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Joel 1.

1-20 – “O Dia do Senhor está perto”


Introdução
→ Irmãos, vcs ouvem e dizem (como eu) que a Palavra se renova
Que ela é viva! (e isso significa que ela fala agora, ao nosso mundo)
→ Eu creio nisso, e sei que os irmãos também
E mesmo assim, a Palavra me surpreende toda hora
→ Eu gostaria de compartilhar a palavra do profeta Joel
Ele diz que estamos vivendo agora, o Dia do Senhor
E que devemos nos arrepender, hoje, agora
Leitura – Joel 1.1-20
Elucidação
→ Não sabemos muito sobre o profeta Joel
– Provavelmente, morador de Jerusalém ou arredores
alguém conhecido [que não precisa de maior apresentação: v. 1]
– Fiel praticante das instituições de Israel
– Preocupado com a adoração fervorosa de Javé
durante ou depois do rei Josafá[?]

– Escreveu pouco depois da assolação de Judá


por inimigos do oeste (Tiro, Sidom, Filístia [3.3,6ss])
por pragas que destruíam lavouras
e num momento em que o povo parecia apático
– Trata-se de uma obra em verso (alta poesia judaica)
há símiles, metáforas, contrastes etc.
imagens dramáticas encenam a relação com o Senhor
elas povoam a imaginação da igreja [como veremos]
elas tematizam a proximidade do Dia do Senhor
→ Trata-se de um chamado ao arrependimento
– O arrependimento é necessário
por causa de um julgamento temporal
por causa de um julgamento vindouro
é necessário como preparação para o julgamento
Proposição
→ Trata-se de um chamado ao arrependimento
– O povo é chamado a atentar para sua situação [vv. 1-4]
é preciso sair de seu estado de apatia
– O povo é chamado a entender sua condição [vv. 5-13]
é preciso ponderar o seu estado de calamidade
– O povo é chamado a clamar em sua assolação [vv. 14-20]
é preciso lamentar por seu estado de miséria

Exposição
Ouvi e escutai [vv. 1-4]
→ A palavra profética como “Palavra do Senhor” [v. 1]
– Assim inicia a palavra profética, com a memória do pacto
Javé é quem interpela o seu povo e que o chama
o nome pactual indica autoridade e intimidade
antecipa, para o povo, justiça e misericórdia
o pacto é também indicado nas expressões “Ouvi... escutai”
trata-se do “Shemá” [Ouve, Israel]
Com isso, Ele demanda entendimento e obediência
– A memória do pacto interpreta a história
assim, os velhos carregam a experiência e a tradição
eles mobilizam a memória diante de eventos poderosos
em que a providência se revela mais claramente
o evento que se menciona será integrado à história da salvação
ensinará de geração em geração e será lembrado
→ Que evento é este?
– Aqui a poesia hebraica tem um papel importante
ela amplifica o efeito dramático da narrativa
são quatro palavras diferentes traduzidas por gafanhoto
[o hebraico tem ainda outras 5! Mostra a importância...]
– Não se tratam de imagens hiperbólicas, mais vívidas e reais
por outro lado, o recurso poético aqui é a gradação
um processo que se avoluma, que se amplia e se agiganta
– É mais provável que se refiram a 4 ataques sucessivos
que, por causa da sucessão, se tornaram devastadores
talvez nem os agricultores entre nós saibam o que é isso
me vem à mente a sucessão de cepas e variantes do corona
– É fato que a imagem terrível captura a atenção e transfere para o real
Despertai, envergonhai-vos e lamentai [vv. 5-13]
→ A calamidade faz uma escalada
– O profeta continua o seu poema com mais uma gradação
ele apresenta três vocativos (ébrios, lavradores e sacerdotes)
depois, três imperativos (despertai, envergonhai-vos e lamentai)
e em conjunto, isso representa toda a calamidade
(1) os ébrios – o mosto lhes foi tirado da boca – despertai e chorai
esta não parece ser uma palavra de condenação contra o pecado
– O mosto envolve simbologia rica e complexa
trata-se da pasta de uva pisada, na preparação do vinho
no AT, o mosto, como o vinho, representa a alegria
representa também o pacto e tem sentido escatológico
Am 9.13 diz: “Eis que vêm dias, diz o SENHOR, em que o que
lavra segue logo ao que ceifa, e o que pisa as uvas, ao que lança
a semente; os montes destilarão mosto, e todos os outeiros se
derreterão.” [assim é a restauração de Israel]
Algo semelhante ao NT, quanto ao vinho novo
Mt 9.17 diz: “Nem se põe vinho novo em odres velhos; do
contrário, rompem-se os odres, derrama-se o vinho, e os odres se
perdem. Mas põe-se vinho novo em odres novos, e ambos se
conservam.” [vinho novo representa a vida no Reino]
sem o vinho entorpecente, o ébrio desperta do sono
ele chora porque sua alegria lhe foi tirada
– Não só isso, mas em Dt 28.51, a desobediência causa isso
a maldição do Senhor: uma nação consumirá o mosto de Israel
– O profeta amplia a imagem com outras de poder e fúria
mesmo hoje, os relatos de pragas de gafanhotos falam assim
eles devoram absolutamente tudo
– Mas um detalhe que importa: esta é a terra que pertence ao Senhor!
Ele fere o que Lhe pertence e aquilo que ama
tudo isso para sinal à Israel, a quem também ama
– Ele compara a tristeza assim produzida com a da virgem viúva
aquela, em Israel, que sofre a morte prematura do marido
pois ele não deixará descendência e seu nome será apagado
– Essa tristeza tão profunda se abate sobre a Casa do Senhor
a devastação do campo implica a falta de tudo
a uva, o cereal e a oliva – ofertas diárias [Ex 29.38-42]
Israel está de mãos vazias, não pode adorar
não pode estar na presença de Seu Deus e Senhor
e os ministros dessa oferta também estão enlutados
(2) os lavradores – pereceu a messe – envergonhai-vos e uivai
este é o clímax entre as imagens do poeta: o juízo do Senhor
retirou o luxo dos ébrios (o supérfluo à vida)
a religião dos sacerdotes (o sentido da vida)
e o produto dos lavradores (a própria vida)
os lavradores percebem que não resta nada
(3) os sacerdotes – foi cortada a oferta – cingi-vos de saco e lamentai
o terceiro vocativo, o último imperativo
precisamos notar a gravidade da situação
o Senhor parece não querer relacionar-se com o povo!
– o sacerdotes entendem e precisam entender
na Lei há ligação entre a praga de gafanhotos e desobediência
Dt 28.15,38 diz: “Será, porém, que, se não deres ouvidos à voz
do SENHOR, teu Deus, não cuidando em cumprir todos os seus
mandamentos e os seus estatutos que, hoje, te ordeno, então,
virão todas estas maldições sobre ti e te alcançarão... Lançarás
muita semente ao campo; porém colherás pouco, porque o
gafanhoto a consumirá.”
o arrependimento começa como luto no coração do ministro
assim, o lamento está também na Casa do Senhor
Clamo [vv. 14-20]
→ Os termos do pacto
– A Palavra do Senhor também estabelece o tratamento adequado
a saber, oração e arrependimento
2Cr 6.28-31 diz: “Quando houver fome na terra ou peste,
quando houver crestamento ou ferrugem, gafanhotos e larvas,
quando o seu inimigo o cercar em qualquer das suas cidades ou
houver alguma praga ou doença, toda oração e súplica, que
qualquer homem ou todo o teu povo de Israel fizer, conhecendo
cada um a sua própria chaga e a sua dor, e estendendo as mãos
para o rumo desta casa, ouve tu dos céus, lugar da tua habitação,
perdoa e dá a cada um segundo todos os seus caminhos, já que
lhe conheces o coração, porque tu, só tu, és conhecedor do
coração dos filhos dos homens; para que te temam, para
andarem nos teus caminhos, todos os dias que viverem na terra
que deste a nossos pais.”
– Os sacerdotes e ministros iniciam a liturgia de seu próprio pranto
este deve ser o início da comoção do povo
em seguida, promulgam jejum e assembleia solene
– O significado mais simples dessa convocação
na assembleia solene devem cessar todas as atividades
e pelo jejum, o povo deve cessar todas as outras preocupações
nada é mais urgente ou importante que o quebrantamento
→ O coração do texto em que meditamos
– Essa desolação se revela como sinal do Todo-Poderoso
(sim, aquelas pragas de gafanhotos ali mesmo!)
foi ordenada por Deus, não apenas permitido
o propósito é santificar o Seu povo eleito
este é o aspecto terrível do Dia do Senhor
o Seu julgamento, a Sua ira, a Sua santidade vindicada
um acontecimento histórico contemporâneo do povo
– O Senhor demanda arrependimento e penitência
– O profeta apela, interpela seus leitores
a resposta é urgente e necessária
ninguém pode ignorar os sinais do Senhor
– A paz de Israel está ameaçada, a sua vida foi comprometida
Onde estará a sua salvação?
→ O profeta se volta ao Senhor, e clama por socorro
– Ele oferece o próprio clamor como modelo para povo
se identifica com a congregação a quem fala
lembra, assim, o valor do arrependimento individual
– Ele parece interceder juntamente com e pela terra
– Por fim, mostra que a esperança última está no Senhor
quando nada mais passar de assolação,
o Senhor ainda será o refúgio de Israel
Aplicações
→ O Senhor precisa nos salvar até de nossa apatia
(1) mesmo em meio à calamidade, parecemos não sentir
– (a) certamente nos entristecemos, angustiamos e sofremos
– (b) mas não sentimos onde deveríamos sentir
– (c) às vezes parece que não tem nada com a nossa relação com Deus
(2) mas a calamidade tem sim que ver com nossa relação com Deus!
– (a) nosso sofrimento nunca é um acidente
ou o Senhor está nos provando, ou está nos corrigindo
– (b) e se se trata de uma calamidade (sofrimento coletivo)
ou o senhor está provando a igreja, ou disciplinando
→ O Senhor precisa nos salvar até de nossa falta de prontidão
(1) temos de evitar o primeiro erro: apocaliptismo
– (a) alguns ouvem a trombeta final em toda catástrofe no mundo
– (b) e isso não é prontidão, mas neuroticismo místico
– (c) tanto que isso não lhes prepara para Deus
apenas desprepara e incapacita para a vida
como acontecia com alguns dos tessalonicenses
(2) evitemos também o segundo erro: o sono
– (a) alguns outros vivem como se Jesus não fosse mais voltar
– (b) não tem mais a expectativa do Reino
interpretam os eventos apenas materialmente
assim como aguardam e buscam soluções materiais
– (c) o problema, portanto, nunca é com eles
isso não lhes inspira a vigiar e orar,
mas a cuidar-se melhor, certa prudência mundana
(3) a prontidão ordenada pelo Senhor é diferente das duas coisas
– (a) cada evento da história pertence ao Senhor
– (b) em cada evento o Senhor prepara o mundo para Sua vinda
– (c) ele se pergunta sobre o significado espiritual de cada evento
– (d) vigia e ora: isto é, prepara a sua alma de pecador!
ele confessa, penitencia e crê
→ O Senhor prepara o nosso arrependimento
Qual é o sentido espiritual desse sofrimento que passamos?
(1) estamos passando atualmente por uma grande calamidade mundial
(muitas pessoas morrendo, muitas perdendo emprego)
(pessoas sendo presas, igrejas sendo fechadas)
(mas o mundo ainda não acabou)
a igreja tem reagido de muitas formas
– (a) uma parte ora para que Deus abrevie este sofrimento
não é errado. Fazemos isso em nossa igreja
– (b) outra parte entende que Deus está punindo o pecado do mundo
talvez alguns pecadores se arrependam e creiam antes do fim
certo também! Isso mesmo!
– (c) outra parte ainda, acha que Deus repreende a igreja
ou a parte da igreja de que “esse” não faz parte
parte da igreja tem de se arrepender de sua apatia política
muitos acham que a política absorve toda a realidade espiritual
– (d) o fato é que a igreja não busca arrependimento
talvez eu esteja enganado, e não vi a igreja arrependida
(2) minha impressão sobre nossa situação hoje:
falta percepção generalizada de necessidade de arrependimento
– (a) acostumamo-nos a nos arrependermos só dos pecados pessoais
não nos implicamos em pecados coletivos [os da igreja, nação]
– (b) entendemos o arrependimento como uma reação
apenas a um pecado específico percebido
(3) mas vc reparou que Joel não acusou Israel de qualquer pecado?
entendamos isto: não precisamos de um pecado específico
– (a) Joel, diferente de outros profetas, não faz acusação específica
– (b) parece que o problema do povo era não estar arrependido!

Deus cortou o culto para chamar a atenção do povo!


“foi cortada a oferta de manjares e libação” [v. 13]
Deus também cortou as nossas ofertas
Nos mandou para casa e é onde muitos ainda estão!!!

(4) Deveríamos estar arrependidos!


mas arrependido de quê?
– (a) se vc se faz essa pergunta, ainda não entendeu
não entendeu a natureza da sua própria condição
não entendeu a natureza do arrependimento
Thomas Watson: “A verdadeira tristeza [espiritual] tem de ser
habitual. Ó cristão, a doença de sua alma é crônica, e a recaída,
frequente. Portanto, você tem de tratar-se com remédio
continuamente, por meio do arrependimento”. [A doutrina do
arrependimento]
– (d) esta é a situação da igreja, assim como de cada um
(4) não estar arrependido é estar despreparado para Deus
– (a) vc é pecador 24h por dia! até dormindo, quando faz o bem
– (b) uma vez que pecar é nossa condição constante
ou não ligamos para isso (não nos arrependemos)
ou ligamos para isso (e vivemos em estado de arrependimento)
de todo modo, o Dia do Senhor se aproxima!
Isso tem de ser um sinal para o nosso arrependimento!

Discriminação:
Ao crente,
→ Vc vê a desolação ao seu redor? Este é do Dia do Senhor
– um lembrete para a necessidade de que vc esteja aos Seus pés
humilhado e arrependido
Ao descrente,
→ O Dia do Juízo do Senhor está cada vez mais perto
– Mas o profeta traz uma palavra de esperança
Ele clama ao Senhor... como vc também pode fazer...

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