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Mudanças Climáticas:

Passado, Presente e Futuro


Tércio Ambrizzi
Departamento de Ciências Atmosféricas
Universidade de São Paulo

V Semana do Meio Ambiente – Mudanças Climáticas e o Nordeste Brasileiro


Recife, PE - Junho/2008
COMPOSIÇÃO ATMOSFÉRICA: efeito estufa

Gás Porcentagem Partes por Milhão


Nitrogênio 78,08 780.000,0
Oxigênio 20,95 209.460,0
Argônio 0,93 9.340,0
Dióxido de carbono 0,037 370,0
Neônio 0,0018 18,0
Hélio 0,00052 5,2 Gases “efeito
Metano 0,00014 1,4 estufa”
Kriptônio 0,00010 1,0
Óxido nitroso 0,00005 0,5
Hidrogênio 0,00005 0,5
Ozônio 0,000007 0,07
Xenônio 0,000009 0,09
MUDANÇA DA TEMPERATURA GLOBAL E CONTINENTAL

(IPCC 2007)
O que são cenários?
Um cenário é:

“Uma descrição de um estado futuro do


mundo, coerente, internamente consistente e
plausível”

z Não é um prognóstico ou uma previsão


z É como uma série de imagens de como poderíamos
ver o mundo no futuro
É importante ter em mente que …..

cenários → resposta do → sensibilidade do → cenários de mudança → categoria de


de emissões ciclo de carbono clima global climática regional possíveis impactos

Cascata de incertezas na relação entre emissões e impactos


PASSADO E FUTURO DAS CONCENTRAÇÕES DE CO2 AUMENTO DO NÍVEL DO MAR

AUMENTO DA TEMPERATURA VIA MODELOS NUMÉRICOS

(Petit et al., 1999)


Tendência do nível médio do mar entre 1955 e 2003

Fonte: IPCC 2007 mm/ano


Projeção do aquecimento regional em 2070, com
relação a 1990:efeitos regionais muito diferenciados

(IPCC 2007)
AUMENTO DE TEMPERATURA NO TEMPO PRESENTE E CENÁRIOS FUTUROS

(IPCC 2007)
Mudança média anual na precipitação: 2100 relativo a 1990

Deverá haver aumento de precipitação em algumas


(IPCC 2007) áreas, enquanto em outras haverá redução.
Mais mudanças do que imaginamos…
Concentração de GHG População

Desastres
naturais Uso de água

Mac Donald’s

Veículos
VARIABILIDADE CLIMÁTICA OU
MUDANÇA CLIMÁTICA?
IMPACTOS REGIONAIS...

Evento Katrina – Agosto 2005


O verão de 2003 foi o mais quente
nos últimos anos na Europa
França: + de
14.000 mortes
Portugal: relacionadas
fogo nas com o calor
florestas

UK e
Alemanha:
atrasos no
sistema de
transporte
ferroviário
(dilatação
dos trilhos)

Luterbacher et al, Science, 2004


Amazônia
• 6 milhões de km2 de floresta tropical
• 1/3 da biodiversidade do planeta
• chuva abundante (2-3 m anualmente)
• 18% da água doce do globo despejada
nos oceanos
• diversidade biológica, ecossistêmica
e de etnias
RONDÔNIA

Mudanças no uso da terra…


Estamos assistindo a mais extremos
hidrológicos?
“A Seca da Amazônia em 2005 considerada uma
das mais severas em 100 anos”
Catarina: O primeiro furacão no oceano Atlântico Sul?

Estado de
Santa Catarina

“Furação Catarina”, 27 Março de 2004 at 11:04:45 Local Time

Cortesia de Carlos Nobre – CPTEC/INPE


Tendencias positivas do numero de ciclones
extratropicais intensos no Hemisfério Sul

(Pezza e Ambrizzi, 2003 – JClim.)


Evidências
Aumento dos Desastres Naturais na América Latina no Século XX

Inundação

Número Vendaval
de
Eventos Terremoto

Anos

Fonte: Charvériat, Céline. Natural disasters in Latin America and the Caribbean:
an overview of risk.2000
Diferença entre as temperaturas médias (média,
máxima e mínima) do período de 1991 a 2004 e
do período de 1961 a 1990.

(Salati et al, 2007)


Tendências da Temperatura do Ar no Brasil

(Cortesia de J. Marengo)
ÍNDICE DE TEMPERATURA MÍNIMA: NOITES QUENTES
VALIDAÇÃO DA REANÁLISE DO NCEP/NCAR

-15 -10 -5 5 10 15 % / 41 yrs

(Fonte: Vincent et al., 2005)

(Fonte: CPTEC)

(Dufek, Ambrizzi e Rocha 2008)


ÍNDICE DE TEMPERATURA MÍNIMA: NOITES FRIAS
VALIDAÇÃO DA REANÁLISE DO NCEP/NCAR

?→
-15 -10 -5 5 10 15 % / 41 yrs

(Fonte: Vincent et al., 2005)

?→ (Fonte: CPTEC)

(Dufek, Ambrizzi e Rocha 2008)


Estimativa de cafeeiros danificados
em função da temperatura máxima média
100
90
80
Penalização (%)

70
60
50
40
30
20
10
0
30.0 30.5 31.0 31.5 32.0 32.5 33.0 33.5 34.0 34.5 35.0
Temperatura Máxima Média (°C)
Impactos na Agricultura Brasileira são,
em geral, negativos!
Redução da área potencial em função do aumento da
temperatura entre 1 ºC e 5,8 ºC
6000
Milho
Área Pontecial (1000 km2)

5000
Feijão
4000

Arroz
3000

2000 Soja

1000
Café
Arábica
0
Atual T + 1ºC T + 3 ºC T + 5,8 ºC
Aumento na temperatura média

Variação da área potencial de menor risco climático para cultivo de milho, arroz,
feijão, arroz, soja e café arábica no Brasil. O maior impacto relativo ao aumento
de temperatura poderá ser para a soja, com redução de até 60% na área
potencial de plantio. Fonte: Comunicação Pessoal de Eduardo Assad, Embrapa
Diferença entre as precipitações médias do período
de 1991 a 2004 e do período de 1961 a 1990

(Salati et al, 2007)


Variabilidade de
Precipitação média 1970-2007
chuva mensal no
Nordeste 1970-
2007

Anos com seca

Detalhament
o para 1994-
2007
(desvios em
relação e
media de
Anomalía da precipitação 1994-2007
1961-90
Fonte: J. Marengo – CPTEC/INPE
Variabilidade de chuva no Nordeste 1970-2007-Quadra
Chuvosa MAM

Fonte: J. Marengo – CPTEC/INPE


MUDANÇAS NAS
UMIDADE DO SOLO NOS
ULTIMOS 30 ANOS

(Rodrigues e Tomasella, 2005)


Nordeste do Brasil - Anomalías de chuva e temperatura do ar
(JFMAM). Modelos globais IPCC SRES Cenários A2 e B2
2
1.5 [(2011/2040) - (1961/1990)]
1
0.5 CCCma A2 CCCma B2
mm/day

0 R30 A2 R30 B2
HADCM3 A2 HADCM3 B2
-0.5
CCSRNIES A2 CCSRNIES B2
-1
-1.5
CSIRO A2 CSIRO B2 A
-1 0 1 2 3 4 5
2
1.5
[(2041/2070) - (1961/1990)]
1
mm/day

0.5
0
-0.5 Modelo do Hadley Center
-1 B
-1.5
-1 0 1 2 3 4 5
2

1.5
[(2071/2100) - (1961/1990)]
mm/day

0.5

-0.5

-1
C
-1.5 CPTEC/INPE
-1 0 1 ( C) 2 3 4 5 IPCC 2007
Mudança Climática Impacto nos Sistemas
Temperatura (ΔT+)
Naturais e Antrópicos

Adaptação
Nível do Mar (ΔL+) Alimento – Recursos hídricos
Alteração das Precipitações Biodiversidade
Secas e Inundações Assentamentos Humanos
Saúde Humana

Adaptação

Caminhos do Desenvolvimento
Emissões e Sócio-Econômico
Concentrações Mitigação
Crescimento Econômico
Gases de Efeito Estufa Tecnologia (fontes alternativas de
+ energia)
Aerossóis Governança
Sugestões
• Conscientizar a população sobre a necessidade de uma gestão racional dos
recursos hídricos disponíveis.

• Considerar a importância do protocolo de Kioto para a redução de gases de efeito


estufa, e incentivar a população para reduzir a liberação de gases de efeito estufa,
usando combustíveis menos poluentes e energias alternativas.

• Implementar políticas públicas (em todos os níveis de governo) que incentivem


aquelas atividades econômicas que usam os recursos hídricos de uma maneira
mais eficiente (incluindo re-uso), e de maneira a preservar sua qualidade e
quantidade.

• Aprofundar os estudos visando entender o funcionamento o clima regional e global


dos possíveis impactos da ação antrópica no clima.

• Melhorar a rede de coleta de informações meteorológicas e hidrológicas básicas,


assegurando recursos para sua manutenção e melhoria. As series históricas
apresentam muitas falhas por falta de manutenção ($$$) da rede!

• Considerar o problema de mudança de clima como de caráter multidisciplinar, e


formar recursos humanos para abordar os diferentes aspectos do problema
(detecção, atribuição, impactos, vulnerabilidade e mitigação).
O QUE PODEMOS FAZER PARA CONTRIBUIR COM O MEIO
AMBIENTE ?

9Evitar queimar compostos orgânicos ou lixo de um modo


geral
9Plantar mais árvores e cultivar áreas verdes
9Reduzir e reciclar o lixo
9Fazer vistorias constantes em seus veículos e se empresário,
em suas indústrias.
9Prefira organizar um sistema de caronas, diminuindo o
volume de carros nas ruas
9Preservar os rios, lagos e oceanos
9Economizar água
“Num mundo desigual, as mudanças
climáticas irão aumentar ainda mais
as desigualdades”
M. Parry, co-presidente do IPCC WGII

O Brasil é país em desenvolvimento


(ainda) com altos índices de pobreza
e desigualdade social, portanto, é
potencialmente vulnerável às
mudanças climáticas
Fonte: Dep. Thame
GRUPO DE ESTUDOS CLIMÁTICOS
(www.grec.iag.usp.br)

OBRIGADO PELA ATENÇÃO

Agradeço a Fundação Joaquim Nabuco pelo convite

Prof. Tércio Ambrizzi – ambrizzi@model.iag.usp.br

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