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MAPEANDO BRECHÓS:

A contribuição do design para o mercado


de roupas usadas em Natal.

Lilly Anne Rocha do Gomes


Lilly Anne Rocha do Gomes

Mapeando brechós:

a contribuição do design para o

mercado de roupas usadas em Natal.

Trabalho de Conclusão de Curso 2 (TCC 2), apre-

sentado como requerimento parcial para obtenção

do título de Bacharel em Design pela Universidade

Federal do Rio Grande do Norte.

Orientadora: Helena Rugai Bastos

NATAL - RN

2018
Lilly Anne Rocha do Gomes

Trabalho de Conclusão de Curso 2 (TCC 2), apre-

sentado como requerimento parcial para obtenção

do título de Bacharel em Design pela Universidade

Federal do Rio Grande do Norte.

Aprovada em: __ de ________ de _______.

BANCA EXAMINADORA

____________________________
Prof.ª Dr.ª Helena Rugai Bastos
Orientadora
Universidade Federal do Rio Grande do Norte

____________________________
Prof.ª Dr.ª Elizabeth Romani
Membro
Universidade Federal do Rio Grande do Norte

____________________________
Prof.ª Dr.ª Luiza Falcão Soares Cunha
Membro
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
PRÉ-TEXTUAIS
1
OS IMPACTOS DA
INDÚSTRIA DA MODA 17

Lista de figuras 6 1.1 Impactos sociais 19

Lista de gráficos 8 1.2 Impactos ambientais:

Lista de tabelas 9 os tecidos utilizados 21

Agradecimentos 10 1.2.1 Algodão 22

Resumo 11 1.2.2 Viscose 23

Abstract 12 1.2.3 Poliéster 25

Introdução 13

2
TEMÁTICA 27
3
METODOLOGIA E PROCESSO 31
4
RESULTADO 62

3.1 Metodologia escolhida 32 4.1 Página inicial 63

3.2 Questionário direcionado 33 4.2 Mapa 66

3.3 Hipóteses de projeto 41 4.2.1 Filtros 66

3.4 Plataformas similares 42 4.2.2 Encontrados na busca 67

3.4.1 Museu da Memória 4.2.3 Bazar selecionado 68

Afetiva da Cidade do Natal 43 4.3 Por que comprar em

3.4.2 Mapa Verde Aberto 44 brechó? 69

3.4.3 HappyCow 45 4.4 Sobre e rodapé 71

3.5 Personas e cenários 46 4.5 Entrar e cadastro 71

3.6 Requisitos do site 52 4.6 Páginas não representadas

3.7 Esqueleto simplificado graficamente 73

do site e wireframe 53 4.6.1 Sugerir modificação,

3.8 Painel semântico 57 sugerir local e enviar foto 73

3.9 Processo de naming 57 4.6.2 Escrever comentários 73

3.10 Logotipo 58 4.6.3 Dúvidas 73

3.10.1 Paleta de cores 60 4.6.4 Espaço do usuário 74

3.10.2 Tipografia 60

Considerações finais 75

Referências 76
lista de figuras

Figura 1 - Mar de Aral, Uzbequistão, Ásia Central. 23

Figura 2 - O processo de design que a metodologia aborda. 32

Figura 3 - Respostas em relação ao bairro/região em que

os entrevistados moram. 36

Figura 4 - Mapa mental construído a partir das hipóteses de projeto. 42

Figura 5 - Página inicial do MMAC. 43

Figura 6 - Página inicial do Mapa Verde Aberto. 44

Figura 7 - Página inicial do HappyCow. 45

Figura 8 - Alexandra, persona 1. 47

Figura 9 - Luís Carlos, persona 2. 48

Figura 10 - Eduarda, persona 3. 49

Figura 11 - Adriano, persona 4. 50

Figura 12 - Mariana, persona 5. 51

Figura 13 - Esqueleto simplificado do site. 54

Figura 14 - Wireframe da página inicial. 55

Figura 15 - Wireframe do mapa com a opção de filtros

para refinar a busca. 56

Figura 16 - O pop-up que aparece para fazer login. 56

Figura 17 - O pop-up que aparece para fazer cadastro. 56

Figura 18 - Painel semântico. 57

Figura 19 - Mapa mental para a definição do nome. 58

Figura 20 - Logotipo na cartela de cores. 59

Figura 21 - Logotipo, versão horizontal, na cartela de cores. 59

Figura 22 - Paleta de cores. 60

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Figura 23 - Montserrat, fonte escolhida para titulos e subtitulos. 61

Figura 24 - Roboto, fonte utilizada para textos. 61

Figura 25 - Página inicial completa. 64

Figura 26 - Mockups da versão mobile e da versao desktop, respectivamente. 65

Figura 27 - Header e início do site. 66

Figura 28 - Filtro por categoria. 67

Figura 29 - Representação gráfica de bazares encontrados

a partir da filtragem. 68

Figura 30 - Informações que aparecem ao clicar em um

local no mapa. 69

Figura 31 - Composição de ícones e textos para incentivar

e conscientizar o usuário. 70

Figura 32 - Sobre e rodapé. 71

Figura 33 - Pop-up para cadastro. 72

Figura 34 - Popup para login. 72

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lista de GRÁFICOS

Gráfico 1 - Consumo de Água das Fibras (litro por quilograma). 24

Gráfico 2 - Consumo de Energia das Fibras

(megajoule por quilograma). 25

Gráfico 3 - Gráfico circular referente à faixa etária. 34

Gráfico 4 - Números correspondentes ao gênero dos entrevistados. 34

Gráfico 5 - Imagem correspondente à escolaridade dos entrevistados. 35

Gráfico 6 - Gráfico circular da renda mensal dos entrevistados. 35

Gráfico 7 - Relação dos artigos que os entrevistados

costumam adquirir. 36

Gráfico 8 - Motivos pelos quais as pessoas compram objetos usados. 37

Gráfico 9 - Números referentes aos meios que as pessoas

encontram lojas de objetos usados. 38

Gráfico 10 - Formas que os entrevistados costumam fazer compras. 38

Gráfico 11 - Gráfico circular sobre a frequência com que as

pessoas procuram objetos usados. 39

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lista de tabelas

Tabela 1 - Requisitos do site 52

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AGRADECIMENTOS

À Helena, por tantos ensinamentos e por toda paciência comigo.

Aos meus pais, os quais eu tenho uma enorme admiração. Obrigada por

serem tão presentes, por me incentivarem e me apoiarem em todas as minhas

decisões, além de terem aberto mão de muita coisa para poderem propor-

cionar o melhor pra mim. Amo vocês incondicionalmente.

Às minhas colegas de curso e amigas da vida: Alice Rosa, Gabi Flor, Lari

Trindade, Raiana Pinheiro, Renata Lima e Virna Varela, mulheres maravilhosas

que me inspiram em diversos aspectos. Obrigada pelos risos compartilhados,

pelas dificuldades divididas e pelos clubes de estudo.

À Amanda Bones, Augusto Serquiz, Arthuri e toda galera do Galpão 79/Casa

Branca. Vocês são os presentes que o ano me trouxe. Obrigada por transformarem

qualquer dia comum em uma aventura inesperada.

A Pedro Lucas, por me incentivar, me apoiar e por ser essa pessoa tão linda,

capaz de tornar tudo mais leve.

Agradeço também a todos aqueles que fizeram parte desse processo:

muito obrigada!

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a contribuição do design para o mercado de roupas usadas em Natal.
RESUMO

Este trabalho propõe uma plataforma virtual que mapeia os brechós

na Grande Natal. O objetivo deste trabalho é usar o design para incentivar as

pessoas a repensarem suas escolhas ao consumirem moda. Na pesquisa,

foram abordados temas como indústria da moda, consumo consciente e cultura

de brechó no país, conteúdos que serviram também para justificar a importância

deste trabalho. O projeto foi resultado de revisões bibliográficas e aplicação de

ferramentas de design propostas pelo livro Intuição, Ação, Criação: Graphic

Design Thinking, onde foi possível identificar a necessidade de organizar um

espaço que reúne informações sobre brechós da cidade, resultando em uma

plataforma de mapeamento.

Palavras chave: mapeamento, brechó, sustentabilidade.

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a contribuição do design para o mercado de roupas usadas em Natal.
Abstract

This work proposes a virtual platform that aims to map

the second-hand stores in the Grande Natal. The purpose of this

paper is to use design to encourage people to rethink their choices while

consuming fashion. In the research, topics such as fashion industry, conscious

consumption and culture of the store in the country were discussed, contents

that also served to justify the importance of this work. The project was a

result of bibliographical reviews and application of design tools proposed by

the book Graphic Design Thinking: Beyond Brainstorming, so it was possible to

identify the need to organize a space that gathers information about the city’s

thrift stores, resulting in a mapping platform.

Keywords: mapping, second-hand store, sustainability.

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a contribuição do design para o mercado de roupas usadas em Natal.
Introdução

A temática que abordo neste trabalho é como o design pode contribuir

para um consumo de moda mais consciente. A motivação para estudar outras

formas de consumir sem ser impulsionando a indústria têxtil e de confecção

tem relação com os dados, aqui recolhidos, acerca do ciclo de produção.

Estamos consumindo 400% a mais do que fazíamos há uma década, o que

representa uma produção média de 80 bilhões de peças de roupas novas por

ano atualmente, enquanto a indústria mundial da moda tem um lucro que

gira em torno de 3 trilhões de dólares por ano (The True Cost, 2015).

Esses números também são relevantes no que concerne a degradação

ambiental – de acordo com o relatório Pulse of the Fashion Industry Report (2015),

foram consumidos 79 bilhões de metros cúbicos de água em 2015 e resultou,

mundialmente, na emissão de 1.715 milhões de toneladas de CO2 no mesmo

período, o que representa 5% das emissões globais de gás carbônico por ano.

Além do impacto gerado pela extração de recursos naturais e a alta

produção de lixo, a indústria têxtil se destaca também como um problema social.

Um trabalhador de confecção ganha em média 2 dólares por dia em países em

desenvolvimento, como a Índia e Bangladesh, onde 97% das roupas consumidas

mundialmente são feitas, pois esses locais possuem leis trabalhistas frágeis

e incentivos para as multinacionais produzirem (The True Cost, 2015). Neste

cenário, estima-se que, só no Brasil, 114 mil crianças e adolescentes trabalham

no setor têxtil, número que representa 3,8% de quase 3 milhões de menores de

idade trabalhando no país, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de

Domicílios [PNAD] (2015).

Com a redução do custo das peças de roupa na última década, em razão do

processo de globalização e a expansão da cultura fast fashion, somos incentivados

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a comprar cada vez mais, bem como acumular peças que não usamos mais de

uma vez e descartá-las com mais facilidade. Esses fatores ajudam a ampliar os

problemas citados: mais recursos extraídos para produzir novas peças, enquanto

são gerados impactos ambientais em toda a cadeia de produção.

Após o levantamento de dados inquietantes no que se refere à indústria

têxtil, comecei a pensar no que eu, enquanto estudante de design, poderia fazer

para ajudar a mudar isso. Depois de algumas hipóteses de projetos, comecei a

considerar algo que já vinha fazendo há algum tempo: mapear os brechós que

conheço na cidade.

A minha paixão por roupas e artigos usados começou na adolescência:

descobri uma lojinha na esquina de casa que vendia peças usadas a preços que

podia pagar, já que as roupas custavam entre 2 e 10 reais. Com a cultura vintage

em alta nos anos 2000, minhas amigas falavam muito sobre o tema, conversas

sempre acompanhadas de comentários como “Em Natal não tem brechó como

em cidades grandes.”. No período, esse gosto por descobrir locais escondidos e

trocar dicas com amigos era apenas pela economia na compra e pelo hobby de

garimpar coisas diferentes.

Hoje, mais de dez anos depois, o tema ainda é recorrente nos diferentes

grupos de amigos e a discussão é frequente em redes sociais, entretanto, o

interesse atual em comprar roupas usadas vai além da economia: se discute

muito em como a indústria da moda é prejudicial para o planeta, em especial

com tantas denúncias de trabalhos análogos à escravidão nesse setor.

Após mapear todos os brechós que conheço usando uma ferramenta do

Google Maps com o intuito de mostrar pra quem me pergunta onde comprar

roupa barata, me dei conta de como tem gente interessada em conhecer esses

locais mas que não sabem onde encontrá-los. A ideia de projetar um site

mapeando os estabelecimentos que vendem roupas e acessórios usados veio

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a contribuição do design para o mercado de roupas usadas em Natal.
com experiências pessoais mas também após aplicar algumas ferramentas do

design com o público-alvo no decorrer da pesquisa. Assim, o principal objetivo

deste trabalho é incentivar as pessoas a repensarem suas escolhas ao consu-

mirem moda e a frequentarem os diversos brechós que temos na cidade.

Os objetivos específicos deste projeto são:

• Refletir sobre o acelerado ciclo de consumo do cenário atual;

• Promover o consumo consciente, se considerarmos que a peça mais

sustentável é aquela que já existe;

• Encorajar as pessoas a descobrirem locais que muitas vezes estão pre

sentes no nosso percurso habitual mas que passam despercebidos;

• Favorecer projetos beneficentes, considerando que quase todos os

brechós pesquisados para este projeto são filantrópicos, organizados e

mantidos por pessoas em trabalho voluntário.

Este trabalho está estruturado em quatro partes. Na primeira, foram

pesquisados dados acerca da indústria têxtil: a proporção que o setor tomou

nas últimas décadas, o desgaste ambiental ocasionado, problemas sociais,

extração e produção das fibras mais utilizadas pela indústria e a degradação

causada pelo tingimento e tratamento das peças. Essas informações foram

importantes para justificar a importância e urgência do tema.

Na segunda parte, foi abordada a temática do projeto e uma introdução

sobre a cultura de brechó no país, os desafios para esse mercado e alguns

dados que concernem o comércio. Na terceira parte, foi aplicada a metodologia

escolhida e todo o processo com ferramentas até chegar ao resultado final, que

será apresentado na quarta parte deste trabalho.

Para desenvolver a metodologia, foi escolhido o livro organizado por

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a contribuição do design para o mercado de roupas usadas em Natal.
Ellen Lupton “Intuição, ação, criação” (2011) que trabalha com o método de

design que possui ferramentas apropriadas desde a pesquisa até a geração de

ideias para o produto final. A revisão bibliográfica foi feita a partir de livros e

artigos; porém, muitas referências e informações foram extraídas de portais de

notícias, blogs e relatórios virtuais de associações e empresas privadas, visto

que o tema ainda foi pouco abordado no meio acadêmico por ser um assunto

contemporâneo, que tem entrado em evidência no Brasil apenas nos últimos

tempos em consequência da necessidade de repensar o consumo de moda.

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a contribuição do design para o mercado de roupas usadas em Natal.
1
OS IMPACTOS DA
INDÚSTRIA DA MODA
Os impactos da indústria da moda

Em razão do aceleramento na produção de novas coleções, que antes

eram ditadas por estações climáticas, hoje elas chegam a ser produzidas em

períodos muito mais curtos, incentivando as pessoas a consumirem de maneira

cada vez mais frenética. O The Global Fashion Agenda, fórum sobre sustentabi-

lidade na moda, juntou-se ao The Boston Consulting Group para desenvolver um

relatório com os reais números acerca da indústria da moda. Resultante desta

parceria, o documento Pulse of the Fashion Industry Report (2015) mostra que

foram consumidos 79 bilhões de metros cúbicos de água em 2015 e resultou,

mundialmente, na emissão de 1.715 milhões de toneladas de CO2 no mesmo

período, o que representa 5% das emissões globais de gás carbônico por ano.

Em questão de resíduos sólidos, são produzidos 92 milhões de toneladas de lixo

por ano no mundo todo, o que significa 4% de 2,12 bilhões do lixo produzido

anualmente (PULSE OF THE FASHION INDUSTRY REPORT, 2015).

O relatório A new Textiles Economy: Redesign Fashion Future (2017)

estima que o equivalente a um caminhão cheio de tecido é queimado ou vai para

o aterro sanitário por segundo no mundo, enquanto aqui no Brasil, no bairro

do Bom Retiro (SP), conhecido como polo nacional de confecção, descartam-se

inadequadamente 12 toneladas de retalhos diariamente, gerados por mais de 1,2

mil confecções da região (ABIT, 2012).

A mudança na cultura do consumo é refletida no crescimento da indústria

têxtil no Brasil. Segundo o relatório da Associação Brasileira de Indústria Têxtil

e de Confecção [ABIT] referente ao ano de 2017, o país possui o quarto maior

parque produtivo de confecção do mundo. De acordo com este relatório, o setor

de vestuário do Brasil é o quinto maior mundialmente, responsável por uma

produção média de 5,9 bilhões de peças no último ano, dados que incluem

vestuário, meias, acessórios, cama, mesa e banho. As perspectivas para 2018 são

positivas para os empresários: crescimento de 2,8% na produção de vestuário,

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Os impactos da indústria da moda

4% na produção têxtil e 3% no varejo no Brasil.

As informações presentes no relatório da ABIT (2017) refletem desenvol-

vimento e prosperidade para o setor têxtil, mas os impactos ambientais gerados

vão de acordo com esse crescimento. A cadeia produtiva de uma peça de roupa

afeta negativamente o meio ambiente e está presente em todas as etapas de fabri-

cação, desde a extração da matéria-prima até o descarte dos excedentes têxteis,

feitos muitas vezes de maneira inapropriada. Assim, incentivar o consumo de

peças usadas dispensa o impacto da extração de novos materiais até o descarte

inapropriado, pois a roupa volta a circular no mercado depois do uso.

1.1 Impactos sociais

A indústria mundial da moda tem um lucro que gira em torno de 3 trilhões

de dólares anualmente (THE TRUE COST, 2015). A demanda é expressiva: existem

cerca de 40 milhões de pessoas trabalhando com vestuário, dos quais 85% são

mulheres (THE TRUE COST, 2015). Em razão da competitividade dos varejistas,

em busca de preços atrativos e maiores lucros, a etapa de confecção das peças

sofre com os cortes dos gastos. O descaso com os direitos humanos tornou 2013 o

ano com mais acidentes de trabalho, enquanto 2012 foi o ano de maior lucro para

a indústria têxtil (THE TRUE COST, 2015). Contudo, foi apenas recentemente

que um caso na moda tomou grandes proporções no Brasil: em agosto de 2011

a Zara, rede varejista controlada pelo grupo espanhol Inditex, foi acusada por

subcontratar oficinas localizadas na região metropolitana de São Paulo com

imigrantes que trabalhavam em ambiente insalubre em jornadas diárias que

duravam 15 horas para ganhar 2 reais por peça costurada (BERTÃO, 2018,

online). Atualmente, não é raro ver reportagens que descrevem as condições de

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a contribuição do design para o mercado de roupas usadas em Natal.
Os impactos da indústria da moda

trabalho nesses locais, com jornadas exaustivas, ambiente nocivo e inseguro,

horas extras não remuneradas e até abuso sexual e verbal. Essas circunstân-

cias definem o trabalho como análogo à escravidão, que é descrita no artigo

149 do Código Penal: “Reduzir alguém à condição análoga à de escravo, quer

submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o

a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio,

sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto”.

Há aproximadamente 100 mil bolivianos trabalhando nessas condi-

ções aqui no país (NEVES, 2017, online), muitos dos quais chegam ilegalmente

no Brasil para fugir da miséria da sua terra natal e na esperança de juntar

dinheiro, mas acabam presos pelos seus patrões em razão dos custos da

viagem, o que acarreta uma relação de servidão com longas jornadas de serviço

pesado e ganhando menos do que foi prometido. Infelizmente, a situação

degradante desses trabalhadores não se limita apenas à produzir para redes

de fast fashion e moda acessível. Em setembro de 2017, três oficinas foram

flagradas costurando peças para a Animale, marca brasileira de luxo que vende

roupas que chegam a custar mais de 600 reais. Os imigrantes recebiam em média

5 reais por peça costurada e trabalhavam em condições humilhantes de

jornadas extensas e ambientes insalubres e perigosos, além de habitarem no

local de trabalho (LOCATELLI, 2017, online).

De acordo com Eloisa Artuso, coordenadora da área de educação do

Fashion Revolution “O problema é que a cadeia de fornecimento na moda

é muito complexa e difícil de ser rastreada do começo ao fim.”, em entre-

vista para o site de moda Elle em matéria publicada em 2018 (TORRE, 2018,

online). O Fashion Revolution, movimento presente em diversos países,

surgiu da necessidade de fazer algo para mudar esse cenário da moda, buscando

mais transparência na sua cadeia produtiva e incentivando consumidores a

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a contribuição do design para o mercado de roupas usadas em Natal.
Os impactos da indústria da moda

entenderem melhor o impacto social e ambiental que a moda vem causando.

A iniciativa surgiu em 2013 com a queda do Rana Plaza, prédio em que abri-

gava cinco fábricas têxteis na capital de Bangladesh, resultando na morte de

mais de mil pessoas e deixando mais de 2.500 gravemente feridas. A data do

desmoronamento, 24 de abril de 2013, tornou-se símbolo na luta pelo direito

de trabalhadores da indústria da moda.

A repercussão do movimento tem aumentado com o passar dos anos:

houve 113 mil posts em mídias sociais usando a hashtag do movimento apenas

durante abril 2017, alcançando 150 milhões de pessoas no mesmo período

(FASHION REVOLUTION, 2017), o que demonstra que os consumidores estão

cada vez mais engajados, interessados em saber de onde as peças de roupas

vem e quem as produziu.

1.2 Impactos ambientais: os tecidos utilizados

Os impactos relativos a produção das peças começa antes do trabalho

de costura. No modelo de mercado atual, para diminuir os custos na produção,

uma fibra pode ser produzida em um continente, passar por tratamentos

químicos em outro país, viajar até outra cidade para ser costurada, receber

aviamentos ou ornamentos em outra fábrica e só então ser embalada e enviada

para o outro lado do mundo. Não é a regra da produção, mas comumente

as peças de roupa fazem uma jornada pelo globo até chegar no armário do

consumidor e possivelmente ser descartada depois de alguns meses.

As roupas podem ser produzidas em um tecido de fibras naturais,

sintéticas, artificiais ou mesmo composto por uma mescla. Para este item

foram pesquisadas as principais fibras utilizadas pela indústria da moda com

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Os impactos da indústria da moda

o intuito de justificar a importância do tema trabalhado, visto que os impactos

da produção extensiva desses fios são um dos fatores que me motivaram neste

presente trabalho.

1.2.1 Algodão

O plantio do algodão, fibra natural mais utilizada na indústria, é

responsável por uma média de 35 milhões de hectares de terra em todo o

planeta, de acordo com a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão

[ABRAPA] (2018). O seu cultivo é um dos que mais demanda uso de substân-

cias tóxicas, consumindo 18% dos pesticidas e 25% dos inseticidas em escala

mundial (THE TRUE COST, 2015). Em virtude de todo o processo que implica

a produção de uma peça de algodão, a degradação dos recursos naturais pode

ocorrer nas variadas etapas: plantio, colheita, beneficiamento do tecido, alve-

jantes, tinturas, acabamentos, entre outros, gerando a contaminação da água

e do solo, afetando diretamente a vida dos trabalhadores e da população.

A alta demanda pela fibra na indústria têxtil fez surgir a necessidade de

sementes geneticamente modificadas. A questão do algodão transgênico é um

problema social na Índia, um dos maiores exportadores de algodão do mundo,

onde o monopólio das sementes e todos os custos que envolvem o plantio,

como irrigação, pesticidas e sementes caras, faz com que 1 fazendeiro a cada

30 minutos se mate no país, o equivalente a 1 em cada 3 suicídios no mundo

(THE TRUE COST, 2015). Mundialmente, mais de 90% das fibras de algodão

vem de transgênicos (THE TRUE COST, 2015), o que significa dizer que quase

o total de peças dessa fibra que consumimos passam por um processo muito

nocivo para o meio ambiente. O consumo de água é tão alto que para produzir

uma camiseta de algodão precisa-se de em média 2.700l de água, segundo o site

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Os impactos da indústria da moda

do Water Footprint (2012). Esses números têm sido um dos responsáveis pela

desertificação de formações naturais de água, como exemplificado a seguir:

Figura 1 - Mar de Aral, Uzbequistão, Ásia Central. Imagens via satélite para mostrar
que o lago entre 2000 e 2013, em razão da irrigação de algodão, quase secou. Hoje
restam apenas 10% do que já foi o quarto maior lago do mundo.
Fontes: Modefica / QOBILOV, 2015 (BBC Uzbequistão).

1.2.2 Viscose

Um outro tecido popular na produção de moda é a viscose, fibra artificial

originária da polpa de árvores nativas. A demanda de consumo pelo mercado

acaba sendo muito mais rápida do que o crescimento das árvores, então mesmo

que vindo de árvores de reflorestamento, são necessárias áreas muito grandes

para dar conta da produção, o que acarreta em perda da biodiversidade.

O consumo dessa fibra é responsável por derrubar 70 milhões de árvores

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Os impactos da indústria da moda

por ano (BBC BRASIL, 2017). De acordo com o Elena Salcedo em seu livro “Moda

e sustentabilidade: Design para Mudança” (2007, pág. 58), “Cerca de 30%

da viscose produzida para virar roupa é proveniente de árvores de florestas

nativas e ameaçadas de extinção.” A polpa da árvores passa por um processo

químico para ser transformada em fios e isto demanda mais energia do que a

produção de PET e mais água do que a produção de fios sintéticos como nylon

e acrílico. Os gráficos que seguem ilustram a questão:

Gráfico 1 - Consumo de Água das Fibras (litro por quilograma).


Fonte: “Moda e Sustentabilidade: Design Para Mudança” / Modefica.

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Os impactos da indústria da moda

Gráfico 2 - Consumo de Energia das Fibras (megajoule por quilograma).


Fonte: “Moda e Sustentabilidade: Design Para Mudança” / Modefica.

Esse processo produtivo que envolve muita energia, recursos naturais,

desmatamento e químicos acaba atingindo diretamente aqueles que trabalham

na produção e a comunidade ao redor, que é afetada com a poluição ambiental,

escassez de água potável e mudanças climáticas. A viscose é uma fibra biode-

gradável, mas os fatores negativos para a sua produção nos fazem perceber

que é necessário repensar a demanda por esse tecido.

1.2.3 Poliéster

O poliéster é uma fibra têxtil sintética feita a partir do petróleo, fonte

não-renovável e que gera diversos impactos ambientais na sua extração.

O tecido tem diversas vantagens atraentes para a indústria, como a baixa neces-

sidade de água para produção e o custo mais acessível do que fibras naturais,

além de não amassar, secar rápido e poder ser misturado com outras fibras, por

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Os impactos da indústria da moda

isso é bastante empregado no setor têxtil, sendo responsável por 700 milhões

de barris de petróleo por ano (BBC BRASIL, 2017). A reciclagem desse tecido é

possível, mas como ele comumente vem misturado com outras fibras nas peças

de roupa, isso dificulta o seu processo de reaproveitamento. Quando descar-

tado, ele demora mais de 200 anos para se decompor (BBC BRASIL, 2017).

A partir dos dados e informações aqui expostos, pode-se concluir que há a

necessidade de transformar, de alguma maneira, a nossa relação com a indústria

tradicional da moda em razao dela ser tão poluente em suas diversas etapas.

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2
TEMÁTICA
Temática

Em razão dos problemas abordados na primeira etapa do trabalho,

constatamos que é fundamental pensar em uma forma de substituir, ou pelo

menos diminuir, a maneira como consumimos roupa.

Após traçar algumas hipóteses de projeto que poderia desenvolver,

conclui que não usaria o design para repensar etapas na cadeia de produção

e nem em produzir uma nova coleção de moda, pois não acredito que vamos

resolver um problema ambiental e social produzindo novas peças, visto que

tudo que demanda a extração de novos recursos impacta o meio ambiente

em menor ou maior grau. A moda tem um papel importante na forma como

nos expressamos e nos apresentamos para o mundo, assim, o propósito deste

projeto não é deixar de consumir, em razão de vivermos em um modelo econô-

mico que incentiva a compra.

Levando em consideração que a roupa mais sustentável que podemos

usar é aquela que já existe, decidi dar continuidade a este projeto abordando o

consumo de peças de segunda mão.

Os artigos de segunda mão podem ser encontrados em comércios dife-

rentes. Os mais conhecidos, os brechós, são lojas onde se vendem no geral

roupas, acessórios e decoração. Também existem feiras ao ar livre e bazares

que acontecem esporadicamente, organizadas tanto em espaço público como

em espaço privado, e servem para encontro de pessoas que desejam vender ou

trocar artigos que não desejam mais.

Tem-se popularmente que a origem do nome “brechó” vem de um

comerciante do Rio de Janeiro chamado Belchior, que tinha uma loja de artigos

de segunda mão no século 19 (A Voz da Serra, 2015, online). O nome “loja de

belchior” foi citado em um conto de Machado de Assis, publicado em 1889:

Mapeando brechós: 28
a contribuição do design para o mercado de roupas usadas em Natal.
Temática

Escapei saltando para dentro de urna loja de belchior. (...) A loja era

escura, atualhada das cousas velhas, tortas, rotas, enxovalhadas,

enferrujadas que de ordinário se acham em tais casas, tudo naquela

meia desordem própria do negócio. Essa mistura, posto que banal, era

interessante. Panelas sem tampa, tampas sem panela, botões, sapatos,

fechaduras, uma saia preta, chapéus de palha e de pêlo, caixilhos,

binóculos, meias casacas, um florete, um cão empalhado, um par de

chinelas, luvas, vasos sem nome, dragonas, uma bolsa de veludo, dous

cabides, um bodoque, um termômetro, cadeiras, um retrato litogra-

fado pelo finado Sisson, um gamão, duas máscaras de arame para o

carnaval que há de vir, tudo isso e o mais que não vi ou não me ficou

de memória, enchia a loja nas imediações da porta, encostado, pendu-

rado ou exposto em caixas de vidro, igualmente velhas. Lá para dentro,

havia outras cousas mais e muitas, e do mesmo aspecto, dominando os

objetos grandes, cômodas, cadeiras, camas, uns por cima dos outros,

perdidos na escuridão. (ASSIS, Machado. Ideias de Canário. Rio de

Janeiro, 1889.)

A descrição de uma “loja de belchior” retrata um ambiente escuro,

bagunçado e com uma grande variedade de objetos antigos e até danificados.

Essa imagem de loja de artigos usados não é muito diferente da concepção que

muitas pessoas têm hoje, pois durante muito tempo foi um comércio asso-

ciado à coisas antiquadas e sem valor. Por conta desse conceito estabelecido,

brechós costumavam ser procurados por pessoas de baixa renda, em razão

do preço muito mais em conta que o mercado tradicional, e por aqueles que

buscavam coisas específicas de épocas passadas.

Mapeando brechós: 29
a contribuição do design para o mercado de roupas usadas em Natal.
Temática

Pesquisas atuais demonstram que essa desconfiança com artigos de

segunda mão tem mudado no país: entre 2008 e 2012 esse mercado cresceu

210% no Brasil (CORRÊA, 2014, online). Segundo o SEBRAE (online), no ano de

2015 foram registrados 13,2 mil microempresas de produtos usados. É um cres-

cimento considerável, visto que em 2013 tinha-se o total de 10,8 mil negócios

do gênero no país. Essa melhoria se deve, entre outros fatores, aos preços mais

acessíveis: a mesma pesquisa aponta que a economia chega a ser de 80% em

relação ao mercado tradicional. Apesar desse tipo de comércio ser mais acessível

economicamente, ele movimentou, entre 2010 e 2015, 5 milhões de reais por

ano, dado que diz respeito apenas ao mercado de roupas usadas. (RAIMUNDI,

2015, online). Com base nesses dados, podemos inferir que existe um crescente

interesse pelo consumo de roupas usadas, contexto ideal para investir em um

projeto que aborde o tema.

Mapeando brechós: 30
a contribuição do design para o mercado de roupas usadas em Natal.
3
METODOLOGIA
E PROCESSO
Metodologia e processo

3.1 Metodologia escolhida

Após a definição do tema, foram consultados artigos de áreas dife-

rentes, em razão da diversidade de dados que foram necessários para justi-

ficar o projeto. Além disso, muitas referências e informações foram extraídas

de portais de notícias, blogs e relatórios online de empresas privadas e asso-

ciações, visto que o tema foi pouco abordado no meio acadêmico por ser um

assunto contemporâneo, que tem entrado em evidência no Brasil apenas nos

últimos tempos.

Para dar continuidade ao trabalho de conclusão, foi escolhido o livro

organizado por Ellen Lupton Intuição, ação, criação: graphic design thinking

(2011), que trabalha com o método de design que possui ferramentas apro-

priadas desde a pesquisa até a geração de ideias para o produto final.

Figura 2: O processo de design que a metodologia aborda.


Fonte: adaptado da autora.

Mapeando brechós: 32
a contribuição do design para o mercado de roupas usadas em Natal.
Metodologia e processo

As ferramentas utilizadas nesse projeto, bem como o resultado obtido, serão

citadas ao longo dessa etapa.

3.2 Questionário direcionado

Foi aplicado um questionário direcionado àqueles que consomem

artigos de segunda mão e moram na Grande Natal com o objetivo de desco-

brir qual o perfil socioeconômico de quem procura esse tipo de comércio, o

que essas pessoas consomem, quais motivos as fazem consumir nessas lojas,

como procuram, por quais meios compram, a frequência de consumo e se

consideram fácil achar lojas de objetos usados na cidade.

Apesar deste trabalho ter foco na vestimenta, a pesquisa foi voltada

para todos aqueles que consomem outros objetos, como livros e móveis, com

o propósito de entender se existem as mesmas dificuldades que as levantadas

no setor de roupas, levando a uma melhor compreensão do assunto. O ques-

tionário foi criado a partir do Google Docs, ferramenta do Google que permite

criar formulários online e organiza as respostas obtidas em gráficos. O link foi

divulgado a partir de redes sociais como Instagram e Twitter, além de grupos

do Whatsapp, para chegar a diferentes grupos que se interessam pelo tema.

É importante traçar o perfil do consumidor, então a primeira seção do

questionário continha perguntas em relação à faixa etária, bairro/região em

que moram, renda mensal, nível de escolaridade e gênero. Foram entrevis-

tadas 86 pessoas, o que representa 0,22% de alunos matriculados e corpo

docente da UFRN, segundo pesquisa de 2017. Todas as respostas foram de

forma anônima.

Entre os 86 entrevistados, 94,2% estão entre 18 e 35 anos (Gráfico 3),

Mapeando brechós: 33
a contribuição do design para o mercado de roupas usadas em Natal.
Metodologia e processo

56 pessoas se identificam com o gênero feminino, 25 pessoas com o gênero

masculino e 5 pessoas com nenhum dos dois gêneros (Gráfico 4). A maioria

dos entrevistados cursa ou cursou o ensino superior (Gráfico 5), possuem

renda de até 3 salários mínimos (Gráfico 6) e muitos moram na Zona Sul da

cidade (Figura 3).

Gráfico 3 - Gráfico circular referente à faixa etária.

Gráfico 4 - Números correspondentes ao gênero dos entrevistados.

Mapeando brechós: 34
a contribuição do design para o mercado de roupas usadas em Natal.
Metodologia e processo

Gráfico 5 - Imagem correspondente à escolaridade dos entrevistados.

Gráfico 6 - Gráfico circular da renda mensal dos entrevistados.

Mapeando brechós: 35
a contribuição do design para o mercado de roupas usadas em Natal.
Metodologia e processo

Figura 3 - Respostas em relação ao bairro/região em que os entrevistados moram.

Na segunda seção, intitulada “Hábitos de consumo”, foram feitas 7

perguntas específicas para entender a relação do consumidor com o mercado

de objetos usados. Os artigos mais consumidos pelos entrevistados são roupas

e acessórios, com 74 de 86 respostas, como mostra o Gráfico 7, confirmando

que existe uma grande procura por esse setor.

Gráfico 7 - Relação dos artigos que os entrevistados costumam adquirir.

Mapeando brechós: 36
a contribuição do design para o mercado de roupas usadas em Natal.
Metodologia e processo

Como artefatos usados costumam ser mais baratos do que os encon-

trados em lojas tradicionais, 88,4% dos entrevistados afirmaram que a

economia é um dos motivos que os fazem procurar essas lojas. Outro fator

que atrai os compradores é a questão da sustentabilidade, assinalado por 59

pessoas (Gráfico 8), questão discutida também na caixa de comentários, onde

muitos julgaram o tema ser de grande importância devido a poluição causada

pela indústria da moda.

Gráfico 8 - Motivos pelos quais as pessoas compram objetos usados.

Para encontrar essas lojas, os entrevistados contam com a indicação de

amigos e conhecidos (75,6%) e por redes sociais (69,8%), mas 44,2% afirmam

conhecer estabelecimentos por acaso caminhando na rua, como mostrado no

Gráfico 9.

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a contribuição do design para o mercado de roupas usadas em Natal.
Metodologia e processo

Gráfico 9 - Números referentes aos meios que as pessoas encontram lojas de


objetos usados.

A maioria dos entrevistados prefere fazer compras em lojas físicas (66,3%)

e em feiras e eventos sazonais (62,8%). Ainda assim, as compras via redes

sociais, como Instagram e grupos do Facebook atraem 46,5% das pessoas que

responderam o questionário (Gráfico 10).

Gráfico 10 - Formas que os entrevistados costumam fazer compras.

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a contribuição do design para o mercado de roupas usadas em Natal.
Metodologia e processo

A frequência com que as pessoas recorrem a essas lojas (Gráfico 11)

ficou dividida entre aqueles que as procuram apenas quando precisam de

algo (47,7% dos entrevistados) e aqueles que fazem por diversão, seja quando

sentem vontade de garimpar e encontram algo que gostam, quando se deparam

com uma loja ou quando acontece algum evento do gênero (52,3% dos entre-

vistados).

Gráfico 11 - Gráfico circular sobre a frequência com que as pessoas procuram


objetos usados.

Na penúltima pergunta, foi questionado se consideram fácil achar esse

tipo de comércio na Grande Natal, concedendo um espaço para comentários

e sugestões sobre o assunto. A maioria das pessoas respondeu apenas com

um “Não”, que os locais são “escondidos” e não são encontrados pelas redes

sociais, enquanto outras escreveram que já foi mais difícil.

Para finalizar, os entrevistados escreveram sobre o que eles acham da

temática abordada na pesquisa, onde foram deixados comentários como esse

três a seguir:

Mapeando brechós: 39
a contribuição do design para o mercado de roupas usadas em Natal.
Metodologia e processo

“Além de estimular pequenos comerciantes oferece coisas que normal-

mente não encontramos por aí e ainda contribui na questão sustentável

com a redução (mesmo que ainda seja mínima) da produção em larga

escala que tem como consequência trabalho escravo, em más condi-

ções e produzem mais lixo direta (processos de produção) e indireta-

mente (quando optamos em comprar algo novo ao invés de recorrer

aos bazares/brechós).”

“Acho incrível! A precisa deixar de lado o estigma que roupa usada é

ruim. Reaproveitar, vender e trocar são atitudes muito simples e boas.

Protegemos o meio ambiente e ainda economizamos.”

“Acho genial, acabamos consumindo peças bem legais por um preço

barato e ainda ajudamos o meio ambiente. O consumo sustentável hoje

acaba sendo algo caríssimo, ele tem um foco na classe média alta, por

mais que pessoas com renda inferior queiram ter um consumo mais

consciente, isso acaba sendo algo que não condiz com a renda desse

grupo. Acredito que os bazares sejam uma forma de permitir que mais

pessoas pratiquem o consumo sustentável.”

Analisando as respostas recebidas, pode-se constatar que o público-alvo

do projeto possui acesso à informação e têm consciência ecológica, apresenta

bastante interesse em consumir artigos usados, porém sem muita informação

de onde encontrar esses produtos.

Foi considerado, na conclusão da primeira parte do Trabalho de Conclusão,

fazer um manifesto para redes sociais incentivando as pessoas a consumirem

roupas de segunda mão, entretanto, após o questionário direcionado, ficou

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a contribuição do design para o mercado de roupas usadas em Natal.
Metodologia e processo

evidente que o desejo de consumir e a consciência ecológica já existem, o que

falta, em especial na cidade, são mais informações sobre a localização destas

lojas, visto que a maioria é pequena e localizada em ruas pouco movimentadas.

3.3 HIPÓTESES DE PROJETO

Para dar continuidade ao trabalho, foi usada a técnica do mapa mental,

ferramenta proposta pela Ellen Lupton em seu livro Intuição, ação, criação:

graphic design thinking (2011), adequada para essa fase de ideação do projeto.

Também conhecido como ‘pensamento radiante’, é uma forma de

pesquisa mental que permite aos designers explorar rapidamente

o escopo de um dado problema, tópico ou assunto. Partindo de

um termo ou ideia central, o designer rapidamente mapeia as

imagens e propostas associadas. (LUPTON, 2013. p. 22)

Para iniciar o mapa mental, foi centralizado o problema encontrado:

as pessoas não sabem onde encontrar brechós em Natal. A partir disso, foram

selecionadas algumas hipóteses de projeto baseadas em diferentes áreas em

que o design pode atuar. Nas ramificações de cada hipótese, foram apontadas

as vantagens e desvantagens de cada proposta.

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a contribuição do design para o mercado de roupas usadas em Natal.
Metodologia e processo

Figura 4 - mapa mental construído a partir das hipóteses de projeto.

A proposta escolhida para esse trabalho é a de mapear os brechós da

Grande Natal e disponibilizar com todas as informações a respeito, como dias

e horários de funcionamento. O mapa estará disponível em um site, estimu-

lando as pessoas a conhecerem e frequentarem esses estabelecimentos.

3.4 Plataformas similares

Os sites com mapeamento existem para listar categorias específicas ou

mapear locais que, geralmente, não são conhecidos em nosso cotidiano, com o

intuito de facilitar a busca de quem os procura. Foram listados alguns exemplos

de plataformas e comunidades virtuais que se assemelham à ideia deste projeto:

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a contribuição do design para o mercado de roupas usadas em Natal.
Metodologia e processo

3.4.1 Museu da Memória Afetiva da Cidade do Natal

O site do Museu da Memória Afetiva da Cidade do Natal [MMAC], além de

propor encontros presenciais com atividades e processos criativos, é uma plata-

forma virtual desenvolvida para mapear os pontos da cidade onde as pessoas

têm lembranças afetivas, onde o usuário pode compartilhar sua experiência e

ler outras histórias. O site é integrado com o Google Maps e conta com a cola-

boração de visitantes. Projetos como esse estimulam as pessoas a explorarem a

cidade com outra perspectiva e redescobrirem caminhos habituais.

Figura 5 - Página inicial do MMAC.


Fonte: Museu da Memória Afetiva da Cidade do Natal. Disponivel em:
<http://mmacnatal.com/>. Acesso em 20 nov. 2018.

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a contribuição do design para o mercado de roupas usadas em Natal.
Metodologia e processo

3.4.2 Mapa Verde Aberto

O Mapa Verde Aberto, tradução do Open Green Map, é uma ferramenta

interativa de mapeamento que tem como objetivo mapear recursos ecológicos,

culturais e cívicos presentes em cada comunidade. O projeto conta com a cola-

boração dos usuários e já possui 41.568 locais verdes mapeados em diversas

partes do mundo.

Figura 6 - Página inicial do Mapa Verde Aberto.


Fonte: Open Green Map. Disponivel em: <https://www.opengreenmap.org/pt-br/inicio>.
Acesso em 20 de nov. 2018.

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a contribuição do design para o mercado de roupas usadas em Natal.
Metodologia e processo

3.4.3 HappyCow

O HappyCow foi fundado em 1999 com o intuito de ajudar veganos

e vegetarianos a encontrarem opções de comidas saudáveis em qualquer

lugar do mundo. Atualmente, a comunidade online apresenta mais do que

um mapeamento de restaurantes, mas também possui blog, receitas e outros

tópicos relacionados ao veganismo. O site funciona de forma colaborativa,

onde é possível sugerir locais e adicionar resenhas.

Figura 7 - Página inicial do HappyCow.


Fonte: HappyCow. Disponivel em: <https://www.happycow.net/>. Acesso em 20 de nov. 2018.

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a contribuição do design para o mercado de roupas usadas em Natal.
Metodologia e processo

3.5 Personas e cenários

Com o intuito de compreender melhor para quem o designer está proje-

tando, foi feita a construção de uma persona que poderia utilizar do sistema.

De acordo com Preece (2013):

As personas são descrições ricas de usuários típicos do produto

em desenvolvimento, nas quais os designers podem se concen-

trar e para quem podem projetar o produto. Eles não descrevem

pessoas reais, mas são realistas, em vez de idealizadas.

Qualquer persona habitualmente representa uma síntese de

vários usuários reais que estão envolvidos na coleta de dados.

(PREECE, 2013, p. 360 apud DAS VIRGENS, 2016, p. 72)

Essas quatro personas foram imaginadas com base no questionário

aplicado anteriormente. Foram idealizados também cenários em que elas

estão inseridas, permitindo pensar em um sistema que atenda as necessidades

desse público-alvo.

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a contribuição do design para o mercado de roupas usadas em Natal.
Metodologia e processo

Figura 8 - Alexandra, persona 1.

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Metodologia e processo

Figura 9 - Luis Carlos, persona 2.

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Metodologia e processo

Figura 10 - Eduarda, persona 3.

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Figura 11 - Adriano, persona 4.

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Metodologia e processo

Figura 12 - Mariana, persona 5.

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Metodologia e processo

3.6 Requisitos do site

A partir desses cenários, foram listados os requisitos que o sistema

precisa ter para atender os usuários, bem como os itens desejáveis mas que

não serão abordados agora.

Tabela 1 - Requisitos do site.

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a contribuição do design para o mercado de roupas usadas em Natal.
Metodologia e processo

Foi importante considerar a simplicidade do projeto em razão do prin-

cipal objetivo deste site ser indicar onde estão os brechós na Grande Natal e esti-

mular a visita a esses locais. Uma das vantagens do site é que ele é colaborativo,

tornando-o de baixa manutenção. Inspirado no Google Maps, os usuários

cadastrados podem indicar locais que conhecem, sugerir modificações e

enviar fotos. Essas atividades vão ser moderadas para garantir a organização

da plataforma.

Ademais, futuramente, o serviço pode ser expandido para outras

cidades, à medida que os usuários adicionam os locais que conhecem. Outra

ideia, também como sugestão desejável para o futuro, é a possibilidade de

adicionar outros setores de artigos de segunda mão, como livros e móveis.

Contudo, este projeto focou apenas no comércio de roupas e acessórios usados.

3.7 Esqueleto simplificado do site e wireframes

O esqueleto simplificado foi desenhado pensando na experiência do

usuário, com as possibilidades de ações que uma pessoa pode tomar ao acessar

o site, o que ajuda o designer a visualizar o sistema final. A partir dele, foram

desenhados os wireframes com o formato final do site, porém sem a paleta

de cores e imagens. Essas etapas ajudam a organizar todas as necessidades da

plataforma, facilitando o protótipo do produto final.

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a contribuição do design para o mercado de roupas usadas em Natal.
Metodologia e processo

Figura 13 - Esqueleto simplificado do site.

A plataforma foi pensada para ser o mais clara e objetiva possível, por

isso quase todas as informações estão disponíveis na primeira página, onde o

usuário pode descobri-la a partir do header, que possui links que direcionam

para a altura da página desejada, ou descendo a barra de rolagem.

O mapa, integrado ao Google Maps, possui uma caixa onde é possível

filtrar os locais que o usuário está procurando. Há um filtro de distância a

partir local onde a pessoa se encontra, pesquisa a partir da faixa de preço e

caixas de múltipla escolha para selecionar que produtos o usuário procura:

feminino, masculino, infantil, acessórios e/ou cacarecos.

Para entrar e fazer cadastro, foi preferível trabalhar com janela pop-up

no lugar de direcionar o usuário para uma nova página, o que agiliza o processo

de entrar ou se cadastrar no sistema.

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a contribuição do design para o mercado de roupas usadas em Natal.
Metodologia e processo

Figura 14 - Wireframe da página inicial.

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a contribuição do design para o mercado de roupas usadas em Natal.
Metodologia e processo

Figura 15 - Wireframe do mapa com a opção de filtros para refinar a busca.

Figura 16 - O pop-up para fazer login. Figura 17 - Pop-up para fazer cadastro.

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a contribuição do design para o mercado de roupas usadas em Natal.
Metodologia e processo

3.8 Painel semântico

O painel semântico foi desenvolvido para auxiliar na criação da iden-

tidade visual do site, em razão de servir como guia visual de cores e estilo.

Foram escolhidas imagens coloridas, com cores contrastantes e de aparência

jovial e leve.

Figura 18 - Painel semântico.

3.9 Processo de naming

Para explorar as possibilidades de nome que o site poderia ter, foi feito

um mapa mental com palavras que remetem tanto ao brechó quanto ao conceito

do mapa. O nome escolhido para o site foi “Dê Ré”, que propõe a ideia de voltar

atrás. Foram selecionadas algumas palavras que ligam ao “repropósito”, como

Mapeando brechós: 57
a contribuição do design para o mercado de roupas usadas em Natal.
Metodologia e processo

ressignificar, repensar e revisitar para usar como slogan. Assim, brinca-se com

a sílaba “re”: dar ré, nesse caso, é dar um re-significado à moda, re-pensar o

consumo, re-visitar uma rua.

Figura 19 - Mapa mental para a definição do nome.

3.10 Logotipo

O logotipo foi desenhado priorizando a simplicidade e a legibilidade, em

razão dele precisar ser aplicado em superficies de medidas diversas.

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a contribuição do design para o mercado de roupas usadas em Natal.
Metodologia e processo

Figura 20 - Logotipo na cartela de cores.

Figura 21 - Logotipo, versão horizontal, na cartela de cores.

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a contribuição do design para o mercado de roupas usadas em Natal.
Metodologia e processo

3.10.1 Paleta de cores

As cores foram escolhidas de acordo com a sensação que o produto quer

passar: jovial, leve e enérgico. O contraste que tem entre as cores também é

importante para não atrapalhar a legibilidade do site.

Figura 22 - Mapa mental para a definição do nome.

3.10.2 Tipografia

Foram escolhidas duas fontes para a composição visual do projeto,

selecionadas pela facilidade de leitura em dispositivos virtuais.

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a contribuição do design para o mercado de roupas usadas em Natal.
Metodologia e processo

Figura 23 - Montserrat, fonte escolhida para titulos e subtitulos.

Figura 24 - Roboto, fonte utilizada para textos.

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a contribuição do design para o mercado de roupas usadas em Natal.
4
RESULTADO
Resultado

4.1 Página inicial

A página inicial é composta por:

• Header, com link para todas as áreas do site;

• Imagem de uma planta com texto, que compõe a identidade visual do

site, indicando do que se trata o espaço;

• Mapa;

• Motivos pelos quais é positivo comprar em brechó, com o intuito de

incentivar o usuário a consumir de forma consciente;

• Pequenos textos que explicam um pouco sobre a ideia do site;

• Rodapé, com mapa do site, link para redes sociais e contato.

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a contribuição do design para o mercado de roupas usadas em Natal.
Resultado

Figura 25 - Página inicial completa.

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a contribuição do design para o mercado de roupas usadas em Natal.
Resultado

Figura 26 - Mockups da versão mobile e da versao desktop, respectivamente.

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a contribuição do design para o mercado de roupas usadas em Natal.
Resultado

Figura 27 - Header e início do site.

4.2 Mapa

4.2.1 Filtros

O mapa possui uma caixa com filtros de busca onde é possível filtrar

os locais a partir do que o usuário está procurando, como pela distância do

local onde a pessoa se encontra, pela faixa de preço e, também, caixas de

múltipla escolha para selecionar que produtos o usuário procura: feminino,

masculino, infantil, acessórios e/ou cacarecos. Optou-se por usar ícones no

lugar de cores no mapa para não haver confusão visual, facilitando a busca a

partir de imagens.

O mapa possui também uma caixa de busca no canto direito, onde é

possível digitar o nome de um local ou endereço.

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a contribuição do design para o mercado de roupas usadas em Natal.
Resultado

Figura 28 - Filtro por categoria.

4.2.2 Encontrados na busca

Protótipo do resultado de uma busca a partir dos filtros, com marcação

de cada bazar que possui o tema procurado no mapa.

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a contribuição do design para o mercado de roupas usadas em Natal.
Resultado

Figura 29 - Representação gráfica de bazares encontrados a partir da filtragem.

4.2.3 Bazar selecionado

O usuário, ao clicar em algum estabelecimento no mapa, poderá visua-

lizar as informações a repeito do local:

• Que tipos de produtos há;

• Formas de pagamento;

• Se é um bazar beneficente e aceita doações;

• Dias de abertura e horários de funcionamento;

• Endereço e contato do local.

Todos os tópicos são caracterizados por um ícone específico. Além

disso, é possível visualizar e/ou as fotos do local, ler e/ou enviar comentário e

sugerir modificações.

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a contribuição do design para o mercado de roupas usadas em Natal.
Resultado

Figura 30 - Informações que aparecem ao clicar em um local no mapa.

4.3 Por que comprar em brechó?

Foram selecionados alguns pontos positivos em comprar artigos usados

com o objetivo de incentivar e conscientizar os usuários. Os motivos foram

dispostos em pequenos textos e com uso de imagens referentes para facilitar

a leitura.

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Resultado

Figura 31 - Composição visual para incentivar e conscientizar o usuário.

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a contribuição do design para o mercado de roupas usadas em Natal.
Resultado

4.4 Sobre e rodapé

Na base da página, foi selecionado um pequeno espaço para falar um

pouco sobre a proposta do site, como funciona e como surgiu. O rodapé serve

para organizar o mapa de navegação do site, links para redes sociais e e-mail

para contato.

Figura 32 - Sobre e rodapé.

4.5 Entrar e cadastro

Foi escolhido usar uma pop-up para entrar no sistema e se cadastrar,

evitando que carregue uma nova página, assim, agilizando o processo.

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a contribuição do design para o mercado de roupas usadas em Natal.
Resultado

Figura 33 - Pop-up para cadastro.

Figura 34 - Pop-up para login.

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a contribuição do design para o mercado de roupas usadas em Natal.
Resultado

4.6 PÁginas não representadas graficamente

4.6.1 Sugerir modificação, sugerir local e enviar foto

Essas três ações estão disponíveis na janela do mapa e permitem que o

usuário colabore com a plataforma das seguintes maneiras:

• Sugerir modificação: pode indicar alguma mudança nas informações;

• Sugerir um local que ainda não foi marcado no mapa;

• Enviar fotos dos estabelecimentos.

Todas essas atividades só podem ser realizadas por usuários cadastrados

e dependem de moderação para se tornarem visíveis.

4.6.2 Escrever comentários

A seção de comentários é muito importante pois a partir dessa ferra-

menta o usuário deixa resenhas sobre o local visitado. Essa ferramenta só pode

ser utilizada por pessoas cadastradas, mas qualquer visitante pode visualizar

os comentários deixados.

4.6.3 Dúvidas

A página de dúvidas é uma das únicas que não está na página inicial.

Ela serve para reunir possíveis dúvidas que os usuários possam ter, além de

explicar detalhadamente como funciona o serviço.

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a contribuição do design para o mercado de roupas usadas em Natal.
Resultado

4.6.4 Espaço do usuário

Assim como a página de dúvidas, o espaço do usuário não esta presente

na pagina inicial, sendo visível apenas para usuários logados. Na página, os

usuários podem ver que locais sugeriram, que edições fizeram, as fotos que

mandaram e os comentários que já deixaram no site.

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a contribuição do design para o mercado de roupas usadas em Natal.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

A ideia de pesquisar sobre consumo de artigos usados e a indústria da

moda para o Trabalho de Conclusão surgiu ao identificar que esse assunto está

em evidência. Após estudos mais aprofundados sobre o tema, percebeu-se

como essa questão é urgente e como o design pode contribuir de diversas

maneiras para um estilo de vida mais consciente.

Este trabalho partiu de uma hipótese de solução para um problema

encontrado, entretanto, ao longo do processo, surgiram alterações à medida

que novas ferramentas foram aplicadas, resultando em uma proposta de

plataforma digital.

Após a conclusão do trabalho, ficaram evidentes algumas alterações na

plataforma, como dar mais destaque para o mapa, em razão desta ser a prin-

cipal função do site, e também explorar funcionalidades ligadas às redes sociais,

como redirecionar o uso de imagens e informações. Ademais, considerando o

público-alvo do projeto, é essencial dar mais atenção ao formato mobile.

Outra observação a ser feita é sobre a importância de fazer testes de

protótipos com usuários, com o objetivo de analisar se o site é intuitivo para o

público-alvo, além de poder observar se a plataforma de fato funcionaria para

o problema levantado.

Por fim, espera-se que a proposta apresentada possa ser aperfeiçoada a

partir das sugestões recebidas e até mesmo efetivada no futuro.

Mapeando brechós: 75
a contribuição do design para o mercado de roupas usadas em Natal.
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