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INSTITUTO FEDERAL SUL

SUL-RIO-GRANDENSE
GRANDENSE
CAMPUS PELOTAS - VISCONDE DA GRAÇA
TECNOLOGIA EM DESIGN DE MODA

LARISSA DA LUZ SIMÕES

BLACK IS BEAUTIFUL
BEAUTIFUL:: IDENTIDADE NEGRA E A LIGAÇÃO DO VESTUÁRIO
COM OS BAILES BLACK

PELOTAS
2022
LARISSA DA LUZ SIMÕES

BLACK IS BEAUTIFUL: IDENTIDADE NEGRA E A LIGAÇÃO DO VESTUÁRIO


COM OS BAILES BLACK

Trabalho de conclusão de curso de graduação


do Curso Superior de Tecnologia em Design
de Moda do Instituto Federal Sul-
RioGrandense, Campus Pelotas - Visconde
da Graça, como requisito parcial para a
obtenção do título de Tecnólogo em Design
de Moda.Orientador: Prof. Dr. Jonathan
Gurgel de Lima

PELOTAS
2022
LARISSA DA LUZ SIMÕES

BLACK IS BEAUTIFUL: IDENTIDADE NEGRA E A LIGAÇÃO DO


VESTUÁRIO COM OS BAILES BLACK

Trabalho de conclusão de curso de graduação


do Curso Superior de Tecnologia em Design
de Moda do Instituto Federal Sul-
RioGrandense, Campus Pelotas - Visconde
da Graça, como requisito parcial para a
obtenção do título de Tecnólogo em Design
de Moda.

Orientador: Prof. Dr. Jonathan Gurgel de Lima

Aprovado pela banca examinadora em __/__/__

___________________________________
Prof. Dr. Jonathan Gurgel de Lima (Orientador)
Instituto Federal Sul-Rio-Grandense – Campus Pelotas – Visconde da Graça

____________________________________
Profa. Ma. Aline Maria Rodrigues Machado (Membro)
Instituto Federal Sul-Rio-Grandense – Campus Pelotas – Visconde da Graça

____________________________________
Profa. Lilian Fetzer (Membro)
Instituto Federal Sul-Rio-Grandense – Campus Pelotas – Visconde da Graça
Dedico aos meus pais pelo incentivo
e suporte na realização dos meus
sonhos. Sou eternamente grata pelo
amor de vocês.
AGRADECIMENTO

Ao meu orientador professor Jonathan de Lima pela total disposição e ajuda


na construção desse trabalho, pela paciência com áudios longos e mudanças
repentinas no rumo do trabalho. Obrigada pela confiança e incentivo que a todo
momento foi transmitido.
À professora Frantieska Schneid que a cada aula se dispôs a auxiliar no
processo de desenvolvimento desse projeto e pelas palavras que nos levaram
motivação e uma visão otimista do trabalho árduo da construção de um TCC.
À professora Aline Machado pelo carinho com meu projeto e por se propor a
engrandecer o trabalho construído com todo seu conhecimento.
Agradeço à professora Lilian Fetzer, por, junto aos professores citados
anteriormente, formar a banca de avaliação e contribuir com a construção desse
trabalho.
Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense por
representar tão bem a educação pública e permitir o acesso a um ensino de
qualidade, e ao Campus Pelotas Visconde da Graça por ser um lugar único onde
todo o suporte é oferecido ao aluno para sua permanência na instituição.
Aos professores tão especiais que participaram da minha jornada no Curso
Superior de Tecnologia em Design de Moda por me permitirem absorver do
conhecimento de vocês e por acreditarem no meu potencial enquanto aprendiz.
À minha mãe, meu pai e meu irmão por estarem ao meu lado acompanhando
meus passos e todo o meu caminho na graduação. Aos meus pais por me
proporcionarem o estudo e toda a estrutura necessária, e a toda minha família pelo
carinho e entusiasmo quanto ao meu caminho acadêmico e profissional.
As minhas amigas que sempre acreditaram em mim e vibraram por cada
conquista desde que ingressei na graduação, o carinho de vocês enche o meu
coração.
Ao meu namorado Henrique por estar ao meu lado durante a maior parte dos
dias em que eu construí esse trabalho, por ter sido incentivo e apoio tão essencial.
Aos colegas com quem dividi a sala de aula e que tornaram a faculdade um
ambiente leve de onde levo muitas boas memórias. A todos que fizeram parte dessa
jornada, obrigada por terem acreditado que eu chegaria aqui.
RESUMO

O presente trabalho de conclusão do curso superior de Tecnologia em Design de


Moda do IFSul, campus Pelotas Visconde da Graça tem como objetivo final o
desenvolvimento de uma coleção de moda feminina autoral. Inspirada nos bailes
black, a coleção destina-se ao segmento Casualwear, e é composta por vinte looks,
onde quatro desses são confeccionados e apresentados por meio de um editorial de
moda e evento. Se dá através de revisão bibliográfica acerca do tema estabelecido,
além de seguir a metodologia do Design trabalhada pelo autor Bruno Munari (2008)
e desenvolvimento projetual a partir da metodologia da autora Doris Treptow (2013),
aplicada ao Design de Moda.

Palavras-chave: Baile black; Identidade negra; Black is beautiful; Moda casual.


ABSTRACT

The present final project of the college of Technology in Fashion Design at IFSul,
Pelotas Visconde da Graça campus, has as its final objective the development of a
collection of authorial women's fashion. Inspired by the black proms, the collection is
intended for the Casualwear segment, and consists of twenty looks, four of which are
made and presented through an editorial and event. It takes place through
bibliographic review on the established theme, in addition to following the Design
methodology worked by the author Bruno Munari (2008) and project development
from the methodology of the author Doris Treptow (2013), applied to Fashion Design.

Key-words: Black prom; Black identity; Black is beautiful; Casual fashion.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Membros do Partido dos Panteras Negras 18


Figura 2 - Colagem de imagens de referência aos padrões de beleza da época 21
Figura 3 - Colagem de imagens de flyers de divulgação de bailes diversos 24
Figura 4 - Colagem de imagens de referência da indumentária apresentada nos
bailes 25
Figura 5 - Colagem de imagens destacando o uso de acessórios nos bailes black 25
Figura 6 - Colagem de imagens de Diana Ross e Pam Grier 26
Figura 7 - Colagem de imagens de frequentadores de bailes black diversos 27
Figura 8 - Painel de público-alvo 29
Figura 9 - Painel de lifestyle 30
Figura 10 - Painel de identidade da marca 31
Figura 11 - Logo 32
Figura 12 - Logo e slogan 33
Figura 13 - Painel de macrotendências 39
Figura 14 - Painel de microtendências 40
Figura 15 - Brainstorming 41
Figura 16 - Mapa mental 41
Figura 17 - Moodboard 42
Figura 18 - Página de ambiência 43
Figura 19 - Cartela de cores 43
Figura 20 - Cartela de tecidos 46
Figura 21 - Cartela de aviamentos 46
Figura 22 - Croqui 1 47
Figura 23 - Croqui 2 48
Figura 24 - Croqui 3 49
Figura 25 - Croqui 4 50
Figura 26 - Croqui 5 51
Figura 27 - Croqui 6 52
Figura 28 - Croqui 7 53
Figura 29 - Croqui 8 54
Figura 30 - Croqui 9 55
Figura 31 - Croqui 10 56
Figura 32 - Croqui 11 57
Figura 33 - Croqui 12 58
Figura 34 - Croqui 13 59
Figura 35 - Croqui 14 60
Figura 36 - Croqui 15 61
Figura 37 - Croqui 16 62
Figura 38 - Croqui 17 63
Figura 39 - Croqui 18 64
Figura 40 - Croqui 19 65
Figura 41 - Croqui 20 66
Figura 42 - Quadro de coleção 67
Figura 43 - Painel de referência de cenário 79
Figura 44 - Painel de referência de beleza 80
Figura 45 - Painel de referência de pose 80
Figura 46 - Painel de referência de acessórios 81
Figura 47 - Prancha do desfile coleção completa 81
Figura 48 - Primeiro look 82
Figura 49 - Segundo look 83
Figura 50 - Terceiro look 84
Figura 51 - Quarto look 85
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Concorrentes diretos 34


Tabela 2 - Concorrentes indiretos 35
Tabela 3 - Cronograma 37
Tabela 4 - Tabela de parâmetros 44
Tabela 5 - Tabela SKU 45
Tabela 6 - Ficha técnica 1 68
Tabela 7 - Ficha técnica 2 69
Tabela 8 - Ficha técnica 3 70
Tabela 9 - Ficha técnica 4 71
Tabela 10 - Ficha técnica 5 72
Tabela 11 - Ficha técnica 6 73
Tabela 12 - Ficha técnica 7 74
Tabela 13 - Ficha técnica 8 75
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO/JUSTIFICATIVA 13
2 OBJETIVOS 14
3 METODOLOGIA 14
4 TEMA 16
4.1 OS BAILES BLACK NO BRASIL 16
4.1.2 Soul 17
4.1.3 O surgimento dos bailes black no Brasil 18
5 DELIMITAÇÃO DO TEMA 21
5.2 IDENTIDADE NEGRA E LIGAÇÃO DO VESTUÁRIO COM OS BAILES BLACK
21
6 A MARCA: LATIFA 28
6.1 PÚBLICO-ALVO 28
6.1.2 Lifestyle 29
6.1.3 Identidade e imagem da marca 30
6.1.4 Logo e slogan 32
6.1.5 Posicionamento da marca 33
6.1.6 Concorrentes 34
6.2 PLANEJAMENTO 36
6.2.1 Cronograma 36
6.2.2 Briefing 37
6.3 PROCESSO CRIATIVO 38
6.3.1 Pesquisas de moda 38
6.3.2 Brainstorming 40
6.3.3 Mapa mental 41
6.3.4 Fundamentação do tema da coleção (moodboard) 42
6.3.5 Cartela de Cores e Página de ambiência 42
6.4 DESENVOLVIMENTO DA COLEÇÃO 44
6.4.1 Tabela de Parâmetros 44
6.4.2 Tabela SKU 44
6.4.3 Cartela de tecidos e cartela de aviamentos 46
6.4.4 Croquis 47
6.4.5 Quadro de coleção 67
6.4.6 Ficha técnica 68
6.5 PROMOÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO 75
6.5.1 Análise Swot 75
6.5.2 Composto de Marketing 77
6.5.3 Estratégias de Marketing 78
6.5.4 Editorial/Painéis de Referência 79
6.5.5 Prancha do Desfile 81
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS 86
APÊNDICE 1 89
APÊNDICE 2 90
13

1 INTRODUÇÃO/JUSTIFICATIVA

Como tema central da inspiração deste projeto, buscou-se explorar a origem e


o contexto dos bailes black que ocorreram no Brasil em primeiro momento na
década de 70. Foram observadas as motivações do surgimento desse movimento e,
ainda, analisou-se de que modo a população negra naquele momento construiu
esse lugar como um espaço de sociabilidade e voltado ao lazer, configurando
narrativas relacionadas à auto estima e de enfrentamento ao racismo.
Dentro dessa ideia foi necessário delimitar o tema colaborando com os
caminhos da pesquisa e embasamento da coleção. Desse modo, foi apresentada a
importância do vestuário nos bailes black, buscando evidenciar o significado que
possuía para seu público, explorando as motivações sociais e históricas que
influenciaram a população negra em relação à atenção dada à roupa e a estética.
A escolha do tema se deu pela relação e vivências que a autora possui
ligadas à bailes dentro da cultura negra onde percebe que ainda hoje podem ser
observadas as questões de identificação e auto estima inseridas em seus contextos,
e como o vestuário impacta diretamente nesses pontos. Por conseguinte, o tema
abordado evidencia ainda o papel social que a moda carrega, sendo também um
meio de comunicação não verbal, e de que modo a mesma surge como uma
ferramenta em momentos importantes da história.
Existem numerosos níveis de ação entre o indivíduo e a sociedade. É nesse
espaço intermediário que a moda se manifesta. Ao escolher as roupas e os
acessórios, os indivíduos reafirmam constantemente sua inclusão ou a sua
não inclusão em certos grupos sociais, culturais, religiosos, políticos ou
ainda profissionais. (GODART, 2010, p. 36)

A partir da pesquisa apresentada buscou-se inspirar uma maior exploração de


assuntos relacionados à história da moda dentro da cultura negra construída para
além do continente da África, dado que os bailes black foram um forte movimento
cultural construído pela população negra naquele momento no Brasil, mas também
de pouca exposição em comparação à outros movimentos culturais existidos no
país. Além disso, a escolha acerca do tema se fundamenta na construção de uma
coleção de moda que agregue valor de representação, visando ainda que sejam
resgatados e simbolizados através do vestuário inspirações e momentos históricos
importantes para o público a quem se volta, gerando identificação entre consumidor
e produto.
14

2 OBJETIVOS

Este trabalho tem como objetivo desenvolver uma coleção de moda feminina
casual para uma marca autoral, inspirada nos bailes black: movimento cultural que
promovia a celebração da beleza e identidade negra através de festas conduzidas
pela música soul. A coleção será composta no total por 20 looks.
Contemplam-se ainda outros objetivos neste projeto:

a) Pesquisar sobre a cultura dos bailes black investigando a importância


ligada à aparência e ao vestuário dentro desse contexto;
b) Desenvolver uma marca autoral, estabelecendo suas principais
características como público-alvo e segmento;
c) Elaborar estratégias de marketing para promoção da coleção e da marca;
d) Apresentar o processo criativo a partir do uso das ferramentas
brainstorming, mapa mental, moodboard e pesquisa de tendências;
e) Desenvolver croquis ilustrando propostas de looks para a coleção e
desenvolver os respectivos desenhos técnicos de cada peça;
f) Selecionar os croquis dos looks definidos para confecção;

g) Executar a modelagem e ficha técnica dos looks finais


selecionados;

h) Confeccionar os looks da coleção;


i) Produzir um editorial de moda para a coleção.

3 METODOLOGIA

O presente projeto apropriou-se da abordagem de dois autores para seu


desenvolvimento, seguindo as etapas da metodologia de projeto voltada para a área
do Design trabalhada pelo autor Bruno Munari (2008) e embasando-se na
metodologia voltada ao Design de Moda desenvolvida por Doris Treptow (2013).
Dentro da proposta de Munari e da metodologia abordada no livro Das coisas
nascem coisas (2008), contemplam-se as seguintes etapas: problema, definição do
problema, componentes do problema, coleta de dados, análise de dados,
15

criatividade, materiais e tecnologia, experimentação, modelo, verificação, desenho


de construção e solução. As etapas que contemplam a metodologia projetual de
Munari (2008) estão em coerência com a proposta de Treptow (2013) para o
desenvolvimento de uma coleção de moda, a serem descritas a seguir:
Em um primeiro momento, identifica-se um problema, que neste caso, se trata
do desenvolvimento de uma coleção de moda. Sendo assim, foi desenvolvida uma
coleção de moda direcionada ao público feminino, dentro do segmento moda casual,
para uma marca autoral. Com o tema já definido na etapa teórica do projeto, é
previamente construído o brainstorming1 e o mapa mental da coleção. Tendo o tema
e base teórica estabelecidas, parte-se então para a definição da marca. Nesta
etapa, se pontuou as principais características definindo a imagem e a identidade da
marca, que na visão de Treptow (2013, p.53) “é o identificador do produto”. Criou-se
a logo e o slogan da mesma. Em paralelo, foi definido o perfil do público a quem a
marca se destina, traçando gênero, faixa etária, costumes e ocupações e, a partir
daí, foi criado o painel que representa o público-alvo e seu lifestyle2.
Na coleta de dados foi definido o cronograma da coleção elencando todas as
atividades necessárias para sua conclusão, buscando estabelecer o tempo de que
será dedicado a cada etapa: “a elaboração do cronograma deve ser dividida em
fases, fazendo-se a previsão do tempo necessário para se passar de uma fase a
outra” (TREPTOW, 2013, p. 91). Por esse motivo, essa é uma etapa importante
dentro do planejamento e desenvolvimento da coleção. Inclui-se, também nessa
etapa, a pesquisa de mercado acerca do segmento contemplado pela marca,
visando analisar seus concorrentes diretos e indiretos.
Para a análise de dados, foi feita a pesquisa de tendências por meio de sites
direcionados à moda, como o FFW – Fashion Forward3, bem como por meio de
desfiles das semanas de moda internacionais, visando elementos de estilo que
venham a agregar a composição das peças da coleção. “Nessa fase, o designer
deve coletar todo tipo de informação e materiais que possam servir de suporte para
o desenvolvimento da coleção” (TREPTOW, 2013, p. 102). Desse modo, foram
identificadas e escolhidas as tendências que se aproximaram mais do público-alvo e

1
O brainstorming é traduzido livremente como uma “tempestade de ideias”, é uma ferramenta de
criatividade usada para reunir ideias e informações acerca de um tema.
2
“Estilo de vida” Tradução livre para o português.
3
https://ffw.uol.com.br/ (Acesso em 22 de abr. de 2022)
16

do tema trabalhado, para que assim pudessem ser criados os primeiros rafes4 dos
looks da coleção.
Neste momento do processo criativo (criatividade, materiais e tecnologia), foi
construído o moodboard da coleção, que surge a partir de pesquisas de inspiração
acerca do tema, buscando silhuetas, texturas e tecidos que pudessem vir a
influenciar na composição da coleção. Foram reunidas imagens relacionadas aos
caminhos percorridos na pesquisa bibliográfica para ambientar o conceito do tema
trabalhado.
Em seguida, foi criada a página de ambiência com imagens que comunicam o
tema, a fim de extrair a cartela de cores da coleção. Foi ainda desenvolvida a tabela
de parâmetros, projetando o número de peças que compõem a coleção,
determinando o mix de produto e quantas dessas peças se encaixam nas categorias
de produto básico, fashion e vanguarda, compondo o mix de moda.
Na próxima etapa (experimentação, modelo, verificação e desenho
construtivo), são reunidos os croquis finais da coleção e parte-se para a elaboração
de fichas técnicas e modelagens.
Por fim, uma solução é apresentada por meio da confecção dos looks da
coleção, que permitem pôr em prática sua promoção e comercialização, encerrando
a etapa prática trabalhada dentro deste projeto.

4 TEMA

O tema central da coleção apresentada são os bailes black realizados no


Brasil nos anos 70. Com a finalidade de fundamentar um conceito e delimitar quais
referências irão embasar o design das peças, realizou-se uma pesquisa teórica, a
ser exposta a seguir.

4.1 OS BAILES BLACK NO BRASIL

Em meados dos anos 1970 surgem no Brasil os bailes black, movimento


cultural influenciado por um conjunto de fatores: música, identidade e articulações
político-sociais. Tal advento reflete o desejo da população negra deste período de
ver uma mobilização de caráter emancipatório, fortemente inspirado nos ideais de

4
Rafes disponíveis no Apêndice 1.
17

orgulho e empoderamento que transmitia a música Soul5 de origem norte-


americana.É importante lembrar como influência, ainda, os movimentos políticos
acerca de questões raciais e de luta pelos direitos civis dos negros que se deram
nos Estados Unidos na década anterior, protagonizados por lideranças como os
Panteras Negras6. Sendo assim, busca-se aqui contextualizar de que modo essa
cena se estabelece e como os bailes agregaram a si um significado como espaço de
sociabilidade e resistência da população negra, bem como de elaboração e
fortalecimento de identidades para este grupo.

4.1.2 Soul

De acordo com a autora Nacked (2012) o auge do movimento soul no Brasil


ocorreu nos anos 70, fato que está diretamente ligado ao surgimento dos bailes
black, visto que o estopim para a realização dessas festas se dá a partir da
efervescência da música Soul. Algumas definições a identificam como “um estilo de
música popular negra norte-americana (...) o termo soul, no linguajar negro norte-
americano, tem conotações de orgulho e cultura negros” (BRACKET, 2009, p. 62).
Sendo assim, é encontrado neste gênero musical um lugar de identificação onde as
pessoas negras poderiam também se conscientizar com as mensagens que as
letras transmitiam. Em paralelo a isso, lhe é atribuído um papel importante na
construção de um pensamento que valoriza a identidade negra. Nacked (2012)
aponta que “o momento em que a música soul se impõe no cenário da música negra
é, também, o momento em que se desperta de forma mais marcante a consciência
dos negros das Américas enquanto participantes desta diáspora” (NACKED, 2012,
p.2).
Ao longo da trajetória desse estilo musical, alguns dos artistas mais influentes
dentro do segmento afirmam a posição do gênero frente às suas influências políticas
dando entrada à uma nova fase dessa música. Tida como a rainha do soul, uma das
mais populares artistas da música negra norte-americana, Aretha Franklin, marca a
indústria com “Respect”, uma regravação de uma canção do cantor Otis Redding. É

5
Uma contextualização mais ampla da música Soul é apresentada no item 4.1.2.
6
Para se aprofundar mais no assunto assista ao documentário “Panteras Negras: Vanguarda da
Revolução” (2015) https://www.youtube.com/watch?v=FjDC9vTV5YQ
18

acompanhada por James Brown, com “Say It Loud — I’m Black and I’m Proud”7.
Ambas as músicas são carregadas de significações políticas e sociais do movimento
antirracista, como seus próprios títulos apontam.

4.1.3 O surgimento dos bailes black no Brasil

Em meados do século XX, ocorria uma movimentação importante na história


afro-americana com a luta pelos direitos civis protagonizada por grupos como os
Panteras Negras8, que também pautavam questões de auto estima e valorização da
beleza negra como forma de emancipação. Esses movimentos se destacaram nos
anos 1960, influenciando fortemente na expressão cultural dos negros enquanto
comunidade.
Figura 1 - Membros do Partido dos Panteras Negras

Fonte: Site Vice (2018)

Nesse sentido, no Brasil, sob influência ou como parte deste movimento,


surgem os bailes black, confrontando a ideia do mito da democracia racial9. Em

7
Na ordem apresentada: “Respeito” e “Diga em voz alta - Eu sou negro e tenho orgulho”. Tradução
livre para o português.
8
Os Panteras Negras foram um partido político norte-americano surgido em defesa da comunidade
afro-americana. Esse partido originou-se, a princípio, como um grupo voltado ao combate contra a
violência policial contra os negros durante a década de 1960, no contexto do movimento dos direitos
civis nos Estados Unidos.
9
“Os princípios mais importantes da ideologia da democracia racial são a ausência de preconceito e
discriminação racial no Brasil e, consequentemente, a existência de oportunidades econômicas e
sociais iguais para brancos e negros,” (HASENBALG, 2005, p. 251).
19

artigo que discorre sobre o movimento Black Rio10 a autora Oliveira (2015) aponta
A quase totalidade dos textos jornalísticos, trabalhos acadêmicos e
depoimentos públicos que abordam a memória do chamado Movimento
Black Rio se debruçam sobre a temática da busca, construção e afirmação
de uma identidade específica “negra”, que se oporia intensamente à retórica
do mito da democracia racial (OLIVEIRA, 2015, p.79-80).

Desse modo, percebe-se que o público que idealizava e frequentava esses


bailes buscava construir uma identidade não homogênea e a valorização da história
e da cultura própria dos povos afro-diaspóricos. Sobre isso, Oliveira (2015) expõe
Reproduz-se a ideia de que o negro brasileiro estaria em busca de uma
identidade autônoma e autêntica, diante do fato de que sua cultura
específica ter sido, não sem tensões, apropriada pelo Estado na formatação
de uma identidade nacional (OLIVEIRA, 2015, p. 80).

Ao escrever de que modo esses discursos se deram culturalmente e de


maneira global, Nacked (2012) coloca que “encontraram um vetor não só político,
mas musical que abarcava todo o Atlântico negro em suas manifestações de orgulho
e restauração das heranças da África através de recursos polifônicos” (NACKED,
2012, p. 2). Complementando esse pensamento Sansone (2003, p. 146 apud Silva
(2013, p. 141) aponta:
A principal razão para que essa formação identitária acontecesse seria o
que o autor define como globalização da negritude: A posição central dos
Estados Unidos no sistema mundial de cultura também contribuiu para a
globalização das culturas e identidades negras. Historicamente, os negros
norte-americanos encontram-se na ponta fornecedora do intercâmbio
simbólico e econômico que leva à internacionalização da cultura negra de
língua inglesa.

Os frequentadores e produtores dos bailes black apropriavam-se e traziam


para si os discursos dos afro-americanos influenciados também pelos fortes
movimentos políticos que os mesmos movimentavam, e, da mesma forma,
apreciavam as músicas e artistas americanos. Dentro dos bailes, a cultura negra
norte-americana era vista como uma fonte e modelo de afirmação de identidade e
exaltação da beleza negra, independente de padrões eurocêntricos.
No espaço dos bailes é encontrado um local de protagonismo do negro na
própria história, existindo um sentimento de pertencimento atrelado às festas que
colaboram no resgate de identidade dos frequentadores, fazendo com que esses
espaços tomem pra si um significado ligado a resistência (SILVA, 2013). Isto se

10
“Cena musical configurada em torno de um circuito de bailes soul que mobilizavam milhares de
jovens negros nos subúrbios do Rio de Janeiro nos anos 1970” (OLIVEIRA, 2018, p.188)
20

fundamenta, inclusive, no repertório musical que gira em torno de artistas e músicas


de origens negras. Os bailes impactam na difusão dessas ideias, fortalecendo a sua
existência como um movimento, além de espaço de lazer. A autora citada
anteriormente complementa: “o que a princípio se apresenta apenas como ambiente
para lazer e descontração, se torna um espaço para questionamento de relações
existenciais e manifestações culturais e políticas.” (SILVA, 2013, p.141)
As duas décadas trazidas em questão são principalmente as que definem o
contexto histórico o qual influencia o surgimento e a perpetuação dos bailes black.
Muito influenciado pelos movimentos antirracistas, havia uma questão identitária
muito forte e presente nas influências que formavam os bailes. No livro 1976:
Movimento Black Rio (PEIXOTO; SEBADELHE, 2017) há um depoimento onde o
sociólogo Carlos Alberto Medeiros relata a primeira vez em que foi a um baile black,
durante sua juventude, e descreve como aquele lugar se dava como espaço de
significação quanto às questões de auto estima e de pertencimento:
Pra mim foi um impacto muito grande, porque me deparei com centenas de
jovens negros, homens e mulheres, a maioria de cabelo afro. Daí eu
percebi que aquelas pessoas estavam ali, não porque elas só poderiam
frequentar aquele lugar, ou seja, não era por uma questão de segregação.
Elas estavam ali porque elas queriam celebrar a sua negritude, a sua
beleza, o seu cabelo e a sua estética. Foi uma segunda experiência muito
forte pra mim, para perceber a minha própria personalidade. (PEIXOTO;
SEBADELHE, 2017, p. 86)

O relato citado evidencia que nos bailes black o povo negro era tido como
protagonista. Seus traços não eram negados e sim exaltados em um espaço em que
aqueles que o frequentavam estavam na presença de seus iguais. Oferecia uma
liberdade que não era encontrada em seu cotidiano e é a partir desse lugar que esse
grupo se livra das amarras e constitui seus ideais de beleza e percebe sua imagem
como algo positivo. Silva (2013) traz uma importante fala de Nelson Triunfo que
ilustra essa realidade e demonstra como o espaço do baile se faz essencial nesse
processo.
Só em você vê aquelas mulheres com um black power, ela tava quebrando
todo aquele negócio que falava que cabelo black power era cabelo ruim, pra
ela era um sinônimo de beleza, entendeu?[...] isso ultrapassava o salão de
baile e ia pra sociedade porque elas saíam na rua com seus black power,
com suas roupas coloridas. (SILVA, 2013, p. 149)

O cabelo black power é uma das características mais marcantes incluídas na


estética daqueles que frequentavam os bailes black, sendo comumente visto nos
primeiros bailes que surgiram, representando até hoje um símbolo de resistência
ligado a um ideal de beleza que perpetua ainda nas gerações atuais.
21

5 DELIMITAÇÃO DO TEMA

5.2 IDENTIDADE NEGRA E LIGAÇÃO DO VESTUÁRIO COM OS BAILES BLACK

Dadas as relações estabelecidas entre os bailes black e a cultura afro-


americana, ao citarmos, por exemplo o Partido dos Panteras Negras, é possível
observar que, como parte de seus movimentos dentro da luta antirracista e pelos
direitos civis da população negra, estes tinham o entendimento da autoestima como
parte do poder de um povo. Nesse contexto, o lema “Black is Beautiful”11 foi
popularizado. Para contextualizar o significado desse termo, apropria-se da ideia de
Oliveira (2018)
Diante de um cenário mais amplo de luta antirracista e mobilização popular
por direitos o lema “Black is Beautiful”, nos contextos por onde se difundiu,
tinha como proposição básica descontruir a ideia racista básica que
inferiorizava o fenótipo natural do sujeito negro, a partir de suas
características físicas como tom da pele, textura capilar e complexões
faciais e/ou corporais (OLIVEIRA, 2018, p. 188).

O termo chega ao Brasil por meio dos bailes black dos anos 70, quando os
djs e produtores desses eventos difundiam os ideais observados dentro da cultura
negra norte-americana, sendo assim, a propagação desse lema nos bailes era
constante, tal qual confirma Oliveira (2015)
Esses DJs e produtores se consideravam expoentes de um movimento de
conscientização racial e cultural, agindo como receptores e retransmissores
de uma cultura negra internacional. Essa visão, que cada vez mais
influenciava suas ações culturais e práticas musicais, encorajava uma
ampla adoção não apenas das sonoridades do soul, mas, em alguns casos,
também do ethos dos movimentos negros norte-americanos, unidos em
torno de uma causa comum, reproduzindo aqui lemas e ideias como black
is beautiful, black power, power to the people, soul brothers. Sem abrir mão,
no entanto, de uma proposta diferenciada de consumo cultural, em
consonância com o desenvolvimento do mercado musical brasileiro e das
transformações na cultura de massa internacional (OLIVEIRA, 2015, p.81).

Neste contexto, quando o movimento black passa a se popularizar no Brasil,


o ideal da valorização da beleza negra advindo do lema “Black is Beautiful” se
fortalece nacionalmente. Assim é criado o cenário propício para a generalização do
movimento Black Rio, que chega à grande mídia propagando, além do lema, os
conjuntos de valores e comportamentos que formavam os bailes. Na visão de
11
“O autor do lema Black is Beautiful foi John Swett Rock, abolicionista negro norte-americano (além
de professor, médico e advogado), que usou a expressão pela primeira vez em um discurso proferido
em 1858, na cidade de Boston. Na verdade, John Rock não proferiu exatamente e especificamente a
frase. No entanto, em sua fala, cunhou a ideia que se tornaria, na década de 1960 uma das bandeiras
da luta antirracista e do movimento pelos direitos civis nos Estados Unidos.” (OLIVEIRA, 2018, p. 188)
22

Oliveira (2018):
Pensar em uma beleza para o negro era uma estratégia não apenas de
valorização positiva corporal, mas também era uma maneira de valorizar
aspectos históricos, sociais, culturais, comportamentais, linguísticos,
religiosos, componentes de uma configuração identitária negra positivada e
afirmativa, incluída dentro da máxima ““Black
Black is Beautiful”
Beautiful (OLIVEIRA, 2018,
p.189).
89).

Confere-se
se então ao dj o papel de não somente reproduzir discos mas
também um tipo de lugar de mediação de discursos em torno da conscientização
racial transmitidos àqueles que formavam o baile (OLIVEIRA, 2015).
Simultaneamente e em conexão a isso, e
emm outros bailes, a principal pauta se voltava
a exaltar diretamente a beleza black visando uma valorização e celebração desse
estilo. Oliveira (2015, p.85) descreve que isso se dava “com premiações para
melhores dançarinos e concursos de beleza específicos, que celebravam tanto uma
estética afro-brasileira,
brasileira, quanto um estilo baseado em um visual inspirado em
celebridades afro-americanas”.
americanas”. Observa
Observa-se
se que as noções de beleza eram baseadas
em referências advindas de figuras negras visando uma conscie
conscientização através do
apreço à própria estética.

Figura 2 - Colagem de imagens de referência aos padrões de beleza da época


época.

12
Fonte: Elaborado pela autora (2022)

O público reunia--se
se em torno de um novo ideal de valorização da beleza
negra e buscava também, a construção de uma nova perspectiva para a
comunidade, criando um espaço que era sinônimo de liberdade, de encontro com
seus iguais. A roupa se alinhava às mensagens propagadas ali, tendo um papel
importante: ligando estética e política. Sob o mes
mesmo
mo ponto de vista, Oliveira (2018)

12
Montagem feita a partir de fotos do site Globo e Pinterest.
23

destaca também o papel da música:


A partir dessa construção discursiva contrária a uma desqualificação, que
se remetia a uma tentativa de desumanização estruturante dos sistemas
racistas, negros se compreenderam lindos especialmente ouvindo
dançando e consumindo a soul music que chegava ao Brasil via baile black
(OLIVEIRA, 2018, p. 189).

A relação de importância dada à aparência ligada aos bailes vem de


contextos histórico-culturais que podemos relacionar com: a tradição que a
população negra norte-americana possuía de aos domingos frequentar a igreja
usando suas melhores roupas. Crane (2013), aborda essa questão apontando que a
presença dos negros em espaços de sociabilidade, como a igreja, tornava
importante a questão da aparência. Sendo assim, torna-se uma tradição, que tinha
papel fundamental na construção de uma imagem de homens e mulheres em um
lugar mais humanizado do que o relacionado ao trabalho e ao ato de servir. Ou
ainda, ao uso de boas roupas com objetivo de desvinculação de uma imagem ligada
à marginalidade. Ao discorrer sobre como a questão do vestuário acompanha a
população negra em um momento pós escravidão, Oliveira (2018) afirma que “usar
boas roupas significava ter dinheiro e, portanto, estar longe da marginalidade, da
criminalidade e da ilegalidade. Ter uma ‘boa aparência’ se alinhava a uma ideia de
inserção na sociedade” (OLIVEIRA, 2018, p.201) .
Por conseguinte, como um espaço de sociabilidade totalmente voltado à
presença de pessoas negras, este contexto está refletido dentro do baile, ainda que
de forma inconsciente. A atenção dada ao vestuário visava destacar aquele como
um lugar importante, atribuindo respeito e constatando que aquele era um momento
especial, uma ocasião importante para os frequentadores. D’Allevedo (2017)
exemplifica essa relação quando diz que as pessoas que frequentam esse tipo de
baile possuem um cuidado especial ao pensar a roupa para essa ocasião e com a
aparência em geral, no que diz respeito às roupas, buscando peças de utilização
não cotidiana, preferindo por um tipo de roupa voltado à ocasiões especiais como os
trajes do tipo social.
Em muitos dos bailes black que ocorriam nos anos 70 haviam ainda
especificações em relação ao tipo de traje que seria usado, evidenciando mais uma
vez a importância do vestuário dentro do baile. D’Allevedo (2017), relaciona
Ao que tudo indica a exigência de adoção de uma determinada estética para
poder participar de um baile, vestindo-se com certo ‘rigor’, gira em torno de
uma imagem que visa simbolizar ‘respeito’ pelo ritual festivo e pelos
participantes (D’ALLEVEDO, 2017, p. 173).
24

Evidencia-se
se assim uma importância expressa também pelos organizadores
daqueles eventos, que muitas vezes incluíam informações relacionadas aos trajes
nos flyers de divulgação dos eventos. O autor citado anteriormente, ainda aborda
que o tipo de traje adotado pelos bailes é chamado de “esporte chic” e/ou “esporte
fino” (D’ALLEVEDO, 2017).

Figura 3 - Colagem de imagens de flyers de divulgação de bailes diversos

13
Fonte: Elaborado pela autora (2022)

A indumentária utilizada valorizava uma aparência que demonstrasse


elegância e que se aproximasse à tipos de traje mais aceitos socialmente, essa
influência do desejo de uma vestimenta de caráter mais sofis
sofisticado
ticado pode-se
pode dizer
que também se dava pelo apreço ao visual dos ídolos norte
norte-americanos
americanos que eram
considerados figuras que representavam elegância.
No soul, as calças eram preferencialmente confeccionadas em tecidos
associados a uma ideia de elegância, ccomo
omo linho, brim ou tergal, vincadas e
bem passadas, como forma de demonstrar qualidade da roupa, apuro e
cuidado com a aparência, mesmo que tivessem cores fortes ou fossem
combinadas com peças coloridas e chamativas. (OLIVEIRA, 2018, p.197)

13
Montagem feita a partir de fotos retiradas de arquivo acadêmico e do site Google.
Google
25

Figura 4 - Colagem de imagens de referências da indumentária apresentada nos bailes

14
Fonte: Elaborado pela autora (2022)

Ao mesmo tempo, buscava


buscava-se
se diferenciação através da roupa, visando uma
estética original e que, de certa forma, se distanciasse do que era con
considerado
tradicional. Dessa forma, essas peças, que eram utilizadas inicialmente dentro de
trajes sociais, eram adaptadas e atualizadas de modo que se transformassem em
algo diferente do usual. No cenário dos bailes cariocas, eram agregados acessórios
como chapéus chamativos, anéis, correntes e relógios (OLIVEIRA, 2018).

Figura 5 - Colagem de imagens que destacam o uso de acessórios nos bailes black

15
Fonte: Elaborado pela autora (2022)

14
Montagem feita com fotos retiradas do site Google e Facebook.
15
Montagem a partir de fotos do site Google e capturas de vídeos do Youtube.
Youtube
26

A moda black caracterizava


caracterizava-se
se como como o lugar de afirmação da identidade
negra, as mulheres compunham sua aparência de modo que ressaltava sua beleza e
chamavam a atenção para si: desde os cabelos black power à inspiração em
referências femininas, que faziam parte da soul music. Tomavam mulheres negras
influentes, como Diana Ross e Pam Grier, como modelo e se adornavam de
maquiagens brilhantes, delineados grossos e sobrancelhas finas que ajudavam a
realçar o olhar (OLIVEIRA, 2018).

Figura 6 - Colagem de imagens de Diana Ross e Pam Grier

16
Fonte: Elaborado pela autora (2022)

O visual se caracterizava por criar uma imagem de destaque, influenciado por


uma ideia de glamour ligado à imagem da mulher negra, “era uma exibição pública
da aparência que contrariava a invisibilidade imposta à comunidade afrodescendente
e à beleza negra” (OLIVEIRA, 2018, p.200).
No vestuário, Oliveira (2018) aponta que também apresentavam
apresentavam-se na moda
black a presença de algumas influências vindas da indumentária africana. As
influências étnicas representam ainda hoje um ponto importante quando se analisam
as questões de beleza e auto estima para a mulher negra, buscando referências em
penteados e acessórios advindos da cultura e da indumentária africana. Se dão
como elementos, também, de diferenciação, por estarem ligados à sua própria
origem e a ideia de ancestralidade. Analisa
Analisa-se
se então uma dualidade em relação à
estética da moda black que caminha entre a sobriedade de trajes mais tradicionais

16
Montagem feitas a partir de fotos retiradas do site Google.
27

de caráter social ligada às influências advindas da moda africana. Ribeiro (201


(2010)
resume:
A moda black, principalmente aquela surgida no Rio de Janeiro, a partir do
movimento denominado Black Rio, alternava
alternava-se
se entre a extravagância das
vestimentas coloridas e da influência afro e a elegância composta pelos
ternos, possibilitando uma alternativa em relação à moda tradicional
vigente. (RIBEIRO, 2010, p. 230)

A composição básica do traje feminino se dava por saias, blusas e vestidos


que, segundo Oliveira (2018), apresentavam decotes profundos e eram justos. Ao
descrever a moda apresent
apresentada em um baile black de São Paulo, Assef (2003, p. 20
apud D’Allevedo, 2017, p. 201) destaca que as mulheres apresentavam
apresentavam-se “a
maioria, de vestido de festa. Muito lurex, lantejoula e brilho. Chiques no último”.
Percebe-se
se o cuidado com os detalhes relac
relacionados
ionados ao vestuário apresentado
pelo público dentro dos bailes, onde mesmo os homens buscavam formas de se
diferenciar por meio de um modo de vestir não usual, até mesmo para o gênero
masculino.

Figura 7 - Colagem de imagens de frequentadores de bailes black diversos

17
Fonte: Elaborado pela autora (2022)

Segundo Oliveira (2018), naquele momento se permitiam utilizar de vestuário


menos discreto e mais estilizado, que apresentavam modelagens justas, geralmente
associadas à moda feminina. E ainda: texturas, cores e brilhos, atribuindo um

17
Montagem de fotos retiradas do site Google.
28

significado àquela ocasião onde a roupa configurava um papel extremamente


importante na construção e na afirmação da identidade. A juventude negra
descobria, naquele momento, uma nova forma de olhar para si.

6 A MARCA: LATIFA

Em sua essência, a Latifa nasce da mente criativa de uma mulher negra que
busca olhar e, a partir da moda, elevar essas mesmas mulheres. O nome escolhido
para a marca surge a partir da busca de ícones e mulheres importantes e que sirvam
de referência nesse universo. Nesse sentido foi retirado do nome da artista Queen
Latifah18 e, como o nome da marca, se apresenta como uma palavra de pronúncia
forte e que transmite poder.
A Latifa busca levar ao consumidor o vestir como uma experiência, em um
imaginário onde a roupa pode ser usada como quisermos sendo um espaço onde
não há regras, valorizando toda forma de expressão. Como características visa a
mistura de elementos, absorvendo referências que passam pelo streetwear, e ainda,
inspirações advindas da alfaiataria, para criar looks casuais e descomplicados. A
Latifa conversa com seu público valorizando o ato de expressar sua identidade
através da roupa, além disso, em suas referências criativas busca alimentar-se de
referências visuais vindas da cultura negra, tendo como fonte inspirações históricas
e principalmente referências de beleza que espelhem o público a quem a marca se
volta.

6.1 PÚBLICO-ALVO

A marca é direcionada para o público feminino abrangendo uma faixa etária


de 20 a 40 anos. Sua personalidade autêntica transparece também no estilo pessoal,
valorizando a moda como forma de expressão. Encontram na roupa um local de
afirmação que reflete sua autoestima. Prezam por um visual refinado, ao mesmo
tempo em que se demonstram despreocupadas e sempre buscam formas diferentes
de usar a roupa, não tendo medo de expressar seu estilo próprio. Sendo assim, seu

18
Queen Latifah foi uma das primeiras mulheres que ascendeu como rapper em
meados dos anos 80, reconhecida por músicas que abordaram assuntos considerados
tabu como violência doméstica, violência urbana e problemas enfrentados por mulheres
negras.
29

estilo caminha entre o formal e o criativo, o que gera uma identificação com o que
expressa a Latifa.
A Latifa visa como parte majoritária de seu público mulheres negras pois
busca representar essas mulheres através de referências estéticas que contemplem
suas formas únicas de se expressar. Seja através da roupa ou até mesmo dos
penteados de origem africana que as conectam com sua cultura, são mulheres que
valorizam a identidade original que constroem. No entanto, acredita
acredita-se que o estilo
da marca irá agradar a um público maior de mulheres antenadas com a moda
contemporânea.

Figura 8 - Painel de público-alvo

19
Fonte: Elaborado pela autora (2022)

6.1.2 Lifestyle

As mulheres que fazem parte do público


público-alvo
alvo da Latifa possuem um estilo de
vida composto por responsabilidades com seus estudos e trabalho ao mesmo tempo
em que prezam muito por seu lazer e por uma qualidade de vida que se forme de
momentos de espontaneidade, na companhia de amigos ou da família.
Sendo elas artistas atuando na área da música, dança,
estudantes/profissionais de Design de Moda, influencers, ou ainda, modelos,

19
Montagem a partir de imagens retiradas do site Pinterest.
30

expressam muito de sua personalidade em seu campo profissional. Fora da rotina


do dia a dia apreciam viagens para conhecer novos lugares como restaurantes,
festivais e eventos fora de sua cidade. Frequentam ainda shows, eventos de rua e
festas noturnas principalmente ligadas à cultura do hip hop,, como a Grave
G e Bronx.
Possuem interesse por livros sobre auto estima e questões identitárias, sociologia,
criatividade, ativismo. Procuram consumir produções principalmente ligadas à
cultura negra, seus gostos musicais são influenciados por artistas negros do R&B,
MPB e Rap, do mesmo modo, buscam valorizar negócios de empreendedores
negros.

Figura 9 - Painel de lifestyle

20
Fonte: Elaborado pela autora (2022)

6.1.3 Identidade e imagem da marca

Antes de tratarmos do produto em si é muito importante que a marca e sua


identidade estejam definidas tendo em vista que o conjunto de características que
formam a marca pode impactar diretamente na conexão do consumidor com a
mesma e seus produtos
produtos. A autora Treptow (2013) destaca a definição da marca
como um ponto importante
ante ao afirmar que:
20
Montagem a partir de fotos do site Pinterest e Instagram.
31

A marca representa o espírito do produto, pois, enquanto este é palpável e


avaliado pela razão para atender às necessidades objetivas, a marca é
capaz de transmitir emoção, seduzindo o consumidor com valores e
atributos que falam direto às suas necessidades psicológicas (TREPTOW,
2013, p. 58).

Latifa, a marca que compõe o presente projeto, prioriza a autoestima e a


individualidade. Está
stá inserida no segmento casualwear tendo como principal
característica um estilo que liga o elegante e o criativo, defendendo a moda como
um espaço livre onde a personalidade de cada pessoa pode ser pode ser exposta.
Se cerca de referências vindas principalmente do streetstyle, e ainda, da música, por
perceber esse espaço como meio disseminador d
de tendências de moda. Olhando
principalmente para os gêneros do Rap e R&B, o styling de artistas do meio pode
aparecer como influência no estilo composto pela marca.
A marca busca imprimir o referencial de uma mulher negra repleta de
autoestima e que reconhece
nhece o potencial transformador da valorização da produção
cultural e material da população negra. Segundo Treptow (2013, p. 55) “a identidade
da marca é um dos diferenciais que podem influenciar o consumidor na sua decisão
de compra”. Sendo
endo assim, buscou
buscou-se
se também apresentar isso no painel a seguir,
destacando a singularidade da Latifa: uma marca idealizada e dirigida por uma
mulher negra, pensada a partir de referenciais contemporâneos da cultura negra. A
Latifa se posiciona, assim como foram os bailes black, como um espaço de
atualização e disseminação do lema ““Black is beautiful”.

Figura 10 - Painel de identidade da marca

21
Fonte: Elaborado pela autora (2022)

21
Montagem a partir de fotos do site Pinterest.
32

A definição de “painel de identidade da marca”, segundo Treptow (2013), diz


que “o painel de identidade da marca é uma colagem de figuras relacionadas aos
conceitos e valores que a marca projeta para o consumidor e aos atributos
intangíveis que oferece em seus produtos
produtos” (TREPTOW, 2013, p. 60).
Neste sentido, com o objetivo de simbolizar a estética da marca, fez parte da
composição do painel: imagens de mulheres negras associadas a uma ideia de
poder, beleza e representação, traduzindo o ideal que
ue a marca trás de colocar a
mulher negra no centro,, e ainda, imagens que representam as referências de moda
absorvidas pela marca, vindas no streetstyle e influências da alfaiataria, compondo
um guarda-roupa
roupa para todas as ocasiões

6.1.4 Logo e slogan

A logomarca é um dos elementos que formam a identidade da marca, e de


acordo com Treptow (2013, p. 55) “funciona como assinatura, elemento de
reconhecimento visual imediato para o consumidor”
consumidor”.

Figura 11 - Logo

Fonte: Elaborado pela autora (2022)

O logo da marca autoral trabalhada no presente projeto apresenta o nome da


marca, “Latifa”, escrito todo em caixa baixa com a fonte TAN Pearl que possui
33

formas mais orgânicas e curvas, a fim de traduzir criatividade, liberdade e


suavidade. Ao mesmo tempo, a cor marrom escolhida para preencher a fonte
expressa sobriedade e se destaca em relação ao fundo branco. A escolha da cor
marrom para compor o logo da marca também faz relação a valorização da beleza
negra que a marca propõe.

Figura 12 - Logo e slogan

Fonte: Elaborado pela autora (2022)

A frase “represente a si mesma” compõe o slogan da marca que, de forma


concisa, afirma tudo o que a Latifa propõe ao acreditar na expressão através da
moda, e ainda, as questões de identificação e autoestima que fazem parte da
identidade da marca. Treptow (2013, p.) aponta que, “muitas vezes, a identidade da
marca está expressa em um slogan”.

6.1.5 Posicionamento da marca

Missão: Ser uma marca de moda que transmita identificação através de sua
construção, além de ser referência em empreendedorismo negro e impulsionar a
valorização desses profis
profissionais no mercado da moda.
Visão: Obter um maior alcance, a nível regional ou ainda, nacional, e
visibilidade através das redes sociais, além de ser reconhecida a partir das imagens
de moda construídas pela marca.
Valores: Prioriza-se
se uma produção desacelerada visando oferecer qualidade
e durabilidade ao consumidor e a valorização dos profissionais envolvidos em todos
os processos. Busca-se
se ainda, a identificação do cliente com a marca para além do
produto, desse modo, a empresa leva a sério questõe
questõess de representatividade e
34

identificação.

6.1.6 Concorrentes

Nos tópicos a seguir serão apresentados os concorrentes da marca Latifa em


suas duas categorias: concorrência direta e concorrência indireta.

● Concorrentes diretos

Tabela 1 - Concorrentes diretos

A YEBO é uma marca de streetwear


que apresenta peças casuais em seu
mix. Assemelha--se à Latifa quanto
ao seu segmento, identidade e faixa
de preços. Em seu DNA possui a
conexão com a música e a
expressão das ruas
ruas. Sua
comercialização se dá através de e-
commerce,, não possuem ponto
físico.

Marca de moda autoral com produção


própria e slow fashion. Trata-se
Trata de um
negócio fundado também por – nesse
caso – duas mulheres negras.
Trabalham com peças que mesclam a
alfaiataria, trendy e o casual. Marca
carioca de comercialização virtual
através de site e Instagram.
35

AJULIACOSTA$HOP é uma
concorrente a nível nacional que
abrange público--alvo, faixa de preços
e identidade de marca muito
semelhantes à da Latifa, além de
comercializar através do Instagram e
possuir site da marca. A
empreendedora por trás da marca
também atua na música rap/trap,
sendo esse mais um meio de
promoção e alcance da marca.

22
Fonte: Elaborado pela autora

● Concorrentes indiretos

Tabela 2 - Concorrentes indiretos

A Still Black Still Proud realiza


serviços de produção capilar como
tranças, dreads, penteados,
atendendo à cidade de Pelotas e
abrangendo o mesmo público-alvo.

22
Imagens de logotipo retiradas dos sites das marcas.
36

Marca de lingerie e roupas íntimas


feitas sob medida na cidade de
Pelotas, atendendo ao público-alvo
público
em comum.

Marca de acessórios que comercializa


online através do Instagram e site,
também localiza-se
localiza na cidade de
Pelotas, podendo ser uma opção de
consumo.

23
Fonte: Elaborado pela autora

6.2 PLANEJAMENTO

6.2.1 Cronograma

23
Imagens de logotipos retiradas do Instagram das empresas.
37

Tabela 3 - Cronograma

Fonte: Elaborado pela autora (2022)

6.2.2 Briefing

A Latifa atende em seu público a mulheres de 20 a 40 anos que possuem um


lifestyle equilibrado entre trabalho e lazer, onde se dá importância aos momentos de
pausa e diversão.
O segmento de mercado da Latifa é o casualwear. Dessa forma, a marca une
tendências contemporâneas a peças casuais, o que as torna facilmente utilizáveis
em ocasiões diversas.
Quanto à sazonalidade, a coleção se direciona à primavera/verão 2023.
Sendo composta por 37 peças, o mix de produtos apresenta 16 peças top, 13
bottom e 8 peças one piece
piece. No mix de moda, a categoria fashion apresenta maior
percentual.
A média de preços apresentada n
nas
s peças da coleção vai de R$69,90 à
R$300.
A macrotendência trabalhada fala sobre autenticidade e inspira a libertação
das amarras de padrões de beleza. Dessa forma, o consumidor busca formas de
representação reais, o que conversa totalmente com o ideal da marca.
Já as microtendências
ndências utilizadas na coleção foram: recortes assimétricos e
fendas, alfaiataria, top, minissaia, brilho e acetinados. Além disso, as referências de
tendências trabalhadas pela marca olham muito para o streetstyle, festivais e
eventos de rua.
38

Os tecidos utilizados foram pensados por sua ligação com a temática da


coleção e pelo caimento, textura e aparência que agregam à peça. Dentre eles estão
tecidos que possuem brilho como o lurex night, e ainda, o crepe que possui textura
acetinada. Também foram selecionados tecidos de ar retrô como veludo cotelê e
linho, e os de uso casual e que remetem ao streetwear como o nylon. Finaliza-se
trazendo a transparência para a coleção através do tule e chiffon.
Todas as peças são planejadas e confeccionadas do início ao fim. A
produção ocorre de maneira desacelerada visando oferecer qualidade e durabilidade
ao consumidor. São produzidas sob encomenda dos tamanhos PP ao GG e são
comercializadas através do Instagram e site da marca.

6.3 PROCESSO CRIATIVO

6.3.1 Pesquisas de moda

● Macrotendências

As macrotendências são identificadas por especialistas e se tratam de


análises comportamentais, desse modo impactam a longo prazo. Ao tratar desse
tipo de pesquisa Treptow (2013) aponta
Pesquisas que identificam as mudanças no comportamento e preferências
dos consumidores não pretendem oferecer respostas diretas para a
elaboração de novos produtos, mas devem ser utilizadas para identificar
oportunidades de negócios.(TREPTOW, 2013, p. 73)

A partir do relatório de tendências do Meta for Business (2022)24 foi


identificada a macrotendência “Autenticidade sem filtros” que reflete o sentimento
gerado pelas reflexões feitas no período de pandemia de busca pela própria
essência de forma genuína, o que inspirou uma libertação das amarras de padrões
de beleza inspirando novas formas de aceitação e representatividade real.

24 17
https://www.facebook.com/business/news/insights/culture-rising-2022-trends-report?utm_sou
rce=canva&utm_medium=iframely (Acesso em 2 de mai. de 2022)
39

Figura 13 - Painel de macrotendências

25
Fonte: Elaborado pela autora (2022)

● Microtendências
ências
Já as microtendências podem ser identificadas e recortadas a partir da
análise de desfiles observando coleções de diversos designers em busca de
elementos que se apresentem de maneira comum, de acordo com Treptow (2013, p.
82) “é através do painel de tendências que o designer p
pode
ode visualizar quais os
elementos de estilo poderá utilizar em sua coleção para que se apresente
contextualizada com os demais lançamentos”.

25
Montagem a partir de imagens do site Pinterest.
40

Figura 14 - Painel de microtendências

26
Fonte: Elaborado pela autora (2022)

Desse modo, para complementar a coleção foram selecionadas as


tendências: recortes assimétricos e fendas, alfaiataria, top, minissaia, brilho e
acetinados.

6.3.2 Brainstorming

O brainstorming tem por objetivo estimular a criatividade e a geração de


ideais, desse modo,
o, consiste na reunião de pensamentos acerca de uma ideia
central. Dentro deste projeto, o brainstorming construído foi usado para delimitar o
tema da coleção, auxiliando nos caminhos do processo criativo.

26
Montagem a partir de imagens dos sites FFW, Vogue e Glamour.
41

Figura 15 - Brainstorming

Fonte: Elaborado pela autora (2022)

6.3.3 Mapa mental

Com o tema da coleção delimitado, o mapa mental apresenta os principais


pontos explorados na pesquisa bibliográfica e desenvolvimento criativo da coleção.
Elencando referências e propondo uma representação vvisual
isual do que inspirou as
questões de auto estima inseridas dentro dos bailes black.

Figura 16 - Mapa mental

Fonte: Elaborado pela autora (2022)


42

6.3.4 Fundamentação do tema da coleção (moodboard)

No moodboard da coleção foram inseridas imagens de inspiração que


integram o universo dos bailes black, como fotografias de bailes ocorridos em
meados dos anos 70 e imagens de ícones do soul que influenciaram o visual
apresentado nos bailes. Também compõem o painel, imagens que representam a
valorização estética e auto estima ligada à beleza negra.
Sendo assim, visou-se ambientar o tema através desse painel a fim de
recortar referências de silhuetas, texturas e inspirações que viessem a influenciar a
composição da coleção e sua representação.
Figura 17 - Moodboard

27
Fonte: Elaborado pela autora (2022)

6.3.5 Cartela de Cores e Página de ambiência

A partir da página de ambiência construída foram extraídas as cores que irão


compor a coleção. No seguinte painel apresentam-se imagens de bailes black atuais
visando opções de cores para aplicação nas peças criadas – tendo em vista que os
registros dos bailes ocorridos no Brasil nos anos 70 em sua maioria não possuem
cor – sendo essas cores fortes e que representam a atmosfera noturna.

27
Montagem a partir de imagens retiradas do site Pinterest e Google.
43

Figura 18 - Página de ambiência

28
Fonte: Elaborado pela autora (2022)

Treptow (2013, p. 109), aponta que "a cartela de cores de uma coleção deve
ser composta por todas as cores que serão utilizadas, incluindo preto e branco”.
Desse modo, seis cores totalizam a cartela da coleção.

Figura 19 - Cartela de cores

Fonte: Elaborado pela autora (2022)

28
Montagem a partir de imagens de perfis no Instagram de festas ligadas à cultura negra.
44

6.4 DESENVOLVIMENTO DA COLEÇÃO

6.4.1 Tabela de Parâmetros

A tabela de parâmetros é constituída a partir do cruzamento do mix de produto


e do mix de moda.
Nas definições de Treptow (2013, p. 95), “o mix de moda refere-se
refere à variedade
de produtos oferecidos por uma empresa”, ou seja, cada peça que irá compor a
coleção. Mix de moda trata
trata-se
se de três categorias em que os produtos podem ser
divididos: básico, fashion
ion e vanguarda.
A partir da tabela a seguir se deu a distribuição das peças da coleção quanto
às respectivas categorias.

Tabela 4 - Tabela de parâmetros

Fonte: Elaborado pela autora (2022)

6.4.2 Tabela SKU

A tabela SKU é uma ferramenta que serve de auxílio no controle de estoque.


Ao elencar a quantidade de cores e tamanhos que cada modelo da coleção deve ser
produzido, a tabela SKU prevê o número mínimo de estoque necessário para a
comercialização da coleção.
45

Tabela 5 - Tabela SKU

Fonte: Elaborado pela autora (2022)


46

6.4.3 Cartela de tecidos e cartela de aviamentos

Dentre os tecidos utilizados estão tecidos levemente acetinados como o


crepe, e ainda, os texturizados e de ar retrô como veludo cotelê e linho. O nylon é
um tecido de uso casual e remete ao streetwear. A transparência e o brilho
aparecem na
a coleção através dos tecidos chiffon, telinha de tule com glitter e lurex
night.

Figura 20 - Cartela de Tecidos

Fonte: Elaborado pela autora (2022)

A seguir apresenta
apresenta-se a cartela de aviamentos utilizados na coleção.
Figura 21 - Cartela de aviamentos

Fonte: Elaborado pela autora (2022)


47

6.4.4 Croquis

Figura 22 - Croqui 1

Fonte: Elaborado pela autora (2022)


48

Figura 23 - Croqui 2

Fonte: Elaborado pela autora (2022)


49

Figura 24 - Croqui 3

Fonte: Elaborado pela autora (2022)


50

Figura 25 - Croqui 4

Fonte: Elaborado pela autora (2022)


51

Figura 26- Croqui 5

Fonte: Elaborado pela autora (2022)


52

Figura 27 - Croqui 6

Fonte: Elaborado pela autora (2022)


53

Figura 28 - Croqui 7

Fonte: Elaborado pela autora (2022)


54

Figura 29 - Croqui 8

Fonte: Elaborado pela autora (2022)


55

Figura 30 - Croqui 9

Fonte: Elaborado pela autora (2022)


56

Figura 31 - Croqui 10

Fonte: Elaborado pela autora


57

Figura 32 - Croqui 11

Fonte: Elaborado pela autora (2022)


58

Figura 33 - Croqui 12

Fonte: Elaborado pela autora (2022)


59

Figura 34 - Croqui 13

Fonte: Elaborado pela autora (2022)


60

Figura 35 - Croqui 14

Fonte: Elaborado pela autora (2022)


61

Figura 36 - Croqui 15

Fonte: Elaborado pela autora (2022)


62

Figura 37 - Croqui 16

Fonte: Elaborado pela autora (2022)


63

Figura 38 - Croqui 17

Fonte: Elaborado pela autora (2022)


64

Figura 39 - Croqui 18

Fonte: Elaborado pela autora (2022)


65

Figura 40 - Croqui 19

Fonte: Elaborado pela autora (2022)


66

Figura 41 - Croqui 20

Fonte: Elaborado pela autora (2022)


67

6.4.5 Quadro de coleção

Figura 42 - Quadro de coleção

Fonte: Elaborado pela autora (2022)


68

6.4.6 Ficha técnica

Tabela 6 - Ficha técnica 1

Fonte: Elaborado pela autora (2022)


69

Tabela 7 - Ficha técnica 2

Fonte: Elaborado pela autora (2022)


70

Tabela 8 - Ficha técnica 3

Fonte: Elaborado pela autora (2022)


71

Tabela 9 - Ficha técnica 4

Fonte: Elaborado pela autora (2022)


72

Tabela 10 - Ficha técnica 5

Fonte: Elaborado pela autora (2022)


73

Tabela 11 - Ficha técnica 6

Fonte: Elaborado pela autora (2022)


74

Tabela 12 - Ficha técnica 7

Fonte: Elaborado pela autora (2022)


75

Tabela 13 - Ficha técnica 8

Fonte: Elaborado pela autora (2022)

6.5 PROMOÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO

6.5.1 Análise Swot

A análise SWOT se trata de uma ferramenta utilizada para observar cenários


dentro da empresa e ainda fatores externos que sugiram possíveis oportunidades de
76

negócios e possam auxiliar no planejamento da empresa.


“SWOT” é uma abreviação das palavras strengths, weaknesses, opportunities
and threats (forças, fraquezas, oportunidades e ameaças).
Desse modo, ao analisar a empresa Latifa, foram elencados os pontos
citados anteriormente da seguinte forma:

● Forças

Analisando as forças da empresa, tem-se como vantagem a conexão que o


consumidor sente com a marca em sua identidade e ideais, gerando uma fidelidade
por conta da identificação direta com a marca e com quem está por trás dela. Sendo
assim, o produto se torna mais do que uma peça de vestuário e antes disso, carrega
a marca Latifa. Tendo o meio virtual como vitrine e ponto central de
comercialização, o apelo visual presente nos editoriais de moda da marca tendem a
chamar a atenção de modo a gerar interesse e desejo no público atingido.

● Fraquezas

Inicialmente somente a designer compõe a equipe da marca, sendo


responsável pelo desenvolvimento de coleções, confecção das peças,
gerenciamento de redes sociais, o que gera uma sobrecarga e falta de apoio para a
administração de todas as atividades. Do mesmo modo, há instabilidade financeira
no período inicial da empresa onde ocorre um maior investimento até a marca obter
alcance e estabilidade.

● Oportunidades

Há diversos cenários relacionados a parcerias pelo contato e amizade da


designer com profissionais/futuros profissionais de áreas como Design Gráfico,
Jornalismo, e modelos, facilitando a conexão com outros profissionais para
colaboração em projetos e eventos da marca. Promoção através de colaboração –
parcerias através das redes sociais, composição de styling – com os artistas
pelotenses do conhecimento da designer, sendo esses em sua maioria da área da
dança e da música, principalmente ligados ao rap. Diferenciação dentro do cenário
local onde não há uma numerosidade de marcas construídas por empreendedores e
profissionais negros da moda, abraçando um público que se identifica com esses
negócios/profissionais.
77

● Ameaças

Dificuldade para manter uma média de preços tão acessível quanto desejado
por conta dos valores de compra de matéria-prima. Não existência de um ponto fixo
inicialmente, o que poderia atrair uma outra parcela de consumidores. Existência de
concorrentes a nível nacional com maior visibilidade.

6.5.2 Composto de Marketing

O composto de marketing é formado pelos quatro pilares básicos que


estruturam as estratégias de marketing, sendo eles: produto, praça, promoção e
preço. Esses são os principais conceitos a serem levantados no planejamento
estratégico da empresa.

● Produto

Os itens comercializados pela marca tratam-se de peças de vestuário


destinadas ao público feminino. A Latifa produz roupas que se inserem no segmento
moda casual, de modo que, no processo de criação dessas peças agregam-se
informações de moda a partir de tendências atuais advindas do streetstyle, a fim de
quebrar com a informalidade comumente associada a esse estilo de roupa. Todas as
peças são produzidas de modo desacelerado e sob encomenda, buscando oferecer
mão de obra de qualidade e peças de bom acabamento e durabilidade.

● Praça

Os canais de distribuição da marca se encontram totalmente de forma virtual,


através do Instagram e site, onde são lançadas e divulgadas as peças, sendo meios
facilitadores da compra por possuir um grupo de consumidores que possui afinidade
com lojas online.

● Promoção

Além de um site onde todas as peças serão comercializadas, o principal meio


de promoção se dá através do Instagram por ser a rede social de uso mais popular
entre o público da marca, a partir desta rede social são divulgadas as coleções e
campanhas. Além disso, são feitas conexões com espaços e pessoas com quem a
78

marca possui similaridade quanto a ideais para buscar visibilidade e alcançar um


público potencial que ainda não conhece a marca.
Conexão com produtores de moda, de eventos, e marcas para expandir a
presença das peças da marca a outros espaços

● Preço

A faixa de preço dos produtos comercializados pela marca gira em torno de


R$69,90 a R$300, a variar de acordo com a peça, material utilizado e modelo em
questão.

6.5.3 Estratégias de Marketing

A coleção primavera/verão 2023 da Latifa contará com um evento de


lançamento onde a mesma será apresentada através de um desfile. Serão
selecionadas clientes da marca para participarem do desfile como modelos,
buscando conexão com o público que segue a marca. No evento haverá a
participação de tatuadores, e ainda, apresentações musicais e de dança, buscando
unir moda, música, e arte.

Além do site da marca onde também serão comercializadas as peças, há


grande foco na utilização das redes sociais e principalmente do Instagram,
aproveitando-se desse espaço para a interação com os consumidores da marca e
promoção dos produtos. Os meios fixos de comercialização da coleção serão online.
Com isso, uma prioridade da marca é a harmonia estética da vitrine online como um
todo.
Serão feitas parcerias com fotógrafos e diretores de arte para a produção de
editoriais e materiais visuais para promoção online, tendo grande foco no apelo
visual através das redes sociais. E ainda, o contato com artistas e modelos locais
para participação nesses projetos
Além disso, a Latifa participará de eventos de moda com outras marcas locais
e eventos de rua voltados ao lazer e cultura. Também serão realizadas parcerias e
patrocínios à festas locais e regionais voltadas ao público em comum: utilizando
peças da marca na composição do styling de artistas que venham a realizar
performances nesses eventos.
79

6.5.4 Editorial/Painéis de Referência

Para o planejamento
jamento do editorial de moda da coleção, foram elaborados
painéis de referência para a produção do mesmo. Foram criados quatro painéis,
cada um deles para ilustrar, respectivamente, a proposta de cenário, beleza (cabelo
e maquiagem), pose e acessórios idealizados.
O painel de cenário ilustra a composição de cena do editorial, apresentando
um cenário remetente à uma estética retrô quanto aos objetos que compõem a
imagem, e ainda, à elementos relacionados à música, beleza e auto estima.

Figura 43 - Painel de referência de cenário

Fonte: Elaborado pela autora (2022)

As referências de beleza propostas para o editorial apresentam


apresentam-se no painel a
seguir. Buscou-se
se também através do editorial a conexão com o público
público-alvo, sua
personalidade e referências.
80

Figura 44 - Painel de referência de beleza

Fonte: Elaborado pela autora (2022)

Através das imagens do editorial devem ser transmitidas a autenticidade que


a coleção e a marca pretendem levar ao consumidor. As referências de pose
expressam segurança e atitude.

Figura 45 - Painel de referência de pose

Fonte: Elaborado pela autora (2022)

Para compor o styling do editorial, os looks foram fotografados com


acessórios em prata de formas orgânicas. Os strass também fizeram-se
fizeram presentes
em colares e brincos. Acessórios de elos foram utilizados em referência à tendências
81

streetwear.
Para o sapato opt
optou-se por uma bota coturno preta de cano curto,
curto tendo
inspiração no modelo ankle boot
boot.

Figura 4
46 - Painel de referência de acessórios

Fonte: Elaborado pela autora (2022)

6.5.5 Prancha do Desfile

Na imagem abaixo, são apresentados todos os looks da coleção de forma


ordenada.

Figura 47 - Prancha do desfile coleção completa

Fonte: Elaborado pela autora (2022)


82

Para apresentação da coleção através d


de um possível desfile, essa seria a
sequência de apresentação dos quatro looks confeccionados.

Figura 48 - Primeiro look

Fonte: Elaborado pela autora


83

Figura 49 - Segundo look

Fonte: Elaborado pela autora (2022)


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Figura 50 - Terceiro look

Fonte: Elaborado pela autora (2022)


85

Figura 51 - Quarto look

Fonte: Elaborado pela autora (2022)


86

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Destaco aqui a relevância da pesquisa dentro do campo da moda para a


construção de uma coleção de moda que resgate histórias e contextos que
agreguem significado e valor ao trabalho desenvolvido pelo designer.
Com a marca autoral e o tema escolhido para a coleção apresentada neste
projeto, se pretendeu explorar os caminhos da moda na história da população negra
e seu lugar quanto a questões comportamentais e de identificação. A moda foi um
importante elemento na constituição dos bailes black como movimento cultural,
desse modo, a pesquisa acerca do tema também gerou um olhar sobre a moda e
seu papel social.
Além disso, através do trabalho construído foi possível contribuir com uma
pesquisa científica de moda que abrange referências não eurocêntricas, já
comumente vistas no meio acadêmico.
Pessoalmente, carrego comigo a moda como um lugar de elevação, que para
além do produto pode representar nosso olhar para si, e desse modo, participar do
processo de construção de auto estima. Enxergo no tema da coleção de moda
apresentada por meio desse trabalho um pouco da minha história e construção.
A marca autoral Latifa se posiciona no mercado como uma empresa que
constrói narrativas positivas através da moda, agregando questões de identificação
à sua identidade e valores, sempre em conexão com o público-alvo.
Apoiada no processo projetual e criativo, a coleção desenvolvida totaliza 37
peças casuais que cumprem com o objetivo inicial de serem versáteis e que
permitam múltiplas combinações a fim de serem também peças de uso dinâmico e
prolongado.
87

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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TREPTOW, Doris. Inventando Moda: planejamento de coleção. 5a edição, São


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APÊNDICE 1
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APÊNDICE 2
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