, longanimida-
de,
13. Tolerando-se e perdoando-se mutuamen-
te, se alguém tiver uma rixa com outro, as-
sim como também o Ungido lhes perdoou,
assim também vocês.
14. Mas acima de tudo esteja o amor, que é o
laço da perfeição.
15. E a paz de Deus arbitre489 em seus cora-
ções, para a qual também foram chamados
em um corpo, e sejam agradecidos.
16. A Palavra do Ungido resida ricamente
em vocês, em toda a sabedoria, ensinando e
489
Brabeuetw (brabeueto): seja árbitro.
24
alertando-se mutuamente, com salmos, e
hinos, e cânticos espirituais, louvando ao
Senhor com gratidão no seu coração.
17. E tudo que fizerem, quer seja por pala-
vra, quer por ação, façam tudo no nome do
Senhor Jesus, dando graças ao Deus e Pai
por meio dele.
18. As esposas: sujeitem-se a seus próprios
maridos, como convém no Senhor.
19. Os maridos: amem suas esposas e não
sejam amargurados contra elas.
20. Os filhos: obedeçam aos pais em tudo,
porque isto é agradável ao Senhor.
21. Os pais: não provoquem seus filhos, para
não desanimarem.
22. Os servos: obedeçam em tudo aos senho-
res segundo a carne, não servindo apenas
quando vistos, buscando agradar a pessoas,
mas na sinceridade do coração, temendo a
Deus.
23. E tudo que fizerem, façam-no com entu-
siasmo como ao Senhor, e não às pessoas.
24. Cientes de que receberão do Senhor a
recompensa da herança, porque servem ao
Senhor Ungido.
25. E aquele que praticar injustiça receberá
em troca a injustiça praticada, e isto sem
discriminação.
4.
1. Os senhores: ofereçam o que for justo e
correto aos servos, lembrando-se de que
vocês também tem um Senhor nos Céus.
2. Perseverem na oração, vigiando nela
com ações de graça.
3. Orando também por nós, para que Deus
nos abra uma porta da Palavra, para transmi-
tir o mistério do Ungido, devido ao qual
também estou preso,
4. Para poder manifestá-lo, como me con-
vém falar.
5. Andem com sabedoria para com os de
fora, resgatando o tempo.
 Colossenses
6. Sua palavra seja sempre graciosa490,
temperada com sal, sabendo como convém
responder a cada um.
7. Sobre a minha situação lhes informará o
amado irmão Tíquico, fiel servidor e conser-
vo no Senhor.
8. O mesmo lhes enviei pela seguinte razão:
Para que conhecesse a sua situação e para
que animasse os seus corações,
9. Com Onésimo, o irmão fiel e amado, que
é dos seus. Eles lhes informarão de tudo que
acontece por aqui.
10. Aristarco, meu co-prisioneiro, lhes saú-
da, e Marcos, o sobrinho de Barnabé (a res-
peito do qual vocês receberam ordens. Se ele
for até vocês, recebam-no),
11. E Jesus, chamado Justo, que são da Cir-
cuncisão. Estes são os únicos conservos
meus no Reino de Deus que foram um enco-
rajamento para mim.
12. Epafras, servo do Ungido, que é de vo-
cês, lhes saúda, sempre lutando por vocês
nas orações, para que permaneçam perfeitos
e sejam preenchidos de toda a vontade de
Deus.
13. Pois testifico dele, que tem grande zelo
por vocês, e pelos de Laodicéia e de Hierá-
polis.
14. Lucas, o médico amado, lhes saúda, e
Demas.
15. Saúdem os irmãos de Laodicéia e a Nin-
fa, e a Convocação em sua casa.
16. E após terem lido esta carta, façam com
que também seja lida na Convocação dos
laodicenses, e leiam também a carta dirigida
a Laodicéia.
17. E digam a Arquipo: “Observe o ministé-
rio que recebeu no Senhor, que o cumpra!”
18. Saudações com punho próprio: Paulo.
Lembrem-se das minhas cadeias. A graça
esteja com vocês. Amém.

490
Cariti (chariti): que transmite graça, favor,
edificação.
24
I Tessalonicenses
A PRIMEIRA CARTA DE PAULO AOS
TESSALONICENSES
1.
1. Paulo, e Silvano, e Timóteo, à Convoca-
ção dos tessalonicenses, em Deus Pai, e no
Senhor Jesus Ungido: Graça e paz a vocês,
de Deus nosso Pai, e do Senhor Jesus Ungi-
do!
2. Damos sempre graças a Deus por todos
vocês, mencionando-os em nossas orações.
3. Lembrando-nos incessantemente de sua
obra da fé, seu trabalho de amor, e sua paci-
ência na esperança de nosso Senhor Jesus
Ungido, diante de Deus e nosso Pai,
4. Sabendo, irmãos amados de Deus, de sua
seleção.
5. Porque a nossa Boa Mensagem chegou
até vocês não somente em palavra, mas tam-
bém em poder, e no Espírito Santo, e em
plena convicção, assim como vocês estão
cientes de como nos conduzimos no seu
meio, por sua causa.
6. E vocês se tornaram nossos imitadores, e
do Senhor, recebendo a Palavra sob muita
tribulação, na alegria do Espírito Santo,
7. De maneira que vocês se tornaram pa-
drão para todos os crentes na Macedônia e
na Acaia.
8. Porque a partir de vocês ecoou a Palavra
do Senhor, não somente na Macedônia e
Acaia, mas também em todos os lugares a
sua fé em Deus se tornou conhecida, de ma-
neira que já não temos necessidade de falar
algo.
9. Porque eles mesmos relatam de nós que
tipo de entrada tivemos com vocês, e como
vocês se voltaram das imagens para Deus,
para servir ao Deus vivo e verdadeiro,
10. E para aguardar dos Céus o seu Filho, o
qual ressuscitou dentre os mortos, Jesus, que
nos resgata da ira vindoura.
24
2.
1. Porque vocês mesmos sabem, irmãos,
que a nossa entrada no seu meio não foi em
vão.
2. Mas, mesmo depois de termos sofrido, e
termos sido tratados vergonhosamente em
Filipos, como vocês sabem, fomos ousados
no nosso Deus, para falar-lhes a Boa Mensa-
gem de Deus, no meio de grande conflito.
3. Porque nossa exortação não procedeu de
engano, nem de impureza, nem de dolo,
4. Mas, assim como fomos considerados
aprovados e por Deus nos foi confiada a Boa
Mensagem, assim falamos, não para agradar
a pessoas, mas a Deus, que prova nossos
corações.
5. Porque nunca, em qualquer momento,
usamos de palavras de bajulação, como sa-
bem, nem usamos de pretexto para a ganân-
cia, Deus é testemunha,
6. Nem buscamos glória de pessoas, nem de
vocês, nem de outros, quando, como apósto-
los do Ungido poderíamos ter sido onerosos.
7. Antes fomos brandos para com vocês,
assim como a ama que cria os seus filhos.
8. Sendo tão amorosamente afeiçoados por
vocês, que estivemos dispostos a não somen-
te compartilhar-lhes a Boa Mensagem, mas
ainda as nossas próprias vidas, porque torna-
ram-se nossos amados.
9. Porque vocês se lembram, irmãos, do
nosso desgaste e empenho, porque traba-
lhando noite e dia, para não sermos pesados
a qualquer um de vocês, proclamamo-lhes a
Boa Mensagem de Deus.
10. Vocês são testemunhas, e Deus, como
nos conduzimos santa, e justa e inculpavel-
mente para com vocês que crêem,
11. Como vocês sabem, de como exortamos,
e confortamos, e testificamos a cada um de
vocês, como um pai a seus próprios filhos,

12. Para que andassem dignos de Deus, que
lhes chama para o seu próprio reino e sua
glória.
13. Por esta razão também damos incessan-
temente graças a Deus, que, tendo recebido a
Palavra de Deus, que ouviram de nós, não a
receberam como palavra humana, mas como
na verdade é, a Palavra de Deus, a qual tam-
bém opera em vocês que crêem.
14. Porque vocês, irmãos, tornaram-se imi-
tadores das Convocações de Deus que estão
no Ungido Jesus na Judéia, porque vocês
também sofreram o mesmo dos seus compa-
triotas que eles dos judeus.
15. Que mataram tanto o Senhor Jesus, como
os seus próprios profetas, e têm-nos perse-
guido, e não agradam a Deus, e são contra
todas as pessoas,
16. Resistindo-nos a falar aos povos para que
sejam salvos, para completar os seus peca-
dos sempre, porque a ira chegou sobre eles
até o cúmulo.
17. Nós, porém, irmãos, tendo sido privados
de sua presença por pouco tempo, não do
coração, apressamo-nos o máximo possível
para vermos suas faces com grande desejo.
18. Por isso queríamos ter ido até vocês, eu
mesmo, Paulo, uma e duas vezes, mas o
Adversário nos atrapalhou.
19. Porque, qual é a nossa esperança, ou
alegria, ou coroa de glória, se não vocês na
presença de nosso Senhor Jesus Ungido na
sua vinda?
20. Porque vocês são nossa glória e alegria.
3.
1. Por isso, já não podendo mais aguardar,
julgamos apropriado sermos deixados sozi-
nhos em Atenas,
2. E enviarmos Timóteo, nosso irmão e
servo de Deus, e nosso colaborador na Boa
Mensagem do Ungido, para confirmá-los e
acompanhá-los na sua fé,
3. Para que ninguém fosse abalado por
estas tribulações, porque vocês mesmos
sabem que fomos designados para isto.
4. Porque também quando estávamos com
vocês, predissemo-lhes que sofreríamos
I Tessalonicenses
tribulações, como realmente aconteceu, e
vocês o sabem.
5. Por esta razão, já não podendo mais con-
ter-me, enviei para conhecer o estado de sua
fé, se por acaso o tentador lhes tivesse tenta-
do, e nosso trabalho tivesse sido vão.
6. Mas agora, vindo Timóteo de vocês a
nós, e trazendo-nos boas notícias de sua fé e
de seu amor, e de que vocês nos têm sempre
em boa recordação, com grande desejo de
ver-nos, como também nós a vocês,
7. Por isso, irmãos, fomos confortados
quanto a vocês, em toda a nossa tribulação e
necessidade, pela sua fé.
8. Porque agora vivemos, se vocês estão
firmes no Senhor.
9. Porque, que grande ação de graças po-
demos retribuir a Deus por vocês, por toda a
alegria com a qual nos alegramos por vocês
diante de nosso Deus!
10. Orando fervorosamente noite e dia, para
que possamos ver sua face, e complementar
o que estiver faltando na sua fé.
11. Ora, Deus mesmo, nosso Pai, e nosso
Senhor Jesus Ungido, dirijam os nossos
passos até vocês.
12. E o Senhor lhes faça aumentar e se so-
bressair em amor um pelo outro, e para com
todos, assim como também nós por vocês,
13. Para os seus corações serem confirmados
imaculados491 na santidade diante de Deus,
nosso Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus
Ungido com todos os seus santos.
4.
1. Além do mais, irmãos, pedimos e exor-
tamos por meio do Senhor Jesus, que con-
forme receberam de nós, de como convém
andar e agradar a Deus, se destaquem ainda
mais.
2. Porque vocês conhecem as ordens que
lhes demos por intermédio do Senhor Jesus.
491
α
́µωµος amomos): sem mancha.

(
24
I Tessalonicenses
3. Porque esta é a vontade de Deus, sua
santificação, que se abstenham do sexo ilíci-
to.
4. Que cada um de vocês saiba como man-
ter seu vaso em santificação e honra.
5. Não no desejo incontrolável, como é o
caso dos povos, que não conhecem a Deus.
6. Que ninguém passe do limite e engane a
seu irmão nesta questão, porque o Senhor é
o vingador em tudo isto, como lhes temos
dito e testificado anteriormente.
7. Porque Deus não nos chamou para a
impureza, mas para a santificação.
8. Quem, pois, isto rejeita, não rejeita ao
homem, mas a Deus, o qual também nos tem
dado o Espírito Santo.
9. Quanto, porém, ao amor fraternal, vocês
não têm necessidade de lhes escrever, por-
que vocês mesmos são instruídos por Deus a
se amarem mutuamente.
10. E de fato o demonstram a todos os ir-
mãos que estão em toda a Macedônia. Mas
pedimo-lhes, irmãos, que se sobressaiam
cada vez mais,
11. E esforcem-se para sossegarem, e envol-
vam-se nos seus próprios assuntos, e traba-
lhem com as suas próprias mãos, como lhes
temos ordenado.
12. Para se comportarem decentemente para
com os de fora, e não terem necessidade de
nada.
13. Mas não quero que estejam sem conhe-
cimento, irmãos, respectivamente aos que
adormeceram, para que não sejam também
entristecidos, assim como os outros, que não
têm esperança.
14. Porque, se cremos que Jesus morreu e
ressurgiu, assim também os que adormece-
ram em Jesus, Deus conduzirá com ele.
15. Porque isto lhes dizemos pela palavra do
Senhor, que nós, os que vivermos, que res-
tarmos até à vinda do Senhor, não precede-
remos aos adormecidos.
16. Porque o Senhor mesmo descerá do Céu,
com um brado pela voz do arcanjo, e com a
trombeta de Deus, e os mortos no Ungido
ressuscitarão primeiro,
17. Depois nós, os que vivermos, os que
restarmos, seremos arrebatados juntamente
24
com eles nas nuvens, para o encontro com o
Senhor nos ares, e assim estaremos para
sempre com o Senhor.
18. Encorajem-se, pois, uns aos outros com
estas palavras.
5.
1. Mas a respeito dos prazos e do momento
específico, irmãos, não é necessário escre-
ver-lhes.
2. Porque vocês mesmos sabem perfeita-
mente de que o Dia do Senhor vem como
ladrão de noite.
3. Porque, quando disserem: “Paz e segu-
rança!” então lhes sobrevirá repentina des-
truição, assim como a dor de parto sobrevém
à grávida, e de modo algum escaparão.
4. Mas vocês, irmãos, não estão na escuri-
dão, para que aquele Dia lhes surpreenda
como um ladrão.
5. Todos vocês são filhos da luz e filhos do
dia. Não somos da noite, nem da escuridão.
6. Não durmamos, pois, como os outros,
mas vigiemos e sejamos sóbrios.
7. Porque os que dormem, dormem de noi-
te, e os que se embriagam, se embriagam de
noite.
8. Mas nós, sendo do dia, sejamos sóbrios,
vestindo o peitoral da fé e do amor, e o ca-
pacete da esperança da salvação.
9. Porque Deus não nos destinou para a ira,
mas para a obtenção da salvação, por inter-
médio de nosso Senhor Jesus Ungido,
10. Que morreu por nós, para que, quer a-
cordados ou dormindo, vivamos junto com
ele.
11. Por isso encorajem-se mutuamente, e
edifiquem-se mutuamente, como já estão
fazendo.
12. E rogamo-lhes, irmãos, que reconheçam
os que trabalham entre vocês, e lhes presi-
dem no Senhor, e lhes admoestam,
13. E de considerá-los em alta estima no
amor, devido ao seu trabalho. Tenham paz
entre vocês.
14. Ora, exortamo-lhes, irmãos: Advirtam os
desordenados, encorajem os indecisos, apói-

em os fracos, sejam pacientes para com to-
dos.
15. Tomem cuidado para que ninguém retri-
bua ao próximo o mal com o mal, mas pro-
curem sempre o bem, tanto um para com o
outro, quanto para com todos.
16. Regozijem-se sempre.
17. Orem ininterruptamente.
18. Em tudo dêem graças, porque esta é a
vontade de Deus no Ungido Jesus para com
vocês.
19. Não extingam o Espírito.
20. Não menosprezem as profecias.
21. Investiguem tudo, retenham o correto.
22. Distanciem-se de toda a aparência do
mal.
I Tessalonicenses
23. E o próprio Deus da paz lhes santifique
completamente, e o seu espírito por inteiro, e
a alma, e o corpo, sejam preservados incul-
páveis, até à vinda de nosso Senhor Jesus
Ungido.
24. Fiel é o que lhes chama, o qual também o
concretizará.
25. Irmãos, orem por nós.
26. Saúdem a todos os irmãos com ósculo
santo!
27. Eu lhes conjuro pelo Senhor que esta
carta seja lida diante de todos os santos ir-
mãos.
28. A graça de nosso Senhor Jesus Ungido
esteja com vocês! Amém.
24
II Tessalonicenses
SEGUNDA CARTA DO APÓSTOLO PAULO AOS
TESSALONICENSES
1.
1. Paulo, e Silvano, e Timóteo, à Convoca-
ção dos tessalonicenses, em Deus, nosso Pai,
e no Senhor Jesus Ungido:
2. Graça a vocês, e paz de Deus, nosso Pai,
e do Senhor Jesus Ungido!
3. Compete-nos sempre dar graças a Deus
por vocês, irmãos, como é justo, porque sua
fé cresce demais, e o amor recíproco trans-
borda,
4. De sorte que nós mesmos nos gloriamos
em vocês nas Convocações de Deus, pela
sua persistência e fé em todas as suas perse-
guições e aflições que vocês estão suportan-
do,
5. Sinal do justo julgamento de Deus, de
que vocês são considerados dignos do Reino
de Deus, pelo qual também estão sofrendo.
6. Vendo que é justo para com Deus re-
compensar com tribulação aqueles que lhes
atribulam,
7. E a vocês, que são atribulados, descanso
conosco, na revelação do Senhor Jesus, do
Céu, com os anjos de seu poder,
8. Em chama de fogo se vingando daqueles
que não conhecem a Deus, e que não obede-
cem à Boa Mensagem de nosso Senhor Jesus
Ungido.
9. Os quais sofrerão a pena: Destruição
eterna da presença do Senhor e da glória de
seu poder,
10. Quando vier para ser glorificado nos seus
santos, e para ser admirado naquele dia em
todos os que crêem, porque nosso testemu-
nho foi crido por vocês.
11. Por essa razão também oramos sempre
por vocês, para que o nosso Deus lhes con-
sidere dignos do seu chamado, e para cum-
prir toda a boa vontade de sua bondade, e a
obra da fé com poder,
12. Para que o nome de nosso Senhor Jesus
Ungido seja glorificado em vocês, e vocês
24
nele, de acordo com a graça de nosso Deus e
do Senhor Jesus Ungido.
2.
1. Pedimo-lhes, irmãos, no tocante à vinda
de nosso Senhor Jesus Ungido, e à nossa
reunião com ele,
2. Que vocês não sejam tão facilmente aba-
lados ou tumultuados nas suas mentes, nem
por espírito, nem por palavra, nem por carta,
como se procedesse de nós, como se o Dia
do Ungido já tivesse chegado.
3. Ninguém lhes engane, por qualquer meio
que seja, porque não sucederá, a não ser que
tenha vindo primeiro a apostasia492, e tenha
sido revelado o homem do pecado, o filho da
perdição,
4. O qual se opõe e exalta acima de tudo
que se chama deus ou objeto de adoração, a
tal ponto de ele mesmo assentar-se, como
Deus, no Templo de deus, apresentando-se a
si mesmo que é Deus493.
492
Αποστασιαν (apostasia): palavra usada duas
vezes no NT. A outra ocorrência encontramos
em Atos 21:21 onde Paulo é acusado de ensinar
a apostasia de Moisés. No grego clássico signi-
ficava a revolta contra um comandante militar.
No sentido Bíblico pode significar o abandono
intelectual ou volitivo das doutrinas ou também
o abandono da prática dos preceitos morais Bí-
blicos. A palavra paralela αποστάσιον (apostasi-
on) é encontrada três vezes no NT (Mateus 5:31,
Mateus 19:7, Marcos 10:4) significando uma
Carta de Divórcio. A palavra sempre é usada
numa conotação negativa.
493
Ao que tudo indica este templo será construído
pelo próprio Anticristo, que é Satanás encarna-
do. Portanto este templo será construído por ele
e a palavra “deus”, neste caso, deveria ser es-
crita com letra minúscula. É o “deus deste
mundo” (II Coríntios 4:4) construindo um tem-
plo satanista em Jerusalém (Daniel 11:39 e 45),
para lá ser adorado como o Deus verdadeiro.
Com certeza este não será o Templo do Senhor
Jesus Cristo no milênio.

5. Vocês não se lembram que lhes dizia isto
enquanto ainda estava com vocês?
6. E agora vocês sabem o que detém que
ele seja revelado no seu momento específi-
co.
7. Porque o mistério494 da ilegitimidade já
opera, somente até que aquele que agora o
detém seja tirado do meio,
8. E então será revelado o ilegítimo, o qual
o Senhor consumirá com o sopro de sua
boca, e o imobilizará com a manifestação de
sua vinda.
9. Cuja aparição é segundo a operação do
Adversário, com todo tipo de poder, e sinais,
e milagres da mentira.
10. E com todo tipo de trapaça da injustiça
entre os que estão perecendo, porque não
acolheram o amor à verdade, para serem
salvos.
11. E por esta razão Deus lhes enviará a
operação do erro, para acreditarem na menti-
ra,
12. Para serem julgados todos aqueles que
não acreditaram na verdade, antes deleita-
ram-se na injustiça.
13. Mas compete-nos dar sempre graças a
Deus por vocês, irmãos amados do Senhor,
porque Deus lhes selecionou desde o princí-
pio para a salvação, pela santificação do
Espírito, e pela fé na verdade,
14. Para a qual lhes chamou por intermédio
de nossa Boa Mensagem, para a obtenção da
glória do nosso Senhor Jesus Ungido.
15. Por isso, irmãos, permaneçam firmes, e
conservem as tradições que lhes foram ensi-
nadas, quer seja por palavra quer por carta
nossa.
16. Ora, ele mesmo, nosso Senhor Jesus
Ungido, e Deus, nosso Pai, que nos amou, e
nos tem dado um encorajamento eterno e
uma boa esperança por meio da graça,
17. Encoraje os seus corações, e lhes confir-
me em toda a boa palavra e obra.
494
Mistério: informação conhecida somente por inimigo, mas corrijam-no como irmão.
iniciados.
II Tessalonicenses
3.
1. Finalmente, irmãos, orem por nós, para
que a Palavra do Senhor seja propagada e
glorificada, como está ocorrendo entre vo-
cês,
2. E que sejamos resgatados de pessoas
prejudiciais e malignas, porque a fé não é de
todos.
3. Mas o Senhor é fiel, que lhes confirmará
e guardará do mal.
4. E temos a confiança no Senhor quanto a
vocês, que vocês pratiquem e continuem
praticando o que lhes ordenamos.
5. E o Senhor dirija os seus corações ao
amor de Deus, e à constância do Ungido.
6. Ordenamo-lhes, porém, irmãos, no nome
de nosso Senhor Jesus Ungido, que evitem
todo irmão que ande desordenadamente, e
não segundo a tradição que recebeu de nós.
7. Porque vocês mesmos sabem como con-
vém imitar-nos, porque não nos conduzimos
desordenadamente entre vocês,
8. Nem comemos o pão de alguém de gra-
ça, mas labutamos com trabalho e agonia,
noite e dia, para que não fôssemos pesados a
ninguém de vocês.
9. Não que não tivéssemos a permissão,
mas para tornar-nos modelo para sermos
imitados.
10. Porque, enquanto estávamos com vocês,
ordenamo-lhes o seguinte: Que, se alguém
não quer trabalhar, também não coma.
11. Porque ouvimos que alguns dentre vocês
andam desordenadamente, não trabalhando,
mas vagabundeando.
12. A esses ordenamos e exortamos pelo
nosso Senhor Jesus Ungido, que, trabalhan-
do sossegadamente, comam o seu próprio
pão.
13. Mas vocês, irmãos, não desanimem em
fazer o bem.
14. E, se alguém não obedecer à nossa pala-
vra por esta carta, marquem o mesmo, e não
se misturem com ele, para que se envergo-
nhe.
15. Mas, não considerem-no como sendo
24
II Tessalonicenses
16. Ora, ele mesmo, o Senhor da paz, lhes dê 17. A saudação de Paulo de próprio punho, a
sempre a paz e por todos os meios. O Senhor qual é a marca em cada carta: assim escrevo.
esteja com todos vocês! 18. A graça de nosso Senhor Jesus Ungido
esteja com todos vocês! Amém!

24

A PRIMEIRA CARTA DO APÓSTOLO PAULO A
TIMÓTEO
1.
1. Paulo, apóstolo de Jesus Ungido, por
ordem de Deus, nosso Salvador, e do Senhor
Jesus Ungido, nossa esperança,
2. A Timóteo, legítimo filho na fé: Graça,
misericórdia e paz, de Deus, nosso Pai, e de
Jesus Ungido, nosso Senhor.
3. Conforme, a caminho da Macedônia,
animei-lhe a permanecer em Éfeso, para que
ordenasse a alguns a não ensinar outra dou-
trina,
4. Nem dar atenção a mitos e genealogias
intermináveis, que geram discussões ao in-
vés de edificação na fé em Deus.
5. A finalidade da Lei é amor de coração
puro, e de consciência boa, e de fé sem fin-
gimento.
6. Da qual alguns, errando o alvo, desvia-
ram-se para a tagarelice.
7. Pretendendo ser mestres da Lei, porém
não entendendo nem o que dizem, nem o
que defendem.
8. Sabemos, porém, que a Lei é proveitosa,
desde que alguém a use legitimamente.
9. Sabendo isto, que a Lei não foi designa-
da para o justo, mas para os transgressores e
insubordinados, irreverentes e pecadores,
impuros e profanos, patricidas e matricidas,
homicidas,
10. Praticantes de sexo ilícito, homossexuais,
seqüestradores, mentirosos, perjuros, e tudo
que for contrário à sã doutrina,
11. De acordo com a Boa Mensagem da
glória do Deus bem-aventurado, que me foi
confiada.
12. E dou graças ao que me tem fortalecido,
nosso Senhor Jesus Ungido, que me conside-
rou fiel, designando-me para o ministério.
13. A mim, que anteriormente era blasfema-
dor, e perseguidor, e insultador. Mas obtive
misericórdia porque, não tendo conhecimen-
to, o fiz na incredulidade.
I Timóteo
14. Mas a graça de nosso Senhor transbor-
dou com fé e amor no Ungido Jesus.
15. Confiável é a palavra e digna de toda a
aceitação, que o Ungido Jesus veio ao mun-
do para salvar pecadores, dos quais eu sou o
principal.
16. Mas por esta razão alcancei misericórdia,
a fim de que em mim, o principal, Jesus
Ungido demonstrasse toda a longanimidade,
como padrão para os que estão para crer nele
para a vida eterna.
17. Ora, ao Rei das eras, imortal, invisível,
único Deus sábio, sejam honra e glória pelas
eras das eras! Amém.
18. Esta ordem lhe dou, filho Timóteo, de
acordo com as profecias que anteriormente
foram feitas a seu respeito, que trave por
meio delas o bom combate,
19. Mantendo a fé e a boa consciência, a
qual alguns, desprezando, naufragaram na
fé.
20. Dentre os quais estão Himeneu e Ale-
xandre, os quais entreguei ao Adversário,
para que aprendam a deixar de falar mal.
2.
1. Exorto, pois, que primeiramente se fa-
çam súplicas, orações, intercessões, e ações
de graças, por todas as pessoas.
2. A favor dos reis e todos que estão inves-
tidos de autoridade, a fim de que levemos
uma vida tranqüila e pacífica, com toda a
piedade e dignidade.
3. Porque isto é bom e agradável diante de
Deus, nosso Salvador,
4. Que deseja que todas as pessoas sejam
salvas e cheguem ao pleno conhecimento da
verdade.
5. Porque há um só Deus, e um só Media-
dor entre Deus e as pessoas, o homem Jesus
Ungido.
24
I Timóteo
6. O qual se entregou a si mesmo como
pagamento de resgate por todos, testemunho
a ser dado em tempo oportuno.
7. A favor do qual fui designado porta-voz
e apóstolo, falo a verdade no Ungido e não
minto, mestre dos povos na fé e na verdade.
8. Quero, pois, que os homens orem em
todo o lugar, levantando mãos santas, sem
ira e sem discussões.
9. Igualmente também as mulheres que se
arrumem com vestidos495 decentes, com
discrição e sobriedade, não com tranças, ou
ouro, ou pérolas, ou roupa dispendiosa,
10. Mas com o que combina com mulheres
professando piedade pelas boas obras.
11. A mulher aprenda em silêncio, sujeita em
tudo.
12. Não permito, porém, que a mulher ensi-
ne, nem que exerça autoridade sobre o mari-
do, mas esteja em silêncio,
13. Porque Adão foi moldado primeiro, de-
pois Eva.
14. E Adão não foi seduzido, mas a mulher,
tendo sido seduzida, caiu em transgressão.
15. Ela, porém, será preservada através da
geração de filhos, desde que permaneçam na
fé, no amor, e na santificação, com sobrie-
dade.
3.
1. Confiável é a palavra: Se alguém aspirar
a supervisão, obra louvável deseja.
2. É necessário, pois, que o supervisor seja
inculpável, marido de uma496 mulher, tempe-
rado, equilibrado, organizado, amigo de
estranhos, com didática,
3. Não entregue ao vinho, não espancador,
não ávido por lucro desonesto, mas modera-
do, não briguento, não amante do dinheiro,
4. Presidindo bem o seu lar, tendo seus 1. Mas o Espírito afirma expressamente que
filhos em sujeição, com todo o respeito.
495
katastolh (katastole): algo que caia, algo
prolongado, traje, vestido.
496
mia (mia): pode significar uma, uma só ou
primeira. Veja também 3:12.
25
5. Mas se alguém não souber presidir o seu
próprio lar, como cuidará da Convocação de
Deus?
6. Não seja recém-convertido, para que não
se torne orgulhoso e caia no juízo do Caluni-
ador.
7. É preciso também que tenha um bom
testemunho dos de fora, para que não caia no
ultraje e no laço do Caluniador.
8. Os servidores igualmente sejam respei-
táveis, não de língua dobre, não dados a
muito vinho, não ávidos por lucro desonesto,
9. Mantendo o mistério da fé com consci-
ência pura.
10. Os mesmos sejam também primeiro ex-
perimentados, e depois sirvam, se forem
inculpáveis.
11. Igualmente as esposas sejam respeitá-
veis, não difamadoras, sóbrias, fiéis em tudo.
12. Os servidores sejam maridos de uma497
mulher, e presidam bem os seus filhos e seus
próprios lares.
13. Porque aqueles que tiverem servido bem,
conquistam para si mesmos uma posição de
destaque, e muita ousadia na fé no Ungido
Jesus.
14. Escrevo-lhe isto, esperando ir até você
em breve.
15. Mas, se eu demorar, você saberá como
conduzir-se na casa de Deus, a qual é a Con-
vocação do Deus vivo, coluna e alicerce da
verdade.
16. E, reconhecidamente grande é o segredo
da devoção: Deus manifesto na carne, justi-
ficado no Espírito, visto pelos anjos, pro-
clamado entre os povos, crido no mundo,
assunto para a glória!
4.
em tempos posteriores vários desertarão da
fé, dando ouvidos a espíritos sedutores e a
ensinamentos de demônios,
2. Falando mentiras na hipocrisia, cauteri-
zados nas suas próprias consciências,
497
Veja nota de rodapé de I Timóteo 3:2. A mes-
ma palavra usada aqui.
 I Timóteo
3. Proibindo casar, ordenando a privar-se 2. Às idosas como a mães, às moças como a
de alimentos criados por Deus, a serem re- irmãs, com toda a pureza.
cebidos com ação de graças pelos crentes, e3. Honre as viúvas que são viúvas de fato.
pelos que conhecem a verdade. 4. Mas, se alguma viúva tiver filhos ou
4. Porque toda criatura de Deus é boa, e descendentes, aprendam primeiro a demons-
nada deve ser rejeitado, desde que recebidotrar devoção para com a própria família, e de
com ação de graças, ressarcir a seus progenitores, porque isto é
5. Porque é santificado pela Palavra de bom e agradável diante de Deus.
Deus e pela oração. 5. Ora, a verdadeira viúva é a que permane-
6. Apresentando isto aos irmãos, você será ceu sozinha, confia em Deus, e persevera em
um bom servidor de Jesus Ungido, nutrido súplicas e orações noite e dia.
pelas palavras da fé e do bom ensinamento, 6. Mas a que vive em luxúria, estando viva
que você tem seguido de perto. morreu.
7. Mas rejeite as fábulas profanas e de ido-
7. E isto ordene, para que sejam irrepreen-
sas, exercite-se, porém, na piedade. síveis.
8. Porque o exercício físico tem pouco 8. Mas, se alguém não sustenta os seus,
proveito, mas a piedade é proveitosa para especialmente a família, renegou a fé, e é
tudo, tendo a promessa desta e da vida vin-pior do que um descrente.
doura. 9. Não permita que uma viúva com menos
9. Fiel é a palavra e digna de toda a aceita-
de sessenta anos seja matriculada, antes
ção. tendo sido esposa de um marido,
10. Por isto também nos fatigamos e sofre- 10. Tenha testemunho de boas obras, tenha
mos injúrias, porque esperamos no Deus criado filhos, hospedado a estranhos, lavado
vivo, que é o Salvador de todas as pessoas,os pés dos santos, socorrido aos aflitos, se
principalmente dos crentes. diligentemente seguiu a toda boa obra.
11. Ordene e ensine isto. 11. Mas recuse a viúvas jovens, porque
12. Ninguém despreze a sua mocidade. Mas quando começarem a ser dominadas pelos
torne-se padrão dos crentes, na palavra, nadesejos contra o Ungido, querem casar,
conduta, no amor, no espírito, na fé, na pu-
12. Sendo julgadas, porque renegaram a sua
reza. primeira fé.
13. Até a minha chegada, atenda à leitura, à
13. E além disto aprendem a ociosidade,
exortação, ao ensino. vadiando pelas casas. E não somente a ocio-
14. Não menospreze o dom que está em sidade, mas também se tornam fofoqueiras e
você, que lhe foi dado por meio de profecia,
bisbilhoteiras, falando o que não devem.
com a imposição de mãos do conselho de 14. Quero, portanto, que as jovens casem,
anciãos. gerem filhos, dirijam bem os seus lares, e
15. Medite nisto, dedique-se totalmente, para
não dêem nenhuma oportunidade de zomba-
que o seu progresso seja evidente a todos. ria ao adversário.
16. Atente para você mesmo, e para o ensi- 15. Porque algumas já se desviaram seguin-
namento. Persista neles, porque agindo as- do ao Adversário.
sim, você se salvará, tanto a si mesmo, quan-
16. Se um crente, ou uma crente, tiver viú-
to aos que lhe estiverem ouvindo. vas, que lhe preste assistência, para que a
Convocação não seja sobrecarregada, e pos-
5. sa prestar assistência às viúvas de fato.
17. Os anciãos que presidirem bem sejam
1. Não recrimine a um idoso, mas dirija-se considerados merecedores de salário dobra-
a ele como a um pai, e aos moços como a do, especialmente os que trabalham na pala-
irmãos, vra e no ensino.

25
I Timóteo
18. Porque a Escritura diz: “Você não amor-
daçará o boi que debulha”498; e: “Digno é o
obreiro de seu salário”499.
19. Contra um ancião não aceite acusação, a
não ser com duas ou três testemunhas.
20. Aos que pecarem repreenda diante de
todos, para que também os demais temam.
21. Testifico solenemente diante de Deus e
do Senhor Jesus Ungido, e dos anjos seletos,
que você observe isto sem preconceito, nada
fazendo por parcialidade.
22. A ninguém imponha precipitadamente as
mãos, nem torne-se participante de pecados
alheios. Mantenha-se puro.
23. Não beba somente água, mas use um
pouco de vinho, devido ao seu estômago e às
suas constantes enfermidades.
24. Os pecados de algumas pessoas são evi-
dentes, levando ao julgamento, e os de ou-
tras as seguem.
25. Igualmente também as boas obras são
evidentes, e se não, não podem ser escondi-
das.
6.
1. Todos os servos que estão sob o jugo
considerem seus senhores dignos de toda a
honra, para que o nome de Deus e a doutrina
não sejam malfalados.
2. E aqueles que tiverem senhores crentes,
não os menosprezem, porque são irmãos,
mas antes prestem serviço, porque são fiéis e
amados, que participam do benefício. Isto
ensine e exorte.
3. Se alguém ensina outra doutrina, e não
consente com as sãs palavras, as palavras do
nosso Senhor Jesus Ungido, e com a doutri-
na de acordo com a piedade,
4. É inflado, não sabe nada, mas é doido
para discutir e brigar por palavras, das quais
surgem inveja, discussões, calúnias, suspei-
tas malignas,
5. Discussões inócuas, de pessoas de men-
tes corrompidas, despojadas da verdade,
498
Deuteronômio 25:4; I Coríntios 9:9
499
Mateus 10:10
25
supondo que a piedade seja fonte de lucro.
Afaste-se destes!
6. Mas grande fonte de lucro é a piedade
com contentamento.
7. Porque nada trouxemos ao mundo, e é
evidente que nada podemos levar.
8. Tendo, porém, sustento e vestimenta,
contentemo-nos com os mesmos.
9. Mas os que querem tornar-se ricos caem
em tentação e cilada, e muitos desejos insen-
satos e prejudiciais, que afogam as pessoas
na destruição e na perdição.
10. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de
todas as espécies de males, o qual alguns
aspirando, desviaram-se da fé e infligiram-se
muitas dores.
11. Mas você, ó homem de Deus, fuja disto!
Mas persiga a justiça, a piedade, a fé, o a-
mor, a paciência, a mansidão.
12. Combata o bom combate da fé! Tome
posse da vida eterna, para a qual você tam-
bém foi chamado, e tem professado a boa
profissão diante de muitas testemunhas.
13. Ordeno-lhe diante de Deus, o qual a tudo
vivifica, e do Ungido Jesus, que diante de
Pôncio Pilatos testificou a boa profissão,
14. Que você mantenha o mandamento in-
contaminado500, inculpável, até a aparição
do nosso Senhor Jesus Ungido,
15. O qual a seus tempos revelará o Bem-
aventurado e único Soberano, o Rei dos reis,
e Senhor dos senhores,
16. O único que possui imortalidade, resi-
dindo numa luz inacessível, o qual nenhuma
pessoa jamais viu, nem é capaz de ver, ao
qual sejam honra e poder eternos! Amém!
17. Ordene aos ricos desta era que não sejam
orgulhosos, não confiem na incerteza das
riquezas, mas no Deus vivo, que nos propor-
ciona tudo ricamente para o nosso aprazi-
mento.
18. Que façam o bem, sejam ricos em boas
obras, prontos para compartilhar, comunica-
tivos,
500
α
́σπιλος
(aspilos):
sem
sujeira
(moral).


19. Entesourando para si mesmos um bom
fundamento para o tempo vindouro, para que
tomem posse da vida eterna.
20. Ó Timóteo, guarde o que lhe foi confia-
do, desviando-se dos disparates vãos e das
I Timóteo
antíteses do erroneamente chamado “conhe-
cimento”,
21. O qual alguns professaram e se desvia-
ram da fé. A graça esteja com você! Amém!
25
II Timóteo
A SEGUNDA CARTA DO APÓSTOLO PAULO A
TIMÓTEO
1.
1. Paulo, apóstolo de Jesus Ungido, pela
vontade de Deus, de acordo com a promessa
da vida que está no Ungido Jesus,
2. A Timóteo, meu filho amado: Graça,
misericórdia e paz de Deus Pai e de Jesus
Ungido, nosso Senhor!
3. Dou graças a Deus, ao qual sirvo de
consciência pura desde os meus progenito-
res, que incessantemente me lembro de você
nas minhas orações noite e dia,
4. Com saudades nostálgicas de ver-lhe,
lembrando-me de suas lágrimas, para ser
preenchido de alegria,
5. Recordando-me da fé sem fingimento
que está em você, que primeiro residiu na
sua avó Lóide, e na sua mãe Eunice, e estou
convencido igualmente em você.
6. Razão porquê lhe lembro a atiçar o dom
de Deus que está em você, pela imposição
de minhas mãos.
7. Porque Deus não nos tem dado um espí-
rito de covardia, mas de poder, de amor e de
autocontrole.
8. Não se envergonhe, pois, do testemunho
de nosso Senhor, nem de mim, seu prisionei-
ro, antes sofra comigo nas aflições da Boa
Mensagem de acordo com o poder de Deus,
9. Que nos salvou, e nos chamou com um
chamado santo, não conforme as nossas
obras, mas conforme o seu objetivo e sua
graça, que nos foram dados no Ungido Jesus
antes das eras de tempo.
10. Mas agora se manifestou pela aparição
de nosso Salvador Jesus Ungido, que verda-
deiramente aboliu a morte, e elucidou a vida
e a incorruptibilidade por meio da Boa Men-
sagem.
11. Para a qual fui designado porta-voz, e
apóstolo, e mestre dos povos.
12. Por cuja causa também sofro isto, porém
não me envergonho, porque sei em quem
25
tenho crido, e estou convencido de que ele é
poderoso para proteger o que me foi confia-
do para aquele dia.
13. Mantenha o padrão de sãs palavras que
de mim tem ouvido, na fé e no amor que
estão no Ungido Jesus.
14. Guarde o bom depósito que lhe foi confi-
ado pelo Espírito Santo que reside em nós.
15. Disto você tem conhecimento de que
todos os da Ásia me abandonaram, entre os
quais está Figelo e Hermógenes.
16. O Senhor tenha misericórdia da casa de
Onesíforo, porque ele freqüentemente me
animou, e não se envergonhou da minha
corrente.
17. Antes, estando em Roma, procurou-me
solicitamente e achou-me.
18. O Senhor lhe conceda que obtenha mise-
ricórdia do Senhor naquele Dia, e em quan-
tas áreas serviu em Éfeso você sabe muito
bem.
2.
1. Você, pois, filho meu, seja forte na graça
que está no Ungido Jesus.
2. E o que você ouviu de mim diante de
muitas testemunhas, o mesmo transmita a
pessoas confiáveis, competentes a ensinarem
também a outras.
3. Você, pois, suporte dificuldades como
um bom soldado de Jesus Ungido.
4. Ninguém que serve no exército se envol-
ve nos afazeres da vida, para agradar ao que
o alistou.
5. E se alguém compete501, não é premiado,
a não ser que compita legalmente.
6. Cabe ao lavrador que se afadiga ser o
primeiro a provar dos frutos.
7. Pondere no que digo. O Senhor lhe dará
compreensão em tudo.
501
aylew (athleo): competir como atleta.

8. Lembre-se de Jesus Ungido, da descen-
dência de Davi, ressuscitado dentre os mor-
tos, de acordo com a minha Boa Mensagem,
9. Na qual sofro aflições, a ponto de alge-
mas, como malfeitor. Mas a Palavra de Deus
não está algemada.
10. Por isso suporto tudo pelos seletos, para
que também eles recebam a salvação no
Ungido Jesus, com glória eterna.
11. Confiável é o ditado: “Se, pois, morre-
mos juntos, também viveremos juntos.
12. Se persistirmos, também reinaremos
juntos. Se o negarmos, também ele nos ne-
gará.
13. Se não crermos, ele permanece fiel: Ele
não pode negar-se a si mesmo.”
14. Leve isto à memória deles, testificando
solenemente diante do Senhor que não dis-
cutam por palavras, sem nenhum proveito, a
não ser para confundir os ouvintes.
15. Esforce-se para apresentar-se aprovado a
Deus, como obreiro que não tem de que se
envergonhar, repartindo corretamente a Pa-
lavra da verdade.
16. Dê as costas para as vãs baboseiras pro-
fanas, porque promovem ainda mais a impi-
edade,
17. E sua palavra putrefaz como a gangre-
na502, entre os quais estão Himeneu e Fileto,
18. Que se desviaram da verdade, dizendo já
ter ocorrido a ressurreição, subvertendo a fé
de alguns.
19. No entanto o inabalável fundamento de
Deus permanece, tendo este selo: “O Senhor
conhece os que lhe pertencem”, e: “Aparte-
se da injustiça todo aquele que profere o
nome do Ungido”.
20. Mas, numa grande casa não há somente
utensílios de ouro e de prata, mas também de
madeira e de barro; uns para honra, outros,
porém, para desonra.
21. Se alguém se tiver purificado destes, será
utensílio para honra, santificado e próprio
para o uso do Mestre, preparado para toda
boa obra.
502
Gangrena: morte e putrefação de tecidos em perseverança,
qualquer região do corpo.
II Timóteo
22. Fuja, porém, das cobiças da mocidade,
mas vai no encalço da justiça, da fé, do amor
e da paz, com os que invocam o Senhor de
coração puro.
23. Mas ignore as perguntas tolas e ignoran-
tes, sabendo que só geram discussões.
24. Mas não convém ao servo do Senhor
discutir, mas ser cortês para com todos, de
boa didática, persistente,
25. Instruindo com delicadeza aos que se
opõem, se porventura Deus lhes conceda o
arrependimento para o reconhecimento da
verdade,
26. E que acordem da cilada do Caluniador,
pela qual foram capturados para realizarem a
sua vontade.
3.
1. Saiba também isto, que nos dias finais
virão tempos cruéis.
2. Porque as pessoas serão amantes de si
mesmas, gananciosas, pretensiosas, queren-
do brilhar, caluniadoras, desobedientes aos
pais, ingratas, impuras,
3. Sem afeto, implacáveis, difamadoras,
sem domínio próprio, cruéis, adversárias do
bem,
4. Traidoras, precipitadas, orgulhosas, antes
amantes de prazeres do que de Deus,
5. Tendo a aparência de piedade, mas igno-
rando o seu poder. Afaste-se também destas!
6. Porque dentre estes estão os que se infil-
tram nas casas, e levam cativas as mulheri-
nhas sobrecarregadas de pecados, dominadas
por diversas paixões,
7. Aprendendo sempre, mas jamais poden-
do chegar ao conhecimento da verdade.
8. Ora, assim como Janes e Jambres resisti-
ram a Moisés, assim também estes resistem
à verdade. Pessoas de mentes depravadas,
réprobos quanto à fé.
9. Mas eles não prosperarão, porque sua
insensatez será evidente a todos, como tam-
bém a dos outros.
10. Mas você tem seguido a minha doutrina,
meu estilo de vida, meu propósito, minha fé,
minha longanimidade, meu amor, minha
25
II Timóteo
11. Minhas perseguições, meus sofrimentos
que me sobrevieram na Antioquia, em Icô-
nio, em Listra. E que perseguições suportei!
Mas o Senhor me livrou de todas.
12. Ademais, todos os que querem viver
piedosamente no Ungido Jesus sofrerão
perseguições.
13. Mas as pessoas perversas e impostoras
irão de mal a pior, enganando e sendo enga-
nadas.
14. Permaneça, porém, você naquilo em que
foi discipulado e assegurado, sabendo por
quem foi discipulado,
15. E que desde bebê você tem conhecido as
Sagradas Escrituras, que têm poder para
tornar-lhe sábio para a salvação mediante a
fé no Ungido Jesus.
16. Toda Escritura teopnêustica503 de fato é
proveitosa para o ensino, para a repreensão,
para a correção, para a educação na justiça,
17. A fim de que a pessoa de Deus seja per-
feita, capacitada para toda boa obra.
4.
1. Testifico, pois, solenemente diante de
Deus e do Senhor Jesus Ungido, que há de
julgar vivos e mortos, na sua aparição e no
seu reino:
2. Proclame a Palavra! Exponha-a, quer
seja oportuno, quer não. Convença, alerte,
intime, com toda a longanimidade e ensina-
mento.
3. Porque virá o tempo em que não tolera-
rão a sã doutrina, mas, segundo suas pró-
prias paixões, amontoarão para si mesmos
mestres, segundo o desejo ardente de seus
ouvidos.
4. Mas afastarão seus ouvidos da verdade e
serão voltados para os mitos.
5. Mas, seja você moderado em tudo, su-
porte dificuldades, faça a obra de um evan-
503
yeopneustov (theopneustos): Um adjetivo
composto de duas palavras Theo = Deus e
pneustos = soprado. O texto literalmente diz:
“Toda Escritura deus-soprada de fato é ...”
25
gelista504. Cumpra plenamente o seu ministé-
rio.
6. Porque já estou sendo libado505, e chegou
o momento de minha partida.
7. Combati o bom combate. Terminei o
percurso. Mantive a fé.
8. Desde já me está reservada a coroa da
justiça, com a qual o Senhor, o justo Juiz,
me premiará naquele dia. Mas não somente a
mim, mas também a todos os que suspiram
pela sua aparição.
9. Apresse-se para encontrar-se comigo
logo.
10. Porque Demas me abandonou, amando a
era atual, e partiu para a Tessalônica. Cres-
cente foi para a Galácia, Tito para a Dalmá-
cia.
11. Somente Lucas está comigo. Tomando a
Marcos, traga-o com você, porque ele me é
proveitoso no ministério.
12. Mas Tíquico enviei a Éfeso.
13. Quando você vier, traga a capa que dei-
xei em Trôade, com Carpo, e também os
livros, especialmente os pergaminhos.
14. Alexandre, o latoeiro, causou-me muitos
males. Que o Senhor lhe retribua de acordo
com as suas obras.
15. Evite-o também, porque resistiu forte-
mente às nossas palavras.
16. Na minha primeira defesa ninguém me
apoiou, mas todos me abandonaram. Que
não lhes seja levado em conta!
17. No entanto o Senhor esteve ao meu lado
e me fortaleceu, de sorte que por meu inter-
médio a proclamação se tornasse plenamente
conhecida, e todos os povos a ouvissem.
Mas fui liberto da boca do leão.
18. E o Senhor me salvará de toda obra ma-
ligna, e me preservará para o seu reino celes-
te. Ao qual seja glória pelas eras das eras!
Amém.
19. Saúde a Prisca e a Áqüila, e a família de
Onesíforo.
504
Euaggelistou (evaggelistou): alguém que
anuncia a Boa Mensagem.
505
Libar: aspergir um líquido sobre o sacrifício a
Deus.
 II Timóteo
20. Erasto ficou em Corinto, mas Trófimo 22. O Senhor Jesus Ungido esteja com o seu
deixei doente em Mileto. espírito! A graça esteja com você! Amém.
21. Apresse-se em vir antes do inverno. Saú-
dam-lhe Êubulo, e Prudente, e Lino, e Cláu-
dia e todos os irmãos.

25
Tito
A CARTA DO APÓSTOLO PAULO A
TITO
1.
1. Paulo, servo de Deus, e apóstolo de Jesus
Ungido, de acordo com a fé dos seletos de
Deus e do conhecimento da verdade que é
segundo a piedade,
2. Na esperança da vida eterna, a qual o
Deus, que não pode mentir, prometeu antes
das eras de tempos.
3. Mas a seus tempos manifestou sua Pala-
vra pela proclamação que me foi confiada
por ordem de Deus, nosso Salvador,
4. A Tito, filho legítimo segundo a fé co-
mum: Graça, misericórdia, e paz de Deus
Pai e do Senhor Jesus Ungido, nosso Salva-
dor!
5. Por esta razão lhe deixei em Creta, para
que você colocasse em ordem o que faltava,
e nomeasse anciãos em cada cidade, como
lhe havia ordenado:
6. Se alguém for inculpável, marido de
uma506 mulher, tendo filhos crentes, não
acusados de libertinagem ou rebeldia.
7. É preciso que o supervisor seja inculpá-
vel, como mordomo de Deus, que não viva
pelos prazeres, não irascível, não entregue
ao vinho, não valentão, não ávido por lucro
desonesto,
8. Mas amigo de estranhos, amigo do bem,
moderado, justo, santo, autocontrolado,
9. Permanecendo firme na doutrina à fiel
Palavra, para que possa pela sã doutrina,
tanto repreender quanto refutar os que estão
contradizendo.
10. Porque há muitos e rebeldes, tagarelas e
impostores, especialmente os da Circunci-
são,
11. Cujas bocas devem ser caladas, que sub-
vertem famílias inteiras, ensinando o que
506
mia (mia): pode significar uma, uma só ou censurado, a fim de que o opositor se enver-
primeira.
25
não é apropriado, por motivo de ganho bai-
xo.
12. Um deles disse, seu próprio profeta:
“Cretenses: Sempre mentirosos, bestas-feras
malvadas, glutões preguiçosos!”
13. Este testemunho é verídico. Por esta
razão repreenda-os severamente, para que
sejam sadios na fé,
14. Não dando ouvidos aos mitos judaicos e
aos mandamentos humanos, desviando-se da
verdade.
15. Aos puros tudo de fato é puro, mas aos
contaminados e descrentes nada é puro, an-
tes, tanto a sua mente quanto a sua consciên-
cia estão contaminados.
16. Professam conhecer a Deus, mas negam-
no nas suas ações, sendo detestáveis e des-
crentes, e inaptos para toda boa obra.
2.
1. Você, porém, fale o que é digno da sã
doutrina:
2. Que os idosos sejam sóbrios, sérios,
moderados, saudáveis na fé, no amor, na
constância.
3. Que as idosas, do mesmo modo, tenham
um comportamento que condiz com a santi-
dade: Não difamadoras, não escravizadas a
muito vinho, mestras do bem,
4. Para que ensinem às jovens a serem mo-
deradas, amarem seus maridos, amarem seus
filhos,
5. Serem temperadas, santas, cuidando do
lar, honráveis, subordinadas a seus próprios
maridos, para que a Palavra de Deus não
seja difamada.
6. Ordene aos jovens, do mesmo modo, que
sejam moderados.
7. Apresentando-se em tudo como padrão
de boas obras: Na doutrina integridade, res-
peitabilidade, incorruptibilidade,
8. Vocabulário virtuoso, que não pode ser

gonhe, não tendo nada de mal a falar a seu
respeito.
9. Os servos estejam sujeitos a seus pró-
prios mestres, agradando-os em tudo, não
contrariando,
10. Não fazendo apropriação indébita, antes
demonstrando toda a boa fidelidade, para
que em tudo adornem a doutrina de Deus,
nosso Salvador.
11. Porque a graça salvadora de Deus se tem
manifestado a todas as pessoas,
12. Educando-nos para que, tendo renuncia-
do à impiedade e às paixões mundanas, vi-
vamos moderada, correta e piedosamente
nesta era atual,
13. Aguardando a bem-aventurada esperança
e a aparição gloriosa do grande Deus e nosso
Salvador Jesus Ungido,
14. Que a si mesmo se entregou por nós,
para nos resgatar de toda a ilegalidade, e
purificar para si mesmo um povo especial,
zeloso de boas obras.
15. Isto fale, e ordene, e exorte com toda a
autoridade. Ninguém lhe despreze!
3.
1. Lembre-os de se sujeitarem aos superio-
res e às autoridades, de obedecê-los, estarem
dispostos para toda boa obra,
2. A não falar mal de ninguém, não serem
briguentos, mas gentis, demonstrando deli-
cadeza para com todas as pessoas.
3. Porque nós mesmos também outrora
éramos sem entendimento, desobedientes,
extraviados, escravizados a várias paixões e
prazeres, vivendo na maldade e inveja, colé-
ricos, odiando-nos reciprocamente.
Tito
4. Mas, quando se manifestaram aos ho-
mens a bondade e o amor de Deus, nosso
Salvador, ele nos salvou,
5. Não por meio de obras da justiça por nós
praticadas, mas pela sua misericórdia, pelo
banho do novo nascimento e pela renovação
do Espírito Santo,
6. Que ele derramou ricamente sobre nós,
por meio de Jesus Ungido, nosso Salvador,
7. Para que nós, sendo justificados pela sua
graça, nos tornássemos herdeiros de acordo
com a esperança da vida eterna.
8. Confiável é o ditado, e isto quero que
você declare enfaticamente, para que os que
têm crido em Deus sejam aplicados e perse-
verem nas boas obras. Isto é bom e proveito-
so para as pessoas.
9. Mas evite questões tolas, e genealogias, e
discussões, e rixas sobre a Lei, porque são
inúteis e vãs.
10. Despreze uma pessoa herética após a
primeira e a segunda advertência,
11. Ciente de que a mesma é pervertida e
pecadora, sendo autocondenada.
12. Tão logo lhe enviar Ártemas, ou Tíquico,
apressa-se a encontrar-se logo comigo em
Nicópolis, porque decidi ali invernar.
13. Acompanhe diligentemente a Zenas, o
legista, e a Apolo, na sua viagem, para que
nada lhes falte.
14. E que os nossos também aprendam a
manter as boas obras para as necessidades
básicas, a fim de não serem infrutíferos.
15. Todos que estão comigo lhe saúdam.
Saúde os que nos amam na fé. A graça esteja
com todos vocês! Amém!
25
Filemom
A CARTA DO APÓSTOLO PAULO A
FILEMOM
1. Paulo, prisioneiro de Jesus Ungido, e o
irmão Timóteo, a Filemom o amado e nosso
colaborador,
2. E à amada Ápia, e a Arquipo, nosso co-
lega soldado, e à Convocação em sua casa:
3. Graça a vocês, e paz de Deus nosso Pai e
do Senhor Jesus Ungido!
4. Dou graças a meu Deus, mencionando-o
sempre nas minhas orações,
5. Ouvindo de seu amor e de sua fé, que
você tem para com o Senhor Jesus, e para
com todos os santos,
6. A fim de que a comunhão da sua fé se
torne eficaz pela constatação de todo o bem
que está em você no Ungido Jesus.
7. Porque temos grande satisfação e moti-
vação no seu amor, porque o ânimo dos
santos foi renovado por você, irmão.
8. Portanto, tendo grande liberdade no Un-
gido para ordenar-lhe no que convém,
9. Prefiro antes rogar-lhe, em função do
amor, tal qual eu sou, este Paulo idoso e
agora também prisioneiro do Ungido Jesus.
10. Rogo-lhe, pois, a favor de meu filho
Onésimo, o qual gerei em minhas algemas,
11. Que outrora não lhe era proveitoso, mas
agora é proveitoso a você e a mim.
12. O qual enviei de volta. Receba-o, pois,
como se fora o meu próprio coração.
13. A quem desejava reter comigo, para
ministrar-me em seu lugar nas algemas da
Boa Mensagem.
26
14. Porém, sem o seu consentimento não
queria fazer nada, a fim de que a sua boa
ação não fosse como que imposta, mas vo-
luntária.
15. Porque talvez por esta razão ele se ausen-
tou por algum tempo, para que lhe seja resti-
tuído para sempre.
16. Já não mais como escravo, mas muito
mais que um escravo, como irmão amado,
principalmente para mim, mas quanto mais
para você, tanto na carne quanto no Senhor.
17. Se você, pois, me considera seu compa-
nheiro, receba-o como a mim mesmo.
18. Mas se ele lhe deu algum prejuízo ou
deve algo, lance-o na minha conta.
19. Eu, Paulo, escrevi-o com punho próprio:
Eu o irei saldar. Embora não diga eu que
você se deve a você mesmo a mim.
20. Sem dúvida, irmão, para que eu possa
alegrar-me em você no Senhor, reanime
minhas afeições no Senhor.
21. Escrevi-lhe, confiando na sua obediên-
cia, ciente de que você fará ainda mais do
que menciono.
22. Ademais, prepare-me também uma aco-
modação, porque espero que pelas suas ora-
ções lhes serei concedido.
23. Saúdam-lhe Epafras, meu companheiro
de prisão no Ungido Jesus,
24. Marcos, Aristarco, Demas, Lucas, meus
colaboradores.
25. A graça de nosso Senhor Jesus Ungido
esteja com o espírito de vocês! Amém.

A CARTA AOS
HEBREUS
1.
1. Tendo Deus outrora falado, em várias
ocasiões e de diversas maneiras, aos pais,
pelos profetas,
2. Nestes últimos dias nos falou pelo Filho,
ao qual constituiu herdeiro de tudo, por meio
do qual também fez o universo.
3. O qual, sendo o resplendor de sua glória,
e a exata expressão do seu ser, e sustentando
tudo pela palavra de seu poder, tendo feito
por si mesmo a purificação dos nossos peca-
dos, assentou-se à direita da Altíssima Ma-
jestade.
4. Tornando-se tão superior aos anjos,
quanto por herança recebeu nome superior
ao deles.
5. Porque, a qual dos anjos jamais disse:
“Você é o meu Filho, eu hoje lhe gerei”507?
E novamente: “Eu lhe serei por Pai, e ele me
será por Filho”508?
6. E novamente, ao introduzir o primogêni-
to no mundo, diz: “Adorem-no todos os an-
jos de Deus!”509
7. E de fato dos anjos ele diz: “O qual
transforma seus anjos em espíritos510, e seus
ministros em chama de fogo”511.
8. Mas ao Filho diz: “Seu trono, ó Deus,
subsiste pelas eras da eras. Cetro de retidão
é o cetro do seu reino.
9. Amou a justiça e odiou a ilegalidade, por
isso Deus, o seu Deus lhe ungiu com o óleo
da exultação, acima dos seus companhei-
ros”512.
507
Salmo 2:7; Atos 13:33; Hebreus 5:5
508
II Samuel 7:14
509
Salmo 97:7; o texto também é encontrado na
LXX em Deuteronômio 32:43.
510
Pneumata (pneumata): espíritos, ou brisas.
511
Salmo 104:4
512
Salmo 45:6-7
Hebreus
10. E: “Senhor, o Senhor no princípio lançou
os fundamentos da Terra, e os Céus são
obras de suas mãos.
11. Eles perecerão, mas o Senhor permane-
cerá, e todos eles envelhecerão como o tra-
je,
12. E os enrolará como uma capa, e serão
transformados, mas o Senhor é o mesmo, e
os seus anos não falharão”513.
13. Mas a qual dos anjos alguma vez disse:
“Assente-se à minha direita, até fazer dos
seus inimigos o apoio de seus pés”514?
14. Não são todos eles espíritos ministrantes,
enviados para servir aos que estão prestes a
herdar a salvação?!
2.
1. Por esta razão devemos dar muito mais
atenção ao ouvido, para jamais acontecer de
escorregarmos.
2. Porque, se a palavra falada por intermé-
dio de anjos se tornou segura, e cada viola-
ção e desobediência recebeu sua justa puni-
ção,
3. Como escaparemos nós, ignorando tão
grande salvação? A qual, tendo seu princípio
ao ser anunciada pelo Senhor, foi-nos depois
confirmada pelos que a ouviram,
4. Deus testificando juntamente com eles,
tanto por sinais e milagres, quanto por uma
variedade de poderes e distribuições do Es-
pírito Santo, de acordo com a sua vontade.
5. Porque não sujeitou a anjos o mundo
vindouro, do qual falamos,
6. Mas alguém em certo lugar solenemente
testificou, dizendo: “Quem é o homem para
lembrar-se dele, ou o Filho do Homem para
que o estime?
513
Salmo 102:25-27
514
Salmo 110:1; Mateus 22:44; Marcos 12:36;
Lucas 20:42-43; Atos 2:34-35; I Coríntios
15:25
26
Hebreus
7. O Senhor o fez um pouco inferior aos
anjos, o Senhor o coroou com glória e hon-
ra, e o colocou sobre as obras de suas mãos.
8. O Senhor subordinou tudo sob seus
pés”515. Porque, subordinando tudo a ele,
não deixou nada sem ser subordinado. Mas
ainda não vemos tudo lhe subordinado.
9. Mas contemplamos a Jesus, que por um
pouco fora feito inferior aos anjos, devido ao
sofrimento da morte, coroado de glória e
honra, para que ele, pela graça de Deus,
saboreasse a morte a favor de todos.
10. Porque condizia com aquele, por inter-
médio de quem e para quem tudo existe,
conduzindo muitos filhos à glória, consumar
o Arquicondutor de sua salvação por meio
de sofrimentos.
11. Porque, tanto o que santifica, quanto os
santificados, procedem de um só. Por esta
razão não se envergonha de chamá-los de
irmãos,
12. Dizendo: “Anunciarei o seu nome aos
meus irmãos, no meio da Convocação can-
tarei hinos ao Senhor”516.
13. E novamente: “Eu estarei confiando
nele”517. E novamente: “Eis-me aqui com os
filhos que Deus me deu!”518
14. Visto que os filhos co-participaram da
carne e do sangue, também ele igualmente se
tornou participante dos mesmos, para que
pela morte aniquilasse aquele que tem o
poder da morte, a saber, o Caluniador,
15. E libertasse aqueles que pelo temor da
morte estavam sujeitos à escravidão por toda
a vida.
16. Porque, indubitavelmente, ele não socor-
re a anjos, mas socorre à descendência de
Abraão.
17. Razão porquê convinha que em tudo
fosse feito semelhante aos irmãos, para tor-
nar-se Arqui-Sacerdote misericordioso e fiel
nas questões relacionadas a Deus, para fazer
propiciação pelos pecados do povo.
515
Salmo 8:4-6; I Coríntios 15:27
516
Salmo 22:22
517
Isaías 8:17
518
Isaías 8:18
26
18. Porque nisto em que ele mesmo sofreu e
foi tentado é capaz de auxiliar aos que são
tentados.
3.
1. Portanto, santos irmãos, participantes do
convite celeste, contemplem o Apóstolo e
Arqui-Sacerdote de nossa confissão, o Ungi-
do Jesus.
2. Sendo fiel ao que o designou, como tam-
bém Moisés em toda a sua casa,
3. Porque foi considerado digno de tanto
maior glória do que Moisés, quanto maior
honra tem a casa daquele que a edificou.
4. Porque toda casa é edificada por alguém,
mas aquele que a tudo edificou é Deus.
5. De fato Moisés foi fiel em toda a sua
casa, como servo, para testemunho daquilo
que haveria de ser anunciado.
6. Mas o Ungido, como Filho, sobre a sua
casa, cuja casa somos nós, se guardarmos
firmes a ousadia e o regozijo de nossa espe-
rança até ao fim.
7. Portanto, assim como diz o Espírito San-
to: “Hoje, quando ouvirem a sua voz,
8. Não endureçam os seus corações, como
na provocação, no dia da tentação no deser-
to,
9. Onde seus pais me tentaram, me prova-
ram, apesar de terem visto minhas obras
durante quarenta anos.
10. Razão porquê me indignei contra esta
geração, e disse: ‘Sempre andam vagando
nos seus corações, e desconheceram os
meus caminhos’.
11. De sorte que jurei na minha ira que não
entrarão no meu Repouso!”519
12. Vejam, irmãos, para que não ocorra ha-
ver em alguém de vocês coração mau de
incredulidade, apartando-se do Deus vivo.
13. Antes encorajem-se mutuamente a cada
dia, enquanto é chamado de “hoje”, para
ninguém de vocês ser endurecido pelo enga-
no do pecado.
519
Salmo 95:7-11

14. Porque tornamo-nos participantes do
Ungido, se de fato guardarmos firmes a con-
fiança inicial até ao fim,
15. Como tem sido dito: “Hoje, quando ou-
virem a sua voz, não endureçam os seus
corações, como na provocação”.520
16. Porque alguns, tendo ouvido, provoca-
ram, porém não todos os que saíram do Egi-
to por intermédio de Moisés.
17. E contra quem se indignou durante qua-
renta anos? Não foi contra os que pecaram,
cujos cadáveres se desintegraram no deser-
to?
18. E a quem jurou que não entrariam no seu
Repouso, a não ser aos que desobedeceram?
19. Percebemos que não puderam entrar
devido à incredulidade.
4.
1. Temamos, pois, para que porventura,
tendo nos sido deixada a promessa de entrar
no seu Repouso521, não deixe alguém esca-
par a oportunidade.
2. Porque de fato nos foi anunciada a Boa
Mensagem, como também a eles, mas de
nada lhes aproveitou ouvir a palavra da pre-
gação, por não ter sido misturada com fé por
aqueles que a ouviram.
3. Porque nós, que temos crido, entramos
no Repouso, como ele disse: “Assim jurei na
minha ira que não entrarão no meu Repou-
so!”522, embora as obras já tivessem sido
concluídas desde a fundação do mundo.
4. Porque em certo lugar ele disse o seguin-
te a respeito do sétimo dia: “E Deus repou-
sou no sétimo dia de todas as suas obras”523.
520
Salmo 95:7-8
521
O Autor emprega neste capítulo dois sinôni-
mos: katapausin (katapausin) e sabbatis-
mov (sabbatismos). O primeiro foi traduzido
como repouso e o segundo como descanso. O
nosso atual repouso é a fé no Senhor Jesus
Cristo para a nossa salvação e não o trabalho
das nossas próprias obras ou do cumprimento
da Lei de Moisés. A entrada neste repouso nos
garante o sábado (sábado) eterno.
522
Salmo 95:11
523
Gênesis 2:2
Hebreus
5. E nesta passagem novamente: “… que
não entrarão no meu Repouso”.
6. Visto, pois, que faltam alguns a entrar
nele, e aos que anteriormente foi anunciada a
Boa Mensagem não entraram devido à in-
credulidade,
7. Determina novamente um certo dia: “Ho-
je”, ao Davi dizer, após tão longo período de
tempo, como tem sido dito: “Hoje, quando
ouvirem a sua voz, não endureçam os seus
corações”.
8. Porque, se Josué524 lhes tivesse dado
repouso, não teria posteriormente falado de
outro dia.
9. Resta, portanto, um Descanso ao povo de
Deus.
10. Porque aquele que entrou no Repouso
dele, também repousa de suas obras, assim
como Deus de suas próprias.
11. Empenhemo-nos, pois, a entrar nesse
Repouso, para porventura não acontecer de
alguém cair no mesmo exemplo de incredu-
lidade.
12. Porque a Palavra de Deus é viva e eficaz,
e mais afiada do que qualquer espada de dois
gumes, encravando-se até à divisão tanto da
alma do espírito, quanto das juntas das me-
dulas, e é um discernidor dos pensamentos e
das intenções do coração.
13. E não há criatura oculta diante dele, mas
tudo está exposto e patente aos olhos daque-
le a quem teremos que prestar contas.
14. Tendo, portanto, um grande Arqui-
Sacerdote, que atravessou os Céus, Jesus, o
Filho de Deus, guardemos firme nossa con-
fissão.
15. Porque não temos arqui-sacerdote que
não possa simpatizar com as nossas fragili-
dades, mas foi tentado em tudo à nossa se-
melhança, exceto ao pecado.
16. Aproximemo-nos, pois, confiantemente
do Trono da Graça, para alcançarmos mise-
ricórdia e acharmos graça para ajuda oportu-
na.
524
Ihsouv (Iesous): é o nome de “Jesus”, mas
neste caso referindo-se a Josué do Velho Tes-
tamento. Ambos tinham o mesmo nome.
26
Hebreus
5.
1. Porque todo arqui-sacerdote dentre os
homens, escolhido a favor dos homens, é
instituído nas questões referentes a Deus, a
fim de oferecer tanto ofertas quanto sacrifí-
cios pelos pecados,
2. Podendo compadecer-se dos que não têm
conhecimento e andam desnorteados, sendo
que ele mesmo também está rodeado de
fragilidades.
3. E por esta razão precisa sacrificar pelos
pecados do povo, bem como pelos seus pró-
prios.
4. E ninguém assume esta honra por conta
própria, mas é chamado por Deus, como
também o foi Arão.
5. Assim também o Ungido não se glorifi-
cou a si mesmo, para tornar-se arqui-
sacerdote, mas por aquele que lhe disse:
“Você é o meu filho, eu hoje lhe gerei”525
6. Como também diz em outro lugar: “O
Senhor é sacerdote para sempre, segundo a
ordem de Melquisedeque”526.
7. O qual nos dias de sua carne, tendo apre-
sentado pedidos e súplicas, com forte clamor
e lágrimas, àquele que podia salvá-lo da
morte, e foi ouvido no que temia.
8. Apesar de ser Filho, aprendeu a obediên-
cia por meio daquilo que sofreu.
9. E, tendo sido consumado, tornou-se no
Autor da salvação eterna para todos os que
lhe obedecem,
10. Tendo sido chamado por Deus de: “Ar-
qui-Sacerdote segundo a ordem de Melqui-
sedeque”.
11. A respeito do que teríamos muito que
dizer, e difícil de explicar, sendo que vocês
se tornaram indiferentes no ouvir.
12. Porque na verdade, pelo tempo transcor-
rido, vocês já deveriam ser mestres. Mas
novamente têm necessidade de lhes serem
ensinados os rudimentos iniciais dos discur-
sos de Deus, e têm se tornado carentes de
leite e não de alimento sólido.
525
Salmo 2:7; Atos 13:33; Hebreus 1:5
526
Salmo 110:4; Hebreus 7:17; 7:21
26
13. Porque todo aquele que toma leite é
inexperiente na Palavra da justiça, porque é
iletrado.
14. Mas o alimento sólido é para os cresci-
dos, os quais pela prática têm exercitado o
seu senso crítico, sabendo diferenciar entre o
bem e o mal.
6.
1. Portanto, deixando o ensinamento básico
do Ungido, prossigamos para a maturidade,
não lançando novamente o fundamento do
arrependimento de obras mortas e da fé em
Deus,
2. Da doutrina das submersões, e da impo-
sição de mãos, e da ressurreição dos mortos,
e do juízo eterno.
3. Mas isto faremos, se Deus permitir.
4. Porque é impossível para aqueles tendo
uma vez sido iluminados, e tendo provado
do dom celeste, e tendo-se tornado partici-
pantes do Espírito Santo,
5. E tendo provado da boa Palavra de Deus,
e dos poderes do mundo vindouro,
6. E tendo decaído, de novamente renová-
los ao arrependimento, crucificando nova-
mente para si mesmos o Filho de Deus e
publicamente ridicularizando dele.
7. Porque o solo que absorve a chuva que
freqüentemente cai nele, e produz erva pro-
veitosa para os que também o cultivam,
participa da bênção de Deus.
8. Mas o que produz espinhos e urtigas é
condenado e próximo de ser amaldiçoado,
cujo fim é ser queimado.
9. Mas estamos convictos de algo melhor a
seu respeito, amados, relacionado à salva-
ção, apesar de falarmos desta maneira.
10. Porque Deus não é injusto de se esquecer
do seu trabalho, e da fadiga de amor que
demonstraram pelo seu nome, tendo servido,
e servindo, aos santos.
11. Mas desejamos que cada um de vocês
demonstre o mesmo empenho até à plena
certeza da esperança até ao fim,
12. Para não serem vadios, mas imitadores
daqueles que pela fé e constância herdam as
promessas.

13. Porque, tendo Deus feito a promessa a
Abraão, sendo que não havia ninguém supe-
rior por quem jurar, jurou por si mesmo,
14. Dizendo: “Certamente, abençoando lhe
abençoarei, e multiplicando lhe multiplica-
rei”527.
15. E assim, tendo esperado pacientemente,
obteve a promessa.
16. Porque os homens de fato juram pelo que
é superior, e o juramento é a confirmação,
pondo um ponto final a qualquer discussão.
17. Por isso, querendo Deus demonstrar
ainda mais enfaticamente aos herdeiros da
promessa a imutabilidade de seu conselho,
intermediou-o com juramento.
18. Para que por meio de dois atos imutá-
veis528, sendo impossível que Deus minta,
tenhamos forte encorajamento, nós, que
escapamos para o refúgio, para ganharmos a
posse da esperança proposta.
19. A qual temos como âncora da alma, tanto
segura quanto firme, adentrando para detrás
do véu,
20. Onde Jesus entrou por nós como precur-
sor, tendo-se tornado Arqui-Sacerdote eter-
namente, segundo a ordem de Melquisede-
que.
7.
1. Porque este Melquisedeque, rei de Sa-
lém, sacerdote do Deus Altíssimo, que en-
controu Abraão retornando do massacre dos
reis, e o abençoou,
2. Ao qual também Abraão separou o dízi-
mo de tudo, primeiramente é interpretado
como “Rei da Justiça”, e depois também
“Rei de Salém”, (o que significa “Rei da
Paz”)529,
527
Gênesis 22:17
528
Dois atos imutáveis: Deus falou e não pode
mentir e Deus jurou.
529
Σαληµ (salme): palavra de origem hebraica
(‫;
שׁלם‬Sendo que a palavra é traduzida, supõe-se
que os leitores, ao menos parte deles, não entendi-
am hebraico)


(shalem) significando paz ou pacífico. Sendo que
os destinatários da carta eram israelitas, com
Hebreus
3. Sem pai, sem mãe, sem genealogia, não
tendo nem princípio de dias nem fim de
vida, feito parecido ao Filho de Deus, per-
manece sacerdote para sempre.
4. Vejam, pois, quão distinto era este, ao
qual o próprio patriarca Abraão deu o dízi-
mo dos despojos!
5. E certamente os que recebem o sacerdó-
cio dentre os filhos de Levi são ordenados,
de acordo com a Lei, a recolher os dízimos
do povo, isto é, de seus irmãos, apesar de
terem procedido dos lombos de Abraão.
6. Mas Abraão entregou o dízimo àquele
que é incapaz de traçar sua ancestralidade, e
o mesmo abençoou aquele que recebeu as
promessas.
7. Mas, indiscutivelmente, o inferior é a-
bençoado pelo superior.
8. E aqui pessoas mortais recebem o dízi-
mo, mas lá alguém do qual se testifica de
que vive.
9. E Levi, que recebe dízimos, entregou o
dízimo, como se fora, por meio de Abraão.
10. Porque ainda estava nos lombos de seu
pai quando Melquisedeque o encontrou.
11. Se de fato a perfeição viesse por inter-
médio do sacerdócio levítico, (porque sob o
mesmo o povo recebeu a Lei) que necessi-
dade haveria de se levantar outro sacerdote,
segundo a ordem de Melquisedeque, e não
ser chamado segundo a ordem de Arão?
12. Porque, mudando-se o sacerdócio, neces-
sariamente deve também haver uma mudan-
ça da Lei.
13. Porque aquele do qual isto é dito faz
parte de uma tribo diferente, da qual nin-
guém atendeu ao altar.
14. Porque é evidente que nosso Senhor
procedeu de Judá, tribo à qual Moisés jamais
falou algo a respeito do sacerdócio.
15. E é ainda muito mais evidente, sendo que
surge um sacerdote diferente, à semelhança
de Melquisedeque,
conhecimento completo da Lei de Moisés, e esta
palavra está sendo traduzida pelo autor, é um
sinal que a carta foi originalmente escrita em
grego e que havia judeus que não entendiam o
hebraico. Salem provavelmente era o nome an-
tigo de Jerusalém e Melquisedeque o seu rei.
26
Hebreus
16. O qual não foi instituído segundo a Lei
do mandamento carnal, mas segundo o po-
der de vida indestrutível.
17. Porque ele testifica: “O Senhor é sacer-
dote para sempre, segundo a ordem de Mel-
quisedeque”530.
18. Ocorre, portanto, a abolição do manda-
mento anterior, devido à sua fragilidade e
inutilidade.
19. Porque a Lei não aperfeiçoou a ninguém.
Introduziu-se, então, uma esperança supe-
rior, por meio da qual nos aproximamos de
Deus.
20. E o mesmo não aconteceu sem juramen-
to, mas aqueles certamente têm se tornado
sacerdotes sem juramento.
21. Mas este após juramento, por meio da-
quele que lhe diz: “O Senhor jurou e não se
retratará: ‘O Senhor é sacerdote para sem-
pre, segundo a ordem de Melquisede-
que’531”.
22. Por tão superior testamento Jesus se
tornou fiador.
23. Mas eles, na verdade, são sacerdotes em
maior número, pelo fato de pela morte serem
impossibilitados de continuarem.
24. Mas este, devido à sua permanência para
sempre, tem o sacerdócio intransmissível.
25. Como conseqüência também é capaz de
salvar por inteiro aqueles que se aproximam
por meio dele a Deus, sempre vivendo e
intercedendo por eles.
26. Porque precisávamos de um sacerdote
assim como este: Santo, sem maldade, ima-
culado532, separado dos pecadores, exaltado
acima dos Céus.
27. O qual não tem necessidade, como os
arqui-sacerdotes, de diariamente primeiro
oferecer sacrifícios pelos seus pecados e
depois pelos do povo. Porque isto ele fez
uma vez por todas, sacrificando-se a si
mesmo.
28. Porque a Lei institui seres humanos,
tendo fragilidades, como arqui-sacerdotes.
Mas a palavra do juramento, que correspon-
530
Salmo 110:4; Hebreus 5:6; 7:21
531
Salmo 110:4; Hebreus 5:6; 7:17
532
Imaculado: que não tem mancha.
26
de com a Lei, institui o Filho, aperfeiçoado
para sempre.
8.
1. Mas a suma do que temos falado é o
seguinte: Temos tal Arqui-Sacerdote, que se
tem assentado à direita do Trono da Majes-
tade nos Céus,
2. Ministro do Santuário, e do verdadeiro
tabernáculo, armado pelo Senhor e não pelo
homem.
3. Porque todo arqui-sacerdote é instituído
para apresentar ofertas e sacrifícios. Portanto
é necessário também este ter algo que possa
ofertar.
4. Porque, de fato, se estivesse na Terra,
nem sequer sacerdote seria, tendo sacerdotes
que apresentam as ofertas de acordo com a
Lei.
5. Estes servem ao que é figura e sombra
dos celestes, segundo a instrução divina
recebida por Moisés ao construir o taberná-
culo. Porque ele diz: “Veja que você faça
tudo de acordo com o modelo que lhe foi
mostrado no monte”533.
6. Mas agora obteve um ministério tão
superior quanto também mediador de mais
sublime testamento ele é, o qual também é
regulamentado baseado em promessas mais
sublimes.
7. Porque, se o primeiro fosse impecável,
não se procuraria lugar para um segundo.
8. Porque, achando defeito, disse-lhes: “Eis
que vêm dias, diz o Senhor, nos quais farei
um Novo Testamento com a casa de Israel e
com a casa de Judá.
9. Não segundo o testamento que fiz com
seus pais, no dia em que os tomei pela mão,
para conduzi-los para fora da terra do Egi-
to. Sendo que não perseveraram no meu
testamento, eu os desprezei, diz o Senhor.
10. Porque este é o testamento que farei com
a casa de Israel após aqueles dias, diz o
Senhor: Colocarei minhas leis nas suas
mentes e as inscreverei nos seus corações. E
533
Êxodo 25:40

eu lhes serei por Deus, e eles me serão por
povo.
11. E ninguém jamais ensinará ao seu pró-
ximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo:
‘Conheça ao Senhor!’ Porque todos me
conhecerão, desde o menor até ao maior
deles.
12. Porque serei propício com as suas injus-
tiças, e de seus pecados e de suas infrações
jamais me lembrarei”534.
13. Ao dizer “novo”, tornou velho o primei-
ro. Mas aquilo que se torna velho e obsoleto
está prestes a desaparecer.
9.
1. Ora, de fato, o primeiro também tinha
suas ordenanças do cerimonial e um santuá-
rio terrestre.
2. Porque foi edificado um tabernáculo, a
parte anterior, chamada de Santo, na qual se
encontravam o candelabro, e a mesa, e os
pães da proposição;
3. E a parte posterior, após o véu do taber-
náculo, chamada de Santo dos Santos,
4. Contendo um incensário de ouro, e a arca
do testamento, totalmente revestida de ouro,
na qual se encontravam o vaso de ouro con-
tendo o maná, o bastão de Arão que flores-
cera, e as tábuas do testamento,
5. E acima da mesma os querubins da gló-
ria, sombreando o propiciatório. Não é agora
o momento de falar sobre isto detalhadamen-
te.
6. Tendo estes sido assim edificados, os
sacerdotes entram constantemente no pri-
meiro tabernáculo, executando os serviços.
7. Mas, no segundo, o arqui-sacerdote entra
sozinho, uma vez por ano, não sem sangue,
o qual oferece por si mesmo e pelos pecados
de desconhecimento do povo.
8. Com isto dava a entender o Espírito San-
to que ainda não se manifestara o caminho
para o interior do Santíssimo, enquanto o
primeiro tabernáculo ainda estava de pé.
9. O qual é uma analogia para a atualidade,
em que tanto ofertas quanto sacrifícios são 535
534
8-12: Jeremias 31:31-34
Hebreus
trazidos, não sendo capazes de aperfeiçoar a
consciência daquele que serve,
10. Consistindo apenas em alimentos e bebi-
das, e várias submersões e cerimônias car-
nais, sendo impostos até ao tempo da restau-
ração.
11. Mas, vindo o Ungido, tornou-se Arqui-
Sacerdote dos bens futuros, por meio de um
tabernáculo mais excelente e perfeito, que
não foi construído por mãos, isto é, não des-
ta criação,
12. Nem por sangue de bodes e bezerros,
mas pelo seu próprio sangue, entrou uma vez
por todas nos Santos, conquistando a reden-
ção eterna.
13. Porque, se o sangue de touros e bodes, e
as cinzas de uma novilha, aspergidos sobre
os impuros, os santifica para a purificação da
carne,
14. Quanto mais o sangue do Ungido, o qual
se ofereceu imaculado535pelo Espírito Eterno
a Deus, purificará as suas consciências das
obras mortas, para servirem ao Deus vivo!
15. E por esta razão ele é Mediador de um
Novo Testamento, para que, tendo ocorrido
a morte para o pagamento de resgate das
transgressões praticadas sob o primeiro tes-
tamento, os convidados recebam a promessa
da herança eterna.
16. Porque onde houver um testamento é
necessário que ocorra a morte do testador.
17. Porque o testamento entra em vigor com
a morte, sendo que de maneira alguma tem
poderes enquanto vive o testador.
18. Assim também nem mesmo o primeiro
entrou em vigor sem sangue.
19. Porque, tendo Moisés anunciado todos os
preceitos segundo a Lei a todo o povo, to-
mando o sangue de bezerros e bodes, com
água, lã escarlata e hissopo, aspergiu, tanto o
próprio livro, quanto o povo,
20. Dizendo: “Este é o sangue do testamento
que lhes foi ordenado por Deus”536.
α
́µωµος (amomos): sem mancha.


536
Êxodo 24:8
26
Hebreus
21. E, semelhantemente, também aspergiu
com sangue o tabernáculo e todos os utensí-
lios de culto.
22. E quase tudo é purificado com sangue,
segundo a Lei, e sem o derramamento de
sangue não há remissão.
23. Foi necessário, portanto, que os símbolos
do que está nos Céus fossem purificados por
meio destes, mas os celestes mesmos com
sacrifícios superiores a estes.
24. Porque o Ungido não entrou nos Santos
feitos por mãos, réplicas dos verdadeiros,
mas no próprio Céu, para agora comparecer
diante da face de Deus por nós,
25. Nem para sacrificar-se muitas vezes,
assim como o arqui-sacerdote entra nos San-
tos ano após ano com sangue alheio.
26. De outra maneira teria sido necessário
sofrer muitas vezes desde a fundação do
mundo. Mas agora foi manifesto uma única
vez, na consumação das eras, para a abolição
do pecado pelo seu próprio sacrifício.
27. E assim como está reservado às pessoas
morrerem uma só vez, e depois disto o juízo,
28. Assim também o Ungido, tendo sido
sacrificado uma só vez, para levar embora os
pecados de muitos, na segunda vez aparece-
rá sem relação ao pecado, aos que o aguar-
dam para a salvação.
10.
1. Porque a Lei, sendo a sombra dos bens
futuros, não a própria imagem dos objetos,
nunca pôde aperfeiçoar os participantes pe-
los sacrifícios apresentados continuamente,
ano após ano.
2. Se não fosse assim, não teriam, por aca-
so, cessado de ser ofertados? Sendo que os
que oferecem o culto não mais teriam tido a
consciência dos pecados, após terem sido
purificados.
3. Mas nestes ocorre uma lembrança dos
pecados ano após ano,
4. Porque é impossível que o sangue de
touros e bodes remova pecados.
5. Por isso, vindo ao mundo, ele diz: “Sa-
crifício e oferta o Senhor não quis, mas um
corpo me preparou.
26
6. De holocaustos e sacrifícios o Senhor
não se tem agradado.
7. Então disse eu: ‘Eis que venho, no rolo
do livro está escrito a meu respeito, para
fazer, ó Deus, a sua vontade’537.”
8. Ao dizer acima: “Sacrifícios e ofertas,
holocaustos e ofertas pelo pecado o Senhor
não quis, nem tem prazer neles”, que são
sacrificados de acordo com a Lei,
9. Então disse: “Eis que venho, ó Deus,
para fazer a sua vontade”, ele remove o
primeiro, para estabelecer o segundo.
10. Por intermédio de cuja vontade somos
santificados por meio da oferta do corpo de
Jesus Ungido, uma vez por todas.
11. E todo sacerdote ministra diariamente
repetidas vezes os mesmos sacrifícios, os
quais jamais podem remover pecados.
12. Mas este, tendo oferecido um único sa-
crifício pelos pecados para sempre, assen-
tou-se à direita de Deus,
13. Somente aguardando até que seus inimi-
gos sejam postos como apoio de seus pés.
14. Porque com uma única oferta aperfeiço-
ou para sempre os santificados.
15. E também o Espírito Santo nos atesta,
tendo dito anteriormente:
16. “Este é o testamento que farei com eles
após aqueles dias, diz o Senhor: Colocarei
minhas leis nos seus corações e as inscreve-
rei nas suas mentes,
17. E de seus pecados e de suas infrações
jamais me lembrarei”538.
18. Porque onde houver remissão dos mes-
mos não há mais necessidade de oferta pelo
pecado.
19. Tendo, pois, ousadia, irmãos, para entrar
nos Santos, pelo sangue de Jesus,
20. Por um caminho novo e vivo, iniciado a
nosso favor, através do véu, isto é, de sua
carne,
21. E, tendo um grande sacerdote sobre a
casa de Deus,
22. Aproximemo-nos de coração sincero,
com plena certeza da fé, tendo os corações
537
Salmo 40:6-8
538
Jeremias 31:33-34

aspergidos da má consciência, e tendo sido
lavado o corpo com água pura,
23. Retenhamos a profissão da esperança,
sem vacilar, porque fiel é aquele que a pro-
meteu.
24. E estejamos reciprocamente atentos para
estimularmo-nos ao amor e às boas obras,
25. Não deixando de participar das nossas
congregações, como é o costume de alguns,
mas encorajando-nos mutuamente, e isto
tanto mais quanto verem o Dia se aproxi-
mando.
26. Porque, se pecarmos intencionalmente
após termos recebido o conhecimento da
verdade, não resta sacrifício pelos pecados,
27. Mas uma certa expectativa atemorizante
de juízo e fogo de indignação, prestes a con-
sumir os adversários.
28. Qualquer que desprezar a Lei de Moisés
morre sem piedade pelo depoimento de duas
ou três testemunhas.
29. De quanto pior punição vocês julgam
será considerado merecedor aquele que tiver
pisoteado o Filho de Deus, e tiver considera-
do profano o sangue do testamento com o
qual foi santificado, e tiver insultado o Espí-
rito da graça?
30. Porque conhecemos aquele que tem dito:
“A vingança é minha, eu revidarei!”539 diz o
Senhor. E novamente, “O Senhor julgará o
seu povo”540.
31. É aterrorizante cair nas mãos do Deus
vivo!
32. Tragam à memória os dias antigos, nos
quais, tendo sido iluminados, suportaram
grande luta de aflições.
33. Às vezes, por meio de desprezos e de
aflições tornando-se um espetáculo público,
e outras, tornando-se solidários com aqueles
que passavam por experiências semelhantes.
34. Porque vocês tiveram compaixão de mim
nas minhas algemas, e receberam com ale-
gria o confisco de seus bens, cientes de pos-
suírem um bem melhor e durável nos Céus.
35. Não joguem fora, portanto, sua confian-
ça, que tem uma grande recompensa.
539
Deuteronômio 32:35; Romanos 12:19
540
Salmo 135:14
Hebreus
36. Porque vocês têm necessidade de persis-
tência, a fim de que, tendo feito a vontade de
Deus, recebam a promessa.
37. Porque dentro em breve, “aquele que
vem, virá, e não tardará.
38. Mas o justo viverá pela fé541. Se ele,
porém, recuar, a minha alma não se agradará
dele.
39. Nós, porém, não somos daqueles que
recuam para a perdição, mas da fé, para a
preservação da alma.
11.
1. Ora, a fé é o substrato542 do esperado, a
convicção das realidades invisíveis.
2. Porque por meio dela os antigos recebe-
ram testemunho.
3. Pela fé entendemos que as eras543 foram
criadas pela Palavra de Deus, de sorte que
do que não aparece, o visível chegou à exis-
tência.
4. Pela fé Abel ofereceu a Deus sacrifício
superior ao de Caim, por meio do qual rece-
beu testemunho de ser justo, dando Deus
testemunho de suas ofertas, e, apesar de ter
morrido, continua falando.
5. Pela fé Enoque foi transladado para não
ver a morte, e não foi achado, porque Deus o
transladara. Visto que antes de sua transla-
dação tinha o testemunho de ter agradado a
Deus.
6. Mas, sem fé é impossível agradá-lo,
porque é necessário que aquele que se apro-
xima de Deus creia que ele existe, e de que
se torne galardoador dos que o buscam.
7. Pela fé, divinamente alertado sobre o que
ainda não se via, Noé, temendo, construiu
uma arca para a salvação de sua família, pela
541
Habacuque 2:3; Romanos 1:17; Gálatas 3:11
542
Upostasiv (hupostasis): Substrato: a base ou
o alicerce mais profundo.
543
Αιωνας (aionas; veja o plural): eras, pode ter
vários significados. O sentido primário é que faz
sentido no contexto. O capítulo inteiro descreve
estas eras: um homem de Deus ouve a Palavra
de Deus invisível, tem fé nela, e tem um efeito
visível ou material. Poderíamos dizer: a era de
Abel, a era de Enoque, a era de Noé, etc.
26
Hebreus
qual condenou o mundo, e se tornou herdei-
ro da justiça da fé.
8. Pela fé Abraão, sendo chamado, obede-
ceu para partir para o lugar que estava para
receber por herança, e partiu, sem saber para
onde se dirigia.
9. Pela fé peregrinou na terra da promessa,
como estrangeiro, residindo em tendas com
Isaque e Jacó, co-herdeiros da mesma pro-
messa,
10. Porque esperava pela cidade, com fun-
damentos, cujo artífice e construtor é Deus.
11. Pela fé também a própria Sara recebeu
poder para a concepção da semente, e, já
passando da idade propícia, deu à luz, por-
que considerou fiel aquele que fizera a pro-
messa.
12. E, por isso, de um só, e isto de alguém
que morrera, foi gerada uma multidão, como
as estrelas do céu, e incontáveis, como a
areia na praia do mar.
13. E todos estes morreram na fé, não tendo
obtido a concretização das promessas, mas,
tendo-as visto de longe, e confiando e abra-
çando-as, confessaram que eram estrangei-
ros e peregrinos na Terra.
14. Porque aqueles que isto afirmam de-
monstram estar buscando uma pátria.
15. Se de fato tivessem em mente aquela da
qual haviam saído, teriam tido oportunidade
de retornar.
16. Mas agora aspiram por uma superior, isto
é, uma celeste, razão porquê Deus não se
envergonha deles, de ser chamado de seu
Deus, porque preparou-lhes uma cidade.
17. Pela fé Abraão, ao ser provado, ofereceu
a Isaque, e aquele que recebera as promessas
sacrificou seu unigênito,
18. Do qual foi dito: “Em Isaque será cha-
mada a sua descendência”544.
19. Julgando que Deus era poderoso de até
ressuscitá-lo dentre os mortos, donde tam-
bém o recobrou alegoricamente.
20. Pela fé Isaque abençoou a Jacó e Esaú,
referente a eventos futuros.
544
Gênesis 21:12; Romanos 9:7
27
21. Pela fé Jacó, morrendo, abençoou a cada
um dos filhos de José e beijou suas mãos,
curvando-se até à ponta de seu bastão.
22. Pela fé José, morrendo, fez menção do
êxodo dos Filhos de Israel, e deu ordens a
respeito de seus ossos.
23. Pela fé Moisés, tendo nascido, foi escon-
dido por três meses pelos seus pais, porque
viram a formosura do menino, e não teme-
ram o mandado do rei.
24. Pela fé Moisés, tendo crescido, recusou-
se de ser chamado filho da filha de Faraó,
25. Preferindo antes ser maltratado com o
povo de Deus, do que ter a diversão passa-
geira do pecado,
26. Considerando o ultraje do Ungido por
maiores riquezas do que os tesouros do Egi-
to, porque tinha em vista a recompensa.
27. Pela fé deixou o Egito, não temendo a
fúria do rei, porque perseverou, como se
enxergasse o invisível.
28. Pela fé celebrou a Páscoa e a aspersão do
sangue, para que o exterminador dos primo-
gênitos não os ferisse.
29. Pela fé atravessaram o Mar Vermelho,
como que por terra seca, o que tentando os
egípcios, foram tragados.
30. Pela fé ruíram545 as muralhas de Jericó,
tendo sido rodeadas por sete dias.
31. Pela fé a prostituta Raabe não foi destru-
ída junto com os descrentes, por ter recebido
os espias com paz.
32. E o que mais direi? Porque me faltará o
tempo relatando de Gideão, e de Baraque, e
também de Sansão, e de Jefté, e de Davi, e
também de Samuel e dos profetas,
33. Os quais, pela fé subjugaram reinos,
executaram justiça, alcançaram promessas,
fecharam bocas de leões,
34. Extinguiram o poder do fogo, escaparam
do fio da espada, fortaleceram-se na fraque-
za, tornaram-se poderosos na guerra, puse-
ram em fuga exércitos de estrangeiros,
35. Mulheres recobraram seus mortos pela
ressurreição. Mas outros foram torturados,
545
Piptw (pipto) – ruir: descender de um lugar
superior para um inferior.

não aceitando o resgate, a fim de alcançarem
ressurreição superior.
36. E outros passaram pela prova de infâmia
e açoites, pior ainda, de algemas e aprisio-
namento.
37. Foram apedrejados, serrados ao meio,
foram tentados, morreram assassinados pela
espada. Perambularam em peles de carneiros
e peles de cabras, passando necessidades,
sendo afligidos e maltratados,
38. (Dos quais o mundo não foi digno), pe-
rambulando pelos desertos, e montanhas, e
cavernas e pelas grutas da Terra.
39. E todos estes, tendo recebido testemunho
pela fé, não obtiveram a promessa,
40. Tendo Deus previsto algo superior para
nós, para que eles sem nós não fossem aper-
feiçoados.
12.
1. Portanto, também nós, sendo envoltos
por tão grande nuvem de testemunhas, li-
vrando-nos de todo peso, e do pecado que
tão habilmente nos assedia, corramos com
persistência a corrida que nos tem sido pro-
posta.
2. Olhando atentamente para o Arquicondu-
tor e Consumador da Fé, Jesus, o qual, no
lugar da alegria que lhe estava proposta,
suportou a cruz, desprezando a infâmia, e
assentou-se à direita do Trono de Deus.
3. Reflitam bem naquele que sofreu tama-
nha oposição dos pecadores contra si mes-
mo, a fim de não cansarem e desanimarem
nas suas almas.
4. Vocês ainda não resistiram até ao san-
gue, lutando contra o pecado!
5. E vocês se esqueceram da advertência
que ele lhes dirige como a filhos: “Filho
meu, não menospreze a instrução do Senhor,
nem se abata quando por ele for repreendi-
do,
6. Porque o Senhor disciplina a quem ama,
e açoita a todo filho que acolhe” 546.
546
Provérbios 3:11-12
Hebreus
7. Se suportarem a disciplina, Deus lhes
trata como a filhos, porque qual é o filho que
o pai não disciplina?
8. Mas, se estiverem sem disciplina, da qual
todos se tornaram participantes, são bastar-
dos547, e não filhos.
9. Além disto, tivemos pais físicos que nos
disciplinavam, e os respeitávamos. Não nos
sujeitaríamos muito mais ao Pai dos espíritos
e viveremos?
10. Aqueles, de fato, nos disciplinaram por
poucos dias, segundo o seu parecer, mas este
para proveito, para participarmos de sua
santidade.
11. Mas toda disciplina, ao ser aplicada, não
parece ser motivo de alegria, mas de tristeza,
mas depois produz fruto pacífico da justiça
naqueles que por ela foram exercitados.
12. Endireitem, pois, as mãos pendentes e os
joelhos deslocados,
13. E façam caminhos retos para os seus pés,
a fim do coxo não ser ignorado, antes seja
curado.
14. Busquem a paz com todos, e a santifica-
ção, sem a qual ninguém verá o Senhor.
15. Estando atentos para que ninguém se
afaste da graça de Deus, e não brote alguma
raiz de amargura e provoque perturbação, e
por meio disto muitos sejam contaminados.
16. Para que não haja nenhum prostituto, ou
vulgar, como Esaú, que por uma refeição
vendeu seu direito de primogenitura.
17. Porque vocês sabem que posteriormente,
querendo herdar a bênção, foi rejeitado,
porque não achou espaço para o arrependi-
mento, embora o tivesse procurado com
lágrimas.
18. Porque vocês não se aproximaram do
monte palpável, e ardendo em chamas, e da
negridão, e das trevas, e da tempestade,
19. E do som da trombeta, e da voz dos dize-
res, a qual os que a ouviram suplicaram para
que a palavra não mais lhes fosse dirigida.
20. Porque não suportaram as ordens: “Mes-
mo se algum animal tocar no monte será
apedrejado ou flechado”548.
547
Bastardo: Filho nascido fora do casamento.
Filho ilegítimo.
27
Hebreus
21. E a aparição foi tão atemorizante, que
Moisés disse: “Estou apavorado e trêmu-
lo”549.
22. Mas vocês se aproximaram do monte
Sião, e da cidade do Deus vivo, da Jerusalém
celeste, e de miríades de anjos,
23. E da Convocação geral, e da Convocação
dos primogênitos registrados nos Céus, e de
Deus, o Juiz de todos, e dos espíritos dos
justos aperfeiçoados,
24. E de Jesus, o Mediador do Novo Testa-
mento, e do sangue da aspersão, que fala
verdades superiores ao de Abel!
25. Vejam para não desprezarem ao que
fala! Porque se aqueles que desprezaram
aquele que os alertava sobre a Terra não
escaparam, muito menos nós, se rejeitarmos
aquele que fala dos Céus,
26. Diante de cuja voz a Terra então foi sa-
cudida, mas agora prometeu, dizendo: “Mais
uma vez sacudirei, não somente a Terra,
mas também o Céu”550.
27. Mas o “mais uma vez” se refere à trans-
posição daquilo que foi criado, para que
permaneça o que não pode ser sacudido.
28. Portanto, recebendo um reino inabalável,
retenhamos a graça, pela qual sirvamos a
Deus de forma agradável, com reverência e
respeito,
29. Porque o nosso Deus é fogo consumidor.
13.
1. Seja constante o amor fraternal.
2. Não negligenciem a hospitalidade, por-
que por meio dela, sem saber, alguns acolhe-
ram a anjos.
3. Lembrem-se dos detentos, como se esti-
vessem presos com eles, dos maltratados,
como se estivessem no corpo deles.
4. O matrimônio seja valorizado em tudo, e
a cama imaculada551. Mas Deus julgará os
praticantes de sexo ilícito e os adúlteros.
548
Êxodo 19:12-13
549
Exatas palavras não encontradas no Velho
Testamento.
550
Ageu 2:6
551
Imaculado: que não tem mancha.
27
5. O seu comportamento seja sem avareza,
contentando-se com aquilo que possuem,
porque ele disse: “Jamais lhe desampararei,
nem jamais lhe abandonarei”552.
6. De maneira que ousemos dizer com con-
fiança: “O Senhor é o meu auxiliador, não
temerei; o que me fará o homem?”553.
7. Lembrem-se dos seus líderes que lhes
pregaram a Palavra de Deus, observando a
sua conduta vitoriosa, imitam a sua fé.
8. Jesus Ungido é o mesmo, ontem, e hoje,
e pelas eras.
9. Não se deixem influenciar por doutrinas
diversas e estranhas, porque é melhor o co-
ração se tornar estável pela graça, e não por
alimentos, os quais não beneficiaram em
nada aqueles que se ocuparam com isto.
10. Temos um altar do qual não tem nenhum
direito de comer os que servem no taberná-
culo.
11. Porque os corpos daqueles animais, cujo
sangue é trazido pelo pecado para dentro dos
Santos pelo arqui-sacerdote, são queimados
fora do acampamento.
12. Por isso também Jesus, para santificar o
povo pelo seu próprio sangue, sofreu do lado
de fora do portão.
13. Saiamos, pois, a ele, para fora do acam-
pamento, suportando o seu ultraje.
14. Porque não temos aqui cidade permanen-
te, mas aspiramos a vindoura.
15. Por meio dele, portanto, ofereçamos
continuamente o sacrifício de louvor a Deus,
que é o fruto de lábios professando o seu
nome.
16. Mas não negligenciem de fazer o bem e
de compartilhar, porque de tais sacrifícios
Deus muito se agrada.
17. Obedeçam aos seus líderes e sejam-lhes
submissos, porque velam pelas suas almas,
tendo que prestar contas, para que façam-no
com alegria e não gemendo, porque isto não
lhes seria proveitoso.
18. Orem por nós, porque confiamos ter uma
boa consciência, em tudo desejando ter uma
boa conduta,
552
Josué 1:5
553
Salmo 118:6

19. Mas mais intensamente peço-lhes a fazê-
lo, para que possa ser-lhes restituído mais
rapidamente.
20. E o Deus da paz, que restituiu dos mortos
o grande Pastor das ovelhas, no poder do
sangue do testamento eterno, nosso Senhor
Jesus,
21. Aperfeiçoe-lhes em toda boa obra, para
realizar a sua vontade, operando em vocês o
que é do agrado diante dele, por meio de
Jesus Ungido, ao qual seja a glória pelas eras
das eras! Amém.
Hebreus
22. Peço-lhes, porém, irmãos, aceitem esta
palavra de exortação, porque escrevi-lhes
resumidamente.
23. Saibam que o irmão Timóteo foi posto
em liberdade. Com o qual lhes verei, se ele
vier logo.
24. Saúdem todos os seus líderes, e todos os
santos. Os da Itália lhes saúdam.
25. A graça esteja com todos vocês! Amém.
27
Tiago
A CARTA DE
TIAGO
1.
1. Tiago, servo de Deus, e do Senhor Jesus
Ungido, às doze tribos na Diáspora554, sau-
dações!
2. Considerem-no como razão de toda a
alegria, meus irmãos, ao caírem em várias
tentações,
3. Cientes de que a provação de sua fé pro-
duz persistência.
4. Mas que a persistência faça obra comple-
ta, para que sejam perfeitos e completos, em
nada deficientes.
5. Mas, se alguém de vocês carece sabedo-
ria, peça-a a Deus, que a concede a todos
generosamente, e não a recusa a ninguém, e
lhe será concedida.
6. Mas peça com fé, não duvidando. Porque
aquele que duvida é semelhante à onda do
mar, agitada e arremessada pelo vento.
7. Não suponha tal pessoa que receberá
algo do Senhor;
8. Homem de ânimo dividido, inconstante
em todos os seus caminhos.
9. Glorie-se, porém, o irmão humilde na
sua posição elevada,
10. E o rico na sua posição baixa, porque
passará como a flor da erva.
11. Porque nasce o Sol com calor escaldante,
e seca a erva, e cai a sua flor, e a beleza de
sua aparência acaba. Assim também o rico
murchará nas suas atividades.
12. Bem-aventurado o homem que suporta a
tentação, porque, tendo sido aprovado, rece-
berá a coroa da vida, a qual o Senhor tem
prometido aos que o amam.
13. Ninguém, sendo tentado, diga que está
sendo tentado por Deus. Porque Deus não é
554
Diáspora: dispersão dos judeus, no decorrer do
tempo, por todo o mundo. Note que também
Pedro escreve aos mesmos.
27
tentado pelos males, e ele mesmo a ninguém
tenta.
14. Mas cada um é tentado pela sua própria
cobiça, sendo arrastado e seduzido.
15. Tendo, então, a cobiça concebido, gera o
pecado. Mas o pecado, tendo sido consuma-
do, gera a morte.
16. Não sejam ludibriados, meus amados
irmãos:
17. Toda dádiva boa e todo presente perfeito
descem do alto, do Pai das luzes, no qual
não há variação, nem mudança de sombra.
18. Pela sua vontade ele nos gerou pela Pa-
lavra da Verdade, para sermos como primí-
cias de suas criaturas.
19. De sorte que, meus amados irmãos, toda
pessoa esteja pronta para ouvir, vagarosa
para falar, vagarosa para a ira.
20. Porque a ira humana não produz a justiça
de Deus.
21. Portanto, tendo posto de lado toda a i-
mundícia e todo o resíduo de maldade, rece-
bam a Palavra implantada com delicadeza, a
qual é capaz de restaurar as suas almas.
22. Mas sejam cumpridores da Palavra, e não
somente ouvintes, enganando-se a vocês
mesmos.
23. Porque, se alguém é ouvinte da Palavra,
e não cumpridor, este é semelhante ao ho-
mem que contempla o seu rosto natural no
espelho.
24. Porque se contempla e se retira, e logo se
esquece de sua aparência.
25. Aquele, porém, que tem examinado com
atenção a Lei Perfeita da Liberdade, e nela
tem perseverado, não tendo sido ouvinte
desatento, mas cumpridor da tarefa, este será
bem-aventurado nas suas realizações.
26. Se alguém de vocês julga ser temente a
Deus, não refreando a sua língua, não obs-
tante enganando o seu coração, o temor do
mesmo é vão.

27. O temor puro e imaculado555 diante de
Deus e Pai consiste nisto: Visitar os órfãos e
as viúvas no seu sofrimento, e manter-se
incontaminado556 do mundo.
2.
1. Meus irmãos, não discriminem pessoas
na fé no Senhor Jesus Ungido, Senhor da
Glória.
2. Porque, se na sua reunião entrar um ho-
mem com anel de ouro e roupa dispendiosa,
e também entrar um mendigo com roupa
suja,
3. E se repararem naquele que veste a roupa
dispendiosa, e lhe disserem: “O senhor,
assente-se aqui no lugar de honra!” E disse-
rem ao mendigo: “Você, fique ali em pé!”
ou “Assente-se aqui abaixo do apoio de
meus pés!”,
4. Vocês não discriminaram entre vocês e
tornaram-se juízes de maus raciocínios?
5. Ouçam, meus amados irmãos! Não foi
Deus quem escolheu os pobres deste mundo,
ricos na fé, e herdeiros do reino que prome-
teu aos que o amam?
6. Mas vocês desprezaram o mendigo. Não
são os ricos que lhes oprimem, e não são
eles que lhes arrastam diante dos tribunais?
7. Não são eles que blasfemam o bom nome
que foi invocado sobre vocês?
8. Se de fato guardarem a Lei Régia, de
acordo com as Escrituras: “Você amará ao
seu próximo como a você mesmo”557, fazem
bem.
9. Mas, se discriminarem, cometem pecado,
sendo condenados pela Lei como transgres-
sores.
10. Porque qualquer que guardar a Lei toda,
mas tropeçar num só, tornou-se culpado de
todos.
555
Imaculado: que não tem mancha.
556
ασ
́ πιλος
(aspilos):
sem
sujeira
(moral).

557
Levítico 19:18 Mateus 22:39; Marcos 12:31;
Romanos 13:9; Gálatas 5:14;
Tiago
11. Porque aquele que disse: “Você não a-
dulterará”558, também disse: “Você não
assassinará”559. Agora, se você não adulte-
rar, mas assassina, tem se tornado transgres-
sor da Lei.
12. Assim falem, e assim procedam, como
para serem julgados pela Lei da Liberdade.
13. Porque o juízo será sem misericórdia
para aquele que não demonstrou misericór-
dia. Mas a misericórdia triunfa sobre o juízo.
14. Qual é o proveito, meus irmãos, se al-
guém afirma ter fé, mas não tiver obras?
Pode tal fé salvá-lo?!
15. Agora, se um irmão ou uma irmã estive-
rem despidos, e carentes do alimento diário,
16. E alguém dentre vocês lhes disser: “Vão
em paz! Sejam aquecidos e alimentados!”
Mas não lhes der o necessário para o corpo,
qual é o proveito?
17. Assim também a fé, se não tiver obras, é
morta em si mesma.
18. Mas alguém diria: “Você tem fé, e eu
tenho obras. Mostre-me a sua fé sem as suas
obras, e eu lhe mostrarei a minha fé pelas
minhas obras”.
19. Você crê que Deus é um só? Você faz
bem. Até os demônios crêem, mas estreme-
cem.
20. Mas você quer saber, ó pessoa vã, que a
fé sem obras é morta?
21. Não foi nosso pai Abraão justificado
pelas obras, tendo oferecido a seu filho Isa-
que sobre o altar?
22. Você percebe que a fé cooperava com as
suas obras, e a fé foi aperfeiçoada pelas o-
bras.
23. E cumpriu-se a Escritura, que diz: “A-
braão, pois, creu em Deus, e isto lhe foi
atribuído como justiça”560, e foi chamado de
“amigo de Deus”561.
24. Vocês percebem que uma pessoa é justi-
ficada pelas obras, e não somente pela fé.
25. Mas, semelhantemente, não foi também
Raabe, a prostituta, justificada pelas obras,
558
Êxodo 20:14
559
Êxodo 20:13
560
Gênesis 15:6; Gálatas 3:6
561
II Crônicas 20:7; Isaías 41:8
27
Tiago
tendo recebido os mensageiros, e despedin-
do-os por outro caminho?
26. Porque, assim como o corpo sem espírito
está morto, assim também a fé sem obras é
morta.
3.
1. Não tornem-se muitos de vocês mestres,
meus irmãos, cientes de que receberemos
julgamento mais severo.
2. Porque todos nós tropeçamos freqüente-
mente. Se alguém não tropeça na palavra,
este é homem perfeito, capaz de refrear tam-
bém o corpo todo.
3. Vejam que colocamos freios nas bocas
dos cavalos, para nos obedecerem, e contro-
lamos o seu corpo todo.
4. Vejam também os navios, apesar de se-
rem tão grandes, e movidos por fortíssimos
ventos, são dirigidos por um minúsculo le-
me, para onde quer que o impulso do timo-
neiro o desejar.
5. Assim também a língua é um pequeno
membro, e se gaba de grandes coisas. Vejam
um pequeno fogo, que grande mata incen-
deia!
6. A língua também é um fogo, um mundo
de injustiça. Assim a língua é colocada entre
nossos membros, contaminando o corpo
todo, e incendeia o ciclo da natureza, sendo
incendiada pela Geena562.
7. Porque toda a espécie de bestas-feras,
tanto de aves, quanto de seres rastejantes e
seres marinhos, é domada e têm sido doma-
da pela natureza humana.
8. Mas nenhuma das pessoas é capaz de
domar a língua. É um mal incontrolável,
cheio de veneno mortal.
9. Com ela bendizemos a Deus e Pai, e com
ela amaldiçoamos as pessoas, criadas à se-
melhança de Deus.
10. Da mesma boca procede bênção e maldi-
ção. Meus irmãos, não deveria ser assim.
562
Geena: o inferno é o lugar de punição. Origi-
nalmente era o vale de Hinnom, ao Sul de Jeru-
salém, onde o lixo e as carcaças de animais e-
ram jogados e queimados.
27
11. Brota da mesma fonte o doce e o amar-
go?
12. Pode, meus irmãos, uma figueira produ-
zir azeitonas, ou uma videira figos? Assim
também de nenhuma fonte pode brotar água
salgada e doce.
13. Quem dentre vocês é sábio e entendido?
Demonstre pela sua boa conduta suas obras
com delicadeza de sabedoria.
14. Mas, se tiverem ciúmes amargurosos e
partidarismo no seu coração, não se gabem e
mintam contra a verdade.
15. Esta não é a sabedoria que desce do alto,
mas terrestre, psíquica, demoníaca.
16. Porque onde houver ciúme e rivalidade,
aí há confusão e toda obra má.
17. Mas a sabedoria do alto é primeiramente
pura, depois pacífica, gentil, complacente,
cheia de misericórdia e bons frutos, imparci-
al e não fingida.
18. Mas o fruto da justiça é semeado em paz
para aqueles que promovem a paz.
4.
1. De onde surgem conflitos e contendas
entre vocês? Não é dos prazeres que guerrei-
am nos seus membros?!
2. Vocês cobiçam, mas não possuem. Vo-
cês assassinam e invejam, mas são incapazes
de conseguir. Vocês lutam e guerreiam,
porém, não possuem, porque não pedem.
3. Vocês pedem, mas não recebem, porque
pedem com maldade, para poderem consu-
mi-lo nos seus prazeres.
4. Adúlteros e adúlteras, vocês não sabem
que a amizade do mundo é inimizade para
com Deus?! Qualquer, pois, que cogita ser
amigo do mundo, constitui-se em inimigo de
Deus.
5. Ou vocês imaginam que a Escritura diz
em vão: “Com ciúmes aspira o Espírito que
reside em nós”563!?
563
Tiago está citando de alguma fonte não incluí-
da no Cânone Bíblico e a chama de grafh, a
mesma palavra usada em II Timóteo 3:16.

6. Mas ele concede muito mais graça. Ra-
zão porquê diz: “Deus resiste aos orgulho-
sos564, mas concede graça aos humildes565”.
7. Sujeitem-se, pois, a Deus. Resistam ao
Caluniador e ele fugirá de vocês.
8. Aproximem-se de Deus e ele se aproxi-
mará de vocês. Lavem as mãos, pecadores, e
purifiquem os corações bi-psíquicos566.
9. Aflijam-se, e estejam de luto, e chorem.
Seu riso se transforme em luto, e sua alegria
em pesar.
10. Humilhem-se diante do Senhor, e ele
lhes exaltará.
11. Não falem um contra o outro, irmãos.
Aquele que fala contra o seu irmão, e julga a
seu irmão, fala contra a Lei, e julga a Lei.
Mas, se você julga a Lei, você não é cum-
pridor da Lei, mas juiz.
12. Somente um é o Legislador capaz de
inocentar e de condenar. Quem é você que
julga o outro?
13. Vão agora vocês que dizem: “Hoje ou
amanhã iremos a tal cidade, e lá ficaremos
por um ano e negociaremos e lucraremos”,
14. Apesar de não saberem o que acontecerá
amanhã, porque o que já é a sua vida? Um
vapor que aparece por um momento, e de-
pois desaparece.
15. Em vez disto deveriam dizer: “Se o Se-
nhor quiser e nós vivermos, então faremos
isto ou aquilo”.
16. Mas agora vocês se gabam nas suas vai-
dades. Toda esta arrogância é má.
17. Aquele, pois, que souber que deve fazer
o bem, e não o faz, isto é pecado para ele.
564
Também esta primeira parte da citação não
encontramos no Cânone Bíblico, a não ser que
interpretou a seu modo a primeira parte de Pro-
vérbios 3:34. Pedro também usa os dois pen-
samentos juntos.
565
Provérbios 3:34; I Pedro 5:5
566
διψυχοι (dipsuchos): duas almas (ou vidas).
Sendo que a palavra é um adjetivo, ela modifica
a palavra anterior, que é coração, e não é exata-
mente “vós de ânimo dobre” como algumas ver-
sões traduzem. É um e o mesmo coração que-
rendo seguir dois interesses distintos e opostos
ao mesmo tempo.
Tiago
5.
1. Vão agora, vocês ricos, e chorem, lamen-
tem-se sobre as calamidades que lhes sobre-
virão.
2. Suas riquezas apodreceram, e sua roupa
foi roída pela traça.
3. Seu ouro e sua prata foram corroídos, e
sua corrosão servirá de testemunho contra
vocês, e consumirá a sua carne como fogo.
Vocês ajuntaram tesouros nos últimos dias.
4. Vejam, o salário dos operários que colhe-
ram os seus campos, que foi por vocês de-
fraudado, clama, e o clamor dos que colhe-
ram chegou aos ouvidos do Senhor dos E-
xércitos.
5. Vocês viveram luxuosamente sobre a
Terra e entregaram-se aos prazeres, engorda-
ram os seus corações, como no dia da ma-
tança.
6. Vocês condenaram e mataram o justo
sem que lhes resistisse.
7. Sejam, pois, pacientes, irmãos, até à
vinda do Senhor. Eis que o lavrador aguarda
o precioso fruto da terra, sendo paciente até
que receba a primeira e a última chuva567.
8. Sejam vocês também pacientes, fortale-
cendo os seus corações, porque a vinda do
Senhor se aproximou.
9. Não reclamem uns dos outros, irmãos,
para não serem condenados. Eis que o juiz
está diante da porta!
10. Meus irmãos, tomem como padrão de
sofrimento e de perseverança os profetas que
falaram no nome do Senhor.
11. Eis que consideramos bem-aventurados
os que persistem. Vocês ouviram da persis-
tência de Jó, e viram o fim que o Senhor lhe
deu, porque o Senhor é cheio de misericór-
dia e de compaixão.
12. Mas, sobretudo, meus irmãos, não jurem,
nem pelo Céu, nem pela Terra, nem por
qualquer outro juramento. Mas seja seu
567
A primeira chuva caía a partir de outubro. A
última chuva, ou primaveril, caía pouco antes
da colheita, em torno de março e abril.
27
Tiago
“sim”, “sim”, e o “não”, “não”, para que não
caiam na condenação.
13. Está alguém dentre vocês sofrendo difi-
culdades? Ore! Está alguém contente? Sal-
modie!
14. Está alguém de vocês doente? Chame os
anciãos da Convocação e orem sobre ele,
ungindo-o com azeite no nome do Senhor,
15. E a oração da fé curará o enfermo, e o
Senhor o levantará, e, se tiver cometido pe-
cados, ser-lhe-ão perdoados.
16. Confessem suas transgressões uns aos
outros, e orem um pelo outro, para que se-
27
jam curados. A oração poderosa do justo é
muito eficaz.
17. Elias foi uma pessoa de sentimentos
semelhantes aos nossos, e suplicou na sua
oração para não chover. E não choveu sobre
a Terra por três anos e seis meses.
18. E orou novamente, e o céu deu chuva, e a
terra produziu o seu fruto.
19. Irmãos, se alguém dentre vocês se desvi-
ar da verdade, e alguém o converter,
20. Saiba aquele que converter o pecador do
erro de seu caminho, que salvará uma alma
da morte, e cobrirá uma multidão de peca-
dos.

A PRIMEIRA CARTA DO APÓSTOLO
PEDRO
1.
1. Pedro, apóstolo de Jesus Ungido, aos
seletos peregrinos da Diáspora568: De Ponto,
da Galácia, da Capadócia, da Ásia e da Bití-
nia,
2. De acordo com a presciência de Deus
Pai, pela santificação do Espírito, para a
obediência e o respingar do sangue de Jesus
Ungido: Graça e paz lhes sejam multiplica-
das!
3. Bendito seja o Deus e Pai de nosso Se-
nhor Jesus Ungido, o qual, de acordo com a
sua grande misericórdia, nos regenerou para
uma viva esperança, pela ressurreição de
Jesus Ungido dentre os mortos,
4. Para uma herança incorruptível569, e
imaculada570, e imarcescível571, reservada
nos Céus para nós,
5. Que pela fé somos guardados pelo poder
de Deus para a salvação pronta a ser revela-
da no tempo final.
6. No qual vocês exultam, apesar de por
pouco tempo, se necessário, serem entriste-
cidos por várias tentações,
7. Para que a provação de sua fé se torne
muito mais preciosa do que o ouro perecível,
testado pelo fogo, para louvor, e honra, e
glória, na revelação de Jesus Ungido,
8. Ao qual, não tendo visto, vocês amam.
No qual, apesar de não enxergá-lo, mas
crendo, vocês exultam com alegria inexpri-
mível e gloriosa,
9. Alcançando o fim de sua fé, a salvação
das almas.
568
Diáspora: dispersão dos judeus, no decorrer do
tempo, por todo o mundo. Note que também
569
Tiago escreve aos mesmos.
Incorruptível: que não deteriora.
570
Imaculado: que não tem mancha.
571
Imarcescível: que não murcha.
I Pedro
10. Por esta salvação os profetas pesquisa-
vam e investigavam, que profetizaram da
graça a vocês dirigida.
11. Pesquisando como, ou em que época,
dava a entender o Espírito do Ungido, que
neles estava, testificando antecipadamente
dos sofrimentos do Ungido, e das glórias
posteriores.
12. Aos quais foi revelado, o que não servia
para eles, mas para nós, o que agora foi a-
nunciado a vocês, por aqueles que lhes a-
nunciaram a Boa Mensagem pelo Espírito
Santo enviado do Céu, o que anjos anseiam
espiar.
13. Portanto, preparados na sua mente, sejam
moderados, esperando completamente na
graça que lhes foi transmitida pela revelação
de Jesus Ungido.
14. Como filhos obedientes não se amoldan-
do às paixões antigas na sua falta de conhe-
cimento.
15. Mas, assim como é santo aquele que lhes
chamou, assim também sejam vocês santos
em toda a sua conduta.
16. Porque tem sido escrito: “Sejam santos,
porque eu sou santo”572.
17. E, se vocês invocam por Pai aquele que
julga sem discriminar, de acordo com a obra
de cada um, conduzam-se com temor no
tempo de sua peregrinação.
18. Cientes de que vocês não foram resgata-
dos com perecíveis, como prata ou ouro, de
seu fútil estilo de vida transmitido pela tra-
dição dos pais,
19. Mas pelo precioso sangue do Ungido,
como de um cordeiro imaculado573 e incon-
taminado574.
572
Levítico 11:44-45
573
αµ
́ ωµος
(amomos): sem mancha.
574
ασ
́ πιλος
(aspilos):
sem
sujeira
(moral).

27
I Pedro
20. Certamente tendo sido pré-conhecido,
antes da fundação do mundo, mas manifesto
nos últimos tempos por sua causa,
21. Que por meio dele crêem em Deus, que o
ressuscitou dentre os mortos, e lhe deu gló-
ria, para que a sua fé e esperança fossem
depositados em Deus.
22. Tendo purificado suas almas pela obedi-
ência à verdade por meio do Espírito, para o
amor fraternal não dissimulado, amem-se
uns aos outros fervorosamente, de coração
puro.
23. Tendo sido regenerados, não de semente
corruptível, mas de incorruptível, pela Pala-
vra viva de Deus, a qual permanece para
sempre.
24. Porque: “toda a carne é como a erva, e
toda a glória humana como a flor da erva.
Secou-se a erva, e caiu a sua flor,
25. Mas a Palavra do Senhor permanece
para sempre”575. Ora, esta é a palavra da
Boa Mensagem que lhes foi anunciada.
2.
1. Abandonando, pois, toda a malícia, e
todo o engano, e hipocrisias, e invejas, e
todas as calúnias,
2. Como bebês recém-nascidos, almejem o
genuíno leite da Palavra, para que cresçam
pelo mesmo,
3. Se de fato provaram que o Senhor é be-
nigno.
4. Aproximando-se do mesmo, pedra viva,
na verdade reprovada pelas pessoas, mas
seleta e preciosa diante de Deus.
5. Vocês também, como pedras vivas, estão
sendo edificados casa espiritual, sacerdócio
santo, para oferecer sacrifícios espirituais
agradáveis a Deus por intermédio de Jesus
Ungido.
6. Razão porquê também está contido na
Escritura: “Veja que lanço uma pedra angu-
lar seleta e preciosa em Sião. E aquele que
nela crer de modo algum será envergonha-
do”576.
575
Isaías 40:6-9
576
Isaías 28:16; Romanos 9:33; Romanos 10:11
28
7. Portanto, para vocês que crêem ela é
preciosa, mas para os descrentes: “A pedra
rejeitada pelos construtores, esta tornou-se
principal pedra angular”577,
8. E: “Uma pedra de tropeço e uma rocha
de escândalo”578 para os descrentes que
tropeçam na Palavra, para o que também
foram postos.
9. Mas vocês são dinastia seleta, sacerdócio
real, etnia santa, povo comprado para divul-
gar as virtudes daquele que lhes chamou da
escuridão para a sua maravilhosa luz.
10. Que no passado não eram povo, mas
agora são o povo de Deus, que não haviam
alcançado misericórdia, mas agora alcança-
ram misericórdia.
11. Amados, alerto-lhes, como estrangeiros e
peregrinos, que se abstenham das paixões
carnais que guerreiam contra a alma.
12. Sua conduta entre os povos seja exem-
plar, a fim de que naquilo em que falam
contra vocês como de malfeitores, observan-
do suas boas obras, glorifiquem a Deus no
Dia da Visitação.
13. Sujeitem-se, pois, a toda a instituição
humana, devido ao Senhor: Quer seja ao rei,
como superior,
14. Ou aos governantes, como por ele envia-
dos para a punição dos malfeitores e para o
louvor dos benfeitores.
15. Porque esta é a vontade de Deus que,
pela prática do bem, calem as pessoas tolas
que não têm conhecimento.
16. Como livres, mas não usando a liberdade
como pretexto da malícia, mas como servos
de Deus.
17. Honrem a todos. Amem a irmandade.
Temam a Deus. Honrem ao rei.
18. Os servos: Sujeitem-se aos seus senhores
com todo o temor, não somente aos bons e
gentis, mas também aos grosseiros.
19. Porque isto é agradável, se alguém sofrer
aborrecimentos em função da consciência
para com Deus, sofrendo injustamente.
577
Salmo 118:22; Mateus 21:42; Marcos 12:10;
Lucas 20:17; Atos 4:11
578
Isaías 8:14-15; Romanos 9:33

20. Porque, em que consiste o mérito, se
transgredirem e por isto forem esbofeteados?
Mas, se praticando o bem sofrerem pacien-
temente maus tratos, isto é agradável a Deus.
21. Porque para isto foram chamados. Por-
que também o Ungido sofreu por nós, dei-
xando-nos a cartilha579, para seguirem em
seus passos.
22. O qual “não cometeu nenhum pecado,
nem foi achado engano na sua boca”580.
23. O qual, ao ser insultado, não revidava o
insulto; sofrendo, não fazia ameaças, mas
entregou-se àquele que julga corretamente.
24. Ele mesmo, carregando os nossos peca-
dos no seu corpo no poste, para que, mortos
aos pecados, vivêssemos para a justiça: Por
cujas chagas foram sarados.
25. Porque vocês eram como ovelhas desgar-
radas, mas retornaram agora ao Pastor e
Supervisor de suas almas.
3.
1. Igualmente as esposas: Sujeitem-se aos
seus próprios maridos, para que, mesmo se
alguns deles descrêem na Palavra, sejam
ganhos pela conduta das esposas, sem pala-
vra,
2. Observando sua conduta santa com te-
mor.
3. O seu enfeite não seja o externo, como
cabelos trançados, e o uso de ouro, ou vestes
adornadas,
4. Mas a pessoa interior do coração, incor-
ruptível, de um espírito dócil e calmo, que é
preciosíssimo diante de Deus.
5. Porque assim se enfeitavam no passado
as esposas santas que esperavam em Deus,
estando sujeitas a seus próprios maridos.
6. Assim como Sara obedecia a Abraão,
chamando-o de “senhor”, da qual vocês se
tornaram filhas, praticando o bem, e não
temendo nenhum mal.
579

ογραµµός
(hupogrammos):
cartilha com
υπ
letras dadas para serem copiadas na aprendiza-
gem da escrita, o bê-á-bá do cristianismo.
580
Isaías 53:9
I Pedro
7. Igualmente os maridos: Vivam com elas
com compreensão, como com um vaso mais
delicado, a esposa, honrando-as como sendo
co-herdeiras da graça da vida, para suas
orações não serem impedidas.
8. Finalmente, porém, sejam todos de uma
só opinião, compassivos, amando os irmãos,
afeiçoados, corteses.
9. Não pagando o mal com o mal, ou ofensa
com ofensa, antes, pelo contrário, abençoan-
do, cientes de que para isto foram chamados,
para herdarem a bênção.
10. Porque “quem quer amar a vida e ver
dias agradáveis, desvie a sua língua do mal
e seus lábios de falar o engano.
11. Desvie-se do mal e pratique o bem. Pro-
cure a paz e aspire-a,
12. Porque os olhos do Senhor estão sobre
os justos, e seus ouvidos voltados para a sua
súplica. Mas a face do Senhor é contra os
que praticam o mal.581
13. Quem lhes fará dano se forem imitadores
do bem?
14. Mas, se sofrerem pela justiça, são bem-
aventurados, e não temam nem se preocu-
pem.
15. Antes santifiquem ao Senhor Deus nos
seus corações, e estejam sempre preparados
para uma apologia582, com gentileza e res-
peito, para com todo aquele que lhes pedir a
razão de sua esperança.
16. Tendo uma boa consciência, para que,
naquilo em que falam contra vocês, como de
malfeitores, sejam envergonhados os que
caluniam a sua boa conduta no Ungido.
17. Porque é preferível sofrer pela prática do
bem, se for da vontade de Deus, do que pela
prática do mal.
18. Porque também o Ungido sofreu uma
vez pelos pecados, o justo pelos injustos,
para que nos conduzisse a Deus, tendo sido
morto na carne, mas ressuscitado no espírito,
19. Pelo qual também proclamou, dirigindo-
se aos espíritos na prisão,
20. Os quais outrora descreram, quando em
outro tempo Deus aguardava na sua longa-
581
10-12: Salmo 34:12-16
582
Apologia: uma defesa da fé Cristã.
28
I Pedro
nimidade nos dias de Noé, construindo a
Arca, na qual poucas (isto é, oito) almas
foram salvas pela água.
21. Cujo antítipo, a submersão, também nos
salva hoje, não o afastamento da sujeira da
carne, mas a procura por uma boa consciên-
cia para com Deus, pela ressurreição de
Jesus Ungido,
22. O qual subiu ao Céu e está à direita de
Deus, tendo-lhe sido sujeitos os anjos, e as
autoridades, e os poderes.
4.
1. Tendo, pois, o Ungido sofrido por nós na
carne, armem-se também com a mesma ati-
tude, porque aquele que tem sofrido na carne
cessou de pecar,
2. Deixando de viver o tempo restante na
carne pelas paixões humanas, mas pela von-
tade de Deus.
3. Porque nos basta termos no tempo pas-
sado de nossa vida operado a vontade dos
povos, andando na devassidão das paixões,
bebedeiras de vinho, orgias, festanças e ido-
latrias abomináveis.
4. Estranhando eles que vocês não concor-
rem com eles no mesmo excesso de liberti-
nagem, falam mal de vocês.
5. Os quais terão de prestar contas àquele
que está pronto para julgar os vivos e os
mortos.
6. Por esta razão a Boa Mensagem foi tam-
bém proclamada aos mortos, para que sejam
julgados quanto à pessoa física, mas vivam
quanto a Deus no espírito.
7. Mas o fim de tudo tem se aproximado.
Sejam, pois, moderados e vigiem nas ora-
ções.
8. Mas tenham, sobretudo, amor fervoroso
entre vocês, porque o amor cobrirá uma
multidão de pecados.
9. Demonstrem hospitalidade recíproca,
sem reclamações.
10. Cada um sirva ao próximo de acordo
com o dom recebido, como bons mordomos
da multiforme graça de Deus.
11. Se alguém fala, fale de acordo com as
Palavras de Deus. Se alguém serve, sirva
28
como pela aptidão suprida por Deus, para
que em tudo Deus seja glorificado por in-
termédio de Jesus Ungido, a quem seja a
glória e o poder pelas eras das eras. Amém.
12. Amados, não estranhem o fogo de perse-
guição ocorrendo entre vocês para prová-los,
como se algo estranho acontecesse com
vocês.
13. Mas regozijem-se por terem se tornado
participantes dos sofrimentos do Ungido,
para que também na revelação de sua glória
vocês se regozijem exultando.
14. Se forem menosprezados pelo nome do
Ungido, são bem-aventurados! Porque o
Espírito da glória e de Deus repousa sobre
vocês. Por eles, na verdade, é blasfemado,
mas por vocês glorificado.
15. De modo nenhum alguém de vocês sofra
como assassino, ou ladrão, ou malfeitor, ou
bisbilhoteiro.
16. Mas, se sofrer como Cristão, não se en-
vergonhe, antes glorifique nisto a Deus.
17. Porque chegou o tempo de começar o
julgamento pela casa de Deus. Mas, se co-
meçar por nós, qual será o fim dos descren-
tes na Boa Mensagem de Deus?
18. E, se o justo malmente escapa, em que
situação ficará o irreverente e o pecador?
19. Portanto, também aqueles que sofrem, de
acordo com a vontade de Deus, confiem-lhe
suas almas na prática do bem, como a um
fiel Criador.
5.
1. Aos anciãos dentre vocês motivo, que
sou um co-ancião e testemunha dos sofri-
mentos do Ungido, que também sou partici-
pante da glória prestes a ser revelada:
2. Pastoreiem o rebanho de Deus dentre
vocês, apascentando-o, não obrigados, mas
voluntariamente, não ávidos por lucro deso-
nesto, mas de boa vontade.
3. Não como ditadores de sua parte da he-
rança, mas tornem-se modelos do rebanho.
4. E, quando aparecer o Pastor-mor, vocês
receberão a imarcescível583 coroa da glória.
583
amarantinov (amarantinos): que não murcha.
 I Pedro
5. Igualmente vocês jovens: Sujeitem-se
aos mais velhos. Sujeitem-se todos mutua-
mente, vestindo-se com humildade, porque
“Deus resiste aos orgulhosos584, mas conce-
de graça aos humildes585”.
6. Humilhem-se, pois, sob a potente mão de
Deus, para que a seu tempo lhes exalte,
7. Lançando sobre ele toda a sua preocupa-
ção, porque ele tem cuidado de vocês.
8. Moderem-se, vigiem, porque o seu ad-
versário, o Caluniador, anda em derredor,
rugindo como leão, procurando alguém para
tragar.
9. Ao qual resistam firmes na fé, cientes de
que os mesmos sofrimentos tem sobrevindo
à irmandade no mundo.
10. Mas o Deus de toda a graça, o qual nos
chamou para a sua glória eterna por meio do
Ungido Jesus, tendo sofrido por pouco tem-
po, ele mesmo lhes aperfeiçoe, estabeleça,
fortaleça, fundamente.
11. A ele seja a glória e o poder pelas eras
das eras. Amém.
12. Por meio de Silvano, que considero seu
fiel irmão, escrevi-lhes resumidamente, e-
xortando e testificando que esta é a verda-
deira graça de Deus na qual se encontram.
13. Saúda-lhes a co-eleita na Babilônia, e
meu filho Marcos.
14. Saúdem-se mutuamente com ósculo de
amor. A paz esteja com todos que estão no
Ungido Jesus. Amém.

584
Esta primeira parte da citação não encontramos
em outro livro do Cânone Bíblico, a não ser
que interpretou a seu modo a primeira parte de
Provérbios 3:34. O interessante é que Tiago
também usa as duas idéias em conjunto.
585
Provérbios 3:34; Tiago 4:6
28
II Pedro
A SEGUNDA CARTA DO APÓSTOLO
PEDRO
1.
1. Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus
Ungido, aos que conosco receberam a fé
igualmente preciosa, pela justiça de nosso
Deus e Salvador Jesus Ungido:
2. Graça e paz lhes sejam multiplicadas,
pelo conhecimento de Deus e de Jesus, nos-
so Senhor.
3. Assim como o seu poder divino nos tem
dado tudo pertinente à vida e à piedade, pelo
conhecimento daquele que nos chamou para
a glória e a virtude,
4. Pelas quais nos tem sido dadas as gran-
diosas e preciosíssimas promessas, para que
por meio delas se tornem participantes da
natureza divina, tendo escapado da corrup-
ção da paixão deste mundo.
5. Por isso, empregando todo o esforço,
providenciem na sua fé a virtude, e na virtu-
de o conhecimento,
6. E no conhecimento o autocontrole, e no
autocontrole a persistência, e na persistência
a piedade,
7. E na piedade o amor fraternal, e no amor
fraternal o amor.
8. Porque, se estes estiverem presentes e
transbordantes em vocês, não serão nem
ociosos, nem infrutíferos no conhecimento
de nosso Senhor Jesus Ungido.
9. Mas aquele no qual estes não estiverem
presentes é cego, míope, tendo-se esquecido
da purificação de seus pecados antigos.
10. Razão porquê sejam antes esforçados, 1. Mas havia também pseudoprofetas entre
assegurando o seu chamado e a sua seleção, o povo, assim como também entre vocês
porque procedendo assim jamais tropeçarão. haverá pseudo-mestres, que secretamente
11. Deste modo lhes será ricamente suprida a
entrada no reino eterno de nosso Senhor e 586
Salvador Jesus Ungido.
12. Portanto não negligenciarei de sempre
lembrá-los destas verdades, apesar de co- 587 Sofisma: encobrir a verdade com argumentos
nhecerem-nas e terem sido edificados na
588
verdade atual.
28
13. Mas considero-o acertado, enquanto
estiver neste tabernáculo, de estimulá-los
pela lembrança,
14. Ciente de que em breve deixarei este
meu tabernáculo, assim como também nosso
Senhor Jesus Ungido me deu a entender.
15. Mas também me empenharei por vocês,
para que após a minha partida vocês se lem-
brem sempre destas verdades.
16. Porque fizemo-lhes conhecer o poder e a
vinda de nosso Senhor Jesus Ungido, não
seguindo a mitos586 sofismados587, mas fo-
mos testemunhas oculares de sua majestade,
17. Porque ele recebeu de Deus Pai honra e
glória, tendo-lhe sido dirigida uma voz da
excelsa glória: “Este é o meu Filho amado,
no qual tenho profunda satisfação”588.
18. E ouvimos esta voz procedente do Céu,
estando com ele no Monte Santo.
19. E, temos mais asseguradamente a palavra
profética, à qual fazem bem dar atenção,
como a uma luz brilhando num lugar escuro,
até ao raiar do dia, e ao nascer da estrela da
manhã nos seus corações.
20. Sabendo primeiramente isto, que nenhu-
ma profecia da Escritura surge por exposição
própria,
21. Porque a profecia, no passado, não sur-
giu pela vontade humana, mas pessoas san-
tas de Deus falaram movidas pelo Espírito
Santo.
2.
Mito: conto inventado que transmite alguma
verdade na sua simbologia, passado de geração
em geração.
falsos.
Mateus 3:17; 17:5; Marcos 1:11; 9:7; Lucas
3:22; 9:35

introduzirão heresias destrutivas, negando o
Soberano que os resgatou, trazendo sobre si
mesmos rápida destruição.
2. E muitos seguirão as suas perdições,
devido aos quais o caminho da verdade será
malfalado.
3. E, devido à ganância, farão comércio de
vocês, com palavras forjadas, para os quais o
juízo dos tempos antigos não tarda e cuja
destruição não cochila.
4. Porque, se Deus não poupou aos anjos
quando pecaram, mas lançou-os em corren-
tes no negrume do Tártaro589, entregou-os
para serem guardados para o julgamento.
5. E não poupou ao mundo primevo, mas
preservou a Noé, o oitavo590, proclamador da
justiça, enviando o Dilúvio sobre o mundo
ímpio.
6. E condenou as cidades de Sodoma e
Gomorra, reduzindo-as a cinzas pela catás-
trofe, colocando-as como exemplo para a-
queles querendo levar uma vida ímpia,
7. Mas resgatou o justo Ló, oprimido pelo
estilo de vida depravado dos perversos,
8. (Que pelas suas obras ilícitas atormenta-
vam a alma justa, do justo, que morava entre
eles, pelo que via e ouvia, dia após dia).
9. O Senhor sabe como livrar os piedosos
da provação, mas preservar os injustos para
o dia da condenação, para serem punidos,
10. Mas especialmente aqueles que andam
segundo a carne, na cobiça da impureza, e
menosprezam os superiores, presunçosos,
autogratificantes, que não temem falar mal
de autoridades.
11. Enquanto que anjos, sendo superiores em
força e poder, não apresentam contra eles
acusação difamatória diante do Senhor.
12. Mas estes, como animais naturais irra-
cionais, nascidos para a captura e o abate,
falando mal daquilo que não têm conheci-
mento, e na sua corrupção serão totalmente
destruídos.
589
Tartarwsav (tartarosas): verbo significando:
Lançar no Tártaro: lugar profundo e subterrâ-
neo. Único uso da palavra no NT.
590
Ογδοον (ogdoon): o oitavo, expressão idiomá-
tica clássica significando “com sete outros”.
II Pedro
13. Prestes a serem levados para receber o
seu castigo da injustiça, considerando como
prazer sua luxúria diária. Festejando com
vocês na sua luxúria enganosa com suas
manchas e sujeiras.
14. Tendo olhos cheios de adultério, e inca-
pazes de deixar do pecado, aliciam almas
instáveis, possuindo um coração exercitado
na avareza, sendo filhos da maldição.
15. Tendo abandonado o caminho reto, des-
viaram-se, seguindo no caminho de Balaão,
de Beor, que amou a gratificação da injusti-
ça.
16. Mas foi repreendido pela sua transgres-
são, opondo-se à insanidade do profeta um
animal de carga mudo, falando com voz
humana.
17. Estes são fontes sem água, nuvens impe-
lidas pela tempestade, para os quais está
reservado o negrume da escuridão para sem-
pre.
18. Porque falando fúteis palavras extrava-
gantes, aliciam com a cobiça da carne, pela
licenciosidade, aqueles que de fato já havi-
am escapado daqueles que andam no enga-
no,
19. Prometendo-lhes liberdade, sendo eles
mesmos escravos da depravação. Porque por
aquele que alguém tem sido vencido, por ele
tem sido reduzido à escravidão.
20. Porque se, tendo escapado das contami-
nações do mundo, pelo conhecimento do
Senhor e Salvador Jesus Ungido, forem
novamente vencidos ao serem envolvidos,
tornou-se-lhes o seu último estado pior do
que o primeiro.
21. Porque teria lhes sido melhor não terem
conhecido o caminho da justiça, do que,
conhecendo-o, terem-se desviado do santo
mandamento que lhes fora entregue.
22. Mas sucedeu-lhes segundo a alegoria
verdadeira: “O cão voltou ao seu próprio
vômito”, e, “a porca lavada voltou a revol-
ver-se no lamaçal”.
28
II Pedro
3.
1. Escrevo-lhes agora, amados, esta segun-
da carta, na qual desperto a memória de suas
mentes puras,
2. Para se lembrarem das palavras anteri-
ormente faladas pelos santos profetas, e do
mandamento do Senhor e Salvador, por nós
apóstolos.
3. Sabendo primeiramente isto: Que nos
finais dos dias virão zombadores, andando
segundo as suas próprias paixões,
4. E dizendo: “Onde está a promessa de sua
vinda? Porque desde o adormecimento dos
pais tudo continua como desde o começo da
criação”.
5. Porque deliberadamente ignoram de que
houve os céus antigos, e a Terra, consistindo
de água, e na água, pela Palavra de Deus,
6. Pela qual o mundo de então, sendo dilu-
viado, pereceu.
7. Mas os céus e a Terra atuais são entesou-
rados pela sua Palavra, guardados para o
fogo, para o dia do julgamento e da destrui-
ção das pessoas ímpias.
8. Não sejam desconhecedores do seguinte,
amados, de que um dia com o Senhor é co-
mo mil anos, e mil anos como um dia591.
9. O Senhor não retarda a sua promessa,
como alguns a consideram demorada, mas é
paciente para conosco, não querendo que
alguém pereça, mas que todos cheguem ao
arrependimento.
10. Mas o Dia do Senhor virá como ladrão
de noite, no qual os céus desaparecerão com
grande estrondo, e os rudimentos, incendia-
dos, serão desintegrados, e a Terra, e as o-
bras sobre a mesma, serão consumidos pelo
fogo.
11. Sendo que tudo isso está para ser desin-
tegrado, que conduta santa e reverente vocês
deveriam ter!
591
Esta passagem afirma que Deus é capaz de
fazer em um dia o que nós faríamos em mil a-
nos, e não o oposto. Portanto não pode ser apli-
cado para os dias da criação.
28
12. Aguardando e almejando a vinda do Dia
de Deus, por causa do qual os céus incendi-
ados serão desintegrados, e os rudimentos
serão dissolvidos com intenso calor.
13. Mas nós aguardamos novos céus e nova
Terra, segundo a sua promessa, nos quais
habita justiça.
14. Portanto, amados, tendo esta expectativa,
esforcem-se para serem encontrados por ele
em paz, incontaminados592 e inculpáveis.
15. Mas considerem a longanimidade de
nosso Senhor como salvação, como também
nosso amado irmão Paulo lhes escreveu, de
acordo com a sabedoria que lhe foi dada.
16. Assim como ele também fala em todas as
suas cartas sobre estes assuntos, entre os
quais há alguns de difícil compreensão, os
quais os iletrados e instáveis torcem, assim
como também as demais Escrituras, para a
sua própria perdição.
17. Vocês, pois, amados, sendo disto previ-
amente informados, estejam precavidos, para
que não caiam de sua própria firmeza, sendo
levados ao erro pelos transgressores.
18. Antes progridam na graça e no conheci-
mento de nosso Senhor e Salvador Jesus
Ungido. A ele seja glória, tanto agora, quan-
to no dia da eternidade. Amém.
592
α
́σπιλος (aspilos):
sem
sujeira
(moral).




A PRIMEIRA CARTA DO APÓSTOLO
JOÃO
1.
1. Aquilo que era desde o princípio, o que
ouvimos, o que vimos com os nossos olhos,
o que temos contemplado e nossas mãos
apalparam, com respeito à Palavra da Vida
2. (E a vida foi manifestada, e vimos, e
testemunhamos, e lhes relatamos a vida
eterna, que estava com o Pai, e nos foi mani-
festada),
3. Aquilo que vimos e ouvimos, isto lhes
relatamos, a fim de que também tenham
comunhão conosco, mas de fato nossa co-
munhão é com o Pai, e com o seu Filho Je-
sus Ungido.
4. E isto lhes escrevemos, para que a sua
felicidade seja completa.
5. E esta é a mensagem que dele ouvimos e
lhes anunciamos: Que Deus é luz, e não há
nele escuridão nenhuma.
6. Se dissermos que temos comunhão com
ele, e andarmos na escuridão, mentimos, e
não realizamos a verdade.
7. Se, porém, andarmos na luz, assim como
ele está na luz, temos comunhão uns com os
outros, e o sangue de seu Filho Jesus Ungido
nos purifica de todo o pecado.
8. Se dissermos que não temos pecado,
enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade
não está em nós.
9. Se confessarmos os nossos pecados, ele é
fiel e justo para nos perdoar os pecados e
nos purificar de toda a injustiça.
10. Se dissermos que não temos cometido
pecado, fazemo-lo mentiroso, e sua palavra
não está em nós.
2.
1. Meus filhinhos, escrevo-lhes isto para
que não pequem. Mas, se alguém pecar,
I João
temos um Mentor593 junto ao Pai, Jesus Un-
gido, o Justo.
2. Ele é a propiciação pelos nossos pecados,
porém não somente pelos nossos, mas tam-
bém pelos do mundo todo.
3. E por meio disto sabemos que o temos
conhecido: Se guardarmos os seus manda-
mentos.
4. Aquele que disser: “Tenho-o conhecido”,
mas não estiver guardando os seus manda-
mentos, é mentiroso, e a verdade não está
nele.
5. Mas aquele que guardar a sua Palavra,
nele certamente o amor de Deus tem sido
aperfeiçoado. Nisto sabemos que estamos
nele.
6. Aquele que diz permanecer nele, deve
também andar assim como ele andou.
7. Irmãos, não lhes escrevo mandamento
novo, mas o mandamento antigo, que tive-
ram desde o princípio. O mandamento anti-
go é a Palavra que ouviram desde o princí-
pio.
8. Por outro lado escrevo-lhes um manda-
mento novo, que é verdadeiro nele e em
vocês, porque a escuridão está passando, e a
verdadeira luz já brilha.
9. Aquele que diz estar na luz, mas odeia a
seu irmão, ainda continua na escuridão.
10. Aquele que ama a seu irmão, permanece
na luz, e nele não há nenhum escândalo.
11. Mas aquele que odeia a seu irmão está na
escuridão, e anda na escuridão, e não perce-
be para onde vai, porque a escuridão cegou
os seus olhos.
12. Escrevo-lhes filhinhos, porque os seus
pecados foram perdoados pelo seu Nome.
13. Escrevo-lhes pais, porque têm conhecido
aquele que é desde o princípio. Escrevo-lhes
jovens, porque venceram o Maligno. Escre-
vo-lhes filhinhos, porque têm conhecido ao
Pai.
593
Veja nota de rodapé de João 14:16.
28
I João
14. Escrevi-lhes pais, porque vocês chega-
ram a conhecer aquele que é desde o princí-
pio. Escrevi-lhes jovens, porque vocês são
fortes, e a Palavra de Deus permanece em
vocês, e venceram o Maligno.
15. Não amem o mundo, nem o que é do
mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do
Pai não está nele.
16. Porque tudo o que está no mundo, a pai-
xão da carne, a paixão dos olhos, e a pompa
da vida, não é do Pai, mas é do mundo.
17. E o mundo passa e a sua paixão, mas
aquele que estiver fazendo a vontade de
Deus permanece para sempre.
18. Filhinhos, já é a última hora, e assim
como ouviram que o Anticristo está vindo, já
surgiram agora muitos anticristos, eis porque
sabemos que é a última hora.
19. Saíram do nosso meio, mas não eram dos
nossos. Porque se tivessem sido dos nossos
teriam permanecido conosco. Mas saíram
para se tornar evidente que nem todos são
dos nossos.
20. Mas vocês têm a unção do Santo, e têm
conhecimento de tudo.
21. Não lhes escrevi porque não conheceram
a verdade, mas por conhecerem-na, e porque
nenhuma mentira procede da verdade.
22. Quem é mentiroso, a não ser aquele que
nega que Jesus é o Ungido? Este é o anticris-
to, que nega o Pai e o Filho.
23. Todo aquele que estiver negando o Filho,
também não tem o Pai. Aquele que estiver
confessando o Filho, também tem o Pai.
24. Permaneça em vocês, portanto, aquilo
que ouviram desde o princípio. Se permane-
cer em vocês o que ouviram desde o princí-
pio, também vocês permanecerão no Filho e
no Pai.
25. E esta é a promessa que ele nos prome-
teu: A vida eterna.
26. Isto lhes escrevi a respeito daqueles que
lhes seduzem.
27. Mas a unção que vocês receberam dele
permanece em vocês, e não têm necessidade
de que alguém lhes ensine. Mas assim como
a própria unção lhes ensina a respeito de
tudo, e é verdadeira e não é mentirosa, e
28
assim como lhes ensinou, permanecerão
nele.
28. E agora, filhinhos, permaneçam nele,
para que, quando for manifestado, tenhamos
ousadia e não sejamos envergonhados diante
dele na sua vinda.
29. Se souberem que ele é justo, sabem que
todo aquele que pratica a justiça tem sido
gerado por ele.
3.
1. Vejam que amor nos tem concedido o
Pai, que fôssemos chamados de “Filhos de
Deus”! Razão porquê o mundo não nos co-
nhece, porque não o tem conhecido.
2. Amados, já somos agora filhos de Deus,
mas ainda não foi revelado o que seremos.
Mas sabemos que, quando ele for revelado,
seremos semelhantes a ele, porque o vere-
mos como ele é.
3. E todo aquele que tem esta esperança
nele, purifica-se a si mesmo, assim como ele
é puro.
4. Todo aquele que pratica o pecado, tam-
bém pratica a ilegalidade. E o pecado é a
ilegalidade.
5. E vocês sabem que ele foi revelado para
que removesse os nossos pecados. Mas nele
não há pecado.
6. Todo aquele que permanece nele não
peca. Todo aquele que peca não o tem visto,
nem conhecido.
7. Filhinhos, ninguém lhes desencaminhe!
Aquele que pratica a justiça é justo, assim
como ele é justo.
8. Aquele que comete pecado é do Calunia-
dor, porque o Caluniador peca desde o prin-
cípio. Por esta razão foi revelado o Filho de
Deus, para que desmantelasse as obras do
Caluniador.
9. Todo aquele que foi gerado por Deus não
vive na prática do pecado, porque a sua se-
mente permanece nele, e não pode pecar,
porque foi gerado por Deus.
10. Nisto se reconhecem os filhos de Deus e
os filhos do Caluniador: Todo aquele que
não estiver praticando a justiça, não é de

Deus, nem aquele que não estiver amando a
seu irmão.
11. Porque esta é a mensagem que ouviram
desde o princípio: Que nos amemos uns aos
outros.
12. Não como Caim, que era do Maligno e
assassinou a seu irmão. E por quê razão o
assassinou? Porque as suas obras eram más,
mas as de seu irmão justas.
13. Não se surpreendam, meus irmãos, se o
mundo lhes odeia.
14. Nós sabemos que temos passado da mor-
te para a vida, porque amamos aos irmãos.
Aquele que não está amando a seu irmão
permanece na morte.
15. Todo aquele que odeia a seu irmão é
assassino. E vocês sabem que nenhum assas-
sino tem a vida eterna permanente nele.
16. Nisto chegamos a conhecer o amor: Em
ter ele entregue a sua vida por nós. E nós
devemos entregar nossas vidas pelos irmãos.
17. Mas, se alguém tiver recursos deste
mundo e percebe que seu irmão passa por
necessidade, e fecha os seus sentimentos
para com ele, como o amor de Deus perma-
nece nele?
18. Meus filhinhos, não amemos com a pala-
vra, nem com a língua, mas com a ação e
com a verdade.
19. E nisto sabemos que somos da verdade, e
sossegaremos diante dele nossos corações,
20. Que, se o nosso coração nos condena,
Deus é maior que o nosso coração, e sabe
tudo.
21. Amados, se o nosso coração não nos
condena, temos ousadia para com Deus,
22. E tudo que pedirmos, receberemos dele,
porque guardamos os seus mandamentos e
praticamos o que é agradável diante dele.
23. E este é o seu mandamento: Que creia-
mos no nome de seu Filho Jesus Ungido, e
amemos uns aos outros, assim como ele nos
concedeu mandamento.
24. E aquele que guarda os seus mandamen-
tos permanece nele, e ele nele. E nisto sabe-
mos que ele permanece em nós, pelo Espíri-
to que ele nos tem concedido.
I João
4.
1. Amados, não dêem crédito a qualquer
espírito, mas examinem os espíritos, se são
de Deus. Porque muitos pseudoprofetas
saíram pelo mundo afora.
2. Nisto conheçam o Espírito de Deus:
Todo espírito que confessa que Jesus Ungido
veio na carne é de Deus.
3. E todo espírito que não confessa que
Jesus Ungido veio na carne não é de Deus,
mas este é o do anticristo, do qual ouviram
que vem, e já agora está no mundo.
4. Vocês são de Deus, filhinhos, e os vence-
ram, porque mais poderoso é o que está em
vocês do que aquele que está no mundo.
5. Eles são do mundo, por isso falam daqui-
lo que é do mundo, e o mundo os ouve.
6. Nós somos de Deus. Aquele que conhece
a Deus nos ouve. Aquele que não é de Deus
não nos ouve. Por este critério reconhece-
mos o espírito da verdade e o espírito do
embuste.
7. Amados, amemo-nos uns aos outros,
porque o amor é de Deus, e todo o que ama
foi gerado por Deus, e conhece a Deus.
8. Aquele que não ama não tem conhecido
a Deus, porque Deus é amor.
9. Nisto foi manifestado o amor de Deus
para conosco: Que Deus enviou o seu Filho
unigênito ao mundo, para que vivêssemos
por meio dele.
10. Nisto consiste o amor, não em que nós
tenhamos amado a Deus, mas em que ele
nos amou, e enviou a seu Filho como propi-
ciação pelos nossos pecados.
11. Amados, já que Deus assim nos amou,
devemos nós também nos amar uns aos ou-
tros.
12. Ninguém jamais viu a Deus. Se nos a-
marmos uns aos outros, Deus reside em nós,
e o seu amor é aperfeiçoado em nós.
13. Nisto sabemos que permanecemos nele,
e ele em nós, pelo Espírito que ele nos tem
dado.
14. E temos visto e testemunhamos que o Pai
enviou o Filho como Salvador do mundo.
28
I João
15. Todo aquele que confessa que Jesus é o
Filho de Deus, nele Deus permanece, e ele
em Deus.
16. E temos compreendido e crido no amor
que Deus tem para conosco. Deus é amor, e
aquele que permanece no amor, permanece
em Deus e Deus nele.
17. Nisto tem sido aperfeiçoado o amor em
nós, para que tenhamos ousadia no dia do
julgamento, porque assim como ele é, tam-
bém nós estamos neste mundo.
18. No amor não existe medo, mas o amor
perfeito lança fora o medo, porque o medo
produz tormento, e aquele que teme não tem
sido aperfeiçoado no amor.
19. Nós o amamos porque ele nos amou
primeiro.
20. Se alguém disser: “Amo a Deus”, mas
odiar a seu irmão, é mentiroso. Porque aque-
le que não amar a seu irmão, a quem tem
visto, como amaria a Deus, a quem não tem
visto?
21. E este mandamento temos dele, que a-
quele que amar a Deus, ame também a seu
irmão.
5.
1. Todo aquele que crer que Jesus é o Un-
gido foi gerado por Deus, e todo aquele que
amar ao que o gerou, também ama aquele
que foi gerado por ele.
2. Por este critério sabemos que amamos os
filhos de Deus, se amarmos a Deus e guar-
darmos os seus mandamentos.
3. Porque este é o amor de Deus, que guar-
demos os seus mandamentos. E seus man-
damentos não são penosos.
4. Porque todo aquele que foi gerado por
Deus vence o mundo. E esta é a vitória que
vence o mundo: A nossa fé.
5. Quem é aquele que vence o mundo, a
não ser o que crê que Jesus é o Filho de
Deus?
6. Este é o que veio por meio de água e de
sangue, Jesus Ungido. Não somente por
água, mas por água e sangue. E o Espírito é
o que testifica, porque o Espírito é a verda-
de.
29
7. Porque são três os que testificam no Céu:
o Pai, o Verbo594, e o Espírito Santo. E estes
três são um.
8. E são três os que testificam sobre a Ter-
ra: o Espírito, e a água, e o sangue. E os três
são unânimes.
9. Se aceitamos o testemunho de homens, o
testemunho de Deus é superior. Porque este
é o testemunho de Deus que ele testificou a
respeito de seu Filho:
10. Quem crê no Filho de Deus, tem o teste-
munho nele. Quem não crê a Deus, o fez
passar por mentiroso. Porque não tem crido
no testemunho que Deus testemunhou a
respeito de seu Filho.
11. E este é o testemunho, que Deus nos deu
a vida eterna. E esta vida está no seu Filho.
12. Aquele que tem o Filho tem a vida. A-
quele que não tem o Filho de Deus não tem a
vida.
13. Escrevi-lhes isto, aos que crêem no nome
do Filho de Deus, para que saibam que têm a
vida eterna, e para que creiam no nome do
Filho de Deus.
14. E esta é a ousadia que temos para com
ele, que, se pedirmos algo, de acordo com a
sua vontade, ele nos ouve.
15. E, se sabemos que ele nos ouve em tudo
o que pedirmos, sabemos que alcançamos as
petições que pedimos dele.
16. Se alguém vir a seu irmão cometer peca-
do, não para a morte, pedirá, e ele lhe dará
vida, aos que não pecarem para a morte. Há
pecado para a morte, pelo qual não digo que
rogue.
17. Toda a injustiça é pecado, mas há pecado
não para a morte.
18. Sabemos que todo aquele que foi gerado
por Deus não peca. Mas aquele que é gerado
por Deus se guarda, e o Maligno não lhe
toca.
19. Sabemos que somos de Deus, e que o
mundo todo é mantido na sujeição ao Ma-
ligno.
20. E sabemos que o Filho de Deus veio e
nos deu entendimento para que conhecêsse-
mos o Verdadeiro. E estamos no Verdadeiro,
594
Logos: a Palavra.
 I João
no seu Filho Jesus Ungido. Ele é o Deus 21. Filhinhos, guardem-se dos ídolos! A-
verdadeiro e a vida eterna. mém.

29
II João
A SEGUNDA CARTA DO APÓSTOLO
JOÃO
1. O ancião, à senhora seleta e a seus filhos,
aos quais amo na verdade, e não eu somente,
mas também todos os que têm conhecido a
verdade,
2. Devido à verdade que permanece em
nós, e estará conosco para sempre.
3. Estejam conosco a graça, a misericórdia,
e a paz, de Deus Pai, e do Senhor Jesus Un-
gido, o Filho do Pai, na verdade e no amor.
4. Alegrei-me profundamente ter encontra-
do os seus filhos andando na verdade, de
acordo com o mandamento que recebemos
do Pai.
5. E agora eu lhe solicito, senhora, não o
escrevo como mandamento novo, mas como
o que tivemos desde o princípio: Que nos
amemos mutuamente.
6. E este é o amor: Que andemos segundo
os seus mandamentos. Este é o mandamento,
como ouviram desde o princípio, para que
andassem nele.
7. Porque surgiram muitos sedutores no
mundo, aqueles que não confirmam Jesus
Ungido como tendo vindo na carne. Este é o
sedutor e o anticristo.
8. Tomem cuidado para não perdermos o
que realizamos, mas recebamos recompensa
completa.
9. Todo aquele que transgride e não per-
manece no ensinamento do Ungido, não tem
Deus. Aquele que permanece no ensinamen-
to do Ungido, esse tem tanto o Pai quanto o
Filho.
10. Se alguém se dirigir a vocês e não trans-
mitir este ensinamento, não o recebam em
casa, nem digam “olá” ao mesmo.
11. Porque aquele que lhe diz: “olá!”, parti-
cipa de suas obras más.
12. Tendo muito que lhes escrever, não que-
ria fazê-lo com papel e tinta, mas espero
visitá-los, e falar face a face, para que a nos-
sa alegria seja completa.
13. Os filhos de sua seleta irmã lhe saúdam.
Amém.

A TERCEIRA CARTA DO APÓSTOLO
JOÃO
1. O ancião, ao amado Gaio, a quem amo
na verdade.
2. Amado, desejo-lhe em tudo que prospere
e tenha saúde, assim como prospera a sua
alma.
3. Porque alegrei-me profundamente na
vinda dos irmãos, e no seu testemunho da
sua verdade, assim como você anda na ver-
dade.
4. Não tenho maior alegria do que esta, de
ouvir que os meus filhos andam na verdade.
5. Amado, você executa fielmente as suas
obrigações para com os irmãos e para com
os desconhecidos,
6. Que testificaram do seu amor diante da
Convocação os quais você fará bem se a-
companhá-los na viagem, de um modo digno
de Deus.
7. Porque partiram pelo seu Nome, sem
cobrar nada dos povos.
8. Nós, pois, devemos acolher a estes, para
nos tornarmos colaboradores da verdade.
III João
9. Tenho escrito à Convocação mas Diótre-
fes, que ama a preeminência entre eles, não
nos recebe.
10. Por esta razão, quando for, trarei à me-
mória dele as obras que pratica com palavras
maliciosas, falando bobagens contra nós, e
não se contentando com isto, ele mesmo não
recebe os irmãos, e proíbe aos que desejam
fazê-lo, e os expulsa da Convocação.
11. Amado, não imite o mal, mas o bem.
Aquele que praticar o bem é de Deus, mas
aquele que praticar o mal não tem visto a
Deus.
12. Todos testificam de Demétrio, e a pró-
pria verdade, e também nós testemunhamos,
e vocês sabem que o nosso testemunho é
verdadeiro.
13. Teria muito que lhe escrever, mas não
quero escrever-lhe com pena e tinta,
14. Mas espero ver-lhe em breve e falaremos
face a face.
15. A paz esteja com você! Os amigos lhe
saúdam! Saúde os amigos por nome.
Judas
A CARTA DE
JUDAS
1. Judas, servo de Jesus Ungido, e irmão de
Tiago, aos santificados em Deus Pai e con-
vidados, guardados por Jesus Ungido.
2. Sejam-lhes multiplicados a misericórdia,
e a paz, e o amor!
3. Amados, quando empreendi toda a dili-
gência para escrever-lhes a respeito da sal-
vação comum, senti-me obrigado a escrever-
lhes, encorajando-os para batalharem inten-
samente pela fé uma vez entregue aos san-
tos.
4. Porque infiltraram-se certas pessoas, as
quais desde há muito têm sido designadas
para esta condenação, pessoas irreverentes,
convertendo a graça de nosso Deus em de-
vassidão, e negando o único Deus Soberano
e nosso Senhor Jesus Ungido.
5. Mas quero lembrar-lhes, sabendo uma
vez por todas isto, que, o Senhor, tendo res-
gatado o povo da Terra do Egito, na segunda
vez destruiu os descrentes.
6. E os anjos que não guardaram o seu es-
tado primevo595, mas abandonaram a sua
própria habitação, ele reservou no negrume
em algemas eternas para o juízo do Grande
Dia.
7. Assim como Sodoma e Gomorra, e as
cidades circunvizinhas, de forma semelhante
entregaram-se ao sexo ilícito, e, indo atrás
de outra carne, são postos como exemplo,
sofrendo a penalidade do fogo eterno.
8. Semelhantemente também estes sonha-
dores, mancham a carne, desprezam as auto-
ridades, e falam mal de dignidades.
9. Mas o arcanjo596 Miguel, quando dispu-
tava com o Caluniador, discutindo sobre o
corpo de Moisés, não ousou decretar senten-
ça difamatória sobre ele, mas disse: “O Se-
nhor lhe repreenda!”
595
O seu estado original, sem pecado, na presença
de Deus.
596
Arcaggelov (archaggelos): arcanjo, anjo
principal.
10. Estes, porém, falam mal de tudo que não
têm entendimento. E aquilo que conhecem
pelo curso da natureza, como os animais
irracionais, compreendem, e nisto se cor-
rompem.
11. Ai deles! Porque seguiram no caminho
de Caim, e correram atrás do lucro no erro
de Balaão, e pereceram na rebelião de Coré.
12. Estes são recifes ocultos nas suas festas
de amor, comemorando com vocês sem
recato, pastoreando-se a si mesmos, nuvens
sem água levadas pelo vento, árvores de
outono, infrutíferas, duplamente mortas,
desarraigadas;
13. Ondas bravias do mar, espumando suas
próprias vergonhas; estrelas errantes, para os
quais foi reservado o negrume da escuridão
para sempre.
14. A respeito dos quais profetizou o sétimo
desde Adão, Enoque, dizendo: “Eis o Senhor
vindo no meio de miríades de seus santos,
15. Para executar o juízo sobre todos, e para
convencer a todos os irreverentes dentre
eles de todas as suas obras ímpias que impi-
amente praticaram, e de todas as palavras
duras que pecadores ímpios falaram contra
ele”597.
16. Estes são murmuradores, queixosos,
andando nas suas próprias paixões, e com a
sua boca fazem grande alarde, adulando
pessoas por amor ao lucro.
17. Mas vocês, amados, lembrem-se dos
discursos anteriormente feitos pelos apósto-
los de nosso Senhor Jesus Ungido,
18. Que lhes diziam, que no último tempo
haverá zombadores, andando segundo suas
cobiças irreverentes.
597
O livro de Enoque não faz parte do Cânone
Bíblico, mas no momento em que uma passa-
gem é citada em um livro inspirado, a mesma
faz parte da Palavra de Deus.
 Judas
19. Estes são os que provocam divisões,
psíquicos598, que não têm o Espírito.
20. Mas vocês, amados, edificando-se na sua
fé santíssima, orando no Espírito Santo,
21. Mantenham-se no amor de Deus, aguar-
dando a misericórdia de nosso Senhor Jesus
Ungido para a vida eterna.
22. E tenham compaixão de alguns, que
estão analisando criticamente,
23. Mas outros salvem do fogo, resgatando-
os com medo, abominando a túnica mancha-
da pela carne.
24. Mas àquele que é poderoso de guardá-
los, sem tropeço, e de apresentá-los diante
de sua glória imaculados599 com exultação,
25. Ao único Deus sábio, nosso Salvador:
Glória e majestade, domínio e autoridade,
tanto agora quanto em todas as eras. Amém.

598
Qucikoi (psíquico): Pessoas dominadas pela
sua psique: intelecto, vontade e sentimento, ao
invés de pelo Espírito Santo e a Palavra de
Deus.
599
αµ
́ ωµος
(amomos): sem mancha.
Apocalipse
A REVELAÇÃO DE JESUS CRISTO
1.
1. A Revelação de Jesus Ungido, que Deus
lhe deu, para mostrar aos seus servos o que
deve acontecer em breve. E comunicou-a,
enviando-a por intermédio de seu anjo, ao
seu servo João:
2. O qual testificou da Palavra de Deus, e
do testemunho de Jesus Ungido, bem como
de tudo quanto tem visto.
3. Bem-aventurado aquele que estiver len-
do, e aqueles que estiverem ouvindo as pala-
vras desta profecia, e estiverem guardando o
que nela tem sido escrito! Porque o tempo
está próximo.
4. João, às sete Convocações da Ásia: Gra-
ça a vocês, e paz, daquele que é, e que era, e
que há de vir, e dos sete espíritos que estão
diante do seu trono,
5. E de Jesus Ungido, a testemunha fiel, o
primogênito dentre os mortos, e o coman-
dante dos reis da Terra. Ao que nos tem
amado e tem lavado dos nossos pecados no
seu sangue,
6. E nos tem feito reis e sacerdotes diante
de Deus e seu Pai: A ele a glória e o domínio
pelas eras das eras! Amém.
7. Eis que vem com as nuvens, e todo o
olho o verá, até mesmo os que o transpassa-
ram. E todas as tribos da Terra se lamentarão
por motivo dele. Verdadeiramente, Amém!
8. “Eu sou o A e o W600, o princípio e o
fim”, diz o Senhor, que é, que era, e que há
de vir, o Todo-Poderoso.
9. Eu, João, que também sou seu irmão e
companheiro nas tribulações, e no reino, e
na paciência de Jesus Ungido, encontrava-
me na ilha chamada Patmos, devido à Pala-
600
Leia-se: Alfa (a, A) e Ômega (ω, Ω), que são
respectivamente a primeira e a última letra do
alfabeto grego. As letras não foram escritas por
extenso. No nosso alfabeto ele teria dito: “Eu
sou o A e o Z”. Sinal de que João deve ter es-
crito em grego e Jesus ter falado com ele em
grego.
vra de Deus, e devido ao testemunho de
Jesus Ungido.
10. Estive em espírito no Dia do Senhor, e
ouvi atrás de mim uma forte voz, como de
trombeta,
11. Dizendo: “Eu sou o A e o W601, o primei-
ro e o último, e o que você vê, escreva num
livro, e envie-o às sete Convocações na Á-
sia: A Éfeso, e a Esmirna, e a Pérgamo, e a
Tiatira, e a Sardes, e a Filadélfia, e a Laodi-
céia”.
12. E voltei-me para ver a voz que falava
comigo, e, voltando-me, vi sete castiçais de
ouro,
13. E no meio dos sete castiçais alguém co-
mo o Filho Humano602, vestido até aos pés, e
cingido com um cinto de ouro no seu peito.
14. E sua cabeça e seus cabelos eram bran-
cos como a lã, brancos como a neve, e os
seus olhos como chama de fogo,
15. E seus pés como cobre lustroso, como
candentes na fornalha, e sua voz como o
marulhar de muitas águas.
16. E segurava na sua mão direita sete estre-
las, e de sua boca procedia uma espada afia-
da de dois gumes, e seu rosto brilhava como
o Sol no seu poder.
17. E, quando o vi, caí como morto aos seus
pés. E ele pôs a sua mão direita sobre mim,
dizendo-me: “Não tema! Eu sou o primeiro e
o último,
18. E sou aquele que vive e estive morto,
mas eis que estou vivo pelas eras das eras,
Amém. E tenho as chaves do Hades603 e da
morte.
19. Escreva o que tem visto, e o que é, e o
que ocorrerá depois disto.
601
Ver nota de rodapé de Apocalipse 1:8.
602
Nos evangelhos Jesus é chamado de υιος του
ανθρωπου (Filho do Homem). Nesta passagem é
chamado de υιω ανθρωπου (Filho Humano).
603
Hades é o nome do deus das regiões inferiores.
No Grego Bíblico é associado a Orcus, as regi-
ões infernais, um lugar escuro e funesto, nas
próprias profundezas da Terra, destino dos es-
píritos desligados do corpo.

20. O mistério das sete estrelas que tem visto
na minha mão direita, e dos sete castiçais de
ouro é: As sete estrelas são os mensageiros
das sete Convocações, e os sete castiçais de
ouro, que tem visto, são sete Convocações.
2.
1. Ao mensageiro da Convocação efésia604
escreva: Isto diz aquele que segura as sete
estrelas na sua direita, que anda no meio dos
sete castiçais de ouro:
2. Tenho conhecido as suas obras, e o seu
trabalho, e a sua persistência, e como você
não suporta os maus, e você tem provado os
que dizem ser apóstolos, e não o são, e os
reconheceu como mentirosos.
3. E você tem suportado, e tem persistência,
e pelo meu nome trabalhou e não se cansou.
4. Tenho, porém, contra você que você
abandonou o seu primeiro amor.
5. Lembre-se, pois, de onde caiu, e arre-
penda-se, e pratique as primeiras obras! Se
não, virei a você depressa e removerei o seu
castiçal do seu lugar, se você não se arre-
pender.
6. Mas isto você tem: Que odeia as obras
dos Nicolaítas605, as quais também eu odeio.
7. Quem tem ouvido, ouça o que o Espírito
diz às Convocações! Àquele que vencer
darei de comer da árvore da vida, que está
no meio do paraíso de Deus.
8. E ao mensageiro da Convocação esmír-
nia escreva: Isto diz o primeiro e o último, o
qual esteve morto e reviveu:
604
A maioria dos tradutores escreve “de Éfeso”,
mas a palavra é um adjetivo. Algumas das igre-
jas são endereçadas com igreja + adjetivo e ou-
tras com igreja + substantivo. Nesta tradução o
original é respeitado.
605
Νικολαΐ́της (Nikolaites): composto de duas
palavras νῖκος (nikos) = vitória + λαός (laos) =
povo, que combinado poderia significar vitória
sobre o povo ou também opressores do povo.
Seria um tipo de influência ditatorial sobre o
povo? Neste caso o oposto de Laodicéia, que é o
governo do povo (democracia). Os dois extre-
mos não são convenientes.
Apocalipse
9. Conheço as suas obras, e a tribulação, e a
pobreza (mas você é rica), e a blasfêmia
daqueles que se dizem judeus, e não o são,
mas são a sinagoga do Adversário.
10. Não tema nada daquilo que você vai
sofrer! Eis que o Caluniador lançará de vo-
cês na prisão, para que sejam provados. E
vocês terão tribulação por dez dias. Seja fiel
até à morte, e eu lhe darei a coroa da vida.
11. Quem tem ouvido, ouça o que o Espírito
diz às Convocações! Aquele que vencer
jamais sofrerá dano da morte, da segunda.
12. E ao mensageiro da Convocação de Pér-
gamo escreva: Isto diz aquele que tem a
afiada espada de dois gumes:
13. Conheço as suas obras e onde você resi-
de, onde está o trono do Adversário. E você
conserva o meu nome, e não tem negado a
minha fé, mesmo nos dias em que Antipas,
minha testemunha fiel, foi morto entre vo-
cês, onde o Adversário reside.
14. Mas tenho várias questões contra você,
porque você tem os que defendem a doutrina
de Balaão, que ensinava a Balaque colocar
uma pedra de tropeço diante dos filhos de
Israel, para comerem do sacrificado aos
ídolos, e para cometerem sexo ilícito.
15. Assim você também tem os que defen-
dem a doutrina dos Nicolaítas, a qual odeio.
16. Arrependa-se, pois, senão virei a você
depressa e guerrearei contra eles com a es-
pada da minha boca.
17. Quem tem ouvido, ouça o que o Espírito
diz às Convocações! Ao que vencer darei de
comer do maná escondido, e lhe darei um
seixo606 branco, e no seixo escrito um novo
nome, que ninguém conhece a não ser aque-
le que o recebe.
18. E ao mensageiro da Convocação de Tia-
tira escreva: Isto diz o Filho de Deus, que
tem seus olhos como chama de fogo, e seus
pés como cobre lustroso:
606
qhfov (psephos): pedrinha alisada e arredon-
dada pela influência da erosão. Nos tribunais de
justiça da Antigüidade os acusados eram con-
denados por seixos pretos e absolvidos por sei-
xos brancos.
Apocalipse
19. Tenho conhecido as suas obras, e o amor, 2. Torne-se vigilante e fortaleça o remanes-
e o serviço, e a fé, e a sua persistência, e que
cente que está para morrer, porque não reco-
as suas últimas obras têm sido superiores às nheci as suas obras como íntegras diante de
primeiras. Deus.
20. No entanto tenho várias questões contra 3. Lembre-se de que forma recebeu, e ou-
você, porque você tolera a mulher Jezabel, viu, e preserve-o, e arrependa-se. Se você
que se autodenomina profetiza, a ensinar e a não vigiar, virei a você como ladrão, e você
seduzir os meus servos a cometerem sexo não saberá a que hora virei.
ilícito607 e a comerem do sacrificado aos 4. Você tem também umas poucas pessoas
ídolos. em Sardes que não mancharam suas vestes, e
21. E dei-lhe tempo para que se arrependesse andarão comigo de branco, porque são dig-
de seu sexo ilícito, mas não se arrependeu. nas.
22. Eis que a lanço no divã, e aqueles adulte-5. Aquele que vencer será vestido de vestes
rando com ela em grande tribulação, a não brancas, e não apagarei o seu nome do Livro
ser que se arrependam de seus atos608. da Vida609, e confessarei o seu nome diante
23. E ferirei de morte a seus filhos, e todas de meu Pai e diante de seus anjos.
as Convocações saberão que eu sou aquele 6. Quem tem ouvido, ouça o que o Espírito
que sonda os rins e os corações, e darei a diz às Convocações!
cada um de vocês de acordo com as suas 7. E ao mensageiro da Convocação de Fila-
obras. délfia escreva: Isto diz o Santo, o Verdadei-
24. Mas digo a vocês, e aos restantes de ro, aquele que tem a chave de Davi, que abre
Tiatira, todos os que não defendem esta e ninguém fecha, que fecha e ninguém abre:
doutrina e que não têm conhecido ‘as pro- 8. Conheço as suas obras. Eis que pus dian-
fundezas do Adversário’ (como dizem): Não te de você uma porta aberta, e ninguém pode
lhes imporei nenhum outro fardo. fechá-la, porque você tem uma pequena
25. Não obstante o que vocês têm, retenham força, e tem guardado a minha Palavra, e não
até que eu venha. tem negado o meu nome.
26. E ao que vencer e guardar as minhas 9. Eis que darei da Sinagoga do Adversário,
obras até ao fim, a ele darei autoridade sobredaqueles que dizem ser judeus e não o são,
os povos, mas mentem: Eis que os obrigarei a virem e
27. E ele os apascentará com cetro de ferro, ecaírem diante de seus pés e reconhecerem
como os vasos do oleiro serão despedaçados, que eu lhe amei.
assim como também eu tenho recebido de 10. Sendo que você guardou a palavra da
meu Pai, minha paciência, também eu lhe guardarei
28. E lhe darei a estrela da manhã. da hora da provação que sobrevirá ao mundo
29. Quem tem ouvido, ouça o que o Espírito todo, para provar os que vivem sobre a Ter-
diz às Convocações! ra.
11. Eis que venho rapidamente: Retenha o
3. que você tem, para ninguém tomar a sua
coroa.
1. E ao mensageiro da Convocação de Sar- 12. Daquele que vencer farei uma coluna no
des escreva: Isto diz o que tem os sete Espí- Templo de meu Deus, e não mais sairá de lá,
ritos de Deus e as sete estrelas: Conheço as e escreverei nele o nome de meu Deus, e o
suas obras, que você tem o nome de que
vive, mas está morto. 609
A impressão que se tem é que os nomes de
todas as pessoas estão inscritas no Livro da Vi-
da no momento de sua concepção. Chegando o
607
Pornéia = adultério, incesto, homossexualismo momento em que a pessoa definitivamente vol-
ou prostituição. ta as suas costas para Deus (com a onisciência
608
Hebreus 13:4 de Deus), seu nome é apagado do livro.
 Apocalipse
nome da cidade de meu Deus, a Nova Jeru- sardônica, e havia um arco-íris610 ao redor
salém, (que desce do Céu a partir de meu do trono, na sua aparência semelhante à
Deus), e o meu novo nome. esmeralda.
13. Quem tem ouvido, ouça o que o Espírito 4. E ao redor do trono havia vinte e quatro
diz às Convocações! tronos, e sobre os tronos vi vinte e quatro
14. E ao mensageiro da Convocação dos anciãos assentados, vestidos de trajes bran-
laodicenos escreva: Isto diz o Amém, a tes- cos, e tinham coroas de ouro nas suas cabe-
temunha fiel e verdadeira, o princípio da ças.
criação de Deus: 5. E do trono procedem raios, e trovões, e
15. Tenho conhecido as suas obras, que você vozes, e havia sete tochas de fogo acesas
não é nem frio nem quente. Oxalá você fosse diante do trono, que são os sete Espíritos de
ou frio ou quente! Deus.
16. Sendo então que você é morno, e nem 6. E diante do trono tem um mar de vidro,
frio nem quente, vomitar-lhe-ei da minha semelhante ao cristal. E no meio do trono, e
boca. ao redor do trono, quatro seres viventes
17. Porque você diz: ‘Sou rico, e enriqueci, echeios de olhos de frente e por detrás.
não tenho necessidade de nada!’ (e não sabe 7. E o primeiro ser vivente parecia-se com
que você é um lastimável, e miserável, e um leão, e o segundo ser vivente com um
pobre, e cego, e nu): bezerro, e o terceiro ser vivente tinha um
18. Aconselho-lhe a comprar de mim ouro rosto como de homem, e o quarto ser vivente
refinado no fogo, para que você se torne parecia-se com uma águia volante.
rico; e roupas brancas, para que esteja vesti-8. Cada um dos quatro seres viventes tinha
do, e não apareça a vergonha da sua nudez; e respectivamente seis asas ao redor, e esta-
colírio para ungir os seus olhos, para que vam cheios de olhos ao redor e por dentro, e
enxergue. não têm sossego nem de dia, nem de noite,
19. Eu, a todos quantos amo, admoesto e dizendo: “Santo, Santo, Santo, é o Senhor
disciplino. Seja, pois, zeloso, e arrependa-se.
Deus Todo-Poderoso, que era, e que é, e que
20. Eis que estou à porta e bato. Se alguém há de vir”.
ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei 9. E, quando os seres viventes darão glória,
para com ele e cearei com ele e ele comigo. e honra, e ações de graças ao que está assen-
21. Ao que vencer dar-lhe-ei que se assente tado sobre o trono, que vive pelas eras das
comigo no meu trono assim como eu venci e eras,
me assentei com o meu Pai no seu trono. 10. Os vinte e quatro anciãos cairão diante
22. Quem tem ouvido, ouça o que o Espírito daquele que está assentado sobre o trono, e
diz às Convocações!” adoram aquele que vive pelas eras das eras,
e lançam suas coroas diante do trono, dizen-
4. do:
11. “Digno é o Senhor de receber glória, e
1. Depois disto vi, e eis que uma porta aber- honra, e poder, porque o Senhor criou tudo,
ta no Céu. E a primeira voz, como de trom- e devido ao seu propósito existem e foram
beta, que ouvira falar comigo, dizendo: “Su- criados”.
ba para cá, e lhe mostrarei o que deve acon-
tecer depois disto”.
2. E imediatamente estive no espírito. E eis
que um trono foi estabelecido no Céu, e
alguém assentado sobre o trono.
3. E aquele que estava assentado era seme-
lhante na aparência à pedra de jaspe e de 610 Iriv (iris): Algumas pessoas querem que esteja
escrito arco celeste ou algo parecido. Aqui, po-
rém, consta íris no original.
Apocalipse
5.
1. E vi na direita daquele que estava assen-
tado sobre o trono um rolo escrito por dentro
e por fora, selado com sete selos611.
2. E vi um anjo poderoso proclamando com
voz fortíssima: “Quem é digno de abrir o
rolo e de romper612 os seus selos?”
3. E ninguém, nem no Céu, nem sobre a
Terra, nem debaixo da terra, era capaz de
abrir o rolo, nem mesmo de decifrá-lo613.
4. E eu chorava muito, por ninguém ter sido
encontrado digno de abrir e ler o rolo, nem
decifrá-lo.
5. E um dos anciãos me diz: “Não chore!
Eis que o leão da tribo de Judá, a raiz de
Davi, venceu para abrir o rolo e romper os
seus sete selos”.
6. E vi, e eis que no meio do trono e dos
quatro seres viventes, e no meio dos anciãos,
um Cordeiro em pé, como se tivesse sido
sacrificado, tendo sete chifres e sete olhos,
que são os sete Espíritos de Deus enviados
ao mundo todo.
7. E veio e tomou o rolo da direita daquele
que está assentado sobre o trono.
8. E, quando tomou o rolo, os quatro seres
viventes e os vinte e quatro anciãos prostra-
ram-se diante do Cordeiro, tendo cada um
deles harpas e salvas de ouro cheias de in-
censos, que são as orações dos santos.
9. E cantam um novo cântico, dizendo: “O
Senhor é digno de tomar o rolo, e de romper
os seus selos, porque foi sacrificado e nos
611
Selo: Autenticação e fecho de um documento
oficial em cera ou lacre, com a insígnia oficial
pressionada nele.
612
Romper: Quebrar o selo com a autorização de
ser o destinatário ou competente de fazê-lo.
613
O sentido primário de βλέπω é “ver” com o
olho humano. Só que no contexto sabemos que
João já havia visto o rolo, portanto ficaria difícil
entender como ele agora diz que ninguém podia
vê-lo. Um dos sentidos secundários da palavra é
“decifrar”. Sendo que o sentido primário da pa-
lavra contradiz o contexto preferiu-se em usar
um dos sentidos secundários.
comprou com o seu sangue para Deus, de
toda tribo, e língua, e povo, e etnia,
10. E nos fez reis e sacerdotes para o nosso
Deus, e reinaremos sobre a Terra!”614.
11. E vi, e ouvi a voz de muitos anjos ao
redor do trono, e dos seres viventes, e dos
anciãos, e seu número era de miríades de
miríades, e milhares de milhares,
12. Dizendo em alta voz: “Digno é o Cordei-
ro, que foi sacrificado, de receber: Poder, e
riquezas, e sabedoria, e força, e honra, e
glória, e louvor”.
13. E toda criatura que está no Céu, e sobre a
Terra, e debaixo da terra, e que está no mar,
e tudo o que neles há, ouvi dizendo: “Ao que
está assentado sobre o trono e ao Cordeiro:
O louvor, e a honra, e a glória, e o poder,
pelas eras das eras!”.
14. E os quatro seres viventes diziam: “A-
mém!” E os vinte e quatro anciãos prostra-
ram-se e adoraram ao que vive pelas eras das
eras.
6.
1. E vi quando o Cordeiro rompeu um dos
selos, e ouvi um dos quatro seres viventes
dizendo, como com voz de trovão: “Venha e
veja!”
2. E vi, e eis um cavalo branco, e o que nele
está assentado tinha um arco. E foi-lhe dada
uma coroa, e saiu vencendo e para vencer.
3. E, ao romper o segundo selo, ouvi o
segundo ser vivente dizendo: “Venha e ve-
ja!”
4. E saiu outro cavalo, vermelho, e ao que
nele se assentava foi-lhe dado tirar a paz da
Terra, e para que se matassem uns aos ou-
tros. E foi-lhe dada uma grande espada.
5. E, ao romper o terceiro selo, ouvi o ter-
ceiro ser vivente dizendo: “Venha e veja!” E
vi, e eis um cavalo preto, e o que nele se
assentava tinha uma balança na sua mão.
614
Sendo que os vinte e quatro anciãos cantam
que foram comprados com o sangue do Cordei-
ro, eles são representantes humanos diante do
trono de Deus. Teria o arrebatamento, portanto,
já ocorrido e eles agora representam os salvos
arrebatados?

6. E ouvi uma voz do meio dos quatro seres
viventes, dizendo: “Um quênico615 de trigo
por um denário616 e três quênicos de ceva-
da617 por um denário. Mas não defraude o
azeite e o vinho!”
7. E, ao romper o quarto selo, ouvi a voz do
quarto ser vivente dizendo: “Venha e veja!”
8. E vi, e eis um cavalo lívido618, e o que
nele se assentava, cujo nome era “Morte”, e
o Hades o seguia. E foi-lhes dado autoridade
sobre um quarto da Terra, para matar pela
espada, e pela fome, e pela morte, e pelas
bestas-feras da terra.
9. E, ao romper o quinto selo, vi debaixo do
altar as almas dos que haviam sido mortos619
devido à Palavra de Deus, e devido ao tes-
temunho que mantinham.
10. E clamavam em alta voz, dizendo: “Até
quando, ó Soberano, Santo e Verdadeiro,
não julga e vinga o nosso sangue naqueles
que residem sobre a Terra?”
11. E a cada um deles foram dadas estolas
brancas, e foi-lhes dito que repousassem
ainda por pouco tempo, até também comple-
tar-se o número de seus conservos e seus
irmãos, prestes a serem mortos assim como
eles.
12. E vi, ao romper o sexto selo, e eis acon-
teceu um grande terremoto, e o Sol se tornou
preto como um saco de crina620, e a Lua
tornou-se como sangue,
615
coinix (choinix): uma medida seca contendo
quatro cotylae ou dois setarii (em torno de um
litro). Também era a oitava parte de um modi-
us. Um quênico era a quantidade diária de co-
mida para uma pessoa moderada.
616
Denário: Moeda da época, equivalente ao
salário de um dia de trabalho braçal. Neste caso
o preço do produto é oito vezes superior ao que
era comum. Haverá, portanto, grande escassez
e/ou inflação. A pessoa trabalhará um dia intei-
ro somente pela comida do dia.
617
Cevada: com o salário de um dia poderia com-
prar mais cevada do que trigo, para alimentar
três pessoas.
618
Lívido: cor de contusões e morte.
619
Abater: como se mata um animal no matadou-
ro.
620
Saco de crina: um saco feito de algum tipo de
cabelo.
Apocalipse
13. E as estrelas do céu caíram sobre a Terra,
como a figueira lança de si os seus figos
temporões, quando balançada por forte ven-
to.
14. E o céu desapareceu como um rolo sendo
enrolado, e todos os montes e todas as ilhas
foram deslocados de seus lugares.
15. E os reis da Terra, e os magnatas, e os
ricos, e os quiliarcos621, e os poderosos, e
todo servo, e todo livre, esconderam-se nas
grutas e nos rochedos das montanhas,
16. E dizem às montanhas e aos penhascos:
“Caiam sobre nós e escondam-nos do rosto
daquele que se assenta sobre o trono, e da ira
do Cordeiro!
17. Porque chegou o grande dia da ira deles,
e quem poderá subsistir?”
7.
1. E depois disto vi quatro anjos parados
nos quatro cantos da Terra, retendo os quatro
ventos da Terra, para que não soprasse ne-
nhum vento sobre a Terra, nem sobre o mar,
nem sobre qualquer árvore.
2. E vi outro anjo subindo do lado do Sol
Nascente622, tendo o selo do Deus vivo. E
bradou em alta voz aos quatro anjos, aos
quais fora dado causar dano à Terra e ao
mar,
3. Dizendo: “Não causem dano à Terra,
nem ao mar, nem às árvores, até que tenha-
mos selado nas suas frontes os servos de
nosso Deus!”
4. E ouvi o número dos selados: Cento e
quarenta e quatro mil selados, de todas as
tribos dos Filhos de Israel.
5. Da tribo de Judá: Doze mil selados; da
tribo de Rúben: Doze mil selados; da tribo
de Gade: Doze mil selados;
6. Da tribo de Aser: Doze mil selados; da
tribo de Naftali: Doze mil selados; da tribo
de Manassés: Doze mil selados;
621
Ciliarcos (chiliarchos): comandante duma
quiliarquia (formação de 1024 homens).
622
Nascer do sol = Leste
Apocalipse
7. Da tribo de Simeão: Doze mil selados; da
tribo de Levi: Doze mil selados; da tribo de
Issacar: Doze mil selados;
8. Da tribo de Zebulom: Doze mil selados;
da tribo de José: Doze mil selados; da tribo
de Benjamin: Doze mil selados.
9. Depois disto vi, e eis uma grande multi-
dão, que ninguém podia contar, de todos os
povos, e tribos, e etnias, e línguas, parados
diante do trono, e diante do Cordeiro, vesti-
dos de estolas brancas e palmas623 nas suas
mãos.
10. E clamavam em alta voz, dizendo: “Sal-
vação ao que está assentado sobre o trono,
nosso Deus, e ao Cordeiro!”
11. E todos os anjos estavam parados ao
redor do trono, e dos anciãos, e dos quatro
seres viventes, e lançaram-se em rosto diante
do trono e adoraram a Deus,
12. Dizendo: “Amém! Louvor, e glória, e
sabedoria, e ação de graças, e honra, e poder,
e força, ao nosso Deus, pelas eras das eras!
Amém”.
13. E um dos anciãos tomou a palavra, di-
zendo-me: “Estes, vestidos de estolas bran-
cas, quem são, e de onde vieram?”
14. E eu lhe disse: “Senhor, o senhor o sa-
be”. E ele me disse: “Estes são os que têm
saído da grande tribulação, e lavaram as suas
estolas, e alvejaram as suas estolas no san-
gue do Cordeiro.
15. Por isso estão diante do Trono de Deus e
o servem de dia e de noite no seu Templo. E
aquele que está assentado sobre o trono ha-
bitará624 com eles.
16. Jamais passarão fome, nem jamais terão
sede, também não arderá o Sol sobre eles,
nem qualquer ardor.
17. Porque o Cordeiro, no meio do trono, os
apascentará, e os guiará às fontes de águas
vivas, e Deus enxugará dos seus olhos toda
lágrima.”
623
Palmas: folhas de palmeiras que simbolizam
vitória e martírio.
624
Skhnwsei (skenosei): A palavra é um verbo
inexistente em português que seria “tabernacu-
lar”.
8.
1. E, ao romper o sétimo selo, houve silên-
cio no Céu por aproximadamente meia hora.
2. E vi os sete anjos, que estavam parados
diante de Deus, e foram-lhes entregues sete
trombetas.
3. E outro anjo veio e parou junto ao altar,
tendo um incensário de ouro. E foi-lhe dado
muito incenso, para oferecê-lo sobre o altar
de ouro diante do trono, junto com as ora-
ções de todos os santos.
4. E a fumaça do incenso, junto com as
orações dos santos, subiu da mão do anjo
para a presença de Deus.
5. E o anjo tomou o incensário, e o encheu
com fogo do altar, e lançou-o sobre a Terra:
E aconteceram vozes, e trovões, e relâmpa-
gos, e um terremoto.
6. E os sete anjos, tendo as sete trombetas,
prepararam-se para tocar.
7. E o primeiro anjo tocou, e houve granizo
e fogo misturado com sangue, e foram lan-
çados sobre a Terra: E um terço das árvores
foi queimada, e toda a erva verde foi quei-
mada.
8. E o segundo anjo tocou, e algo como
uma grande montanha ardendo em chamas
foi lançado no mar. E um terço do mar trans-
formou-se em sangue625.
9. E um terço das criaturas do mar que
tinha vida morreu. E um terço dos navios foi
destruído.
10. E o terceiro anjo tocou, e caiu uma gran-
de estrela do céu, queimando como uma
tocha, e caiu sobre um terço dos rios e sobre
as fontes de águas.
11. E o nome da estrela se chama Absinto626,
e um terço transformou-se em absinto. E
muitas pessoas morreram das águas, porque
tornaram-se amargas.
625
Aima (aima): pode significar sangue ou algo
parecido ao sangue, como suco de uva.
626
Planta herbácea aromática que contém essência
amarga e tóxica de uma altura aproximada de
meio metro.

12. E o quarto anjo tocou, e foram golpeados
um terço do Sol, um terço da Lua, e um
terço das estrelas. De sorte que um terço
deles foi escurecido, e durante o dia não
brilhava um terço deles e igualmente de
noite.
13. E vi, e ouvi um anjo voando pelo meio
do céu, dizendo em alta voz: “Ai, ai, ai, dos
moradores da Terra, devido aos outros sons
de trombeta dos três anjos que ainda toca-
rão!”
9.
1. E o quinto anjo tocou, e vi uma estrela
cair do céu sobre a Terra: E foi-lhe dada a
chave do poço do abismo627.
2. E abriu o poço do abismo, e subiu fuma-
ça do poço, como a fumaça de uma grande
fornalha. E o Sol e o ar foram escurecidos
pela fumaça do poço.
3. E da fumaça apareceram gafanhotos
sobre a Terra, e foi-lhes dado autoridade,
como a autoridade dos escorpiões da Terra.
4. E foi-lhes ordenado para que não feris-
sem a erva da Terra, nem qualquer verdura,
nem árvore alguma, mas somente as pessoas
que não têm o selo de Deus nas suas frontes.
5. Mas foi-lhes dado para que não os ma-
tassem, mas que os atormentassem por cinco
meses. E o seu tormento era como o tormen-
to de um escorpião quando ferroa uma pes-
soa.
6. E naqueles dias as pessoas procurarão a
morte, porém não a acharão. E desejarão
morrer, mas a morte fugirá deles.
7. E a aparência dos gafanhotos era seme-
lhante a cavalos aparelhados para a guerra. E
nas suas cabeças havia coroas parecidas ao
ouro, e seus rostos eram como rostos huma-
nos.
8. E tinham cabelos como cabelos de mu-
lheres, e seus dentes eram como os de leões.
9. E tinham peitorais628, como peitorais de
ferro. E o barulho de suas asas era como o
627
Abussou (abussou): Abertura para um poço
cuja profundidade é desconhecida, de tão pro-
fundo que é. A = sem; bismo = fundo.
Apocalipse
barulho de carruagens de muitos cavalos
correndo para o combate.
10. E têm caudas parecidas com as dos es-
corpiões, e ferrões nas suas caudas, e neles
autoridade para ferir as pessoas por cinco
meses.
11. E têm um rei sobre si, o anjo do abismo,
cujo nome em hebraico é Abaddon629, e em
grego tem o nome de Apollyon630.
12. O primeiro “ai” passou. Eis que ainda
seguem-no dois “ais”!
13. E o sexto anjo tocou, e ouvi uma voz
vinda dos quatro chifres do altar de ouro que
está diante de Deus,
14. Dizendo ao sexto anjo que tinha a trom-
beta: “Solte os quatro anjos que estão presos
junto ao grande rio Eufrates”.
15. E foram soltos os quatro anjos que havi-
am sido preparados para a hora, e o dia, e o
mês, e o ano, para matarem um terço das
pessoas.
16. E o número dos exércitos da cavalaria
era de duzentos milhões. E ouvi o seu núme-
ro.
17. E assim vi os cavalos na visão, e os que
neles montavam tendo peitorais631 incandes-
centes, e jacintinosos, e enxofrentos. E as
cabeças dos cavalos são como cabeças de
leões, e de suas bocas procede fogo, e fuma-
ça, e enxofre.
18. Por meio destes três foi morto um terço
das pessoas: Pelo fogo, e pela fumaça, e pelo
enxofre, que procediam de suas bocas.
19. Porque suas autoridades estão nas suas
bocas e nas suas caudas, porque as suas
caudas são como as de serpentes, e tinham
cabeças com as quais provocavam dano.
20. E as outras pessoas, que não foram mor-
tas por meio destas pragas, ainda assim não
se arrependeram das obras de suas mãos,
deixando de adorar os demônios, e os ídolos
628
Peitoral: parte da armadura romana que prote-
gia o peito.
629
Abaddon: mensageiro destruidor.
630
Apolluon: o destruidor.
631
Os peitorais tinham a cor do fogo ou eram
incandescentes, o jacinto, ou zircão, é usado
como material refratário, e o enxofre é usado
na fabricação de pólvora.
Apocalipse
de ouro, e de prata, e de bronze, e de pedra, 11. E ele me diz: “Você precisa ainda profe-
e de madeira, os quais não podem nem ver, tizar a respeito de muitos povos, e etnias, e
nem ouvir, nem andar. línguas, e reis”.
21. Nem se arrependeram de seus assassí-
nios, nem de suas feitiçarias632, nem de seu
sexo ilícito, nem de seus furtos. 11.
1. E foi-me dada uma cana, semelhante a
10. uma vara634, e o anjo que estava em pé, dis-
se: “Levante-se e meça o Templo de Deus, e
1. E vi outro anjo poderoso descer do Céu, o altar, e os que nele adoram.
vestido de uma nuvem, e com um arco-íris 2. Mas o átrio interior do Templo deixe de
sobre a sua cabeça, e sua face como o Sol, e lado, e não o meça, porque foi entregue aos
seus pés como pilares de fogo, povos, e pisotearão a cidade santa durante
2. E tinha na sua mão um livrinho aberto, e quarenta e dois meses.
colocou o seu pé direito sobre o mar, e o 3. E darei às minhas testemunhas que pro-
esquerdo sobre a terra, fetizem por mil duzentos e sessenta dias,
3. E clamou em alta voz, como o rugido de vestidas de saco de crina.
um leão, e ao clamar, os sete trovões falaram 4. Estes são as duas oliveiras e os dois cas-
pelo seu estrondo. tiçais parados diante do Deus da Terra.
4. E, tendo os sete trovões falado pelo seu 5. E se alguém quisê-los ferir, procede fogo
estrondo, queria escrever, mas ouvi uma voz de sua boca e devora os seus inimigos. E se
do Céu dizendo-me: “Sele o falado pelos alguém quisê-los ferir, assim terá que ser
sete trovões, e não o escreva!”. morto.
5. E o anjo que vi parado sobre o mar e 6. Estes têm autoridade para fechar o céu,
sobre a terra levantou sua mão para o Céu, para que não caia chuva durante os dias de
6. E jurou por aquele que vive pelas eras sua profecia, e têm autoridade sobre as á-
das eras, que criou o Céu e o que nele há, e a guas, para transformá-las em sangue, e de
Terra e o que nela há, e o mar e o que nele golpear a Terra com diversas pragas, quantas
há, que não haverá mais tempo. vezes quiserem.
7. Mas nos dias do som do sétimo anjo, 7. E, quando tiverem concluído o seu tes-
quando estiver para tocar, se cumprirá o temunho, a besta-fera, que sobe do abismo,
mistério633 de Deus, como anunciou a Boa fará guerra contra eles, e os vencerá, e os
Mensagem a seus servos, os profetas. matará.
8. E a voz que ouvira do Céu falou nova- 8. E seus cadáveres estarão na praça da
mente comigo, e dizendo: “Vá, tome o livri- grande cidade, que espiritualmente é chama-
nho que está aberto na mão do anjo que está da de Sodoma e Egito, onde também o nosso
parado sobre o mar e a terra!”. Senhor foi crucificado.
9. E fui ao anjo, dizendo-lhe: “Dê-me o 9. E as pessoas635 dos povos, e das tribos, e
livrinho!” E ele me diz: “Tome, e coma-o! E das línguas, e das etnias, verão seus cadáve-
tornará o seu ventre amargo, mas na sua res durante três dias e meio, e não permitirão
boca será doce como o mel”.
10. E tomei o livrinho da mão do anjo e o 634
comi. E na minha boca era doce como o mel. Cana: objeto de medição semelhante ao nosso
metro, equivalente a 6 côvados ou em torno de
E, tendo-o comido, meu ventre se tornou
3 metros.
amargo. 635
Algumas traduções incluíram a palavra “algu-
mas” pessoas ou “vários” povos verão os seus
corpos. Esta palavra não se encontra no grego.
632
Pharmakeia: relacionado com drogas. Creio que os tradutores não incluíram a hipóte-
633
Mistério: o que é conhecido somente aos inici- se da televisão e não podiam imaginar o mundo
ados. todo estar assistindo aos acontecimentos.

que os seus cadáveres sejam postos em se-
pulturas.
10. E os moradores da Terra se regozijarão
sobre eles, e se alegrarão, e enviarão presen-
tes uns aos outros, porque estes, os dois
profetas, haviam atormentado os que moram
sobre a Terra.
11. E após os três dias e meio, o Espírito de
vida de Deus entrou neles, e puseram-se
sobre os seus pés, e grande temor caiu sobre
os que os assistiam.
12. E ouviram uma forte voz vinda do Céu,
dizendo-lhes: “Subam para cá!” E subiram
ao Céu, numa nuvem, e seus inimigos os
assistiam.
13. E naquele momento ocorreu um grande
terremoto, e um décimo da cidade ruiu, e no
terremoto foram mortas sete mil pessoas de
renome. E os restantes ficaram atemoriza-
dos, e deram glória ao Deus do Céu.
14. O segundo “ai” tem passado, eis que o
terceiro “ai” vem depressa.
15. E o sétimo anjo tocou, e houve fortes
vozes no Céu, dizendo: “Os reinos deste
mundo têm se tornado de nosso Senhor e de
seu Ungido, e ele reinará pelas eras das e-
ras”.
16. E os vinte e quatro anciãos, que estão
assentados nos seus tronos diante de Deus,
lançaram-se em seus rostos e adoraram a
Deus,
17. Dizendo: “Damos-lhe graças, ó Senhor
Deus Todo-Poderoso, que é, e que era, e que
há de vir, porque tem assumido o seu grande
poder, e começado a reinar.
18. E os povos se enfureceram, mas chegou
a sua ira, e o tempo de serem julgados os
mortos, e de ser dado o galardão aos seus
servos, os profetas, e aos santos, e aos que
temem o seu nome, os pequenos e os gran-
des, e para destruir os que têm destruído a
Terra”.
19. E o Templo de Deus foi aberto no Céu, e
foi vista a arca do seu testamento no seu
Templo, e houve relâmpagos, e vozes, e
trovões, e um terremoto, e grande granizo.
Apocalipse
12.
1. E viu-se um grande sinal no céu: Uma
mulher vestida do Sol, e a Lua debaixo de
seus pés, e sobre a sua cabeça uma coroa de
doze estrelas.
2. E, estando grávida, gritava em dores de
parto, sofrendo ao dar à luz.
3. E apareceu outro sinal no céu. E eis um
grande dragão vermelho, tendo sete cabeças
e dez chifres, e sete diademas sobre as suas
cabeças.
4. E sua cauda arrasta um terço das estrelas
do céu e as lançou sobre a Terra. E o dragão
chegou diante da mulher, que estava para dar
à luz, para que, dando ela à luz, devorasse o
seu filho.
5. E deu à luz a um filho homem, que está
para governar todos os povos com cetro de
ferro. E seu filho foi arrebatado para Deus e
para o seu trono.
6. E a mulher fugiu para o deserto, onde
tem um lugar preparado por Deus, para que
ali a alimentassem por um mil duzentos e
sessenta dias.
7. E houve guerra no Céu: Miguel e seus
anjos guerreavam contra o dragão, e o dra-
gão e seus anjos guerreavam.
8. Mas não prevaleceram. O seu lugar tam-
bém não foi mais encontrado no Céu.
9. E foi precipitado o grande dragão, essa
velha serpente, chamado de “Caluniador” e
“Adversário”, que engana o mundo todo. Ele
foi precipitado sobre a Terra, e seus anjos
foram precipitados junto com ele.
10. E ouvi uma forte voz dizendo no Céu:
“Agora chegou a salvação, e o poder, e o
reino de nosso Deus, e a autoridade de seu
Ungido, porque o acusador de nossos irmãos
foi derrubado, que os acusava diante de nos-
so Deus de dia e de noite.
11. E eles o venceram pelo sangue do Cor-
deiro, e pela palavra de seu testemunho, e
não amaram as suas vidas até à morte.
12. Por isso regozijem-se ó Céus, e vocês
que neles residem. Ai dos moradores da
Terra e do mar! Porque o Caluniador desceu
Apocalipse
a vocês com grande ira, sabendo que tem
pouco tempo.
13. E quando o dragão percebeu que fora
precipitado sobre a Terra, perseguiu a mu-
lher que dera à luz ao homem.
14. E foram dadas à mulher duas asas de
grande águia, para que voasse para o deser-
to, ao seu lugar, ali onde é alimentada por
um tempo, e tempos, e meio tempo, distante
da face da serpente.
15. E a serpente lançou de sua boca água
como um rio atrás da mulher, para que fosse
levada pela enxurrada.
16. Mas a terra ajudou a mulher, e a terra
abriu a sua boca e engoliu a enxurrada que o
dragão lançara de sua boca.
17. E o dragão se enfureceu contra a mulher,
e foi fazer guerra contra o remanescente de
sua descendência, que guardam os manda-
mentos de Deus, e têm o testemunho de
Jesus Ungido.
13.
1. E parei sobre a areia do mar, e vi surgir
do mar uma besta-fera636, tendo sete cabeças
e dez chifres, e sobre os seus chifres dez
diademas, e sobre suas cabeças o nome da
blasfêmia.
2. E a besta-fera que vi era semelhante a
um leopardo, e seus pés como de urso, e sua
boca como boca de leão. E o dragão deu-lhe
seu poder, e seu trono, e grande autoridade.
3. E vi uma de suas cabeças, como ferida de
morte. Mas sua ferida mortal foi curada, e
todo o mundo ficou pasmo após a besta-fera.
4. E adoraram o dragão que dera a autori-
dade à besta-fera. E adoraram a besta-fera,
dizendo: “Quem se assemelha à besta-fera?
Quem pode combatê-la?”
5. E foi-lhe dada boca proferindo grandes
coisas e blasfêmias. E foi-lhe dada autorida-
de para agir durante quarenta e dois meses.
636
Yhrion (therion): Normalmente o termo é
conhecido por “besta”. A palavra, porém, des-
creve um animal selvagem, e besta pode se refe-
rir a um animal doméstico, portanto a melhor
opção encontrada é usar “fera”.
6. E abriu a sua boca para a blasfêmia con-
tra Deus, para blasfemar o seu nome, o seu
tabernáculo, e os que habitam no Céu.
7. E foi-lhe dado a fazer guerra contra os
santos, e a vencê-los. E foi-lhe dada autori-
dade sobre toda a tribo, e língua, e povo.
8. E todos os moradores da Terra a adora-
rão, cujos nomes não foram inscritos no
Livro da Vida do Cordeiro, sacrificado des-
de a fundação do mundo.
9. Se alguém tem ouvido, ouça!
10. Se alguém reúne no cativeiro, vai para o
cativeiro. Se alguém mata pela espada, terá
que morrer pela espada. Aqui está a persis-
tência e a fé dos santos!
11. E vi outra besta-fera surgindo da Terra, e
tinha dois chifres, como de cordeiro, mas
falava como dragão.
12. E exerce toda a autoridade da primeira
besta-fera diante da mesma, e incita a terra e
os seus moradores a adorarem a primeira
besta-fera, cuja ferida mortal fora curada.
13. E opera grandes sinais, a ponto de fazer
fogo cair do céu sobre a terra, diante das
pessoas637.
14. E seduz os moradores da Terra pelos
sinais que lhe foi dado operar diante da bes-
ta-fera, dizendo aos moradores da Terra que
fizessem uma imagem à besta-fera, que tem
a ferida da espada mas vive.
15. E foi-lhe dado que desse fôlego à ima-
gem da besta-fera, a fim de que a imagem da
besta-fera tanto falasse, quanto fizesse que
todos quantos não adorassem a imagem da
besta-fera fossem mortos.
16. E faz com que todos, os pequenos e os
grandes, e os ricos e os pobres, e os livres e
os escravos, recebam um ferrete638 na sua
mão direita, ou nas suas frontes,
637
Esta é a única passagem no Novo Testamento
em que é mencionado fogo cair do céu. E isto
ocorre através da segunda besta-fera e não pro-
cede de Deus. É importante tomar cuidado e
não se deixar levar pelo sensacionalismo.
638
Caragma (charagma): uma marca como dada
aos animais como sinal de propriedade. A pala-
vra vem de uma palavra base carax charax,
que pode significar riscado ou também uma
cerca de ripas.

17. A fim de que ninguém possa comprar ou
vender, a não ser aquele que tiver o ferrete,
ou o nome da besta-fera, ou o número de seu
nome.
18. Aqui está a sabedoria. Aquele que tiver
compreensão, calcule639 o número640 da
besta-fera, porque é número humano. E seu
número é 666641.
14.
1. E vi, e eis o Cordeiro parado sobre o
monte Sião, e com ele cento e quarenta e
quatro mil, tendo o nome de seu Pai escrito
nas suas frontes.
2. E ouvi um som no Céu, como o marulhar
de muitas águas, e como o ribombar de um
grande trovão, e ouvi o som de harpistas
harpeando com as suas harpas,
3. E assim cantam um novo hino diante do
trono, e diante dos quatro seres viventes, e
dos anciãos, e ninguém podia aprender o
hino, a não ser os cento e quarenta e quatro
mil que haviam sido comprados da Terra.
4. Estes são os que não foram contamina-
dos com mulheres, porque são virgens. Estes
são os que seguem o Cordeiro para qualquer
lugar que ele for. Estes foram comprados
dentre os homens como primícias para Deus
e para o Cordeiro.
5. E não foi achado dolo nas suas bocas,
porque são imaculados642 diante do Trono de
Deus.
6. E vi outro anjo voar pelo meio do céu,
tendo a eterna Boa Mensagem para evange-
lizar os moradores da Terra, e cada etnia, e
tribo, e língua, e povo,
639
Calcular: usar pedrinhas, cristais; seriam os
precursores do computador?
640
Arithmos: palavra da qual vem nossa palavra
aritmética.
641
666 no grego é composto de três letras (cxv chi
xi stigma) a 22ª, a 14ª e uma letra obsoleta (in-
termediária entre a 5ª e a 6ª). O valor no origi-
nal é expresso de forma numérica.
642
αµ
́ ωµος
(amomos): sem mancha.
Apocalipse
7. Dizendo em alta voz: “Temam a Deus e
dêem-lhe glória, porque chegou a hora de
seu juízo! E adorem aquele que fez o céu, e
a Terra, e o mar, e as fontes de água”.
8. E seguiu outro anjo, dizendo: “Caiu!
Caiu Babilônia, a grande cidade, porque deu
a beber a todos os povos do vinho da ira de
seu sexo ilícito!”.
9. E seguiu-os um terceiro anjo, dizendo em
alta voz: “Se alguém adora a besta-fera, e a
sua imagem, e recebe seu ferrete na sua tes-
ta, ou na sua mão,
10. Também este beberá do vinho da fúria de
Deus, que sem diluição foi derramado no
cálice de sua indignação, e será atormentado
com fogo e enxofre diante dos santos anjos,
e diante do Cordeiro.
11. E a fumaça do seu tormento sobe pelas
eras das eras, e não têm sossego, nem de dia
nem de noite, os que adoram a besta-fera e a
sua imagem, e caso alguém receba o ferrete
do seu nome.
12. Aqui está a persistência dos santos! Aqui
os que guardam os mandamentos de Deus e
a fé de Jesus!”
13. E ouvi uma voz do Céu, dizendo-me:
“Escreva: Bem-aventurados os mortos que
morrem no Senhor a partir de agora!” “Sim”,
diz o Espírito, “para que descansem de suas
lutas, e as suas obras os acompanham”.
14. E vi, e eis uma nuvem branca. E sobre a
nuvem assentado alguém, semelhante ao
Filho Humano, tendo na sua cabeça uma
coroa de ouro, e na sua mão uma foice afia-
da.
15. E um outro anjo saiu do Templo, cla-
mando em alta voz àquele que estava assen-
tado sobre a nuvem: “Aplique a sua foice e
colha! Porque chegou a sua hora de colher,
porque a colheita da Terra está amadureci-
da”.
16. E o que estava assentado sobre a nuvem
aplicou a sua foice à Terra, e a Terra foi
colhida.
17. E outro anjo saiu do Templo no Céu,
tendo também uma foice afiada.
18. E um outro anjo saiu do altar, tendo auto-
ridade sobre o fogo, e clamou com forte
clamor ao que tinha a foice afiada, dizendo:
Apocalipse
“Aplique a sua foice afiada, e ajunte os ca-
chos da vinha da Terra, porque as suas uvas
amadureceram”.
19. E o anjo aplicou a sua foice à Terra, e
juntou as uvas da Terra, e lançou-as na
grande prensa de lagar da fúria de Deus.
20. E a prensa de lagar foi pisada fora da
cidade, e saiu sangue da prensa de lagar, até
aos freios dos cavalos, numa distância de um
mil e seiscentos estádios643.
15.
1. E vi outro sinal no Céu, grande e admi-
rável: Sete anjos, tendo as sete últimas pra-
gas. Porque nelas é consumada a fúria de
Deus.
2. E vi como um mar cristalino, misturado
com fogo, e os que haviam vencido a besta-
fera, e a sua imagem, e o seu ferrete, e o
número de seu nome, em pé sobre o mar
cristalino, tendo harpas de Deus.
3. E cantam o cântico de Moisés, o servo de
Deus, e o cântico do Cordeiro, dizendo:
“Grandes e admiráveis são as suas obras,
Senhor Deus Todo-Poderoso, justos e verda-
deiros os seus caminhos, Rei dos santos!
4. Quem não lhe temerá, ó Senhor, e não
glorificará o seu nome, sendo o único Santo?
Porque todos os povos virão e adorarão na
sua presença, porque os seus juízos foram
manifestos”.
5. E depois disto vi, e eis que foi aberto no
Céu o Templo do tabernáculo do testemu-
nho.
6. E os sete anjos saíram do Templo, tendo
as sete pragas, vestidos de linho puro e res-
plandecente, e cingidos com cintos de ouro
nos seus peitos.
7. E um dos quatro seres viventes deu aos
sete anjos sete taças de ouro, cheias da fúria
de Deus, que vive pelas eras das eras.
8. E o Templo encheu-se de fumaça da
glória de Deus, e de seu poder, e ninguém
podia entrar no Templo, até as sete pragas
dos sete anjos terem sido concluídas.
643
Estádio: medida equivalente a 185m. 1600
estádios = 296km.
16.
1. E ouvi uma forte voz do Templo dizendo
aos sete anjos: “Vão e despejem as taças da
fúria de Deus sobre a Terra!”
2. E o primeiro saiu e despejou sua taça
sobre a Terra, e sobreveio uma ferida má e
dolorida sobre as pessoas que tinham o fer-
rete da besta-fera e as que adoravam sua
imagem.
3. E o segundo anjo despejou sua taça sobre
o mar, e o mesmo se transformou em san-
gue, como de um morto, e morreram todos
os seres vivos do mar.
4. E o terceiro anjo despejou sua taça sobre
os rios, e sobre as fontes de águas, e trans-
formaram-se em sangue.
5. E ouvi o anjo das águas dizendo: “Justo é
o Senhor, que é, e que era, e o Santo, porque
julgou isto.
6. Sendo que derramaram sangue de santos
e profetas, também deu-lhes sangue para
beber, porque são merecedores”.
7. E ouvi outro do altar dizendo: “Certa-
mente, Senhor Deus Todo-Poderoso, verda-
deiros e justos são os seus juízos”.
8. E o quarto anjo despejou sua taça sobre o
Sol. E foi-lhe dado a abrasar as pessoas com
fogo.
9. E as pessoas foram abrasadas com inten-
so ardor, e blasfemaram o nome de Deus,
que tem autoridade sobre estas pragas, mas
não se arrependeram para dar-lhe glória.
10. E o quinto anjo despejou sua taça sobre o
trono da besta-fera. E seu reino se escureceu,
e mordiam suas línguas de dor,
11. E blasfemavam o Deus do Céu, devido
às suas dores, e devido às suas feridas, mas
não se arrependeram de suas obras.
12. E o sexto anjo despejou sua taça sobre o
grande rio, o Eufrates. E sua água secou,
para que se preparasse o caminho dos reis do
Levante do Sol.
13. E vi sair da boca do dragão, e da boca da
besta-fera, e da boca do pseudoprofeta, três
espíritos imundos, como rãs.
14. Porque são espíritos de demônios, ope-
rando milagres, dirigindo-se aos reis da Ter-

ra e do mundo todo, para reuni-los à batalha
daquele grande Dia do Deus Todo-Poderoso.
15. “Eis que venho como ladrão! Bem-
aventurado aquele que vigia e preserva suas
roupas para que não ande nu e vejam as suas
vergonhas”.
16. E ele os reuniu ao lugar chamado Arma-
geddon644 em hebraico.
17. E o sétimo anjo despejou sua taça no ar.
E surgiu uma forte voz do Templo do Céu,
do trono, dizendo: “Aconteceu!”
18. E aconteceram vozes, e trovões, e relâm-
pagos; e houve um grande terremoto, seme-
lhante jamais ocorrido antes, desde os ho-
mens estarem na Terra, tão poderoso o ter-
remoto, tão grande.
19. E a grande cidade se dividiu em três
partes, e ruíram as cidades dos povos, e a
grande Babilônia foi lembrada diante de
Deus, para dar-lhe do cálice do vinho da
indignação de sua fúria.
20. E toda ilha fugiu, e as montanhas não
foram encontradas.
21. E cai grande granizo do céu sobre as
pessoas, do peso de cerca de um talento645. E
as pessoas blasfemavam a Deus por causa da
praga do granizo. Porque sua praga é extre-
mamente grande.
17.
1. E veio um dos sete anjos, dos que tinham
as sete taças, e falou comigo, dizendo-me:
“Venha cá, mostrar-lhe-ei a condenação da
grande prostituta que está assentada sobre as
muitas águas,
2. Com a qual os reis da Terra se prostituí-
ram e os moradores da Terra foram embebe-
dados com o vinho de sua prostituição”.
3. E transportou-me em espírito ao deserto.
E vi uma mulher assentada sobre uma besta-
644
Armageddon: monte de Megiddo. Megiddo era
uma cidade em Issacar e Manassés, a Oeste do
Jordão, no vale de Jesreel, ao noroeste do mon-
te Carmelo, próximo de Taanach e Ibleam. Por-
tanto o monte de Megiddo pode ser o monte
Carmelo
645
Talento: peso equivalente a 26 kg.
Apocalipse
fera escarlate646, cheia de nomes de blasfê-
mia, tendo sete cabeças e dez chifres.
4. E a mulher estava vestida de púrpura647 e
escarlate, adornada de ouro, e pedras precio-
sas e pérolas, tendo um cálice de ouro na sua
mão, cheio de abominações e imundícias de
sua prostituição,
5. E na sua fronte escrito um nome: “Misté-
rio, a Grande Babilônia, a Mãe das Prostitui-
ções e das Abominações da Terra”648.
6. E vi a mulher embriagada com o sangue
dos santos, e com o sangue dos mártires649
de Jesus. E, vendo-a, fiquei atônito com
grande espanto.
7. E o anjo disse-me: “Por que você ficou
espantado? Vou dizer-lhe o mistério da mu-
lher, e da besta-fera que a carrega, que tem
as sete cabeças e os dez chifres.
8. A besta-fera que você viu, era, e não é, e
logo subirá do abismo, e irá para a perdição.
E os moradores da Terra, aqueles cujos no-
mes não foram inscritos no Livro da Vida
desde a fundação do mundo, se admirarão,
ao verem a besta-fera que era, e não é, em-
bora seja.
9. Aqui está a mente que tem sabedoria! As
sete cabeças são sete montes nos quais a
mulher está assentada,
10. E são sete reis: Os cinco caíram, e um
existe, o outro ainda não veio: E, quando
chegar, é necessário que dure pouco.
11. E a besta-fera que era, e não é, a mesma
também é o oitavo, e é dos sete, e vai para a
perdição.
12. E os dez chifres que você viu são dez reis
que ainda não receberam reinado, mas rece-
bem autoridade de reis por uma hora com a
besta-fera.
646
Escarlate: tecido de cor vermelha viva.
647
Púrpura: vermelho escuro, cor de dignidade
real.
648
Sendo que no grego não há pontuação, a pala-
vra “mistério” pode se referir à palavra “nome”,
bem como à palavra “mistério”. Na opção alter-
nativa estaríamos lendo: “E na sua fronte escrito
um nome-mistério: “Babilônia ...”
649
Marturwn (martyron): mártir e testemunha é
a mesma palavra em grego.
Apocalipse
13. Estes têm o mesmo propósito, e transferi-
rão o seu poder e a sua autoridade para a
besta-fera.
14. Estes guerrearão contra o Cordeiro, mas
o Cordeiro os vencerá, porque é o Senhor
dos senhores, e o Rei dos reis, e os que estão
com Ele: Convidados, e seletos, e fiéis.”
15. E disse-me: “As águas que viu, nas quais
a prostituta se assenta, são povos, e multi-
dões, e etnias, e línguas.
16. E os dez chifres que viu na besta-fera,
estes odiarão a prostituta, e a farão desolada
e nua, e comerão a sua carne e a queimarão
no fogo.
17. Porque Deus tem dado nos seus corações
que cumpram o seu intento, e realizem um
só intento, e dêem o seu reino à besta-fera,
até que se cumpram as Palavras de Deus.
18. E a mulher que você viu é a grande cida-
de que possui a realeza sobre os reis da Ter-
ra”.
18.
1. E, depois disto, vi outro anjo descendo
do Céu, tendo grande autoridade, e a Terra
foi iluminada com a sua glória.
2. E clamou poderosamente com voz forte,
dizendo: “Caiu! Caiu a grande Babilônia! E
transformou-se na moradia de demônios, e
na fortaleza de todo o espírito imundo, e no
esconderijo de toda a ave imunda e odiosa.
3. Porque todos os povos beberam do vinho
da fúria de sua prostituição, e os reis da Ter-
ra se prostituíram com ela, e os comerciantes
da Terra enriqueceram pela abundância de
seus produtos finos.”
4. E ouvi outra voz do Céu, dizendo: “Saia
dela, povo meu, para não participar de seus
pecados, e para não sofrer de suas pragas!”.
5. Porque os seus pecados têm chegado até
ao Céu, e Deus lembrou-se de suas injusti-
ças.
6. Retribuam-na como ela lhes retribuiu,
dupliquem o seu dobro, segundo as suas
obras. O cálice que ela misturou, misturem-
na em dobro!
7. O tanto que ela se glorificou a si mesma,
e viveu regaladamente, o mesmo tanto dê-
em-lhe tormento e lamentação. Porque ela
disse no seu coração: ‘Estou assentada como
rainha650, e não sou viúva, e jamais verei
sofrimento’.
8. Por isso suas pragas virão num só dia:
Morte, e lamentações, e fome. E ela será
consumida pelo fogo, porque forte é o Se-
nhor Deus que a julga”.
9. E os reis da Terra que se prostituíram
com ela, e viveram no luxo, a chorarão, e
sobre ela lamentarão, ao virem subir a fuma-
ça de seu incêndio.
10. Parados de longe, por medo de sua tor-
menta, dizem: “Ai! Ai! A grande cidade
Babilônia, essa cidade poderosa! Porque em
uma hora chegou o seu juízo”.
11. E os comerciantes da terra choram e se
lamentam por ela. Porque já ninguém mais
compra a sua mercadoria.
12. A mercadoria de ouro, e de prata, e de
pedras preciosas, e de pérolas, e de linho
fino, e de púrpura, e de seda, e de escarlata,
e de todo tipo de madeira odorífera, e de
todo tipo de objeto de marfim, e de todo tipo
de objeto de madeira preciosíssima, e de
bronze, e de ferro, e de mármore,
13. E canela, e incenso, e ungüento, e olíba-
no651, e vinho, e azeite, e farinha finíssima, e
trigo, e gado, e ovelhas, e cavalos, e carrua-
gens, e corpos e almas humanas.
14. E os frutos, objetos de desejo de sua
alma, partiram de você, e tudo que brilhava e
reluzia partiu de você, e nunca jamais você
os encontrará.
15. Os comerciantes destes produtos, que
dela se enriqueceram, estarão parados de
longe, do medo de seu tormento, chorando e
se lamentando,
16. E dizendo: “Ai! Ai! Desta grande cidade,
que era vestida de linho fino, e de púrpura, e
de escarlata, e adornada de ouro, e de pedras
preciosas, e de pérolas!
17. Porque em uma hora tão grandes rique-
zas se reduziram a nada!” E todo piloto, e
toda a tripulação de navios, e os marinhei-
650
Literalmente diz: “Assento rainha”.
651
Incenso e perfume extraído de diversas árvores
africanas e asiáticas.

ros, e todos que fazem comércio no mar,
ficaram de longe,
18. E, vendo a fumaça de seu incêndio, cla-
mavam, dizendo: “O que se assemelha a esta
grande cidade?!”
19. E lançavam poeira sobre as suas cabeças,
e clamavam, choravam e se lamentavam,
dizendo: “Ai! Ai! Desta grande cidade, na
qual se enriqueceram, com as suas preciosi-
dades, todos os que tinham navios no mar!
Porque em uma hora ficou devastada”.
20. Regozijem-se dela, ó Céu, e vocês, san-
tos apóstolos e profetas, porque Deus con-
denou-a com a sentença de vocês sobre ela.
21. E um anjo poderoso ergueu uma pedra,
como grande pedra de moinho, e lançou-a no
mar, dizendo: “Assim, violentamente, será
arremessada a grande cidade Babilônia, e
jamais será encontrada.
22. E o som de harpistas, e de músicos, e de
flautistas, e de trompetistas, jamais se ouvirá
em você. E nenhum artífice, de qualquer
arte, jamais se encontrará em você. E o som
do moinho jamais se ouvirá em você.
23. E a luz da lâmpada jamais brilhará em
você. E a voz do noivo e da noiva jamais se
ouvirá em você. Porque os seus comercian-
tes foram os grandes da Terra. Porque pelos
seus encantamentos alucinógenos652 foram
seduzidos todos os povos”.
24. E nela se achou o sangue dos profetas, e
dos santos, e de todos os que foram assassi-
nados sobre a Terra.
19.
1. E, depois disto, ouvi uma forte voz de
uma grande multidão no Céu, dizendo: “Ale-
luia653! A salvação, e a glória, e a honra, e o
poder, ao Senhor nosso Deus!
2. Porque verdadeiros e justos são os seus
julgamentos, por ter julgado a grande prosti-
tuta, que havia corrompido a Terra com a
652
farmakeia (pharmakeia): O uso de drogas na
bruxaria.
653
Aleluia: Louvado seja Yahweh! As únicas
quatro vezes que se usa esta palavra no Novo
Testamento é neste capítulo. Infelizmente a pa-
lavra anda muito desgastada nos nossos dias.
Apocalipse
sua prostituição, e vingou o sangue dos seus
servos da mão dela”.
3. E segunda vez disseram: “Aleluia!” E a
sua fumaça sobe pelas eras das eras.
4. E os vinte e quatro anciãos, e os quatro
seres viventes, prostraram-se e adoraram a
Deus, que está assentado sobre o trono, di-
zendo: “Amém! Aleluia!”
5. E procedeu uma voz do trono, dizendo:
“Louvem o nosso Deus, todos os seus ser-
vos, e vocês que o temem, tanto pequenos
quanto grandes!”
6. E ouvi como se fosse o barulho de uma
grande multidão, e como o marulhar de mui-
tas águas, e como o ribombar de fortes tro-
vões, dizendo: “Aleluia! Porque o Senhor
Deus Todo-Poderoso reina!
7. Alegremo-nos e regozijemo-nos, e de-
mos-lhe glória. Porque chegou a recepção de
casamento do Cordeiro, e a sua noiva se
ataviou”.
8. E foi-lhe dado que se vestisse de linho
fino, puro e resplandecente. Porque o linho
fino são os atos de justiça dos santos.
9. E ele me diz: “Escreva: Bem-aventura-
dos os convidados ao banquete de casamento
do Cordeiro”. E ele me diz: “Estas são as
verdadeiras palavras654 de Deus”.
10. E prostrei-me aos seus pés para adorá-lo.
Mas ele me diz: “Atenção, não! Sou seu
conservo, e de seus irmãos, que têm o teste-
munho de Jesus. Adore a Deus! Porque o
testemunho de Jesus é o espírito de profeci-
a”.
11. E vi o Céu sendo aberto, e eis um cavalo
branco, e aquele assentado nele chamado de
Fiel e Verdadeiro, e julga e guerreia com
justiça.
12. Seus olhos são como chama de fogo, e
sobre a sua cabeça há muitos diademas, e
tem um nome escrito, que ninguém conheci-
a, a não ser ele mesmo.
13. E estava vestido com uma túnica sub-
mersa em sangue, e seu nome é chamado de:
A Palavra de Deus.
654
Palavras: logos em grego
Apocalipse
14. E os exércitos no Céu seguiam-no sobre
cavalos brancos, vestidos de linho fino,
branco e puro.
15. E de sua boca procede uma espada afia-
da, para com ela golpear os povos, e os a-
pascentará com cetro de ferro, e ele pisa a
prensa de lagar do vinho da fúria e da ira do
Deus Todo-Poderoso.
16. E na sua túnica e na sua coxa tem um
nome escrito: Rei dos reis, e Senhor dos
senhores.
17. E vi um anjo parado no Sol, e clamou em
alta voz, dizendo a todas as aves voando
pelo meio do céu: “Venham e reúnam-se ao
banquete do grande Deus,
18. Para que comam carne de reis, e carne de
quiliarcos, e carne de poderosos, e carne de
cavalos e dos que neles montam, e carne de
todos, livres e escravos, tanto pequenos
quanto grandes!”
19. E vi a besta-fera, e os reis da terra, e seus
exércitos, reunidos para fazer guerra contra
aquele que está montado no cavalo e contra
o seu exército.
20. E foi capturada a besta-fera, e com ela o
pseudoprofeta, que operara sinais diante
dela, com os quais seduzia os que receberam
o ferrete da besta-fera, e os que adoraram a
sua imagem. Ambos foram lançados vivos
no lago de fogo, queimando com enxofre.
21. E os demais foram mortos pela espada
que procedia da boca daquele que está mon-
tado no cavalo. E todas as aves se fartaram
das suas carnes.
20.
1. E vi um anjo descendo do Céu, tendo a
chave do abismo, e uma grande corrente na
sua mão.
2. E capturou o dragão, essa serpente pri-
meva, que é o Caluniador e o Adversário, e
acorrentou-o por mil anos.
3. E lançou-o no abismo, e encerrou-o, e
colocou um selo sobre ele, para que não
mais seduzisse os povos, até que se cumpris-
sem os mil anos. E após os mesmos é neces-
sário que seja solto por pouco tempo.
4. E vi tronos, e assentaram-se neles, e foi-
lhes dado o julgamento, e as almas daqueles
que foram decapitados pelo testemunho de
Jesus, e pela Palavra de Deus, e que não
haviam adorado a besta-fera, nem a sua ima-
gem, nem haviam recebido o ferrete nas suas
frontes e nas suas mãos, e viveram e reina-
ram com o Ungido esses mil anos.
5. Mas os restantes dos mortos não revive-
ram até completarem-se os mil anos. Esta é a
primeira ressurreição.
6. Bem-aventurado e santo aquele que fizer
parte da primeira ressurreição. Sobre estes a
segunda morte não tem autoridade, mas
serão sacerdotes de Deus e do Ungido, e
reinarão com ele mil anos.
7. E, tão logo completarem-se os mil anos,
o Adversário será solto de sua prisão.
8. E partirá para seduzir os povos dos qua-
tro ângulos da Terra, Gogue655 e Mago-
gue656, para reuni-los ao combate, cujo nú-
mero é como a areia do mar.
9. E subiram na amplitude da terra, e cerca-
ram o acampamento dos santos, e a cidade
amada. E caiu fogo de Deus, do Céu, e con-
sumiu-os.
10. E o Caluniador, que os seduzia, foi lan-
çado no lago de fogo e enxofre, onde estão a
besta-fera e o pseudoprofeta, e serão ator-
mentados dia e noite pelas eras das eras.
11. E vi um grande trono branco e aquele
que nele está assentado, de cuja face fugiram
a Terra e o Céu, e não se achou mais lugar
para eles.
12. E vi os mortos, pequenos e grandes, pa-
rados diante de Deus. E livros foram abertos.
E um outro livro foi aberto, o Livro da Vida.
E os mortos foram julgados de acordo com o
que estava escrito nos livros, segundo os
seus atos.
13. E o mar entregou os mortos que nele
havia, e a morte e o Hades657 entregaram os
655
Gogue: possível futuro líder político.
656
Magogue: filho de Jafé, também uma região
bárbara do norte, possivelmente dos seus des-
cendentes.
657
Hades é o nome do deus das regiões inferiores.
No Grego Bíblico é associado a Orcus, as regi-
ões infernais, um lugar escuro e funesto, nas

mortos que neles havia, e cada um foi julga-
do segundo os seus atos.
14. E a morte e o Hades foram lançados no
lago de fogo. Esta é a segunda morte.
15. E se alguém não foi encontrado inscrito
no Livro da Vida, foi lançado no lago de
fogo.
21.
1. E vi novo Céu e nova Terra. Porque o
primeiro céu e a primeira Terra passaram, e
o mar já não existe.
2. E eu, João, vi a cidade santa, a Nova
Jerusalém, que descia do Céu a partir de
Deus, preparada como noiva ataviada para o
seu noivo.
3. E ouvi forte voz do Céu, dizendo: “Eis o
tabernáculo de Deus com os homens! E ele
habitará com eles, e eles serão os seus po-
vos. E Deus mesmo estará com eles, o seu
Deus!
4. E Deus enxugará dos seus olhos toda a
lágrima, e não haverá mais morte, nem luto,
nem clamor, nem dor, porque o primeiro
passou”.
5. E aquele que está assentado sobre o trono
disse: “Eis que faço tudo novo!” E me diz:
“Escreva, porque estas palavras são verda-
deiras e confiáveis!”
6. E disse-me: “Aconteceu! Eu sou o A e o
W658, o princípio e o fim. Ao que tiver sede
eu darei de beber gratuitamente da fonte da
água da vida.
7. E aquele que vencer herdará tudo. E eu
serei o seu Deus, e ele será o meu filho.
8. Mas os tímidos, e os descrentes, e os
detestáveis, e os assassinos, e os que come-
tem sexo ilícito, e os feiticeiros, e os adora-
dores de imagens, e todos os mentirosos,
terão a sua cota no lago que queima com
fogo e enxofre, que é a segunda morte”.
próprias profundezas da Terra, destino dos es-
píritos desligados do corpo.
658
Leia-se Alfa (a, A) e Ômega (ω, Ω), que são
respectivamente a primeira e a última letra do
alfabeto grego. No nosso alfabeto ele teria dito:
“Eu sou o A e o Z”. Sinal de que João deve ter
escrito em grego.
Apocalipse
9. E veio a mim um dos sete anjos, que
tinham as sete taças cheias das sete últimas
pragas, falou comigo, dizendo: “Venha, vou
mostrar-lhe a noiva, a esposa do Cordeiro”.
10. E levou-me em espírito a uma grande e
alta montanha, e mostrou-me a grande cida-
de, a santa Jerusalém, que descia do Céu a
partir de Deus,
11. Que tinha a glória de Deus, e sua lumi-
nosidade era como a de uma pedra preciosís-
sima, semelhante a uma pedra de jaspe cris-
talina.
12. Tinha também uma grande e alta mura-
lha, tendo doze portões, e junto aos portões
doze anjos, e nomes neles inscritos, os no-
mes das doze tribos dos filhos de Israel.
13. Havia ao levante, três portões, ao norte,
três portões, ao sul, três portões, ao poente,
três portões.
14. E a muralha da cidade tinha doze funda-
mentos, e neles os nomes dos doze apóstolos
do Cordeiro.
15. E aquele que comigo falava tinha uma
cana de ouro para medir a cidade, e seus
portões, e a sua muralha.
16. E a cidade está situada em quadrado659, e
o seu comprimento é o mesmo da largura. E
mediu a cidade com a cana: Doze mil está-
dios660. Seu comprimento, largura e altura
são iguais.
17. E mediu sua muralha, cento e quarenta e
quatro côvados661, medida humana, isto é,
angelical.
18. E a estrutura da muralha era de jaspe, e a
cidade de ouro puro, como vidro transpa-
rente.
19. E os fundamentos da muralha da cidade
eram decorados com todo tipo de pedra pre-
ciosa. O primeiro fundamento era de jaspe, o
659
Sendo que logo depois consta que suas três
dimensões são iguais, poderíamos dizer que é
um cubo, do qual temos a sombra no Santíssi-
mo do Templo terrestre.
660
Um estádio = aproximadamente 185 metros.
12.000 estádios equivalem a aproximadamente
2.220 km.
661
Um côvado = aproximadamente 46 centíme-
tros. 144 côvados = aproximadamente 66,24
metros.
Apocalipse
segundo de safira, o terceiro de calcedônia, o
quarto de esmeralda,
20. O quinto de sardônica, o sexto de sárdio,
o sétimo de crisólito, o oitavo de berilo, o
nono de topázio, o décimo de crisópraso, o
décimo primeiro de jacinto, o décimo se-
gundo de ametista.
21. E os doze portões eram doze pérolas.
Cada portão consistia respectivamente de
uma pérola. E a praça da cidade era de ouro
puro, como vidro transparente.
22. E não vi nela Templo, porque o Senhor
Deus Todo-Poderoso é o seu Templo, e o
Cordeiro.
23. E a cidade não tem necessidade de Sol,
nem de Lua, para que nela brilhem, porque a
glória de Deus a iluminava, e o Cordeiro é a
sua luminária.
24. E os salvos dos povos andarão na sua
luz, e os reis da Terra nela introduzem a sua
glória e honra.
25. E os seus portões nunca jamais serão
fechados de dia, porque ali não haverá noite.
26. E introduzirão nela a glória e a honra dos
povos.
27. E de forma alguma entrará nela algo que
a profane, nem quem pratique obras detestá-
veis, ou mentira, mas somente os inscritos
no Livro da Vida do Cordeiro.
22.
1. E ele mostrou-me um rio puro de água da
vida, clara como cristal, que procedia do
Trono de Deus e do Cordeiro.
2. No meio da praça, e em ambas as mar-
gens do rio, havia a árvore da vida, produ-
zindo doze frutos, dando-os todo mês, e as
folhas da árvore serviam para o bem-estar
dos povos.
3. E nunca mais haverá qualquer maldição,
mas o Trono de Deus e do Cordeiro estarão
nela, e seus servos o servirão,
4. E verão a sua face, e o seu nome estará
nas suas frontes.
5. E ali já não haverá noite, e não necessita-
rão de lâmpada, nem da luz do Sol, porque o
Senhor Deus os ilumina, e reinarão pelas
eras das eras.
6. E disse-me: “Estas palavras são confiá-
veis e verdadeiras, e o Senhor Deus dos
santos profetas enviou o seu anjo para mos-
trar aos seus servos o que deve acontecer em
breve.
7. Eis que venho em breve! Bem-
aventurado aquele que guarda as palavras da
profecia deste livro”.
8. E eu, João, vi e ouvi isto. E, ouvindo-o e
vendo-o, caí diante do anjo, que isto me
mostrava, para adorá-lo.
9. Então ele me diz: “Atenção, não! Porque
sou seu conservo e dos seus irmãos, os pro-
fetas, e dos que guardam as palavras deste
livro. Adore a Deus!”
10. E ele me diz: “Não sele as palavras da
profecia deste livro, porque o tempo está
próximo.
11. Aquele que é injusto, continue sendo
injusto; e aquele que é imundo, continue
sendo imundo; e aquele que é justo, continue
sendo justo; e aquele que é santo, continue
sendo santo.
12. Mas eis que venho em breve, e a minha
recompensa comigo, para dar a cada um
segundo for a sua conduta.
13. Eu sou o A e o W662, o princípio e o fim,
o primeiro e o último.
14. Bem-aventurados os que observam os
seus mandamentos para que tenham o direito
à árvore da vida, e entrem pelos portões da
cidade.
15. Mas ficarão de fora os cães, e os feiticei-
ros, e os praticantes de sexo ilícito, e os
assassinos, e os adoradores de imagens, e
todo aquele que ama e pratica a mentira.
16. Eu, Jesus, enviei o meu anjo, para testifi-
car-lhes isto nas Convocações. Eu sou a raiz
e o descendente de Davi, a brilhante estrela
da manhã”.
17. E o Espírito e a noiva dizem: “Venha!” E
aquele que ouve, diga: “Venha!” E aquele
662
Alfa (a, A) e Ômega (ω, Ω) são respectiva-
mente a primeira e a última letra do alfabeto
grego. No nosso alfabeto ele teria dito: “Eu sou
o A e o Z”. Sinal de que João deve ter escrito
em grego.

que tem sede, venha. E quem quiser tome
gratuitamente da água da vida.
18. Porque co-testifico a todo o que ouve as
palavras da profecia deste livro: Se alguém
lhes acrescentar algo, Deus lhe acrescentará
as pragas descritas neste livro.
19. E, se alguém excluir das palavras do
livro desta profecia, Deus excluirá a sua
Apocalipse
parte do Livro da Vida, e da cidade santa, e
do que tem sido descrito neste livro.
20. Aquele que isto testifica diz: “Certamen-
te venho em breve!” Amém! Sim venha
Senhor Jesus!
21. A graça de nosso Senhor Jesus Ungido
esteja com todos vocês! Amém.