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Revista de Jovens e

Adultos da Convenção
Batista Fluminense
Ano 17 - n° 70 - 4T2021
Sumário
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3 Palavra Missionária
Revista evangélica
trimestral da Convenção
5 Primeiras Palavras
Batista Fluminense. 9 Palavra do Redator
O intuito desta revista
é servir de material de
11 Apresentação – Quem Escreve
educação religiosa acerca
do que é ensinado na
14 Lição 1 Vivendo pela Fé: Romanos

Palavra de Deus, pela


leitura e interpretação dos 18 Lição 2 A Unidade Cristã: 1 Coríntios
escritores destas lições.
Esta revista não é um 22 Lição 3 O Ministério da Reconciliação: 2 Coríntios
manual para a vida cristã,
é apenas um material de
auxílio educacional. Antes
27 Lição 4 O Evangelho da Graça: Gálatas

de tudo leia a Bíblia, que


é a Palavra de Deus. 31 Lição 5 Regenerados para Servir: Efésios

Publicada pela Convenção 35 Lição 6 A Alegria para Servir: Filipenses


Batista Fluminense, sob
cuidado do Departamento
de Educação Religiosa
39 Lição 7 A Supremacia de Cristo: Colossenses

e produção do DECOM
(Departamento de 44 Lição 8 À Espera do Mestre: 1 Tessalonicenses
Comunicação).
49 Lição 9 Não Tema o Fim: 2 Tessalonicenses

54 Lição 10 Vivendo Acima da Média: 1 Timóteo

60 Lição 11 Não Desanime!: 2 Timóteo

66 Lição 12 Ponha em Ordem: Tito

(21) 2620-1515
71 Lição 13 O Amigo Próximo: Filemom
contato@batistafluminense.org.br
Rua Visconde de Morais, 231
Ingá, Niterói/RJ - CEP 24210-145 76 Ficha Técnica
Palavra Missionária

Gratidão

Este ano fomos desafiados pelo que proporcionaram aos nossos


tema É TEMPO DE RECONSTRUIR missionários momentos inesquecí-
a pensar na necessidade de como veis. Temos a certeza de que o Se-
igreja investirmos na propaga- nhor nos uniu em um projeto maior
ção da palavra de Deus para for- que é a expansão de seu Reino no
talecer os relacionamentos com estado. Isso ficou claro diante dos
Deus, Igreja, Família, Sociedade/ novos desafios missionários que
amigos e com nossas próprias surgiram, mas principalmente ao
emoções. Realizamos uma cam- vermos o grande exército que se
panha de Missões Estaduais com levantou para cumprir a missão.
a divisa em Neemias 2.18, levando
as igrejas a responderem ao con- Nossa palavra é de GRATIDÃO. Aos
vite de nossos missionários: “Sim, pastores, promotores de missões
vamos começar a reconstrução”. e famílias das igrejas que com-
põem o campo fluminense. Os
A pandemia tornou o momento ain- irmãos são o suporte que preci-
da mais desafiador, mas esta cam- samos para fazer com que a obra
panha já está marcada pela che- se realize. Nossa equipe é grata
gada de novos mobilizadores nas pela contribuição de cada igreja
cidades, interação maior de promo- e por nos permitir continuar rea-
tores de missões e a participação lizando os projetos missionários.
crescente de igrejas que realizaram Muito obrigado!
a campanha de missões estaduais
pela primeira vez e com boa contri-
buição dos membros. No amor de Cristo,
Equipe de Missões Estaduais da
Muitas ações impactaram nos-
Convenção Batista Fluminense
sas vidas e nos deixaram gratos a
Deus diante da criatividade, envol-
vimento e engajamento dos irmãos

3
Primeiras Palavras
Pr. Amilton Ribeiro Vargas
Diretor Executivo da CBF
Membro da PIB Universitária do Brasil

Atitudes
Espirituais
Corretas Trazem
Bênçãos

Quero iniciar essa breve refle- rial, o que se testifica pela palavra
xão lembrando da importância de de Deus. Veja o que diz Paulo a Ti-
considerarmos primordialmente a móteo: “O exercício corporal é bom,
essencialidade daquilo que Deus porém o exercício espiritual é muito
considera mais importante. Deus mais importante, e é um revigoran-
não se impressiona com suntuo- te para tudo o que você faz. Por-
sidade de templos, conquistas do tanto, exercite-se espiritualmente
mundo material objetivo ou com e empenhe-se em ser um cristão
as coisas que brilham aos nossos cada vez melhor, porque isso o aju-
olhos, como disse o poeta Antoine dará, não só agora, nesta vida, mas
de Saint-Exupéry, “l'essentiel est também na vida futura.” (1 Timóteo
invisible aux yeux” (o essencial é in- 4:8)
visível aos olhos), em sua obra “Le
petit Prince” (O pequeno Príncipe). As pessoas são mais importan-
Só Deus pode ver nossas atitudes tes do que as coisas. A intenção,
e sentimentos mais interiores. Isso que é invisível aos nossos olhos,
é importante! Deus enxerga e valoriza mais do
que a própria atitude, pois Deus não
O Deus que se revelou em Je- prioriza o exterior: “O Senhor, contu-
sus Cristo sempre destacou que o do, disse a Samuel: "Não considere
Espiritual prevalece sobre o mate- sua aparência nem sua altura, pois

5
eu o rejeitei. O Senhor não vê como têm nenhum significado para Deus,
o homem: o homem vê a aparência, se não experimentarmos a presen-
mas o Senhor vê o coração" (1 Sa- ça do Senhor, se a “Shekinah” (pre-
muel 16:7). sença do Senhor) não nos fizer cair
de joelhos em sua presença, con-
Jesus Cristo, declara que Deus forme na consagração do “Templo
vê além das aparências: “Eu, po- de Salomão”.
rém, vos digo, que qualquer que
olhar para uma mulher com inten- Em recente diálogo com o Pr.
ção impura, em seu coração, já co- Manoel Lincoln Menezes, ele lem-
meteu adultério com ela.” (Mateus brou: “Deus vê a essência”, e não a
5: 28). Nem sempre o que encanta coisa objetiva que nos atrai. Deus
nossos olhos é o que está chaman- não olhou para a suntuosidade do
do a atenção dos olhos do Senhor. templo que estava sendo consa-
Nosso sucesso, vitórias, grandes grado a Ele, mas recebeu a adora-
empreendimentos e realizações ção, manifestou a sua presença, e
extraordinárias não impressionam a orientou: “E se o meu povo, que se
Deus. O dinheiro e todos os maiores chama pelo meu nome, se humi-
bens que possamos conseguir não lhar, e orar, e buscar a minha face

6
e se converter dos seus maus ca- da religiosidade, estabelecendo
minhos, então eu ouvirei dos céus, quatro atitudes que demonstram
e perdoarei os seus pecados, e sa- que temos comunhão com Ele e
rarei a sua terra.” (2 Crônicas 7:14) são condições para que as bênçãos
aconteçam: “se humilhar, e orar, e
De modo simples e com muita buscar a minha face, e se converter
humildade, lembro que Deus não dos seus maus caminhos.”
se impressionou com a maravilha
arquitetônica da época, não man- Depois de estabelecer condi-
dou erigir grandiosos monumen- ções, Ele promete as bênçãos de-
tos, muito menos pediu coisas. Ele correntes: “então eu ouvirei dos
sugeriu atitudes de intimidade com céus, e perdoarei os seus peca-
ele, atitudes interiores que só Ele dos, e sararei a sua terra.”
pode avaliar e legitimar como sin-
ceras. Precisamos sempre estar aten-
tos e, com humildade, seguir a
Ao povo condicionou atitudes orientação de Deus, pois assim se-
que revelam espiritualidade acima remos abençoados.

7
Palavra do Redator
Pr. Alonso Colares
Pastor da Igreja Batista de Vera Cruz,
Campos dos Goytacazes (RJ) e
Diretor da FABERJ

“E tende por salvação a longanimi- tem estado nos consolando, confor-


dade de nosso Senhor; como também o tando, encorajando e nos desafian-
nosso amado irmão Paulo vos escreveu, do a avançar ainda mais.
segundo a sabedoria que lhe foi dada; Fa-
lando disto, como em todas as suas epís- Nós temos sido instados a (re)co-
tolas, entre as quais há pontos difíceis de meçar e (re)construir via esperança
entender, que os indoutos e inconstantes renovada, assim como a observar
torcem, e igualmente as outras Escrituras,
e obedecer aos mandamentos do
para sua própria perdição. Vós, portanto,
amados, sabendo isto de antemão, guar-
Senhor, para, então, servirmos com
dai-vos de que, pelo engano dos homens excelência e amor no exercício da
abomináveis, sejais juntamente arrebata- mordomia cristã. Agora, nesse últi-
dos, e descaiais da vossa firmeza; Antes mo trimestre, estaremos estudando
crescei na graça e conhecimento de nosso as Epístolas para o nosso tempo.
Senhor e Salvador, Jesus Cristo. A ele seja Nesse viés, portanto, refletiremos
dada a glória, assim agora, como no dia no que tange às epístolas do Após-
da eternidade. Amém.” 2 Pedro 3:15-18 tolo Paulo, fechando com ‘chave de
É com grande satisfação que, ouro’ um ano de estudo sobre temas
entregamos as lições do quarto tri- inspiradores.
mestre do corrente ano. Sem dúvi- Destarte, objetivando auxiliar
da alguma, esse tem sido um ano você nessa tarefa, as lições foram
de enormes desafios. Todavia, se escritas pelo experiente teólogo
fizermos uma breve avaliação acer- e acadêmico, Pr. Ronaldo Silveira
ca desse período em nossa história, Motta. Indubitavelmente, muito nos
veremos que a ‘boa mão do Senhor’

9
abençoará as suas reflexões e apli- de realizações, nos despedimos
cações acerca desse infindável te- de mais um ano de aprendizado e
souro de lições alicerçado nas epís- crescimento na Palavra do Senhor.
tolas paulinas. Que o nosso Deus abençoe, po-
derosamente, as igrejas do nosso
Nesse prisma, então, expressa-
amado campo batista fluminense, e
mos a nossa gratidão, especialmen-
que nos use para a Sua Glória nes-
te, a Deus pela instrumentalidade
se novo ciclo, o qual se inicia. Feliz
desse precioso obreiro do nosso
2022! Em nome de Jesus, amém!
campo fluminense, bem como à
equipe de revisores da Faculdade Nossa oração é que, o SENHOR
Batista do Estado do Rio de Janei- nos faça crescer por meio do estu-
ro – FABERJ e, também, ao Depar- do dessas lições e que, as mesmas
tamento de Comunicação da nossa sejam um marco em nossa vida para
Convenção Batista Fluminense pelo realizarmos o propósito do SENHOR:
empenho e dedicação na elabora- sermos ‘sal’ e ‘luz’ em um mundo
ção desse belo layout da revista. caído.
Por fim, com votos de um Fe- Que o SENHOR nos abençoe e
liz Natal e um Ano Novo repleto nos guarde!

Apresentação
Quem Escreve
Pr. Ronaldo Silveira Motta
Formou-se em Teologia pelo
Seminário Teológico Batista Flu-
minense e em Direito. É mestre
em Teologia. Casado com San-
tafé Nunes Campos Motta e pai
de Rebeca e Débora. Atualmente
coopera com a Igreja Batista Co-
paleme (RJ).

11
Data do estudo Lição 1
Texto base: Romanos 1:1-8

Vivendo pela Fé
A Carta aos Romanos

Hoje estudaremos a carta de Paulo Por isso, vamos nos deter apenas em
aos Romanos. Essa carta é conside- alguns aspectos importantes para os
rada por muitos uma das mais impor- dias de hoje e sua aplicação, de forma
tantes de Paulo. Além de ser a maior a trazer bênção e desafio para se viver
em volume é também muito influen- uma vida relevante em nossa socie-
te, base dos estudos doutrinários de dade.
grandes teólogos e pensadores cris-
Vamos assim nos deter em apenas
tãos.
3 pontos: como se manifesta a ira de
A mensagem central de Paulo nes- Deus contra o pecado humano; como
sa carta é apresentar a sua visão do o ser humano pode ser justificado; e
evangelho de Cristo, na qual a condi- a santidade de vida como correspon-
ção de condenação humana é apre- dente humano.
sentada, mas a justificação pela graça
é a alternativa mostrada, e a santida-
de é um chamamento a um novo es-
1. Pecado e ira de Deus
tilo de vida. Ela tem uma mensagem
(1.18-32)
atual, pois todo ser humano precisa Quando vemos nosso mundo em
de uma mensagem de esperança redor, não temos dúvida de que al-
em meio ao pecado. Não temos aqui guma coisa está errada com a hu-
como discorrer sobre todos os temas manidade. Basta olhar para a história
apresentados em seus 13 capítulos.

14
humana com todas as suas guerras, prestar culto a divindade superior, ele
sofrimento e toda sorte de desordem, passa a adorar a si próprio, os animais,
como também as notícias de muita ou qualquer outro objeto criado (1:23).
tristeza que encontramos ao abrirmos Então, Deus permitiu ao homem se-
os jornais a cada manhã. Bem perto guir o seu caminho sozinho. Isso sig-
de nós, em nossa família, no local de nifica que Deus:
trabalho, quantos estão sofrendo e
a) Os entregou à concupiscên-
fazendo outros sofrerem? Assim era
cia dos seus corações (1:24-25) e aos
o sentimento de Paulo quando che-
seus próprios desejos carnais para
gou a Roma, uma cidade cosmopo-
desonrarem seus próprios corpos. A
lita, capital do mundo de sua época,
mentira prevaleceu e levou o homem
mas com tantas injustiças e atroci-
a servir a criatura ao invés do Criador,
dades. Em 1:18-32 ele apresenta a Ira
que é bendito eternamente. Amém!
de Deus como o resultado diante de
tanta pecaminosidade. Ali está um b) Os abandonou às paixões in-
raio X da humanidade, mostrando a fames (1:26-27) e a praticar atitudes
perdição que está destinada ao ser piores do que fazem os animais irra-
humano. Paulo expressa que a bon- cionais – que agem apenas por ins-
dade do Deus Criador pode ser per- tinto. Homens e mulheres deixaram
cebida em todo lugar (1:19-20). Deus de lado a natureza, conforme foram
já se manifestou pela criação e tem criados por Deus, inflamaram-se na
se revelado através de sua bondade, homossexualidade e se dedicam a
suprindo a vida humana com todas todos os pecados relacionados à se-
as bênçãos. A sua divindade pode xualidade, ultrajando o seu próprio
ser entendida claramente com um corpo, que é templo do Espírito Santo.
espírito humilde e submisso, através
das coisas que foram criadas. “Ines- c) Os entregou aos sentimentos
cusáveis” é o termo que significa que perversos (1:28-32), porque não se
não há desculpas para o fato de não importaram em conhecer o seu Cria-
se crer em Deus. Verdade é que to- dor. A delinquência se generalizou, e
dos podem conhecer a Deus em seu o homem faz coisas que não convêm,
entendimento (1:21-22), pois todas as cheios de todo delito. Veja a lista dos
pessoas têm a imagem de Deus im- pecados relacionados no texto: ini-
pregnada em sua mente, mas não o quidade, fornicação, malícia, avareza,
fazem, e ainda querem se colocar no maldade; cheios de inveja, homicídio,
lugar de Deus, fazendo-se sábios aos contenda, engano, malignidade; Sen-
seus próprios olhos, o que na verda- do murmuradores, detratores, aborre-
de não passa de loucura, pois o ser cedores de Deus, injuriadores, sober-
humano é apenas pó da terra sem o bos, presunçosos, inventores de males,
fôlego divino. No entanto, pela ne- desobedientes aos pais e às mães;
cessidade inerente ao ser humano de Néscios, infiéis nos contratos, sem

15
afeição natural, irreconciliáveis, sem ninguém jamais merecerá, por isso
misericórdia; que é um presente, é graça, advinda
de um alto preço pago por Jesus na
Tudo isso que acabamos de ver
Cruz, com seu o sangue derramado
é fruto da incredulidade. Mas como
(3:24-28). Outro aspecto dessa justiça
deveria viver o homem? O homem é
divina é que ela é universal. Ela está
chamado para viver pela fé (1:17). Este
disponível para todas as pessoas de
é o ponto central da vida humana. É
todas raças, tribos, línguas e nações
o ponto de convergência onde ele
da Terra. Não está presa a uma nação
pode deixar aquela vida sub-humana
ou credo religioso. Paulo usa termos
e passar a viver a vida com Deus: Mas
como circuncisos e incircuncisos para
o justo viverá pela fé.
mostrar essa realidade, ou seja, os
judeus descendentes de Abraão e
2. Justiça divina, os gentios (3:29-31). Quantas pessoas
justificação para ainda estão perdendo o privilégio da
o homem (Cap. 3) salvação!

O Deus criador é o justo juiz de toda


3. Santidade de vida
a terra pecaminosa. Por que Deus
precisa julgar? Porque ele é santo e
(Cap. 8)
porque não há nenhum ser humano Outro ponto da mensagem do
que não seja responsável pelos seus evangelho que Paulo expõe na sua
feitos pecaminosos. Todos, sejam ju- carta aos Romanos é a santidade (8:1-
deus ou gentios, têm a mesma condi- 2). A justiça de Deus em Cristo retira
ção iníqua perante a santidade divina. de nós toda a condenação e, a partir
Que Deus faça justiça é o anseio de de então, não andamos segundo a
todos que sofrem injustiça. Há uma carne, mas segundo o Espírito. Que
promessa feita desde a separação do é isso senão viver em santidade?! É
homem e seu criador, fruto do gran- assim que acontece com você? Deus
de amor de Deus. Na eternidade (Ap. nos chama para a santidade de vida,
13:8), Ele estabeleceu a forma pela porque esse é o melhor estilo de vida,
qual homens pecadores poderiam se visto que é a vida de Deus, pois a lei do
relacionar novamente com Ele. Essa Espírito de vida, em Cristo Jesus, nos
promessa foi sendo anunciada na livra da lei do pecado e da morte. Há
história através da Lei e dos profetas, na natureza humana uma necessida-
que culminaria com a chegada de um de intrínseca de buscar o que é reto,
Redentor, o Justo que morreu pelos o gosto pelo que é bom, atraído pela
pecadores. Esse novo estado de jus- beleza e pela estética. Desde todos
tiça é recebido unicamente pela fé os tempos, o homem procurou seguir
na obra de Cristo (3:22-23) e é, tam- regras, normas para o seu bem-estar.
bém, conferido gratuitamente, pois São limites autoimpostos para sua

16
própria sobrevivência. A Lei foi dada Para pensar e agir
por Deus para que o homem pudesse
ver seus limites e imperfeições, pois 1. Quando olhamos a natureza, sua
jamais seria possível cumprir toda a beleza e grandiosidade, vemos que
Lei. Imaginemos Paulo, em seu de- toda a criação aponta para o Criador.
sejo de ser santo, cumprindo a Lei, Por que o ser humano precisa ado-
mas nunca alcançando a perfeição! rar a criatura, aves, animais e objetos
A única alternativa é a Lei do Espírito, criados em lugar do Criador? Quando
que nos é dado quando recebemos o acontece assim, Deus permite o ho-
Filho de Deus pela fé. Uma vez ado- mem seguir o seu caminho, entre-
tados por Deus, recebemos todas as gando-o à própria sorte.
bênçãos do Espírito Santo e temos a 2. Pense e reflita sobre a situação
possibilidade de vitória sobre a carne. de permissividade que aflora em
Estamos abertos para todas as bên- nossa sociedade, como homosse-
çãos do Espírito Santo, sua direção, xualidade, adultério, crimes etc. Pela
testemunho e a certeza da herança palavra que estudamos tudo isso é
que nos está reservada. (8:14-17). consequência do afastamento de
Deus. Mas Jesus é a justiça de Deus
Conclusão para todo aquele que busca socorro
e salvação. E isso se alcança somente
Estudamos que a realidade dura pela fé.
da humanidade está baseada numa
vida de pecado, afastada de Deus e 3. Ser santo no mundo e agir como
sujeita a Sua ira, não no sentido de um tal é resultado da ação do Espírito
Deus caprichoso que está sentado no Santo na nossa vida. Precisamos pre-
céu a atirar flechas de trovões e re- gar a mensagem redentora e orar em
lâmpagos a quem fizer coisa errada. favor daqueles que estão vivendo
Não. Deus simplesmente permite que ainda no pecado.
o homem viva distante dele, fora dos
limites e recebendo as consequên-
cias de seus feitos, que é a morte
Leitura Diária
física e eterna. Mas Deus é tão justo
e bom que trouxe salvação quando SEG Romanos 1:1-17
Cristo suportou a morte por nós cum- TER Romanos 1:18-32
prindo toda justiça. A redenção é um
QUA Romanos 2:1-16
privilégio tão grande que requer de
nós um estilo de vida do céu, uma QUI Romanos 3:1-20
vida santificada aqui na terra. E é o Es- SEX Romanos 3:21-31
pírito Santo, que habita em nós, que
SÁB Romanos 8:1-17
vai promover a vitória sobre a carne.
DOM Romanos 8:18-30

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Data do estudo Lição 2
Texto base: 1 Coríntios 1:10

A Unidade Cristã
A Primeira Carta aos
Coríntios

A igreja de Cristo é formada por norantes e não sabiam nem o básico


seres humanos que ao se converte- sobre a vida cristã. Foi preciso Paulo
rem trazem consigo toda a história usar a expressão “não sabeis” várias
de vida, seu passado e presente, com vezes para convencê-los do erro, es-
suas tradições e costumes. Na igreja pecialmente aos que achavam que
de Corinto isso se acentuava de tal sabiam tudo. Provavelmente Paulo
maneira que havia muita dificuldade escreveu essa primeira carta da cida-
na mente dos crentes em praticar o de de Éfeso, onde ficou por mais de
novo padrão bíblico. Paulo recebeu dois anos, por volta do ano 55 d.C.
uma carta que relatava questões re-
Vejamos os problemas da igreja
lacionadas ao casamento e celibato,
em Corinto e se há alguma relação
oferendas aos ídolos, o culto público
com a igreja atual.
e dons espirituais, além de desvios
na conduta de vários crentes, o que
tornava a ruptura com o paganismo 1. A divisão dentro da
muito indefinida. igreja (3:1-23)
Apesar de tantos erros cometidos No v. 4 do capítulo 3, está escrito:
dentro da igreja, pesava ainda sobre "Quando, pois, alguém diz: Eu sou de
eles o fato de muitos serem soberbos Paulo, e outro: eu, de Apolo, não é evi-
por causa do conhecimento que jul- dente que andais segundo os homens?
gavam ter, mas eram na verdade ig-

18
Quem é Apolo? E quem é Paulo?" A di- Porém, a igreja ficou inerte, não to-
visão, portanto, dento da igreja está mou nenhuma providência. Todos
clara. Mas precisamos perguntar falavam sobre o assunto (cochichos)
quais as principais causas de divisões mas tudo continuava normal. Não
na igreja de Corinto. se lamentaram nem disciplinaram o
transgressor. Pense em como Paulo
Fica claro no início desse capítulo
foi duro ao dizer nem entre os gentios
que Paulo não podia falar a pessoas
se praticava isso. Ele então propõe
amadurecidas espiritualmente e ele
uma reunião para que na autoridade
usa o termo “carnais” para expressar
do Senhor se aplicasse a disciplina.
que eram crianças espirituais. A falta
Ser entregue a Satanás para a des-
de discernimento leva à convivên-
truição da carne significa a excomu-
cia natural com o mundanismo, que
nhão ou exclusão da comunhão com
preza a sabedoria humana. Eles não
a igreja, e o imoral estaria totalmente
cresciam porque alimentavam seus
exposto as ações do inimigo para so-
apetites carnais. Assim, a carnalidade
frer as consequências do pecado em
cria divisões, pois o ciúme e as con-
seu corpo físico. Quando Paulo escre-
tendas são atitudes carnais mais infe-
ve “a fim de que o espírito seja salvo no
riores do ser humano, os seus desejos
dia do Senhor Jesus” (5:5), indica que
egoístas.
a disciplina precisa ser com amor e
Precisamos sempre olhar para Je- com o único propósito de corrigir o
sus, corrigir o sentimento de orgulho rebelde. A exclusão nunca deve ser
e egoísmo e entender que todos são um fim, mas um meio para restaura-
iguais na igreja onde Jesus é o Senhor. ção do pecador com arrependimento.

2. Questões de 3. Dificuldades na
indisciplina (5:1-13) comunhão (11:17-34)
Outro problema que Paulo vai Um ponto significativo, se não
tratar é sobre como aplicar a discipli- bastasse todos os problemas de dis-
na na igreja. Ele tomou conhecimento senção e a consequência disso, era
de imoralidades cometidas dentro da quando se reuniam para a celebração
igreja e orienta o que se deve fazer. da Ceia do Senhor. Paulo inicia o tema
Ele inicia o capítulo cinco dizendo que afirmando que não os elogiava (11:17),
“geralmente se ouve que há entre vós porque quando estavam reunidos
imoralidade e imoralidade tal, como para o que deveria ser um culto de
nem mesmo entre os gentios, isto é, al- confraternização, a festa ágape, es-
guém que se atreva a possuir a mulher tavam piorando ainda mais o caráter
do seu próprio pai” (5:1). O que temos espiritual. Vejam a seriedade do pro-
aqui é no original grego porneia, que blema, pois não estavam melhorando
significa prostituição ou fornicação. em nada participar da Ceia do Senhor.

19
Faltava comunhão e sobrava egoís- nhas oculares, aqueles que viram o
mo. Talvez em alguns casos hoje, não Senhor ressuscitado. Ele apresenta a
seja o pão físico ou vinho que falta, seguir uma série de consequências
mas ainda faltam compaixão e amor, que ocorre por se negar a ressurrei-
sobrando soberba e orgulho. ção de Jesus. Se Cristo não ressus-
citou e os mortos não ressuscitam,
Paulo passa a orientar sobre a Ceia
Cristo continua morto. E se Cristo
do Senhor a partir do que “recebeu do
não ressuscitou, todo o esforço de
Senhor” (11:23), ou seja, sua revelação
evangelização é vão e é vã a fé cris-
direta do Senhor. Há uma citação de
tã, pois esta se baseia na ressurreição
um momento histórico, quando diz
de Cristo. Portanto, de que aprovei-
que a ceia tem o referencial daquilo
taria tanto esforço (15:29) da parte
que aconteceu “na noite em que foi
dos apóstolos e de todos os crentes,
traído”. A morte de Cristo é o elemen-
a pregação do evangelho e serviço
to primordial e deve conduzir todo o
cristão? Tudo isso seria em vão e sem
culto. Há, portanto, uma relação dire-
sentido se não houvesse ressurreição
ta entre pregar o evangelho e a cele-
dos mortos.
bração da Ceia. A participação dessa
ordenança e memorial dever ser de Finalmente, ele apresenta o triunfo
maneira digna, pois aquele que parti- sobre a morte, mostrando a destrui-
cipa de outra forma é também culpa- ção definitiva da morte e do pecado,
do da morte de Cristo. Para que não quando chegar a ressurreição (15:54-
se torne “réu”, é necessário que cada 57). É preciso estar firme diante de
um “examine-se a si mesmo” (11:28) e tantas tentações e sofrimentos dessa
assim participe da ceia, reconhecen- vida, mas a certeza da esperança da
do a presença do Senhor ressurreto ressurreição deve trazer encoraja-
reunido ali. Assim, é imprescindível mento e firmeza para permanecer
esperar pelos outros, e estar não ape- na fé e como incentivo para trabalhar
nas juntos, mas unidos em um propó- cada vez mais, “sempre abundantes
sito. da obra do Senhor” (15:58).

4. Desvios doutrinários 5. O dom supremo (13)


(15:1-58)
Deixei esse capítulo por último
Havia, entre os coríntios, pessoas porque ele se aplica a todos os as-
pregando “que não há ressurreição suntos da carta. Embora saibamos
dos mortos” (15:12). Paulo responde que ele está mais relacionado com os
com esse que é o maior capítulo da dons espirituais, que também eram
carta, iniciando com o testemunho motivo de divisão na igreja, o amor
vivo e eficaz das Escrituras (o Antigo é dom supremo que suplanta todas
Testamento) e também das testemu- as dificuldades de relacionamento.
Na perspectiva de Paulo o problema

20
principal da igreja de Corinto era a do Senhor.
falta de amor. Assim, perguntamos:
como está esse quesito em nossas
igrejas? Paulo, neste capítulo, quer
Para pensar e agir
ressaltar a supremacia do amor e 1. Avalie em seu coração se há al-
usa comparações e hipérboles para gum conflito que traz divisão à sua
mostrar (13:1-3) que todos os dons e igreja. Como você tem lidado como
ações eclesiásticas são inúteis, se são esse mal? Se há alguém que comete
realizados sem amor. Ele mostra atra- deslizes imorais e precisa ser corrigi-
vés das palavras “paciente, benigno, do, siga as orientações de Jesus em
espera, suporta” (13:4-7), que são atitu- Mateus 18:15-17.
des de mansidão, porém, não reduz o
amor a um sentimento banal ou me- 2. A soberba precede a destrui-
cânico. Pelo contrário, é preciso mui- ção, diz Prov. 16:18. Mesmo sabendo
to autocontrole para exercitar o amor disso, muitos cristãos ainda sofrem
em meio a indiferença. O amor não deste mal. Como é possível superar
se ressente do mal, tudo ou sempre esse mal e viver dentro da vontade de
suporta, e jamais acaba. Ele expressa Deus, abençoando a igreja?
“quando, porém, vier o que é perfeito” 3. A ressurreição de Cristo é o pon-
(13:10), referindo-se à segunda vinda to fundante da fé cristã. Pare e pense
de Cristo como o último aconteci- nas consequências negativas relata-
mento no plano redentor de Deus. das por Paulo e veja se há, porventu-
ra, dúvida sobre ela. Vivamos sempre
Conclusão expressando o amor de Deus reve-
lado por Cristo em sua morte. Esse
Vimos neste estudo que, embora amor deve balizar todas as nossas
não seja perfeita neste mundo, a igre- ações, seja fora ou dentro da igreja.
ja precisa caminhar nesse sentido,
pois perfeita será nos céus. Qualquer
rebeldia, presunção, divisões e falta
de amor precisam ser combatidos
Leitura Diária
dentro da igreja. Outros temas tam-
bém não foram tratados aqui nesta SEG 1 Coríntios 1:1-23
lição como, por exemplo: casamento TER 1 Coríntios 4:1-21
e divórcio, alimentos oferecidos a ído-
QUA 1 Coríntios 5:1-13
los, dons espirituais e coletas de ofer-
tas. Mas o importante é aprender que QUI 1 Coríntios 11:17-33
problemas existem quando estamos SEX 1 Coríntios 15:1-28
juntos, seja em família ou na igreja,
SÁB 1 Coríntios 15:29-58
e é crucial saber resolvê-los, para o
bem de todos e glorificação do nome DOM 1 Coríntios 13:1-13

21
Data do estudo Lição 3
Texto base: 2 Coríntios 1:12-14

O Ministério da
Reconciliação
A Segunda Carta aos
Coríntios

É natural que qualquer pessoa d.C., aproximadamente um ano de-


se sinta triste quando é criticado pois da primeira. Tudo indica que
ou a ela se faz oposição, ainda mais ele escreveu outra carta, conforme
quando se faz o que é certo e de sugerem 2 Co 2:3 e 7:8, o que causou
acordo com a vontade de Deus. O muita tristeza na Igreja. Parece que
apóstolo Paulo expressa os seus a situação entre Paulo e os mem-
sentimentos nessa segunda car- bros daquela igreja piorou depois
ta aos Coríntios, provavelmente que eles leram as cartas. A Igreja
por ter sofrido oposição de um ou tinha uma série de erros graves, os
alguns crentes que o ofenderam quais Paulo procurou corrigir, mas
muito. Não sabemos os detalhes do alguns membros diziam que Pau-
que tenha ocorrido na viagem que lo não tinha autoridade apostólica
fez após ter fundado a igreja em para resolver problemas da igreja. A
Corinto, em 51-52 d.C., mas nessa segunda carta aos Coríntios busca
carta ele vai defender o seu minis- sanar essa questão e, por isso, tem
tério e motivar cada cristão a exer- o objetivo pastoral de trazer conso-
citar o ministério da reconciliação. lo em meio ao sofrimento. Vejamos
então, alguns aspectos da carta
Paulo escreve essa carta da Ma-
que são importantes para nós hoje.
cedônia, provavelmente no ano 57

22
1. Ajuda no sofrimento irmãos e parece que ele faz essas
(1:3-11) colocações para chegar ao destino
que pretendia – avaliar o sofrimento
Após a sua apresentação e sau- causado por alguns irmãos na pró-
dação, Paulo agradece a Deus pela pria Igreja.
consolação dispensada em meio a
tantas angústias e tribulações pelas
quais passou. Ele afirma que Deus é
2. O ministério da
restauração (2:5-17)
o único que pode de fato consolar,
por isso ele bendiz ao Senhor. Sim, Nesse capítulo, Paulo vai direto
Deus é o Pai das misericórdias e o ao ponto que causou o problema
Deus de toda a consolação. Mas a na Igreja. Perceba que ele não cita
visão dele vai além e enxerga um o nome nem o problema em si, mas
propósito até para o sofrimento simplesmente diz: “se alguém cau-
com o consolo divino, pois apren- sou tristeza” (2:5). Ele não quer criar
demos como consolar os outros mais polêmica e, sim, solucionar o
com o conforto que recebemos conflito. É sempre bom nos repor-
de Deus. Ele expressa que somos tarmos à Primeira carta, na qual
capacitados a “consolar os que es- muitos pecados são denunciados,
tiverem em qualquer angústia” (1:4), mas com objetivo de trazer cura
ou seja, todo crente torna-se um para a comunidade. Aqui no texto,
consolador neste mundo de de- percebemos o apóstolo mostran-
sesperança. Paulo relembra (1:8) as do maneiras para restaurar aqueles
ameaças e perseguições que so- que caem. O mal cometido não foi
freu na Ásia e foram de tal intensi- apenas uma ofensa ao apóstolo,
dade que ele sentiu ser acima das mas a toda a Igreja (2:5). Provavel-
forças humanas. Ele se desesperou mente a Igreja (a maioria dos cren-
da própria vida. Parece que Paulo tes) já havia aplicado a disciplina ao
compartilhou sua experiência na ofensor (2:6), o que já era bastante.
certeza de que mesmo com a sen- Portanto, a disciplina não devia con-
tença de morte não confiava em si tinuar, qualquer que fosse o peca-
mesmo, mas em Deus, que ressus- do, se houve arrependimento. Se o
cita os mortos. Mas também enten- irmão já tinha se arrependido, não
deu que as orações da Igreja a seu havia mais por que se prolongar a
favor o ajudaram, pois foi livramento questão. Quantas vezes perde-se
da parte do Senhor como resposta tanto tempo e a comunhão porque
a essas orações. Paulo sempre re- alguns irmãos se prolongam num
fletia o melhor acerca daqueles

23
assunto que Deus já perdoou, e os 3. Vasos frágeis, mas
ofensores já se arrependeram! Que fortalecidos (4:7-18)
bom seria se esses quesitos fossem
seguidos sempre que houvesse Paulo continua tratando aqui so-
tristeza pelo pecado cometido. bre o ministério cristão que, apesar
de todo sofrimento e perseguição,
Mas Paulo continua em sua traz em si mesmo um grande te-
orientação, insistindo no perdão. souro, que é a boa nova do evan-
A atitude da igreja em perdoar e gelho. Ele vai agora falar sobre essa
confortar (2:7) é para impedir que instrumentalidade humana, que é
pessoas sejam consumidas pela usada por Deus para levar a mensa-
tristeza excessiva, o que leva ao gem de paz, o tesouro em vasos de
desânimo. Só havendo verdadeiro barros. Vejam o senso de humilda-
amor é que se perdoa! (2:8, 9). As- de e confiança do apóstolo em ob-
sim, a recomendação é que a igreja servar sua condição humana, mas
confirme o amor para com o irmão. que experimenta uma glória de ser
É um sinal de obediência agir assim, portador da nova aliança de Deus
e foi por isso que Paulo escreveu com o homem. Somos fracos e frá-
estas orientações. A expectativa do geis em nosso corpo físico, como
apóstolo era de que se a Igreja per- um vaso que pode se quebrar a
doasse, ele também perdoaria, por- qualquer momento, mas que trans-
que confiava no julgamento da con- porta a excelência do poder de
gregação, uma vez que tudo devia Deus (4:7). O poder está, portanto,
ser feito na presença de Cristo, que sempre nas mãos de Deus e nunca
é o Senhor da Igreja (2:10). Um alerta nas mãos humanas, até mesmo de
é dado agora (2:11): é um risco para um líder na igreja. Esta é sempre a
a igreja não aplicar uma disciplina maneira de Deus agir, de modo que
que é necessária, mas também é tudo que é de fato útil e aproveitá-
um perigo não perdoar quando há vel eternamente é realizado por Ele
verdadeiro arrependimento, pois por intermédio dos que são fracos
Satanás pode obter vitória contra e humanos.
a igreja. Como ele faz isso? Apa-
Paulo vai mais uma vez falar da
gando o testemunho da igreja que
condição de sofrimento humano,
admite o pecado, mas também não
nossa verdadeira realidade. Apesar
perdoando, aniquila-se o irmão ar-
de aparentemente nos sentirmos
rependido.
fortes e cheios de vitalidade, so-
mos vasos extremamente fracos e

24
inúteis se não formos sustentados e esta razão, para o apóstolo Paulo,
por Deus mesmo. Somos todos, e tornava firme e inabalável a sua es-
Paulo se inclui em primeiro lugar, perança a ponto de suportar todos
“atribulados, mas não angustiados; os infortúnios, para que Deus fosse
perplexos, mas não desanimados; honrado em todos os lugares. Mas
perseguidos, mas não desampara- a graça de Deus é tão abundante
dos; abatidos, mas não destruídos” que, apesar de ser a sua glória o ob-
(4:8-9). Ele havia passado por tudo jetivo final, durante a caminhada o
isso em seu ministério – pressão fí- amor entre os irmãos cresce, e ou-
sica, emocional e espiritual, como tros também são beneficiados pelo
se estivesse levando em seu corpo mesmo amor de Deus. Quando a
o morrer de Jesus, para que a vida graça é multiplicada, mais pessoas
de Jesus pudesse se manifestar no são salvas e abençoadas, e mais e
corpo (4:10-11). Cristo sempre este- mais Deus é honrado. A razão pela
ve ao seu lado, por isso mesmo não qual Paulo não desanimava era por-
se sentiu angustiado, desanimado, que a glória de Deus se manifestava
desamparado nem destruído. através do desempenho do minis-
tério a ele confiado e se reanimava
Qual seria a razão para não de-
dizendo: “embora o homem exterior
sanimar desse árduo ministério de
(o corpo físico) se corrompa, contudo
levar o tesouro a todas as pessoas?
o nosso homem interior se renova de
Ele responde dizendo que é pelo
dia em dia” (4:16). É assim também
“espírito da fé, conforme está escrito:
com você?
Eu cri; por isso é que falei” (4:13), re-
ferindo-se ao Salmo 116:10 (na ver- Paulo finaliza esse capítulo in-
são Septuaginta). Esse é o alimento centivando os crentes de Corinto
diário de cada crente, que com uma a continuar a jornada cristã, com-
fé genuína tem condições de falar parando o que é momentâneo e o
da graça de Deus e superar todas que é eterno. Embora as tribulações
as tribulações. Essa fé age na vida tenham sido severas, para ele foi
do crente de forma presente, mas como se fossem leves e breves se
também o leva para o futuro, na comparadas com “o eterno peso de
certeza da ressurreição: “aquele que glória” (4:17). A fé nos convoca a nos
ressuscitou o Senhor Jesus, também identificarmos com Cristo em seus
nos ressuscitará com Jesus e nos sofrimentos, para que também
apresentará convosco” (4:14). Por- possamos desfrutar de sua glória.
tanto, o grande propósito do nosso Sim, somente pela fé podemos ver
ministério (4:15) é a glória de Deus o mundo invisível, pois as coisas

25
visíveis fisicamente são temporais, deixar as coisas erradas acontece-
mas as que não se veem são eter- rem nem podemos deixar de aco-
nas (v.18). lher aquele que se arrepende.
2. Quando foi a última vez que
Conclusão você se sentiu perseguido por fa-
lar e viver o evangelho? Nesses
A segunda epístola aos Corín-
momentos, o próprio Espírito San-
tios é uma carta muito pessoal,
to está sofrendo conosco. Jesus
que demonstra toda a emoção do
está ao nosso lado para consolar e
apóstolo Paulo. Assim como ele,
confortar, mas também encorajar a
todos nós somos surpreendidos
continuar. Somos fortalecidos em
diariamente por problemas e tribu-
nosso caráter para que também se-
lações, mais ainda quando se tra-
jamos portadores do ministério da
ta do ministério cristão, passamos
consolação.
por perseguições e críticas de todo
jeito, até mesmo internamente na 3. Você vive consciente do valor
igreja. Aprendemos que o consolo e precioso do tesouro que leva consi-
o encorajamento divino estão pre- go? E da fragilidade do seu corpo?
sentes em meio ao sofrimento e às Pense sempre em ser completa-
dificuldades, e que somos fortale- mente dependente do poder de
cidos para que sejamos portadores Deus para viver a vida abundante
do ministério da consolação. Mas que Ele prometeu, não andando por
também aprendemos que o poder vista, mas pela fé que leva a espe-
de Deus é manifestado por meio da rança na eternidade.
fraqueza e, embora sejamos vasos
de barros, levamos um tesouro co-
nosco. Quando nos identificamos
com Cristo em seu sofrimento e
morte, podemos ter esperança e Leitura Diária
aguardar a ressurreição, para assim SEG 2 Coríntios 1:1-14
experimentar a sua glória. TER 2 Coríntios 1:15-24
QUA 2 Coríntios 2:1-13
Para pensar e agir QUI 2 Coríntios 2:14-17
1. Muitas vezes a igreja sofre por SEX 2 Coríntios 3:1-18
problemas causados por algum ir- SÁB 2 Coríntios 4:1-15
mão. Não podemos ser omissos e DOM 2 Coríntios 4:16-18

26
Data do estudo Lição 4
Texto base: Gálatas 1:6-10

O Evangelho
da Graça
A Carta aos Gálatas

Esta epístola foi escrita, provavel- a confusão entre a lei e a graça, onde
mente, entre os anos 49 e 55 d.C. às se prega o cumprimento da lei como
igrejas da região da Galácia. Talvez algo exigível para justificação diante
seja a mais antiga escrita por Paulo. de Deus.
Era uma província romana da Ásia
Paulo se apresenta (1:1,2) aos lei-
Menor, a qual foi evangelizada por
tores como “apóstolo, não da parte
Paulo em suas viagens missionárias
de homem, nem por intermédio de
e, ali, se estabeleceram várias igre-
homem algum, mas por Jesus Cris-
jas nessa região. Portanto, a carta é
to e por Deus Pai, que o ressuscitou
endereçada não a uma igreja, mas a
dentre os mortos”. Ele não foi comis-
igrejas.
sionado nem representava alguma
instituição humana, mas unicamen-
1. Motivo da carta te Cristo. Vale dizer que, nos v.10-24,
Paulo se apresenta como alguém
Um dos erros frequentes daqueles credenciado pelo Senhor a pregar
dias e, também, de hoje, é o que Pau- o evangelho e, por isso, não o fazia
lo chamou de ‘fermento do legalis- para agradar aos homens, mas ao
mo’, então, conhecido como ‘galacia- Senhor. Ele faz um relato de sua vida,
nismo’. O estudo da carta aos Gálatas conversão, chamada e capacitação
é fundamental para se corrigir os er- para o ministério. O que ele passaria
ros doutrinários da fé cristã. É comum a tratar era tão relevante, que preci-

27
sava reivindicar a autoridade divina 2. O erro que fascina
para usar suas palavras com sabe- (Cap. 3)
doria contra toda estrutura religiosa,
especialmente nesse caso, a judaica. Paulo vai mostrar como o erro fas-
cina o ser humano e, como, até os
Nos v.6-9, Paulo expõe a insegu- crentes são enganados. Ele vai reafir-
rança que pairava naquelas Igrejas. mar que, somente a justificação pela
Depois de enaltecer o evangelho da fé deve ser ensinada. Na visão pauli-
graça (1:4,5), ele passa a condenar o na, a promessa é superior à Lei. Nes-
evangelho das obras. Ele se sente se prisma, então, ele usa o exemplo
(1:6,7) espantado pela rapidez com de Abraão, considerado o Pai da fé,
que aqueles crentes retornaram às e salvo porque creu e, depois, agiu. A
doutrinas judaizantes. Para ele, esse Lei teve o propósito básico (3:19) de
é outro evangelho que, no final das mostrar ao homem sua imperfeição
contas, não é o evangelho da graça. e incapacidade e, assim, sentir a ne-
Para ele (1:8,9) não era, simplesmen- cessidade de um salvador.
te, fazer opção entre essa ou aquela
doutrina, mas trocar a verdade pela Portanto, uma vez que Cristo che-
mentira. É bom lembrar que, não se gou, nós estamos submissos a Ele
trata apenas de trocar o rótulo de um e, não mais, debaixo do jugo da Lei.
produto, mas sim o conteúdo todo. É lindo saber que, em Cristo, todos
Destarte, era o que acontecia e, as- somos iguais. Não há mais distinção
sim, o apóstolo era tão duro ao dizer entre judeu e grego; escravo ou livre;
que deviam ser mesmo considera- homem ou mulher (3:28). As dife-
dos anátemas: amaldiçoados. renças naturais não importam mais,
pois a relação com Deus depende
No cap.2:1-21, ele faz uma defesa unicamente da fé em Cristo Jesus e
contra os inimigos, os quais queriam da submissão ao seu senhorio. Não
desacreditá-lo. Ele mostra que agia há mais que pensar se somos filhos
conforme todos os demais apóstolos da escrava (Hagar) ou da livre (Sara)
de Cristo. Foi, então, que a Igreja de (4:21-31), uma vez que, pela fé, somos
Antioquia, bem como, a de Jerusa- filhos de Deus (3:1-31), gerados para
lém não tiveram dificuldades de en- sermos semelhantes a Cristo. (4:1-31).
viá-lo ao ministério entre os gentios.
No cumprimento da missão, depois
de quatorze anos, encontrou-se com 3. A liberdade cristã
Pedro e Tiago, e leva provas da efi- (5:1-15)
cácia, quando apresenta Barnabé e
Tito. Relembra um episódio da dis- Qual o conceito que temos de li-
cordância e inconsistência de Pedro, berdade cristã? Será livre, alguém
o qual foi por ele repreendido quanto que simplesmente pode ‘ir’ e ‘vir’, fi-
à essa conduta (2:11-21). sicamente falando? Paulo vai tratar
dessa liberdade espiritual, bem como

28
das emoções. Como vimos, a falta ciosidade, pois, uma vez que fomos
de liberdade torna o homem cativo. chamados à liberdade, não se pode
Uma das coisas mais lindas que traz dar lugar à carne, que leva à anarquia
a justificação pela fé é a vida prática; (5:13). Notem que é o outro extremo, a
é o fato de sermos livres em nosso in- licenciosidade para pecar.
terior. Podemos até ser presos como
Em 5:16-21, Paulo chega a um pon-
Paulo, muitas vezes, e, mesmo assim,
to crucial: Quem está no comando da
podermos cantar louvores ao nosso
nossa vida: a carne ou o Espírito? A
libertador. Somente a Deus, havemos
quem estamos obedecendo? Quem
de prestar contas e o obedecermos
está nos guiando? Importa lembrar
por amor e não por obrigação, pois
que, nós temos uma natureza car-
sabemos que Seu caminho é perfeito
nal a qual, no entanto, não pode nos
e leva à vida. Nesse viés, então, estu-
dominar. Somos muito mais do que
daremos.
simples animais do campo; somos a
Neste cap.5, a ameaça que ron- imagem e semelhança de Deus. Se,
dava as igrejas da Galácia é de se em nós, existem essas duas forças
voltar à escravidão da Lei, despre- que se opõem para que não façamos
zando dessa forma a liberdade que o que queremos, cabe a cada um de
Cristo alcançou – liberdade do poder nós escolher quem vai nos conduzir
do pecado e da lei mosaica, que é o – ou o Espírito ou a carne. Contudo,
caso no presente estudo. Em 5:1-4, é preciso andar pelo espírito (5:16),
somos exortados ao fato de que de- para não cumprir a concupiscência
vemos permanecer nessa liberdade, da carne, a saber: os desejos maus,
porque do contrário a obra de Cristo impulsos e apetites carnais, que dão
torna-se em vão (v.2). Será que Cristo prazer momentâneo, mas que es-
morreu em vão? craviza, e, logo adiante, leva à morte.
Como tem sido a sua conduta, boa ou
Todavia, é isso o que acontece,
má? A expressão ‘milita’ (5:17,18) de-
quando pensamos que podemos
monstra que, a nossa mente se torna
fazer alguma coisa ou obedecer a
o campo de batalha entre o Espírito e
alguma lei para sermos salvos. É
a carne. Aquele a quem nos subme-
como se substituíssemos o Salvador
temos e passamos mais tempo, será
por nós mesmos, ou seja, por nossas
o vencedor. Teremos alegria e paz, ou
obras. A obrigação de guardar a Lei
desilusão e dor.
(v.3) é imperiosa. E quem é capaz de
realizar esse feito? Os falsos mestres, Paulo tem o cuidado de relacionar
que andavam entre as igrejas, en- algumas obras da carne, as quais po-
sinavam dessa forma, o que para o dem ser assim divididas: na área do
apóstolo era um impedimento para sexo: prostituição, impureza, lascívia.
continuarem bem a caminhada cris- Na área da religião: idolatria e feitiça-
tã (5:7). Paulo terá de advertir que, a ria. Na área social: inimizades, porfias,
liberdade não pode dar lugar à licen- ciúmes, iras, discórdias, dissenções,

29
facções e invejas. Na área da alimen- devemos abrir mão do privilégio de
tação: bebedices e glutonaria. Será viver pelo Espírito e produzir o fruto
que ainda há alguém, entre nós, es- do Espírito.
cravo de algum desses pecados?
No entanto, a marca do verdadei- Para pensar e agir
ro cristão está em produzir o fruto do
espírito (5:22-26). Mas o fruto do espíri- 01. O legalismo é, ainda hoje, um
to é: amor, alegria, paz, que são frutos erro comum. Pense em como corre-
produzidos no relacionamento com mos o risco de decair da graça. Que
Deus. Longanimidade, benignidade, tipo de obras e atitudes legalistas
bondade, que são frutos produzidos são requeridas, para se ter uma apa-
em nosso relacionamento com os rência de superioridade espiritual ou
outros. Os demais frutos são produ- ajudar na salvação?
zidos em nosso relacionamento co- 02. A licenciosidade é o outro
nosco: fidelidade, mansidão e domínio extremo. Para muitas pessoas, a li-
próprio. Entretanto, a conquista sobre berdade é opção para praticar a
a carne só ocorre (5:24-26), quando a carnalidade. As obras da carne são
carne, com suas obras más, é crucifi- manifestas e a lei é dada, justamen-
cada, e passamos a andar no espírito. te, para impedi-las. Como é possível
Se, de fato, temos uma nova vida em conciliar a liberdade sem ferir o direi-
Cristo, por obra do Espírito Santo, de- to do próximo?
vemos crucificar a carne e andar no
Espírito. 03. O fruto do Espírito se manifesta
por meio do amor em suas diversas
facetas. Pense naqueles que, estão
Conclusão escravizados pelo legalismo ou mer-
gulhados no mundanismo e, sobretu-
Muitas vezes, precisamos ser
do, como você pode atingi-los com o
enérgicos na defesa da nossa fé.
amor de Deus.
Paulo não se intimidou diante dos
inimigos que perturbavam as Igrejas
da Galácia, porém, com autoridade,
Leitura Diária
chamou a todos à responsabilidade
diante de Deus. SEG Gálatas 1:1-10

Como é fácil voltar ao erro do lega- TER Gálatas 1:11-24


lismo e decair da graça. Infelizmen- QUA Gálatas 2:1-21
te, muitos irmãos estão iludidos por QUI Gálatas 3:1-29
meio desse tipo de religiosidade, que
dá uma aparência de espiritualidade. SEX Gálatas 4:1-31
Porém, para a liberdade, Cristo nos li- SÁB Gálatas 5:1-15
bertou. É preciso crucificar a carne e
DOM Gálatas 5:16-26
suas obras malignas, bem como, não

30
Data do estudo Lição 5
Texto base: Efésios 1:2-14

Regenerados
para Servir
A Carta aos Efésios

Paulo destina essa carta à igreja, uma nova sociedade de Deus viven-
na antiga cidade de Éfeso, situada do nesse tempo. Não será possível
na atual Turquia hoje. Era uma colô- ver todo o conteúdo desta carta,
nia grega, a qual se tornou província numa só lição, mas poderemos ex-
romana, cuja característica e grande trair significativa aplicação para nos-
atração da cidade era o culto à deu- sa vida.
sa Diana. (At 19:28).
Paulo escreve essa carta não por- 1. Uma nova vida em
que havia alguma disputa ou proble- Cristo (Ef 1:3; 2:10)
ma interno, como no caso de outras
de suas cartas, mas para apresentar A lógica do ensino paulino é que
as doutrinas fundamentais, como se deve apresentar a doutrina, ou
um resumo da fé cristã, fortalecen- o alicerce da nossa fé, para a partir
do assim a fé daqueles irmãos. Ela daí buscar a prática do dever cristão.
foi escrita, objetivando mostrar que Nessa doutrina, está incluído o fato
a unidade da igreja é algo real e pos- de sermos escolhidos pelo Pai e, as-
sível de ser vivida no dia a dia e que, sim, nos tornamos um povo seu. Há
por isso, ela expressa seu louvor e muitas bênçãos envolvidas (1:3), as
apela para que vivamos em santi- quais ultrapassam esta vida presen-
dade e unidade (4:13; 5,8). A igreja é, te, pois são bênçãos celestiais (1:20;
na visão apresentada pelo apóstolo, 2:6). Toda essa sorte de bênçãos está

31
destinada aquele que crê. O fato de 2. Nossa condição natural
sermos eleitos para sermos confor- (2:1-3)
me Cristo, é um estímulo à santidade
e nunca desculpa para pecar. É impactante saber que apesar
de respirando, andando e fazendo
Paulo para de escrever sua carta, todas as coisas fisicamente, mes-
com o intuito de fazer uma oração mo assim, estávamos mortos. Pau-
de gratidão (1:15,16), pois havia fé em lo apresenta os dois motivos pelos
Jesus e amor aos irmãos naquela quais todos estão mortos: 01. Deli-
igreja. Sua gratidão e alegria eram tos; 02. Pecados. A pessoa que, ain-
tanto que ele diz: “Não cesso de dar da, não nasceu de novo, está morta,
graças a Deus por vós, lembrando- ou seja, fora da vida de Deus e se-
-me de vós nas minhas orações”. De parada dEle por causa dos pecados.
quem você tem se lembrado, dessa Nessa vertente, é possível nos lem-
forma, e orado por? Mas também, brarmos do profeta Isaías (Is 59:2s),
Paulo ora pedindo (1:17-23) que, o denunciando que as vossas iniqui-
conhecimento deles seja cheio do dades fazem separação entre vós
espírito de sabedoria e de revelação. e vosso Deus; e os vossos pecados
Quão importante é agirmos com a encobrem o seu rosto de vós, para
sabedoria divina! Quantos erros e que não vos ouça. Que estado triste
sofrimentos desnecessários! e miserável do homem sem Deus!
Contudo, o seu pedido a Deus vai É como a distinção entre um corpo
além: “tendo iluminados os olhos do cadáver e o outro, são. Logo, essa é
vosso entendimento, para que sai- a condição espiritual de todos.
bais qual seja a esperança da sua Outro aspecto, é que éramos
vocação, e quais as riquezas da gló- escravos. Um escravo não tem op-
ria da sua herança nos santos. E qual ção e, assim, é aquele que segue o
a sobre-excelente grandeza do seu ‘príncipe da potestade do ar’ (2:2); é
poder sobre nós, os que cremos...” um ‘espírito que atua nos filhos da
É maravilhoso saber que, toda essa desobediência’. Melhor dizendo, o
glória que nos está reservada, ad- homem sem Deus é direcionado por
vém da mesma operação da força Satanás e faz o lhe agrada, deso-
do poder de Deus que se manifes- bedecendo a Deus. Isso seria como
tou em Cristo, ressuscitando-o den- uma estrada que se caminha, ou
tre os mortos; elevando-o aos céus, um sistema que é proposto, o qual
onde está à direita do Pai, acima de é chamado por ele no curso deste
toda e qualquer outra autoridade. mundo.
Nessa ótica, então, precisamos Assim como o rio segue o curso
compreender qual é a nossa atual d’água, assim também o homem
condição humana. sem Deus segue o mal, sem saber
qual será o seu fim, tendo um abis-

32
mo diante de si. Vemos claramente Não há algo que possamos fazer
que, nesse caso (2:3), os desejos da para alcançar a salvação, pois um
carne pendem para o pecado; as morto não pode fazer nada por si
paixões são tão fortes que dominam mesmo, não tem nem o fôlego de
a vida, pois não há alguma força es- vida. Esse tema é encerrado, mos-
piritual. trando que fomos salvos para as
boas obras. Não salvos por elas, mas
Não podia ser outra a consequên- para executá-las. Somos coopera-
cia, senão a condenação, mediante dores de Deus na construção des-
ao fato de serem considerados: ‘fi- se mundo e, quando somos salvos,
lhos da ira’. temos vida para fazer a vontade de
Deus prevalecer sobre o mal (2:10).
3. Deus muda a história?
(Ef 2:4-7) 4. Salvos para abençoar
Sim, Deus muda a história de (2:11-22)
cada um de nós. Paulo alterna a sua Uma vez salvos pela graça, so-
visão de escravidão, condenação e mos convocados para realizar a
morte, para a misericórdia de Deus, vontade de Deus. E a sua vontade é
usando a expressão: Mas Deus... De manifesta por meio de maturidade
fato, só mesmo Deus, para nos dar e unidade da igreja saudável, a qual
vida juntamente com Cristo (2:5); conduz ao serviço e crescimento.
para nos fazer ressuscitar com Cristo Destarte, Paulo apela para a prática
(2:6), bem como, nos fazer assentar da doutrina que acabou de expor.
nos lugares celestiais em Cristo (2:6). E ele começa, realmente, rogando
Você crê nisso? (4:1), ou seja, apelando, pedindo que
Assim como Cristo na sepultura andemos de “um modo digno”, isto
recebeu vida, ressuscitou e assen- é, de acordo com o chamado. Pau-
tou-se à destra do Pai, assim tam- lo vai usar os termos lembrai-vos e
bém, será conosco. Todavia, preci- naquele tempo, para mostrar que
samos perguntar: Por que Deus agiu no passado, sem Cristo, estávamos
assim para com homens pecadores longe da comunidade da graça, vi-
como nós? Paulo responde, gracio- vendo sob o regime religioso feito
samente, que Ele agiu assim, porque por mãos de homens. Que triste sa-
é rico em misericórdia e nos amou ber que, sem Cristo, éramos estra-
com grande amor (2:4). A sua graça nhos às alianças da promessa e sem
é riquíssima (2:7) e nos leva a experi- qualquer esperança, e sem Deus no
mentar a sua bondade para conosco mundo!
em Cristo (2:7). A salvação, portanto, O apóstolo continua seu argu-
é fruto da riqueza da graça de Deus mento dizendo: Mas agora em Cristo
e não das obras ou feitos humanos Jesus vós, que estáveis longe, já pelo
(2:8,9).

33
sangue de Cristo chegastes perto. mortos. Assim como ele está assen-
Assim sendo, uma vez que Cristo é tado à destra do Pai no céu, somos
a nossa paz, já não existem barreiras nessa condição, também, chama-
de separação entre quaisquer pes- dos a evangelizar a paz e edificar o
soas. A parede de separação já foi templo santo para o Senhor
derrubada e a inimizade desfeita. O
objetivo do Senhor é sempre esta-
belecer a paz. Pela cruz, seja judeu
Para pensar e agir
ou gentio, ambos são reconciliados 01. Deus nos escolheu para ser-
e superadas as inimizades. Se Je- mos conforme a imagem de Cristo. É
sus veio para evangelizar a paz aos um privilégio inaudito e nos desafia
que estavam longe, como nós, e aos a sermos santos como ele é santo, e
que estavam perto, os judeus, nós, nunca deve ser uma desculpa para
como corpo de Cristo, temos que pecar.
fazer o mesmo. Somos a família de
Deus e edificados sobre o mesmo 02. Todos os seres humanos es-
fundamento dos apóstolos e profe- tão destinados à perdição eterna,
tas, mas Cristo é a principal pedra pois já estão mortos em seus delitos
da esquina. Se somos parte desse e pecados. Como você tem aprovei-
edifício, a casa de Deus, precisamos tado as oportunidades, para mostrar
estar bem ajustados, para fomentar essa nova realidade a àqueles que
o crescimento do grande templo ainda vivem na ilusão?
santo para o Senhor.
03. A Igreja do Senhor está sendo
construída, a partir do momento que
Conclusão Jesus evangelizou a paz e quebrou
todos os muros de separação entre
Nessa lição, aprendemos parte as pessoas. Pense na Igreja como
do que Paulo ensinou aos Efésios. o templo santo do Senhor e como
Se somos novas criaturas em Cristo, você está contribuindo para o seu
precisamos conhecer nossa doutri- crescimento.
na. Fomos alcançados pela graça,
pois Deus nos elegeu para sermos Leitura Diária
conforme a imagem de Cristo. Po- SEG Efésios 1:1-14
rém, nossa condição era de total de-
sespero, pois estávamos mortos em TER Efésios 1:15-23
nossos delitos e pecados. QUA Isaías 59:1-8
O ser humano, sem a graça de QUI Efésios 2:1-10
Deus, está morto espiritualmente. SEX Efésios 2:11-22
Que será da eternidade? Deus muda
essa realidade com o mesmo poder, SÁB João 14:1-7
o qual ressuscitou Jesus dentre os DOM Romanos 10:9-15

34
Data do estudo Lição 6
Texto base: Filipenses 1:3

A Alegria
para Servir
A Carta aos Filipenses

Esta é uma das cartas mais revigo- to de Paulo, planejando voltar de sua
rantes em meio às crises, pois expres- viagem missionária para fortalecer a
sa a alegria cristã. Paulo estava preso fé dos irmãos das igrejas que já esta-
em Roma e acorrentado quando a vam estabelecidas. Entretanto, à noi-
escreveu. Como pode alguém, nessa te, ele teve uma visão de um homem
condição, pensar em alegria? que pedia: “Passa a Macedônia e
ajuda-nos” (At 16:9). Paulo obedeceu
Todavia, o Apóstolo expressa um ao chamado, crendo que era a von-
profundo sentimento de satisfação tade do Senhor e, ali, foi usado pelo
por saber que, o evangelho estava Espírito Santo para a conversão de
sendo pregado em todos os lugares, três pessoas importantes: Lídia, uma
mas também, sentia alegria, pois lem- senhora religiosa e com muitas pos-
brava-se da comunhão que lá havia. ses; uma jovem possessa; e um servi-
Esse sempre é um grande desa- dor público, o carcereiro. (At 16:11-15;
fio para nós, permanecer alegres em 16:18; 19:34).
meio às circunstâncias adversas. “Ale- Paulo inicia sua carta se apresen-
grai-vos sempre no Senhor.” (4:4) é o tando e fazendo uma oração (1:3-11),
apelo para nós, também. agradecendo a Deus a constância e
alegria daqueles irmãos, porque ape-
1. Início da igreja em Filipos sar da perseguição, a Igreja crescia.
Ele continuava pedindo para que o
Em At 16:6-40, podemos ver o rela- amor daqueles crentes transbordas-

35
se, fossem cheios de ciência e conhe- cargos entre irmãos, trazendo sofri-
cimento do Senhor e Sua graça, pois mento, como disse Paulo: julgando
sem conhecer, como se pode amar? suscitar tribulação as minhas cadeias
(17). Contudo, o apóstolo afirma que
Sendo assim, eles poderiam pro- apesar de tudo, experimentou muitas
var as coisas excelentes da vida cristã bênçãos, seja na guarda pretoriana,
até a volta de Cristo. na igreja e na sua própria vida, a pon-
to de chegar a pensar numa difícil es-
2. Apesar das colha: morrer ou viver? E ele confessa
circunstâncias, alegria que se fosse possível, desejava partir
e estar com Cristo, o que é incompara-
(1:12-26) velmente melhor (23).
É sempre bom lembrar que, o iní-
cio do ministério de Paulo, em Filipos, 3. Motivação para viver e
teve um episódio de muita alegria, alegrar-se (1:27; 2:30)
apesar do perigo que correra. Ele e
Silas estavam presos e acorrentados, O relacionamento humano era
cantando louvores e, então, houve algo que preocupava o apóstolo, sen-
um terremoto e o Senhor os libertou. do um desafio para nós, também. A
Paulo pôde testemunhar ao carcerei- alegria, com certeza, depende dos
ro, o qual estava totalmente sem es- relacionamentos com as pessoas que
perança, querendo tirar a própria vida. conhecemos. Um dos grandes pro-
Talvez, Paulo, ao escrever essa blemas nas famílias e, especialmen-
carta, se lembrasse desse ocorrido. te, nas igrejas é a desavença entre
Entretanto, se vê na mesma condição irmãos.
em Roma, pois no v.18 diz: “Com isto Por isso, para que haja verdadeira
me regozijo, sim, sempre me regozija- unidade no Espírito, é fundamental
rei”. Assim, vemos um servo de Deus, que “nada façais por partidarismo ou
louvando, em uma situação difícil. E vanglória” (2:3), mas sim, “fazei tudo
nós? Como é nossa disposição, quan- sem murmurações nem contendas”
do tudo está aparentemente ruim? (2:14).
Cantamos ao Senhor?
Em Filipenses 1:27-30, Paulo vai
Paulo continua e expõe o seu so- observar que, deveras, aparece opo-
frimento: 1:12-18; foi injustiçado nas sição dos adversários, assim como,
cadeias (13); e, também, enfrentou in- há o pecado de dentro, o qual Paulo
veja de colegas (15-18). Esse episódio chama de partidarismo ou vanglórias.
aconteceu, quando Paulo não estava
presente na Igreja e alguns intrusos Essa situação-problema não é
buscavam a preeminência, aprovei- uma exclusividade desta igreja, mas
tando-se desse fato. de muitas outras, como era o caso da
Igreja de Corinto, onde havia conten-
Um arsenal de pastores e líderes, das e ciúmes. O que, então, motiva
muitas vezes, sofre com a disputa de a busca pela harmonia? (2:1) Alguma

36
exortação em Cristo. Tudo deve ser em 4. Razão para alegrar-se
Cristo, pois assim a comunhão de fato (3:1-21)
prevalece. Alguma consolação em
amor. Se o amor de Deus está em nós Podemos nos perguntar: Qual era
como nos demais, isso nos faz unidos o fundamento da alegria de Paulo e
uns aos outros e queremos o bem co- daquela Igreja? A linha de pensamen-
mum. Alguma comunhão do Espírito. to discorrida por ele é que, alegria é
Assim como existe um só Espírito, ele no Senhor. Eis aqui um desafio apre-
não pode ser dividido. Qual é o resul- sentado: de não olhar para as condi-
tado de estar desse modo em Deus? ções pessoais para se alcançar a feli-
É que se há de pensar de igual forma, cidade. Paulo faz uma relação de sua
igualmente; ter o mesmo amor; ficar vida pregressa e descarta tudo isso.
unidos de alma e ter o mesmo senti- Ele diz que foi religioso desde criança:
mento – aquele que houve em Cristo circuncidado ao oitavo dia, da linha-
Jesus. gem de Israel, da tribo de Benjamim,
hebreu de hebreus, quanto à lei, foi
Esse é o exemplo para viver uma
fariseu. (3:2-7). Ele vivia de acordo com
vida feliz. Paulo vai relatar o feito de
todos os detalhes da lei e era honra-
Jesus por nós, contando esse feito a
do pela sua posição social e religiosa.
partir da cruz. Quem era aquele que
Pode-se dizer que, era irrepreensível
estava pregado àquela cruz? Muitas
e pensava que tudo isso era muito lu-
pessoas, também, morreram cruci-
cro. No entanto, quando se encontrou
ficadas, todavia, Cristo é o único que
com Cristo, tudo passou a ser perda,
deixou a sua glória e se encarnou,
pois o que realmente valia a pena era
habitando entre nós. Quanta humilda-
conhecer a Cristo (3:8-11).
de! Abriu mão dos seus direitos, pois,
sendo Deus, assumiu a forma de ser- O grande objetivo de Paulo foi
vo, se esvaziando, sendo obediente demonstrado na figura de um atle-
até à morte. O próprio Senhor decidiu ta (3:12-16), para mostrar o perigo de
se humilhar assim. Vamos relacionar, achar-se satisfeito com a vida presen-
então, como foi a humilhação do Se- te, ao passo que precisamos melho-
nhor Jesus (2:6-8): “ele se esvaziou; rar sempre, conhecer mais de Cristo,
assumiu a forma de servo; tornou-se tendo comunhão com Ele e demons-
semelhante a homens; se humilhou; trando o nosso amor através do ser-
foi obediente até à morte; morte de viço cristão. Numa olimpíada, o atleta
cruz”. Sendo assim, Deus o exaltou é motivado a sempre prosseguir para
soberanamente; e lhe deu o nome o alvo. Nada deve desconcentrá-lo
que está acima de todo nome. É o na hora da prova. Assim somos nós
nome do servo sofredor, o qual vem em nossa carreira cristã: precisamos
e absorve toda dor humana; vence na deixar as coisas que para trás ficam
morte, e está agora no trono da Glória e avançar para as que estão adiante.
eterna. Por isso, todo joelho haverá de Nosso lema deve ser: Prossigo para o
dobrar, e toda a língua confessará que alvo, pelo prêmio da soberana voca-
Jesus Cristo é Senhor. ção de Deus em Cristo Jesus (3:14).

37
O que você precisa abandonar? O Jesus é nosso exemplo maior, o
que atrapalha você de correr a car- qual deixou a sua glória e passou
reira cristã e de almejar o prêmio que pelas mesmas provações se com-
Deus tem a seu favor? Há algumas paradas às nossas e, ainda, foi morto
estratégias que Paulo compartilhou: na cruz, sem ter cometido pecado al-
01. Imitar o exemplo dele (3:17). Eis aí gum. Paulo, também, é exemplo para
um bom exemplo a seguir, e se pen- nós, pois, mesmo na prisão, sentia-se
sarmos que seja impossível viver a alegre com a vida e olhava para fren-
vida cristã com determinação, o seu te, na verdade para o alto, para o prê-
exemplo nos desafia a viver no limite mio que lhe estava proposto no céu.
da vida cristã; 02. Evitar maus exem- Sigamos esses exemplos e sejamos
plos (3:18). Há muitos inimigos da cruz alegres em Cristo Jesus.
de Cristo a nos rodear, mas nunca
devemos permitir que tais pessoas
sejam exemplos para nós; 03. Olhar Para pensar e agir
firmemente para a pátria celestial
01. Se porventura você fosse con-
(3:20,21).
denado injustamente, como você se
Nesse viés, então, precisamos comportaria? Talvez, para muitas pes-
nos lembrar sempre que a nossa pá- soas, o mundo acabasse, a vida não
tria não é aqui, por mais distraídos teria mais valor. Coloque-se no lugar
que fiquemos com as coisas desse de Jesus e Paulo, refletindo que Deus
mundo. Logo, devemos olhar para o está no controle, mesmo que a injus-
alto, porque nossa pátria está no céu. tiça prevaleça.
Quando aquele dia chegar, uma das
02. A alegria passa por relaciona-
glórias que havemos de desfrutar
mentos com o próximo. Você se sente
será a transformação do nosso corpo
alegre com sua família e irmãos da
carnal. Todas as dores, enfermidades,
Igreja? Será que, na sua Igreja, você
imperfeições, males dessa vida e a
sente verdadeira unidade do Espírito?
aparente finitude, tudo será vencido.
Seremos à semelhança de Cristo,
transformados e glorificados! (1Jo 3:2;
Rm 6:5).
Leitura Diária
Conclusão SEG Filipenses 1:1-12
TER Filipenses 1:13-30
Muitas vezes, nos sentimos injus-
tiçados pela vida, murmurando e re- QUA Filipenses 2:1-18
clamando, porque acontece isso ou QUI Filipenses 2:19-30
aquilo. Nesse estudo, somos desa-
fiados a encarar a realidade. É mister SEX Filipenses 3:1-11
dizer que, até mesmo, em circunstân- SÁB Filipenses 3:12-41
cias desfavoráveis, Deus está no con-
trole de tudo. DOM Filipenses 4:2-23

38
Data do estudo Lição 7
Texto base: Colossenses 2:9

A Supremacia
de Cristo
A Carta aos Colossenses

A cidade de Colossos ficava no à doutrina de Cristo e afirmar a sua


vale do Rio Lico, na parte sul da an- supremacia em oposição a todos os
tiga Frígia, que se localiza no oes- outros poderes ou tentativas de se
te da Turquia atual. Ficava situada obter a salvação. Iniciaremos nosso
numa das principais estradas co- estudo vendo a suficiência da obra
merciais para Éfeso e próximo de realizada para nossa salvação.
Hierápolis e Laodiceia (4:13). Quan-
do Paulo escreveu a carta, a cidade 1. Uma obra
estava em decadência e continuou sobre-excelente (1:13-20)
assim até que um terremoto provo-
cou a sua destruição. Paulo escre- Uma das formas do apóstolo
ve quando Epafras o procurou em Paulo apresentar a preeminência
Roma, na prisão, relatando que a de Cristo aos colossenses foi mos-
igreja crescia, mas também sofria trando a obra que Jesus realizou,
ameaças contra as doutrinas da colocando-nos, assim, participan-
fé, como o gnosticismo, da cultura tes da herança dos santos na luz,
grega, e a influência do pensamen- argumento apresentado por ele
to judaizante, o que ele procurou (1:12). Que obra foi essa? No v. 13 ele
combater com veemência. O obje- usa a palavra libertou, que significa
tivo principal, então, era dar ênfase resgatou. Jesus, portanto, supor-

39
tou o desprezo e a morte para nos sível”. E em relação ao universo, Ele
libertar da morte e da perdição é Senhor. Quando Paulo afirma que
eterna. Mas também, diz-nos o tex- Ele é o “primogênito de toda a cria-
to, que ele nos transportou. Imagi- ção”, significa não que ele fora cria-
ne alguém sendo libertado de um do primeiro, pois já tinha mostrado
campo de concentração e trans- que ele é o Criador (v. 16), mas, sim,
portado para um abrigo em um que Ele é o herdeiro a quem per-
local de liberdade. Assim também, tence toda autoridade. Jesus é o
nós fomos libertos do controle das Senhor do universo, como está es-
trevas, mas não simplesmente dei- crito: “Nele foram criadas todas as
xados em qualquer lugar. Não! Nós coisas; tudo foi criado por meio dele
fomos transportados para um lugar e para Ele; Ele é antes de todas as
excelente, o reino da luz, o reino do coisas; nele tudo subsiste” (1:16-17).
Filho do seu amor, onde a lei que im- Não há exceção: tudo, “nos céus, so-
pera é o amor, o amor de Deus para bre a terra e debaixo da terra, visíveis
conosco em nos dar abundância e invisíveis”. Portanto, Cristo tem a
de vida e amor de cada crente em prerrogativa de ser o Salvador. Por
fazer espontaneamente a vontade isso, “Ele é o cabeça do corpo, da
do Pai. Paulo ainda sustenta que igreja” (1:18), aquele que governa,
nós “temos a redenção” (1:14), pois a uma vez que é o soberano. A razão
salvação se compara à condição do dessa autoridade é que Ele é o prin-
escravo que está sob o domínio de cípio e o primogênito dos mortos. A
uma tirania cruel, Satanás, e nada nova criação tem origem Nele, pois
pode fazer para conquistar sua li- ele é o primogênito dentre os mor-
berdade. Mas Cristo nos redime e tos, pois foi o primeiro a ressuscitar
nos torna livres. O preço que ele pa- e assim mostrou seu poder sobre a
gou foi o seu próprio sangue, e toda morte.
a nossa dívida pecaminosa foi parar
lá na cruz do Calvário. 2. Falsas doutrinas que
Mas por que Jesus pode realizar roubam a liberdade
tão eficiente obra? Porque é o Filho (2:16-23)
de Deus! Ao fixar o olhar Nele, po-
Havia entre os colossenses um
demos perceber que o “Deus invi-
anseio por crescimento espiritual,
sível” se torna visível (1:15). Deus se
e muitos estavam enveredando
revelou a Si mesmo em Cristo, uma
por caminhos das falsas doutrinas,
vez que toda a plenitude de Deus
sendo iludidos por elas. Ainda hoje,
habita Nele (1:19; 2:9), corporalmen-
o que para muitos é indício de no-
te. Jesus é a “imagem do Deus invi-

40
vidade espiritual e religiosidade mal ao nosso corpo deve ser repeli-
não passa de um retorno a práti- do, pois o corpo é o templo do Espí-
cas antigas do ser humano em criar rito Santo. Além disso, ensina Paulo
sua própria salvação. Paulo resume que qualquer coisa que escandali-
bem esse problema, dizendo: “As zar o meu irmão deve também ser
quais têm, na verdade, alguma apa- reavaliado (1 Cor 8:13). Para Paulo
rência de sabedoria, em devoção todas essas obrigações do Antigo
voluntária, humildade, e em discipli- Testamento eram “sombra das coi-
na do corpo, mas não são de valor sas que haviam de vir” (2:17).
algum senão para a satisfação da
b) Misticismo - A segunda ad-
carne” (2:23).
vertência de Paulo é que “não dei-
Da mesma forma que Paulo ob- xem que ninguém se faça de árbitro
servou muitos irmãos de Colossos para desqualificar vocês, com pre-
enfraquecendo na fé e buscando texto de humildade e culto de anjos,
doutrinas esquisitas, assim é ainda baseando-se em visões, estando
hoje. Vejamos quais foram as ad- cheio de orgulho, sem motivo algum,
vertências: na sua mente carnal” (2:18). Algumas
pessoas só se preocupavam com
a) Legalismo - A primeira ad-
experiência emocional e sensitiva
vertência foi quanto ao perigo do
particular. Para os falsos mestres
legalismo que está presente desde
de Colossos, essas “experiências
sempre do cotidiano humano, pois
espirituais” eram muito importantes.
é a religião das realizações próprias.
Ainda hoje precisa-se tomar cuida-
Vejam que Paulo diz: “Portanto, nin-
do com certas influências que sub-
guém vos julgue pelo comer, ou pelo
vertem o fato de que a razão e a fé
beber, ou por causa dos dias de fes-
precisam caminhar juntas. Os falsos
ta, ou da lua nova” (2:16). O cristão
mestres, com pretexto de humilda-
não deve preocupar-se por ser jul-
de, estavam ensinando o culto aos
gado pelos outros. Pela lei judaica
anjos baseado em visões. O que é
“comida e bebida” relaciona-se com
isso, senão o misticismo? Diziam
o Antigo Testamento sobre animais
eles que para se aproximar de Deus
impuros, para que o povo de Israel
era preciso intermediários, “anjos”,
não se contaminasse com as outras
mas nós sabemos que há só um
nações ao redor. Mas, agora, isso
mediador (1 Tm 2:5).
já tinha sido superado e a igreja de
Colossos estava sob a Nova Alian- c) Ascetismo – Na terceira ad-
ça em Cristo, e não mais à antiga. vertência Paulo explicita alguns
É bom lembrar que tudo o que faz costumes que estavam surgindo na

41
igreja, como “não manuseies, não texto que tudo aquilo que se busca
proves, não toques” (2:21). Para ele através do legalismo, misticismo ou
isso era apenas “preceitos e doutri- ascetismo, ou qualquer outra forma
nas de homens” (2:22). Esses precei- de religião por obra humana, já foi
tos eram comuns entre os adeptos alcançado para o ser humano pela
da filosofia helenista que praticavam graça de Deus. A conclusão é que
o ascetismo, onde o corpo humano “já fostes ressuscitados juntamente
e tudo que é material era despreza- com Cristo” (3:1). Pela fé em Cristo,
do, e as sensações deviam suplan- já passamos pela experiência es-
tar o material, indicando que o es- piritual da sua morte (2:20) e res-
pírito estava se fortalecendo. Para surreição. É extraordinário o que é
Paulo, isso não passava de “rudi- dito aqui! Mas isso precisa ser uma
mentos do mundo”, mas as pessoas experiência de fé de cada indivíduo.
que se submetiam se sujeitavam ao Portanto, se isso já aconteceu, so-
cumprimento dessas regras. Eram mos chamados a ser participantes
algumas abstinências que com de uma nova vida, pois somos ci-
aparência de espiritualidade enre- dadãos dos céus e devemos buscar
davam os simples. Essas disciplinas as coisas lá do céu. Nossa vontade
religiosas eram definidas por Paulo e pensamento devem agora acom-
da seguinte forma: “têm aparência panhar o Senhor: “Buscai as coisas
de sabedoria” (2:23), mas de sabe- lá do alto onde Cristo vive, assenta-
doria mesmo não tinham nada. Era do à direita de Deus” (3:1). Nossos
um rigor ascético, por meio do qual interesses devem voltar-se para as
se pensava que todo o rigor apli- coisas lá do alto, em contraste com
cado ao corpo levaria a um estado as coisas terrenas. Além de bus-
maior de graça ou santidade, mas, car, é preciso “pensar nas coisas lá
na verdade, tudo isso “não tem va- do alto”. Os nossos pensamentos
lor algum contra a sensualidade”. O comandam todas as nossas ações
ser humano precisa ser melhorado e decisões e, portanto, o que deve
de dentro para fora, e só o Espírito ocupar nossa mente são os valores
Santo pode operar transformação eternos e sublimes lá do alto, onde
no coração, através da fé em Jesus, Deus habita. Quanto sofrimento, dor
que nos leva a um novo estilo de e decepção só porque não pensa-
vida. É o que veremos a seguir. mos aquilo que edifica a nossa vida
espiritual. É só uma questão de
3. Uma nova vida (3:1-4) tempo e todos nós “que morremos e
a vossa vida está oculta juntamente
Paulo vai afirmar agora neste com Cristo, em Deus” (3:3), experi-

42
mentaremos essa futura realidade, Para pensar e agir
pois está escrito: “Quando Cristo que
é a nossa vida se manifestar, então 1. Aprendemos que Cristo tem
vós também sereis manifestados a preeminência sobre o universo
com ele em glória” (3:4). Mas o que e sobre a igreja. A sua obra foi so-
te impede de viver já, apesar das bre-excelente, pois nos libertou da
circunstâncias, esse estilo de vida escravidão e nos transportou do
dos céus? Que responsabilidade a império das trevas para o reino do
nossa e que privilégio poder des- Filho do seu amor. Já agradeceu a
frutar da nova vida aqui e agora! Deus por tamanha bênção hoje?
Paulo pergunta: “Se é que...” Você já 2. Falsas doutrinas como lega-
aceitou esse desafio? lismo, misticismos e vãs filosofias
querem roubar a nossa liberdade.
Conclusão Não se deixe julgar pelos outros e
não procure retornar a esses rudi-
Essa é uma carta escrita a uma mentos, que são aparentes obras
igreja em perigo. Não perigo físico de salvação própria.
de perseguição e morte, mas um
3. Temos uma nova vida em Cris-
perigo de subversão dos valores to. Tudo aquilo que se busca atra-
mais profundos da doutrina cristã. vés das obras de salvação, Cristo
Como aprendemos, Cristo sempre já nos outorgou, se é que com Ele
terá a preeminência, pois Ele é o morremos e ressuscitamos. Essa
Senhor por meio de quem tudo foi verdade deve impactar nossa nova
criado. Ele é aquele que realizou vida. Você está vivendo assim?
uma obra excepcional de salvação.
Isso estava em jogo em Colossos.
A fé estava sendo golpeada atra-
vés do legalismo, do misticismo e Leitura Diária
através de pensamentos filosóficos,
SEG Colossenses 1:1-12
os “rudimentos do mundo”. Quantas
TER Colossenses 1:13-29
igrejas sofrendo ainda hoje com
esses mesmos ataques! Mas você, QUA Colossenses 2:1-15

que já ressuscitou com Cristo pela QUI Colossenses 2:16-23


fé, pode viver a nova vida celestial SEX Colossenses 3:1-17
aqui, já neste tempo. SÁB Colossenses 3:18-4:1
DOM Colossenses 4:2-18

43
Data do estudo Lição 8
Texto base: 1 Tessalonicenses 4:18

À Espera do Mestre
A Primeira Carta aos
Tessalonicenses

A Carta de Paulo aos Tessaloni- lata alguns problemas que lá ocor-


censes foi provavelmente a primeira riam. O que alegrava o coração de
carta escrita por ele. É quase certo Paulo era saber sobre o crescimento
que Paulo escreveu essa primeira espiritual da congregação.
epístola da cidade de Corinto, onde
Silas e Timóteo, também remeten- 1. Liderança na igreja
tes da carta, estavam com ele. “Sil-
(2:1-12)
vano” era a forma latina do nome
“Silas”. Eles eram os missionários ali Assim como existe uma lideran-
em Tessalônica, uma cidade muito ça em casa, pai e mãe exercendo
importante, cujo porto era a princi- o seu papel, bem como em todas
pal conexão marítima com Roma. as instituições humanas, também é
Ainda hoje é a segunda maior cida- fundamental na igreja, para que ela
de da Grécia. cresça. A atitude do líder pode fazer
O grande tema da carta é sobre toda a diferença no crescimento, se
a divindade de Cristo e sua volta. ele for atuante ou não. E como foi a
Ele inicia agradecendo a Deus pela atuação dos missionários ali em Tes-
Igreja, por sua fé e amor demonstra- salônica? Apesar de enfrentar oposi-
do aos irmãos. Timóteo é quem traz ção, serem maltratados e ultrajados
essas boas notícias a Paulo, mas re- em Filipos (2:2), confiando em Deus,

44
conseguiram anunciar com ousadia de Cristo e à vida cotidiana. Primei-
o evangelho. O comportamento de ramente, a inércia foi usada pelos
Paulo foi de extrema honestidade, tessalonicenses para não trabalhar
não agindo com engano (2:3) nem porque Cristo estava voltando. O ou-
impureza ou dolo. Como uma mãe tro extremo é viver só para o traba-
(2:7) que acaricia os seus próprios lho e para esse mundo, esquecen-
filhos, ele usou de linguagem aben- do-se do dia da morte ou da volta
çoadora, sem bajulação (2:5), e não de Cristo, como faz o mundo atual
trabalhava por ganância. A sua atitu- agindo como na parábola de Jesus,
de era de mansidão e carinho (2:7), em Lucas 19:14 – “Não queremos que
embora pudesse até exigir o seu este reine sobre nós”.
sustento, mas não o fez. Mas ainda
Embora a Igreja crescesse, o
como um pai (2:11), ele trabalhava
apóstolo passa a instruí-los na se-
dia e noite (2:9) para não viver às
quência, em um assunto que trazia
custas de nenhum deles. Sua vida
grande desconforto, que era justa-
era exemplo de equilíbrio (2:10), de
mente a questão dos que dormem
modo piedoso, justo e irrepreensível
no Senhor. Vejamos então.
para com eles. E, então, ele os exor-
ta, e isso de modo individual (2:11),
ou seja, a cada um, para que vivam 2. Os mortos em Cristo
de modo digno de Deus. (4:13-18)
Apesar de ter dado tanto exem- Paulo não queria que os tessa-
plo de trabalho, um problema esta- lonicenses ficassem na ignorância
va acontecendo na igreja devido a acerca da morte dos que dormem
uma interpretação errônea acerca (4:13). O fato é que a morte nos
da volta de Cristo. Embora estives- acompanha desde o primeiro dia de
sem praticando o amor fraternal vida. Morre-se fisicamente, e o ser
(4:9), eles estavam deixando as suas humano é a única criatura que tem
obrigações e trabalho. Viver tran- consciência da morte como um fato
quilamente (4:10) é se comportar inevitável. Mas para o crente há mais
em sociedade de tal modo que não uma possibilidade: além da morte
precise depender de outros para se esperamos a volta de Cristo. “Sobre
sustentar. A iminência da volta de os que dormem” (4:13) é uma metá-
Cristo não pode ser motivo para a fora que era usada na antiguidade
preguiça. Uma vida diligente, cui- pelos gentios, pelos judeus e, pos-
dando do que é seu e trabalhando teriormente, pelos cristãos em refe-
com as próprias mãos é uma repu- rência aos que já morreram. Quando
tação que o cristão precisa ter. Há ele cita “aqueles que não têm espe-
dois extremos que precisam ser ob- rança” (4:13), está se referindo aos
servados quanto à questão da volta

45
que se amarguram, pois a morte se primeiro” (4:16).
apresenta sombria e pavorosa para
A volta de Cristo foi a promessa
eles. Mas os que creem que Jesus
feita pelos anjos em Atos 1:11 – “Va-
morreu e ressuscitou creem tam-
rões galileus ... Este Jesus que dentre
bém que os que dormem voltarão
vós foi assunto ao céu virá do modo
com Cristo. É a ressurreição de Cris-
como o vistes subir”. Isso significa que
to que dá esperança no futuro, e o
a volta do Senhor será visível, pois
crente pode dizer “para mim o mor-
todo olho O verá de forma pessoal e
rer é lucro” (Fp 1:21).
corpórea. Em 4:16 diz-nos: “e os mor-
tos em Cristo ressuscitarão primeiro”,
3. Sobre a volta de Cristo ou seja, todos os que constituem a
Igreja, bem como os santos do An-
Diante da realidade da morte, tigo Testamento, serão os primeiros
qual é o sentimento comum aqui no a se encontrarem com o Senhor. E
texto? Fica clara a intenção de Paulo em 4:18 diz: “depois nós, os vivos, os
de demonstrar algo que vai ocorrer que ficarmos, seremos arrebatados
de forma natural e que ninguém juntamente com eles”. Esse arreba-
precisa ficar com medo, triste ou tamento se dará somente depois da
apavorado pelo que vai acontecer, ressurreição corpórea dos mortos e
por isso acrescenta “para não vos será um acontecimento público. Ve-
entristecerdes como os demais que mos que o grande objetivo do após-
não têm esperança” (4:13). Portanto, tolo em apresentar esse tema foi
podemos sentir saudades dos que para consolar os aflitos e confusos
partem, mas temos esperança de pela morte dos seus queridos. Mas
reencontrá-los na volta de Cristo. ele continua, no capítulo 5, instruin-
Ele afirma que “Deus mediante Jesus do a igreja sobre o arrebatamento
trará em sua companhia os que dor- dos salvos.
mem” (4:14). Na parousia, e Paulo in-
siste que esta é uma palavra do Se-
nhor, acontecerá o seguinte: “nós, os 4. O encontro com o
vivos, os que ficarmos até a vinda do Senhor (5:1-11)
Senhor, de modo algum precedere-
mos os que dormem” (4:15). A seguir Cristo receberá nos ares, por en-
passa a relatar uma série de aconte- tre as nuvens, a sua Igreja amada. A
cimentos que ocorrerão na volta de lei da gravidade não atuará sobre
Cristo: “Porquanto o Senhor mesmo, nossos corpos, pois todos os po-
dada a sua palavra de ordem, ouvi- deres estão submetidos ao Senhor.
da a voz do arcanjo, e ressoada da Aleluia! Paulo continua seu ensino
trombeta de Deus, descerá dos céus, relembrando o que os profetas e o
e os mortos em Cristo ressuscitarão próprio Senhor Jesus já haviam ensi-

46
nado – e essa é uma doutrina conso- que de maneira nenhuma escapa-
ladora. Os primeiros cristãos viviam rão, e os sofrimentos se tornarão tão
na expectativa desse grande Dia do intensos e agudos como guerras,
Senhor e, por isso, sua influência foi rumores de guerra, pestes, terremo-
tão poderosa na pregação do evan- tos, agitação mundial, incredulidade
gelho, pois o Senhor estava para e esfriamento da fé, sinais no sol e
voltar a qualquer momento. O Dia na lua. Estes serão os sinais mais
do Senhor era uma expressão usada fortes de que Cristo está voltando.
tanto no Antigo Testamento como Qual deve ser o nosso comporta-
no Novo Testamento e se refere ao mento? Nós somos “filhos da luz e
dia do juízo de Deus. Quanto aos do dia” (5:5). Nenhum ladrão poderá
tempos de épocas desse aconteci- nos surpreender, pois “não somos da
mento (5:1), os tessalonicenses não noite nem das trevas”. A postura do
precisavam de novas informações, crente diante dessa situação deve
pois eles já sabiam, assim como ser estar bem acordado (5:6), vigian-
nós. Precisamos é sempre trazer à do como pessoas sóbrias. Temos à
memória esse grande e terrível Dia. nossa disposição uma vestimenta
Já está chegando e devemos estar especial a nos proteger naquele dia
preparados, pois virá como o ladrão mal, “vestindo-nos da couraça da
de noite, será repentinamente e sur- fé e do amor, e tendo por capacete
preenderá a todos. Você está prepa- a esperança da salvação” (5:8). Não
rado? fomos destinados por Deus para
a ira (5:9), ou seja, para sucumbir
O apóstolo relembra uma ad-
naquele dia mal, mas destinados
vertência: quando andarem dizendo
para receber a salvação por nosso
paz e segurança eis que lhes sobre-
Senhor Jesus Cristo. Portanto, quer
virá repentina destruição (5:3). Os não
estejamos vigiando ou venhamos a
salvos estarão em perigo e em to-
morrer (5:10), viveremos juntamente
tal desamparo. Hoje todos desejam
com o Senhor. O que se espera do
paz, mas se recusam a estar em paz
crente é uma atitude completamen-
com Deus. Todos os meios e recur-
te diferente do mundo. Paulo passa
sos são usados hoje, mas são insu-
a orientar até o final da carta como
ficientes para trazer a paz. Basta ver
se deve agir como verdadeiro cren-
os noticiários sobre armamentos,
te que espera pelo seu Senhor (5:11-
terrorismo, rumores de guerra etc.
28): “exortar uns aos outros; edificar
Sabemos que somente o Príncipe da
os irmãos; honrar os que presidem
paz será capaz de implantar a ver-
na igreja; ter paz uns com os outros;
dadeira paz. A ilustração das dores
admoestar os desordeiros; consolar
do parto refere-se àquela que está
os desanimados; sustentar os fra-
para dar à luz e mostra que a vinda
cos; ser paciente; não retribuir o mal
será repentina e irreversível. E 5:3 diz

47
com o mal; alegrar-se sempre; orar Para pensar e agir
sem cessar; dar graças por tudo; não
extinguir o Espírito; não desprezar a 1. A questão da morte é intrigan-
Palavra; examinar tudo e reter o bem; te e desafiadora para todos nós. Há
abster-se da aparência do mal.” Em muita dúvida sobre o assunto, mas
um mundo caótico, somos chama- não precisamos ser ignorantes, pois
dos para iluminar de uma forma tão o assunto foi ensinado aqui. Como
especial. Você está vivendo nessa você tem se comportado diante da
expectativa da volta de Cristo? morte de um ente querido?
2. A escatologia é uma doutrina
Conclusão que nos deixa em suspense quando
começamos a estudá-la. Mas a rea-
A igreja de Tessalônica era uma lidade é que iremos todos enfrentar
igreja forte e crescente em amor. No a morte ou veremos a volta de Cris-
entanto, apesar de ter sido evangeli- to, se estivermos vivos. Você se sen-
zada por missionários que lideraram te preparado para esse momento?
com dignidade e amor, ensinando as Continua trabalhando e cuidando
doutrinas da fé, ocorreram erros de dos seus afazeres, mas vigiando so-
interpretação quanto aos mortos e a briamente?
vinda de Cristo. Eles ainda eram ig-
norantes quanto à ressurreição dos 3. A expressão “consolai-vos uns
mortos e tinham uma visão da vinda aos outros” é citada várias vezes. É
de Cristo equivocada, o que fez com motivo de grande alegria ter a segu-
que deixassem até de trabalhar. Vi- rança da vida eterna e poder conso-
viam inconsistentes e dependendo lar e exortar quem está em dúvida
dos favores alheios. Paulo os exorta sobre o futuro. Você tem consolado
a retornar ao trabalho para viver dig- os outros?
namente e ensina sobre o grande e
terrível Dia do Senhor, que para os
ímpios será dia de pavor, mas para
os crentes, um dia de glória, pois se Leitura Diária
encontrarão com o Senhor e todos SEG 1 Tessalonicenses 1:10
os salvos da Terra. Deve-se viver TER 1 Tessalonicenses 2:1-12
uma vida honrosa agora, aguar-
dando esse grande acontecimento, QUA 1 Tessalonicenses 2:13-20
e devemos estar alertas, pois não QUI 1 Tessalonicenses 3:1-13
sabemos o dia e hora. Mas esse dia SEX 1 Tessalonicenses 4:1-18
chegará! E devemos estar vigilantes
SÁB 1 Tessalonicenses 5:1-12
e felizes.
DOM 1 Tessalonicenses 5:13-28

48
Data do estudo Lição 9
Texto base: 2 Tessalonicenses 1:1-10

Não Tema o Fim


A Segunda Carta aos
Tessalonicenses

Essa carta foi escrita pouco tem- trata já no início da carta, quando
po depois da primeira carta aos Tes- relata a oração constante que faz
salonicenses e busca fortalecer e pela igreja: é que a certeza da vol-
encorajar a fé dos irmãos diante das ta de Cristo traz para nós, crentes,
adversidades da vida, bem como algumas bênçãos que podem ser
despertar para a responsabilidade desfrutadas agora. Vejamos quais
de um viver cristão atuante. A carta bênçãos são essas.
trata basicamente de corrigir alguns
erros de interpretação acerca da 1. Esperar pela volta de
volta de Cristo, assunto que foi tra- Cristo produz bênçãos
tado na primeira carta, e algumas (1:3-12)
dúvidas permaneceram. Até hoje
ainda temos muitas! Pergunta-se 1) Primeiramente, quando temos
em nosso meio: Quando se manifes- certeza da volta de Cristo, o senti-
tará o Senhor? A Bíblia não responde mento de gratidão a Deus pela sua
a essa pergunta de forma objetiva e graça (1:3-4) inunda o nosso coração.
nem prevê o futuro, mas apresenta Paulo agradece a Deus pela igreja
alguns dados reveladores, nos quais e afirma que aquele que tem essa
podemos ancorar nossa fé. expectativa é porque foi alcançado
Muito importante é o que Paulo pela graça de Deus, o que leva a um

49
sentimento de agradecimento. Toda apenas suportemos a vida, mas que
a fé, a esperança e o amor, fruto vivamos de forma digna, fazendo a
do crescimento espiritual da Igre- diferença neste mundo caótico. E
ja de Tessalônica, vinham da graça como fazemos a diferença? Cum-
de Deus, e os faziam vencedores prindo todo o desejo da bondade
pacientemente, mesmo diante das de Deus. Sim, Deus tem o desejo de
perseguições e aflições que supor- que sua bondade seja disseminada
tavam. Como tem sido nosso ges- e experimentada por todos, e o pla-
to de reconhecimento a Deus pela no Dele é que sejamos nós os cum-
salvação? A lembrança constante pridores desse projeto.
da volta de Cristo deve nos deixar
cheios de gratidão. 2. Antes da vinda de
2) A confiança (1:5-7) é outra bên- Cristo (2:1-11)
ção relatada por Paulo. A confiança
do crente está na própria pessoa de Mais uma vez Paulo vai falar so-
Deus, que é justo em si mesmo. A bre a Parousia (acontecimento es-
justiça de Deus não se condiciona catológico da vinda de Cristo). Na
aos nossos fracassos ou sucessos primeira carta, o objetivo foi instruir
nem é estremecida pelo presente sobre a segunda vinda de Cristo.
ou futuro. Deus usa até as persegui- Parece que houve alguma confusão
ções e tribulações para conferir gra- de interpretação, a ponto de muitos
ça aos humildes. E será na revelação não quererem nem mais trabalhar,
de Cristo que o verdadeiro cristão uma vez que a volta de Jesus para
será honrado. eles parecia iminente. Paulo ape-
la para que eles não perdessem o
3) Outra bênção que a certeza entendimento nem se perturbas-
da volta de Cristo traz é que fica- sem (2:2). Qualquer influência acer-
mos mais dependentes do poder de ca desse assunto, como uma carta
Deus (1:11-12). A oração de Paulo é falsificada, deveria ser descartada,
que Deus pelo seu poder faça com uma vez que dois acontecimentos
que seu povo possa viver de modo ainda estavam por vir. Sendo assim,
digno da vocação cristã. Todos nós o apóstolo queria corrigir esses er-
sabemos como é difícil viver de ros. Os dois sinais eram: a apostasia
modo digno num mundo tão injusto. e a manifestação do homem da ini-
Você pode imaginar como era nos quidade (2:3).
dias do Império Romano? Por isso,
quando temos em mente que Cristo a) A Apostasia – O primeiro sinal
voltará, somos revigorados a viver é que haverá um tempo de grande
como ele viveu. Deus quer que não apostasia, que é a rebelião contra

50
Deus. Na história do povo de Israel matará com o sopro da sua boca e
houve muitos episódios de apos- o destruirá pela manifestação da sua
tasia, nos quais os reis, até mesmo vinda” (2:8). A Bíblia não diz quem é
sacerdotes e profetas, juntamente esse homem, mas diz apenas que é
com o povo, rebelavam-se contra um ser humano. As suas caracterís-
Deus, e as consequências eram de- ticas são expostas aqui. Ele será al-
sastrosas. Na história da igreja tam- guém com uma vontade imensa de
bém vemos isso acontecer. A apos- se opor contra Deus. Será extrema-
tasia é um perigo constante, pois é a mente ambicioso “a ponto de se as-
causa de abandono da fé de muitos sentar no santuário de Deus, como se
de dentro da igreja. Mas nesse caso fosse o próprio Deus” (2:4). Mas tam-
específico, a rebelião será mundial bém será segundo a eficácia satâni-
contra toda ordem estabelecida por ca (2:9) a ponto de agir com poder e
Deus e sua autoridade. Você tem fazer sinais e prodígios provenientes
percebido a manifestação explícita da mentira.
contra a forma como Deus estabe-
É interessante notar que não só a
leceu as coisas?
responsabilidade do mal está sobre
b) O Homem da Iniquidade – A o homem da iniquidade, o qual agi-
apostasia dará oportunidade para rá abertamente e sem impedimen-
manifestação do homem da iniqui- to, mas também porque pessoas
dade, o filho da perdição que se ímpias estarão ao seu lado. Serão
revelará: “O qual se levanta contra aqueles que aceitarão seu poder
tudo que se chama Deus ou é obje- demoníaco, fascinados pelos sinais,
to de culto, a ponto de assentar-se prodígios e mentiras. Esses volun-
no santuário de Deus ostentando-se tariamente rejeitam o amor da ver-
como se fosse o próprio Deus” (2:4). dade para serem salvos (2:10). São
Em suas epístolas, (1 Jo 2:18, 22; 4:3 e pessoas induzidas ao erro que dão
2 Jo 7) João se refere ao “anticristo”, crédito à mentira (2:11). Que mundo é
mas Paulo prefere chama-lo de “ho- esse onde os valores são totalmente
mem da iniquidade”. Em II Ts 2:6-7, o invertidos? Por isso, somos adverti-
apóstolo Paulo mostra que o mis- dos a tomar muito cuidado.
tério da iniquidade já opera, e isso
nós já sabemos, basta ver e ouvir 3. A vinda de Cristo para
os noticiários que verificamos toda os santos (1:7-10; 2:13-17)
a maldade humana. Mas diz o texto
que algo sob a ordem divina detém a) Alívio Quando o Céu se Mani-
o homem da iniquidade de se mani- festar (1:7-10)
festar. Mas haverá o dia da sua ma-
nifestação “a quem o Senhor Jesus Paulo declara que será um alívio

51
para os que são atribulados “quan- A expressão “entretanto”, em 2:13,
do do céu se manifestar o Senhor mostra o contrário do que foi apre-
Jesus com os anjos do seu poder” sentado por Paulo quanto aos que
(1:7). Todos contemplarão a sua gló- perecem por terem se deleitado na
ria e ele será admirado e glorifica- injustiça (2:12). Diante de tal realida-
do. É interessante notar que esse de de impiedade, que em muitos
dia será de glorificação do Senhor casos já se vive no dia a dia, Paulo
(1:10) por todos os seus santos, que apela dizendo que devemos sem-
creram. Mas também será um dia pre dar graças a Deus. Precisamos
de vingança contra os pecadores nos lembrar que o Dia do Senhor
ímpios, os quais não desfrutarão da não está tão distante de culminar
sua glória. O que lhes espera será em toda a sua inteireza. O que deve
“chama de fogo, tomando vingança fazer então o cristão? Simplesmente
contra os que não conhecem a Deus ficar firme para não ser enganado.
e contra os que não obedecem ao Diante desse cenário de rebeldia de
evangelho de nosso senhor Jesus” uma sociedade em que se manifes-
(1:8). Será, portanto, um dia de muito tará a apostasia, Paulo orienta que
terror para os que perecem nas tre- é preciso agradecer a Deus pela
vas. Mas não somente isso, a mani- nossa fé em Cristo Jesus. Os que
festação da glória de Cristo será tão sofrerão na vinda de Cristo serão os
profunda, que “estes sofrerão pena- que não creram na verdade e tive-
lidade de eterna destruição, banidos ram suas alegrias na injustiça. Mas
da face do seu Senhor e da glória do nós, diz o texto, “somos amados do
seu poder” (1:9). Mas para os que cre- Senhor e escolhidos por ele desde o
ram será também um dia de glória princípio para a salvação” (v.13) e não
poder participar da glória de Cristo. rejeitamos o seu convite. Diante de
Precisamos parar e pensar: em qual um mundo de incertezas podemos
grupos queremos estar? Para com- ter certeza de que Deus nos ama.
parecer a esse evento escatológi- Apesar das nossas imperfeições,
co não precisamos fazer nada, pois como eram imperfeitos também os
simplesmente todo ser humano es- tessalonicenses, Deus ama a todos
tará lá. Mas para participar das bo- que receberam a justificação no
das do Cordeiro, Cristo precisa estar sangue de Jesus.
no trono do nosso coração hoje. O
Uma atitude de obediência é ob-
nosso agir diário vai demonstrar se
servar as tradições ensinadas pelos
de fato sou eu ou Jesus que está no
antigos. “Assim pois irmãos, perma-
controle da vida.
necei firmes e guardai as tradições
b) Permanecer Firmes (2:13-17) que vos foram ensinadas, seja por
palavras, seja por epístola nossa”

52
(2:13). Aqueles ensinamentos do mos uma série de bênçãos que são
próprio Senhor e dos apóstolos que derramadas sobre nossa vida. E um
nos foram transmitidos precisam desses ensinos é que Cristo vai vol-
ser guardados e cumpridos, pois tar. Quando vivenciamos a expecta-
são segurança para a igreja contra tiva da volta de Cristo, sentimos gra-
a apostasia. É preciso disposição e tidão pela Sua graça em nos fazer
desejo pelo discipulado de Cristo, participantes da vida eterna.
reconhecendo o valor dos ensinos
2. Antes da vinda de Cristo duas
da Palavra de Deus. Esteja, portanto,
coisas vão acontecer. Uma delas
preparado para a volta de Cristo!
é a apostasia, e precisamos estar
atentos para não abandonar a fé,
Conclusão como muitos fizeram no passado.
Outro sinal será a manifestação de
Neste estudo refletimos mais um homem iníquo, que com poder
uma vez sobre o grande Dia do Se- maligno se apossará da adoração
nhor, a volta de Cristo. Mais do que de Deus, e muitos se curvarão a ele.
querer adivinhar ou prever o dia e a Será um período de dores, mas de-
hora, Paulo quer que a igreja esteja vemos estar alertas, e não sucumbir
preparada para viver cada dia o seu ao erro, pois será muito passageiro.
mal. A apostasia aflorará cada vez
mais, e a chegada do homem da 3. Nossa postura hoje deve ser
iniquidade, o anticristo, não deverá de expectativa pela volta de Cristo,
surpreender aqueles que estão fir- sabendo que esse dia para nós será
mes em Cristo. Para muitos esses de grande alívio de todas as tribu-
dias serão de aparente liberdade e lações que passamos. Devemos
libertinagem, mas serão tomados permanecer firmes, embasados na
de grande pavor quando o Senhor Palavra que nos foi transmitida.
chegar, pois se deleitaram na injus-
tiça. Para os santos será um dia de
alívio, pois presenciarão o Senhor Leitura Diária
recebendo toda a glória que Lhe é SEG 2 Tessalonicenses 1:1-12
devida.
TER 2 Tessalonicenses 2:1-12
QUA 1 Coríntios 15:50-58
Para pensar e agir
QUI 2 Tessalonicenses 2:13-16
1. Os ensinamentos do Senhor SEX 1 João 2:15-24
são para serem observados hoje, SÁB 2 Tessalonicenses 3:1-17
pois lá no céu não precisaremos
deles. Quando assim fazemos, obte- DOM 2 Coríntios 5:1-10

53
Data do estudo Lição 10
Texto base: 1 Timóteo 6:11

Vivendo Acima
da Média
A Primeira Carta
a Timóteo

As cartas a Timóteo e a Tito são bém, com Paulo em várias cartas (1


chamadas de pastorais, pois foram e 2 Tessalonicenses, 2 Coríntios, Fi-
enviadas por Paulo a dois de seus lipenses, Colossenses e Filemom).
companheiros que se tornaram pas- Paulo o chama de “cooperador” (Ro-
tores, e têm por objetivo, em grande manos 16:21), de “meu filho amado”
parte do texto, tratar dos deveres do (1 Coríntios 4:17) e “meu verdadeiro
líder, bem como a missão da Igreja e filho na fé” (1 Timóteo 1:2). Timóteo
sua integridade. era relativamente jovem (1 Timóteo
4:12), porém, Paulo o incentivava a
Timóteo era filho de pai grego
ser modelo de fidelidade.
(gentio) e sua mãe, Eunice, era ju-
dia que se convertera ao Evange- Timóteo estava atuando na Igre-
lho, juntamente com sua avó Lóide ja de Éfeso, designado por Paulo e
(2 Timóteo 1:5). Era natural de Listra, esta primeira carta tem como finali-
uma colônia romana na província dade orientá-lo no ministério, assim
da Galácia. Ele foi companheiro de como, tratar seriamente acerca das
viagens missionárias de Paulo e, até, questões doutrinárias, trazendo o
foi circuncidado por este para evitar foco para a verdade (“sã doutrina” – 1
críticas por parte dos judeus (Atos Timóteo 1:10; “boa doutrina” – 1 Ti-
16:1-3). Timóteo colaborou, tam- móteo 4:6 e “sãs palavras” – 1 Timó-

54
teo 6:3), a qual deve ser guardada e qual toda a lei se cumpre e torna-se
transmitida. Alguns falsos mestres já a sã doutrina, pela qual o apóstolo
estavam trazendo problemas para a deu a sua vida, sendo até mesmo
Igreja. Falsas doutrinas ou heresias encarcerado por anunciá-la.
sempre estão ao derredor da Igreja,
Somente a ‘graça’ é capaz de
logo, é necessário sabedoria para
transformar o ser humano, e Paulo
distingui-las e coragem para com-
usa o exemplo de seu próprio passa-
batê-las. A Igreja precisa ser “coluna
do de impiedade, quando era “blas-
e fundamento da verdade” (1 Timó-
femo, perseguidor e insolente” (1:13),
teo 3:15). Vejamos algumas lições
como fruto dessa graça. Portanto,
significativas.
a obra de Cristo é suficiente e não
há por que se utilizar de quaisquer
1. Cuidado com as falsas novidades ou doutrinas falsas, pois
doutrinas (1 Tm 1:3-20; longe d’Ele abandonamos o que é
4:1-5:2; 6:3-19) certo, somos enganados e nos tor-
a) Falsas Doutrinas, a Lei e o namos seguidores da falsidade.
Evangelho – As heresias são sem- b) Falsas Doutrinas e a Apostasia
pre mentiras e o cristão precisa agir, (4:1-5:2) – Paulo recebeu expressa-
de forma firme, contra os ensinos er- mente orientação do Espírito Santo
rôneos. Paulo argumenta que a ati- e retoma o assunto investindo con-
tude de correção “visa ao amor que tra os falsos mestres e seus ensinos.
procede de um coração puro, boa Ele se refere “aos últimos tempos”
consciência e fé sem hipocrisia” (1:5). (4:1), como sendo o período entre
Na verdade, os que promovem fal- a Primeira e a Segunda Vindas de
sas doutrinas pensam que são mes- Cristo. Estamos, de fato, vivendo
tres da lei, mas são de fato indoutos esses últimos tempos. Os apóstatas
(1:7). Paulo vai argumentar que a lei “darão ouvidos a espíritos engana-
é boa quando usada de modo legí- dores e ensinos de demônios”. Os
timo (1:8), ou seja, para quem pratica mestres do mal são pessoas hipócri-
a justiça a lei é inoperante, mas para tas e mentirosas que têm cauteriza-
os pecadores que se opõem à sã da a própria consciência (4:2). Com
doutrina, deve ser promulgada (1:9 e aparência de devoção e rigor ético
10). A lei do Antigo Testamento já ti- como máscara ilusória, corrompem
nha cumprido seu dever. Assim sen- a muitos. Todavia, de fato, estão a
do, “o evangelho da glória do Deus serviço de Satanás, por isso têm a
bendito” (1:11) forma o padrão pelo mente escravizada e insensível, a

55
qual é incapaz de discernir o bem nia, blasfêmia e suspeita mútua que
do mal. A partir de I Timóteo 4:3, em nada edificam.
Paulo apresenta algumas ênfases
dos falsos ensinos, como a proibi- 2. Zelo pelo ministério e
ção do casamento e abstinência de oração (1 Tm 2:1-8)
alguns alimentos. Chama a atenção
quanto à expressão “proibição do No presente capítulo, percebe-
casamento”, pois cerca de quatro mos Paulo estabelecendo algumas
séculos após esse escrito de Paulo, diretrizes para o ministério cristão,
a cristandade começou a valorizar ao orientar seu discípulo Timóteo.
o celibato como virtude necessária
A grande exortação é “que se
para o sacerdócio clerical, e no Con-
use a prática de súplicas, orações,
cílio de Latrão, em 1123, passou a ser
intercessões e ações de graças,
obrigatório. Parece que, os católicos
em favor de todos os homens” (2:1).
romanos se encarregaram de cum-
Observemos que a oração tem lu-
prir a profecia paulina de surgimento
gar preponderante, e a interces-
dessa heresia no seio da igreja.
são deve ser por todas as pessoas,
c) Falsas Doutrinas e o Dinheiro pois o grande desejo do cristão é
(6:3-10) – Mais uma vez, Paulo re- que todos conheçam a verdade de
torna a esse tema da falsa doutrina, que Cristo deu a Sua vida por toda
o qual permeia toda a carta, dizen- a humanidade. Muitas vezes, o sen-
do: “se alguém ensina outra doutri- timento exclusivista, em algumas
na...” (6:3). O ponto fundamental da comunidades, impede que se ore
heresia tratada se dá, quando não e pregue o Evangelho em sua intei-
concorda com as palavras de nos- reza, como era o caso em Éfeso. De
so Senhor Jesus Cristo. Desviar-se uma forma especial, os governantes
do Evangelho implica em desgraça, e as autoridades devem ser alvo de
pois as sagradas palavras são sadias nossas orações (2:2). Como Igreja de
e transmitem bem-estar espiritual a Cristo, somos o ‘sal da terra’ e a ‘luz
todos que a recebem pela fé. Qual- do mundo’, promotores da paz de
quer pessoa que troca a Palavra de Deus.
Deus, por alguma outra doutrina,
Portanto, duas razões são men-
torna-se ensoberbecido. Ao invés
cionadas pelo apóstolo para uma
de possuir entendimento, de fato
vida de oração como Igreja. A pri-
nada entende. Esses têm apego a
meira é que, podemos esperar “que
questões vãs e contendas de pala-
vivamos uma vida tranquila e man-
vras, as quais provocam inveja, calú-

56
sa, com toda piedade e respeito” abordado por Paulo, focalizando as
(2:2). ‘Piedade’ diz respeito a uma qualidades pessoais daqueles que
atitude religiosa de verdadeira re- desejam servir, mais do que propria-
verência a Deus; e ‘Respeito’ signi- mente os seus deveres. O mais im-
fica seriedade moral que leva a um portante para o apóstolo era o cará-
comportamento digno. Em outras ter do líder do que suas atribuições.
palavras, quando temos paz na vida, Os deveres podem ser aprendidos,
‘santidade’ e ‘justiça’ prevalecem. mas o caráter só Deus pode trans-
formar. Os falsos mestres, os quais
A segunda razão é porque “é bom
ocupavam posições de liderança
e aceitável diante de Deus nosso
podiam até enganar os indoutos
Salvador” (2:3). Se a oração agrada a
e realizar muitas tarefas, por isso o
Deus, isso já é motivo suficiente para
apóstolo vai apresentar as qualifica-
todo crente ‘orar’. E por que agrada a
ções dos pastores e diáconos. Ele
Deus? Porque como Salvador, Deus
inicia dizendo que, esta palavra que
“deseja que todos os homens sejam
passa a falar é fiel, dada à relevância
salvos” (2:4). Para que as pessoas se-
que está associada à tarefa do líder.
jam salvas, elas precisam “chegar ao
pleno conhecimento da verdade”, ou Os oficiais são chamados de bis-
seja, precisam se converter, toman- pos ou presbíteros, que significa su-
do consciência de que “há um só perintendentes, e diáconos. As qua-
Deus e um só mediador entre Deus lidades dos pastores apresentadas
e os homens, Jesus Cristo homem” são: “irrepreensível, marido de uma
(2:5). Paulo mesmo dá testemunho só mulher, vigilante, sóbrio, honesto,
de que foi um pregador dessa boa hospitaleiro, apto par ensinar...” (3:2-
nova (2:7) e deseja que, os membros 7). Eles estavam encarregados de
da igreja “orem em todo o lugar, le- representar a Igreja externamente,
vantando mãos santas” (2:8), onde o bem como, exerciam o ministério
Evangelho for pregado. A verdadeira do ensino e o pastoral internamen-
oração só tem sentido, quando se te, com autoridade para disciplinar
tem uma vida digna, pois qualquer os membros. Como um pai cuida da
gesto de oração com o coração im- família e do seu lar, assim deve agir
puro é inútil e uma blasfêmia. o pastor. O requisito ‘irrepreensível’
significa que não deve apresentar
3. Orientações para os alguma falha de caráter ou condu-
líderes (1 Tm 3:1-16) ta, de tal forma que ninguém possa
criticá-lo. Deve ter, também, bom
Esse tema sobre ‘liderança’ é testemunho tanto por parte dos de

57
fora da Igreja quanto dos de dentro do estar vinculada a uma fé sadia. O
da própria Igreja, para que não seja mistério da fé abriga todas as ver-
afrontado ou caia no laço do diabo. dades que estavam ocultas e que,
agora, são acessíveis, por meio do
Assim, “os presbíteros que go-
plano redentor de Deus, o qual tem
vernam bem sejam estimados por
sido manifestado aos que creem.
dignos de duplicada honra, princi-
Outra qualidade atribuída aos diá-
palmente os que trabalham na pa-
conos e diaconisas é que sejam pri-
lavra e na doutrina” (5:17). A honra da
meiramente experimentados, isto é,
posição daquele que preside e mi-
depois de uma avaliação cuidadosa
nistra a pregação, ensina e pastoreia
acerca do seu caráter e conduta
o rebanho, deve ser correspondida
passada, e se mostrarem-se irre-
por dobrados honorários (5:18).
preensíveis, devem ser ordenados
No caso dos diáconos, embora para exercer o diaconato. Quanto
subordinados ao pastor, para exer- ao caráter, o apóstolo, também, no-
cer a função, também, são requeri- meia que devem ser: “honestos, não
das algumas qualidades. O próprio de língua dobre, não dados a mui-
significado primário do termo revela to vinho, não cobiçadores” (3:8). As
que o diácono deve ‘servir’ com uma diaconisas, também, são lembradas
capacidade de ‘garçom’, tal como como boas esposas, as quais devem
servir à mesa. O exemplo maior vem ser “honestas, não maldizentes, só-
do Senhor Jesus, o qual ensinava brias e fiéis em tudo.” (3:11).
aos Seus discípulos como agir, se-
Os pastores e diáconos são seres
guindo o Seu próprio exemplo como
humanos como os demais. No en-
Aquele que serve às refeições. Por
tanto, têm uma grande responsabili-
fim, todo tipo de serviço realizado na
dade diante da Igreja, da sociedade
Igreja em prol do Reino de Deus e
e, principalmente, diante do Senhor
da propagação do Evangelho é des-
Deus. Aqueles que, assim, aspiram a
crito no Novo Testamento como um
essa excelente obra e se qualificam
ministério, isto é, serviço.
para tal, precisam do apoio da Igre-
Os diáconos e diaconisas devem ja, bem como de suas incessantes
ser, portanto, de uma profunda con- orações. Você tem orado por seus
vicção cristã, “conservando o misté- líderes? Você tem investido na boa
rio da fé com a consciência limpa” formação espiritual e doutrinária
(3:9), ou seja, uma consciência livre dos mesmos?
da maldade ou vergonha, objetivan-

58
Conclusão defensores da ‘sã doutrina’, a qual
chegou até nós, desde os primeiros
A grande preocupação do após- apóstolos, sendo mister apresentá-
tolo Paulo era com relação aos lí- -la às gerações vindouras.
deres das gerações futuras no que
tange à Igreja de Cristo. Destarte, 2. O culto congregacional públi-
ele escreve a Timóteo animando-o co necessita de ‘ordem’ e a oração
e orientando-o acerca dos perigos deve ser ‘integrante’. Toda a Igre-
iminentes das falsas doutrinas. Seu ja deve orar, suplicar, interceder e
apelo é para que se apegue à “sã agradecer. Todas as pessoas e au-
doutrina”, ou seja, às palavras do Se- toridades precisam ser alvo de ora-
nhor Jesus, pois assim como naque- ções. O Senhor Deus deseja que,
les dias em Éfeso, ainda hoje, vive- todos sejam salvos e tenham pleno
mos dias de grande confusão moral conhecimento da verdade. Para tan-
e teológica. to, a forma mais eficaz é quando a
Igreja ora pelos pecadores.
Nesse viés, então, cremos que a
oração seja a base e o sustento do 3. Pastores e diáconos precisam
ministério de uma Igreja, por isso, ser exemplos para a congregação,
as orientações insistentes acerca da bem como, terem bom testemunho.
oração constante na ordem de cul- Entretanto, a Igreja precisa orar por
to. Os líderes são os responsáveis cada um de seus líderes, a fim de
pelo ensino, administração da Igreja exercerem o ministério com toda
e zelo pelo mistério da fé que nos dedicação, comprometimento, zelo,
foi revelado. Assim sendo, devem amor.
ser modelos de conduta na con-
gregação, tendo o dever de cuidar
dos seus líderes, como autoridades
estabelecidas pelo próprio Senhor Leitura Diária
Deus para conduzir a Igreja.
SEG 1 Timóteo 1:1-20
TER 1 Timóteo 2:1-15
Para pensar e agir
QUA 1 Timóteo 3:1-16
1. Estamos vivendo tempos difí- QUI 1 Timóteo 4:1-16
ceis com relação às questões dou- SEX 1 Timóteo 5:1-16
trinárias e morais na Igreja. Temas
SÁB 1 Timóteo 5:17-25
teológicos têm sido relativizados.
Como cristãos, devemos ser os DOM 1 Timóteo 6:1-20

59
Data do estudo Lição 11
Texto base: 2 Timóteo 3:14,15

Não Desanime!
A Segunda Carta
a Timóteo

Esta segunda carta de Paulo foi orientando-os acerca da administra-


escrita da prisão, possivelmente, du- ção das igrejas.
rante a segunda vez que foi preso em
Roma, quando estava para ser julga-
do e, provavelmente, pressentia que
1. Exemplo de Fé (1:3-14;
seria condenado à morte. A maioria
3:14-17)
dos seus amigos o abandonaram e “Despertes o dom de Deus que
somente Lucas o apoiava; alguns até há em ti” (1:6). Pelo fato de Paulo sa-
fizeram muito mal, como Alexandre, ber que Timóteo é um homem de
o latoeiro (4:14). Precisando de al- fé, não tem dúvidas de que ele está
gumas coisas, ele pede a Timóteo: pronto a reavivar o dom de Deus que
“Procura vir ter comigo depressa” há nele, e que no dia da ordenação
(4:9). Diante da realidade dos falsos se confirmou (4:14). Como é impor-
mestres na igreja e dos amigos que tante relembrarmos o primeiro amor,
o desampararam (4:15) ele pensa nos o dia da conversão ou do batismo!
futuros líderes. As orientações dadas A sugestão é reacender, reativar,
a Timóteo tanto na primeira quanto não no sentido de que apagou, mas
nesta segunda carta tem uma gran- como as brasas que precisam ser
de preocupação com a ‘sã doutrina’, remexidas. O ministro do Evangelho
bem como, em dar diretrizes para e todo cristão devem estar sempre
as próximas gerações de pastores, revitalizando sua fé. – “Permanece

60
naquilo que aprendeste” (3:14). reção, convencendo os mal orienta-
dos dos seus erros e colocando-os
Mais uma vez, Paulo retorna ao
no caminho certo outra vez; e para a
fundamento da fé, pois é isso que
educação na justiça, uma instrução
deve ser usado contra o engano dos
construtiva na vida cristã, que signi-
charlatães, ou seja, a mensagem
fica retidão. Por causa da sua fé, Ti-
do Evangelho em contraste com
móteo estava pronto para enfrentar
as novidades imaginativas que vão
todo bom combate com muita cora-
mercadejando. Ele sabia de quem
gem. É isso que vamos ver agora.
aprendera essas verdades da tradi-
ção cristã: foram transmitidas a ele
não por aventureiros individualistas, 2. Exemplo de coragem
mas pela mãe e avó, pelo próprio (1:7-12; 2:3,8; 4:6-8)
apóstolo e outras testemunhas de
fidedignidade comprovada. - “Não te envergonhes do teste-
munho” (1:8). A graça que Timóteo
Outro motivo para que a confian- recebeu tem uma relevância direta
ça fosse sólida é que, recebeu as com sua fé e coragem, “porque Deus
Escrituras desde a infância, pois ti- não nos deu o espírito de temor, mas
nha familiaridade com as Sagradas de fortaleza, e de amor, e de mode-
Letras, o Antigo Testamento, o qual ração” (1:7). É o próprio Deus quem
pode “tornar sábio para a salvação fornece a capacitação que preci-
pela fé em Cristo Jesus” (3:15). O samos, assim como fez com Paulo
Antigo Testamento transmite não, e Timóteo, e não era espírito de co-
simplesmente, fatos históricos e sa- vardia que poderia deixá-los hesitar
grados, mas sim, uma revelação do ao serem confrontados com respon-
propósito salvífico de Deus. sabilidades desafiantes e perigos.
Quanto à sabedoria referida que Pelo contrário, era espírito de poder,
pode tornar sábio, é aquela que vem de amor e de moderação, habilitan-
pela fé em Cristo Jesus. A chave das do-os a dominar qualquer situação
Escrituras é Cristo e ninguém pode com autoridade moral e amor, de
entendê-las de fato, até que rece- serviço afetuoso e com abnegação,
bam Jesus como Salvador e Senhor. o que se requer de cada líder cristão.
O valor do Antigo Testamento é des- - “Participa dos sofrimentos” (1:8),
crito numa frase: “Toda a escritura é a favor do Evangelho conforme o
inspirada por Deus e útil para ensi- poder de Deus “que nos salvou e nos
nar...” (3:16). Inspirada por Deus sig- chamou com santa vocação” (1:9),
nifica, literalmente, ‘soprado para não segundo as nossas obras, mas
dentro por Deus’. É útil para o ensino, por determinação da graça de Cris-
isto é, como fonte de doutrina cristã; to Jesus desde a eternidade. A graça
para repreensão, refutando o erro e de Deus para conosco é manifestada
repreendendo o pecado; para cor-

61
por nosso Salvador Cristo Jesus que que se dedica ao serviço de Cristo.
“destruiu a morte e trouxe à luz a vida
- “Combate o bom combate” (4:7).
e imortalidade” (1:10). Quanto ao não
Nenhum exemplo é melhor do que o
se envergonhar e participar dos sofri-
ministério do próprio apóstolo Paulo.
mentos, Paulo acrescenta “por cuja
Assim, Timóteo deveria também lu-
causa padeço também isto, mas não
tar na nobre competição, não como
me envergonho” (1:12), porque ele
uma competição atlética ou uma
sabia em quem depositava a sua fé.
disputa de luta romana, mas sim,
Era para ele uma honra sofrer, e não
como vocação e ministério ao dizer:
sentia vergonha no seu sofrimento;
o combate é ‘bom’, no sentido de ser
da mesma forma, Timóteo não de-
‘o mais nobre’. Vale dizer: ele lutou
veria sentir vergonha também dele.
bem até o fim, completando a sua
E a razão para sua confiança era: “Sei
carreira. Ele foi leal ao que lhe fora
em quem tenho crido” (1:12), pois, em
confiado, ou seja, guardou a fé. As-
sua experiência pessoal, Deus nunca
sim, deve combater todo aquele que
o decepcionara. A fé que o apóstolo
é chamado por Deus.
argumenta, aqui, não é a fé num cre-
do (corpo de doutrinas), mas em uma
Pessoa. Paulo sabia que além de não 3. Exemplo de santidade
decepcionar, Deus “é poderoso para (2:16-26; 3:1-5)
guardar o meu depósito até aque-
le dia”, pois colocou-se a si mesmo - “Evita falatórios” (2:16). A tarefa
nas mãos de Deus e está confiante, de Timóteo como de todo pastor é
sejam quais forem as circunstâncias, pregar o evangelho em sua pureza.
de que Deus vigiará por ele. Ao fazer assim, deve evitar os fala-
tórios inúteis e profanos, que é algo
- “Participa dos sofrimentos” (2:3). contrário à pregação, pois esses dis-
Novamente, está o desafio de en- cursos são inúteis, com tendência
frentar o sofrimento. Como alguém materialista e que substituem a re-
de coragem, o líder deve estar pron- velação divina pela especulação hu-
to para enfrentar as dificuldades. mana. As falações dos hereges, que
Três ilustrações são apresentadas: se acham avançados e progressis-
como bom soldado, atleta, e o lavra- tas, os levam a passar a impiedade
dor. O soldado deve estar desvincu- ainda maior, pois o único progresso
lado das outras coisas e pronto para que fazem está na direção da desu-
qualquer batalha, a fim de satisfazer manidade.
aquele que o arregimentou. O atleta
deve estar sempre pronto para um - “Foge das paixões” (2:22; 3:4b)
treinamento rigoroso e o lavrador e “Segue a justiça” (2:22). Sendo Ti-
deve estar pronto para as intempé- móteo ainda jovem, o conselho é
ries com sua labuta infatigável. As- para fugir das paixões da mocidade.
sim deve ser com qualquer pessoa Além das tentações sensuais, Paulo

62
está, de fato, pensando na falha de uma exposição mais plena. Contudo,
caráter por causa da inconstância. deveria fazê-lo na fé e com o amor
O jovem cristão deve se livrar do que está em Cristo Jesus. Que bom se
partidarismo, da intransigência, das todo líder pudesse desfrutar de uma
explosões emocionais etc. Quando mentoria como Timóteo experimen-
se foge dessas questões, o local tou de Paulo!
seguro é sempre a justiça, a fé e o
- “Guarda o bom depósito” (1:14).
amor. Como ministro, a paz deve ser
O bom depósito é, exatamente, o
cultivada juntamente com os que de
ensino de Paulo que foi confiado a
coração puro invocam ao Senhor.
seu herdeiro e sucessor, e que deve
Contrariamente, em 3:1-5, Paulo ad-
ser conservado contra toda distor-
verte que “nos últimos dias surgiriam
ção e corrupção.
pessoas amantes de si mesmas” e
apresenta uma lista de seus vícios - “Fortifica-te na graça” (2:1). Ti-
de comportamento. A orientação é móteo foi lembrado de sua ordena-
“foge também destes” (3:4b), no sen- ção e da dedicação do próprio Pau-
tido de evitá-los com certa aversão. lo ao Evangelho. Logo, ele deveria,
para cumprir bem o seu ministério,
- “Repele as questões insensatas”
fortificar-se na graça que está em
(2:23). O líder da igreja deve rejeitar
Cristo Jesus. A dependência da graça
as questões ou disputas insensatas
de Deus é que dá poder e força para
e absurdas, as quais criam contro-
realização de todo trabalho, o qual
vérsia e contenda. Algumas disputas
permanece para a eternidade.
teológicas não conduzem a algo de
bom e causam contendas e iras, que - “Transmite... a outros” (2:2). O
ao final, acabam em desvio da fé. que ele aprendeu, diretamente do
Uma vida de ‘piedade’ e ‘santidade’ é apóstolo, não deveria ficar só para
o caminho certo para um ministério ele, mas sim, transmitir a outros
abençoado e abençoador. mestres fiéis. Assim como Paulo
foi criterioso em observar Timóteo,
4. Exemplo de ministério este deveria transmitir o ensino “a
(1:13,14; 2:1-4, 2:14,15; 4:15) homens fiéis e também idôneos
para instruir a outros”. Mais do que
- “Conserva o modelo das pala- a posição de uma pessoa na igreja,
vras” (1:13). Timóteo deveria manter o verdadeiro motivo está na fideli-
o padrão “das sãs palavras que de dade dos líderes em compartilhar o
mim ouviste”. Tudo que aprendeu era genuíno Evangelho às gerações fu-
modelo de ensino sadio, o qual de- turas. Assim como Deus não nos de-
veria ser mantido diante dele. Esse samparou, bem como, permitiu que
padrão é como um esboço geral ou o Evangelho da graça chegasse até
um rascunho, que forma a base de nós, por intermédio de pessoas fiéis,
também, é nossa responsabilidade

63
entregar com idoneidade esse Evan- toda a mensagem cristã. “Manejar
gelho às próximas gerações. bem” traz a ideia de cortar retamen-
te como um pedreiro que corta uma
- “Recomenda estas coisas” (2:14).
pedra conforme um padrão original,
As pessoas precisam ser lembradas
ou, como um lavrador que coman-
destas coisas, ou seja, a verdade do
da um arado, cortando um sulco na
Evangelho, tendo em vista que a fal-
direção reta. Assim, Timóteo deveria
sa doutrina está à espreita para cau-
seguir o caminho estreito, sem se
sar seu estrago.
desviar para direita ou esquerda em
- “Dá testemunho” (2:14). Todos debates acerca de conversas ímpias
devem ser advertidos de forma so- e infrutíferas.
lene, como que diante de Deus,
- “Prega a palavra” (4:1-5). Nova-
“para que evitem contendas de pa-
mente, Paulo apela para a principal
lavras”. Todo debate público sobre
obrigação do pastor. Deve instar,
assuntos heréticos é desencorajado
quer seja oportuno ou não, como
aqui. O perigo de ficar envolvido em
um soldado que precisa ficar no seu
discussões tolas, as quais envolvem
posto, ou estar sempre de pronti-
teologia e a própria igreja, é que
dão e disponível. Junto a essa ação,
prevalece a discussão verbal, e não
seguem-se três exigências ao pre-
o progresso do Reino de Deus. O
gador. Deve-se corrigir o erro com
apóstolo Paulo destaca que, tais dis-
argumentos bem conscientes; tam-
cussões “para nada aproveita” e que
bém não deve hesitar em repreender,
é “só para a subversão dos ouvin-
quando a censura se tornar necessá-
tes”. Atualmente, com tantos instru-
ria. Todavia, deve-se exortar, ou seja,
mentos de comunicação em redes
conclamar seu rebanho ao arrepen-
sociais, as fake news se proliferam,
dimento e à perseverança. Em todas
de forma gigantesca, trazendo con-
essas atitudes, o pastor deve ensinar
fusão e, até, discórdia entre amigos.
com longanimidade, não importan-
Estejamos atentos!
do quais situações; nunca perdendo
- “Procura apresentar-te a Deus a paciência, mas com os recursos
aprovado” (2:15). O líder deve, no que apresentam a Palavra de Deus,
entanto, dar provas de suas qualida- deve ensinar o que é saudável da
des transmitindo, de forma eficiente verdade cristã. Destarte, faz-se ne-
e fiel, a ‘sã doutrina’. Deve ser como cessária essa postura, porque “have-
um “obreiro que não tem de que se rá tempo em que não suportarão a
envergonhar”. Aprovado, uma vez sã doutrina”. Parece que esse tempo
que foi testado em sua conduta no chegou! O Evangelho, pregado com
ministério, não deve ter vergonha. zelo e de modo honesto, parece não
Talvez, a comparação seja com um satisfazer mais. Por isso, “cercar-se-
agricultor. Com “palavra da verdade”, -ão de mestres, segundo as suas
significa o Evangelho todo, ou seja, próprias cobiças”, os quais ensinam

64
aquilo que desejam ouvir; que exci- Para pensar e agir
tam a imaginação ou aguça a curio-
sidade religiosa, independentemen- 1. Infelizmente, muitos pais dei-
te, da veracidade do que dizem. Os xam seus filhos sem qualquer orien-
tação bíblica para, então, escolhe-
ouvintes, nesse caso, estão ‘como
rem a fé depois que crescerem. A
sentindo coceira nos ouvidos’, pron- Palavra de Deus deve ser imprimida
tos a ‘recusar a dar ouvidos à verda- no coração e mente das crianças,
de’ e afoitos por ouvir coisas sensa- pois até quando envelhecerem, não
cionais, os quais se satisfarão com as se desviarão. (Provérbios 22:6).
fábulas. Timóteo, assim como todo
pastor, ao contrário dos falsos mes- 2. Ser cristão é um desafio, o qual
requer do pastor, do diácono e de
tres, deve “ser sóbrio em todas as
cada crente que seja exemplo de fé,
coisas” (4:5), longe de toda a heresia,
coragem, santidade e serviço. Mes-
a qual sobe à cabeça como aquele mo diante de circunstâncias adver-
que se deixa embebedar. A fidelida- sas, como você tem demonstrado
de, portanto, deve levar a “suportar sua fé?
as aflições” que virão. O grande de-
ver do verdadeiro mestre é “fazer o 3. Paulo relembra Janes e Jambres
(3:8), que se opuseram a Moisés e, na
trabalho de um evangelista”, pregan-
sua própria experiência, cita Himeneu
do o verdadeiro Evangelho que lhe
e Fileto (2:17), os quais se desviaram
foi confiado, em contraste às fábulas da fé e perverteram alguns. Os fal-
estranhas. sos mestres sempre estão bem pró-
ximos da igreja. É preciso que, pais e
Conclusão líderes exemplares estejam atentos
para identificar o mal e combatê-lo
Paulo foi mestre e exemplo para com autoridade em nome do Senhor
Timóteo em vários sentidos. Chegou Jesus. Amém!
a hora de passar o bastão, e preocu-
pado com a liderança da igreja no
futuro, uma vez que sua morte es- Leitura Diária
tava próxima, ele prepara Timóteo SEG 2 Timóteo 1:1-18
para substituí-lo. Como homem de TER 2 Timóteo 2:1-13
fé, foi orientado no temor do Senhor
desde a sua infância. Agora, chega a QUA 2 Timóteo 2:14-26
hora, de ser convocado e tornar-se QUI 2 Timóteo 3:1-17
exemplo de fé, coragem, santidade SEX Gálatas 3:6-14
e, finalmente, de ministro do Evan-
gelho. SÁB 2 Timóteo 4:1-22
DOM Gálatas 6:1-10

65
Data do estudo Lição 12
Texto base: Tito 1:5

Ponha em Ordem
A Carta a Tito

Tito era um cristão gentio que se ilha de Creta e na província da Dal-


converteu, provavelmente, via mi- mácia (2 Tm 4:10). Ele acompanhou
nistério de Paulo. Há poucas infor- Paulo em Creta e, ali, ficou para
mações sobre ele, as quais não são confirmar a estruturação da Igreja.
mencionadas no livro de Atos. Toda- Quando Paulo escreve a sua carta,
via, ele é referido nove vezes, em II a situação era muito difícil ali, pois
Coríntios, e foi também mencionado a Igreja, ainda, precisava de organi-
em Gálatas. Participou da segunda zação. Tito fica ali como pastor “para
viagem missionária junto com Pau- que pusesse em ordem as coisas
lo e Barnabé. Quando Paulo estava que ainda restavam” (Tt 1:5). Muitas
em Éfeso, em sua terceira viagem lições preciosas temos diante de
missionária, recebeu informações nós, por meio dessa carta amorosa
da Igreja de Corinto, a saber, Tito foi de um mentor para o seu discípulo.
quem levou a carta corretiva (2 Co
8:6,16-17). 1. Completando a
Diferentemente de Timóteo, Pau- organização da igreja
lo se recusou a circuncidar Tito, em- (1:5-9)
bora quisessem os judeus (Gl 3:2-5).
Quando Tito foi convocado para
Tito foi o representante de Paulo na
servir ali, ele deveria realizar um

66
trabalho de unificação dos crentes, demonstra a atitude de desrespeito
e de tal forma que “colocasse em a autoridades da Igreja. Com ‘fala-
ordem as coisas restantes” (1:5), re- dores frívolos’, entende-se que usa-
ferindo-se à organização das igrejas. vam de linguagem para impressio-
nar, mas sem nenhum conteúdo de
Provavelmente, a carta era para a
veracidade, e como consequência,
Igreja em geral. Para que isso acon-
eram enganadores. Quando fala “es-
tecesse, ele precisava preparar e
pecialmente os da circuncisão”, fica
ordenar os pastores para cada uma
claro que eram cristãos que, ainda,
das cidades (1:5). Assim como orien-
se deixavam levar pela influência
tou a Timóteo, Paulo orienta a Tito
judaica. Assim como as orientações
acerca das qualidades necessárias
a Timóteo, aqui, a grande preocu-
para alguém ocupar ofícios tão es-
pação também é com a sã doutri-
peciais como despenseiros de Deus.
na, contra aqueles que, com falsa
Deveriam ser “irrepreensíveis, mari-
doutrina, causavam divisão. Paulo
do de uma só mulher, que tenha fi-
sabe que não tem tempo a perder
lhos crentes que não são acusados
com essas pessoas e diz a Tito que
de dissolução, nem são insubor-
“é preciso fazê-los calar” (1:11), tapar
dinados” (1:6). Entretanto, atitudes
a boca como colocando uma mor-
negativas deveriam ser observadas
daça, não apenas um freio como no
e rejeitadas, como: “não arrogante,
cavalo. A atitude extrema é para evi-
não irascível, não dado ao vinho,
tar estrago maior, pois tais heresias
nem violento, nem cobiçoso de tor-
“transtornavam casas inteiras ensi-
pe ganância”. Pelo contrário, deveria
nando o que não convém”.
ser “hospitaleiro, amigo do bem, só-
brio, justo, piedoso, que tenha domí- Paulo retoma o tema da heresia,
nio de si, apegado à palavra fiel”. instruindo Tito a “evitar discussões
insensatas, genealogias e conten-
2. Confrontanto as das, e debates sobre a lei; porque
heresias (1:10-16; 3:9-11) são coisas inúteis e vãs” (3:9). Preo-
cupar-se com esses assuntos só
As congregações da ilha de Creta traz contenda. E continua dizendo
mal tiveram tempo de se organizar que “ao homem herege, depois de
e já estavam enfrentando ataques. uma e outra admoestação, evita-o,
Paulo chama a atenção de Tito “por- sabendo que esse tal está perverti-
que existem muitos insubordinados” do, e peca, estando já em si mesmo
(1:10), e, urgência, em nomear líde- condenado” (3:10,11).
res com o caráter descrito anterior-
O conselho é para que Tito não
mente. A expressão ‘insubordinados’

67
seja precipitado, mas depois de ad- proceder, como convém a santas,
vertir uma e outra vez, deve evitar não caluniadoras, não dadas a mui-
todas as pessoas que têm intenções to vinho, mestras do bem; para que
facciosas, e prosseguem em desu- ensinem as mulheres novas” (2:3,4).
nir a Igreja. Vale destacar as orientações às dia-
conisas conforme 1 Tm 3:11. Prova-
3. Instruindo sobre a velmente, duas fraquezas naquelas
conduta cristã (2:1; 3:8) mulheres eram a calúnia e a embria-
guez, por isso fez essas exigências.
Ao contrário do que faziam os O papel delas deveria ser de ‘mes-
mestres do erro, Paulo enfatiza que tras do bem’, praticando aconselha-
Tito deveria ensinar a sã doutrina a mento e encorajamento, os quais de-
cada pessoa em Creta. Nessa ver- veriam ser explicitados por meio de
tente, então, valeria dizer que um atitude, palavra, exemplo, demons-
pastor, por exemplo, deveria con- trando, assim, um elevado padrão, a
siderar a faixa etária e o sexo das fim de instruírem as jovens recém-
pessoas que lidera, pois cada um -casadas.
tem necessidades diferentes, para
c) Das mulheres casadas – são
que cada grupo observasse um alto
orientadas a “serem prudentes,
padrão de conduta. O que está em
amarem seus maridos e a seus fi-
questão é a boa reputação da Igreja
lhos, a serem moderadas, castas,
e o crescimento do evangelho num
boas donas de casa, sujeitas a seus
ambiente imoral.
maridos” (2:4,5). Essas virtudes, na
a) Dos homens idosos – “quan- antiguidade, eram consideradas a
to aos homens idosos, que sejam glória do caráter das mulheres. Os
temperantes, respeitáveis, sensatos, dois primeiros adjetivos (moderadas
sadios na fé, no amor e na cons- e castas) ressaltam o decoro da vida
tância” (2:2). A expressão constância sexual. A expressão traduzida por
vincula-se a uma das dificuldades e ‘boas donas de casa’, literalmente,
desencorajamentos da idade, uma significa trabalhando em casa. Na
vez que a paciência imprescindível antiguidade, esposas, tanto judias
nas igrejas perturbadas como as de quanto gentias, se conservavam em
Creta, supõe-se que os idosos de- casa e não deveriam andar aleato-
veriam dar exemplo de ‘virtude’. riamente. Não deveriam esquecer-
-se da bondosa, simpatia para com
b) Das mulheres idosas – “quan-
seus familiares. Paulo tem uma ra-
to às mulheres idosas, semelhan-
zão especial para exigir alto padrão
temente, devem ser sérias em seu

68
por parte das mulheres jovens: “para versários eram críticos do Cristia-
que a palavra de Deus não seja difa- nismo, mas sua referência, aqui, diz
mada”. O mundo está de olho na fa- respeito aos indivíduos enfermiços
mília e criticará o próprio evangelho dentro da própria Igreja, os quais
por qualquer conduta oriunda dos procuravam a mínima oportunidade
crentes que seja, portanto, chocan- para pegá-lo numa falha. A melhor
te. defesa seria a completa ‘integrida-
de’ quanto à sua pregação.
d) Dos jovens – “Exorta, seme-
lhantemente, os jovens para que e) Dos servos – Paulo ressalta
sejam moderados” (2:6). Paulo tor- que os escravos, também, têm uma
na-se mais severo quando chega grande responsabilidade espiritual.
aos jovens, empregando aqui o im- “Quanto aos servos, que sejam em
perativo, a fim de que sejam crite- tudo obedientes aos seus próprios
riosos, exerçam autocontrole. Tito senhores, dando-lhes motivo de sa-
ainda era, relativamente, jovem e tisfação” (2:9). Não somente os ser-
sua maneira de comportar-se de- vos devem ser obedientes a seus
veria influenciar os jovens. A pre- senhores, como também, devem
gação de Tito teria mais probabili- dar-lhe satisfação, sem responder
dade de ser aceita, caso mostrasse nem furtar. Devem cumprir seus
padrão de boa conduta, bem como deveres com o desejo de agradar,
de exemplo daquilo que pregasse pensando na sua posição de cristão
(2:7). O ensino deve mostrar “integri- mais do que de servo, esforçando-
dade, reverência, linguagem sadia -se para exibir prova de toda fideli-
e irrepreensível” (2:7,8), como uma dade. Como sempre faz, o apóstolo
referência às suas atividades de apresenta uma razão profundamen-
mestre. Integridade quer dizer pu- te cristã para que os servos mante-
reza e ausência de qualquer desejo nham este alto padrão de conduta,
de lucro. Sua reverência denota alto que é a tarefa suprema de honrar a
padrão moral e uma maneira séria Deus nas suas vidas, a qual a Igreja
de viver. O conteúdo da sua men- inteira é dedicada “a fim de orna-
sagem deve ser em linguagem sa- rem, em todas as coisas, a doutrina
dia e irrepreensível de acordo com o de Deus, nosso Salvador” (2:10). Em
evangelho apostólico. O motivo nas outras palavras, o comportamento
entrelinhas desses preceitos é “para obediente possibilita que a mensa-
que o adversário seja envergonhado gem cristã seja agradável e nobre,
não tendo indignidade nenhuma de proporcionando a sua proclamação
dizer a nosso respeito” (2:8). Os ad- de modo hábil.

69
Conclusão igreja? Se os líderes agirem como
pais na fé, ficará bem mais fácil dis-
A Igreja de Creta, com todas as tinguir os lobos.
suas congregações, embora ainda
recém-organizada, já era alvo dos 2. A Igreja precisa atender às ne-
ataques externos e internos. As coi- cessidades espirituais dos mem-
sas, ainda, precisavam de organiza- bros, de forma que o ensino da sã
ção e Paulo começa pelo caráter do doutrina seja compreendido por to-
pastor, do líder. dos. Nesse prisma, então, a Palavra
ensina que, deve ser exigida uma
É fundamental que o líder, além conduta exemplar por parte dos
de conhecimento, tenha uma con- crentes em Cristo Jesus.
duta exemplar, para que não venha
a ser alvo dos inimigos, contudo, 3. É preciso contextualizar as
tenha estrutura para combater as orientações dadas a Tito, no que di-
heresias e impedir que a desunião zem respeito a mulheres e homens,
impere na Igreja, trazendo divisão. casados e solteiros, jovens e idosos.
Os valores morais e espirituais, po-
Em sua organização, toda Igreja rém, nunca podem ser negociados.
precisa atentar para as diversas fai- Vivemos um tempo de muita rela-
xas etárias e interesses de grupos tividade e libertinagem, em nome
específicos, objetivando, assim, com do moderno, contrapondo-se ao
sabedoria atender a todas as neces- antigo. O propósito de uma conduta
sidades desde os bebês até os mais exemplar sempre é: honrar o nome
idosos. de Deus e proclamar o Evangelho.

Para pensar e agir


Leitura Diária
1. Percebemos que em todas as
cartas pastorais, a preocupação é SEG Tito 1:1-9
com a sã doutrina e como comba- TER Tito 1:10-16
ter as heresias. Em qualquer tempo QUA Hebreus 6:13-20
da vida de uma igreja, seja recém- QUI Tito 2:1-15
-organizada ou com muitos anos, SEX Colossenses 3:18; 4:1
os ataques surgem. Como você se
SÁB Tito 3:1-15
comporta, quando surge uma apa-
DOM Romanos 13:1-14
rente novidade espiritual no meio da

70
Data do estudo Lição 13
Texto base: Filemom 1:10-11

O Amigo Próximo
A Carta a Filemom

Essa carta é endereçada a Fi- um escravo chamado Onésimo, que


lemom e à igreja que se reunia na fugiu do seu senhor que morava
sua casa e é a mais breve das car- em Colossos, por ter cometido um
tas paulinas. Embora pareça ser um ato injusto, talvez furtado algum di-
bilhete pessoal, escrita entre o ano nheiro ou algo de valor. Onésimo, de
61 e 62 d.C. é considerada uma epís- alguma forma, encontrava-se com
tola, isto é, um documento escrito Paulo, ou como companheiro de
para ser ouvido em público. Essa prisão ou porque buscou refúgio em
epístola deve ser vista não tanto sua companhia. Paulo envia Onési-
como uma carta particular de Pau- mo, agora já arrependido, de volta
lo como individuo, mas, sim, como a Filemom, seu legítimo dono, com
uma carta apostólica acerca de uma a carta que estudamos agora. Seu
questão pessoal. Uma carta a uma desejo era que o recebesse de boa
igreja, incorporando (abrangendo) vontade, perdoando o delito e pos-
uma carta a um indivíduo.1 sivelmente libertando-o. Perdoar
um escravo criminoso era algo sur-
Resume-se num apelo feito a Fi-
preendente. O pedido de Paulo era
lemom para que fosse afável com
revolucionário para aquela época,
¹ MARTIN, R. P. Colossenses e Filemom: pois o tratamento de escravos fugi-
introdução e comentário. Mundo Cristão, São tivos eram castigos violentos, mas
Paulo, 1984, p. 153.

71
era um pedido também ousado, e O agradecimento a Deus (v. 3-7)
para isso tinha que usar uma lingua- é um elogio à vida cristã que aque-
gem suave. les irmãos levavam, e Paulo vai fa-
lar nesse tom por toda a epístola.
O estudo dessa carta nos mos-
Alguns termos relacionados com
tra que as pessoas podem mudar
amor, comunhão, companheiro, bon-
e precisam de uma nova chance
dade, e coração são repetidos na
na vida, mas também como a igreja
carta. Embora pareça um assunto
deve lidar com as questões sociais.
pessoal, trata-se, na verdade, de
Importante notar que Paulo não se
algo que dizia respeito à comunida-
limita a um simples pedido sobre a
de toda. Isso mostra a preocupação
vida de um indivíduo por razões de
de Filemom com o bem-estar da
direitos humanos. Na verdade, ele
igreja, pois ele coloca a sua casa
não faz nenhum apelo sobre os di-
como local de encontro, seu exem-
reitos de cada um. O apelo de Paulo
plo de amor era contagiante e teste-
se baseia na compaixão cristã (v. 12)
munhava de Cristo, o que alegrava e
e lembra a Filemom que ele é deve-
encorajava os corações.
dor do próprio Paulo (v. 19), pois lhe
deve a salvação pela pregação do
evangelho. 2. O amor cristão deve
agir (8-10; 17-18)
1. Elogios a uma Paulo, mesmo distante, estava
comunidade de amor ciente do amor que tinha Filemom
(v.5) e apela para esse princípio di-
Nos versos 1 e 2 encontramos:
vino, que deve nortear nossos rela-
“Paulo, prisioneiro de Jesus Cristo, e
cionamentos sociais. No v. 8, é feita
o irmão Timóteo, ao amado Filemom,
a ligação com o que foi dito antes
nosso cooperador, e à nossa amada
em relação à confiança no caráter
Áfia, e a Arquipo, nosso colaborador,
de Filemom como um bom cristão,
e à igreja que está em tua casa.” Com
embora o apóstolo pudesse orde-
essa introdução, Paulo identifica
nar que se fizesse isso com a au-
os membros da família e se refere
toridade que tinha, ele faz a opção
à igreja. Talvez Áfia fosse a esposa
de não ordenar, mas apelar para o
de Filemom, pois o seu nome é ci-
amor. Filemom precisava ser cons-
tado logo depois do dele. E Arqui-
cientizado de seu dever como cris-
po, “nosso companheiro de lutas”,
tão. Esta é a maturidade que Deus
é citado porque assumira parte da
espera de nós: responsabilidade
responsabilidade pastoral anterior-
para agir em meio às circunstân-
mente exercida por Epafras.
cias adversas, aos impasses da vida,

72
com sabedoria e amor. O apelo que pal da carta: Paulo estava apelando
Paulo faz no v. 9 em nome do amor, a favor desse filho na fé. O nome
como homem idoso que era e como Onésimo tinha um significado pro-
prisioneiro por causa do evangelho, fundo, que agora é mencionado na
não lhe tira a autoridade apostólica, carta. Era um nome comum para
mas faz dele ainda mais merecedor escravos, pois escravos sem nome
de consideração e respeito. recebiam essa identificação, ou seja,
“Útil”. É esse homem chamado “Útil”
O pedido é incisivo (v.17): Recebe-
que se tornou inútil para Filemom,
-o como se fosse a mim mesmo, acei-
que é considerado por Paulo como
tando-o plenamente. Onésimo esta-
seu filho. Ele tornou-se agora no-
ria diante da ira ou da clemência de
vamente proveitoso pois foi gerado
Filemom, mas quando este olhasse
entre algemas, o que sugere que es-
para ele, veria o próprio apóstolo ali.
tiveram juntos na prisão, onde Oné-
Qual teria sido o crime de Onési- simo foi alcançado pelo evangelho.
mo? Não sabemos, mas Paulo pede Quando enviado, ele é como se fos-
(v.18) que se ele causou algum dano se o próprio coração de Paulo, que
e se devia alguma coisa, (furtado ou está disposto a partir a si mesmo,
desviado algum dinheiro ou bens), enquanto Onésimo volta para seu
tudo devia ser lançado na conta de patrão. Ele poderia ser conservado
Paulo, que assumiria toda a dívida. (v 13) junto com Paulo, para servi-lo
Eu pagarei (v.19), afirmou Paulo, e como sendo parte da contribuição
não apenas de boca, mas assinou de Filemom, porém o apóstolo não
de próprio punho uma nota promis- quis fazer nada (v. 14) sem o con-
sória que o obrigava a pagar tudo a sentimento de Filemom e em res-
Filemom quando cobrado. Essa era peito à lei que exigia que o escravo
a alegria (v.20) que esperava o após- fugitivo fosse devolvido ao dono
tolo, receber de Filemom o bene- legal. No v. 15, Paulo dá um senti-
fício que reanimaria o seu coração do providencial, usando palavras
em Cristo. cuidadosamente pensadas, pois
acreditava que o escravo se afastou
3. Agora um escravo útil temporariamente, como convicção
da soberania divina, mas agora se
“Ele antes te foi inútil; atualmente, fosse recebido, marcaria um novo
porém, é útil” (v.11, 12). momento no relacionamento e seria
para sempre. Esse novo relaciona-
O pedido é feito como para um fi- mento (v.16) seria muito mais pro-
lho: “Solicito-te em favor de meu filho fundo, pois Onésimo já não seria um
Onésimo”. Eis aqui o objetivo princi- escravo, mas sim considerado mui-

73
to acima de um escravo, seria um tram com Deus, consigo mesmas
irmão caríssimo. Aqui Paulo chama e com os outros, passando a viver a
Onésimo de escravo, porque esse nova vida em Cristo.
era o seu ofício, dando novo aspec-
to à escravidão, quando considera a Para pensar e agir
condição humana de pouca impor-
tância, tendo em vista o desejo de 1. Pense e reflita em como a sua
cumprir o chamado cristão. Assim, igreja tem se posicionado como
diante de Deus qualquer posição uma comunidade de amor. As pes-
na sociedade é importante, pois to- soas são de fato aceitas, mesmo
dos são irmãos. Onésimo ainda era pecadoras e com um passado não
um escravo na carne, mas ganhou muito elogiável?
honra e tornou-se igual a Filemom
diante de Deus, como irmãos que se 2. Como devemos evangelizar os
tornaram. escravizados pelo pecado de forma
eficiente a ponto de, como Onésimo,
Paulo encerra a carta (v.21) con- voltarem para corrigir os seus erros
fiando na obediência de Filemom e do passado e desejarem viver uma
esperançoso de que este iria fazer nova vida?
muito mais do que pedia.
3. Como podemos ser instrumen-
tos de reconciliação, como foi Paulo
Conclusão entre Filemom e Onésimo? Pense
naqueles que estão sofrendo por
A igreja do Senhor Jesus Cristo
dissensão e discórdia, ore por eles
vive verdadeiramente o evange-
e seja ponte para a união de todos.
lho da graça quando se torna uma
comunidade de amor, na qual os
pecados são de fato perdoados, as
pessoas são curadas e tornam-se
amadurecidas em Cristo. O amor de Leitura Diária
Deus revelado a nós na História, na
Sua Palavra e em Cristo Jesus pre- SEG Filemom 1:1-7
cisa ser exercido hoje, pela igreja TER Filemom 1:8-25
que é o corpo de Cristo, para sal- QUA Gálatas 2:1-10
vação de vidas preciosas. Quando
QUI 1 Coríntios 9:1-10
o evangelho é pregado no poder do
Espírito Santo, vidas são transforma- SEX 1 Coríntios 9:11-18
das para a glória de Deus, e pessoas SÁB 1 Coríntios 9:19-27
aparentemente inúteis se reencon- DOM 2 Coríntios 5:16-17

74
Revista da Convenção Batista Fluminense Novo design para a
Ano 17 - n° 71 - 4T2021 revista Palavra
Diretor Executivo: Pr. Amilton Ribeiro Vargas & Vida
Diretoria da Convenção Batista Fluminense: O Departamento de Co-
Presidente: Pr. Elildes Junio Macharete Fonseca municação da Convenção
Primeiro Vice-Presidente: Pr. Geraldo Geremias Batista Fluminense deu
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Segunda Secretária: Lina Silvana de Abreu Xavier de Oliveira novo em seus 16 anos de
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niões de estudo.
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“Apega-te à instrução e
Revisão Bíblico Doutrinária: não a largues; guarda-a,
Pr. Flávio da Silva Chaves porque ela é a tua vida.”
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76
grama
M issão é um pro
Jove n s E m 8 anos e 35
ár io p ar a jovens de 1 das à
mis sio n
s d as igreja s batistas filia
ro
anos, memb se que sejam
o B at ista Fluminen
Co n ve n çã vontade de
ad o s e que tenham mento
voca cio n
m p ro gram a de Fortaleci
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