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<Em Getsêmani, Jesus chega com os apóstolos em um lugar isolado. Dirigindo-se a eles pede
para aguardar enquanto vai orar. Entretanto, levou consigo Pedro, Tiago e João junto de si. O
Anjo e e demônio estão escondidos>
<leva consigo Pedro, Tiago e João para um lugar ainda mais reservado e começa a falar>
JESUS: Minha alma está triste até à morte. A tristeza que sinto é tão grande que é capaz de
me matar. Fiquem aqui e vigiai!
<Jesus se afasta um pouco mais e começa a orar ajoelhado e com o rosto encostando no
chão>
JESUS: Pai, meu Pai, Tu podes fazer todas as coisas! (pausa) Afasta de mim este cálice de
sofrimento. (pausa) Mas que não seja feito o que eu quero, mas que reine a tua vontade!
(pausa)
DEMÔNIO: Por que vais fazer a vontade de Teu Pai? Para que passar por tanto sofrimento,
Jesus?De que adiantará Teu sacrifício? O pecado vai continuar existindo. A Humanidade, que
tu tanto amas, continuará a ofender-Te. Crimes continuarão a serem cometidos, assim como:
invejas, deslealdades, ingratidões. Muitos dirão seguir-Te e pronunciarão Teu nome de forma
banal, até mesmo usando-O para justificar suas impiedades. Muitos movimentos terão Teu
nome, Jesus, mas não o Teu Espírito. É para isso que Te sacrificarás? O mundo sempre viverá
na mentira e eu sou o pai da mentira: o mundo é meu, com todas as suas calamidades e
riquezas. Vê, vê o mundo, vê como é belo! (Mostra a paisagem a Jesus). Por isso, eu Te repito:
tudo isto Te darei se, prostrado, me adorares!
<O demônio sai. Jesus cai de joelhos. Jesus permanece ajoelhado por mais alguns instantes e
vai ao encontro dos três apóstolos que deixou vigiando, porém os encontra dormindo. A feição
de Jesus é de uma tristeza ainda maior e com a face bastante suada>
JESUS: Pedro! Você está dormindo? Será que não consegue vigiar sequer por uma hora?
(pausa). Vigiem e orem para que não sejam tentados. (pausa). É fácil querer resistir à
tentação; (pequena pausa) o difícil mesmo é conseguir resistir as tribulações.
<Jesus volta ao local onde estava orando (na mesma posição), faz uma breve pausa e começa
a proferir...>
JESUS: Pai, meu Pai, Tu podes fazer todas as coisas! (pausa) Afasta de mim este cálice de
sofrimento. (pausa) Mas que não seja feito o que eu quero, mas que reine a tua vontade!
(pausa)
ANJO: Jesus, Tu és o caminho, a verdade, a vida. Teu sacrifício não será em vão. Sabes que
Teu Pai só permite que cada um passe pelo que pode suportar. E, por amor, beberás do cálice
de sofrimento. Pois sofrerás o que todos sofreriam em consequência de seus próprios erros.
Muitos Te compreenderão e se tornarão santos, para Tua glória e para a glória do Pai. Muitas
boas obras serão feitas em Teu nome, com o bom senso do Teu Espírito. Muitos se entregarão
a Ti e procurarão ser um só contigo em todos os seus momentos! Muitos se tornarão dignos
do Teu perdão e, por amor a Ti, mudarão de vida! Coragem! Teu Pai te dará as forças
necessárias e nós, os anjos, velaremos por Ti! A Humanidade sempre necessitará do Teu amor
e da Tua misericórdia!
<Jesus permanece mais um instante ajoelhado, retorna ao trio e os encontra dormindo. Sem
falar nada e transparecendo comovente decepção e amargura, retorna ao local onde orava (na
mesma posição), faz a breve pausa e começa a proferir as mesmas palavras>
JESUS: Pai, meu Pai, Tu podes fazer todas as coisas! (pausa) Afasta de mim este cálice de
sofrimento. (pausa) Mas que não seja feito o que eu quero, mas que reine a tua vontade!
(pausa)
<Jesus retorna ao trio e os encontra ainda dormindo. Então num gesto simples profere
palavras num tom firme>
JESUS: Vocês ainda estão dormindo e descansando? (pausa) Basta! (Tom ainda mais grave.
Pausa). Chegou a hora em que o Filho do Homem será entregue nas mãos dos pecadores.
Levantai-vos e vamos embora.
<Jesus, juntamente com Pedro, Tiago e João, se encaminham para juntos dos outros
apóstolos. Ao se aproximar, Jesus inicia seu dialogo ao mesmo tempo em que chega Judas,
chefe dos sacerdotes, soldados e uma multidão armada com espadas e paus>
JESUS: Vejam ... (pronunciado de forma longa; Jesus vira-se para Judas e segue) Já se
aproxima quem vai me entregar!
<dá-se um curto intervalo, somente o necessário para Judas aproximar-se de Jesus e seguir o
diálogo. >
JUDAS: Eu o saúdo!
JESUS: Judas (breve pausa, apesar da tristeza, Jesus utiliza um tom firme), é com um beijo
que você trai o Filho do Homem?
<ao perceberem o que irá acontecer com Jesus, seus discípulos tomam sua frente numa
atitude de defesa (combate) e um deles afirma num tom firme>
<Jesus toca a orelha do empregado e o mesmo fica imediatamente curado. Então segue
dizendo em tom firme>
JESUS: Por que vocês vieram com espadas e paus para me prender como se eu fosse um
bandido. (pausa) Eu estava todos os dias no Templo partilhando convosco, e vocês não me
prenderam. (breve pausa) Mas esta é a vossa hora e a hora do poder das trevas!
SUMO SACERDOTE: Não nos interessa o que tens a falar! Bem sabemos que sois um falso
profeta ao manipular o povo com ilusões. És um arruaceiro que desrespeita nossas leis e
nossos costumes. Levem-no na presença de Caífas!
<os soldados prendem Jesus violentamente e o conduzem até a Casa do Grande Sacerdote.
Neste momento, TODOS os discípulos fogem e o abandonam (Mc 14, 50). Pedro, o segue
disfarçadamente de longe. Um pouco antes da casa do sacerdote, acontecerá o episódio da
negação de Pedro. Na multidão, uma mulher o reconhece e começa o episódio>
MULHER: Vejam, vejam! (pausa) Mas este homem também estava com Jesus de Nazaré.
PEDRO: Mulher (pausa). Eu nem conheço este homem! Eu não sei do que você está falando.
<Pedro sai da presença da mulher para um outro lugar no meio da multidão (o galo canta a
primeira vez). Então um homem o vê e afirma>
<Pedro sai da presença do homem rindo e afirmando para todos que aquele homem está
louco e que não conhece o nazareno. Um pouco mais adiante um outro grupo aborda pedro>
MULHER: Não há duvidas de que você também é um deles, pois também és da Galileia!
GRUPO: É verdade! Você é Galileu ... Você é um dos seguidores do Nazareno (e há um grande
tumulto em torno de Pedro)
PEDRO: Eu juro que não conheço este homem de quem vocês estão falando! Que Deus me
castigue se não estou dizendo a verdade!
<Quando Pedro termina esse diálogo, o galo canta e instantaneamente os olhares de Jesus e
de Pedro se cruzam fazendo com que ele se lembrasse do que Jesus havia lhe dito. O
sentimento que Pedro experimenta é de grande pesar, momento que, em lagrimas, Pedro
baixa a cabeça e sai no meio do povo chorando e proferindo palavras de lamentações (o quê
eu fiz? Trai o meu mestre! Perdoa-me Senhor, meu Senhor ... etc). Segue-se o trajeto até a
casa do Sacerdote.>
CAIFAS: Silêncio! (pausa, voz num tom firme) Não podemos perder tempo! Que acusações
tempos contra este homem?
SACERDOTE 1: Nós ouvimos quando ele disse: ‘Vou destruir este Templo que foi construído
por seres humanos e, em três dias, levantarei outro que não será construído por seres
humanos.
SACERDOTE 2: Este homem está possuído. Ele expulsa os demônios em nome de belzebu.
SACERDOTE 3: Ele desrespeita nossos costumes e nossas leis. Realiza falsos milagres para
esse povo ignorante.
SACERDOTE 4: Ele agride nossa sanidade diante de todos ao afirmar ser o Filho de Deus, ao
passo que até perdoar pecados ele o faz!
TODO O CONSELHO: É verdade! Falso profeta! Que grande blasfêmia se intitular o Filho de
Deus.
CAIFAS: Chega! (pausa). Você não vai se defender dessas acusações? (pausa longa e silêncio
total)
CAIFAS: Diga-nos então, você é o Messias, o Filho de Deus Bendito?
<em unidade de gesto, todo o conselho olha fixamente para Cristo em silêncio total>
JESUS: Se eu disser que sim, vocês não acreditarão. E, se eu fizer uma pergunta, vocês não
responderão. Mas de agora em diante o Filho do Homem sentará do lado direito do Deus Todo
Poderoso.
<todo o conselho se agita com revolta diante da resposta do Cristo. Os sacerdotes esbravejam
de forma aleatoria>
SACERDOTES: Blasfêmia ... Ele se intitula Filho de Deus ... Deves pagar com tua vida essa
mentira ... Ele é réu de morte ...
CAIFAS: Não precisamos mais de testemunhas. Nós mesmos ouvimos o que ele disse. Todos
somos testemunhas da blasfêmia que ele dirigiu a Deus. (pausa) Então, o que vocês
resolvem? <Caifas realiza a pergunta apontando os braços para os sacerdotes, os quais
respondem imediatamente em uníssona voz>
<o conselho profere falsas acusações contra Jesus, lhe dão bofetadas e cospem. Até a guarda
romana que presenciou a reunião do conselho tomam parte nessas ações. Os soldados
cobrem o rosto de Jesus com saco de pano, dando-lhe tapas no rosto e dizendo>
CAIFAS: Não podemos perder mais tempo. Dei-o por enquanto e o levem para Pilatos
condena-lo!
CAIFAS: Encontramos este homem subvertendo vosso povo, instigando-os a uma grande
revolta. Proibindo-os de pagar impostos a Cesar, nosso imperador, afirmando ainda ser ele o
Cristo Rei, o Filho de Deus!
JESUS: Tu o dizes!
<os sacerdotes olham para Pilatos com a confiança de que irá condenar Jesus naquele
momento, então o governador prossegue>
CAIFAS: <com um olhar de perplexidade>. Este arruaceiro está causando desordem entre o
povo, com ensinamentos que culminará em uma grande revolta. Ele começou na Galiléia e
agora chegou aqui!
PILATOS: Então isso é um problema da jurisdição de Herodes. Soldados, levem-no daqui para
que Herodes possa julga-lo!
<Caifas tenta rebater a decisão de Pilatos que o interrompe num gesto brusco e arrogante>
<Caifas reverencia o governador e se dirige, com toda a multidão, para encontrar Herodes>
HERODES: <cheio de satisfação> Finalmente terei oportunidade de ver este homem (pausa).
Que grande alegria tê-lo em minha presença, Jesus de Nazaré (pausa). Faz muito tempo que
tenho vontade de vê-lo fazer um espetáculo com um dos seus milagres. Agora, vou prová-lo
(pausa).
HERODES: Transforma esta água em vinho! <Estende o copo a Jesus, que não o pega. Olha o
interior do copo>
<Jesus, sempre de cabeça baixa, sem dá importância para a figura de Herodes, permanece
calado diante das abordagens de Herodes, o que causa decepção no governador>
CAIFAS: Este homem que a muitos engana com ilusões dizendo que são milagres, na verdade
é, um grande arruaceiro. Ele estava incentivando o povo a insurgir uma grande revolta. Sai por
ai pregando ensinamentos que desrespeitam nossos valores e princípios (pausa). Além do
mais, afirma ser o próprio Filho de Deus!
HERODES: Quem é você? (pausa). Você tem poder? (pausa). Podes ou não fazer milagres?
(pausa). Conheceu o grande João Batista? (pausa). Você é o Filho de Deus? (pausa). Você não
responde? (pausa). Que grande decepção (pausa longa) ... Adoraria poder ajudar, mas você
não me dá escolhas!
CAIFÁS: Senhor, ele corrompeu toda essa gente, ele se intitula... Rei!
HERODES: Esse homem, um rei? (Dá uma risada debochada. Toma seu manto e coloca em
Jesus): Com licença, Majestade! Castigai-O e mandai-O de volta a Pilatos. Essa província é
dele.
<a romaria segue em direção ao Palácio de Pilatos, que se assusta com o retorno da daquele
alvoroço>
PILATOS: Aproximem-se os líderes (pausa) ... Vocês me trouxeram este homem, e disseram
que ele estava fazendo subversão. Pois eu já lhe fiz perguntas diante de todos vocês e não o
achei culpado de nenhum crime que o acusaste. (breve pausa) Herodes também não
encontrou nada contra ele, e por isso o mandou de volta para nós. (pausa) Sendo assim, é
claro que este homem não fez nada que mereça a pena de morte. Vou mandar castigá-lo com
chicotadas e o deixarei ir embora.
CAIFÁS: Durante a festa da Páscoa, tradicionalmente, és obrigado a soltar um preso. Solta
Barrabás e prende este homem!
PILATOS: Trazei-me Barrabás! (Os soldados trazem Barrabás). Quais dos dois querem que eu
solte (batendo no peito): Barrabás ou Jesus, que se chama o Cristo?
MADALENA: Não O crucifique, Senhor Governador! Jesus é um bom homem, justo e piedoso!
JESUS (passando a mão na cabeça de João): Tu nada podes fazer por mim. Traz minha Mãe
para que eu a veja antes de morrer.
PILATOS: Açoita-O! (murmurando): Talvez, assim, esses brutos venham a ter alguma piedade!
SALOMÉ: Está com Maria de Cleofas e outras mulheres. Tive a notícia de que já estão
chegando em Jerusalém. Queres ir ao encontro delas? Irei contigo, meu filho!
(João e Salomé correm e chegam ao local da 4 estação, onde já se encontram: Maria e mais 5
mulheres).
CAIFAS: De acordo com a nossa lei, Ele deve morrer, pois se fez Filho de Deus!
PILATOS (a Jesus): Donde és tu? Não falas? Responda! Não sabes que tenho poder para Te
crucificar ou Te soltar?
JESUS: Nenhum poder terias sobre Mim se não lhe fosse dado por Meu Pai.
PILATOS: Então, crucificai-O vós mesmos. Soltai Barrabás! Tragam-me água! (A serva lhe traz
uma bacia, uma toalha e uma jarra com água. Lava as mãos de Pilatos e as enxuga). Sou
inocente do sangue desde justo. Ele é um problema vosso!
POVO: Que o sangue deste homem caia sobre nós e sobre nossos filhos.
(Os soldados retiram o manto que Herodes colocou em Jesus. Os soldados Lhe entregam a
Cruz. Jesus a beija).
(A partir desse momento e até o Calvário: os soldados batem em Jesus e Lhe gritam palavras
de ordem: Vamos! Anda! Continua! E os judeus Lhe atiram pedras e debocham, gritando:
Mentiroso! Ele não é Cristo! Ele é um subversivo! Ele deve Morrer! Ele não é o Filho de Deus!
Tem que ser crucificado!).
JESUS: Minha Mãe, isto tem que acontecer; para que se cumpram as escrituras.
MARIA DE CLEOFAS (Amparando Maria): Minha querida Maria, se ele tem essa missão,
vamos cumpri-la junto com Ele.
SOLDADO 2 (a Cirineu): Tu, vem ajudá-lo a carregar a cruz! Ele tem que ser crucificado vivo!
CIRINEU: Eu não posso. Estou chegando cansado do trabalho e quero ir para casa com os
meus filhos!
JESUS: Filhas de Jerusalém, não choreis por mim, chorais antes por vós mesmas e por vossos
filhos. Se isto se faz com o lenho verde, que se fará com o lenho seco?
(Sons de marteladas e gritos de Jesus. Pânico entre as mulheres e João. A cruz é levantada.
Os soldados se sentam)
JUDEU 2: Tu, que querias destruir o Templo e reconstruí-lo em três dias, salva-te a ti mesmo!
JUDEU 5: Ele se confiou a Deus e teve a pretensão de ser Seu Filho. Olhai-O agora!
Crucificado entre dois bandidos!
DIMAS: Tu não temes a Deus? O nosso sofrimento é justo, mas este homem sofre
injustamente. Não seria melhor buscarmos o perdão de nossos pecados e a salvação de
nossas almas? Jesus, lembra-Te de mim quando entrares no Teu reino.
JESUS: Hoje mesmo estarás comigo no paraíso!
MARIA: Meu Filho querido, eu Te amo! Meu coração está sofrendo contigo! Querido, quero
tirá-Lo daí! Estou pedindo ao nosso Pai que tenha misericórdia de nós dois. Eu também estou
sem respiração, Meu Filho. Quando Tu eras bebê o velho Simeão no Templo me disse que
uma espada de dor iria transpassar meu coração. Agora a profecia se cumpre e meu coração
está ferido e angustiado. Estou morrendo contigo, mas firme, porque não Te deixarei! Estou
aqui de pé a Teu lado e assim estarei até o fim, meu adorado filho!
JESUS: Mulher, eis aí Teu Filho! Filho, eis aí tua mãe! (pausa) Tenho Sede!
SOLDADO 4 (oferecendo a Jesus uma esponja espetada na espada): Toma! Beba vinagre com
fel! Alivia as dores! (Jesus rejeita)
JUDEU 2: Ele chama por Deus! Será que Deus irá salvá-Lo?
(O soldado 1 transpassa o lado direito de Jesus com a espada. Faz um sinal afirmativo com a
cabeça, abatido. Trovões e relâmpagos)
(Maria se senta. José de Arimatéia traz o sudário. Arimatéia e João colocam o pano no colo de
Maria. Nicodemos chega).
(Apóstolos descem o corpo da cruz. Jesus é colocado no colo de Maria. Maria Canta “Ninguém
te ama como eu”. As mulheres perfumam o corpo, que Maria abraça. João chora e as
mulheres, também).
JOSÉ DE ARIMATEIA: Eu tenho um sepulcro novo, onde ninguém ainda foi sepultado. Fica
perto daqui. Vamos levá-Lo para lá (Saí a frente do enterro).