Você está na página 1de 5

Os Novos Céus e a Nova Terra

O apóstolo Paulo relatou uma experiência, na qual foi arrebatado ao “terceiro céu”
(também identificado como o “paraíso”, 2 Co 12.2,4). Sua idéia de três céus incluía: (1)
Os céus atmosféricos que circundam o globo terrestre (Dn 7.13; Os 2.18); (2) os céus
estrelados (Gn 1.14-18); e (3) o terceiro céu, onde fica o trono de Deus, o que é a atual
moradia de todos os que morreram em Cristo (2 Co 5.8; Fp 1.23). Mas a Bíblia não
revela onde fica o terceiro céu em relação à criação natural de Deus.

O NOVO SUBSTITUI O ANTIGO

Tanto o Antigo quanto o Novo Testamento falam de novos céus e de uma nova terra (Is
65.17; 66.22; Ap 2 1.1). Estudiosos há que acreditam muito mais na renovação dos
atuais céus e terra do que numa nova criação. Isto porque a Bíblia fala das “colinas
eternas” (Gn 49.26; Hb 3.6), da terra que “ele fundou para sempre” (SI 78.69; 104.5;
125.1,2), e que “a terra permanece para sempre” (Ec 1.4).

Entretanto, examinemos o que Pedro escreveu: “Mas o Dia do Senhor virá como o
ladrão de noite, no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo,
se desfarão, e a terra e as obras que nela há se queimarão... aguardando e apressando-
vos para a vinda do Dia de Deus, e em que os céus, em fogo, se desfarão, e os
elementos, ardendo, se fundirão” (2 Pe 3.10,12),

A palavra grega, que em 2 Pedro 3.10 é traduzida por “passarão” (no grego,
pareleusontai), algumas vezes significa “passar por” ou “passar através”. Mas também
significa “passar”, “chegar ao fim” ou “desaparecer”. Esse parece ser o seu claro sentido
em Mateus 5.18; 24.35; Marcos 13.31; Lucas 16.17 e 21.33.

A palavra traduzida por “desfarão” (no grego, luthesetai), significa algumas vezes
“soltar”, “desatar”, “quebrar” (partir laços ou selos). Mas também é usada para indicar
um navio que se choca com algo e é destruído (At 24.17); é usada igualmente com o
sentido de derrubar um edifício, destruir as obras do diabo (1 Jo 3.8) e abolir as leis.
Outros usos incluem a idéia de “repelir”, “chegar ao fim”. E ainda uma outra palavra
grega, teketai, em 2 Pedro 3.12, significa “desfazer”, indicando e confirmando que a
terra, as estrelas e os planetas serão destruídos.

A palavra “nova”, usada para indicar a nova terra, também é utilizada para descrever a
nova natureza do filho de Deus como uma nova criação (2 Co 5.17; 01 6.15; Ef 4.24).
Apesar da regeneração, mantemos nossa identidade e os traços que nos fazem que nos
sintamos nós mesmos. Todavia, é mais comumente usada para indicar algo inteiramente
novo, como odres novos (Mt 9.17; Mc 2.22), ou uma nova peça de fazenda (Mc 2.21).
Também é usada para indicar coisas previamente desconhecidas, nunca ouvidas,
inéditas — como o novo nome (Ap 2.17) ou a nova aliança, uma aliança inteiramente
diferente daquela dada no monte Sinai Ur 31.31; Lc 22.20; Hb 8.8). Essa palavra é
usada igualmente para indicar a Nova Jerusalém, que já existe no Céu (Gl 4.26), e que
descerá para a nova terra, Portanto, torna- se claro que a atual Jerusalém não será
renovada. Trata-se, antes de tudo, de urna Jerusalém inteiramente nova, e que virá a
uma terra, de igual modo, inteiramente nova.

1
O vocábulo “passaram” em Apocalipse 21.1. (no grego, apelthan), também é usado com
o sentido de “ir-se embora” e de “passar de uma condição para outra”. E igualmente
usado para indicar o desaparecimento da lepra (Mc 1.42), ou um “ai” que está passando
para que outros “ais” lhe tomem o lugar (Ap 9.12).

Visto que o fogo é usado muitas vezes na Bíblia para significar limpeza ou purificação,
é-nos facultado entender que os céus e a terra serão renovados e restaurados a um estado
melhor como resultado deste processo. Não obstante, também é usado com o sentido de
consumir algo a fogo.

Habacuque 3.6 fala de colinas eternas ou “desgastadas pela idade”, parecendo significar
que não eram tão perenes quanto se pensava. Em Eclesiastes 1.4, lemos: “Geração vai, e
geração vem; mas a terra permanece para sempre”. O contraste que aqui se faz é entre
as gerações dos filhos dos homens, que vão e vêm, e a terra que parece continuar
indefinidamente. A expressão “permanece para sempre” (no hebraico, le‘olam) indica
tão somente um passado distante em relação ao que fala. Mas isto não significa que não
venha, eventualmente, a ter um fim.

Em Eclesiastes 1.10, a mesma expressão é traduzida por “antes de nós”. E alguns


estudiosos tomam Eclesiastes 1.4 para indicar que sempre haverá uma terra, embora seja
a presente terra substituída por uma nova.

O salmista faz um contraste similar entre a eternidade de Deus e a efemeridade da atual


criação. A palavra “perecerão”, usada para indicar os céus e a terra, em Salmos 102.26,
foi empregada para descrever a planta de Jonas (Jn 4.10), que pereceu, bem como outras
coisas que são destruídas ou mesmo anuladas.

Lembremo-nos que, por ocasião do aparecimento do grande trono branco, os atuais céus
e terra fugirão diante daquEle que está no trono, e “não se achou lugar para eles” (Ap
20.11). Na realidade, o sentido mais simples desta passagem é que eles não poderão
mais ser achados em parte alguma, pois desaparecerão; serão aniquilados Isaias 51.6
profetiza que “os céus desaparecerão como a fumaça, e à terra se envelhecerá como uma
veste”. Salmos 102.25,26 dizem: “Desde a antiguidade fundaste a terra; e Os céus são
obra das tuas mãos. Eles perecerão, mas tu permanecerás; todos eles, como uma veste,
envelhecerão; como roupa os mudarás, e ficarão mudados”. A figura de lima mudança
de roupas implica em Vestir um novo conjunto de roupas, indicando assim a criação de
novos céus é de nova terra.

Tudo isso fará parte do Dia dó Senhor que haverá de culminar no julgamento final.
‘Haverá um lampejo de energia que produzira um calor tremendo, e então o nada. Deus
assim agirá para os atuais céus e terra dêem lugar a nova criação, onde não haverá mais
sol nem lua. Alguns eruditos perguntam se isso afetará a humanidade. Como os crentes
já teremos corpos imortais e incorruptíveis, nenhum efeito sentiremos. Os mortos que se
apresentarem diante do grande trono branco também já terão recebido alguma espécie
de corpo indescritível ( Jo 5: 29 )

2
Em sua visão na ilha de Patmos, João mostrou que a nova terra será de fato diferente da
atual. Não haverá mais o mar ( Ap 21:1 ) que algumas vezes é apresentado como
símbolo de desassossego, instabilidade e perigo ( Is 57: 20, Tg 1: 6 ). Sua ausência é
uma maneira de se enfatizar a perfeição e a paz na nova terra. Contudo, o mar nem
sempre é referido num sentido negativo ( Is 11: 9. 48:18, Hb 2: 14 ). Os oceanos cobrem
a maior parte da terra atual. E os microorganismos, que neles existem, são necessários
para substituir o oxigênio, e manter o equilíbrio na atmosfera. Conseqüentemente, sem o
mar, o ambiente da nova terra será diferente. Todavia nada sentiremos, pois os nossos
corpos, à semelhança do corpo glorificado de Cristo, estarão plenamente preparados
para a vida tanto na terra quanto no céu. Não mais dependeremos do oxigênio ou de
uma atmosfera pressurizada.

A NOVA JERUSALÉM

Mais importante ainda é que a nova terra tornar-se-á o local da Nova Jerusalém que
descerá do Céu, da parte de Deus. Suas dimensões (Ap 21.16) de cerca de 2.200 quilô-
metros dE altura, largura e comprimento descrevem um cubo semelhante ao lugar
santíssimo do Tabernáculo e do Santo Templo. Isto indica que a nova terra será maior
do que a atual.

A menção inicial da Nova Jerusalém, em Apocalipse 21.2,3, cientifica-nos que os


remidos estarão habitando com Deus. Eles serão o seu povo, e Ele será o seu Deus.
Dessa maneira, o propósito divino, tanto para Israel quanto para a Igreja;’ será
finalmente cumprido (Gn 17.7; Ex 19.5,6; Lv 11.45; 2 Sm 7.14; 2 C66.16,18; Gl 3.29 e
I Pe 2.5,9,10). Os efeitos do pecado nunca mais serão sentidos. Os crentes desfrutarão a
plenitude da herança que o Senhor lhes conquistou no Calvário.

Lá, não haverá mais lágrimas e nem morte, pois esta é o salário do pecado (Rm 6.23). E,
ainda, temos a promessa de que Deus “tragará a morte para sempre” (Is 25.8), e a morte
será “tragada” pela vitória (1 Co 1534): Não haverá mais morte, nem qualquer outra
coisa que cause tristeza, dor, lamentação ou senso de culpa. Coisa alguma haverá de
prejudicar a comunhão que desfrutaremos cora o Senhor e com os demais redimidos
pelo sangue do Cordeiro.

Que maravilhosa visão da Nova Jerusalém teve João! Embora o• anjo lhe tenha.
prometido mostrar a Noiva (Ap 21.9),. sua. preocupação básica era com os habitantes da
cidade, e não com a cidade em si. A Bíblia, com freqüência, identifica uma cidade com
os seus habitantes (Mt 23.3 7). Nesta passagem, Jesus orou sobre Jerusalém, tendo em
mente .seus habitantes, Por conseguinte, João teve a visão de uma cidade real: o lar dos
salvos.

João viu a cidade radiante e plena; era a glória divina. Uma glória muito maior do que a
presenciada por Moisés no monte Sinai (Êx 33.18-22), ou do que a manifestada no
Santo dos Santos (Ex 40.34; 2 Cr 7.1). Suas muralhas chamam a nossa atenção para o
fato de que a cidade será de fato real, tendo dimensões mensuráveis. Em seus portões,
acham-se inscritos os nomes das 12 tribos de Israel. Suas portas, como encontram-se
sempre abertas, permitem que os seus habitantes entrem e saiam dela sem qualquer
constrangimento. Já não haverá separação entre Israel e a Igreja. Os doze alicerces da
cidade, com os nomes dos apóstolos, indicam que a Nova Jerusalém é o lar final e a
sede tanto de Israel como da Igreja.

3
Internamente, a Nova Jerusalém será de puro ouro; um ouro transparente como cristal,
O autor do Apocalipse mostra ser a linguagem humana inadequada para descrever o que
o Senhor Jesus lhe mostrou em Patos. Hoje, ainda não temos ouro transparente como
cristal, Pode-se afinar uma chapa de ouro até se obter ínfimas espessuras. Mesmo assim,
não se lhe há de obter a transparência. Mas na nova criação, haverá substâncias jamais
vistas ou sequer cogita- das pelo homem.

Mais importante ainda é o fato de que não haverá templo na Nova Jerusalém. Pois a
cidade inteira estará cheia da glória e da presença de Deus. Ela será, pois, o quartel-
general do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Nela, a Trindade estará presente de modo
especial. O trono de Deus estará ali. E espiritualmente todos os crentes hão de ser
habitados pelo Espírito; serão conjuntamente “templo santo no Senhor... morada de
Deus no Espírito” (Ef 2.21,22).

Cristo será a “lâmpada”, a fonte e o transmissor de luz na Nova Jerusalém. Já não


haverá mais necessidade do sol nem da lua. Deus mesmo há de nos mediar a luz através
do Cordeiro. Quanto a nós, continuaremos finitos e dependentes. Mas à nossa
disposição haverá a árvore da vida, cujas folhas servem à saúde das nações (Ap 22.2).
Lá, não haverá mais enfermidade nem dor. Ele nos proverá a plenitude da vida, da força
e da alegria (Si 16.11). Ele será verdadeiramente nosso pastor: nada nos faltará.

Quão admirável é essa esperança! A maldição já não existirá. Nossa adoração ao Senhor
será inspiradora e mui linda. Dela, possuímos hoje uma prelibação através do Espírito
Santo, Mas como poderemos comparar nossas realidades com os bens futuros? Veremos
ao Senhor. Estaremos permanentemente com Ele. Seremos identificados como sua
propriedade peculiar (Ap 22.4).

Deus, em seu infinito amor, faz-nos lembrar que o presente universo material,
juntamente com tudo quanto um mundo não-regenerado valoriza, precisa ser destruído.
Caso contrário: os novos céus e a nova terra jamais terão lugar na ordem futura. O
propósito divino não é meramente satisfazer-nos a curiosidade quanto ao nosso
brilhante e eterno futuro. Ele quer que compartilhemos destas bem-aventuranças a partir
de agora. Por isto, insta-nos a beber das fontes da água da vida (Jo 4.14; 7.37-39).

Permaneçamos, pois, agarrados ao Senhor Jesus. Mas os que lhe voltarem as costas por
causa da incredulidade, concupiscência, ou orgulho, perderão tudo quanto o Pai tem
reservado aos que aceitam a seu Filho como Salvador. Os que seguirem os falsos cultos
e religiões também terminarão no lago do fogo.

Como crentes que somos, Deus nos tornou co-herdeiros de Cristo (Rm 8.16,17). Agora,
somos herdeiros de todas as coisas (SI 2.81 Hb 1.2). Por conseguinte, os que acreditam
em Jesus e lhe prestam obediência, hão de herdar todas as coisas. A linguagem do Novo
Testamento é apenas um pálido reflexo das riquezas e da glória que nos tem reservado o
Pai Celeste.

Sabemos que a Nova Jerusalém será um lugar de imensa beleza e luz (Ap 21.23; 22.5).
Nela, haverá plenitude do conhecimento (1 Co 13.12). Será um lugar de interessantes
atividades; será um lugar de descanso e refrigério (Ap 14.13 e 21.4). Ali, prestaremos
significativos serviços ao Senhor Jesus (Ap 7.15; 22.3).

4
A Nova Jerusalém será repleta de alegria (Ap 21.4). Assim, iremos experimentar
maravilhosa comunhão (Jo 14.3; 2 Co 5.8; Fp 1.23; 1 Ts 4.13-18; Hb 2 22,23). Não
haverá mais dor, nem solidão, nem sofrimento algum. Nossa bem-aventurança será
eterna, porque o pecado - de uma vez por todas e para sempre - será desarraigado do
Universo pelo Poderoso Conquistador!

Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus


Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS

Livro:- Doutrinas bíblicas William W. Menzies – Stanley M. Horton

Você também pode gostar