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Sem revolução, não há

salvação: espiritismo,
emergência climática e
colapso socioambiental
Sinuê Neckel Miguel
A sexta extinção em massa

• 1970-2016: queda de 68% das populações estudadas de mamíferos,


aves, anfíbios, répteis e peixes selvagens (Relatório Planeta Vivo 2020 do WWF ).
• Das 8 milhões de espécies de animais e plantas no planeta (das quais
5,5 milhões são de insetos), um milhão estão ameaçadas de extinção,
muitas das quais podem se efetivar já nas próximas décadas (IPBES).
• Entre aves, mamíferos e anfíbios as espécies ameaçadas de extinção
variam de 20% a 43%.
A sexta extinção em massa

• Taxa de extinção observada após 1900:


• Aves (132 espécies por milhão/ano)
• Mamíferos (183 espécies por milhão/ano)
• Anfíbios (587 espécies por milhão/ano)

• Taxa de extinção natural: 0,1 espécies por ano por milhão de espécies.
A sexta extinção em massa

• Se todas as espécies hoje ameaçadas forem extintas em 100 anos e a


taxa de extinção permanecer constante, o limiar de 75% será atingido
em apenas 240 a 540 anos para todos os grupos de vertebrados (exceto
répteis).
Causas da crise de biodiversidade

• Mudança de uso do solo


• Superexploração de espécies
• Espécies invasoras e doenças
• Poluição
• Mudança climática
Antropoceno e A Grande Aceleração

• Época geológica atual, na qual a espécie humana tem um impacto central na geologia e
ecologia do planeta.
• Capitalismo e industrialização
• Globalização capitalista
• “Somente a partir da segunda metade do século XX existem evidências claras de
mudanças no Sistema Terra, além da variabilidade típica do Holoceno, ocasionadas pelas
atividades humanas. Entre todas as propostas para início do Antropoceno, a Grande
Aceleração é a mais convincente desde o ponto de vista do Sistema Terra.” (Will Steffen)
Limites planetários
Emergência
climática
• Aquecimento global
• Mudanças climáticas
• Emergência climática
• Crise climática
Concentração de CO2 na atmosfera

• A concentração de CO2 na atmosfera ficou abaixo de 280 partes por


milhão (ppm) durante todo o Holoceno (últimos 12 mil anos). Mas
após a grande arrancada do crescimento demoeconômico global
propiciado pela Revolução Industrial e Energética – que iniciou a
queima de combustíveis fósseis e o desmatamento das florestas em
larga escala – a concentração de CO2 chegou a 300 ppm em 1920,
atingiu 317 ppm em março de 1960 e pulou para 417 ppm em maio
de 2020, conforme mostra a curva de Keeling do gráfico abaixo.
Aumento da frequência e
intensidade de eventos
climáticos extremos

• Ondas de calor
• Secas
• Incêndios
• Tempestades
• Furacões
Aumento do nível
do mar
• Cerca de um metro até
2100
• Continua aumentando até
20 metros ou mais
Acidificação
dos oceanos
Escassez de água
• +2,7ºC aumentará entre 40% e 100% o
número de pessoas sofrendo escassez
hídrica absoluta
• 2050: mais de 40% da população global
viverá em áreas de grave estresse de água
(Water World Development Report, ONU,
2014)
Escassez de
alimentos
• Ao ultrapassarmos 3 graus as perdas
estimadas em culturas como trigo,
milho, arroz e soja são de cerca de
30%.
• Com um aumento maior, as perdas
podem ultrapassar 50%.
• Risco de quebras de safra
simultâneas.
Calor letal

• Hoje: 1% do mundo está no limite da habitabilidade


• 2070: 19% inabitável
Migrações
climáticas
• Até 2050 são estimados entre 200
milhões e 1 bilhão de refugiados
climáticos.
• A cada grau de aumento da temperatura
média global cerca de 1 bilhão de
pessoas devem se ver forçadas a migrar
devido à inabitabilidade de seu
território.
Conflitos/Guerras
• Escassez, competição
por recursos
• Migrações e conflitos
• Guerras
Alças de
retroalimentação

Pontos de Efeito cascata


inflexão
Irreversibilidade
Meta de emissões
• IPCC: Se o pico de emissões fosse em 2019, reduzir em 45% as
emissões entre 2010 e 2030 e chegar em emissões líquidas nulas em
2050.
• Como as emissões continuam crescendo, nosso prazo está sendo
encurtado.
• Para garantir 60% de chances de não ultrapassarmos 1,5 graus é
preciso zerar as emissões até 2040.
Contínuo aumento das emissões e concentração de gases de
efeito estufa (GEE), a despeito dos sucessivos acordos
climáticos, como o celebrado Acordo de Paris de 2015.
Acordos do Entre 1990 e 2019 registrou-se um aumento de 60% das

clima x emissões de GEE.

aumento Desde o Acordo de Paris até agora o aumento foi de 4,7%.

das Entre 2017 e 2018 o aumento foi de 2,7% (o maior aumento


desde 2010).

emissões Ou seja, ao invés de estarmos reduzindo as emissões,


estamos aumentando, ano após ano, e em velocidade
acelerada.
Acordo de Paris:
insuficiente
• Nos levará para 3.2 graus de aquecimento
médio
• Em áreas continentais (+1C): 4.2 C
• Remoção de aerossóis, pela redução da
poluição do ar: +0.7C, chegando a 4.9 C
• 80% da população viverá em áreas
urbanas > intensificação da ilha de calor
urbana: +0.7C, totalizando 5.6C
• Conclusão: cumprido o Acordo de Paris,
vamos para um aquecimento de 5.6C onde
viverá a maior parte da humanidade.
Produção e consumo de
energia: em transição?
• Crescimento exponencial da demanda:
quase 10x em um século
• 78% da demanda é suprida por fontes
fósseis (carvão, petróleo e gás)
• Com exceção da passagem de 2008 para
2009 (crise financeira global) e de 2019
para 2020 (pandemia), o total de
energia obtida através de fontes fósseis
sempre aumentou entre anos
consecutivos nas últimas cinco décadas.
• Em 2021, a geração elétrica por carvão
bateu recorde.
Energia renovável atual x demanda atual
• Se contássemos hoje apenas com a energia renovável disponível,
nosso nível de consumo seria equivalente ao de 1950 (quando a
população ainda não tinha ultrapassado 3 bilhões de pessoas).
• Em consumo per capita, nossa atual oferta de energia renovável nos
garante um padrão pré-industrial.
• Para alcançar o nível de consumo per capita de 1950 teríamos de
triplicar nossa oferta primária de energia renovável.
• Para mantermos o nível de consumo atual teríamos de multiplicar por
6x nossa oferta de energia renovável.
• Nos últimos 30 anos o aumento de energia renovável foi de 70%.
Colapso: Terra inabitável?
Jürgen Moltmann:
“La llamada «crisis del medio ambiente» no es sólo una crisis
del entorno natural del hombre. Es una crisis del hombre
mismo. Es una crisis global, irreversible, de la vida en este
planeta; una crisis a la que cuadra perfectamente el calificativo
de apocalíptica. No es una crisis pasajera, sino, según todos los
indicios, el comienzo de la lucha por la supervivencia de la
creación en esta tierra”.
• Capitalismo e crescimento ilimitado x mundo
limitado
Sem • Descontrole do capital

revolução, • Controle do processo produtivo


• Modo de existência
não há • Ecossocialismo e espiritismo: lei de amor e
felicidade
salvação. • A revolução como freio de emergência
Desigualdade de carbono
• A pesquisa Desigualdade de Carbono em 2030 – emissões de
consumo per capita e a meta de 1,5°C, divulgada em 4 de novembro
de 2021 pela Oxfam cita que as “Emissões de carbono do 1% mais
rico do mundo será 30 vezes maior que o limite de 1,5°C proposto
para 2030” e que “a pegada climática dos 50% mais pobres deve se
manter bem abaixo desse limite” e “quem está no grupo do 1% teria
que reduzir suas emissões em cerca de 97% em relação ao que emite
hoje para atingir o nível proposto.”
Espiritismo e política

• Religião na modernidade: separação de religião e política, Igreja e


Estado
• Capitalismo e religião: o problema do pluralismo religioso se revolve
dentro de um modelo concorrencial, mercantil e privatista.
• Religião e o sentido da ordem social: ética sem política?

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