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O Getsêmani, prensa de azeite em hebraico, ficava a leste de Jerusalém, no

monte das Oliveiras. No lugar onde as azeitonas eram prensadas e esmagadas,

Jesus também foi preso e esmagado.

O Getsêmani tem um formato de quadrilátero, medindo cerca de cinquenta

metros de superfície, e está rodeado por um muro.

Jesus após a oração sacerdotal, prosseguiu seu caminho, descendo do vale de

Cedrom, muito estreito na parte entre os muros de Jerusalém e o sopé do monte

das Oliveiras. Jesus passa por uma ponte sobre o leito de um pequeno rio, e

adentra o olival no jardim do Getsêmani.

O mestre ordena a seus discípulos que se assentassem e aguardassem por ele,

que iria mais adiante para orar. Jesus chama seus discípulos mais íntimos e leais,

Pedro, Tiago e João. Eles são testemunhas da agonia que o Mestre passou no

jardim do Getsêmani.

Um lindo ensinamento de que, assim como nós, Jesus, em sua humanidade,

precisava de amigos, naquele momento tão difícil.

Quão amargos foram aqueles momentos para Jesus no Getsêmani! Uma

indescritível tristeza invade seu coração. A expectativa do sofrimento que o

aguardava, ele sabia de todo castigo físico e moral a que seria submetido.
O Jardim

do Getsêmani, Próximo ao Monte das Oliveiras.

E o Mestre revela aos seus amigos a dor que se passava em seu coração:

"Então lhes disse: A minha alma está cheia de tristeza até a morte; ficai
aqui, e velai comigo." Mateus 26:38

Jesus em um grande esforço, separa-se dos seus discípulos e vai para mais

adiante, no Getsêmani, afim de abrir seu coração com mais liberdade, diante do

Pai. A natureza humana do Mestre estava tão profundamente angustiada que ele

se deixa cair de joelhos com o seu rosto prostado em terra.

Uma atitude de submissão, adoração e desolação. Ele rogou ao Pai que se

possível, afastasse dele aquela hora tão terrível!

"E, indo um pouco mais para diante, prostrou-se sobre o seu rosto, orando
e dizendo: Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice; todavia, não seja
como eu quero, mas como tu queres." Mateus 26:39

Nisso um mistério é revelado. Se houvesse uma outra forma para resgatar o ser

humano, se houvesse um outro meio para que os pecados dos homens fossem

perdoados, Deus não submeteria o seu Filho a tamanho sofrimento.


Se castigos auto-impostos aos homens, se reencarnações seguidas, se rituais

com sangue de animais, se algum tipo de obra meritória, jejuns, se longas

orações ou qualquer outra coisa pudesse apagar a mácula do pecado, resgatar e

redimir o homem, Deus teria usado.

Era a mensagem que Jesus estava passando nesta oração. Mas não há nada que

possa perdoar pecados, nada, a não ser o sangue de Jesus que foi derramado

por sua morte no madeiro.

Jesus sabia que a redenção do mundo seria conquistada com os sofrimentos e

morte do Messias. A consciência desse fato deu ao Mestre forças para seguir em

frente.

Entretanto, o que estava diante dos olhos de Jesus, que o trazia tão grande

angústia? Sem dúvida o seu sofrimento e a sua morte, sentimento natural da

natureza humana do Mestre, pois ele era tão humano quanto nós somos.

Essa, porém não era a principal causa das angústias de Jesus. Como diz Tomáz

de Aquino que, "se Cristo foi tão afligido, não foi somente porque ia perder a

vida; foi também por causa dos pecados de todos os homens".

O peso gigantesco dos pecados de toda humanidade estava sobre seus ombros.

Um homem comum teria sucumbido sob carga tão pesada.

"Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa
das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas
suas pisaduras fomos sarados." Isaías 53:5
Jesus

Orando no Getsêmani. Seu Suor se Tornou em Sangue.

Jesus com a alma cheia de angústia, retorna ao Getsêmani, onde deixou seus

três mais amados discípulos, para buscar consolo em seus amigos. Porém não

encontrou este afeto, pois eles estavam dormindo.

"E, voltando para os seus discípulos, achou-os adormecidos; e disse a


Pedro: Então nem uma hora pudeste velar comigo?" Mateus 26:40

Um pouco antes, Pedro havia dito que jamais abandonaria Jesus e até morreria

por ele. Entretanto, não conseguiu ficar acordado para orar com Jesus quando

ele mais precisava. Durante a última ceia de Páscoa no senáculo, todos estavam

dispostos a dar a vida pelo Mestre. O que ocorreu com toda aquela coragem?

"Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está
pronto, mas a carne é fraca." Mateus 26:41

Os discípulos precisavam ficar acordados e orar pois em breve seriam provados

duramente. O maior perigo naquele momento era abandonar e negar o Mestre.

Por isso necessitavam do poder sobrenatural da fé e da oração.


O Mestre, como não encontrou apoio humano, afasta-se de novo e busca auxílio

na oração:

"E, indo segunda vez, orou, dizendo: Pai meu, se este cálice não pode
passar de mim sem eu o beber, faça-se a tua vontade." Mateus 26:42

O cálice aqui representa a ira de Deus. Jesus como servo obediente, humilde, se

entregou totalmente à vontade do Pai.

O Mestre volta mais uma vez, ao Getsêmani, e encontra seus discípulos

dormindo. Sem despertá-los, Jesus volta à solidão e em agonia orava ainda mais

intensamente.

Sob intensa agonia e ansiedade, o duro combate se inicia na luta espiritual. Os

batimentos cardíacos do Mestre se itensificam com rapidez e de tal maneira que

seu suor produz grandes gotas de sangue, que lhe cobriu o corpo e correram até

o chão.

"E, posto em agonia, orava mais intensamente. E o seu suor tornou-se em


grandes gotas de sangue, que corriam até ao chão." Lucas 22:44

Jesus poderia desfalecer e morrer ali mesmo, no Getsêmani, porém o Pai

sustentou seu filho e enviou um anjo que o confortava.

Quantas lamúrias precediam uma flagelação! As vítimas gritavam por


misericórdia! Contorciam seus corpos, podia-se ouvir ao longe seus gritos e

choro, uma espécie de lamento, por tão severo e doloroso castigo.

Os romanos utilizavam a flagelação como meio de castigo isolado ou como

prelúdio da crucificação.

Tiravam a roupa da parte superior do condenado, mãos amarradas, era preso a


uma coluna baixa, costas encurvadas para que os golpes fossem desferidos com
toda força!
Os lictores usavam chicotes feitos de correias de couro, e feixes de finas
correntes de ferro com bolas, ou ganchos de metal nas extremidades. Podiam

também ser confeccionados com cordas e pedaços de ossos nas extremidades.

Os lictores eram homens fortes, acostumados ao manejo do chicote, e golpeavam

com muita força, sem compaixão ou misericórdia.

Os primeiros golpes faziam com que o sangue formasse bolhas debaixo da pele.
Com os golpes seguintes, essas bolhas estouravam, e a carne viva ficava
exposta. Os carrascos continuavam a bater ainda mais. Um sofrimento terrível!

Flagelação de Jesus.

A maioria dos golpes eram desferidos sobre as costas, entretanto, as pontas dos

chicotes enroscavam no corpo e feriam o peito e a barriga. O rosto ficava

desfigurado. Muitos condenados eram retirados já quase mortos, outros


sucumbiam antes do término da flagelação.
Diversas leis proibiam que um cidadão romano sofresse tal suplício, destinados

a punição dos escravos e de criminosos cruéis ou para aqueles que ousassem

enfrentar o poder do império romano.

Os soldados romanos sentiam aversão pelos judeus, pelo ódio velado com que

os israelitas os tratavam. Assim, para os romanos, era motivo de alegria quando

lhes entregavam um judeu, acusado de ter se manifestado contra roma.

Jesus foi entregue à ferocidade desses soldados que não só obedeciam ordens,

mas também sentiam prazer em martirizar um judeu. Jesus sofreu um castigo

sem a menor atenuação, como um criminoso qualquer.

Assim, desonravam a vítima que ficava marcada para sempre. Mas, com Jesus

foi diferente. Jesus mesmo sofrendo esse terrível castigo, não abriu a sua boca

em lamentações, não clamou por misericórdia, não se lamentou, não proferiu

palavras de maldição contra os lictores.

"Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a sua boca; como um cordeiro
foi levado ao matadouro, e como a ovelha muda perante os seus
tosquiadores, assim ele não abriu a sua boca." Isaías 53:7

Os soldados romanos ficaram perturbados diante da misteriosa força de Jesus.

Ele era realmente um rei. Aí eles se enfurecem e tentam apagar este último traço
real em Jesus, lançando sobre ele todo tipo de escárnio.

A Coroa

de Espinhos com que Jesus Foi Coroado.


Fizeram com que ele se assentasse na coluna em que o amarraram, o envolveram

em um manto avermelhado, para simbolizar a púrpura com que se vestiam os


reis, e o coroaram com uma coroa de espinhos.

"E, tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça, e em sua mão


direita uma cana; e, ajoelhando diante dele, o escarneciam, dizendo: Salve,
Rei dos judeus." Mateus 27:29

Em lugar do cetro, puseram em sua mão direita um caniço, e batiam com ele na

sua cabeça, zombando de um rei que apanhava com o próprio cetro. Ajoelhavam-
se diante dele dizendo: "Salve, Rei dos judeus!" - uma alusão da célebre
saudação a César.

No lugar do beijo cerimonial, cuspiram-lhe no rosto.

Jesus suportou tudo isso com uma paciência incomparável, sem de nada se

queixar! Oferecia seus horríveis sofrimentos, como pagamento da dívida do

pecado de todos nós.

E é incrível ver como o mais sublime ser, se é que podemos definí-lo assim, o Rei
dos Reis, Senhor dos Senhores, aquele em cuja presença se prostavam

miríadades de anjos, seres viventes, milhares de milhares, e o adoravam. Mas


ele estava ali, entregue ao carrasco, tendo a sua carne rasgada e o seu sangue
derramado. Escarnecido, sem reclamar, por amor de nós!

"Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa
das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas
suas pisaduras fomos sarados." Isaías 53:5

Que amor pode ser maior do que este?! Quanto amor! Nunca podemos nos

esquecer da tamanha humilhação que passou o nosso Senhor!

E Jesus ofereceu voluntariamente o seu corpo, para a flagelação, e o seu precioso

sangue foi derramado por nós. Ele pagou um altíssimo preço. Fomos comprados
com preço do sangue de um inocente! Ele assumiu o nosso lugar e fez com que

a ira de Deus recaísse sobre ele.

Portanto Deus se reconciliou com o homem, por causa dos sofrimentos de Jesus,

porque o castigo que nos traz a paz, estava sobre ele, amém.

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