coleção de textos acadêmicos básicos) e a organização de semmanos e leituras
complementares poderão obviar o problema para o qual estamos apontando. A
propósito, houvesse o cuidado de apresentar - em todos os capítulos - um resumo conclusivo, do gênero do que se encontra solitariamente instalado ao término do primeiro (capítulo) ter-se-ia facilitado o trabalho dos leitores. Assim, cabe sugerir que para futuras edições deste livro isto venha a ser feito. f: de se aceitar a idéia de que a parcimônia no emprego de palavra é uma virtude estilística e uma homenagem que se presta ao leitor inteligente e bem informado, mas convém lembrar que este atributo pode, eventualmente, con- duzir à incompreensão. f: o caso, por exemplo, do rápido paralelo entre contri- buições de Kant e Piaget, que se encontra na página 18. Não se duvidará que o Prof. Antonio Gomes Penna rejeitaria uma interpretação rigorosamente inatista para as formas e categorias a priori de Kant, o que uma leitura apressada desta passagem deste seu livro pode induzir. Finalmente, recomenda muito o autor e sua obra quando ele a submete ao escrutínio, usualmente severo, de seus colegas. Mais elogiável ainda é a conduta daqueles que assim procedem, a despeito da inexistência de uma tradição cttl- tural e acadêmica que nos leve a proceder, naturalmente, deste modo. Este é o caso do Prof. Antonio Gomes Penna, que nos oferece mais um livro de ótima qualidade. HELMUTH KRÜGER
Staats, Arthur W. Psychology's crisis 01 disunity. Philosophy and Method for a
Unified Science. New York, Praeger Publishers, 1983. 329 p.
Crise da psicologia! Proclama-se aqui e ali. Debate-se em conclaves nacionais e
internacionais. Escrevem-se artigos, proferem-se conferências. E agora vem um livro. Para nós, a colocação seria outra: não existe crise da psicologia. Existe a psicologia da crise. Staats, professor em universidades que não se situam na linha de frente nos EUA, é indiscutivelmente um homem inteligente, sensível, observador, com insights provocantes. Comportamentalista (behaviorista, condutista, se preferi- rem), aceita os testes projetivos, principalmente o TAT, que parece utilizar e valorizar. O autor desenvolve, em tom quase emocional e combativo, suas inquietações. Duvida e questiona a psicologia tal como ela está hoje. Considera-a uma ciência, mas não uma ciência inteiramente desenvolvida. E se explica, se justifica e apre- senta sugestões: é preciso multiplicar experimentos, inovar instrumentos, des- cobrir novas coisas, formular teorias adicionais. Tem sua própria conceituação de psicologia. Seria ciência social, qualitati- vamente diferente das ciências avançadas da natureza. E mais: acha que lhe faltam certas características que essas últimas ostentam. Como tal, se a psicologia não tomar novos rumos, jamai~ será uma ciência completa. f: preciso nova revo- lução. Na primeira foi vencedora, ao separar-se da filosofia. Agora, um dilúvio de conhecimentos inunda o campo, e esse conhecimento, por exagerado, se tornou caótico. Se não houver um trabalho organizado, os produtos da ciência permanecem inconsistentes, competitivos, não-integrados, distantes e sem significado. A diver-
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sidade (desunião) destrói a eficiência da pesquisa e da prática. Um corpo de saber desorganizado jamais poderá ser reconhecido como científico no lato sensu da palavra. E carrega mais: à psicologia não só falta uma metodologia para criar o conhecimento unificado, como, o que é pior, "foram desenvolvidas caracteps- ticas que impedem (é o autor quem grifa) a efetivação da unidade. A falta de unidade (disunity) é produzida mesmo onde a unidade já existe ou pode ser facilmente alcançada". A grande tecla do autor é essa disunity, a cuja crise dedica logo o primeiro capítulo. Bate e rebate essa palavra disunity. Desanimador? Não. A parte terceira do livro tem como título geral a Meto- dologia para a unificação e o capítulo final dessa parte - o último do livro - se chama nada menos que Receita para a crise da falta de unidade (Disunity). É a mensagem otimista como o próprio autor a denomina. Diz que 100 anos de atividade da psicologia oferecem a matéria-prima para se fazer o salto para o status de ciência unificada. A psicologia está pronta para tal, para a nova (se- gunda) revolução, isto é, ocorrerá a unificação, inevitavelmente. No momento há uma tensão provocada pela desorganização. Mas, daí, dessa crise (lembremos que crise vem do grego crinein, questionar, interpretar, decidir o momento difícil, para melhorar, para renascer) virá para a psicologia uma nova estrada de Damasco. E o autor traz contribuições concretas. Se a psicologia é ciência social, deve interligar-se com a sociologia, antropologia, ciência po- lítica, economia, história. É necessária a inter-relação das ciências sociais. Bom, mas não muito original ... Para ele, em outras palavras, o caminho é o behaviorismo social ou behavio- rismo paradigmático, isto é, uma estrutura unificada teoricamente, tal como desenvolvida por um grupo de estudiosos nos últimos anos. O objetivo é "esta- belecer a maneira pela qual essa estrutura abrangente pode ser heurística teori- camente, experimentalmente na clínica, escola, e no lar". ATHAYDE RIBEIRO DA SILVA