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Alguns fungos são patogénicos, isto é, possuem a capacidade de provocar doença. A sua patogenicidade
pode estar relacionada com um crescimento descontrolado, como acontece em Candida albicans.
O fungo Candida albicans tem um conjunto de características especiais que o tornam num
microrganismo patogénico único. Por exemplo, tem um sistema de morfogénese altamente sofisticado que
lhe permite apresentar várias formas, alterando a sua morfologia em resposta a estímulos ambientais. Estes
fungos podem reproduzir-se por via clonal ou por via parassexual (fusão de duas hifas que possuem núcleos
geneticamente diferentes).
Cientistas portugueses participaram na descoberta de um padrão alterado no código genético de Candida
albicans. Neste organismo, o codão UGC, que codifica para o aminoácido de leucina, é descodificado como
serina, através de um RNA de transferência mutante.
Esta alteração ao código genético, entre outras alterações, modifica significativamente a expressão
genética e a fisiologia do género Candida, apoiando a teoria segundo a qual a evolução de códigos genéticos
alternativos representa um mecanismo que pode conduzir ao aparecimento de novas espécies e ao aumento
da patogenicidade.
Na Tabela 1, estão registados os resultados de um estudo de sequenciação do genoma de várias espécies
filogeneticamente relacionadas com o género Candida.
TABELA 1
Tamanho Tamanho
Conteúdo Tamanho
do N.º de das zonas Patogeni-
Espécies de bases médio do Ploidia
genoma genes intergénicas cidade
GC (%) gene (Pb)
(Mb) (Pb)
C. albicans WO-1 14,3 33,5 6159 1444 921 Diploide ++
C. albicans SC5314 14,3 33,5 6107 1468 858 Diploide ++
C. tropicalis 14,5 33,1 6258 1454 902 Diploide ++
C. parapsilosis 13,1 38,7 5733 1533 752 Diploide ++
L. elongisporus 15,4 37,0 5802 1530 1174 Diploide –
C. guilliermondii 10,6 43,8 5920 1402 426 Haploide +
C. lusitaniae 12,1 44,5 5941 1382 770 Haploide +
D. hansenii 12,2 36,3 6318 1382 550 Haploide –
Mb Megabases
Pb Pares de bases
++ Fortemente patogénicas
+ Moderadamente patogénicas –
Raramente patogénicas
1. Segundo a classificação de Whittaker modificada (1979), Candida albicans pertence ao reino Fungi e é um ser
(A) o conteúdo de bases GC é tanto menor quanto maior for o número de genes.
5. A reprodução por gemulação em Candida albicans predomina quando as condições do meio são
Herbert Taylor, em 1957, a fim de compreender a evolução dos cromossomas durante um ciclo celular,
cultivou raízes de uma planta vascular, Bellevalia romana, em dois meios de cultura inorgânicos, meios de
cultura 1 e 2, aos quais adicionou colchicina numa baixa concentração, bloqueando desta forma a migração
dos cromatídeos para pólos opostos. As raízes foram inicialmente cultivadas no meio de cultura 1, ao qual se
acrescentaram nucleótidos de timina marcados radioactivamente com trítio (H3). Após algum tempo de
permanência no meio de cultura 1, dois grupos de raízes foram transferidos para o meio de cultura 2, tal
como se representa na Figura 8, permanecendo neste meio por diferentes períodos de tempo.
A Figura 9 representa, esquematicamente, os cromossomas de células das raízes de Bellevalia romana
mantidas no meio de cultura 2 durante tempos diferentes, tempo A e tempo B, nos quais os grãos escuros
revelam a presença de radioactividade.
Investigações recentes indicam que, numa sequência de DNA, pode haver duas ou mais informações
codificantes, uma principal e outras que levam à produção de uma ou mais proteínas alternativas (proteínas
fantasma 1 e 2 – Figura 4). Descobriu-se que cada mRNA pode ser lido de várias maneiras, originando
proteínas diferentes que coexistem na célula.
Em células estaminais de rato, mais de metade dos locais onde se ligam os ribossomas não corresponde
aos locais de iniciação conhecidos. Foram sequenciados todos os mRNA de neurónios de rato e, entre as 250
novas proteínas, algumas são resultantes de sequências codificantes alternativas.
Recentemente, foi também identificado em ratos um mRNA resultante de uma região intergénica, que era
identificada como não codificante. O novo gene tem três exões e apenas é expresso em células pós-meióticas.
Ribossoma Aminoácidos
Sequência codificante Sequência não codificante
Proteína de referência
Alteração no local
de iniciação
Proteína fantasma 1
Proteína fantasma 2
Processamento Alternativo
Figura 3
Na resposta a cada um dos itens de 1 a 7, seleccione a única opção que permite obter uma afirmação correcta. Escreva, na
folha de respostas, o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.
4. Numa célula eucariótica, a sequência dos acontecimentos que conduzem à síntese de uma proteína é
5. Dada a sequência de nucleótidos 5’ AATGCCTTG 3´, pertencente a uma das cadeias de DNA, a sequência
de nucleótidos da cadeia complementar é
O estudo do ciclo celular tem implicações práticas no campo da saúde humana. O cancro, por exemplo, é
uma doença que resulta, entre outros aspetos, do facto de a célula perder o controlo da sua divisão.
As células possuem diversos mecanismos de regulação e de controlo do ciclo celular. A Figura 3
representa esquematicamente um ciclo celular, cujos mecanismos de regulação estão relacionados com
determinados genes e com complexos proteicos citoplasmáticos, formados pela ligação de dois tipos de
proteínas: as CDK e as ciclinas. Em todas as células eucarióticas, a progressão do ciclo celular é
controlada pelas sucessivas ativação e inativação de diferentes complexos ciclina-CDK. A ativação e a
inativação destes complexos estão dependentes da transcrição e da proteólise (lise proteica), respetivamente.
Y
Z
X
Ciclo celular
(A) Q e Q/2.
(B) Q e 2Q.
(C) Q/2 e Q.
(D) 2Q e Q.
2. Refira a fase da mitose em que se encontra cada uma das células identificadas com os números 1 e 2 na Figura 3.
4. As ciclinas são proteínas que determinam a progressão do ciclo celular. A ciclina B promove o desenvolvimento da
fase mitótica, nomeadamente a desorganização do invólucro nuclear e a condensação dos cromossomas.
6. Explique de que modo a exposição a determinados tipos de radiação, como os raios UV, pode contribuir para o
aumento da possibilidade de desenvolver cancro, considerando que algumas proteínas contribuem para o controlo do
ciclo celular.
GRUPO II
Em 1961, Marshall Nirenberg e James Matthaei foram os autores do primeiro grande avanço na
decifração do código genético. Nas suas experiências utilizaram extratos celulares da bactéria Escherichia
coli e oligonucleótidos sintéticos, em vez de mRNA natural, como informação padrão para a síntese proteica.
Com o extrato celular de E. coli, preparou-se um sistema de reação completo, com todos os componentes
necessários à síntese proteica, incluindo um RNA sintético formado apenas com nucleótidos de uracilo (poli-
U). Foram realizados vários ensaios, nos quais se testou individualmente cada um dos 20 aminoácidos. Para
tal, o aminoácido testado encontrava-se marcado radioativamente. Na Tabela 1, está registada a incorporação
nas proteínas, em diferentes condições experimentais, do aminoácido fenilalanina marcado radioativamente.
Aos ensaios 2 e 4 não foram adicionados, respetivamente, poli-U e ATP. No ensaio 3 foram extraídos os
ribossomas. Os ensaios 5 e 6 e os ensaios 7 e 8 continham, respetivamente, os antibióticos puromicina e
cloranfenicol e as enzimas hidrolíticas RNAase e DNAase.
Noutras experiências, Nirenberg e Matthaei mostraram que a síntese de um péptido constituído por
resíduos do aminoácido lisina estava dependente da adição de poli-A, um RNA formado apenas com
nucleótidos de adenina, ao sistema de reação; o mesmo acontecia com a adição de poli-C, um RNA formado
apenas com nucleótidos de citosina, que era específico para a síntese de um péptido constituído apenas pelo
aminoácido prolina.
Gobind Khorana, agraciado com o Prémio Nobel da Fisiologia ou Medicina em 1968, tal como Marshall
Nirenberg, realizou diversas experiências que contribuíram definitivamente para a decifração do código
genético. A partir de polímeros de ribonucleótidos, de sequência conhecida, demonstrou que a repetição de
dois nucleótidos alternados n vezes, por exemplo (UC) n, contém informação necessária à síntese do péptido
(ser-leu)n, em que UCU codificava a incorporação do aminoácido serina e CUC codificava a incorporação do
aminoácido leucina.
TABELA 1
Radioatividade
Ensaio Condições experimentais emitida por mg de
proteína por minuto
Baseado em M. W. Nirenberg e J. H. Matthaei, «The dependence of cell-free protein synthesis in E. coli upon naturally occurring
or synthetic polyribonucleotides», Proceedings of the National Academy of Science, 47, 1961 e em
www.nobelprize.org/nobel_prizes/medicine/laureates/1968/khorana-lecture.html
1. A etapa da síntese proteica evidenciada nas experiências de Nirenberg e Matthaei é designada por
(A) tradução.
(B) transcrição.
(C) replicação.
(D) processamento.
(A) ribossomas.
(B) ATP.
(C) DNA.
(D) poli-U.
3. As experiências de Gobind Khorana demonstraram que a informação utilizada diretamente na síntese de um péptido
se encontra na sequência de conjuntos de
6. Estudos recentes mostram que a puromicina pode ser utilizada como agente antitumoral.
Explique, fazendo referência aos resultados registados na Tabela 1, por que razão a puromicina pode ser utilizável no
tratamento de tumores.