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Apocalipse 22.

20 – Vem, Senhor
Introdução
→ O livro 13 das Confissões de Agostinho, o enigma do tempo
Toda a nossa experiência está no presente. Que são passado e futuro?
Ambos estão presentes à alma como memória e esperança
A alma se distende, pela esperança, para o futuro
Em direção a quê se dilata a sua alma?
Leitura – Apocalipse 22.20
Elucidação
→ Sobre esta carta
(1) A maioria aceita que foi escrito por volta de 95d.C.
(2) O autor se identifica como João
desde cedo, a tradição sugere se tratar do apóstolo
(3) O seu contexto é o da intensa perseguição aos crentes
o autor escreveu de Patmos, conhecida ilha-prisão
os romanos queriam forçar os crentes a adorar o imperador
circulavam muitas heresias entre as igrejas e fervor diminuía
muitas igrejas começavam a se aproximar da cultura pagã!
(4) As principais alegações do livro são
de que Deus é o Senhor soberano da História
de que Ele julga os ímpios e protege sua igreja
de que a igreja deve esperar pacientemente este julgamento
de que Jesus Cristo consumará a vitória final de Deus e a igreja
(5) A estrutura do livro [uma carta, na verdade] se compõe
de uma introdução, com prólogo, saudação e louvor
uma visão de Cristo e exortação às sete igrejas
sete ciclos de visões que apresentam simbolicamente a história
sete rolos | sete anjos com trombetas |
sete histórias simbólicas | sete taças |
julgamento da Babilônia | batalha final | reino dos santos
uma visão da Nova Jerusalém
uma conclusão
(6) no trecho sobre o qual refletiremos
tudo no livro se move em direção à vitória de Cristo e Sua Vinda
no texto reitera isso com promessa e oração
Proposição
→ Diante dos sofrimentos da igreja, esse verso, o penúltimo verso da da
carta e da Escritura, é também a última promessa e a última oração:
(a) Jesus testifica de que vem [promessa]
(b) João anseia por isso [oração]
Exposição
Jesus testifica de que vem [20a]
→ O testemunho de Jesus Cristo
– Tudo em Apocalipse é o registro do testemunho de Cristo [1.2]
nesse verso [20a], Ele se apresenta como o que testifica
e a expressão usada é [ho martyrōn] → mártir!
o Seu testemunho, aqui, se refere ao conteúdo da carta
mas sabemos ser Ele o mesmo por cujo espírito tudo se revela!
toda a profecia do AT foi escrita nesse espírito [1Pe 1.11]
em Seu espírito, o NT também foi escrito [Hb 1.2]
e Seu testemunho é auto-autenticado [Jo 8.14]
e Seu testemunho é autenticado pelo Pai [Jo 8.18]
Ele é, na verdade, a fonte de toda a profecia [Ap 19.10; 20.6]!
→ A promessa de Jesus Cristo
– O conteúdo de seu testemunho é o clímax do livro e da Escritura!
trata-se da profecia mais importante, última, final
o tema recorrente de cada uma das visões apocalípticas
Ap 7 – estende o seu tabernáculo sobre as nações
Ap 11 – assume o trono do reino do mundo
Ap 14 – passa a ceifar no mundo pronto para isso
Ap 16 – derrama o cálice da Sua ira
Ap 19a – tem as Suas bodas com a igreja
Ap 19b – de Seu cavalo, derrota a besta e outros
Ap 20 – afugenta os ímpios de Seu trono branco
Jesus diz “venho”, no “presente profético”
trata-se do verbo no presente para designar o futuro
e nisto se cumpre toda a história
– Há, ainda, dois elementos que acompanham a profecia
o primeiro, da partícula autenticadora [nai], “sim”, “certamente”
isso indica uma garantia, chama à confiança
mas oferece também consolo e encorajamento
é assim, precisamos lembrar, porque a Vinda significa
a bem-aventurança dos que Ele santifica [22.14]
uma promessa de alívio e consolação
também advertência a perseverar [22.11b]
a exclusão dos inimigos de Deus e da igreja [22.15]
um ultimato, uma promessa de justiça! [22.11a]
o segundo, o advérbio [tachy], “breve”, “cedo”, “sem demora”
isso coloca uma questão importante ao crente
quanto tempo é “sem demora”? Já faz 2 mil anos
quando João recebeu e registrou esse oráculo
a igreja já experimentava a urgência da perseguição
desde então, muitos crentes morreram nessa expectativa
e o objetivo de João era estimular a expectativa e confiança
diz-se, então, “sem demora” em relação ao tempo oportuno
não se refere a um futuro próximo (leitores originais)
e, de todo modo, a vida é breve
os santos que repousam aguardam com Cristo
o tempo breve, em questão, portanto, é este
o que precisa se cumprir e nenhum minuto a mais
João anseia por isso [20b]
→ Que tipo de oração é esta?
– Em seu comentário, George R. Beasley-Murray escreveu
“A promessa é a culminação de todas as promessas; e a
resposta é a soma de todas as doces esperanças”
– Trata-se de uma oração em resposta a uma promessa
ela, portanto, leva em consideração
o conteúdo da promessa e a autoridade de quem faz
ela revela os afetos atrelados ao conteúdo da promessa
começa com a expressão solene “amém”
essa expressão ecoa, confiante, o “certamente” anterior
ela confere um forte aspecto formal à oração de João
indica a origem litúrgica essa oração
– Sobre o caráter litúrgico desta expressão
nós a encontramos também em [1Co 16.22]: Maranata
ela ocorre num dos escritos mais antigos do NT
traz uma expressão aramaica em documento grego
isso sugere o aproveitamento de fórmula antiga
com origem nos primeiros cristãos judeus!
caráter litúrgico significa que era usada regularmente em cultos
encontramos isso também no Didaquê
antiquíssimo documento para instrução dos crentes
a expressão consta no registro de uma oração eucarística
Didaquê 10.1-6 diz: “Depois de saciados, agradeçam deste
modo: ‘Nós te agradecemos, Pai santo, por teu santo Nome,
que fizeste habitar em nossos corações, e pelo conhecimento,
pela fé e imortalidade que nos revelaste por meio do teu servo
Jesus. A ti a glória para sempre. Tu, Senhor Todo-poderoso,
criaste todas as coisas por causa do teu Nome, e deste aos
homens o prazer do alimento e da bebida, para que te
agradeçam. A nós, porém, deste uma comida e uma bebida
espirituais, e uma vida eterna por meio do teu servo. Antes de
tudo, nós te agradecemos porque és poderoso. A ti a glória para
sempre. Lembra-te, Senhor, da tua Igreja, livrando-a de todo o
mal e aperfeiçoando-a no teu amor. Reúne dos quatro ventos
esta Igreja santificada para o teu reino que lhe preparaste,
porque teu é o poder e a glória para sempre. Que a tua graça
venha, e este mundo passe. Hosana ao Deus de Davi. Quem é
fiel, venha; quem não é fiel, converta-se. Maran atá. Amém’”
– Sobre o significado litúrgico da expressão
tanto aqui, como em 1Co 16.22], como na Didaquê
o contexto da expressão é de uma advertência
como se a igreja convocasse a si um juiz
Didaquê 10.6 diz: “Quem é fiel, venha; quem não é fiel,
converta-se. Maran atá. Amém” 1 Coríntios 16.22 diz: “Se
alguém não ama o Senhor, seja anátema. Maranata!”
Apocalipse 22.12 diz: “E eis que venho sem demora, e comigo
está o galardão que tenho para retribuir a cada um segundo as
suas obras”.
→ O desejo na oração “Maranata”
– A resposta de João também e essencialmente é um desejo
João representa, com sua resposta, com sua oração, a igreja
o cerne de sua resposta é o verbo [erchou] “vem!”
está no modo imperativo, na segunda pessoa do singular
está no tempo presente, como a declaração de Jesus
o modo e o tempo do verbo acrescentam impressão de urgência
a urgência revela um forte e intenso desejo pelo Senhor
– Esta é a experiência da igreja que pertence ao Senhor
ela O aguarda para a salvação
Hebreus 9.28 diz: “assim também Cristo, tendo-se oferecido
uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos, aparecerá
segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam para a
salvação”.
não só isso, pois também aguarda a manifestação de Sua glória
Tito 2.13 diz: “aguardando a bendita esperança e a
manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo
Jesus”.
e sim, aguardam com pressa e grande expectativa
Matthew Henry, comentando esse texto, lembra outro
Cantares 8.14 diz: “Vem depressa, amado meu, faze-te
semelhante ao gamo ou ao filho da gazela, que saltam sobre os
montes aromáticos”.
– Esta é a resposta que João espera como reação à sua carta
os que sofrem, os que desanimam e esfriam, ouvindo a promessa
tendo descortinada diante de si a história governada por Cristo
e reanimados os seus afetos e sua confiança
e relembrados dos tesouros e glórias da presença de Cristo
vigorosamente cantem em seu coração: Maranata!
Aplicações
→ Qual o significado do tempo de espera para nós hoje? Há urgência?
(1) Matthew Henry nos lembra de que Jesus não é negligente
– (a) ao contrário, Jesus é paciente com os seus inimigos
– (b) Ele lhes dá tempo para arrependimento
– (c) do mesmo modo, lhes dá tempo para executarem toda a maldade
– (c) para que ele julgue e castigue toda essa maldade
(2) por outro lado, experimentar essa urgência em nossas almas
– (a) isso nos permite o exercício da esperança
– (b) isso nos permite o exercício da dependência e paciência
– (c) e nos ensina sobre o tempo oportuno de Deus
→ E sobre o caráter litúrgico desta oração?
(1) podemos achar que, orando, nós iniciamos a conversa com Deus
– (a) a verdade é que Deus nos falou já, de muitos modos
i. nos instruiu, nos ordenou, nos fez promessas sublimes
– (b) nossa oração, portanto, inclui sempre o “faça-se Tua vontade”
– (c) sim, ela pode e deve começar com um “amém”
→ E sobre o desejo fundamental em nossa oração?
(1) esse desejo fundamental, a Vinda, é um sinal da salvação
– (a) alguns acham que creem porque temem o inferno
– (b) mas amam o mundo e gostariam de adiar a vinda de Cristo
i. quando Cristo vier, este mundo terá passado [pense nisso]
ii. alguns serão como criança brincando, a serem interrompidas
Sermão de Thomas Watson diz: “É possível saber que o reino
da graça está firmado no nosso coração quando desejamos
Deus de verdade; pela pulsação desse desejo podemos
concluir que há vida.... Aquele que deseja desfalece, seu
coração se quebra de tanto ansiar por Deus”.
(2) ainda é preciso nos perguntar o que ansiamos na Vinda de Cristo
refletíamos sobre isso no culto doméstico
– (a) minha esposa: Jesus trará um novo mundo, sem maldade
– (b) eu mesmo: Jesus afastará, definitivamente, de mim meu pecado]
– (c) meu filho: Jesus será um amigo que nunca me deixará!
HNC 161 O melhor amigo
Oh, que fiel Amigo é Cristo!
Nele encontro amor, consolo e paz.
Em seu braço esperarei!
Mal nenhum eu temerei!
Sim, o melhor Amigo é Cristo!

Cantar o HNC 292 A vinda do Senhor

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