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1º Mistério Doloroso: A agonia de Jesus no Horto das Oliveiras

A intercessão na agonia é uma experiência de amor. Medo, ansiedade e


dor são experimentados por todas as pessoas em momentos de grandes e
ameaçadores perigos. Quando estamos sofrendo, com medo, parece que
não conseguimos pensar em nada, a não ser na dor e nos perigos que nos
ameaçam. Nosso objetivo é fugir e nos livrar da agonia a qualquer custo.
Em outras palavras, o “EU” torna-se o centro das atenções de quem está
sofrendo. Aqui nesse mistério do Rosário, podemos então mergulhar na
profundidade e intensidade do amor de Jesus por mim e por você. Olhe o
que Ele faz e pede ao Pai num momento tão decisivo e doloroso:

“Retirou-se Jesus com eles para um lugar chamado Getsêmani e disse-


lhes: “Assentai-vos aqui, enquanto eu vou ali orar. E, tomando consigo
Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-
se. Disse-lhes, então: Minha alma está triste até a morte. Ficai aqui e vigiai
comigo. Adiantou-se um pouco e, prostrando-se com a face por terra,
assim rezou: Meu Pai, se é possível, afasta de mim este cálice! Todavia
não se faça o que eu quero, mas sim o que tu queres” (Mateus 26, 36-39).

Veja que lindo, Ele expressa com clareza sua dor, seus medos, mas no final
de sua oração faz esse impactante e amoroso pedido: “Todavia não se
faça o que eu quero, mas sim o que tu queres” (39). Em momentos de dor,
de confusão, duvida e desespero, é consolador estarmos acompanhados
de pessoas que nos amam e que mesmo em silêncio parecem nos dizer:
“Conte comigo, estou aqui!” Porém, nem isso Jesus teve, sua dor parecia
invisível, mesmo por aqueles que o seguiam e diziam ama-lo. Tanto que
eles dormiam tranquilamente.

“Foi ter então com os discípulos e os encontrou dormindo. E disse a


Pedro: Então não pudestes vigiar uma hora comigo… Vigiai e orai para que
não entreis em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca”
(Mateus 26, 40-42).
A oração e a súplica de Jesus era intensa, como intenso, doloroso e
decisivo era o momento que se aproximava, porém o amor fazia com que
o Mestre permanecesse indissolúvel e irredutível:

“Afastou-se pela segunda vez e orou, dizendo: Meu Pai, se não é possível
que este cálice passe sem que eu o beba, faça-se a tua vontade! Voltou
ainda e os encontrou novamente dormindo, porque seus olhos estavam
pesados. Deixou-os e foi orar pela terceira vez, dizendo as mesmas
palavras. Voltou então para os seus discípulos e disse-lhes: Dormi agora e
repousai! Chegou a hora: o Filho do Homem vai ser entregue nas mãos
dos pecadores… ” (Mateus 26, 42-45).

Sempre que meditarmos e contemplarmos esse mistério, supliquemos a


Deus, em nome de Jesus e por intercessão de tantos santos, que não
fugiram, não se esquivaram, mesmo envolvidos pelas grandes e dolorosas
provas da vida. Assim seja, amem.

2º Mistério Doloroso: Flagelação de Nosso Senhor Jesus Cristo


Meus pecados o torturam, minha conversão sincera o consola. Você tem
ideia do que Cristo sofreu na Cruz, por amor a você e de como foram
intensas suas dores? Alguns estudiosos procuraram responder a essa
pergunta. Para isso, foi feito um trabalho conjunto entre teólogos,
historiadores, médicos e psicólogos. A lista de sofrimentos era gigante:
vertigens, cãibras, fome profunda, falta de sono, febre traumática… Tudo
potencializado pelas gigantes dores emocionais, resultante do desprezo e
do medo. Grandes eram as zombarias, o constrangimento e a vergonha
que sofreu.

“Pilatos mandou então flagelar Jesus. Os soldados teceram de espinhos


uma coroa e puseram-na sobre a cabeça e cobriram-no com um manto de
púrpura. Aproximavam-se dele e diziam: “Salve, rei dos judeus!”. E davam-
lhe bofetadas” (Jo 19, 1-3).
Entre as várias reações físicas, previsíveis devido à perda de sangue e o
suor excessivo, Jesus estava, provavelmente, com uma grande
desidratação e muita sede. Quem está sentido muita dor, um simples
sopro sobre as feridas é um imenso alívio. Quem está com muita sede,
basta uma gota de água para aliviar.

“Depois, vendo Jesus que tudo já estava consumado, para se cumprir a


Escritura, disse: Tenho sede!” (João 19, 28).

A sede física de Jesus era gigante, é verdade, porém, maior do que a sede
física, era a sede que Ele tinha das almas daqueles homens e eles de Jesus.
Nesse mistério pergunte a Jesus: “Senhor, como eu posso aliviar a sede do
seu coração?” Entre outras coisas, Ele responderia: “Evangelizando!
Fazendo com que mais e mais corações indiferentes e distantes me
conheçam”.

Peçamos, então, a Deus, nessa dezena do Santo Rosário, sempre que a


rezarmos por tantos e tantos corações que não o conhecem. Peçamos
ainda por todas as iniciativas de evangelização da Igreja e da Obra Shalom.

3º Mistério Doloroso: A coroação de espinhos de Nosso Senhor Jesus


Cristo
A coroa de espinhos é o símbolo do Rei que se abaixa. Em todos os povos
e culturas humanas, foi se criando símbolos que identificavam a raça, a
função e o papel que uma pessoa desempenhava na região. Entre esses
símbolos, um que sem dúvida tornou-se popular é a coroa. O simbolismo
da coroa baseia-se em três fatores principais: o local do corpo onde é
colocada, sua forma em círculo e o material de que é feito.

Esse objeto é colocado na cabeça, simbolizando, o poder, domínio,


sabedoria e controle sobre os outros. Normalmente são feitas de ouro e
diversos outros materiais caros e preciosos, símbolo de riqueza material e
ostentação. Esse ato dos torturadores de Jesus, foi feito e motivado pelo
desejo de o humilhar, porém acabou na verdade profetizando para a
humanidade o sentido profundo de sua realeza e missão sacerdotal. O
sentido e a razão de tudo o que Jesus fez e suportou foi o amor
comprometido com a nossa salvação.

Essa coroação, com a pretensão de o humilhar, foi na verdade um ato


profético, que expressou a essência mais profunda da identidade de Deus
em Jesus, bem como a alma de sua missão. A alma da missão de Jesus é o
amor.

“Amados, amemo-nos uns aos outros; porque o amor vem de Deus; e


todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que
não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor” (1 João 4, 7-8).

Na lei desse Rei que é coroado de modo tão humilhante pelos homens,
poder é oportunidade de amar e servir, força é oportunidade de amparar
e carregar os mais fracos. Perder por amor, na verdade, é ganhar. Nesse
mistério, então, devemos pedir a Jesus, por intercessão de sua Mãe, a
doce Virgem Maria, a graça de que nossa profissão, nossos círculos de
relações familiares e fraternas, nossa presença na Igreja, sejam
oportunidade de servir e amar.

4º Mistério Doloroso: Nosso Senhor carregando a Cruz a caminho do


Calvário
O peso da Cruz foi proporcional aos meus pecados. Enquanto Jesus
carregava a Cruz, os soldados açoitavam repetidamente e com toda força,
suas costas. Os golpes causavam profundas contusões e hematomas. As
cordas de couro com os ossos de ovelha rasgavam sua pele e o tecido
celular subcutâneo. Junto com esses açoites e lacerações, seus músculos
fatigados gritavam e tremulavam com o peso do grande objeto de
madeira em suas costas.
Como se não bastasse esse peso, foi ainda colocado sobre sua cabeça,
com tom de sarcasmo e deboche, uma coroa de espinhos. Na Palestina há
vários arbustos espinhosos, que poderiam servir para este fim: O Zizyphus
ou Azufaifo, chamado Spina Christi, de espinhos agudos, longos e curvos.
Porém, mais afiados e agudos do que esses espinhos, mais pesado do que
o grande objeto de madeira, era o pecado, o deboche, a maldade e a
indiferença do povo. A meditação desse mistério deve provocar em nós
uma profunda revisão de vida.

Enquanto você lê essas palavras, ou medita esse mistério, faça um


profundo balanço pessoal e existencial de vida, identifique e aproprie-se
de novo daqueles valores essenciais de fé que foram sendo esquecidos
pela tibieza ou mesmo pelo cansaço. Que esse mistério te possibilite e
motive a desenvolver uma agenda de vida mais consistente com sua
vocação de: batizado(a), de pai, de mãe, etc… construindo um legado que
transcenda aos limites do tempo e do espaço neste mundo, jogando fora
de modo decisivo os pecados, que Jesus carregou e destruiu na Cruz, por
amor a você.

5º Mistério Doloroso: A Crucifixão e morte de Nosso Senhor Jesus Cristo


Não há maior amor do que dar a vida a favor do outro. A crucificação, no
império Romano, era uma prática terrível. As vítimas eram amarradas ou
pregadas em uma viga de madeira e pendurada durante vários dias até a
eventual morte por exaustão e asfixia. Estudos atribuem esse método de
tortura aos Persas, que depois foi levado no tempo de Alexandre para o
Ocidente e praticado a exaustão pelo Império Romano. A essa terrível
punição, combinavam os elementos de humilhação, vergonha e tortura,
por isso a sentença de crucificação era vista com profundo horror.

Os condenados a essa pena eram despojados de suas vestes, depois


torturados duramente diante de todos. Muitas vezes, familiares e outros
condenados eram forçados a assistirem ao espetáculo de tortura. Os
soldados fixavam no corpo dos torturados: pregos, pedaços de ossos,
fibras de madeira e coisas semelhantes. Por vezes a tortura, o
açoitamento, era tão forte que o flagelado morria em consequência dos
açoites, antes mesmo de ser crucificado. Daí podemos ver como Jesus o
Deus feito homem foi persistente e forte, Ele a carregou até o fim. Sua
força era resultante de seu amor perfeito por mim e por você.

“Aquele que tem um ‘porquê’ para viver pode suportar quase qualquer
‘como’” (Friedrich Nietzsche). A força presente na humanidade de Cristo
era sua capacidade de amar. Entre uma Ave Maria e outra, faça memória
dos grandes ou pequenos sofrimentos que você traz. Depois entre
suspiros de fé e decisão, suplique a Deus que gere e fortaleça o amor no
seu coração.

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