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IHS Vida Espiritual Grandes penas de Jesus sobre a Cruz. Página 1 de 2

Grandes penas de Jesus sobre a Cruz.

Fonte: Pe. Thiago Maria Cristini, C. SS. R., “Meditações para todos
os dias do ano tiradas das obras de Santo Afonso Maria de Ligório, Bispo e
Doutor da Igreja”, Herder e Cia., tomo III, págs. 17-19, Friburgo em
Brisgau, Alemanha, 1921.

Despectum et novissimum virorum, virum dolorum et scientem


infirmitatem – “O mais desprezado e o último dos homens; homem de
dores, e experimentado nos trabalhos” (Is. 53, 3).

Sumário. Contemplemos Jesus suspenso no madeiro infame, cheio de


dores e tormentos. Por fora está dilacerado pelos açoites, pelos espinhos e
cravos; cada um de seus membros tem seu sofrimento particular. Por dentro
está aflito e triste, desolado e desamparado de todos, mesmo de seu divino
Pai. O que, porém, O atormenta mais, é a vista dos pecados a serem
cometidos pelos homens, remidos ao preço de seu Sangue. Ah! Meu
Redentor, eu também sou um dos ingratos que então vistes. Quem me dera
ter morrido e nunca Vos ter ofendido!

I. Jesus na Cruz! Que espetáculo foi para os Anjos do Céu verem um


Deus crucificado! Que impressão nos deve também fazer contemplarmos o
Rei do Céu suspenso num patíbulo, coberto de chagas, desprezado e
amaldiçoado de todos, em agonia e morrendo de dor, sem consolação! Ó
Céus, porque é que padece tanto o divino Salvador, inocente e Santo?
Padece para pagar as dívidas dos homens. Onde se viu jamais tal
espetáculo? o Senhor morrer por seus servos! O Pastor morrer por suas
ovelhas! O Criador sacrificar-Se todo pelas suas criaturas!
Jesus na Cruz! Eis aí o homem de dores, predito por Isaías: virum
dolorum. Ei-Lo sobre esse madeiro infame, atormentado exterior e
interiormente. Exteriormente está dilacerado pelos açoites, pelos espinhos e
pelos cravos; de toda a parte corre o Sangue, e cada um de seus membros
tem o seu sofrimento particular. Interiormente está aflito e triste, desolado e
abandonado de todos, até de seu próprio Pai. Mas o que mais O atormenta
no meio de tantas dores é a vista horrenda de todos os pecados que ainda
depois de sua morte seriam cometidos pelos homens remidos ao preço de
seu Sangue.
Sim: os ódios, os pecados impuros, os furtos, as blasfêmias, os
sacrilégios, numa palavra, todos os pecados se apresentaram então aos
olhos de Jesus Cristo, e cada um deles, com a sua malícia própria, veio,
qual fera cruel dilacerar-Lhe o coração. Queixava-Se então Jesus: É assim
ó homens, que me pagas o meu amor? Ah, se vos soubesse agradecidos,
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morreria satisfeito! Mas, o ver tantos pecados depois de tantas dores;


tamanha ingratidão depois de tão grande amor, eis o que Me faz morrer de
pura tristeza. – Ah, meu Redentor! Entre esses ingratos me vistes também a
mim com todos os meus pecados.

II. Meu amabilíssimo Jesus! Eu também concorri grandemente para


Vos atormentar na Cruz, sobre a qual estáveis morrendo por mim. Oxalá
tivesse eu morrido e jamais Vos tivesse ofendido! Meu Jesus e minha
esperança, assusta-me a morte pela lembrança de que então terei de dar
conta de todas as injúrias com que paguei o amor que me haveis tido;
anima-me, porém, a vossa morte e me faz esperar o perdão. Pesa-me de
todo o coração de Vos ter desprezado. Se pelo passado não Vos amei,
quero amar-vos durante todo o resto da minha vida, e quero fazer e padecer
tudo para Vos agradar. Ajudai-me, meu Redentor, que morrestes na Cruz
por meu amor.
Senhor, dissestes que, quando fôsseis exaltado sobre a Cruz, havíeis
de atrair-Vos todos os corações: Et Ego, si exaltatus fuero a terra, omnia
traham ad meipsum 1. Pela vossa morte na Cruz já arrebatastes ao vosso
amor tantos corações, que por Vós deixaram tudo, bens, pátria, parentes e
vida. Suplico-Vos, arrebatai também o meu coração que, pela vossa graça,
já suspira por Vos amar; não permitais que ainda ame o lodo desta Terra,
como no passado tenho feito.
Quem me dera, ó meu Redentor, ver-me despojado de todo afeto
terrestre, a fim de que, esquecendo tudo, só me lembre de Vós e só a Vós
ame! Espero tudo da vossa graça. Conheceis a minha impotência; ajudai-
me, eu vo-Lo peço, pelo amor que Vos fez aceitar uma morte tão dolorosa
no monte Calvário. – Ó morte de Jesus, ó amor de Jesus, apossai-vos de
todos os meus pensamentos, de todos os meus afetos, e fazei que de hoje
em diante não pense em outra coisa senão em amar a Jesus. Amabilíssimo
Senhor, atendei-me pelos merecimentos de vossa morte. – Atendei-me
também Vós, ó Maria, que sois Mãe de misericórdia. Rogai a Jesus por
mim; as vossas súplicas podem fazer-me santo, e é isso o que espero. (I
728.)

1
Io. 12, 32.

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