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DESIGN E

CHIMARRÃO:
CAUSOS DE
DESIGN GAÚCHO
CONTADOS E
COMPARTILHADOS
NA WEB
DESIGN E
CHIMARRÃO:
CAUSOS DE
DESIGN GAÚCHO
CONTADOS E
COMPARTILHADOS
NA WEB

DIEGO LUIZ DE ALMEIDA MOTTA


UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
CENTRO DE ARTES
BACHARELADO EM DESIGN DIGITAL

DESIGN E CHIMARRÃO: CAUSOS DE DESIGN GAÚCHO


CONTADOS E COMPARTILHADOS NA WEB
DIEGO LUIZ DE ALMEIDA MOTTA

Trabalho acadêmico apresentado ao Centro de Artes para a conclusão do


Curso de Graduação em Design Digital da Universidade Federal de Pelotas
como requisito parcial à obtenção do Título de Bacharel em Design Digital.

ORIENTADORA:
LÚCIA BERGAMASCHI COSTA WEYMAR
BANCA EXAMINADORA:
PABLO FABIÃO LISBOA
TOBIAS TESSMANN MÜLLING

PELOTAS, 2011
AGRADECIMENTOS

A minha família, em especial mãe e avó, por incentivar os meus estudos e por
acreditar em mim.

A Lúcia Weymar, por aceitar me orientar neste projeto e por toda a


convivência durante este momento tão importante, sempre serei grato.

A banca, Pablo e Tobias, por todas as considerações que foram e


continuarão sendo seguidas ao longo da minha vida acadêmica.

A Flávia Pithan, pela orientação no pré-projeto e por toda a ajuda que se


dispôs a fazer e fez, obrigado.

A Norberto Bozzetti, por ter me recebido em sua casa e concedido uma


entrevista, foi um grande prazer.

Aos amigos, da faculdade e do trabalho, que colaboraram de alguma forma na


construção destes pixels.
“Você quer passar o resto de sua vida vendendo água com açúcar ou quer ter
a chance de mudar o mundo?”

Steve Jobs – em entrevista a John Sculley para o livro “Odyssey: Pepsi to


Apple”
RESUMO

Design e Chimarrão: causos de Design gaúcho contados e compartilha-


dos na web é um Trabalho de Conclusão de Curso em Design Digital da
Universidade Federal de Pelotas e objetiva a criação de um site/blog sobre o
Design gaúcho com o intuito de divulgá-lo e valorizá-lo. Para isto, investi-
gamos fragmentos históricos acerca do Design no Rio Grande do Sul, reali-
zamos um estudo exploratório na internet sobre perfis sociais que interessem
aos Designers e realizamos uma entrevista com o Designer gaúcho Norberto
Bozzetti.

Palavras-chave: design gaúcho, design e chimarrão, blog sobre design, design


digital.
ABSTRACT

“Design e Chimarrão: causos de Design gaúcho contados e compartilhados


na web” is a completion of course work in Digital Design of Universidade
Federal de Pelotas and aims at creating a site/blog about the “gaúcho” Design
in order to promote it and treasure it even more. To investigate this historical
fragments about the Design in Rio Grande do Sul we did an exploratory study
on the internet about social profiles interesting to Designers and conducted an
interview with “gaúcho” Designer Norberto Bozzetti.

Key-words: gaúcho design, design and chimarrão, blog about design, digital
design.
MENU

PÁGINA INICIAL 14
CUIA, BOMBA E UM POUCO DE REPERTÓRIO 25
CAUSO UM: ERA UMA VEZ... UM GAÚCHO CHAMADO DESIGN 30
CAUSO DOIS: ZEUNER, UM MESTRE MAIS GAÚCHO DO QUE ALEMÃO 32
CAUSO TRÊS: CINCO BOAS MADRUGADAS 35
CAUSO QUATRO: DESIGN GAÚCHO EM QUATRO ATOS 43
CAUSO CINCO: AMIGOS, AMIGOS; NEGÓCIOS EM SOCIEDADE 45
CAUSO SEIS: NEM AMARELO, NEM AZUL: VERDI 49
CAUSO SETE: ABDUZEEDO 54
MENU

ERVA-MATE, ÁGUA QUENTE E UM PAPO SOBRE DESIGN 57


ENTREVISTA COM NORBERTO BOZZETTI 65
MEIA COLHER DE SOPA DE PIXELS E UM BOCADO DE MÉTODO 81
DESIGN E CHIMARRÃO: CAUSOS DE DESIGN GAÚCHO
CONTADOS E COMPARTILHADOS NA WEB 87
BRIEFING 91
PÁGINA FINAL 132
BIBLIOTECA 134
LISTA DE FIGURAS

FIGURA 01: CHIMARRÃO 15


FIGURA 02: CUIA, BOMBA E UM POUCO DE REPERTÓRIO 20
FIGURA 03: ERVA-MATE, ÁGUA QUENTE E UM PAPO SOBRE DESIGN 20
FIGURA 04: MEIA COLHER DE SOPA DE PIXELS E UM BOCADO DE MÉTODO 20
FIGURA 05: DESIGN E CHIMARRÃO: CAUSOS DE DESIGN GAÚCHO
CONTADOS E COMPARTILHADOS NA WEB 20
FIGURA 06: NORBERTO BOZZETTI 22

FIGURA 07: GAÚCHOS 26


FIGURA 08: ERNEST ZEUNER - AUTORRETRATO 32
FIGURA 09: A SEÇÃO DE DESENHO DA EDITORA GLOBO 33
FIGURA 10: 1ª EDIÇÃO DA MADRUGADA 38
FIGURA 11: 2ª EDIÇÃO DA MADRUGADA 39
FIGURA 12: 3ª EDIÇÃO DA MADRUGADA 40
FIGURA 13: 4ª EDIÇÃO DA MADRUGADA 41
LISTA DE FIGURAS

FIGURA 14: 5ª EDIÇÃO DA MADRUGADA 42


FIGURA 15: JOSÉ CARLOS BORNANCINI 46
FIGURA 16: NELSON IVAN PETZOLD 46
FIGURA 17: TALHERES 47
FIGURA 18: GARRAFAS TÉRMICAS 47
FIGURA 19: PETZOLD NO PRÊMIO BORNANCINI 48
FIGURA 20: REDESIGN DE MARCA: ITAIPU 51
FIGURA 21: PROJETO DE EMBALAGEM 52
FIGURA 22: MARCAS PARA ESTÚDIO DE DANÇA 52
FIGURA 23: MARCAS 53
FIGURA 24: FÁBIO SASSO 55

FIGURA 25: SITE MARIA CULTURA 59


FIGURA 26: SITE IDEAFIXA 60
FIGURA 27: MARCAS 66
FIGURA 28: MARCAS 67
FIGURA 29: MARCAS 68
FIGURA 30: MARCAS 69
FIGURA 31: MARCAS 70

FIGURA 32: “DIAGRAMA DA ESPERIÊNCIA” 83

FIGURA 33: MARCA DESIGN & CHIMARRÃO 89


FIGURA 34: MARCA PICTÓRICA DESIGN & CHIMARRÃO 89
LISTA DE FIGURAS

FIGURA 35: SITE ABDUZEEDO 94


FIGURA 36: SITE DESIGN ON THE ROCKS 95
FIGURA 37: SITE DE2IGN 95
FIGURA 38: SITE ANTICAST 96
FIGURA 39: SITE MARCO ZERO 96
FIGURA 40: SITEMAP 105
FIGURA 41: WIREFRAME DA TELA BLOG 108
FIGURA 42: WIREFRAME DA TELA BLOG DETALHE 110
FIGURA 43: WIREFRAME DA TELA PROJETO 112
FIGURA 44: WIREFRAME DA TELA CAUSOS 114
FIGURA 45: WIREFRAME DA TELA CAUSOS DETALHE 115
FIGURA 46: WIREFRAME DA TELA CURSOS 117
FIGURA 47: WIREFRAME DA TELA ENTREVISTAS NORBERTO BOZZETTI 118
FIGURA 48: WIREFRAME DA TELA CONTATO 119
FIGURA 49: PÁGINA BLOG 122
FIGURA 50: PÁGINA BLOG DETALHE 124
FIGURA 51: PÁGINA DESIGN E CHIMARRÃO - PROJETO 125
FIGURA 52: PÁGINA DESIGN GAÚCHO - CAUSOS 126
FIGURA 53: PÁGINA DESIGN GAÚCHO - CAUSOS DETALHE 127
FIGURA 54: PÁGINA ENSINO E PROFISSÃO - CURSOS 128
FIGURA 55: PÁGINA ENTREVISTAS - NORBERTO BOZZETTI 129
FIGURA 56: PÁGINA CONTATO 130
LISTA DE TABELAS

TABELA 01: PERFIS DE DESIGN 61


TABELA 02: ENTREVISTA COM NORBERTO BOZZETTI 72
PÁGINA INICIAL

O chimarrão ou mate, como é comumente chamado, é uma bebida caracterís-


tica da região meridional da América do Sul. Porém, no contexto brasileiro,
é bastante característico do Rio Grande do Sul. É um dos elementos que sim-
bolizam este estado assim como, por exemplo, o churrasco. Para fazê-lo é
necessário ter uma cuia, uma bomba, erva mate e água quente1. Porém, este
trabalho não tem a intenção de problematizar sobre o chimarrão, nem de en-
sinar a tomá-lo – o que é bem complexo, diga-se de passagem e, acreditem,
existem técnicas para tomar um bom chimarrão. Muito menos, o texto tem a
intenção de cultuar qualquer espécie de bairrismo. A sugestão é a de utilizar
o termo chimarrão como uma metáfora para esta pesquisa enquanto uma in-
vestigação que aborda não o gaúcho, mas o Design gaúcho.

1
A cuia é geralmente produzida a partir do fruto da planta porongo; é o recipiente onde se
toma o chimarrão. A bomba, em metal, funciona como um canudo e é usada dentro da cuia
para sorver o chimarrão. A erva-mate é uma árvore cujas folhas são misturadas à água com
fins de ser sorvida. O chimarrão é bebido quente, mas a água não pode ser fervente para não
queimar a erva; por isso ela precisa ser aquecida até “chiar na chaleira”.

14
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O chimarrão (Figura 01), em sua origem, tem como significado a paz e o


entendimento. Cada pessoa, ao passar o próximo mate à outra, age como se
dissesse que a admira e a respeita como pessoa e como cidadã e que, naquele
momento de reunião, todos são iguais. O fragmento histórico a seguir sobre
o significado do ato de chimarrear vai nos ajudar posteriormente a entender o
porquê da sua relação neste trabalho com o Design2
“[...] Primeiro sorveu um velho capitão. Depois um jovem, um
pardo decente – o nome do mulato não se deve escrever; depois
eu, depois o “spahi”, depois um mestiço de índio e afinal um
português, todos pela ordem. Não há nisso, nenhuma preten-
são de precedência, nenhum senhor e criado; é uma espécie de
serviço divino, uma piedosa obra cristã, um comunismo moral,
uma fraternidade verdadeiramente nobre, espiritualiza-
da! Todos os homens se tornam irmãos, todos tomam
o mate em comum!” (VIAGEM pelo Sul do Brasil,
1953).

Ao escrever sobre chimarrão, é preciso con-


tar que os gaúchos têm como hábito tomá-
lo em momentos específicos do seu dia,
sozinhos ou acompanhados. Quase como um
ritual, nestes momentos cada um tem seu jeito
de fazer, tomar e compartilhar seu mate. Mas,
o que nos serve de interesse é o fato de que as
pessoas gostam de se reunir com amigos e fa-
miliares para tomar um chimarrão e compar-
Figura 01 – Chimarrão. Fonte:
R7 (2011). tilhar de um bom papo.

2
Ao longo de seu testemunho no livro Pensando Design (2004), o professor e designer
Norberto Bozzetti grafa Design e Designer sempre com letra maiúscula como homenagem
à profissão e ao profissional. Considero justa e merecida esta homenagem e estendo-a neste
projeto, homenageando quem tanto fez pelo nosso Design.

15
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Agora, ao escrever sobre Design, é preciso entender que é uma profis-


são ainda nova se comparada a outras áreas mais tradicionais como a
engenharia e a medicina, por exemplo. As pessoas ainda não sabem o que
significa, o que faz o profissional dessa área – o Designer – e tampouco sabem
suas histórias e expoentes. É compreensível que isso aconteça. Hoje, a pa-
lavra Design é bastante utilizada entre as pessoas, contudo, essencialmente
atribuída à questões apenas estéticas. Em entrevista para Stolarski, Alexandre
Wollner3 declara
A maioria dos clientes não sabe o que é design, mas os es-
tudantes de design também não. Eu pergunto às vezes: “O que
vocês acham que é design?”. Eles me dão respostas incríveis.
“É fazer coisas bonitas, desenhos proporcionais”, coisas do tipo
(WOLLNER apud STOLARSKI, 2005, p. 53).

O primeiro lugar no qual precisa acontecer uma disseminação acerca do sig-


nificado do Design é na universidade. As universidades, os cursos e algu-
mas referências bibliográficas existentes sempre estiveram preocupados em
passar ao aluno histórias universais acerca do surgimento do Design. Essa
é a corrente predominante entre as versões da historiografia. Conhecê-la é
necessário e importante, isso resta evidente. Mas, aqui, no contexto brasilei-
ro, será que os interessados conhecem histórias de Design? – E focalizando
ainda mais, aqui no contexto gaúcho, alguém sabe? Quem estuda ou trabalha
com Design no Rio Grande do Sul acredita não ser importante conhecer suas

3
Alexandre Wollner foi um dos pioneiros do Design no Brasil. Aluno da primeira turma do
Instituto de Arte Contemporânea do Masp, estudou também na Escola de Ulm, na Alemanha,
que serviu como base para o Design brasileiro. Fundou o primeiro escritório de Design do
país com Geraldo de Barros, Walter Macedo e Ruben Martins e foi fundador e professor do
Instituto de Desenho Industrial do MAM do Rio de Janeiro e da Escola Superior de Desenho
Industrial da UERJ, além de ser um dos principais designers de projetos de identidade corpo-
rativa no Brasil (STOLARSKI, 2005, p. 11).

16
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histórias? Essas são questões importantes ao pensarmos o Design como en-


sino e profissão. Que futuro o espera, se ninguém se importar em conhecê-lo
profundamente e, consequentemente, em divulgá-lo?

O Design gaúcho ainda se apresenta bastante frágil no que diz respeito as suas
próprias reflexões. Ainda temos poucas informações registradas e escassos
livros que possam servir como referência e pesquisa para os atuais e futuros
Designers. E, por outro lado, muitas publicações que são feitas hoje – como
artigos e trabalhos de conclusão de curso – ficam em seus locais de origem,
sem que as pessoas a elas tenham fácil acesso. Resultado: grandes, bons e
relevantes trabalhos ficam restritos e não contribuem com a expansão do co-
nhecimento acerca do Design.
[...] Se a cultura do país carece de documentação e reflexão, no
caso do design há um fator suplementar para agravar a situação:
a chamada “cultura de massa”, consumida cotidianamente por
todos nós, raramente recebe atenção das instituições dedicadas
à memória nacional. O resultado é que o design permanece es-
condido em algumas poucas bibliotecas públicas, em coleções
particulares, ou perdido em páginas de revistas de época. Não
são raros os casos em que nem as empresas nem os autores
dos projetos possuem documentação ou arquivo de sua própria
produção. Empresas e profissionais repetem, assim, a desaten-
ção das instituições. Falta ao ambiente cultural brasileiro em
geral, e ao do design em particular, uma postura de reconheci-
mento e valorização da produção nacional (MELO, 2008, p. 26).

Algo que contribui, e muito, com a divulgação do Design é a internet a qual,


hoje, a maioria das pessoas tem acesso e pode, em tempo real, ver e opinar
acerca da informação que está recebendo. Conforme observamos na citação
a seguir, Luli Radfahrer4 cita de forma muito clara as vantagens da internet

4
Luli Radfahrer é Ph.D. em comunicação digital pela ECA-USP, onde também é professor
há mais de dez anos (RADFAHRER, 2007).

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A Internet tem vários recursos que os outros meios de comuni-


cação não têm. Os dois principais são a personalização – cri-
ação de veículos que permitem um contato verdadeiramente
individual – e a manipulação, que muita gente adora chamar
de interatividade: os documentos se reorganizam e se acumu-
lam, o que torna cada contato uma experiência única. Na sua
essência, ela é bem parecida com um bate-papo típico: um as-
sunto vai levando ao outro, que leva a mais um e assim por di-
ante, de forma agradável, de acordo com o interesse do ouvinte
(RADFAHRER, 1999, p. 46).

Contudo, isto também não significa que agora há um grande conteúdo à dis-
posição de todos. Ao contrário, consideramos que temos relativamente pouca
informação científica e de qualidade disponível na internet que problematize
o Design5 com seriedade. Sites específicos sobre isso, por exemplo, são raros.
O que existe, atualmente, são sites em formatos de blogs de Design6, nos
quais há o compartilhamento de opiniões, referências, portfólios e debates
bem como espaço para que seus leitores participem ativamente, informando
promoções, divulgação de vagas de trabalho, dentre outras ações.

Paula Astiz7 compartilha da opinião de que os Designers de hoje não são mais
apenas receptores de informações: “[...] Acredito no design gráfico como
formador de opinião, com um discurso ativo na produção de novas formas

5
Existe, por exemplo, um projeto de graduação do Designer Douglas Leonardo da Silva pelo
Centro Universitário SENAC – São Paulo, no qual ele transformou o livro História do Design
Gráfico de Philip Meggs em um infográfico, disponibilizando-o na internet para consulta e
download. Pode ser acessado em: < http://www.dougleonardo.com/hdg/infografico/>.
6
Como por exemplo, pode-se citar: Revista D2sign - <http://www.revistadesign.com.br/2/>;
Choco La Design - <http://chocoladesign.com/>; Anticast - <http://anticast.com.br/>.
7
Paula Astiz é arquiteta formada pela FAU-USP, com mestrado em design gráfico pelo
Royal College of Art de Londres. Hoje dirige o estúdio Paula Astiz Design, desenvolvendo
identidades visuais, projetos editoriais, design de websites e letreiros para cinema (ADG,
2002, p. 217).

18
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de conhecimento e contribuições significativas à nossa sociedade” (ASTIZ,


2004, p. 22). Radfahrer ainda explica porque o meio digital deveria ser mais
utilizado e privilegiado
O meio digital tem várias particularidades que nunca existiram
antes e é completamente diferente de todas as outras mídias, mas
leva pedaços de todas elas. A web é ágil como o rádio, abran-
gente como o jornal, rica como o videogame, envolvente com a
TV, em alguns casos móvel como o celular. Também pode ser
cativante como a correspondência, profunda como uma consulta
a um especialista, imprevisível como um papo de boteco. A web
é... a web. Suas limitações tecnológicas e as possibilidades do
hipertexto fazem dela uma mídia de texto, por enquanto. Um re-
vistão imprevisível, com número e ordem das páginas variáveis
(RADFAHRER, 1999, p. 32-33).

Nesta pesquisa, encontramos uma forma de discorrer sobre o que chamamos


de histórias, problematizações ou causos relacionados ao Design gaúcho.
Em algumas buscas, encontramos citações de certos momentos históricos,
publicações como revistas, jornais, periódicos e entrevistas com profissio-
nais riograndeses; entretanto, nada que discorra de forma aprofundada sobre
o tema. Se quase não existem sites que aprofundem o Design como tema
universal, enquanto tema gaúcho existem menos ainda! Falta uma iniciativa
como esta, um site que trate de Design, sobre seu ensino e profissão e sobre
quem são os grandes nomes que fizeram essa profissão acontecer.

Por esta razão, através do projeto e do desenvolvimento de um site/blog, pre-


tendemos escrever e comentar um pouco sobre isto e, quem sabe, contar algo
que faça as pessoas se interessarem um pouco mais sobre o Design produzido
no Rio Grande do Sul. E não apenas a quem lá nasceu, mas a todos os interes-
sados pelo tema. Um site que conte estes causos de uma forma interessante,
atingindo estudantes e profissionais e tornando-se um ponto de consulta,
pesquisa e compartilhamento de novas informações. Um site interativo, que

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contenha textos, imagens e vídeos; que conte muitas histórias, construindo


referências, dividindo opiniões com os leitores, afirmando-se realmente como
um espaço em prol da valorização do Design gaúcho.

Sendo assim, o problema que norteia esta pesquisa envolve o seguinte ques-
tionamento: como projetar um site/blog sobre o Design gaúcho com o intuito
de divulgá-lo e valorizá-lo aliando os quesitos estético-formais com os crité-
rios da internet, como usabilidade e acessibilidade por exemplo?

A pesquisa “Design e Chimarrão” é dividida em quatro capítulos: Cuia, bom-


ba e um pouco de repertório (Figura 02); Erva mate, água quente e um papo
sobre Design (Figura 03); Meia colher de sopa de pixels e um bocado de mé-
todo (Figura 04); e Design e Chimarrão: causos de Design gaúcho contados
e compartilhados na web (Figura 05).

Figura 02 – Cuia, bomba e um pouco Figura 03 – Erva mate, água quente e


de repertório. Fonte: O autor (2011). um papo sobre Design. Fonte: O autor
(2011).

Figura 04 – Meia colher de sopa de Figura 05 – Design e Chimarrão: causos


pixels e um bocado de método. Fon- de Design gaúcho contados e compar-
te: O autor (2011). tilhados na web. Fonte: O autor (2011).

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Os três primeiros capítulos se referem à questão teórica da pesquisa e o quar-


to, à parte prática. O capítulo inicial, denominado Cuia, bomba e um pouco
de repertório, se apresenta em formato de causos8, ou melhor, fragmentos
históricos, onde nele é investigado através de pesquisas bibliográficas um
pouco da história do Design gaúcho e, sempre que possível, relacionando-os
com fatos históricos nacionais do Design. Afinal, assim como afirma Chico
Homem de Melo9 “há muito o que aprender com a trajetória do design bra-
sileiro. Urge divulgá-la, como meio de alimentar e oxigenar o design que
fazemos hoje” (MELO, 2008, p. 27).

O segundo capítulo Erva mate, água quente e um papo sobre Design é um


espaço dedicado a uma etapa de pesquisa exploratória feita basicamente
através da internet em sites e blogs sobre Design, buscando informações so-
bre questões muito importantes a esta pesquisa, como a valorização do De-
sign gaúcho. Neste momento, é pesquisado ainda de que modo o Design gaú-
cho está sendo tratado pelos meios de comunicação, isto é, como ele é visto
e percebido. Também é pesquisada a qualidade de sua divulgação, ou seja,
se os eventos, exposições e outras ações têm o devido respeito e atenção por
parte das outras pessoas. O capítulo é complementado com uma entrevista
metodologicamente definida conforme a citação a seguir

8
Causo é uma expressão popular utilizada no Rio Grande do Sul e significa caso, conto,
história.
9
Chico Homem de Melo é designer, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da
USP e diretor da Homem de Melo & Troia Design [...] Também é autor de livros, entre ele:
“Os Desafios do Designer”, de 2003, “Signofobia” e “Design Gráfico Brasileiro: Anos 60”,
ambos de 2006 (ABC Design, s/d).

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A entrevista é um encontro entre duas pessoas, a fim de que


uma delas obtenha informações a respeito de determinado as-
sunto, mediante uma conversação de natureza profissional. É um
procedimento utilizado na investigação social, para a coleta de
dados ou para ajudar no diagnóstico ou no tratamento de um
problema social (MARCONI; LAKATOS, 2010, p. 178).

A entrevista contempla, nesta


pesquisa, o Designer Norberto
Bozzetti (Figura 06), conhecido
como “o senhor das marcas”.
Bozzetti foi um dos primeiros
profissionais do Rio Grande do
Sul a trabalhar com Design grá-
fico. Formado em Arquitetura
Figura 06 – Norberto Bozzetti. Fonte: Jornal do
Comércio (2010).
pela Universidade Federal do
Rio Grande do Sul, direcionou-
se ao Design desde cedo graças às experiências adquiridas durante a facul-
dade as quais o encaminharam para essa área projetual. Atualmente, ele é
líder da equipe Bozzetti Design e professor na UniRitter, além de já ter sido
coordenador do Núcleo de Design Gráfico da Associação dos Profissionais
em Design do Rio Grande do Sul – APDesign.

A ideia da entrevista surgiu por conta de Bozzetti ter acompanhado a história


mais recente e poder, ele mesmo, dar o testemunho de quem viveu este mo-
mento, pelo fato dele se dedicar à valorização do Design gaúcho e, também,
por fazer uso desta preocupação com o Design: “[...] além do meu trabalho
como Designer, à frente de uma competente equipe profissional, dedico –
como sempre fiz – uma parte do meu tempo ao estudo, ao ensino e à divul-
gação do Design” (BOZZETTI, 2004, p. 53).

22
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Em termos de metodologia científica, esta entrevista é do tipo estruturada,


com um roteiro estabelecido através de perguntas predeterminadas, mas não
padronizadas; ou seja, a entrevista dá espaço para que o entrevistado fale
abertamente sobre os assuntos, o que suscita questões não pensadas. A entre-
vista é gravada em formato de vídeo, audiovisual e disponibilizada no site/
blog, afinal, este recurso é uma estratégia para cativar ainda mais as pessoas
sobre a importância destes causos e da valorização do Design. Um vídeo
tem esse poder, o de tomar a atenção do espectador, fazê-lo viajar e, assim,
aproximá-lo das histórias contadas. A este respeito Stolarski afirma
O vídeo, mais ágil que o livro, facilita o contato direto e infor-
mal. Com a mudança de formato, muda a forma da narrativa: sai
o discurso em primeira pessoa e entra em cena a entrevista, em
que as indagações aparecem e ganham força. Muda também o
contexto: somos transportados do espaço neutro da página em
branco para o cotidiano de uma casa/escritório. Esse novo pano
de fundo revela emoções e intenções normalmente escondidas
por detrás do discurso grafado, ao mesmo tempo em que permite
uma exposição mais vívida de certos dados técnicos e concei-
tuais (STOLARSKI, 2005, p. 13).

No terceiro capítulo, intitulado Meia colher de sopa de pixels e um bocado de


método, é descrito brevemente o contexto do meio digital, contemplando os
assuntos pertinentes a esta pesquisa, como por exemplo, algumas definições
de blog bem como, ainda, algumas discussões de cibercultura e redes sociais
que nos façam compreender melhor esse meio digital, tão amplo e tão novo.
E, por fim, discorro sobre a metodologia projetual em Design digital a ser uti-
lizada, a qual se refere ao método de Jesse James Garrett (2003). É um méto-
do eficaz e descreve de forma suficientemente detalhada cada etapa projetual,
dando sempre ênfase na experiência e na sensação que o produto irá causar
em seus usuários. Garrett denomina esta metodologia de “diagrama da ex-
periência” e ela é dividida em cinco planos conceituais: plano de estratégia,

23
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plano de escopo, plano de estrutura, plano de esqueleto e plano de superfície.

O quarto e último capítulo, intitulado Design e Chimarrão: causos de Design


gaúcho contados e compartilhados na web é dedicado a prática desta pesqui-
sa. Não se pretende descrever aquela velha roda de chimarrão com um grupo
de pessoas a discutir e contar causos de Design. Atualmente, a internet e as
novas mídias digitais atingem um número massivo de pessoas que, conec-
tadas ao mesmo tempo, podem juntas debater sobre todo e qualquer tema
e, assim, compartilhar e trocar informações de uma forma mais otimizada.
Esta pesquisa tem, no entanto, como objetivo, o projeto e o desenvolvimento
de um site/blog (encontram-se também no cd em anexo) que problematize o
Design gaúcho, colocando-o em debate e nele deixando registrada uma parte
destes causos tão pouco explorados: um site/blog que seja uma troca de ex-
periências e conhecimento. Um site para dar conta destas histórias. E um blog
para dar conta desta troca de conhecimento entre os usuários, como nas velhas
rodas de chimarrão. O blog, metaforicamente, nada mais é do que um diário,
a diferença é que, nele, você compartilha com as outras pessoas o conteúdo
mais interessante para você mesmo ou para o público ao qual se destina.

24
CUIA, BOMBA E UM POUCO DE REPERTÓRIO

O Rio Grande do Sul é o estado mais meridional do Brasil, tem cerca de dez
milhões de habitantes e sua capital é a cidade de Porto Alegre. Todos que
no Rio Grande do Sul nascem, tendem a ser chamados de gaúchos, termo
gentílico para denominar um tipo folclórico aqui encontrado, originalmente
assim definido
Gaúcho é uma denominação dada às pessoas ligadas à atividade
pecuária em regiões de ocorrência de campos naturais do Vale
do Rio da Prata e do Sul do Brasil, entre os quais o bioma de-
nominado pampa, descendente mestiço de espanhóis, indígenas,
portugueses e africanos. As peculiares características do seu
modo de vida pastoril teriam forjado uma cultura própria, de-
rivada do amálgama da cultura ibérica e indígena, adaptada ao
trabalho executado nas propriedades denominadas estâncias. É
assim conhecido no Brasil, enquanto que em países de língua
espanhola, como Argentina e Uruguai é chamado de gaucho
(FLICKR, 2010).

O povo gaúcho cultua com muito orgulho seus costumes e suas crenças (Figu-
ra 07). Por isto, ele é assim conhecido e reconhecido perante seu próximo. Há,
por exemplo, o já citado e famoso churrasco – o qual o gaúcho é quem melhor

25
CUIA, BOMBA E UM POUCO DE REPERTÓRIO

o sabe preparar, que me desculpem os outros povos – e o Centro de Tradições


Gaúchas (CTG), onde os gaúchos – com suas botas e bombachas, seus len-
ços e chapéus – dançam com suas
prendas10, também vestidas a
caráter – com seus vestidos longos
e rodados – músicas característi-
cas como o vaneirão, o chamamé,
a milonga e tantas outras.

O palavreado também se destaca


no Rio Grande do Sul no qual as
Figura 07 – Gaúchos. Fonte: Cowboys do palavras ganham novos nomes em
asfalto (s/d).
comparação ao resto do país. Quem
nunca pediu um pão cacetinho na padaria? Quem é que não tem um bidê no
quarto? E, mais precisamente aquela palavra que vai permear esta pesquisa,
quem nunca contou um causo que atire a primeira pedra. As pessoas contam
causos, isto é, inúmeros casos e histórias ao longo dos seus dias. Isso já está
no sangue do gaúcho. Porém, o causo tem um significado narrativo onde
pode ser acrescentado elementos novos que podem ser fantasiosos ou uma
reinterpretação da história por parte daquele que narra. E nesta pesquisa nos
utilizaremos da palavra como uma simbolização gaúcha, deixando claro que
o correto seria utilizarmos a expressão fragmento histórico. Como exemplo
de causo temos este, denominado Saudades do Rio Grande

Prenda, s. Jóia, relíquia, presente de valor. Em sentido figurado, moça gaúcha (GLOSSÁRIO
10

de termos gauchescos, s/d).

26
CUIA, BOMBA E UM POUCO DE REPERTÓRIO

Diz que, tendo vindo o gaúcho passear no Paraná, foi convidado


para tomar mate na casa do paranaense.

Este, por sua vez, mais louco para pregar-lhe uma peça, esquen-
tou a água até avermelhar o fundo da cambona.

Na hora de servir, desceu a água pela bomba, para que esta fi-
casse ainda mais quente. Passou a cuia para o visitante, que ime-
diatamente deu-lhe uma sorvida com muita vontade.

O gole, desceu queimando desde o beiço até a alma do gaúcho,


que para não perder a compostura, engoliu quieto apertando os
olhos, donde escorriam lágrimas de dor.

O paranaense então perguntou:

- O que foi, gaúcho? Por que choras?

E este, com a incrível cara-de-pau que lhe foi legada por Deus,
respondeu em forte tom de recordação:

- Saudades do meu Rio Grande...! (NEIS, s/d)

Em se tratando de causos de Design, precisamos também de algumas


definições acerca da palavra Design
[...] A origem mais remota da palavra está no latim designare,
verbo que abrange ambos os sentidos, o de designar e o de de-
senhar. Percebe-se que, do ponto de vista etimológico, o termo já
contém nas suas origens uma ambiguidade, uma tensão dinâmi-
ca, entre um aspecto abstrato de conceber/projetar/atribuir e
outro concreto de registrar/configurar/formar (DENIS, 2000, p.
16).

Design significa projeto, configuração, se distinguindo da pala-


vra drawning – desenho, representação de formas por meio de
linhas e sombras. Estas distinções estão presentes também no
idioma espanhol: diseño para a atividade projetual e dibujo para
a realização manual. A palavra design foi assimilada interna-
cionalmente, sendo de uso corrente em Portugal (NIEMEYER,
2000, p. 26).

27
CUIA, BOMBA E UM POUCO DE REPERTÓRIO

Como substantivo significa, entre outras coisas, “propósito”,


“plano”, “intenção”, “meta”, “esquema maligno”, “conspi-
ração”, “forma”, “estrutura básica”, e todos esses e outros signifi-
cados estão relacionados a “astúcia” e a “fraude”. Na situação de
verbo – to design – significa, entre outras coisas, “tramar algo”,
“simular”, “projetar”, “esquematizar”, “configurar”, “proceder
de modo estratégico”. [...] Etimologicamente, a palavra design
significa algo assim como de-signar (entzeichnen) (FLUSSER,
2007, p. 181).

Essa definição é muito ampla. Tão ampla quanto a origem latina


da palavra design. [...] Design, por consequência, é um termo
que se refere tanto a atividade projetual quanto a uma técnica
de materialização que provoca uma forma sobre uma superfície,
por exemplo (KOPP, 2004, p. 40).

Mas, por mais definido que esteja, o Design é permeado por dúvidas, in-
certezas e principalmente pela falta de conhecimento por parte das pessoas.
Saber o que significa é importante, porém, não basta. Saber de onde veio e
quais trajetórias percorreu até chegar aos tempos de hoje pode ser até mais
relevante porque, deste modo, temos a possibilidade de discutir e fazer com
ele evolua cada vez mais. Porém, perpassar toda uma história, como sabemos,
é muito difícil. “Não é possível, evidentemente, abranger em um único vo-
lume todas as ramificações de um campo tão vasto em aplicações e variações
quanto o design” (DENIS, 2000, p. IX). Por conta disso, não será contada a
história propriamente dita, mas histórias que nos ajudem a compreender este
Design gaúcho. E falando em Design no Rio Grande do Sul, nada melhor do
que contar estes causos. Além disto, escrever sobre Design é tão importante
quanto desenhar e/ou projetar algum produto, portanto, nesta pesquisa há os
dois tipos: o escrever e o projetar.

28
CUIA, BOMBA E UM POUCO DE REPERTÓRIO

Ler e escrever sobre design são mais que complementos da vida


profissional e da vida acadêmica. São essenciais para o cresci-
mento pessoal e para a compreensão de nosso papel na socie-
dade, e são também o modo mais eficiente de aprender com
nosso próprio trabalho (FERLAUTO, 2007, p. 9).

Como afirma Cláudio Ferlauto11, “sem conhecer o passado não dá”


(FERLAUTO, 2007, p. 19). Por esta razão, alguns causos que representam e
simbolizam o Design gaúcho são discorridos nos fazendo compreender me-
lhor quem somos e o que fazemos. Acreditamos que para discutir todas estas
histórias, a opção pelos formatos dos causos é interessante porque não torna
as histórias massivas e cansativas. São causos leves, rápidos e instrutivos. A
forma de memorização e recordação é mais alta. Sem contar que, em nosso
caso, o Design gaúcho nos instiga a descobrir sempre mais, pois são lugares
às vezes conhecidos, momentos próximos. É o mundo do qual nós fazemos
parte. E estes são apenas alguns causos, porém, infinitos serão, afinal, o
Design gaúcho está em constante construção. Nesta pesquisa eles vão sendo
contados sem uma ordem específica. A partir de agora, sintam-se à vontade
para tomar um chimarrão enquanto os apreciam.

11
Cláudio Ferlauto se formou em Arquitetura pela UFRGS e trabalha com Design desde
1960. Hoje é um grande editor de coleções de Design da Editora Rosari em São Paulo.

29
CAUSO UM: ERA UMA VEZ... UM GAÚCHO CHAMADO DESIGN

O Design gaúcho propriamente dito se iniciou em meados de 1952 com a cri-


ação da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul (BOZZETTI, 2004). Até então, os outros cursos existentes de arquitetura
em Porto Alegre faziam uma clara diferenciação entre a arte e a engenharia e,
portanto, separavam a forma da função. A partir da UFRGS, o Curso de Ar-
quitetura passa a conciliar estas duas vertentes contemplando uma atividade
projetual – muito utilizada, hoje, como Design. Mas, quando se pensa em
arquitetura e Design, considera-se que são campos distintos, que um não tem
absolutamente nada a ver com o outro. Muitos ainda pensam assim. Porém,
sempre existiu inúmeros elementos e formas de trabalho que são comuns, até
hoje, tanto ao Design quanto à arquitetura.
Norberto Bozzetti, ressalta a peculiar visão dos arquitetos, ori-
entada para a projetação. Já nos seus dias de universitário, os
professores falavam em partido geral, anteprojeto e análise do
problema a resolver, aspectos metodológicos que também inte-
gram o aporte teórico dos designers (CURTIS; COSSIO, 2008,
p. 2768).

30
CAUSO UM: ERA UMA VEZ... UM GAÚCHO CHAMADO DESIGN

Contudo, antes de 1952 já havia Design no estado, ou melhor, existiam ativi-


dades que hoje nós poderíamos chamar de Design ou, parafraseando Rafael
Cardoso, poderíamos denominar Design gaúcho antes do Design. Naquele
tempo, os desenhos, as ilustrações e até mesmo os projetos já se faziam pre-
sentes. “[...] Sem dúvida, há certa dose de anacronismo em descrever como
“designer” alguém que provavelmente não reconheceria o sentido da palavra
e talvez nem soubesse pronunciá-la” (CARDOSO, 2005, p. 7).

O que veio a contribuir, e muito, para o futuro do Design no estado foi a Seção
de Desenho da Editora Globo em Porto Alegre, responsável pelos tratamentos
gráficos dos livros editados naquela época, por volta de 1930 e 1950, por esta
importante editora. “O departamento foi criado em 1929 devido ao surgimen-
to da Revista do Globo (1929-1967) e diante da expectativa de um aumento
considerável da demanda de impressos” (RAMOS, s/d, p. 2). A partir disto,
o Design chegou ao patamar que vivenciamos hoje, reconhecido, mas não
regulamentado.

31
CAUSO DOIS: ZEUNER, UM MESTRE MAIS GAÚCHO DO QUE ALEMÃO

Em 1985, na Alemanha, nascia Carl Ernest Zeuner (Figura 08), um artista


gráfico que em 1922 foi para o Rio de Janeiro e, através de contatos com
gráficas e editoras cariocas em busca de trabalho, ficou sabendo que no Rio
Grande do Sul exista a Globo, uma im-
portante editora em um estado com forte
imigração germânica.
[...] No mês de outubro de 1922 Ernest Zeuner
chegou a Porto Alegre e procurou a Livraria do
Globo, no centro da cidade. Seu currículo im-
pressionou os proprietários da firma, o portu-
guês Laudelino Pinheiro Barcellos, fundador da
casa, e o sócio-gerente José Bertaso, que de ime-
diato o contratam. Radicado na capital gaúcha,
Ernest Zeuner ali permaneceu até a sua morte,
em 1967, aos 72 anos (CARDOSO, 2005, p.
244).

Figura 08 – Ernest Zeuner - autorretrato.


Fonte: Scarinci (1982, p. 47).

32
CAUSO DOIS: ZEUNER, UM MESTRE MAIS GAÚCHO DO QUE ALEMÃO

Zeuner era o chefe da Seção de Desenho da Editora Globo em Porto Alegre


e, mesmo sendo alemão, foi um dos grandes colaboradores das artes gráficas
no Rio Grande do Sul. A Seção de Desenho da Globo (Figura 09) era um
lugar de grande aprendizado, afinal, naquele tempo, haviam poucos espaços
de formação profissional e eram raras as pessoas que trabalhavam com as
atividades relacionadas ao Design. Como Zeuner tinha bastante experiência,
acabou como um verdadeiro professor de seus colegas de trabalho.
[...] Era um lugar em que os funcionários mais jovens e igno-
rantes (entre os quais me alinhava afoitamente) podiam dispensar
o uso de dicionários e enciclopédias. Ficava bem mais cômodo e
muito mais proveitoso usar e abusar do grande saber dos huma-
nistas que ali mourejavam, em regime de oito horas de trabalho,
como se fossem comerciários. [...] Me detinha a tecer fantasias,
como a de transformar o local
numa Faculdade de Letras ou
de Filosofia. Havia elementos
de sobra para a metamorfose.
E a Seção de Desenho e de
planejamento gráfico, dirigida
por Ernest Zeuner, não ficava
longe de uma Escola de Belas
Artes (REVERBEL apud RA-
MOS, 2007, p. 110).

Alguns dos nomes que


fizeram parte da Seção
Figura 09 – A Seção de Desenho da Editora Globo. Fonte:
de Desenho foram João
Scarinci (1982, p. 47). Fahrion (1898-1970) e
João Farias Viana (1909-
1975) – que já trabalhavam na editora – depois Edgar Koetz (1914-1969),
Sotéro Cosme12 (1896-1937) e Francis Pelichek (1896-1937) entraram para
o time, e mais tarde, Vitório Gheno (1925) e Gastão Hofstetter (1917-1986).

33
CAUSO DOIS: ZEUNER, UM MESTRE MAIS GAÚCHO DO QUE ALEMÃO

Esses profissionais criavam não apenas as capas, ilustrações, ca-


pitulares e vinhetas de livros e revistas, como também anúncios
publicitários, cartazes e tudo o mais que houvesse de demanda
em se tratando de desenho e de projeto gráfico. Deles era espe-
rado criatividade, inovação, bom acabamento (RAMOS, 2007.
p. 113).

No relato de Leonardo Menna Barreto Gomes, a seguir, podemos perceber o


quão importante foi o ensinamento e a convivência com Zeuner para os De-
signers da época, os quais eram chamados de ilustradores e/ou capistas
O talento dos colaboradores da Seção de Desenho, citados ainda
hoje como “os artistas da Globo”, revelou-se na diversidade de
suas atuações na carreira profissional, marcada pelo aprendizado
e a convivência com Zeuner. De fato, João Fahrion tornou-se,
além de pintor, professor na Escola de Belas Artes de Porto
Alegre; Nelson Boeira Faedrich foi para o Rio, para retornar à
Porto Alegre com a experiência redobrada que o permitiu ilustrar
com maestria a obra Lendas do Sul, de Simões Lopes Neto; João
Mottini transferiu-se para Buenos Aires e destacou-se como de-
senhista de histórias em quadrinhos; Vitório Gheno tornou-se
exímio aquarelista e reconhecido decorador; Clara Pechansky,
que vinha de uma formação de Belas Artes de Pelotas e rece-
bera orientação de Zeuner, passou a atuar como artista plástica e
como capista freelance da Globo (GOMES, 2005, p. 253).

Zeuner, como um bom mestre, sabia extrair dos seus aprendizes aquilo que de
melhor eles tinham. Ele não generalizava, ele explorava o talento de cada um
dos ilustradores, o que o tornou tão querido e lembrado até hoje.

12
Existem divergências quanto à grafia do nome de “Sotéro Cosme”. A família Cosme grafa o
sobrenome desta forma: “Cosme”, sem acentuação. Em ilustrações de época, Sotéro assinou
das duas formas, tanto o primeiro, quanto o segundo nome, com acento, ou seja: “Sotéro
Cósme”; mas também encontramos assinaturas suas sem nenhum acento: “Sotero Cosme”.
Há, ainda, uma terceira forma: “Sotéro Cosme”. É esta última que vamos adotar ao longo do
trabalho (RAMOS, 2007, p. 112).

34
CAUSO TRÊS: CINCO BOAS MADRUGADAS

Os profissionais de produção gráfica no Rio Grande do Sul, no período de


1920 a 1960, em geral não tinham formações tradicionais e, portanto, se tor-
navam autodidatas. Oscar Boreira Faedrich, por exemplo, pela influência de
seu tio Oscar Boeira, pintor impressionista, acabou enveredando para o lado
artístico. Fez mais de vinte e seis capas para a Revista do Globo e inúmeras
ilustrações para diversos livros. Ele utilizava, para estas capas, o formato de
um cartaz, o que acabava por impressionar ainda mais o público.
A exuberância das imagens, em seu surpreendente tratamento de
linha e cores, deve ter provocado um grandioso impacto junto
ao público. Impacto não apenas instantâneo, em vista do encanto
das imagens, mas, principalmente, no que tange ao desenvolvi-
mento de uma nova forma de olhar (RAMOS, s/d, p. 6).

A década de 1920, não só no estado do Rio Grande do Sul como no país in-
teiro, foi marcada por grandes revistas e por seus projetos gráficos. Traçando
um paralelo, se no estado faziam sucesso Madrugada, Mascara, Kosmos e
A Illustração Pelotense, no Rio de Janeiro a revista ilustrada A Maçã foi
seu grande destaque. Ela foi lançada em fevereiro de 1922 por Humberto de

35
CAUSO TRÊS: CINCO BOAS MADRUGADAS

Campos ou, como assinava, Conselheiro xx (xis-xis). Considerada transgres-


sora para a época, era dirigida ao público masculino.
[...] Além de literatura, o semanário incluía seções satíricas, ou-
tras sobre cinema e teatro de revistas, nas quais marcavam pre-
sença constante a noção de pecado e a imagem de Eva e a maçã.
As ilustrações sempre representavam cenas provocantes e es-
candalosas para a época. Os assuntos preferidos eram os tabus:
relacionamentos extraconjugais, tanto por parte dos homens
quanto das mulheres, ascensão social das prostitutas, emanci-
pação feminina, desejo e traição (HALUCH, 2005, p. 100).

Nesta época, se sobressaíram ainda nomes como Calixto Cordeiro (ou K.lixto),
Raul Pederneiras e J. Carlos, e este último merece um destaque especial.
J. Carlos foi, em sua época, o melhor exemplo de um designer
moderno, demonstrando uma capacidade de síntese e elegância
impressionantes, mesmo para os parâmetros de hoje. Traba-lhou
em estreita proximidade com as novas tecnologias gráficas e
fotográficas, projetando revistas, livros, cartazes, montando ex-
posições. Sua esfera de atuação – abrangendo caricaturas, char-
ges, ilustrações, letras, capitulares, adornos, vinhetas, logotipos,
desenhos infantis e de publicidade [...] (SOBRAL, 2005, p. 128).

A Revista Madrugada teve apenas cinco edições (Figuras 10 a 14). Surgiu


em Porto Alegre em 1926 e é fonte de pesquisa acerca de seu conteúdo, da
sociedade porto-alegrense e da sua questão gráfica além é claro, de ter sido
muito elogiada.

36
CAUSO TRÊS: CINCO BOAS MADRUGADAS
Moderna, elegantíssima, com um jeito de rapariga que nem
está ligando a morte de Rudolph Valentino, apareceu em Porto
Alegre uma revista. Chama-se “Madrugada”. E vem lindamente
acompanhada. Pertence à turma na qual sorriem, pensam, dizem
e fazem coisas J. M. de Azevedo Cavalcanti, Theodemiro Tostes,
Augusto Meyer, João Sant’Anna, Dr. Miranda Netto, Sotéro
Cósme. “Madrugada” é tão bonita, tão inteligente, que excita o
bairrismo dos seus patrícios afastados das cismas do Guaíba e
dos crepúsculos daquele céu sem fim. Vendo-a, mostrando-a aos
outros, cada um diz, vaidoso: “É da minha terra... Ela nasceu lá
onde eu nasci...” (PARA TODOS apud TRAÇA, s/d).

37
CAUSO TRÊS: CINCO BOAS MADRUGADAS

Figura 10 – 1ª edição da Madrugada. Fonte: Traça (s/d).

38
CAUSO TRÊS: CINCO BOAS MADRUGADAS

Figura 11 – 2ª edição da Madrugada. Fonte: Traça (s/d).

39
CAUSO TRÊS: CINCO BOAS MADRUGADAS

Figura 12 – 3ª edição da Madrugada. Fonte: Traça (s/d).

40
CAUSO TRÊS: CINCO BOAS MADRUGADAS

Figura 13 – 4ª edição da Madrugada. Fonte: Traça (s/d).

41
CAUSO TRÊS: CINCO BOAS MADRUGADAS

Figura 14 – 5ª edição da Madrugada. Fonte: Traça (s/d).

42
CAUSO QUATRO: DESIGN GAÚCHO EM QUATRO ATOS

Em um momento mais recente do Design gaúcho, os estudantes que fizeram


a faculdade de arquitetura e que vieram a se tornar Designers muito provavel-
mente a escolheram porque era a área mais livre e criativa que havia.
Quando entrei no Científico, que duraria três anos, já havia
optado pela arquitetura. Até porque não conhecia qualquer outra
Faculdade que tratasse de criatividade não meramente artística.
E era com criatividade, desenho, comunicação visual e tecnolo-
gia que eu desejava vir a trabalhar. Não pretendia ser pintor ou
escultor, nem engenheiro. Escolhi, por isso, a arquitetura (BOZ-
ZETTI, 2004, p. 31).

Creio que, para entender essa influência da Faculdade de Ar-


quitetura da UFRGS da época em tantos dos seus alunos que
optaram pelo Design, é necessário conhecer o cenário e as cir-
cunstâncias. E isso me parece válido, para uma apreciação do
Design gaúcho. Pois foi naquele espaço e naquela época que se
identificou a vocação e se produziu a formação básica de muitos
dos nossos Designers (BOZZETTI, 2004, p. 31).

Bozzetti (2004) declara que existem quatro momentos históricos para o De-
sign gaúcho. O primeiro momento seria mais primitivo, no qual as pessoas

43
CAUSO QUATRO: DESIGN GAÚCHO EM QUATRO ATOS

criavam objetos de forma espontânea de acordo com suas necessidades. Um


segundo momento aconteceu no período entre guerras (1919-1939) no qual as
escolas de belas artes teriam influenciado o Design de hoje.
[...] A incipiente indústria gaúcha começava a demandar soluções
de Design, atendida, quase sempre, por “práticos”. Muitos des-
ses participavam também da vida artística do Rio Grande e re-
cebiam as influências de uma estética europeia ainda dominante
nos círculos culturais gaúchos (BOZZETTI, 2004, p. 32).

O terceiro momento do Design gaúcho surge entre as décadas de 1920 e 1950.


Naquele período, as empresas e fábricas se preocupavam não mais apenas
com questões estéticas, mas também técnicas e formais. A função era impor-
tante. Porém, devido à baixa condição financeira, acabavam por construir as
máquinas que auxiliariam na produção, ao invés de importá-las.
[...] Se com essas máquinas e com as nossas limitações de toda
ordem não se podia produzir nos mesmos padrões dos produ-
tos antes importados, que a criatividade local tratasse de gerar
produtos viáveis naquelas condições técnicas. Essa demanda por
uma criatividade local, focada na tecnologia possível, conduziu
à formação de um pólo de Design nas escolas técnicas e na en-
genharia. Desses centros formadores vieram importantes nomes
gaúchos do Design de produto (BOZZETTI, 2004, p. 33).

O quarto momento, citado por Bozzetti, aconteceu na Faculdade de Arquitetu-


ra da UFRGS, pois ali existia preocupação com arte e com técnica e os futuros
Designers não necessitavam mais buscar um lugar nas escolas de belas artes
ou de engenharia. Era ali o melhor lugar para eles! Esta faculdade, no início
dos anos 1960, era a única do Rio Grande do Sul que aliava os estudos de
forma-função e de arte-técnica, tornando-se, então, referência para a história
do Design gaúcho.

44
CAUSO CINCO: AMIGOS, AMIGOS; NEGÓCIOS EM SOCIEDADE

Podemos fazer um paralelo da criação da Faculdade de Arquitetura da UFRGS,


em meados de 1952, com a inauguração da primeira escola de Design no país,
a Escola Superior de Desenho Industrial, fundada no Rio de Janeiro, em 1963.
Considerada o principal marco para o Design no Brasil. “[...] A Escola Supe-
rior de Desenho Industrial (ESDI) surgiu como o espaço institucional em que
seria produzida a identidade nacional dos produtos” (NIEMEYER, 2000, p.
87). Assim, percebemos que, enquanto estava sendo inaugurada a primeira
instituição de Design no país, aqui no estado a faculdade de arquitetura da
UFRGS já funcionava há dez anos e era o curso mais próximo que tínhamos,
então, do Design.
[...] Quando a ESDI iniciou as suas atividades em 1963, con-
tava com um grupo seleto relativamente pequeno de professores,
muitos dos quais com pouca ou quase nenhuma experiência,
tanto de ensino superior quanto de exercício profissional do de-
sign. [...] Incorporada definitivamente à UERJ (Universidade do
Estado do Rio de Janeiro) em 1975, a ESDI permanece hoje uma
referência de inegável importância para o design brasileiro, em-
bora raramente tenha atingido uma produção condizente com a
expectativa que cercou sua criação (DENIS, 2000, p. 174-175).

45
CAUSO CINCO: AMIGOS, AMIGOS; NEGÓCIOS EM SOCIEDADE

Dois dos professores da ESDI foram Alexandre Wollner e Aloísio Magalhães,


considerados pioneiros do Design no país. Enquanto isto, aqui no sul, dois
dos pioneiros foram José Carlos Bornancini e Nelson Ivan Petzold (Figuras
15 e 16). A dupla se conheceu em 1951 quando
Petzold prestava vestibular para o curso de Ar-
quitetura da Escola de Engenharia da Univer-
sidade do Rio Grande do Sul – atual UFRGS.
Bornancini, naquela época, era professor do
curso. Só que Petzold acabou não passando no
vestibular, mesmo tendo a certeza que havia
acertado todas as questões. Tal erro foi admitido
por Bornancini mas, mesmo assim, sua vaga não
foi garantida, o que só veio a acontecer no ano
Figura 15 – José Carlos
Bornancini. Fonte: ap- seguinte. Anos depois, vieram a se tornar parcei-
Design (2010). ros de trabalho.
[...] no início da década de 1960, Bornancini e Petzold
começaram a trabalhar juntos na área de projeto de produ-
to. Os primeiros trabalhos em Desenho Industrial foram
realizados juntos às Metalúrgicas Wallig e Jackwal. Na
década de 1970, até meados dos anos de 1980, seus tra-
balhos foram compartilhados com o colega da Escola de
Engenharia, Henrique Orlandi Junior, que, após algum
tempo, interrompeu sua atividade para se dedicar a negó-
cios da família (ELLWANGER; LIMA, 2008, p. 1417).

A partir de 1985, com a colaboração de Paulo


de Tarso Muller – então professor da PUC-RS
– começaram a trabalhar juntos e, em 1994 for-
malizaram a parceria do escritório Bornancini,
Figura 16 – Nelson Ivan
Petzold. Fonte: apDesign Petzold & Muller, localizado em Porto Alegre.
(2010). Bornancini, ao longo de sua vida profissional

46
CAUSO CINCO: AMIGOS, AMIGOS; NEGÓCIOS EM SOCIEDADE

ganhou, juntamente com Petzold, Orlandi Junior e Muller, vinte e seis prê-
mios nacionais e internacionais. Dentre seus produtos mais famosos estão
aqueles feitos para a Zivi-Hércules (Figura 17), uma empresa de cutelaria e
de talheres do Rio Grande do Sul, e para a Termolar (Figura 18).
Na parte de talheres e acessórios de mesa,
o exemplo do talher CAMPING, exposto
no MOMA em Nova Iorque, e o conjunto
COMER BRINCANDO, que consistiu em
talheres para crianças, personalizadas na
“princesinha colher”, no “príncipe garfi-
nho” e no “cão faquinha” (BORNANCI-
NI, 2004, p. 61).

Na Termolar, nossa primeira contribuição


foi a criação da rolha GIROMAGIC, que
resolveu o problema das garrafas térmicas
da época, que usavam rolhas de expan-
são ou de rosca que, em ambos os casos,
Figura 17 – Talheres da Zivi Hércules: Com- obrigava a retirá-las para servir. O dis-
er Bricando e Camping. Fonte: Bornancini positivo da tampa GIROMAGIC foi de-
(2004, p. 60). senvolvido para que bastasse um pequeno
giro para abri-la ou fechá-la como uma
torneira. Uma das nossas últimas criações
para a empresa foi a de uma garrafa tér-
mica com bomba MAGIC PUMP, lançada
como a primeira garrafa desse tipo, dotada
de um exclusivo sistema que evita pingos
após servir (BORNANCINI, 2004, p. 61).

Petzold é sócio honorário da Asso-


ciação dos Profissionais em Design
do Rio Grande do Sul, a APDesign.
Bornancini, enquanto vivo, tam-
Figura 18 – Garrafas da Termolar: Magic bém foi sócio honorário e, desde
Pump e Perfeita. Fonte: Bornancini (2004, p. 2006, por conta de uma home-
61).
nagem da APDesign, dá nome ao

47
CAUSO CINCO: AMIGOS, AMIGOS; NEGÓCIOS EM SOCIEDADE

concurso que premia vencedores em diferentes categorias do Design, o Prê-


mio Bornancini (Figura 19).

Figura 19 – Petzold no Prêmio Bornancini. Fonte: apDesign (s/d).

48
CAUSO SEIS: NEM AMARELO, NEM AZUL: VERDI

Falar da Verdi Design é falar dos irmãos Luiz Mário e José Antônio Verdi.
Nascidos em Porto Alegre, Luiz Mário inicialmente pertencia ao universo das
artes gráficas, isso por volta dos anos 1980 (CURTIS et. al., s/d).
Abri meu negócio na mesma época que entrei no curso de
Comunicação Social – Publicidade e Propaganda da UFRGS
(1990-1998, não concluiu). Não tinha curso de design em Porto
Alegre, só em Santa Maria, mas essa informação não chegava.
Na passagem pela publicidade conheci pessoas de destaque:
Geraldo Canali, Joaquim Fonseca e Flávio Cauduro. Entramos
muito cedo na faculdade e as disciplinas iniciais - Comunicação
Comparada, Sociologia, Semiótica - são as mais importantes, no
entanto só entendemos isso anos depois. Tinha vontade de fazer
muitas coisas, então montei a Verdi junto com meu irmão, em
maio de 1995 (VERDI apud CURTIS et. al., 2010).

Já José Antônio começou sua carreira em uma pequena gráfica onde aprendeu
um vasto conteúdo. Graduando-se, assim como seu irmão, em Comunicação
Social – Publicidade e Propaganda na UFRGS, em 2001. A Verdi Design foi
fundada em 1995 e teve como marco inicial o projeto de identidade visual
para a Stemac Grupos Geradores, que se estendeu até 1999.

49
CAUSO SEIS: NEM AMARELO, NEM AZUL: VERDI

No ano seguinte, Luiz Mário viaja para os Estados Unidos, fi-


cando José Antônio como responsável pelo gerenciamento do
escritório e dos projetos. Isto significou uma ênfase em proces-
sos administrativos, como controles financeiros e de recursos
humanos. Ele ressalta que os cursos feitos no SEBRAE, assim
como sua relação com as entidades de classe foram fundamen-
tais para o aprimoramento em gestão (CURTIS et. al., s/d).

Após esse período, José Antônio Verdi foi presidente da Associação dos
Jovens Empresários do Rio Grande do Sul – AJERS (2000) e diretor da As-
sociação dos Profissionais em Design do Rio Grande do Sul – Apdesign na
gestão 2003-2004, o que lhe proporcionou amizades como Bornancini e
Bozzetti. Veja alguns dos trabalhos feitos pela Verdi Design (Figuras 20 a 23):

50
CAUSO SEIS: NEM AMARELO, NEM AZUL: VERDI

Figura 20 – Redesign de marca: Itaipu. Fonte: Verdi Design (2009).

51
CAUSO SEIS: NEM AMARELO, NEM AZUL: VERDI

Figura 21 – Projeto de embalagem. Fonte: Verdi Design (2009).

Figura 22 – Marcas para Estúdio de dança. Fonte: Verdi Design (2009).

52
CAUSO SEIS: NEM AMARELO, NEM AZUL: VERDI

Figura 23 – Marcas. Fonte: Verdi Design (2009).

53
CAUSO SETE: ABDUZEEDO

Este não é nenhum causo de ufologia. É a história de um porto-alegrense


chamado Fábio Sasso (Figura 24). Formado em 2003 pela Universidade
Luterana do Brasil (Ulbra) em Desenho Industrial com Habilitação em Pro-
gramação Visual, Sasso acabou se tornando conhecido em 2006 por criar o
blog de Design Abduzeedo. Antes ele tinha um escritório chamado Zee e,
naquele ano, houve um roubo o qual ocasionou a perda de todos os seus tra-
balhos. Laptops, discos de backup e experimentos no Photoshop foram todos
levados.
“Fiquei chocado e a primeira coisa que pensei foi em começar
a mover toda minha vida digital para ambiente online. Nada
offline, pois caso isso acontecesse eu não teria perdido nada além
dos bens materiais”, revelou Sasso em entrevista publicada no
Baguete em 2009 (NEVES, 2011).

Este fato o fez entrar de vez no mundo da web 2.0. O Abduzeedo passa a
ser, então, o lugar onde ele guardava e compartilhada as suas experiências e
inspirações, suas abduções diárias. “O nome do blog vem de uma brincadeira
com palavras. Zee é o nome da minha empresa de design, então começamos

54
CAUSO SETE: ABDUZEEDO

a criar nomes com palavras que tinha o som ZEE em alguma sílaba, assim
surgiu Abduzeedo (Abduzido)” (SASSO, s/d).

O site conta com colaboradores e leitores do mundo inteiro, são mais de dois
milhões de visitas mensais e tem como intuito a troca de opiniões e ideias
entre os usuários (ABDUZEEDO, s/d). Hoje, Fábio Sasso é Designer gráfico
sênior no Google desde fevereiro de 2011, e mora na Califórnia.

Figura 24 – Fábio Sasso. Fonte: Escola de Criação (2010).

55
CUIA, BOMBA E UM POUCO DE REPERTÓRIO

Causos e mais causos, conte e compartilhe um você também! Não esqueça de


encher novamente a garrafa térmica com água quente porque a partir de ago-
ra, apresentamos uma entrevista com Norberto Bozzetti e, posteriormente, a
criação e o desenvolvimento de um site/blog sobre Design gaúcho.

56
ERVA-MATE, ÁGUA QUENTE E UM PAPO SOBRE DESIGN

No capítulo anterior o que permeava o conteúdo era o repertório histórico (daí


o uso das metáforas cuia e bomba), mas agora percebemos que é chegado o
momento da transformação do homem na natureza, ou seja, é o homem quem
faz esta cuia e esta bomba, e é ele também quem vivencia estes fragmentos
históricos, quem os constrói. Neste capítulo, já não há mais um contexto de
transformação e, sim, de complementação e troca constante. O preparo de um
chimarrão necessita basicamente de dois ingredientes: erva-mate e água. Para
o mate precisamos colocar a erva, e a cada mate sorvido abastecemos com
água.

No Design, precisamos também deste constante complemento e troca de con-


teúdo. No caso desta pesquisa, após apresentarmos os fragmentos históricos,
outros conteúdos também precisam ser complementados para sua total com-
preensão. Portanto, depois de parte desta história ser um pouco compreen-
dida, ou seja, seu passado, passamos a nos ater ao hoje e ao que é necessário
para a construção de uma nova história, para a nossa história.

57
ERVA-MATE, ÁGUA QUENTE E UM PAPO SOBRE DESIGN

Algumas das informações, por exemplo, que fazem com que o Designer gaú-
cho fique bem informado são: Quais exposições estão acontecendo no Rio
Grande do Sul? Onde elas acontecem? Quais eventos estão por vir? Quanto
vão custar? Existem vagas de trabalho? Estas são curiosidades do Design
que vão enriquecer nosso repertório, enfim, são uma gama de informações
necessárias para nossa construção como profissional. Mas, a pergunta que fica
é: Onde e como obter tais informações?

Geralmente ficamos muito presos ao lugar em que estamos. Por exemplo,


temos muito acesso ao mural de informações que a nossa faculdade tem, e ali
são divulgadas muitas coisas do nosso interesse. Mas só nós temos acesso a
este mural porque um estudante do outro lado do estado não o tem. Com a in-
ternet, tudo se aproxima, qualquer evento ou qualquer exposição já possuem
um website que divulgue seus conteúdos. O que precisamos é que as pessoas
divulguem estes eventos, comentem com os amigos, utilizem-se das redes
sociais para curtir e divulgar ainda mais. Isto é o que tem acontecido atual-
mente, e por conta disto, desenvolvemos para esta pesquisa um breve estudo
exploratório de como e onde este tipo de informação é obtido.

Um site muito atento ao que acontece no Rio Grande do Sul é o Maria Cultu-
ra (Figura 25). Através dele e das redes sociais Twitter e Facebook o que de
mais importante acontece está sendo divulgado.
A Maria Cultura é uma casa de comunicação e criação voltada
para a cultura e seus desdobramentos. Ela atua junto a empre-
sas que investem em cultura, agentes culturais e instituições
culturais. Pensamos a cultura como ferramenta de comunicação
criativa na construção de produtos e marcas fortes. O foco da
Maria Cultura é no desenvolvimento de atitudes culturais que
interajam com anseios do mundo atual: inclusão social, sus-
tentabilidade, educação, tecnologia, entretenimento (MARIA
CULTURA, 2011).

58
ERVA-MATE, ÁGUA QUENTE E UM PAPO SOBRE DESIGN

Figura 25 – Site Maria Cultura. Fonte: Maria Cultura (2011).

No site há a divulgação dos mais variados eventos como o início da Feira do


Livro em Porto Alegre, uma batalha de Design digital, o Cut&Paste; sorteios
de ingressos, exposições e tantas outras ações que ajudam a construir um
repertório. O Maria Cultura talvez seja um dos principais espaços de cultura
voltado somente ao Rio Grande do Sul e pode ser acessado em <http://www.
mariacultura.com.br/>.

Outro site bastante importante na internet é o IdeaFixa (Figura 26), um ca-


nal que costuma divulgar em nível nacional os melhores eventos, exposições
e concursos que acontecem no Brasil. Também postam muito curiosidades,
charges e tudo mais que julgam importantes à nossa área. É um site nacional,
mas eventos gaúchos são sempre divulgados sendo, na maioria das vezes,
ligados a Porto Alegre.

59
ERVA-MATE, ÁGUA QUENTE E UM PAPO SOBRE DESIGN

Figura 26 – Site IdeaFixa. Fonte: IdeaFixa (2006).

Trabalhamos com Curadoria, Conteúdo, Eventos, Projetos Espe-


ciais e Editoriais junto a Comunidade principalmente da área de
artes visuais, também realizamos e apoiamos diversos projetos
e ações. Promovemos ideias, talentos, iniciativas e compartilha-
mos referências em ilustração, design, fotografia, moda, artes
plásticas, animação, motion, cinema, assim como os melhores
profissionais (IDEAFIXA, 2011).

IdeaFixa também é uma revista. Surgiu em 2006 como a primeira revista


brasileira online de arte, e hoje é uma referência no Design. É possível enviar
trabalho para as edições da revista. O site divulga com antecedência o tema
da edição, para que as pessoas enviem seus trabalhos baseados nesse tema. É
um bom espaço para procura de informações e construção de portfólio, afinal,
ter um projeto seu nesta revista é um grande chamariz. O IdeaFixa pode ser
acessado em <http://www.ideafixa.com/>.

Estes são dois importantes espaços que ajudam a contribuir com o Design
gaúcho da forma mais regular possível respeitando não só a profissão, mas,
sobretudo, o profissional que precisa se abastecer destes conteúdos. Os di-

60
ERVA-MATE, ÁGUA QUENTE E UM PAPO SOBRE DESIGN

versos blogs de Design existentes raramente divulgam alguma coisa ligada


ao nosso estado, com exceção dos grandes eventos que acontecem por aqui
mas que atinjem a região ou o país. Existem poucos espaços gaúchos que
contribuem com a disseminação deste tipo de informação.

Por conta desta lacuna, algo que precisamos considerar são os perfis do
Twitter e Facebook de universidades locais, de cursos e dos próprios profis-
sionais e estudantes que divulgam aquilo que não apenas lhe interessam, mas
que também possa interessar aos seus amigos de rede social. Ter um perfil em
uma rede, hoje, é de extrema importância para que possamos estar conectados
com o mundo e com aquilo que provavelmente não teríamos acesso de uma
forma real. Com o Twitter, seguir os perfis que nos interessam é, em nossa
opinião, vital para que estejamos sempre atualizados. E com o Facebook,
curtir e/ou compartilhar aquilo que julgamos interessante também é uma
forma de disseminação. Abaixo (Tabela 01) listamos alguns perfis em ordem
aleatória que podem nos interessar, seja por tratarem de Design gaúcho seja
por abordarem Design em geral:

NOME LOCAL ASSUNTO URL


Campinas/ Branding, design estratégico e
@LOGOBR http://logobr.org
SP graphic design.
Blog visual e inspiracional. De-
Rio de Ja- http://www.cut-
@cutedrop sign, tech, moda, música, games e
neiro/RJ edrop.com.br
até culinária.
O universo do Design em doses http://www.logoto-
@logotomiabr
diárias de intervenção criativa. mia.com.br/
Caligraffiti é como o design grá-
Rio de Ja- fico: se comporta e se apresenta http://www.caligraf-
@caligraffiti
neiro/RJ sendo a união entre o projeto e a fiti.com.br
arte, a caligrafia e o graffiti.

61
ERVA-MATE, ÁGUA QUENTE E UM PAPO SOBRE DESIGN

http://www.face-
@fabriciota- Porto Designer, Professor e Doutorando
book.com/fabricio-
rouco Alegre/RS em Comunicação.
tarouco
Openjobs é um site de empregos.
Com uma proposta simples e difer-
http://openjobs.
@openjobs enciada, nosso objetivo é chegar ao
com.br
alcance das pessoas mais talentosas
e antenadas do mercado.
Mais do que um rico canal de
informações, o Design Brasil é
um ponto de encontro na web para http://www.design-
@designbrasil
profissionais, estudantes, em- brasil.org.br
presários, consumidores e interes-
sados
Amamos Design! Eventos e cursos
@pensoev- que possam capacitar cada vez http://eventos.pen-
Sorocaba/SP
entos mais na área do Design, Arte e sodesign.com.br/
Comunicação!
Porto http://www.pere-
@perestroika Escola de atividades criativas.
Alegre/RS stroika.com.br
Twitter oficial do Centro Acadêmi-
@cadesignuf- http://cadesignufpel.
Pelotas/RS co dos cursos de Design do Centro
pel wordpress.com/
de Artes/UFPel.
@Maria_ Porto http://www.mari-
Comunicação Cultural
Cultura Alegre/RS acultura.com.br
Selo do @GrupoAEducacao espe-
cializado em livros de negócios, http://www.face-
@Bookman- Porto
design, arquitetura, engenharia e book.com/book-
Editora Alegre/RS
mais. Parceira da Wharton School, maneditora
Adobe e Microsoft Press.
@livrosdede- Livros e tão somente livros de http://www.livrosd-
sign design! edesign.com.br
Cursos de Design Gráfico e Design
Digital do Centro de Artes da http://iad.ufpel.edu.
@designufpel Pelotas/RS
Universidade Federal de Pelotas/ br/design
RS (Brasil).
Eventos de tipografia, design e arte http://www.agen-
@AgendaT
pelo Brasil e mundo. daT.com.br

62
ERVA-MATE, ÁGUA QUENTE E UM PAPO SOBRE DESIGN

Para boas ideias, um ótimo con- http://www.abcde-


@abcdesign_
teúdo. sign.com.br
Escola de Design Unisinos. Gradu-
São Leopol-
@DesignU- ação, Especialização, Mestrado http://www.unisi-
do – Porto
nisinos Acadêmico e integração com nos.br/design
Alegre/RS
empresas.
O design não é uma profissão sem http://filosofiadode-
@filosofiade-
Curitiba/PR filosofia. É uma filosofia em busca sign.wordpress.
sign
de uma profissão. com/
@blogdesign- http://www.design-
erd erd.com.br
A Apdesign congrega e representa
profissionais e estudantes das di-
@Apdesign- Porto http://apdesign-rs.
versas áreas do design no RS. Tam-
poa Alegre/RS blogspot.com/
bém realiza desde 2006 o Prêmio
Bornancini e Salão APDESIGN.
Um ponto de encontro e referência
https://www.
Rio Grande para os Designers gaúchos e todos
@designrs facebook.com/
do Sul que no RS se estabelecem e con-
designchimarrao
tribuem com o Design do estado.
Blog premiado de design que serve
http://www.
@designon- de vitrine para inspiração, com
Jacareí/SP designontherocks.
therock trabalhos e tendências do mundo
com.br
todo.

São Paulo/ Associação dos Designers Gráficos http://www.adg.


@adgbr
SP do Brasil org.br

Vagas de emprego na área de


@trampos http://sushi.st
comunicação.
@DADFeev- Novo Ham- Nós somos o Diretório Acadêmico http://designfeevale.
ale burgo/RS do Design da Feevale. com.br
Acompanhe aqui as últimas novi-
@Design_ dades e tendências no mundo do http://facebook.
Univates Design. Univates, investir em você com/design.univates
é uma grande ideia.
http://www.uniritter.
@Desig- Porto Informações, dúvidas e sugestões
edu.br/centrodede-
nUniritter Alegre/RS do Centro de Design Uniritter.
sign/blog

63
ERVA-MATE, ÁGUA QUENTE E UM PAPO SOBRE DESIGN

http://www.
@designulbra Perfil do Curso de Design Ulbra.
designulbra.com.br
@designfeev- Novo Ham- Twitter oficial do curso de Design http://designfeevale.
ale burgo/RS da Feevale. wordpress.com
@anticastde- Podcast de Design, Comunicação http://www.anticast.
sign & Cultura. com.br
Porto Diretório Acadêmico do Curso de http://www.dadun-
@daduniritter
Alegre/RS Design Uniritter. iritter.com.br
Porto Centro Acadêmico do Design http://www.ufrgs.br/
@cadeufrgs
Alegre/RS UFRGS. deg/cade
http://centrodesign-
@C_Design- Novo Ham- Laboratório dos cursos de Design e
feevale.wordpress.
Feevale burgo/RS Moda da Universidade Feevale.
com
Bento Gon- Twitter dos Cursos de Design da http://designucs.
@designucs
çalves/RS UCS/CARVI. wordpress.com

Tabela 01 – Perfis de Design. Fonte: O autor (2011).

É preciso lembrar que citamos apenas alguns perfis – provavelmente há mui-


tos outros que também sejam tão ou mais interessantes – porém, esta foi
uma forma de você conhecer um pouco mais do que acontece em Design.
Continue curtindo, seguindo, compartilhando informações e outros perfis.
Construa suas referências e olhe as dos outros. Nunca é demais.

64
ENTREVISTA COM NORBERTO BOZZETTI

Escrever sobre alguém que muito fez pelo nosso Design é e será sempre mui-
to importante, não apenas como homenagem, mas também como forma de
jamais esquecer tudo o que somos e compreender realmente o quê fazemos e
porquê fazemos.

Este alguém é, neste momento Norberto José Pinheiro Bozzetti. Natural de


Rio Grande e morador de Porto Alegre, atualmente Bozzetti leciona Ética
e Legislação no Centro Universitário Ritter dos Reis (UniRitter). Graduado
em Arquitetura pela Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul (UFRGS) e pós graduado em Teoria da Informação pelo
Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), também é Especialista em Marketing
para Executivos e Planejamento de Embalagens. Já lecionou na Universidade
Federal de Santa Maria (UFSM), Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul (PUCRS), além da própria UniRitter. E assim como ele mesmo
gosta de dizer

65
ENTREVISTA COM NORBERTO BOZZETTI

Até por ter sido, acredito, o primeiro designer gráfico no RS,


o primeiro a montar um escritório de design (já que o Bornan-
cini e o Petzold, meus professores, que me antecederam e com
quem trabalhei, quando estudante de arquitetura, não tiveram
um escritório, propriamente dito), o idealizador/realizador do
primeiro curso superior de design do sul do Brasil, sendo tam-
bém o primeiro professor universitário de design no RS (UFSM
e UFRGS), tendo organizado as duas publicações existentes so-
bre este tema (Pensando Design 1 e Pensando Design 2) (BOZ-
ZETTI, 2011).

Bozzetti ama o que faz, ama o Design. E quer que os profissionais e estudantes
de hoje também amem. Ele é conhecido como o “Senhor das Marcas”. Junto
com sua empresa, a Bozzetti Design, atuante desde 1969, já realizou mais de
um mil projetos de marca e de identidade visual, como podemos apreciar a
seguir (Figuras 27 a 31):

Figura 27 – Marcas. Fonte: Bozzetti


Design (2011).

66
ENTREVISTA COM NORBERTO BOZZETTI

Figura 28 – Marcas. Fonte: Bozzetti Design (2011).

67
ENTREVISTA COM NORBERTO BOZZETTI

Figura 29 – Marcas. Fonte: Bozzetti Design (2011).

68
ENTREVISTA COM NORBERTO BOZZETTI

Figura 30 – Marcas. Fonte: Bozzetti Design (2011).

69
ENTREVISTA COM NORBERTO BOZZETTI

Figura 31 – Marcas. Fonte: Bozzetti Design (2011).

70
ENTREVISTA COM NORBERTO BOZZETTI

Bozzetti nos concedeu uma entrevista em sua casa, na Zona Sul de Porto
Alegre, no dia nove de novembro de 2011 afim de contar um pouco sobre
sua história e sua relação com a história do Design no Rio Grande do Sul. Do
ponto de vista técnico, foi uma entrevista em profundidade:
A entrevista em profundidade é um recurso metodológico que
busca, com base em teorias e pressupostos definidos pelo in-
vestigador, recolher respostas a partir da experiência subjetiva
de uma fonte, selecionada por deter informações que se deseja
conhecer (DUARTE; BARROS, 2005, p. 62).

Foi ainda uma entrevista com perguntas semi-abertas. “As abertas e semi-
abertas são do tipo em profundidade, que se caracterizam pela flexibilidade e
por explorar ao máximo determinado tema, exigindo da fonte subordinação
dinâmica ao entrevistado [...]” (DUARTE; BARROS, 2005, p. 64).
Uma entrevista semi-aberta geralmente tem algo entre quatro e
sete questões, tratadas individualmente como perguntas abertas.
O pesquisador faz a primeira pergunta e explora ao máximo cada
resposta até esgotar a questão. Somente então passa para a se-
gunda pergunta. Cada questão é aprofundada a partir da resposta
do entrevistado, como um funil, no qual perguntas gerais vão
dando origem a específicas. O roteiro exige poucas questões,
mas suficientemente amplas para serem discutidas em profun-
didade sem que haja interferências entre elas ou redundâncias
(DUARTE; BARROS, 2005, p. 66).

71
ENTREVISTA COM NORBERTO BOZZETTI

A seguir, apresentamos o roteiro de perguntas realizadas durante a entrevista


(Tabela 02).

Entrevista Semiaberta sobre o Design no Rio Grande do Sul com Norberto Bozzetti, pelo
acadêmico Diego Motta, da UFPEL. Este questionário faz parte de uma entrevista sobre
Design gaúcho realizada como parte de Trabalho de Conclusão do Curso de Design Digi-
tal. Obrigado!
Designer: Norberto Bozzetti.
Diálogo introdutório: O acadêmico discorre acerca de seu Trabalho de Conclusão de
Curso em desenvolvimento.

Questão 1 – Qual foi o caminho traçado até você decidir que queria ser um Designer?
Fale um pouco sobre a Faculdade de Arquitetura da UFRGS e sua relação com o Design,
naquela época.

Questão 2 – Você foi o pioneiro em diversos momentos do Design tanto no âmbito profis-
sional como acadêmico no Rio Grande do Sul. Como foram esses momentos? Você tam-
bém foi o pioneiro na publicação de textos técnicos de Design no Rio Grande do Sul. Qual
a importância dessas publicações, hoje?
Questão 3 – Como você avalia o Design gaúcho ao longo do tempo? O design é uma área
suficientemente valorizada no RS? Se não, o que nos falta?
Questão 4 – O que caracteriza um bom Designer?
Questão 5 – Qual a sua relação com o meio digital? Como você aproxima a internet e as
redes sociais do seu trabalho?

Questão 6 – O que você está fazendo atualmente e o que ainda planeja para o futuro? Al-
guma mensagem final para os estudantes de Design?
Eu, Norberto Bozzetti, autorizo o estudante de graduação Diego Motta a utilizar os dados
acima (entrevista audiovisual gravada) para sua monografia na UFPEL.

Assinatura e data:

Tabela 02 – Entrevista semiaberta com Norberto Bozzetti. Fonte: O Autor (2011).

72
ENTREVISTA COM NORBERTO BOZZETTI

A entrevista, de qualquer outro ponto de vista, foi emocionante. Bozzetti


estava a nossa disposição, e assim ficou até o final. Fala de/sobre Design
com tanta facilidade e paixão que nos faz admirá-lo ainda mais. Acompanhe
abaixo, parte desta entrevista:

Design & Chimarrão – Qual foi o caminho traçado até você decidir que
queria ser um Designer? Fale um pouco sobre a Faculdade de Arquitetura da
UFRGS e sua relação com o Design, naquela época.

Norberto Bozzetti – Eu recordo que com quatro, cinco anos a minha casa
tinha as paredes riscadas pelo geninho do lápis de cor que saía a riscar tudo
dentro de casa. E eu decidi que ia ser desenhista, então, minha profissão origi-
nal. E com nove anos eu estava em São Paulo ajudando a fazer história em
quadrinho, que foi uma paixão. Depois como dava muito trabalho eu passei
para o cartoon que era mais sintético. Mas de qualquer maneira era um gosto
pelo Design. Depois de alfabetizado e leitor voraz, eu comecei a me encantar
pela literatura e decidi então que queria ser escritor. Depois pensei em ser
militar também, e até fui durante um tempo. E não encontrava realmente que
vestibular atendesse esse monte de loucura. Me liguei a música durante muito
tempo e com quinze anos eu já era músico profissional. Tudo conduzindo para
alguma coisa que eu não sabia que chamava Design. Eu brinco que realizei
todas as minhas vontades, eu sou detetive, eu sou desenhista e eu sou escritor
porque eu sou Designer. Só não consegui pôr música, mas ainda assim eu faço
trilha para algumas coisas que eu apresento.

De qualquer maneira, não havia um curso de Design na época. Havia a ESDI,


recém fundada no Rio de Janeiro e eu arranjava um dinheirinho e ia conhecer.
E consegui anos depois ser o criador do primeiro curso de Design no Rio
Grande do Sul, em Santa Maria, era o meu grande sonho. E entrei no que

73
ENTREVISTA COM NORBERTO BOZZETTI

era mais parecido, a Faculdade de Arquitetura, e que era na época um centro


cultural fantástico aqui no Rio Grande do Sul. O que se fez nos anos 60 na
Faculdade de Arquitetura da Universidade do Rio Grande do Sul foi fantás-
tico. Dentro da Faculdade de Arquitetura, e ai começa então a tomar forma
alguma coisa. Alguns dos professores que eu tinha, como no caso do Petzold,
como era o caso do Araújo e outros professores, ficaram encantados com a
experiência que eu tinha em fazer Design de logotipos, como chamavam na
época, embalagens e coisas desse tipo. E o Araújo me pôs em contato com
o pessoal da ESDI, foi quando eu conheci Aloísio Magalhães. E ouvi pela
primeira vez a palavra Design, que na época se confundia e ainda se confunde
com Desenho Industrial, dentro dessa polêmica tão antiga e chata.

Eu consegui, já dentro da faculdade, me envolver com vários projetos de


algum porte. O Araújo me colocou em projetos de arquitetura enquanto eu
resolvia a parte visual, era o projetista de sinalização, identificação e etc. E o
Petzold me pôs em contato com os clientes dele e do Bornancini. E conhecer
o Bornancini pra mim foi uma festa. Tanto que quando eu senti que ele estava
com um problema de saúde bem grave e teria pouco tempo de vida eu lutei
feito um cão para criar um prêmio gaúcho como o nome dele. O Petzold me
agradeceu com lágrimas nos olhos essa homenagem ao parceiro dele porque
realmente se alguém merece, se tu vais fazer história do Rio Grande do Sul,
do Design, começa pelo Bornancini, ali nasceu tudo. E uma pessoa fantás-
tica, tanto que o trabalho dele está no MOMA e está espalhado pelo mundo.
Eu acho que é uma honra pra nós e diria que ele é o patrono do Design no
Rio Grande do Sul. Mas tivemos outros ícones importantes aos quais eu me
liguei. Inclusive na moda com o Rui. Eram os grandes nomes da criatividade.

E quando eu vi eu estava me formando, e recebi um convite para trabalhar


na faculdade de ciências econômicas. Primeiro emprego que eu tive como

74
ENTREVISTA COM NORBERTO BOZZETTI

professor foi na Faculdade de Ciências Econômicas da UFRGS onde eu ouvi


falar no tal do marketing, então eu comecei a me envolver com questões de
administração de empresas e talvez tenha sido um dos primeiros a falar em
marketing aqui no Rio Grande do Sul. Com isso eu comecei a pensar em criar
um escritório, porque o Bornancini não queria, ele desenhava na mesa da co-
zinha. E eu tinha visto alguns dos melhores escritórios e era meu sonho fazer
alguma coisa assim aqui. Consegui chegar ao ponto de ter quase cinquenta
funcionários dentro da equipe, que nasceu com o nome de Norberto Bozzetti
de Arquitetura, porque ainda era o que eu podia registrar, como arquiteto. A
nossa profissão já era e continua sendo não reconhecida e isso é um problema
gravíssimo, e talvez esteja sendo subestimado pelas pessoas. As razões pelas
quais nós temos a nossa profissão efetivada, reconhecida, se deve boa parte
dela aos Designers, quer dizer, quem não quer reconhecer são os Designers, ai
fica mais difícil, com o inimigo na trincheira, a coisa é complicada.

D&C – Você foi o pioneiro em diversos momentos do Design tanto no âm-


bito profissional como acadêmico no Rio Grande do Sul. Como foram esses
momentos? Você também foi o pioneiro na publicação de textos técnicos de
Design no Rio Grande do Sul. Qual a importância dessas publicações, hoje?

NB – Tem duas visões, a visão que eu tinha na época, do que estava


acontecendo e a visão que eu tenho hoje, uma retrospectiva histórica. E acho
que em ambos os momentos achei maravilhoso e continuo achando. Apesar
de uma profissão totalmente desconhecida, apesar de nós termos limitações
sérias na aplicação dos princípios básicos do Design, apesar da dificuldade
da parceria, eu tinha que formar pessoal pra trabalhar comigo. O primeiro es-
critório de Design nós tivemos que inventar. Então eu fiz um somatório de um
escritório de arquitetura que eu já tinha tido com uma agência de propaganda
que eu também já tinha tido. Com isso eu consegui encontrar a fórmula ideal

75
ENTREVISTA COM NORBERTO BOZZETTI

na época, para um escritório de Design. Tinha um pouco de agência com os


jobs sendo abertos, os briefings sendo montados com uma coordenação, o
fluxo de serviço, os pedidos de serviço, os pedidos de produção, e isso era
típico de uma agência. E tinha da arquitetura, os anteprojetos, os tipos de ar-
quivamento que se fazia de pranchas, assinaturas em selos, memorial descri-
tivo, memorial justificativo. Esse misto funcionou, e de certa forma continua
funcionando. Se vocês notarem, os escritórios de Design mais organizados
são exatamente uma evolução disso.

Pouco tempo atrás nós comemoramos 40 anos do Curso de Design de Santa


Maria. Estive lá para comemorar com o pessoal, foi muito animador, mas
uma das coisas que me sensibilizou foi que encontrei folhas amarelas escritas
em IBM com a ementa das disciplinas do curso e com todo o plano do curso
guardado com carinho e seguido, com pequenos ajustes ao longo do tempo,
pelo curso de Design que tínhamos lá.

Esse abrir caminhos, ser pioneiro, exigia um pouco de perseverança, de en-


frentar desafios. Até alguns deboches, eu tive professores dizendo: vem cá,
tu e um arquiteto brilhante, tá te metendo a fazer desenhinho. Então para
alguns aquilo era desenho, o meu trabalho de conclusão de curso gerou uma
revolução dentro da faculdade de arquitetura porque pela primeira vez eles
estão julgando trabalho de Design na faculdade de arquitetura. Era meio com-
plicado, isso gerou um quebra-pau violento dos professores, alguns queriam
me reprovar, outros queriam me dar dez, eram opostos.

Com relação ao mercado, ao contrário, só alegrias. Os empresários ficavam


encantados em ver alguém que tinha uma visão multifacetada da criatividade
que precisava na sua empresa e da comunicação da sua empresa. Na época eu
escrevia, botava em revista e jornal, então era muito publicado. Montei até um

76
ENTREVISTA COM NORBERTO BOZZETTI

manual da organização de empréstimos dentro de uma empresa com o pessoal


da Fundação Getúlio Vargas. Fiz uma série de trabalhos que eram pioneiros.
Fiz um manual da embalagem para exportação. Foi muito bacana, e tinha uma
coisa maravilhosa na época e hoje começa a ficar um pouco mais difícil, que
era o contato direto do Designer com o cliente, sem intermediários. Eu tra-
tava com o presidente da FIERGS, eu tratava com o presidente da Excelsior,
com o presidente da Springer. Almoçávamos e jantávamos juntos, fazíamos
os planos juntos. E isso nos leva hoje a tratar muito com intermediários, e não
só não tem conhecimento total, não tem poder decisão, te passa um briefing
muitas vezes errado e há um turn over muito grande de executivos, então é
possível que durante um ano tu fale com três executivos diferentes dentro
da mesma empresa. Esse é um obstáculo sério que a gente vem enfrentando
hoje em dia. Eu diria até que nós deveríamos encontrar uma solução para
isso. Não vejo como fazer um bom Design tendo meio briefing. Sou adepto
daquela ideia de que conhecer um problema é metade da solução. E nós não
conseguimos às vezes conhecer efetivamente o problema, e principalmente
afetar a decisão, uma decisão tomada a distância por alguém que não parti-
cipou do processo é uma decisão subjetiva, sabe Deus baseada em quê. Tanto
que eu criei um curso chamado Apresentação de Projeto. Projetar é parte do
processo, apresentar o projeto é talvez tão ou mais importante do que projetar.

D&C - Como você avalia o Design gaúcho ao longo do tempo? O design é


uma área suficientemente valorizada no RS? Se não, o que nos falta?

NB – O Rio Grande do Sul pela sua colocação geográfica e pela sua etnia teve
em determinado momento que criar seu Design. Os tropeiros que vieram pra
cá tinham que produzir seus próprios móveis que não eram os móveis nor-
destinos e tinham semelhanças com algumas coisas da Espanha e Portugal,
e também eles tinham que resolver os bens não produzidos industrialmente

77
ENTREVISTA COM NORBERTO BOZZETTI

porque não existia uma indústria abastecendo esse mercado espaço. E isso
fez com que alguns italianos, alemães, poloneses e outros muitos que fizeram
esse caldo que nós chamamos de gauchismo trouxessem seus ancestrais. A
partir da sociedade industrial instalada, o Brasil era mais uma das colôni-
as consumidoras dos produtos industriais europeus e assim seguiam até a
primeira guerra mundial. Eu diria que a primeira guerra mundial desencadeou
o Design gaúcho, porque nós não tínhamos mais como importar os produtos
que nós estávamos acostumados a usar. Os mais simples inclusive. A partir
daí nós tínhamos que resolver. E criamos uma indústria incipiente, mas ten-
távamos substituir produtos importados por produtos nossos. É o período que
surgem as primeiras grandes indústrias do Rio Grande do Sul. Nós começa-
mos a criar mobiliário, criar uma série de objetos de uso cotidiano com um
plano e produzidos inclusive industrialmente. Então a indústria começa a dar
os primeiros passos e a indústria significa que precisa ter um projetista.

Eu sempre falei para os meus clientes que eu não projetava para eles. Eu pro-
jetava para os clientes dos meus clientes. Eu sempre estava olhando quem ia
usar o objeto que eu estava criando. Acho que isso é Design, caso contrário
é puxa-saquismo de cliente. Não posso dizer que o Design seja valorizado
porque não é nem reconhecido. Sempre tive muito respeito pela minha profis-
são e boto banca. Eu sou Designer. Eu sou a pessoa capacitada pra resolver, e
resolvo. Nada melhor do que comprovar na prática, aquilo que se fala na teo-
ria. Felizmente tenho um respeito muito grande por parte dos meus clientes,
das pessoas que trabalham ao meu redor, assim como eu respeito eles.

D&C – O que caracteriza um bom Designer?

NB – Eu acredito que nem os Designers podem fazer uma afirmação porque


são tantos fatores e muitas vezes tu estás atendendo uma das características

78
ENTREVISTA COM NORBERTO BOZZETTI

do bom Designer e desatendendo duas. É difícil tu afirmar que existe um bom


Designer absoluto. Ele tem tantas condicionantes que vão afetar essa nota
dez. Eu coloco como uma das prioridades tu ter uma consciência social do
teu trabalho.

D&C - Qual a sua relação com o meio digital? Como você aproxima a inter-
net e as redes sociais do seu trabalho?

NB – Eu tenho um pensamento cartesiano, por exemplo, enquanto que o digi-


tal pede um pensamento randômico. Mas eu me adapto. Eu sou um camaleão,
tento me adaptar as condições. E realmente acho que estou fazendo bem o
meu randômico. Exige esforço. Eu não sei operar os programas, por exemplo,
mas eu sei o que pode ser feito neles. O meu celular, eu utilizo só o feijão com
arroz. Acho que aqueles que mexem bastante bem nessa área muitas vezes
desconhece o que estão mexendo, como estão fazendo. Não estou tirando o
melhor resultado da ferramenta que eles dispõem. Eu hoje pesquiso na inter-
net muito melhor que os meus alunos em geral. Eu encontro o que eu quero na
internet. Sei separar o lixo enorme do que realmente presta. Estou recebendo
informação todos os dias das últimas ferramentas que estão surgindo. Sei
montar uma interface amigável. Não é realmente o meu fator diferenciador.
E estou cercado de profissionais de ótima qualidade, em cada área destas que
começa a se especializar.

D&C - O que você está fazendo atualmente e o que ainda planeja para o fu-
turo? Alguma mensagem final para os estudantes de Design?

NB – Uma coisa que eu planejo para o futuro é estimular essa bandeira do De-
sign e o reconhecimento que nós estamos como a bola da vez. Eu fico muito
orgulhoso de ver que nós estamos hoje passando por um momento em que o
Design é valorizado sim. Mas no seu sentido mais amplo. Nós estamos tendo

79
ENTREVISTA COM NORBERTO BOZZETTI

o reconhecimento dessa capacidade de um pensamento macro. No momento


o que eu estou fazendo é um novo tipo de escritório de Design. Não acredito
em como o escritório é ou pelo menos como foi até aqui. Hoje estamos tendo
uma experiência muito maluca, mas que está dando certo por enquanto. Que
é de manter a liberdade da equipe, ou seja, a minha equipe é um conjunto de
equipes. E nós trabalhamos basicamente à distância. A Bozzetti Design é um
conjunto de vários Designers integrados dentro de um pensamento, de uma
filosofia.

A mensagem que eu deixo, muito pretensiosamente, é: valorizem o Design.


Tem gente que está fazendo o curso de Design e três meses depois vai fazer
um de medicina, depois de agronomia, quer dizer, o Design é um acidente
de percurso. E eu não posso imaginar Design como acidente de percurso.
A gente já nasce Designer e está pronto pra viver isso, ama isso. Ame a sua
profissão e respeite-a. Amando vai ficar bem mais fácil de se trabalhar e evo-
luir como profissional. Cultive a história.

80
MEIA COLHER DE SOPA DE PIXELS E UM BOCADO DE MÉTODO

Em se tratando de um Trabalho de Conclusão de Curso cuja prática é digital,


é importante salientarmos algumas questões voltadas a este meio que possam
elucidar ainda mais nosso pensamento. Pode-se dizer que o Design digital
surgiu em meados de 1970 e 1980 com a prática da editoração eletrônica
ou do chamado desktop publishing (DTP) (CAUDURO, 1997). De lá para
cá, o meio digital se tornou incontrolável. Está em constante construção e
evolução. Mas a seguir, vamos definir algumas questões que permeiam este
projeto.

Segundo Baltazar e Aguaded (2005), o termo blog vem de weblog, sendo web
(rede) e log (diário de bordo), ou seja, blog é um diário na rede no qual as pes-
soas escrevem e compartilham para que os outros possam acessá-lo. A grande
maioria dos blogs contém links para outros blogs formando uma espécie de
corrente em que todos envolvidos trocam ideias e informações. Tudo isto está
ligado a ciberespaço e à cibercultura, assim definidos

81
MEIA COLHER DE SOPA DE PIXELS E UM BOCADO DE MÉTODO

O ciberespaço (que também chamarei de “rede”) é o novo meio


de comunicação que surge da interconexão mundial dos com-
putadores. O termo especifica não apenas a infraestrutura mate-
rial da comunicação digital, mas também o universo oceânico
de informações que ela abriga, assim como os seres humanos
que navegam e alimentam esse universo. Quanto ao neologismo
“cibercultura”, especifica aqui o conjunto de técnicas (materiais
e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento
e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento
do ciberespaço (LÉVY, 1999, p. 17).

Outra definição importante que precisamos para o entendimento de nossa


pesquisa é a de rede social. Segundo Recuero (2010) rede social é uma fer-
ramenta que ajuda a perceber e a identificar um grupo de pessoas, também
chamado de tribos.

Dois termos que ainda necessitamos definir são usabilidade e acessibilidade.


“Usabilidade é a capacidade, em termos funcionais humanos, de um siste-
ma ser usado facilmente e com eficiência pelo usuário” (SHACKEL apud
MEMÓRIA, 2005, p. 6). Segundo Royo (2008) acessibilidade é tornar a in-
terface acessível a qualquer tipo de público, ou seja, permitir que qualquer
pessoa consiga utilizá-la independente de sua condição.

Metodologia Projetual

Como metodologia projetual para a prática desta pesquisa utilizamos o mé-


todo adotado por Jesse James Garrett (2003). Seu método é chamado de “Dia-
grama da Experiência” (Figura 32) e é lido e interpretado de forma sequencial
de baixo para cima. Consideramos que o ideal seja que uma etapa se encerre
para dar início à próxima, o que não impede que se possa voltar em alguma
etapa anterior e corrigir qualquer inconsistência.

82
MEIA COLHER DE SOPA DE PIXELS E UM BOCADO DE MÉTODO

Figura 32 – Diagrama da Experiência. Fonte da imagem:


Latão Design Unisul (2009). Fonte: O autor (2011).

O método de Garrett define alguns planos que são as etapas pelas quais um
determinado projeto precisa passar até chegar ao seu produto final. O plano
de estratégia compreende os objetivos do site e as necessidades do usuário. É
o momento de o cliente dizer o que e quem ele pretende alcançar com o site, e
isto pode ser diagnosticado através de um briefing, ou seja, de uma coleta de
dados com o cliente para que o Designer consiga extrair dele todas as infor-
mações necessárias para a criação do projeto. Um briefing bem preparado e
bem executado é fundamental em qualquer trabalho. E é nele que procuramos
saber o que os usuários precisam e quais são as suas necessidades para que
o site consiga supri-las e passe a conquistá-los. Este momento pode ser ob-
tido através de questionários quantitativos e/ou qualitativos com os possíveis

83
MEIA COLHER DE SOPA DE PIXELS E UM BOCADO DE MÉTODO

usuários a fim de se alcançar, com maior precisão, tais necessidades.


Métodos qualitativos são mais adequados para satisfazer as ne-
cessidades do usuário acerca de comportamentos, funcionali-
dades, melhoria de objetivos, enquanto os quantitativos são mais
recomendados a resolver problemas de usabilidade e interface
(MÜLLING, 2010, p.74).

No plano de escopo são abordados os requisitos de conteúdo e as especifi-


cações funcionais. Depois de verificar o que o cliente quer obter com o site
e o que os usuários necessitam, reúnem-se todas as informações coletadas e
parte-se para um desenvolvimento mais técnico, no qual é preciso que se i-
nicie a busca pelos conteúdos e pelas funções que o site vai abrigar de forma
a sanar qualquer dúvida e a suprir qualquer necessidade.
[ ]...o tamanho esperado de cada uma das características do site
é decisivo na experiência do usuário. Você deve prever o tama-
nho ou tipo de cada característica: áreas para textos dinâmicos,
dimensões de pixel das imagens, tamanho dos arquivos para
download, assim como a utilização de áudio e vídeo, ou ainda
prever thumbnails ou fotografias em tela inteira (GARRETT
apud MÜLLING, 2010, p.79).

O plano de estrutura é responsável pelos ítens design de interação e ar-


quitetura da informação os quais possibilitam que se concretize todas as in-
formações obtidas até então. Este plano ainda é responsável por organizar to-
das as informações da melhor forma possível, fazendo com que a experiência
de navegação do usuário atenda as suas necessidades e expectativas. É neste
plano que se definem todas as interações que o site vai conter, isto é, é neste
momento que se pensa de que forma o site irá conversar com o usuário.
Organizar, classificar, analisar uma informação visando o acesso
e compreensão do usuário e prezando pelas informações indis-
pensáveis, evitando assim uma sobrecarga cognitiva são atribu-
tos da arquitetura de informação (MÜLLING, 2010, p. 81).

84
MEIA COLHER DE SOPA DE PIXELS E UM BOCADO DE MÉTODO

A base de uma arquitetura de informação bem executada é a sua


organização através da hierarquização. Está é uma estrutura pre-
sente em nossa sociedade desde a criação, onde existe a relação
pai/filho, avô/pai, como uma árvore genealógica, caracterizan-
do-se como abordagem de cima para baixo de organização da
informação. (MÜLLING, 2010, p. 83).

No plano de esqueleto é compreendido o design da interface, o design da in-


formação e o design da navegação. Esse plano é mais conhecido como wire-
frame13 do projeto. É neste plano que projetamos o quê vai e para onde, como
volta para tal lugar, o que faz ou deixa de fazer com cada ação, link ou infor-
mação contida no site. E, também, como apresentar de forma visual todas as
informações e fazer com que o usuário saiba identificar sua importância. Esta
é uma etapa muito importante para a definição dos elementos antes do plano
final. Uma boa navegação, combinada com a hierarquização tanto dos con-
teúdos diversos quanto das informações, já é um excelente indício de que o
site irá funcionar como deveria e que irá atender às necessidades dos usuários.

Por fim, plano de superfície é o que compreende o design visual. É a cara do


site, no qual o Designer – com base no wireframe desenvolvido anteriormente
– transforma-o em elementos de criação ou em elementos visuais. Também
denominado direção de arte, é o momento no qual surge a preocupação por
questões voltadas à estética, como a cor, a tipografia, as imagens, as ilus-
trações, etc.

Após todas essas etapas realizadas, chega-se ao produto final, isto é, ao


produto enquanto projeto de interface. Com o layout pronto, o programador

13
Wireframe é um desenho básico, é o esqueleto do projeto final, como um boneco no ramo
editorial, porém, o wireframe é aplicado no meio digital.

85
MEIA COLHER DE SOPA DE PIXELS E UM BOCADO DE MÉTODO

está apto a fazer uso dos seus conhecimentos e partir para a implementação
do site.

86
DESIGN E CHIMARRÃO: CAUSOS DE DESIGN GAÚCHO
CONTADOS E COMPARTILHADOS NA WEB

Com o tema escolhido, uma justificativa sólida, a pesquisa planejada os obje-


tivos delimitados partimos, então, para a criação do nome e para a construção
da marca deste Trabalho de Conclusão de Curso.

Um bom nome influencia o sucesso da marca, do produto ao qual ele repre-


senta ou do serviço que ele presta. Ele precisa ser simples, de fácil pronúncia e
original, afinal, a criatividade hoje em dia é um dos quesitos mais importantes.
Vivemos em um mundo cheio de produtos, cada qual com seu nome. Achar
um nome que se diferencie dos existentes, inclusive no mesmo segmento, é
essencial. Especificamente para esta pesquisa, que trata de Design gaúcho,
procurou-se um nome que pudesse retratar estes dois mundos envolvidos,
o Design e o Rio Grande do Sul. A palavra Design é muito difícil de ser
substituída por qualquer outra que expresse o mesmo significado. Portanto,
optou-se por mantê-la e, então, complementá-la com uma mais diferenciada.
Adicionar uma expressão que fosse representativa não só para os gaúchos,
mas para as pessoas de fora do estado também. E, uma expressão que re-

87
DESIGN E CHIMARRÃO: CAUSOS DE DESIGN GAÚCHO
CONTADOS E COMPARTILHADOS NA WEB

presentasse não só essa ideia, mas também o conceito de blog, de conversa e


de compartilhamento seria, em nossa opinião, a palavra chimarrão. Assim, o
título da pesquisa passa a ser “Design e Chimarrão”.
A marca é a promessa, a grande ideia e as expectativas que resi-
dem na mente de cada consumidor a respeito de um produto, de
um serviço ou de uma empresa. As pessoas se apaixonam pelas
marcas, confiam nelas, são fiéis a elas, compram e acreditam na
sua superioridade. A marca é como a escrita manual. Ela repre-
senta alguma coisa (WHEELER, 2008, p. 12).

A marca, assim como afirma Costa (2008), é um signo sensível, é a junção


dos signos verbal e visual. É um signo verbal porque a marca precisa existir,
ela precisa ser denominada pelas pessoas. Por isto a marca é, antes de tudo,
e em sua gênese, um signo linguístico e assim deve ser, necessariamente,
para que todos possamos designá-la, verbalizá-la, escrevê-la e interiorizá-la
(COSTA, 2008, p. 18). É também um signo visual porque qualquer marca
precisa ser vista, precisa ser notada. Seu logo, seu símbolo e sua cor têm que
ser a tradução do nome escolhido.

Na marca desenvolvida (Figura 33) há a presença do balão de conversa, mui-


to utilizado nos quadrinhos e na linguagem web. Significa que algo foi dito
por alguém. No caso, que o nome Design & Chimarrão está sendo expres-
sado pelas pessoas. Se nos reportarmos para o significado do chimarrão e
do blog – que é a conversa, o compartilhamento de informações – veremos
que esta marca traduziu nos seus elementos uma forma coerente de signifi-
car algo e contém, dentro deste balão, o logotipo, que é a escrita da marca, o
seu texto. A palavra Design aparece em branco, contrastando com o preto do
balão. Aparece em bold, ou seja, tem um peso acentuado e forte. A expressão
& Chimarrão apresenta-se em verde, remetendo ao Rio Grande do Sul e ao

88
DESIGN E CHIMARRÃO: CAUSOS DE DESIGN GAÚCHO
CONTADOS E COMPARTILHADOS NA WEB

próprio mate. Quanto à tipografia es-


colhida para o logotipo, optamos por
uma sem serifa, em caixa baixa e com
cantos que se mesclam entre o reto
e o arredondado, o que lhe confere
contemporaneidade e um caráter hu-
manista. Tal tipografia foi projetada
baseada na família Advent Pro.

A marca acima é o que chamaríamos


Figura 33 – Marca Design & Chimarrão. de marca-mãe, ou marca principal.
Fonte: O autor (2011) Há ainda, a marca do tipo pictórica
(Figura 34). Uma marca pictórica
usa uma imagem literal e reconhecí-
vel. A imagem em si pode aludir ao
nome da empresa ou à sua missão,
ou pode ser o símbolo de um atributo
da marca (WHEELER, 2008, p. 68).
Neste caso, traduzimos em forma de
pictograma, a cuia e a bomba do chi-
marrão dentro do mesmo balão da
marca-mãe. Para caracterizar ainda
mais a questão do Design Digital
Figura 34 – Marca pictórica Design & Chi-
marrão. Fonte: O autor (2011) escolhemos desenvolver, neste picto-
grama, o que chamamos de pixel art,
ou seja, um tipo de desenho característico do mundo digital.

Após a definição da marca, partimos para o desenvolvimento do objeto, ou

89
DESIGN E CHIMARRÃO: CAUSOS DE DESIGN GAÚCHO
CONTADOS E COMPARTILHADOS NA WEB

seja, para o projeto do site/blog.

De acordo com o “Diagrama da Experiência” de Garrett (2003), o primei-


ro passo a seguir é o plano de estratégia, no qual é preciso saber quais os
objetivos do site e quais as necessidades dos usuários. Para descobrir esses
objetivos, seguir o briefing14, ou seja, a coleta de dados, é o caminho mais
adequado para tal conhecimento e, principalmente, para que futuramente o
projeto não tenha inconsistências. Vamos a ele.

O modelo de briefing apresentado a seguir, foi extraído da disciplina de Design da Infor-


14

mação, lecionada pela Professora Ana Bandeira, no Curso de Design Digital da Universidade
Federal de Pelotas, em 2010.

90
BRIEFING

Identificação: Trata-se de um site/blog com o Design gaúcho como tema


central. Um espaço na web que conte alguns causos do Design riograndense
levando conhecimento a todos que aqui estudam e trabalham. Além de ser um
espaço de compartilhamento de informações e experiências entre os usuários,
com o intuito de divulgar e ressaltar o Design gaúcho e todos que fazem esse
Design acontecer.

Cliente: Diego Motta.

Problema / Necessidade – Justificativa: O Design gaúcho é carente de co-


nhecimento acerca de suas histórias. Todos que estão envolvidos com Design
não tiveram até hoje acesso a isto que estamos chamando de causos. Como
Designers gaúchos, precisamos de um espaço que nos valorize e que nos di-
vulgue no qual troquemos informações e experiências a fim de termos um
maior e mais integrado contato. Precisamos de um espaço como ponto de
encontro e referência e a web é hoje é o melhor local para que várias pessoas
possam estar juntas ao mesmo tempo e, assim, compartilhar seus causos.

91
BRIEFING

Definição de canais / Peças para a transmissão da mensagem: O site/blog


será veiculado através da internet onde qualquer pessoa que tenha o interesse
possa acessar. É uma forma de abrigar conteúdo vasto, podendo chegar a
muita gente; além de ser gratuito, não precisando que as pessoas gastem ou se
locomovam para a ela ter acesso.

Adequação das peças ao público alvo: O meio escolhido foi o digital porque
é a melhor forma de levar um grande conteúdo ao maior número de pessoas
ao mesmo tempo; e também porque o meio digital, no caso do Design, se faz
muito necessário, já que quem estuda ou trabalha com Design se utiliza da
internet e das suas possibilidades, seja para divulgar seu trabalho, seja para
buscar referência ou, ainda, para outras formas de utilização.

Imagem desejada: Que o site/blog tenha um caráter informativo no qual o


objetivo é a informação, a transmissão dos causos de Design. E também um
caráter colaborativo, pois o compartilhamento de conteúdo é o que fará com
o site/blog se perpetue e desperte o interesse das pessoas.

Diferencial: O principal diferencial do projeto é o tema central, já que quase


não temos espaços que tratem do Design gaúcho e divulguem vagas de traba-
lho, falem de eventos e de curiosidades, contem causos, apresentem entrevis-
tas; enfim, espaços que abranjem um vasto conteúdo. Que neste site/blog seja
possível ter acesso a tudo isso, tornando-se referência a todos os Designers.

Pontos positivos do serviço e/ou produto apresentado: O próprio tema já


é um ponto positivo a ser considerado. Ter um espaço como este disponível
para consulta e troca de informações, é bastante positivo. Por ser digital e
contar com a internet, pode atingir o maior número possível de pessoas ao
mesmo tempo; além de que pode ser acessado a qualquer momento e em
qualquer lugar, independente de onde a pessoa resida.

92
BRIEFING

Pontos negativos: Para que o site/blog seja acessado, as pessoas precisam


ter internet seja no computador ou no celular o que pode impedir o uso
em algum momento ou lugar sem conexão. Outro ponto negativo a ser con-
siderado é o lado efêmero da internet que pode fazer com que o site e as
próprias informações fiquem ultrapassadas ou que, devido ao acúmulo, não
tenham a devida atenção que mereçam.

Influências ambientais, culturais e geográficas: O Rio Grande do Sul é


bastante conhecido por seus bons Designers. Não estamos no eixo Rio-São
Paulo onde os acontecimentos são maiores, mas no Sul temos bons eventos e
momentos que devem ser divulgados e registrados. Temos, aqui, um número
considerável de instituições com cursos de Design que podem influenciar
positivamente.

Sazonalidade: O site/blog não tem um tempo específico. Ele permanece na


internet enquanto seu domínio e sua hospedagem estiverem ativos. Seus a-
contecimentos ficam reféns do modo pelo qual está sendo conduzido o De-
sign. Por exemplo, com muitos eventos, exposições e notícias, o site/blog
passa a ter uma maior atualização.

Mercado: O site/blog tem como tema central o Design gaúcho e tem como
intenção maior atingir o mercado do Design no Rio Grande do Sul. Porém, a
internet pode atingir a qualquer um, não somente a quem aqui reside. Além
disto, o conteúdo é voltado para o Design gaúcho, mas não somente a ele, o
que pode muito bem servir de interesse a todos, gaúchos ou não.

Concorrentes: Visto que é um projeto com um assunto relativamente novo


não há um concorrente específico. Mas existem concorrentes do mesmo
gênero, ou seja, alguns blogs de Design que têm o intuito de compartilhar
informações e que acabam virando referência para um trabalho de qualidade.

93
BRIEFING

Elucidando, temos os casos: Abduzeedo: http://www.abduzeedo.com; Design


on the rocks: http://www.designontherocks.xpg.com.br/; De2ign: http://www.
revistadesign.com.br/2/; Anticast: http://www.anticast.com.br/; (Figuras 35 a
38) entre outros. Não podemos deixar de contar que existe um projeto pare-
cido para o Nordeste, mais especificamente para Pernambuco, que chama-se
Marco Zero: http://marcozero.rec.br/ (Figura 39).

Figura 35 – Site Abduzeedo. Fonte: Abduzeedo (2006).

94
BRIEFING

Figura 36 – Site Design on the rocks. Fonte: Design on the rocks (s/d).

Figura 37 – Site De2ign. Fonte: De2ign (2003).

95
BRIEFING

Figura 38 – Site Anticast. Fonte: Anticast (2011).

Figura 39 – Site Marco Zero. Fonte: Marco Zero (2011).

96
BRIEFING

Consumidor / Público-Alvo

Quem utiliza os serviços: O conteúdo do site voltado ao Design gaúcho será


utilizado em sua grande maioria por estudantes e profissionais de Design que
tenham interesse no assunto. Provavelmente a maior parte será de pessoas
gaúchas ou residentes neste estado o que, claro, não impede que outros pos-
sam acessar. Com relação ao conteúdo do blog, que é um conteúdo mais livre,
deverá ser, de certa forma, dividido. Quando tiver tópicos mais regionais, por
exemplo, eventos que estejam se realizando no Rio Grande do Sul, o blog
será mais voltado a quem aqui estiver. Mas no geral, o conteúdo de um blog
é amplo e aberto a todos que tenham interesse pelo Design, afinal são posts
de dicas, referências, curiosidades e tantas outras ações que atingem toda e
qualquer pessoa.

Hábitos e atitudes: Aqueles que irão se utilizar do site/blog tem, por si só, in-
teresse pelo Design. Interesse por esses causos que fazem o Design acontecer.
São estudantes e profissionais que se interessam por internet, que não tenham
preguiça e que sejam curiosos para estar sempre buscando referências, sem-
pre pesquisando alguma coisa. Mas, o ideal é que sejam pró-ativos, ou seja,
que não busquem apenas conteúdo, mas contribuam também, opinando, dis-
cutindo, criticando e sugerindo pauta.

Quem decide pela utilização ou não do serviço: A decisão de utilizar ou


não o site/blog é única e exclusiva do usuário. A internet tem essa facilidade
de permitir que cada um faça suas escolhas. Então, ele escolhe se quer ou não
acessar e, principalmente, o momento para isto já que tem este controle.

97
BRIEFING

Razões de “compra” (utilização) do serviço

O apelo utilizado na campanha é racional ou emocional? Por quê? Há os


dois tipos de apelo utilizados. O apelo racional justamente por querer passar
o caráter informativo, o de informar o usuário sobre Design gaúcho. E o apelo
emocional por conta dos causos contados, das imagens visualizadas e tudo
mais o que faz ser próximo ao usuário: lugares conhecidos e, histórias que
fazem parte da nossa vida.

Quais os benefícios que o consumidor espera ao utilizar o serviço ofereci-


do? O usuário espera um conteúdo de qualidade. Espera que qualquer assunto
postado sobre o Design gaúcho seja verdadeiro e suficiente. Por ser voltado
ao Design, espera que tenha um visual atrativo. O usuário espera que o site
aborde diversas questões como dicas de eventos, palestras, cursos, vagas de
trabalho, curiosidades, entrevistas, enfim, tudo que seja interessante e que
sirva como fonte de referência.

98
DESIGN E CHIMARRÃO: CAUSOS DE DESIGN GAÚCHO
CONTADOS E COMPARTILHADOS NA WEB

Após ter os objetivos do site delimitados, o próximo passo, de acordo com


o “Diagrama da Experiência” de Garrett (2003), é saber quais as necessi-
dades dos usuários a serem atingidos com o produto. Precisa-se descobrir,
então, quais os seus desejos e do que precisam e isto é de extrema importância
para um projeto consistente e duradouro. Poderia-se então, fazer uma série de
questionários quantitativos e/ou qualitativos com os prováveis usuários para
se chegar a esta questão. Mas, como estudante e profissional de Design, o cli-
ente tem condições de saber o que as outras pessoas nos mesmos parâmetros
dos seus necessitam. Portanto, questionários não se fazem necessários neste
primeiro momento.

Já estão claras as razões pelas quais esta pesquisa se faz presente e, portanto,
não iremos nos repetir. Mas algumas coisas ainda precisam ser consideradas,
algumas especificidades que são necessárias em um trabalho como este.

Nos blogs, geralmente há uma segmentação de conteúdo, para que o usuário


possa escolher se quer assim ou de forma tradicional, ou seja, sem segmen-
tação. Estas separações por assunto podem ser feitas através de palavras-chave
que o usuário define para determinado post ou, ainda, podem ser encontradas
digitando determinada palavra no campo busca. Os blogs costumam ter, em
suas laterais, esta segmentação; ou a cada mês, ou por assunto, ou pelos as-
suntos mais buscados, ou pelos mais recentes. Enfim, existem diversos tipos
de segmentação que facilitam o usuário. Caso não se interesse por determi-
nado assunto, ele vai diretamente ao que lhe interessa.

Porém, como o assunto Design gaúcho é relativamente novo, pelo menos no


que se refere a publicações ou registros, o ideal é que haja essa segmentação
para que o usuário identifique de que se tratam os assuntos a serem abordados

99
DESIGN E CHIMARRÃO: CAUSOS DE DESIGN GAÚCHO
CONTADOS E COMPARTILHADOS NA WEB

para que alguém que não se interesse por algo não fique saturado com tal con-
teúdo. Os posts nos blogs costumam ficar organizados de forma decrescente,
o que foi postado hoje está acima do que foi postado ontem e, assim, suces-
sivamente. É eficiente ter como opção esta separação de assuntos, sobretudo
como critério de organização. Os eventos são separados das dicas, que são
separados dos cursos... Então, opção é a palavra que funciona na internet e
faz com que o usuário tenha o controle. Ele tem a opção de dizer sim ou dizer
não, se quer ou se não quer alguma coisa. É esta possibilidade que hoje nós,
usuários, temos: a de opinar e a de escolher.

Com o plano de estratégia estabelecido, Garrett (2003) define como próxi-


mos passos as especificações funcionais e os requisitos de conteúdo, que an-
dam juntos e fazem parte do plano de escopo. Analisando todas as necessi-
dades, que nós estudantes e profissionais de Design aqui do estado temos,
estabelecemos seis ítens que o site precisa ter e que acabam sendo os itens de
menu: blog, design e chimarrão, design gaúcho, ensino e profissão, entrevista
e contato.

O item blog refere-se a uma questão de repertório visual e compartilhamento


de referências e opiniões. Ele será a página inicial do site tornando-o, assim,
mais prático a quem acessa. Por ser o item de maior atualização e, provavel-
mente, de acesso, mostrá-lo primeiro faz com que o tempo perdido por parte
do usuário seja menor. O blog geralmente é amplo, abrange diversos con-
teúdos, não só o Design em si, mas tudo o que o Designer se interessa, ou
tudo que contenha Design. Além das separações por meses – típicas de um
blog – usar as separações por assuntos como fotografia, ilustração, produto,
moda, gráfico, editorial e digital pode ser uma ótima forma de classificar as

100
DESIGN E CHIMARRÃO: CAUSOS DE DESIGN GAÚCHO
CONTADOS E COMPARTILHADOS NA WEB

postagens, as chamadas tags15. Isto permite que as pessoas escolham se elas


querem ver tudo ou somente aquilo que lhes interessam. Vale lembrar que
cada post do blog proporciona o comentário do usuário se, assim, ele o dese-
jar. E, além disto, de conter os ícones referentes às redes sociais permitindo
compartilhar/recomendar determinado post aos seus amigos.

O item design e chimarrão é dedicado ao projeto de Design em si. É um es-


paço para dizer ao usuário do que trata, como foi realizado e o seu porquê. É
um espaço para explicar a importância do assunto e incentivar a pesquisa e
o interesse, para que muitos outros causos sejam contados. Além de explicar
o projeto, é um espaço para mostrar também quem o fez – não apenas Diego
Motta enquanto Designer, mas quem ajudou e quem ajuda a mantê-lo – e,
posteriormente, quem sabe, as pessoas que ajudarão a fazer deste um grande
projeto, colaboradores que postam sobre Design no blog e pessoas que se in-
teressam em pesquisar o Design gaúcho. Como conteúdo deste item, também
apresentamos a identidade visual do projeto de Design e o manual da marca,
para que assim aqueles interessados em utilizá-la possam fazer o download
e saber qual a forma correta de aplicá-la. É um projeto livre, dentro de um
limite de conteúdo, a ser definido pelo dono do site, para que qualquer inte-
ressado possa participar e compartilhar conhecimentos e experiências. Além
disto, é um espaço publicitário para que quem tenha interesse anuncie no site,
há também um espaço para parcerias, muito comum em blogs de Design.
Geralmente as parcerias são feitas com os próprios blogs de Design para que
um blog recomende os outros com mesmo conteúdo.

15
Tags são forma de classificar um conteúdo, de dizer que ele faz parte de determinado as-
sunto.

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DESIGN E CHIMARRÃO: CAUSOS DE DESIGN GAÚCHO
CONTADOS E COMPARTILHADOS NA WEB

O item dedicado ao design gaúcho se refere ao espaço no qual os causos são


contados, tais como aqueles já apresentados no primeiro capítulo. Esta parte
está sempre em construção e é dividida em postagens nas quais cada uma con-
terá um causo. É um espaço parecido com o do blog, com a diferença que é
dedicado exclusivamente a contar o causo. Um espaço que sirva de referência
para consulta, com a possibilidade das pessoas postarem comentários. Mas,
vale lembrar, que pretendemos verificar os comentários para que o conteúdo
do site/blog permaneça dentro da proposta.

No item ensino e profissão pensamos, primeiramente, em algo mais ligado


aos cursos disponíveis no estado que possam servir de referência aos, quem
sabe, futuros estudantes bem como aos que já estudam e querem se aprimorar
através de especializações, mestrados e doutorados, além de cursos extras que
eventualmente surgem e que por muitas vezes não têm grande divulgação.
Com relação à profissão, esta é uma ideia mais a longo prazo; e compreende-
ria um espaço dedicado a listar as empresas que trabalham com Design aqui
no Rio Grande do Sul e que, assim, possam ajudar os estudantes e profissio-
nais a saber onde podem construir uma carreira.

Entrevista do site é um item dedicado a pessoas relevantes que têm algo im-
portante a falar e a disseminar. É sempre bom ouvir uma entrevista com al-
guém interessante, é curioso saber sobre sua vida, quanto sobre suas referên-
cias teóricas. Saber a trajetória de uma pessoa é sempre estimulante, e nos faz
pensar acerca da nossa. Os entrevistados podem não ter uma relação direta
com o nosso estado, mas que tenham então, importância para o Design e que
acrescentem conhecimento. À medida em que as entrevistas forem sendo fei-
tas serão acrescentadas no site.

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DESIGN E CHIMARRÃO: CAUSOS DE DESIGN GAÚCHO
CONTADOS E COMPARTILHADOS NA WEB

O último item do site refere-se ao contato. É um espaço para informar as


redes sociais nas quais o projeto de Design se encontra, além de email e for-
mulário de contato para quem quiser elogiar, criticar, tirar dúvidas e tudo mais
que desejarem.

Os próximos passos do “Diagrama da Experiência” de Garrett (2003) que


fazem parte do plano de estrutura são o design de interação e a arquitetura
de informação. O design de interação é o momento de se definir como os
usuários vão de um lugar a outro do site. E a arquitetura de informação com-
preende o modo de como organizar o conteúdo de forma que o projeto fique
consistente.

O item blog, a página inicial do site, tem como opção de conteúdo os diversos
posts dos mais variados temas e oferece como possibilidade a visão completa
de cada notícia. Geralmente, e neste caso, o primeiro nível de um blog mostra
apenas um aperitivo de cada notícia, deixando ao usuário a opção de querer
ou não ver mais. Podendo o usuário comentar tal notícia e/ou compartilhá-la
nas redes sociais às quais participa.

O item design e chimarrão, que é dedicado ao projeto, não chega a ser uma
página em si. É o nome de um grupo, que no caso, compreende cinco itens:
projeto, autor, identidade visual, parceria e anúncio. Estes cinco ítens tem
apenas um nível de conteúdo e oferece a possibilidade de espaço para comen-
tário e para o compartilhamento do conteúdo.

Design gaúcho compreende os itens causos e links. Causos é um primeiro


nível, mas assim como o blog, oferece a possibilidade de ver de forma com-
pleta cada causo. E links tem somente um primeiro nível de conteúdo, com
igual possibilidade de comentário e compartilhamento (funções estas que es-

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DESIGN E CHIMARRÃO: CAUSOS DE DESIGN GAÚCHO
CONTADOS E COMPARTILHADOS NA WEB

tão disponíveis em quase todo o site).

Ensino e profissão também compreende alguns itens: cursos, graduação, pós-


graduação e empresas. Como já declarado, este é um espaço a ser cosntruído
a longo prazo; portanto, neste momento, listamos alguns cursos ou empresas
que se fazem presentes aqui no Rio Grande do Sul e pode, posteriormente, ser
mais trabalhado.

A seção entrevistas também compreende itens, mais precisamente o nome


dos entrevistados. No momento apresenta apenas um, o de Norberto Bozzetti.
Aqui será apresentada a entrevista em formato audiovisual, além de seu breve
relato.

O item contato contém um formulário para que as pessoas se comuniquem


com os organizadores do site. Este é o único item que não permite comentário
na página tampouco compartilhamento de informações.

É importante ressaltar que, em todo o site, a estética é a de um blog, o que


proporciona ao usuário o comentário nas páginas. Barras verticais à direita
aparecem em todo se projeto. Estas são duas, a primeira dependendo da pá-
gina dá a opção de ver os outros links do grupo ao qual faz parte, e no caso
de causos e do próprio blog, oferece a opção de buscar o conteúdo por área,
assunto, nome, os mais populares, buscar por tags, enfim, o que otimiza uma
possível busca e melhora a experiência do usuário. Com relação à barra mais
à direita, esta é fixa em todo o site/blog e o conteúdo não muda. Ela contém
a publicidade do site, ou seja, os patrocínios eventuais e as parcerias com os
outros blogs e sites de Design.

Após a definição do design de interação do projeto partimos para a arquitetu-

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DESIGN E CHIMARRÃO: CAUSOS DE DESIGN GAÚCHO
CONTADOS E COMPARTILHADOS NA WEB

ra de informação a qual apresenta, de forma gráfica e simples, através de um


fluxograma como acontece esta hierarquia, isto é, a organização de níveis de
conteúdo. A arquitetura de informação também é chamada de sitemap ou
mapa do site. E ajuda a deixar ainda mais claro onde a pessoa está e para onde
ela pode ir. Veja como ficou o sitmap do site/blog (Figura 40):

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DESIGN E CHIMARRÃO: CAUSOS DE DESIGN GAÚCHO
CONTADOS E COMPARTILHADOS NA WEB

Figura 40 – Sitemap. Fonte: O autor (2011)

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DESIGN E CHIMARRÃO: CAUSOS DE DESIGN GAÚCHO
CONTADOS E COMPARTILHADOS NA WEB

O próximo e penúltimo passo, denominado plano de esqueleto compreende


os ítens design da interface, design de navegação e design da informação. É
o momento onde o projeto toma forma. Através dos wireframes é que defini-
mos algumas questões importantes que vão permear o projeto, deixando-o
mais consistente e unificado. O projeto conta com cerca de oito tipos de telas
diferentes e, com base nelas, é possível desenvolver todas as demais.

Na tela blog (Figura 41), a página inicial do site, podemos perceber a estrutu-
ra definida para cada elemento. Na parte superior percebemos os elementos
referentes ao menu do site, o espaço dedicado à marca e uma grande imagem
conceitual. Esta área conceitual do site tende a chamar bastante atenção por
conta do seu tamanho e, se bem utilizada, é um ponto positivo para cativar
os usuários. Os ítens de menu foram pensados para serem respeitados os seus
tamanhos, aproveitando o espaço. Na área central do site, que é a parte de
conteúdo, uma grid de três colunas foi respeitada: uma maior dando destaque
ao conteúdo em si, uma segunda e menor valorizando a questão de busca e
segmentação de conteúdo – muito necessário em blogs e sites com conteúdo
extenso – e a terceira, fixa em todo o projeto, e dedicada a patrocínios e parce-
rias. E por fim o rodapé, que se configura mais em uma questão de créditos do
site e preve ainda a divulgação das redes sociais ao qual o projeto participa.

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DESIGN E CHIMARRÃO: CAUSOS DE DESIGN GAÚCHO
CONTADOS E COMPARTILHADOS NA WEB

Figura 41 – Wireframe da tela blog. Fonte: O autor (2011).

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CONTADOS E COMPARTILHADOS NA WEB

A próxima tela escolhida é blog detalhe (Figura 42). Quando uma pessoa
clica em um post, a notícia aparece por completo. A partir deste momento al-
guns elementos se repetem, e é isto também que faz com que um projeto tenha
consistência e unidade. Por exemplo, a parte do topo do site permanece igual.
Neste detalhe do blog, as duas colunas à direita da tela continuam iguais tam-
bém. O que muda é a parte de conteúdo. Em uma notícia por completo o texto
é mais extenso, mostram-se outras imagens da postagem e dá-se espaço aos
comentários.

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DESIGN E CHIMARRÃO: CAUSOS DE DESIGN GAÚCHO
CONTADOS E COMPARTILHADOS NA WEB

Figura 42 – Wireframe da tela blog detalhe. Fonte: O autor (2011).

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DESIGN E CHIMARRÃO: CAUSOS DE DESIGN GAÚCHO
CONTADOS E COMPARTILHADOS NA WEB

Outra que ilustra bem o projeto é a tela do projeto (Figura 43), dentro de de-
sign e chimarrão. Como já foi citado, toda a estética do site/blog é a de um
blog realmente. Esta tela segue a mesma linha da que foi mostrada anterior-
mente com a diferença que, em vez da segunda coluna na parte do conteúdo
dedicada à segmentação de conteúdo por ser extenso e sofrer muita atua-
lização, esta foi projetada, então, para divulgar os outros itens pertencentes ao
grupo design e chimarrão.

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DESIGN E CHIMARRÃO: CAUSOS DE DESIGN GAÚCHO
CONTADOS E COMPARTILHADOS NA WEB

Figura 43 – Wireframe da tela projeto. Fonte: O autor (2011)

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DESIGN E CHIMARRÃO: CAUSOS DE DESIGN GAÚCHO
CONTADOS E COMPARTILHADOS NA WEB

A próxima tela escolhida é causos (Figura 44) e pertence ao grupo design


gaúcho. Esta tela se aproxima em sua funcinalidade a do blog. Em vez de
posts, são mostrados causos, mas sem uma atualização tão grande quando
a de um blog. Porém, a forma como estas informações são apresentadas é
semelhante, inclusive na tela causos detalhe (Figura 45). Isto mostra o quão
consistente está o projeto, o que impede a confusão do usuário, e permite que
ele ao acessar uma ou duas páginas, já saiba como fazer nas próximas. Na
coluna de segmentação, temos não apenas a busca por conteúdo, mas também
a divulgação das demais páginas do grupo.

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DESIGN E CHIMARRÃO: CAUSOS DE DESIGN GAÚCHO
CONTADOS E COMPARTILHADOS NA WEB

Figura 44 – Wireframe da tela causos. Fonte: O autor (2011)

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CONTADOS E COMPARTILHADOS NA WEB

Figura 45 – Wireframe da tela causos detalhe. Fonte: O autor (2011)

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CONTADOS E COMPARTILHADOS NA WEB

A página escolhida referente ao grupo ensino e profissão é cursos (Figura


46). E é semelhante à tela projeto. Com relação à tela entrevistas Norberto
Bozzetti (Figura 47), também mantém a mesma linha com a diferença que,
como há apenas uma entrevista, a coluna do meio que divulgaria outras en-
trevistas, no momento não existe.

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CONTADOS E COMPARTILHADOS NA WEB

Figura 46 – Wireframe da tela cursos. Fonte: O autor (2011)

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CONTADOS E COMPARTILHADOS NA WEB

Figura 47 – Wireframe da tela entrevista Norberto Bozzetti. Fonte: O autor (2011)

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CONTADOS E COMPARTILHADOS NA WEB

E, para finalizar a tela contato (Figura 48), é parecida, em sua estrutura, com
a tela entrevistas, tendo, como particularidade, o formulário para contato em
seu conteúdo.

Figura 48 – Wireframe da tela contato. Fonte: O autor (2011)

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DESIGN E CHIMARRÃO: CAUSOS DE DESIGN GAÚCHO
CONTADOS E COMPARTILHADOS NA WEB

Como última etapa do método de Garrett (2003), temos o plano de superfície


e o design visual, também conhecidos como direção de arte, nos quais onde
são definidos os elementos gráficos e visuais do projeto. Se antes o projeto es-
tava tomando forma, agora ele definitivamente se transforma. Neste momento
são escolhidos cor, tipografia, formas, imagens e todos os demais elementos
que definem visualmente o projeto.

Antes de especificar questões gráficas, é importante defender a sua forma


mais ampla. Em se tratando de um site gaúcho sobre Design, salientamos
que o projeto do site/blog foi planejado para ser elegante, culto e, ao mesmo
tempo contemporâneo.

De forma geral foi definido um tom rosado ao site, com determinados pontos
em vermelho representando o Rio Grande do Sul. Isto confere também um
misto de sobriedade – por conta dos variados tons – e um pouco de destaque,
não apenas do vermelho, mas também das imagens o que chama a atenção do
usuário. Foi definido, também, um fundo fixo e padrão para todo projeto, no
mesmo tom rosado e com uma textura leve, o que dá movimento e também
modernidade.

Cada elemento presente na parte central do site encontra-se em caixas separa-


das. O conteúdo está numa, a busca noutra, os posts mais populares em outra,
e assim nos demais. Cada caixa destas, tem duas divisões separadas por cor,
a do título e a do seu conteúdo.

As imagens, tanto a da área conceitual como as do conteúdo contêm o título


da mesma na parte de cima, ou seja, na cor preta com fundo vermelho, além
de um grafismo, aludindo a pixels. Fora as imagens complementares de cada
post onde apenas a altura varia, todas as utilizadas no conteúdo têm o mesmo

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DESIGN E CHIMARRÃO: CAUSOS DE DESIGN GAÚCHO
CONTADOS E COMPARTILHADOS NA WEB

tamanho.

Com relação à tipografia, utilizamos duas, uma mais personalizada para tí-
tulos e botões, e é a mesma da marca. A outra, para funcionar como fonte de
sistema para os conteúdos, é a Arial. É necessário usar uma fonte de sistema
para que todos os navegadores abram o site e ele esteja da mesma forma o que
melhora, assim, a usabilidade e a acessibilidade por parte dos usuários. Nos
títulos e botões não se faz necessário tal uso porque os botões e títulos podem
ser transformados em imagens.

O site/blog tem uma importante área de respiro em seu conteúdo. Isto ajuda
o usuário a não cansar da interface. A altura das colunas e seus conteúdos
contribuem para este respiro.

Acompanhem agora a direção de arte e, ao longo da explanação, exclare-


cemos outras coisas que se fazem necessárias.

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CONTADOS E COMPARTILHADOS NA WEB

Figura 49 – Página blog. Fonte: O autor (2011)

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CONTADOS E COMPARTILHADOS NA WEB

Podemos perceber que os ítens de redes sociais pensados para o rodapé


acabaram mudando de lugar. Fica mais coerente com o projeto que isto se
torne parte do conteúdo, junto à parte fixa do site, ou seja, à terceira coluna.

Importante lembrar também que a área conceitual, a da imagem, é um flash


randômico, no qual as imagens/destaques vão passando e, caso o usuário
queira ver de forma mais rápida, ele pode clicar na seta pixelada à direita na
imagem.

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CONTADOS E COMPARTILHADOS NA WEB

Figura 50 – Página blog detalhe. Fonte: O autor (2011)

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CONTADOS E COMPARTILHADOS NA WEB

Figura 51 – Página design e chimarrão – projeto. Fonte: O autor (2011)

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Figura 52 – Página design gaúcho – causos. Fonte: O autor (2011)

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CONTADOS E COMPARTILHADOS NA WEB

Figura 53 – Página design gaúcho – causos detalhe. Fonte: O autor (2011)

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CONTADOS E COMPARTILHADOS NA WEB

Figura 54 – Página ensino e profissão – cursos. Fonte: O autor (2011)

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CONTADOS E COMPARTILHADOS NA WEB

Figura 55 – Página entrevistas – Norberto Bozzetti. Fonte: O autor (2011)

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CONTADOS E COMPARTILHADOS NA WEB

Figura 56 – Página contato. Fonte: O autor (2011)

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CONTADOS E COMPARTILHADOS NA WEB

Nas demais páginas do site não há nenhuma outra diferença gráfica ou pro-
jetual a ser aqui apresentada. Sua mudança é apenas de conteúdo e de in-
formações e tem o mesmo tratamento já apresentado nestas páginas. O que
acabamos de apresentar foi o projeto de um site/blog. Sua execução e imple-
mentação se dará a curto prazo no endereço <www.designechimarrao.com.
br>.

131
PÁGINA FINAL

Como já apresentamos, “o principal motivo para se colocar um site no ar


– e que deve também orientar seu conteúdo – é muito simples: relevância”
(RADFAHRER, 1999, p. 70). E, relevância, provamos que o Design gaúcho
tem. Em nosso levantamento teórico, podemos perceber que ele é bastante
rico em conteúdo e história. O que nos parece é que falta um pouco de consi-
deração por parte dos próprios Designers, acerca deste Design! Uma história
não merece ficar esquecida e/ou guardada em qualquer lugar sem que as pes-
soas tenham fácil acesso. Reafirmamos também, que isto pode acontecer, en-
tre outras coisas, porque a profissão do Designer ainda não é regulamentada.
Wollner afirma: “eu não consigo sequer registrar meu ISS como designer –
apenas como artista comercial” (WOLLNER apud STOLARSKI, 2005, p.
66). Creio que essa valorização fará com que o Design seja tratado com o
respeito a que tem direito, não só pelos estudantes das mais variadas áreas,
como por todas as pessoas.

132
PÁGINA FINAL

A entrevista com o Designer gaúcho Norberto Bozzetti foi muito satisfatória


para admirarmos ainda mais o seu trabalho e a sua participação nesta história.
Começar, com ele, esta linha de entrevistas foi de grande ajuda para esta pes-
quisa e, além disso agregou um valor e credibilidade ao projeto. E permite que
aconteçam outras entrevistas. Sem esquecer que a internet está aí para que nos
utilizemos dela da melhor maneira possível, seja navegando, utilizando suas
redes sociais, seja enfim, aproveitando o que está ao nosso alcance.

Na prática da pesquisa, foi importante nos envolvermos com uma metodologia


específica para o meio digital, e, podermos ver como se comporta cada etapa
ao desenvolvermos o projeto do site/blog. Precisamos futuramente, com o
projeto desenvolvido, replicá-lo para as telas restantes e prepará-lo para que o
programador faça o seu trabalho. É importante ressaltar que este projeto pode
funcionar como uma empresa, para isto, é necessária uma dedicação maior,
parcerias com outros profissionais, como redatores, publicitários, administra-
dores e tantos outros que podem ajudar a fazer deste um grande espaço para
conhecimento e compartilhamento de informações.

Design e Chimarrão: causos de Design gaúcho contados e compartilhados


na web aborda, em nossa opinião, um assunto que será sempre importante e
em constante construção, que gera ainda maior relevância na medida em que
sempre dá margens para novas pesquisas. Como percebemos ao longo desta
investigação ainda pouco existe sobre Design gaúcho disponibilizado na web.
Precisamos de mais, muito mais.

133
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Cólofon

O texto deste Trabalho de Conclusão de Curso foi composto em Times New


Roman. Os títulos e paginação em Helvética. O corpo do texto, títulos e pagi-
nação em tamanho 12pt com entrelinhas 18pt, citações e notas de rodapé em
tamanho 10pt e entrelinhas 12pt. Impresso em sulfite branca 90g/m2, capa e
contracapa em sulfite 240g/m2.

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