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O Mistério de Cristo no Tempo da Igreja

Durante o Ano Litúrgico, vivemos todo o Mistério de Cristo, desde a Encarnação e


Natividade, Vida, Paixão, Sua Ressurreição, a Ascensão, o Dia de Pentecostes e a
espera da Gloriosa Vinda do Senhor - a Parusia.

O Ano Litúrgico começa no 1º Domingo do Advento (cerca de quatro semanas antes do


Natal) e termina no sábado anterior a ele.

O Ano Litúrgico é composto de dias, e esses dias são santificados pelas celebrações
litúrgicas do povo de Deus, principalmente pelo Sacrifício Eucarístico e pela Liturgia das
Horas. Por esses dias serem santificados, passam a ser denominados dias litúrgicos. A
celebração do Domingo e das Solenidades começa com as Vésperas (na parte da tarde)
do dia anterior.

Dentre os Dias Litúrgicos da semana, no primeiro dia, ou seja, no Domingo (Dia do


Senhor), a Igreja celebra o Mistério Pascal de Jesus, obedecendo à tradição dos
Apóstolos. Por esse motivo, o Domingo deve ser tido como o principal dia de festa.

De que consta o Ano Litúrgico? O Ano Litúrgico consta de dois ciclos: Ciclo do Natal e o
Ciclo da Páscoa. Entre esses dois ciclos temos o Tempo Comum.

CORES LITÚRGICAS

Quando vamos à igreja, notamos que o altar, o tabernáculo, o ambão, e até mesmo a
estola e a casula usadas pelo sacerdote, combinam todos com uma mesma cor.
Percebemos também que, a cada semana que passa, essa cor pode permanecer a
mesma ou variar. Se acontecer de no mesmo dia irmos a duas igrejas diferentes,
comprovaremos que ambas usam a mesma cor, com exceção, é claro, da igreja que
celebra o seu padroeiro. Na verdade, a cor usada é válida para a Igreja em todo o
mundo, que obedece a um mesmo calendário litúrgico. Conforme a missa do dia,
indicada pelo calendário, fica estabelecida uma determinada cor.

As diferentes cores possuem algum significado para a Igreja: elas visam manifestar
externamente o caráter dos Mistérios celebrados e também a consciência de uma vida
cristã que progride com o desenrolar do Ano Litúrgico. Manifesta também, de maneira
admirável, a unidade da Igreja. No início havia uma certa preferência pelo branco. Não
existiam ainda as chamadas cores litúrgicas. Estas só foram fixadas em Roma no século
XII. Em pouco tempo, devido ao seu alto valor teológico e explicativo, os cristãos do
mundo inteiro aderiram a esse costume, que tomou assim, caráter universal. As cores
litúrgicas são seis, como veremos a seguir.

-Branco - Simboliza alegria, ressurreição, vitória, pureza. É usada na Páscoa, no Natal,


nas solenidades e festas do Senhor, nas festas de Nossa Senhora, de São João
evangelista (apóstolo) e dos santos (exceto dos apóstolos e dos mártires).
-Vermelho - Lembra o fogo do Espírito Santo e também o sangue. É a cor usada na
liturgia dos apóstolos (exceto S. João evangelista), dos mártires, no Domingo de
Ramos, na Sexta-feira Santa e Pentecostes.
-Verde - Simboliza o crescimento e a esperança. É usada no Tempo Comum.
-Roxo - É símbolo da penitência e da conversão. É usada nos tempos do Advento e da
Quaresma, e também nas Missas dos Fiéis Defuntos e no sacramento da confissão.
-Preto - É sinal de tristeza e luto. Antigamente era usada na Sexta-feira Santa
simbolizando o luto pela morte de Cristo.
-Rosa - A cor rosa pode ser usada no 3º domingo do Advento e no 4º domingo da
Quaresma. Simboliza uma breve pausa, um certo alívio no rigor da penitência da
Quaresma e na preparação do Advento.

CICLO DA PÁSCOA

QUARESMA - Início: Quarta-Feira das Cinzas. Término: Quinta-feira da Semana Santa,


antes da Solenidade da Instituição da Eucaristia. Tempo de penitência e conversão.
COR: Roxa (exceto o penúltimo domingo – ROSA)

Tempo da Quaresma - O Tempo da Quaresma é um tempo forte de conversão e


penitência, jejum, esmola e oração. É um tempo de preparação para a Páscoa do
Senhor, e dura cerca de quarenta dias. Neste período não se diz o Aleluia, nem se
colocam flores na Igreja, não devem ser usados muitos instrumentos e não se canta o
Glória, para que as manifestações de alegria sejam expressas de forma mais intensa no
tempo que se segue, a Páscoa

PÁSCOA - Início: Solenidade da Instituição da Eucaristia na Quinta-feira Santa (Tríduo


Pascal) - Término: Pentecostes. Tempo de alegria! Cristo Ressuscitou! COR: Branca

Tríduo Pascal –
O Tríduo Pascal começa com a Missa da Santa Ceia do Senhor, na Quinta-Feira Santa.
Neste dia, é celebrada a Instituição da Eucaristia e do Sacerdócio, e comemora-se o
gesto de humildade de Jesus ao lavar os pés dos discípulos.
Na Sexta-Feira Santa celebra-se a Paixão e Morte de Jesus Cristo. É o único dia do ano
que não tem Missa, acontece apenas uma Celebração da Palavra chamada de “Ação ou
Ato Litúrgico”.
Durante o Sábado Santo, a Igreja não exerce qualquer ato litúrgico, permanecendo em
contemplação de Jesus morto e sepultado.
Na noite de Sábado Santo, já pertencente ao Domingo de Páscoa, acontece a solene
Vigília pascal. Conclui-se, então, o Tríduo Pascal, que compreende a Quinta-Feira,
Sexta-Feira e o Sábado Santo, que prepara o ponto máximo da Páscoa: o Domingo da
Ressurreição.
Tempo Pascal –
A Festa da Páscoa ou da Ressurreição do Senhor, se estende por cinqüenta dias entre o
domingo de Páscoa e o domingo de Pentecostes, comemorando a volta de Cristo ao
Pai na Ascensão, e o envio do Espírito Santo. Estas sete semanas devem ser celebradas
com alegria e exultação, vivendo uma espiritualidade de alegria no Cristo Ressuscitado
e crendo firmemente na vida eterna.

Ciclo Pascal: Tempo da Quaresma


O Mistério Pascal é a fonte de onde brota toda a LITURGIA, a Celebração semanal da
PÁSCOA aos domingos e a anual: O Tríduo da Paixão, Morte e Ressurreição do
SENHOR. A LITURGIA é assim, a principal memória – anamnese – da OBRA da
REDENÇÃO.

Para que a Celebração anual da PÁSCOA produza de fato, frutos da conversão, da


REDENÇÃO, na Comunidade, a IGREJA instituiu o TEMPO da QUARESMA. “Quaresma”
provém do latim “Quadragesima” e significa “quarenta dias”; é o período de
preparação para a Páscoa do Senhor, cuja duração é de 40 dias.

A QUARESMA é Tempo de Renovação espiritual mediante o combate entre as trevas –


pecado e a LUZ, a GRAÇA de DEUS presente em nós.
Morrer ao pecado e VIVER para DEUS é a grande meta da QUARESMA (Cl 3,1-3; Rm
6,8-11)

O Papa Paulo VI na Carta Apostólica aprovando as Normas Universais do Ano Litúrgico;


e o novo Calendário Romano geral, n. 28 diz: “O tempo da Quaresma vai de Quarta-
feira de Cinzas até a Missa na Ceia do Senhor (Quinta-feira santa, à tarde), inclusive”. E
a Paschalis Solemnitatis da CCD de 1988, que diz: “O tempo quaresmal continua até à
Quinta-feira Santa. A partir da missa vespertina “in Cena Domini” inicia-se o Tríduo
Pascal, que abrange a Sexta-feira Santa “da Paixão do Senhor” e o Sábado Santo, e tem
o seu centro na Vigília Pascal, concluindo-se com as vésperas do Domingo da
Ressurreição”.

A Quaresma foi inspirada no período de tentação de Jesus Cristo no deserto, bem


como os exemplos de Noé, em 40 dias na Arca, e Moisés, vagando por 40 anos no
deserto do Sinai. O historiador Sócrates informa que já no século V, a Quaresma
durava seis semanas em Roma, sendo três semanas dedicadas ao jejum: a primeira, a
quarta e a sexta. Já no século IV a “Peregrinação de Etéria” fala de um jejum de oito
semanas praticado pela comunidade de Jerusalém, excluídos os sábados e domingos; o
que totaliza os 40 dias de jejum. No tempo de São Gregório Magno (590-604), Roma
observava os 40 dias da Quaresma.
- Para melhor nos prepararmos a participar da Vitória do Senhor Jesus sobre a morte e
o pecado, celebrada de modo especial no Domingo da Páscoa do Senhor. Na Santa
Missa de Páscoa, celebrada na Vigília do Sábado, a Igreja nos convida, mais uma vez, a
renunciarmos a Satanás, a renunciarmos ao pecado, a tudo aquilo que nos afasta do
Amor de Deus, de nossa verdadeira felicidade, da plenitude de nós mesmos. Então
esses quarentas dias nos servem como um tempo de exame de consciência e de
esforço físico e espiritual para vivenciarmos o Amor como Cristo nos ensinou: “Amai-
vos assim como Eu vos amo!” Jo 15,12

O tempo da Quaresma nos convida:

- Oração – em reparação às faltas cometidas contra a fé;


- Jejum – desapegarmos do que não é eterno, em todas as suas modalidades:
preocupação com o vestir, comer, evitando conversas frívolas, combatendo a preguiça,
procurando servir mais que ser servido; Esmola: dividir o que temos com quem tem
menos ainda.
- Penitência – procurar renunciar a si mesmo e a seus prazeres.
- Conversão – mudança de direção; escolher diferente e melhor, com “olhos de
eternidade”.
- Pedir Perdão a Deus, buscarmos o sacramento da Reconciliação – diante de tanto
amor que nos envolve o Senhor, e tendo a nossa frente as nossas faltas, clamamos:
Piedade, Senhor, pois pequei contra Vós!

Um pouco de História:
Na Igreja primitiva, os adultos só eram admitidos ao BATISMO após uma cuidadosa
preparação. No começo da Quaresma, os catecúmenos eram aceitos como candidatos
à recepção do BATISMO. Passavam, então, a participar dos ofícios religiosos, às
segundas, quartas e sextas-feiras, ofícios chamados Missa dos Catecúmenos por não
terem a parte Sacrificial ou Eucarística. Durante estes ofícios, os candidatos eram
submetidos à exorcismos e convidados a praticarem atos de penitência: o jejum e a
esmola.

Na quarta-feira da terceira Semana da Quaresma, os catecúmenos eram submetidos


ao primeiro Escrutínio: Reunião para exame das intenções dos Candidatos. Se
aprovados, seus nomes eram escritos no Livro Batismal, o livro da vida e lhes eram
entregues os Mandamentos. No quarto Domingo da Quaresma, Domingo LAETARE,
alegra-te, eram os Catecúmenos apresentados à toda IGREJA como candidatos ao
BATISMO (2° Escrutínio). Paramento cor de rosa. Os motivos de alegria eram pois:
- o anúncio de novos membros a serem admitidos ao CORPO MÍSTICO DE CRISTO, a
IGREJA;
- a proximidade da maior Festa do Ano Litúrgico: A PÁSCOA DA RESSUREIÇÃO DO
SENHOR;
- a oportunidade de uma Ceia festiva pois, na Igreja dos primeiros tempos a
abstinência e o jejum começavam a partir da segunda-feira após o Domingo LAETARE.

Neste Domingo, os fiéis costumavam se presentear com uma rosa, lindo símbolo
Pascal. Beleza da vida que emerge entre espinhos: dor profunda – Quaresma – tendo
ápice, alegria intensa – Páscoa.

Assim foi com Cristo Jesus, assim também é com o Cristão, à Luz pela Cruz.

Essa é a razão de o Papa benzer no Domingo LAETARE, a Rosa de Ouro.

A quarta-feira após o LAETERE era importantíssima: realizava-se então, o terceiro


Escrutínio dito “Para a abertura dos ouvidos” – Ephpheta – Os Catecúmenos recebiam
os Tesouros da Igreja: o Credo, o Pai Nosso e os Quatro Evangelhos.

Eram-lhes ministrados o Sal Bento – Símbolo da divina Sabedoria. Os padrinhos os


consignavam e os acólitos impunham as mãos sobre eles. Essa cerimônia se realizava
por três vezes, antes de ser cantado o EVANGELHO, quatro Diáconos, trazendo cada
EVANGELHO, se colocavam em cada ângulo do altar. O Bispo explicava o conteúdo e a
razão de haver quatro versões do EVANGELHO. Após a leitura do início do Evangelho
feita pelo Diácono que o portava, o Bispo explicava o símbolo do Evangelista
apresentado. Seguia-se a cerimônia do “EPHEPHETA” e era lido o trecho do Evangelho
que narra a cura do surdo-mudo.

Simbolismo: Os quarentas dias da Quaresma nos recordam;


- A Caminhada do Povo no deserto Ex 12; 13, 17-14,31
- A Caminhada de Elias até o Monte Horeb 1Rs 19,1-18
- O Jejum e a Oração de Moisés no Monte Sinai Ex 24,12.18
- O Jejum e a Oração de JESUS após o BATISMO no Jordão Mt 4,1.2; Lc 4,1.2
QUARESMA é também Tempo Batismal: devemos agradecer a Graça do nosso Batismo
e reparar as nossas infidelidades às Promessas do Batismo.
QUARESMA é portanto, Tempo de Oração e Penitência para melhor nos dispormos a
OUVIR o SENHOR, nosso DEUS.

Na Igreja primitiva havia três tipos de penitência;


- Penitência catecumenal – a dos que iam receber o BATISMO
- Penitência de conversão – a dos que iriam receber o Perdão, a Reconciliação
- Penitência de perfeição – a dos que desejavam crescer na Vida Divina
Daí decorrem os dois grandes temas da Quaresma; BATISMO e PENITÊNCIA usados até
hoje. BATISMO corresponde à primeira CONVERSÃO ao SENHOR e PENITÊNCIA, à
segunda CONVERSÃO.

Na Liturgia da QUARESMA, o 1°Domingo sempre apresenta à nossa reflexão, a


TENTAÇÃO do SENHOR JESUS e o 2°Domingo nos faz meditar sobre a
TRANSFIGURAÇÃO do SENHOR. Por ser o FILHO de DEUS, JESUS é o CHRISTUS VICTOR,
o Ungido Vencedor do pecado e da morte.

Moisés e Elias – a LEI e os PROFETAS – conversam com JESUS sobre sua PAIXÃO e
Triunfo. Nos domingos seguintes, as Leituras do Ano A enfatizam as exigências do
BATISMO, prevenido o Cristão no combate espiritual. As leituras dos anos B e C nos
fazem refletir sobre o Tema da Penitência, ajudando-nos a reparar o mal realizado por
nossos pecados.

Dos Temas BATISMO e PENITÊNCIA, decorrem as práticas ou exercícios da QUARESMA:


1- ORAÇÃO – vivência da FÉ: reparação de nossas faltas para com DEUS, nosso Pai
2- JEJUM – vivência da ESPERANÇA: reparação de nossas faltas para conosco
mesmos
3- ESMOLA – vivência da CARIDADE: reparação de nossas faltas para nossos
irmãos
Na QUARESMA são omitidos o “Glória” e o Aleluia nas Missas. Cor do paramento: Roxo

TRÍDUO PASCAL
O TRÍDUO PASCAL é o ponto culminante do Ciclo da PÁSCOA, quiçá de todo o ANO
LITÚRGICO.
Começa com a Missa Vespertina na CEIA do SENHOR, tem seu cume na solene VIGÍLIA
PASCAL e termina com as Vésperas do DOMINGO da RESSURREIÇÃO do SENHOR.

QUINTA FEIRA SANTA

- É a solene Celebração da CEIA do SENHOR, Festa da Instituição dos Sacramentos da


EUCARISTIA e da ORDEM.

- Pela manhã, na Catedral, celebra-se a Missa do Crisma em que são benzidos os


Santos Óleos – Catecúmenos, Crisma e dos Enfermos)
À tarde, é celebrada a Solene MISSA na “CEIA do SENHOR”: canta-se o Glória
festivamente, tocam-se os sinos que, depois, permanecerão em silêncio até a
solenidade da Vigília Pascal. Não se diz o Credo. Paramento: branco.

A reforma litúrgica de Paulo VI trouxe de volta um gesto antigo do primeiro milênio


século: a Procissão do Ofertório. É interessante o texto do Catecismo da Igreja
Católica, no parágrafo 1345, da Apologia de São Justino, o mártir, no ano de 155 d.C.
nos descreve a Liturgia Eucarística e no momento que é chegado o ofertório ele diz
assim: leva-se àquele que preside os irmãos, pão, um cálice de água e vinho, ou seja,
os fiéis levavam em procissão, as ofertas. Em todo ano litúrgico o único dia em que a
procissão das ofertas é realmente indicada como sendo parte da liturgia, opcional mas
como parte da própria liturgia, é na Missa de Quinta Feira Santa, a missa da Instituição
da Eucaristia, para indicar que ali, quando Cristo se oferece em sacrifício na Eucaristia,
os fiéis devem se oferecer juntos. Essa é a ideia espiritual que está por trás da
Procissão das Ofertas. A Procissão das Ofertas é lembrar que, no ofertório, Cristo se
oferece, mas não somente isso, nós também nos oferecemos com Cristo. É assim que
nós temos nossa oblação, nossa oferta, o nosso entregar a Deus. O Sacerdote no
primeiro milênio quando recebia as ofertas, recebia muitas coisas e depois terminava
sujando as mãos. Por isso é previsto na liturgia que o padre após receber as ofertas,
lave as mãos porque ele pegou nas ofertas dos fiéis. O que eu ofereci para que o padre
esteja lavando as mãos?

O amor de Cristo nos congregou numa unidade, num só Corpo. – O Amor de Cristo – é
este Amor que nos une e congrega. O Amor de Deus é quem dá o primeiro passo, Deus
toma a iniciativa de nos amar. Na Primeira Carta de São João, cap 4,vers 10, nos diz:
“Nisto consiste o Amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi Ele que nos amou
e enviou seu Filho como oferta de expiação dos nossos pecados.” No coração da
Liturgia Eucarística da Quinta-feira Santa, nós começamos olhando para o Amor de
Deus, manifestado no Amor de Cristo ao morrer na Cruz por nós. E esse amor nos une.
Em 2009 o papa emérito, Bento XVI, em uma homilia a respeito da Eucaristia, na
Quinta- Feira Santa, ele diz: Cristo parte o pão com os discípulos, Ele reparte, Ele
divide. É isso que nos une: dividir o Pão nos une, o Sacrificar-se de Cristo causa
unidade em nós. Nós reconhecermos que enquanto pessoas também estamos
divididos, dilacerados: eu quero amar, me entregar, me sacrificar, mas ao mesmo
tempo não quero. Somos como um Campo de Batalha. O Amor de Cristo que morre
por mim na Cruz, que se torna Pão Quebrado, Pão Partido causa em mim uma unidade
interior. Eu vejo o quanto sou amado por Deus. Esse é o primeiro passo. Isso nos cura
do vitimismo, das fraquezas derivadas da baixa estima... Porque não lembramos que
não é o nosso amor o número um, mas sim, o Amor de Deus. O Cristianismo consiste
nisso: Deus nos amou primeiro! Pensar que Cristo na última Ceia pensou em mim, na
Cruz pensou em mim. Contemplar que Ele derrama seu Sangue somente por mim,
como nos diz Santa Teresinha. E essa unidade interior causada por esse Amor Infinito
que se derrama por mim, causa uma unidade exterior – NÓS. Uma unidade enquanto
Igreja, único Corpo de Cristo.

O Amor que eu recebi de Deus, que me ama primeiro, me chama, me convida a amar
de volta. O início da Sabedoria é o Temor de Deus. Ter medo de perder esse tesouro,
de quem me ama tanto assim. Começa-se com o Temor e alcança-se o amor pleno.
Amar a Deus de todo coração. Deus me ama, eu amo a Deus. Mas a Primeira Carta de
São João também nos recorda que “quem diz que ama a Deus que não vê e não ama o
irmão que vê, é mentiroso.” Deus me ama, eu o amo de volta, mas esse amar de volta
a Deus se manifesta no amor concreto aos irmãos. Devemos nos amar uns aos outros
para que nisso seja manifestado o amor de Deus. É um desenvolvimento da ideia de
amarmos com o coração sincero. Cessem lutas, cessem rixas, dissensões, mas esteja
em nosso meio Cristo Deus. Estas coisas que nos dividem devem ser abolidas. É preciso
saber diminuir para deixar Deus crescer em nós, no meio de nós.

Se olharmos a encíclica do Papa emérito Bento XVI, Deus caritas est, nós vamos
encontrar que o Amor Caridade, o Amor Cristão, Aquele que sabe pagar o preço
(caridade vem de caro), Ele não é simplesmente um amor sacrificado, mas ele brota de
um amor que é humano. Então quando dizemos onde há ágape e eros, onde há
caridade e amor, nós temos um resgate desta realidade que quando eu contemplo
Cristo que morre por mim na Cruz, existe ali um afeto que surge, um afeto devocional,
que ainda não é ágape, caridade, mas que é um impulso de amor humano, eros, que
me joga no coração de Deus. Uma reação primeira que nos é colocada por São Paulino
de Aquiléia quando nos diz: exultemos, nos alegremos! Quando Deus, Amor Caridade,
se manifesta, em mim brota uma alegria e esta realidade do fogo que arde no meu
coração me permite crescer neste primeiro amor eros até chegar ao amor pleno,
ágape.

“A Amor gratuito, totalmente gratuito, pertence somente a Deus” nos diz São
Bernardo respondendo a Pedro Abelardo. O Amor humano já tem sua recompensa
pois não é um amor primeiro. Abelardo queria alcançar em seu racionalismo um amor
pleno e São Bernardo explica que todo amor que pode brotar do coração do homem,
sempre será segundo pois Deus nos amou primeiro. E isso nos afeta. O amor humano
sempre será o segundo, pois é afetado pelo primeiro. E isso poderá gerar em nós,
crescer no Amor, visando o Ágape.

Nesta Quinta Feira Santa deixemos que nosso coração arda! Arda pelo Cristo que se
doa! E que esse ardor nos leve a querer, também nós, deixar nosso coração no Altar.
Em procissão vamos para o ofertório cantando “Urbi Caritas” Ele se doou por mim,
então eu também quero responder, me oferecendo por Ele.
- As leituras recordam a história de libertação e de Amor.

- O Senhor se faz servo para nos ensinar a amar. O lava pés deixa claro a missão do
Cristão: SERVIR, estar atento as necessidades dos irmãos. AMOR é DOAÇÃO.

- Após a Oração depois da Comunhão, realiza-se a Transladação do Santíssimo


Sacramento. A comunidade continua em Vigília de Oração.

- Da liturgia de hoje, brotam 4 realidades:

1 – Eucaristia – instituição na quinta-feira; presença real no Cenáculo e no Sacrário

2 - Comunidade Eclesial – a Igreja como comunhão de todos os cristãos onde a


Eucaristia se torna realidade. “A Eucaristia se realiza na Igreja e a Igreja se realiza na
Eucaristia.” São João Paulo II

3 – Sacerdócio – “Fazei isto em memória de Mim” – In Persona Christi – na pessoa do


Cristo – não é uma representação, é o próprio Cristo atuando através do sacerdote

4 – Amor Fraterno – um mandamento novo – “Amai-vos uns aos outros como Eu vos
amei.” - Lava pés = serviço e humildade – me diminuir pelo outro. Estar à disposição
do outro e da comunidade. “lavar os pés quer dizer: eu estou a seu serviço” Papa
Francisco

SEXTA-FEIRA da PAIXÃO do SENHOR

– a solene Ação Litúrgica é realizada à tarde. Só é distribuída a sagrada EUCARISTIA


aos Fiéis que participam da Solene Ação Litúrgica. Paramento: Vermelho

Neste dia em que não se celebra Missa, têm-se a tradição de, durante a adoração da
Santa Cruz, se cantar os impropérios, as reprimendas, as repreensões. É O Senhor
Jesus quem exorta os homens pela falta de amor.

A parte mais importante é o Trisagion “Deus Santo, Deus Forte, Deus imortal”,
antífona por muitos conhecida, muito antigo que remete possivelmente a era
apostólica. Existe uma tradição da igreja Copta, a igreja da Etiópia que diz que esse
hino teria sido composto por Nicodemos, aquele que junto com José de Arimatéia,
pedem o corpo do Senhor Jesus para que possam sepultá-lo e teria sido durante o
sepultamento que Nicodemos proclama olhando para O Senhor morto: “Santo Deus,
Santo Forte, Santo Imortal, tende piedade de nós!”
Professar diante de Cristo morto, “Santo Deus” porque ali a humanidade está morta
mas Deus está presente. E nesse momento de maior fraqueza, debilidade, ali está o
cadáver, proclamar “Santo Forte” porque é na fraqueza que se manifesta a Força de
Deus. Ali fadado ao túmulo, dizer “Santo Imortal, tende piedade de nós”. Uma fé
inabalável que se manifesta no momento da mais profunda incerteza e provação. Ao
beijarmos o Cristo morto, nós queremos dizer com Nicodemos, quando nossos olhos
não têm provas, dizer DEUS IMORTAL.

Isso é nossa resposta aos impropérios, presentes na liturgia desde o sec IX, consistem
em reler a História do Antigo Testamento, aplicá-la à Bondade de Deus que tratou,
cuidou de seu povo e agora é Cristo rejeitado. Esse mistério que nos fala São Paulo, em
Rm 9, do povo judeu que rejeitou o Cristo. Mas a Igreja ao cantar isso todos os anos se
solidariza com os judeus dizendo: nós, nós somos esse povo que rejeitou o Cristo. Os
impropérios começam com essa antífona; “Povo meu que te fiz eu? Diz em que te
contristei. Que mais podia ter feito? Em que foi que te faltei?” Esse é o Mistério que
celebramos na Sexta Feira Santa. Deus que nos ama com amor infinito é rejeitado por
nós.

O povo de Deus ouve de Cristo uma anamnese, uma recordação do passado, em toda
sua história o povo foi cuidado por Ele. Também nós, na Sexta-feira Santa somos
chamados a fazer uma anamnese de nossa vida inteira, desde o ventre materno,
relembrando o quanto o Senhor cuida de nós. Já nos dizia o profeta “Quando era
menino, eu o amei e chamei a meu filho. Fui Eu que te ensinei a caminhar, que te
tomando-o pela mão.” Cf. Os11,1.3 Então aqui o hino nos recorda “Fui Eu que te fiz
sair do Egito, com maná te alimentei. Preparei-te bela terra, tu a Cruz para o Teu Rei.”
Libertação- te fiz sair do Egito, sair da escravidão do pecado;
Alimenta, cuida - com maná te alimentei;
Dá um futuro - Preparei-te bela terra.

E nós retribuímos a todo esse amor com a Cruz. Qual é a nossa resposta ao Amor de
Deus?

Em outra estrofe, em português, o contraste novamente: “Bela vinha, Eu te plantara,


tu plantaste a lança em Mim.” No latim “Que mais que Eu podia ter feito a ti que não
fiz? Eu na verdade plantei a ti, minha vinha eleita e preciosíssima e tu te fizeste muito
amargo pra Mim. Tu me deste de beber um vinagre e com a lança perfuraste o Teu
Salvador.”

Tudo que está aqui são formas de nós meditarmos em nossas atitudes, em nossa
ingratidão. Se nós temos como centro de nossa espiritualidade a Ação de Graças, a
Eucaristia, esse é o dia em que não se celebra Eucaristia, esse é o dia da nossa
ingratidão. Deus nos mostra o quanto somos não eucarísticos, ingratos e nossa
resposta é nossa profissão de fé, quando dizemos Senhor, Tu és Forte, Tu és Imortal,
mas nós somos fracos e mortais. Professamos, então, Tua Grandeza e pedimos
Misericórdia! Kirie Eleison!

Saibamos enxergar a Misericórdia de Deus que tem tanta paciência e carinho para
conosco e façamos esse exame profundo de consciência: qual nossa resposta a esse
Amor?

Meditação - As Sete Palavras de Cristo na Cruz –

1- “Pai, perdoai-lhes porque não sabem o que fazem” – costumamos dizer isto ou
apenas condenamos? Perdoar os outros por seus erros. Será que nos achamos
melhores e superiores aos outros por isso temos dificuldade de perdoar? O que O
Senhor Jesus quis dizer com isso? Perdoar aqueles que nos fazem mal. Isso é muito
difícil, necessita abraçar a CRUZ por AMOR a JESUS.

Em relação a pessoas próximas, a dificuldade de perdoar por vezes é grande pois


fazemos alta expectativa em relação as mesmas. No entretanto a medida do Amor é o
Perdão.

2- “Ainda hoje estarás comigo no Paraíso.” Nós convidamos as pessoas para irem
conosco rumo ao Céu? Chamamos as pessoas para perto de Cristo? Buscamos salvar,
auxiliar na Salvação o próximo?

O pior pecado é a desesperança – não acreditar que Deus pode nos perdoar, nos dar
vida nova, nos tornar pessoas novas, restauradas em Seu Amor. Nosso pecado, nesse
caso, seria tido por nós como maior que a Misericórdia de Deus.
“Nós não conhecemos a Infinitude e a Misericórdia do Coração de Deus.” Santa
Terezinha

Assim também julgamos ser impossível perdoar o pecado do outro para conosco.
Pensamos e agimos desta forma porque queremos perdoar e amar com o nosso
coração e não com o Coração de Jesus, com Seu Divino Amor.
Crer na Misericórdia de Deus – FÉ

3- “Mulher, eis aí Teu filho. Filho, eis aí Tua Mãe.” Jo 17,25-29 – Maria é a Mãe de
todos nós. A Ela é confiada a humanidade. Ser mãe é acolher, consolar, cuidar,
abraçar. Maria é Mãe Perfeitíssima. Ser filho é receber conselhos,obedecer, crescer
com os ensinamentos, aprender.

Maria - Mãe – ESPERANÇA - nossa Intercessora e Advogada. Ela nos ajuda a chegar ao
Céu.

4- “ Meu Deus, Meu Deus, porque Me abandonaste?” – Ato de profunda


solidariedade com os homens. Assume sobre Si o pecado do mundo, aniquila-Se para
oferecer ao Pai o Sacrifício Perfeito. O Justo, O Santo, O Cordeiro que tira o pecado do
mundo. Salmo 22

5- “Tenho Sede!” - Sede de Salvar as almas. Esta sede que Cristo tem de nós não sacia
até que nos salve. Muitas vezes, quando O Senhor nos clama: “tenho sede” lhe
oferecemos vinagre, outras lhe viramos as costas. Mas O Senhor tudo aceita. Pois Ele
tudo oferece ao Pai para nossa e pela nossa Salvação. Diferente dos senhores deste
mundo, o Senhor espera que entreguemos a Ele todas as nossas fraquezas, misérias,
pecados para que Ele mesmo possa nos lavar, nos purificar, nos restaurar, nos vivificar.
Dimensão Missionária – Eu, satisfeito na minha sede, devo estar atento à sede dos
demais. Deus age por meio de nós.

Dimensão de Formação, Crescimento do Próprio Cristão – Ter sede de Deus, querer


nos aprofundar cada vez mais em nossa fé.

6- “Tudo está consumado.” Cumpriu sua missão até o fim. “O Crucifixo não é um
ornamento, não é uma obra de arte, com tantas pedras preciosas, como se vê por aí. O
Crucifixo é o Mistério do Aniquilamento de Deus por Amor.” Papa Francisco
“Aquele que te criou sem ti, não pode te salvar sem ti.”

Indica que todas as profecias jpa haviam se cumprido – o da Ressurreição ainda ia


acontecer. Na Cruz a guerra contra o pecado foi vencida. – Essa vitória precisa ser
levada para nossa vida.

7- “Pai, nas Tuas Mãos” - Ao depositar seu Espírito nas Mãos do Pai, Nosso Senhor
nos revela que depositando toda nossa vida NELE, a retomaremos em nossa
ressurreição.

“Vós sois cidadãos do Céu.” Fl 3,20 - Ao entregarmos tudo nas Mãos de Deus,
verdadeiramente, proclamamos o nosso “Faça-se” , confiando no Amor e na
Providência Divina. “Eu gostaria com grande força e convicção, partindo da experiência
de uma longa vida pessoal, de vos dizer hoje, queridos jovens: não tenhais medo de
Cristo! Ele não tira nada, ele dá tudo » Papa Bento XVI - 24 de abril de 2005 no discurso
em que inaugurava seu Pontificado.

Reconhecimento de que O Senhor é o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim de todas as


coisas.

SÁBADO SANTO
Dia de silêncio dedicado à soledade da VIRGEM MÃE de JESUS. Termina com a solene
VIGÍLIA PASCAL.
Na sexta-feira e também no Sábado Santo, conforme as possibilidades, observa-se o
Jejum.

DOMINGO de PÁSCOA
São celebradas duas Missas: a primeira, na “Noite Santa” é a mais solene, constitui o
cume da Solene Vigília Pascal. A partir do Glória, todos os sinos devem repicar.
Paramento: branco

Neste dia temos o grande hino do Anúncio da Páscoa: o Exultet. Extraordinário na sua
poesia, o latim, na sua métrica. Aproximadamente do sec V, está no centro da liturgia
latina. Além de lidíssima poesia, sua música levou Mozart ao ouvi-lo exclamar que
renunciaria a todas as suas obras para tê-lo composto.

O Exsultet é um prefácio, um louvor a Deus, um sacrifício de louvor oferecido diante


do Círio Pascal. Trata-se de um canto dos louvores de uma Vela que sacramentalmente
simboliza o Sacrifício de Cristo. Por isso colocamos cinco grãos de incenso no Círio, o
sacrifício de louvor, o incenso que sobe a Deus, a chama que consome a cera mostra
essa idéia de sacrifício que não é simplesmente uma morte, mas uma morte
vivificante, que produz a Vida. O diácono que proclama este louvor, antes faz uma
introdução fazendo um convite geral a oração, porque ele sabe não esta rezando
sozinho. Ele está rezando junto com os Anjos, com a Criação inteira e com toda Igreja
de todos os tempos e lugares. Convoca a toda assembleia a orar por ele para que ele
possa ler aquela mensagem!

Esse diálogo, do prefácio, deve ser feita por ministros ordenados, padre ou diáconos.

E inicia-se o grande canto que primeiro recorda a Páscoa do Antigo Testamento, na


qual a Coluna de Fogo que guiava o povo no êxodo do Egito, aqui recorda o Círio Pascal
e depois a Verdadeira Páscoa, a Páscoa de Cristo, a Páscoa em que nós fomos
redimidos. Seguir bem de perto o Zicaron, a recordação das glórias de Deus, nossa
Ação de Graças, nosso louvor está em recordar o passado. O Exsultet não é
simplesmente um anúncio da Páscoa, como se fosse simplesmente uma arauto que
vem dar a notícia a todos nós. Há uma densidade maior que isto, quando ao narrar o
passado, o mesmo se torna presente. Estamos celebrando a Ressurreição de Cristo de
forma concreta, não apenas como uma recordação, de forma sacramental, na Liturgia
Eucarística. Quando o sacerdote faz a Liturgia Eucarística, celebra a Missa que nós
temos a Vigília Pascal. Não há sentido celebrar sem um padre celebrando a Missa.

Este hino nos recorda que Cristo, com Seu Sangue Precioso, nos resgata por causa do
pecado de Adão. Depois nos recorda do cordeiro imolado no Egito que aponta para o
Verdadeiro Cordeiro que é Cristo Imolado. Celebramos a noite que liberta do pecado,
restitui a Graça e reúne na Comunhão dos Santos. Narra a noite da Ressurreição e nos
lembra que de nada nos valeria ter nascido se por Cristo não fôssemos resgatados,
redimidos. Canta-se com bravura a condescendência da Graça que para resgatar o
escravo, entrega o Filho. Algo impensável.

E o canto paradoxal, quando louvamos a Deus pelo pecado de Adão: oh feliz culpa!

Esta é a chave de leitura para todo escândalo da Cruz – Deus não permitiria o mal se
dele não pudesse tirar um bem maior, nos ensina Santo Agostinho. Aqui, claramente,
se coloca as consequências disso tudo, os frutos dessa Redenção – a escuridão é
iluminada, são afugentados os crimes, são lavadas as culpas, se restitui a inocência aos
pecadores, a alegria aos tristes, derruba os poderosos, dissipa o ódio, restabelece a
concórdia e a paz. Cristo morre e nos dá tudo isso e o mundo parece não notar.
“Felizes os que tem olhos de ver” Somente aos olhos da fé é permitido ver tudo isso,
esses frutos que já estão lá.

E, por fim, uma oração dirigida ao Pai, um sacrifício vespertino que ergue as mãos para
Deus, e a Ele apresenta a Santa Igreja na oblação deste Círio e pede, aceitai!

Conhecemos o sinal glorioso desse coluna de cera, O Círio, continue ali brilhando
durante toda noite. Faz-se uma referência ao trabalho da abelho e os estudiosos
recordam o louvor da abelha feito por Virgílio e então se fala da claridade do Círio,
poeticamente unida as estrelas do céu, mas que anuncia um Luzeiro diferente: o Sol
Nascente que veio nos visitar. Podemos, então, cantar Aleluia, a Glória de Deus porque
O Cristo é o Sol Vencedor que vem dissipar as nossas trevas e dar sentido a nossas
vidas. Que a Páscoa seja isto para nós: uma celebração de ler, narrar e proclamar as
maravilhas de Deus na nossa vida, na nossa história concreta, para podermos enxergar
o dom invisível de Deus no nosso hoje, no hoje de nossa Igreja, no hoje de nossas
vidas.
Exulte de alegria a multidão dos Anjos, Ele pagou por nós ao eterno Pai
exultem as assembleias celestes, a dívida por Adão contraída
ressoem hinos de glória, e com seu Sangue precioso
para anunciar o triunfo de tão grande apagou a condenação do antigo
Rei. pecado.
Rejubile também a terra, Celebramos hoje as festas da Páscoa,
inundada por tão grande claridade, em que é imolado o verdadeiro
porque a luz de Cristo, o Rei eterno, Cordeiro,
dissipa as trevas de todo o mundo. cujo Sangue consagra as portas dos
Alegre-se a Igreja, nossa mãe, fiéis.
adornada com os fulgores de tão Esta é a noite,
grande luz, em que libertastes do cativeiro do
e ressoem neste templo as aclamações Egipto
do povo de Deus. os filhos de Israel, nossos pais,
E vós, irmãos caríssimos, e os fizestes atravessar a pé enxuto o
aqui reunidos para celebrar o Mar Vermelho.
esplendor admirável desta luz, Esta é a noite,
invocai comigo a misericórdia de Deus em que a coluna de fogo dissipou as
omnipotente, trevas do pecado.
para que, tendo-Se Ele dignado, sem Esta é a noite,
mérito algum da minha parte, que liberta das trevas do pecado e da
admitir-me no número dos seus corrupção do mundo
ministros, aqueles que hoje por toda a terra
infunda em mim a claridade da sua luz, creem em Cristo,
para que possa celebrar dignamente os noite que os restitui à graça
louvores deste círio. e os reúne na comunhão dos Santos.
V. O Senhor esteja convosco. Esta é a noite,
R. Ele está no meio de nós. em que Cristo, quebrando as cadeias da
V. Corações ao alto. morte,
R. O nosso coração está em Deus. Se levanta glorioso do túmulo.
V. Demos graças ao Senhor nosso De nada nos serviria ter nascido,
Deus. se não tivéssemos sido resgatados.
R. É nosso dever, é nossa salvação. Oh admirável condescendência da
É verdadeiramente nosso dever, é vossa graça!
nossa salvação Oh incomparável predileção do vosso
proclamar com todo o fervor da alma e amor!
toda a nossa voz Para resgatar o escravo entregastes o
os louvores de Deus invisível, Pai Filho.
omnipotente, Oh necessário pecado de Adão,
e do seu Filho Unigénito, Jesus Cristo, que foi destruído pela morte de Cristo!
nosso Senhor.
Oh ditosa culpa, perfume,
que nos mereceu tão grande Redentor! junte a sua claridade à das estrelas do
Oh noite bendita, céu.
única a ter conhecimento do tempo e Que ele brilhe ainda quando se
da hora levantar o astro da manhã,
em que Cristo ressuscitou do sepulcro! aquele astro que não tem ocaso,
Esta é a noite, da qual está escrito: Jesus Cristo vosso Filho,
A noite brilha como o dia que, ressuscitando de entre os mortos,
e a escuridão é clara como a luz. iluminou o género humano com a sua
Esta noite santa afugenta os crimes, luz e a sua paz
lava as culpas; e vive glorioso pelos séculos dos
restitui a inocência aos pecadores, dá séculos.
alegria aos tristes; Amém.
derruba os poderosos, dissipa os ódios,
estabelece a concórdia e a paz.
Nesta noite de graça,
aceitai, Pai santo, este sacrifício
vespertino de louvor,
que, na solene oblação deste círio,
pelas mãos dos seus ministros Vós
apresenta a santa Igreja.
Agora conhecemos o sinal glorioso
desta coluna de cera,
que uma chama de fogo acende em
honra de Deus:
esta chama que, ao repartir o seu
esplendor,
não diminui a sua luz;
esta chama que se alimenta de cera,
produzida pelo trabalho das abelhas,
para formar este precioso luzeiro.
Oh noite ditosa,
em que o céu se une à terra,
em que o homem se encontra com
Deus!
Nós Vos pedimos, Senhor,
que este círio, consagrado ao vosso
nome,
arda incessantemente para dissipar as
trevas da noite;
e, subindo para Vós como suave
Dividida em quatro partes: liturgia da luz, liturgia da Palavra, Liturgia Batismal, Liturgia
Eucarística

1- Liturgia da Luz – Círio Pascal é aceso em fogo abençoado pelo Sacerdote,


significando a Luz que emana de Cristo. O Cântico – “Exulte”, composto no sec.
V, é realizado após as velas todas da Igreja serem acesas. Nele começamos nos
dirigindo ao Céu, depois à Criação, em seguir à Igreja. No parágrafo 11 deste
hino, louvamos ao pecado de Adão pois fez necessário Cristo.
2- Liturgia da Palavra – 1° Criação; 2° Abraão; 3° Moisés; 4° até o 7° leituras
proféticas (2 Isaías, 1 Baruc, 1 Ezequiel) – Esta Liturgia nos leva pelo caminho da
Salvação: começa com a Criação e finaliza com a Ressurreição no Evangelho. A
Epístola refere-se ao Batismo quando somos convidados a assumir a Palavra de
Deus em nossas vidas. “Não devemos passar nenhum dia sem meditar a Paixão
do Senhor.” São Padre Pio de Pietrelcina
3- Liturgia Batismal – realiza batismo de adultos; renovação das promessas dos já
batizados. (precisamos fazer um exame de consciência a partir das promessas
de nosso batismo/crisma – será que estou vivendo de acordo com essas
promessas?); ladainha de todos os Santos – clamamos a intercessão dos
grandes santos da Igreja Católica – comunhão dos Santos
4- Liturgia Eucarística – Neste momento o Tríduo Pascal se torna atual – o mesmo
Sacrifício se torna presente, real – ZICARON – O Sacerdote ergue a Hóstia e a
consagra – neste momento a Paixão do Senhor se torna presente e a
Ressurreição do Senhor se manifesta na Comunhão, na qual Ele se faz presente
em nós, vive em nós!

“Eu vivo, mas não eu, é Cristo quem vive em mim.” Gal 2,20

Nesta Vigília Pascal, Deus nos toma pela mão e nos conduz ao Céu. Esta é nossa
Vocação! Esse caminho tem um nome: SANTIDADE.

“Acorda, tu que dormes!” Is 26,19; 60,1 Ef 5,14

O Senhor morreu por nós! Que eu não passe um único dia de minha vida sem pensar e
sem anunciar Cristo! Que Cristo esteja presente em nós sempre!

A segunda Missa é celebrada no DIA da RESSURREIÇÃO, a partir da manhã do


Domingo. Está iniciado o TEMPO PASCAL que terminará no DOMINGO de
PENTECOSTES, “oitava real” da PÁSCOA, isto é, Oitava de semanas e não, de dias.
Paramento branco durante todo o tempo.

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