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Henrique olhava pensativo em direção da ilha.

Depois disse: — Vou ver se arranjo uma canoa.

Quico ficou feliz: — Você sabe mesmo remar?

Henrique perguntou: — Por que chamam de Ilha Perdida? Quico explicou: Só porque parece
mesmo perdida no meio do rio e já a chamavam assim.

Os primos ficaram interessados:

— Mora gente lá? Chame o Bento para perguntar.

Quico e Oscar começaram a gritar com toda a força: — Bento! Oh! Bento! Vem cá! E Bento
respondeu: — Já vou!

Quando Bento chegou, Henrique perguntou:

- Bento, você sabe se mora gente naquela ilha? Bento respondeu: — Ouvi dizer que lá morava
um homem ruim, mas nunca vi, não sei se é verdade.

Eduardo levantou-se e perguntou pra Bento: — Você nunca viu mesmo nada? Nem um sinal de
que há gente lá?

Bento hesitou, mas falou: — Pra dizer a verdade, uma vez vi uma fumacinha saindo do meio
daquelas árvores.

Oscar perguntou: — E você não teve vontade de ir ver o que era?

— Não, eu ainda era pequeno.

Quico disse: — E por que não nos contou isso antes? Bento respondeu: — Ué! Nunca ninguém
perguntou nada. Agora perguntaram, respondi.

Desse dia em diante, Henrique e Eduardo não falaram mais na ilha, mas não pensavam noutra
coisa. Um dia Henrique contou um segredo a Eduardo: - Descobri uma canoa velha amarrada
lá embaixo.

Eduardo quase engasgou de emoção, com o que estava comendo:

- Não diga! Estará boa para navegar?

- Não examinei muito bem; corri primeiro para avisar você.

- Então vamos ver.

Saíram correndo para o lado do rio; nem ouviram a voz da madrinha:

- Não demorem muito, parece que vem chuva.

Passaram no meio de moitas e galhos de arbustos, foram ver a canoa amarrada na margem do
rio. E decidiram não falar pra ninguém.

Os dois estavam muito animados, porque iriam ver a tão desejada ilha.

Quando chegaram próximo a canoa, Eduardo observou:

— Está bem velha, Henrique; é capaz de encher d´água. Henrique disse: Eu acho que está bem
boa. A gente poderia arrumar.
Henrique pulou pra dentro e começou a rir e Eduardo disse: - Temos que arranjar muita coisa
pra arrumar a canoa.

— Temos que levar coisas pra gente comer e beber.

Voltaram para casa depois de meia hora, e não conseguiram dormir. Tiveram uma ideia de
esconder a canoa.

Depois foram pedir uma corda para o Nhô Quim, que deu para eles uma corda velha.

Depois arranjaram uma estopa com a Dona Eufrosina e piche numa lata encostada num canto
da casa, para arrumar a canoa.

Então decidiram ir, e com toda calma, Henrique havia depositado o remo quebrado no fundo e
com o outro impelia a canoa para longe da margem. Ela começou a deslizar rio abaixo e
Eduardo sentiu o coração dar um salto dentro do peito. Pensou coisas horríveis nesse
momento: «E se Henrique perdesse aquele remo? E se não soubessem voltar? E se o rio
enchesse mais?»

Mas Henrique sabia mesmo remar e foram deslizando no rio com a canoa.

A canoa descia vagarosamente. Viram lindos pássaros nas margens; outros passavam gritando
sobre as cabeças dos dois. O dia prometia ser esplêndido. A canoa começou a balançar de um
lado para outro e Eduardo ficou assustado, mas não disse nada.
A canoa foi indo... foi indo... Eduardo, olhou a outra margem; não havia nem sinal de gente,
nem de casas para lado algum. Era só vegetação e água.

A canoa foi descendo o rio, seguindo o curso das águas. Viram árvores enormes, flores roxas e
vermelhas; olhavam sempre para as margens à procura de gente ou casas, mas só viam água e
árvores.

Depois de algumas horas, avistaram a ilha. Eduardo foi o primeiro e deu um grito de satisfação:

- Henrique, veja! É a ilha!

Lá estava ela, toda verde e bonita. Árvores frondosas dominavam-na. Foram se aproximando
cada vez mais, mudos de espanto e alegria.

Com o remo entre as mãos, Henrique empurrava a canoa em direção à ilha. A canoa parecia
querer descer o rio abaixo porque as águas tinham muita impetuosidade; afinal Henrique
conseguiu fazê-la aproximar-se da terra. Com um suspiro de satisfação, os dois meninos
pularam para fora da canoa, afundando os pés na lama das margens.

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