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I love rock and roll: como as canções de rock feitas por mulheres
são recebidas pelo público em comparação às canções feitas por
homens
CURITIBA
2018
Jessica Waltrick da Silva
GRR20154080
I love rock and roll: como as canções de rock feitas por mulheres
são recebidas pelo público em comparação às canções feitas por
homens
CURITIBA
2018
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a todas as mulheres que investem seus esforços a fazer música,
especialmente rock, em um ambiente tão hostil às mulheres. Vocês me inspiram a ir cada vez
mais longe.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente aos meus pais, Isabel Cristina e Orli Jorge, que me
apoiaram nesta jornada para longe do seu acolhimento. Obrigada por acreditarem em mim,
por darem suporte ao meu sonho e por se esforçarem para me manter aqui enquanto eu não
podia fazer isso sozinha. Vocês são pessoas incríveis e sei que Deus se agrada de ver todo o
cuidado que têm comigo. Em segundo lugar gostaria de agradecer à minha irmã, Priscila, por
todo cuidado comigo e por trazer ao mundo a Isabella, uma das minhas grandes motivações
para concluir o curso de Música. Em seguida, agradeço a todos os meus amigos que se
mantiveram ao meu lado e me ajudaram a crescer durante o curso, especialmente Alays,
Guilherme e Nicole. Sou grata por não me deixarem desistir. Agradeço também aos meus
professores da faculdade, que me fizeram uma pessoa melhor e mais capacitada a seguir a
minha profissão. Vocês são grandes inspirações. Por fim, agradeço ao meu primeiro professor
de piano, Rodrigo, que foi quem me instigou a iniciar tal trajetória e a seguir o meu sonho na
música.
RESUMO
Historicamente pode-se verificar que apesar de haver diversos artistas e grupos musicais
formados por pessoas tanto do gênero feminino quanto masculino, é menos comum vermos
mulheres na música rock. Por que as mulheres não estão tão presentes quanto os homens na
música rock? O objetivo geral da pesquisa foi constatar a disparidade em níveis de venda
entre mulheres e homens no rock, comparando também com os resultados de vendas da
música pop, por meio da coleta e cruzamento de dados, relacionando-os com seus contextos
histórico-sociais. Justifica-se a escolha desse assunto por contribuir para uma discussão mais
embasada e melhor argumentada sobre o tema. Para o desenvolvimento da pesquisa foi
utilizado o método descritivo, que se refere a descrever e estimar as características de
determinado grupo, no caso, o grupo das mulheres na música. Também foi empregado o
método de registro de arquivos, utilizando como ferramenta a plataforma da Billboard, que
aponta os artistas que ficaram no topo de vendas em cada ano e separando-os por gênero e
estilo. Por meio desta pesquisa foi possível constatar que há muita disparidade nos resultados
de vendas entre homens e mulheres no rock e também na música pop.
ABSTRACT
Historically it can be verified that although there are several artists and musical groups
formed by people of the feminine and masculine gender, it is less common to see women in
rock music. Why women are not as present as men in rock music? The objective of the
research was to verify the disparity in sales levels between women and men in rock, also
comparing the results of pop music sales through the collection and cross-referencing of data,
relating them to their historical-social contexts. The choice of this subject is justified because
it contributes to a more informed and better argued discussion on the subject. For the
development of the research was used the descriptive method, which refers to describe and
estimate the characteristics of a particular group, in this case, the group of women in music.
The method of recording files was also used, using as a tool the platform of Billboard, which
points to the artists who have been at the top of sales each year and separating them by gender
and style. Through this research it was possible to verify that there is a great disparity in the
sales results between men and women in rock and also in pop music.
INTRODUÇÃO 01
2. A MULHER E A MÚSICA
2.1 A mulher e a música ao longo da história 13
2.2 O movimento feminista 17
3. METODOLOGIA
3.1 O método 21
3.2 Billboard - A fonte de dados 21
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 31
REFERÊNCIAS 33
FONTE 35
ANEXOS
ANEXO 1 37
ANEXO 2 56
1
INTRODUÇÃO
O presente trabalho trata da relação das mulheres artistas com o rock e o seu nível de
recepção de público em comparação aos homens. Para um maior aprofundamento acerca do
tema, o processo analítico abrange também a relação das mulheres com a música pop,
efetuando o mesmo procedimento de comparação feito no rock para que seja possível ter uma
dimensão adequada do contexto em que as mulheres artistas da música estão inseridas.
Historicamente, o termo “música pop” surgiu na década de 1950 com relação às
canções que mais estavam sendo ouvidas nos Estados Unidos. A maior parte desta música
consumida na segunda metade da década foi considerada como rock’n roll, estilo que se
propagou pelo mundo, sendo parte efetiva da juventude e da cultura popular. Ao longo dos
anos, o rock’n roll e a música pop foram se ramificando e os termos passaram a se distanciar.
O rock ganhou características de agressividade e “robusticidade” (Middleton, 2001).
Enquanto isso, a música pop abrangia diversos estilos musicais que tiveram e têm até hoje o
objetivo primordial de agradar e cativar o público, utilizando elementos musicais que
facilitam o processo de identificação do ouvinte em relação a canção (Teles, 2008, p. 16). Ao
analisarmos o percurso histórico levantado por Middleton acerca do rock, raramente
encontramos menção a alguma mulher ou algum grupo musical que tenha um membro do
gênero feminino. Já na música pop, conforme afirmado por Teles (2008), frequentemente são
abordados temas considerados como “femininos”, como o romance, por exemplo. Dessa
forma, é mais comum notarmos a presença de mulheres na música pop.
Portanto, o objetivo central da pesquisa é constatar a disparidade em níveis de
recepção do público entre mulheres e homens na música rock. A presente pesquisa é
conduzida por uma questão principal: por que as mulheres não estão tão presentes quanto os
homens na música rock? Ao se buscar tais compreensões, tem-se como objetivos específicos
assimilar a relação da mulher com o rock e também na música pop, comparando a sua taxa de
recepção de público entre os dois estilos. Durante a análise dos resultados, foi quantificada a
diferença de nível de recepção do público entre homens e mulheres nos dois estilos musicais.
Além disso, procurou-se fazer associação entre os dados levantados e elementos do contexto
social das décadas estudadas, que são: 1980, 1990, 2000 e até meados de 2010. Para que
fossem atingidos os objetivos, foi utilizada uma metodologia que está no âmbito de pesquisa
descritiva, a qual visa descrever a característica de um grupo, estimar elementos de
determinadas características dentro de determinada população ou ainda, descobrir ou
compreender as relações entre as imagens mentais e o fenômeno que está sendo estudado. O
2
De acordo com Teles (2008), o estudo sobre a cultura pop está dividido basicamente
em três linhas de pesquisa. A primeira linha de pesquisa não considera a cultura pop como
algo a ser levado em conta como objeto de investigação e é defendida por estudiosos como
Peter Manuel (2007 - ) e Arnold Schoenberg (1874 - 1951). De acordo com Teles,
Schoenberg afirma que nenhum violinista tocaria com a entonação errada para agradar um
gosto musical medíocre assim como nenhum músico cujo pensamento for elevado na mais
alta esfera se sujeitaria a vulgaridade para cumprir um lema de “arte para todos”.
A segunda linha de pesquisa colocada por (Teles, 2008) defende a música pop como
um estilo musical relevante para ser estudado, mas considera que ela carrega uma falta de
gosto estético, elaboração e interesse. O principal pesquisador dessa área é Theodor Adorno
(1903 – 1969), que critica o processo de industrialização que se instalou no mercado musical
e defende o papel artístico da música. A terceira e última linha de pesquisa apresentada por
Teles é aquela que defende a música pop como temática digna de estudo acadêmico
completamente relevante para a musicologia e estudos sociais e culturais. Segundo os autores
Frith, Straw e Street (2004), por no mínimo 15 anos a música pop tem sido uma ferramenta
importante para que os indivíduos se compreendam historicamente, etnicamente, socialmente
etc. Apesar de não ser um tipo de canção revolucionária, ou seja, que abre a possibilidade de
renovação de padrões estabelecidos, ela tem um impacto cultural e faz isso por meio do seu
impacto individual e esse impacto é que precisa ser compreendido.
Para a presente pesquisa será considerada a terceira linha de pesquisa, que valoriza a
relevância da música pop como um objeto a ser pesquisado e procura se desprender de
preconceitos, buscando ser imparcial principalmente na questão de gosto musical.
De acordo com Beard e Gloag (2005, p. 134), música popular é um termo utilizado
para descrever a música que alcança um senso de popularidade ou que tenta ser popular. Para
os autores, o termo é frequentemente substituído por suas abreviações como “pop” e apesar de
cada cultura ter o seu tipo de música popular, o termo é sinônimo para a música americana e
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britânica. Para Teles (2008, p. 17), apesar do termo música pop ser utilizado para se referir a
alguns tipos de música popular, ele é um ramo da mesma e se constituiu como conhecemos
atualmente a partir da segunda metade do século XX. O pop se distingue dos outros estilos de
música popular por ser produzida e consumida em larga escala, de forma universal, buscando
atingir as massas, principalmente a parte de indivíduos mais jovens.
Segundo Frith, Straw e Street (2001, p. 94), a música pop é o oposto da música
clássica ou artística, mas também inclui um pouco de todo tipo de estilos musicais. Ela é uma
música acessível ao público geral, e, portanto, produzida comercialmente para gerar lucro a
uma empresa, desvinculando-se da arte. Portanto, os autores consideram que a música pop
inclui todas as formas de música contemporânea, como rock, country, reggae, rap e demais
estilos.
Conforme encontrado no Grove Music Online (Middleton; Manuel, 2001), música
pop é um termo aplicado a um grupo particular de estilos musicais que surgiu originalmente
nos Estados Unidos e na Inglaterra por volta dos anos 1950 e se espalhou para o resto do
mundo, se tornando o estilo predominante da música popular ocidental da segunda metade do
século XX. A música pop está estritamente ligada ao desenvolvimento de novos meios de
comunicação e tecnologias musicais, assim como tem relação com o crescimento da indústria
cultural e gravações em grande escala. De maneira geral, a música pop esteve particularmente
associada ao público jovem. Contudo, este público tem se expandido por diversas faixas
etárias nos últimos anos. Os autores afirmam que a música pop é considerada de menor valor
e complexidade do que a música erudita (também chamada de música clássica ou música de
concerto) e que ela é feita para uma larga escala de ouvintes que são menos educados
musicalmente do que a elite, portanto, o termo “pop” pode ser muitas vezes utilizado
pejorativamente.
Segundo Warwick (2013), pop é um gênero de música popular e também uma
“atitude” de fazer música popular que é tipicamente vista como distinta de outros gêneros
como rock, soul ou country. Dessa forma, enquanto o rock tem características musicais
bastante identificáveis, como a ênfase da guitarra e a sua ideologia de autenticidade e
sinceridade, o pop não contém traços que torne possível defini-lo como um estilo coerente. Os
empréstimos e adaptações que o pop faz de outros estilos musicais levam a novas
combinações estilísticas e a “versões” pop de canções de outros estilos. Dessa forma,
Warwick afirma que em vez de ser um conjunto específico de sons, pop é um tipo de
“sensibilidade”.
Em relação às acusações de sua falta de originalidade e banalidade, Warwick afirma
que a música pop se mantém indiferente ao valor de sua originalidade. Ao mesmo tempo,
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pop depende de certa “amnésia cultural”, pois frequentemente apresenta novas músicas que
contêm aspectos muito semelhantes a músicas já lançadas anteriormente. Além disso, é
bastante comum que o cenário da música pop utilize elementos de estilos musicais
discriminados anteriormente, utilizando uma nova “roupagem”. É o caso do punk rock, que
chocou o público mainstream nos anos 1970 por conta de sua agressividade, voltando a ser
consumido por jovens adolescentes dos anos 2000 no estilo pop punk.
Para Warwick, a preferência do pop por temas pessoais, envolvendo relacionamentos
e sentimentos, em vez de conteúdos explicitamente políticos, contribui para que ele seja, ao
mesmo tempo, apreciável e descartável. As canções pop podem fazer parte do repertório do
público por um breve período e, em seguida, ceder o espaço a outros estilos musicais com
canções perenes. Para exemplificar, a autora levanta o caso de Jimmy Hendrix, que ficou atrás
de Fifth Dimension e Tommy James em termos de sucesso comercial em 1969, mas que
deixou sua marca na história da música popular e mais especificamente no rock, tendo
relevância até os dias de hoje. Segundo a autora, a banalidade dos clichês usados para
transmitir emoções e criar um vínculo emocional com o ouvinte são, dessa maneira, cruciais
para o pop, levando estas canções para o maior número de ouvintes. Desprovida de pretensão
de ter um valor artístico sério, uma canção pop pode articular sentimentos pessoais ao mesmo
tempo que consegue incitar seus ouvintes a dançar ou cantar junto.
grande sucesso do rock’n roll no seu início se explica por estar sendo ouvido e executado por
um público branco, em sua maioria jovem.
Segundo os autores, três mudanças na face da música popular articularam a história
do pop de forma bastante aparente. A primeira delas se relaciona com o surgimento do rock’n
roll como um estilo autônomo dos seus antecedentes, marcando o início da música pop em
meados dos anos 1960. A segunda mudança está associada ao breve florescimento do punk
rock no final da década de 1970, que foi um dos primeiros sintomas de um amplo processo de
fragmentação de estilos da música popular. A terceira mudança gira em torno da aparição de
uma nova onda de estilos no final da década de 1980, caracterizados como dance music. Esse
estilo deu início à midiatização massiva e se tornou uma espécie de ameaça à fase anterior em
que a música popular se encontrava, pois ofuscava os demais estilos por meio da mídia. No
entanto, é importante notar que por meio dessas mudanças sucessivas, os estilos existentes
raramente deixaram de existir, dando espaço a um processo acumulativo de gêneros musicais
e seus estilos.
De acordo com Covach e Flory (2015), apesar de estar bem clara a importância do
rock na história da música popular é muito difícil de definir exatamente o que ele é. Alguns
pesquisadores utilizam o termo para descrever a primeira fase do rock, que vai de 1954 a
1959, enquanto alguns outros estudiosos defendem que o estilo começa a partir dos anos
1964. O livro em questão procura abordar o estilo de uma forma bastante ampla, contudo,
especificando-se na música feita para um público jovem. A era da música rock inclui um
vasto repertório de estilos, diferente de qualquer outro momento da história da música
gravada. É importante ressaltar que de maneira geral, uma pesquisa acadêmica sobre o rock
irá divergir das informações trazidas por livros de conhecimento comum e de ferramentas
midiáticas, pois elas geralmente trazem informações que têm mais o objetivo de entreter do
que acrescentar em um sentido educacional.
Segundo Friedlander (2010), cada livro sobre rock’n roll traz seu próprio termo,
enquanto alguns consideram “rock’n roll” a música produzida nos anos 1950 por Elvis, Little
Richard e Chuck Berry e utilizando apenas “rock” para se referir a o que veio depois.
Portanto, o autor prefere utilizar a terminologia “pop/rock” pois abrange tanto a era clássica
do pop/rock quanto a música feita sob pressão para se ajustar ao mercado musical
subsequente. É importante ressaltar que o rock gera diversas ramificações de estilos e cada
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uma delas leva nomes diferentes, dependendo da época em que foi feita, do tipo de letra, da
sua ênfase rítmica, do estilo vocal e de diversas outras características. Como já mencionado
anteriormente, no presente trabalho será utilizado “rock” para se referir ao estilo que vem
desde os anos 1950 até o presente.
De acordo com Middleton (2001), “rock” é um termo utilizado para determinar uma
das categorias da música pop e foi utilizado pela primeira vez nos anos 1960 se referindo às
canções que estavam sendo produzidas nos Estados Unidos e Grã-Bretanha. Esses estilos
eram associados principalmente a plateias e músicos jovens e brancos: por exemplo, os
Beatles e os Rolling Stones na Grã-Bretanha e grupos musicais californianos, como Jefferson
Airplane e Grateful Dead. Para o autor, o rock esteve desde o seu início e ainda está associado
a princípios de seriedade e de comprometimento com a arte. São feitas comparações com
estilos mais orientados pelo lucro comercial, como acontece com a música pop, por exemplo.
Posteriormente, o termo “rock" foi aplicado à música que acreditava-se demonstrar o mesmo
senso de compromisso ou derivar o estilo do rock do final da década de 1960. O contraste
rock/pop tornou-se um marco do discurso crítico e histórico. Entretanto, mesmo na década de
1960, as distinções sociológicas e estilísticas entre o rock e o pop foram muitas vezes
atenuadas e isso se tornou cada vez mais evidente a partir dos anos 1970, especialmente após
o punk rock.
O rock’n roll nasceu da controvérsia e a sua imagem de rebeldia sempre foi uma
forma de apelo aos fãs. De acordo com Covach e Flory (2015), em meados dos anos 1950,
muitos espectadores adultos que estavam familiarizados com o sussurro paterno de Bing
Crosby e o balanço suave de Frank Sinatra, ficaram chocados ao ouvir ao blues dançante de
Elvis Presley, que agradou muito aos jovens e adolescentes. Da mesma maneira, mais tarde, o
corte de cabelo dos Beatles incomodou muitos pais que o considerava muito rebelde para a
década de 60. A mesma situação voltou a acontecer nas décadas seguintes: Jim Morrison,
Alice Cooper e David Bowie mudaram alguns valores culturais existentes até então. Segundo
os autores, o centro do movimento rock é o inconformismo e a rebeldia.
Para uma compreensão aprofundada sobre a história do estilo, será resumida a
“Janela do rock” construída por Friedlander (2010). Os elementos da música pop/rock
considerados como importantes na “Janela do rock” serão colocados em contexto, pelo início
da história do estilo. Primeiramente, o autor contextualiza a parte musical do estilo.
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Musicalmente, a história do rock’n roll começa por meio dos estilos rhythm and
blues, blues, country, western e rockabilly, que foram fortes influências à sua sonoridade.
Depois de passar por diversas sonoridades resultantes dos diferentes conjuntos instrumentais
de Chuck Berry, Elvis Presley, Fats Domino entre outros, foi o formato de Buddy Holly que
ganhou bastante impacto na primeira fase do rock e se sucedeu pela invasão inglesa: guitarras,
baixo e bateria. O autor afirma que o piano não se estabeleceu como um instrumento clássico
do rock’n roll pois necessitava de uma refinação não muito presente nos “roqueiros”.
Contudo, na época alguns grupos musicais como The Animals e Allman Brothers
acrescentaram um teclado em sua formação. Uma nova formação surgiu, chamada de power
trio, por meio do grupo The Who, em 1964. Depois disso, foi adotada por artistas como Jimi
Hendrix e Led Zeppelin. Este estilo, formado por três músicos (guitarra, baixo e bateria)
produzia um som hard rock com raízes no blues (Friedlander, 2010).
De acordo com o autor, no ano 1965, era bastante forte a presença de grupos
musicais femininos, geralmente relacionados ao pop, assim como a efervescência dos ídolos
adolescentes, resultado do baby boom. Nesta época, os Beatles estavam fazendo diversas
explorações musicais utilizando instrumentos não tradicionais ao estilo, como instrumentos
orquestrais e cítaras, abrindo caminho para que outros grupos musicais começassem a
explorar novas sonoridades.
O estilo vocal das canções se manteve basicamente o mesmo nos 30 primeiros anos
da história do pop/rock: ia do estilo altamente carregado e emotivo influenciado pela música
gospel e rhythm and blues aos vocais mais contidos e articulados de Buddy Holly, Beatles e
artistas folk. Quebrando este padrão, surgiram artistas como Robert Plant e Johnny Rotten,
que traziam uma sonoridade vocal no mais extremo emocional se comparados aos que os
antecedem. Robert Plant conseguia transmitir sua emoção por meio de uma extensão vocal
com diversas notas agudas e pela sua forma de cantar incomum até o momento. Já os
vocalistas de punk rock, como Johnny Rotten, mantinham elementos considerados não muito
musicais em seu estilo vocal (como gritos), mantendo-se assim longe do mainstream.
Um elemento bastante presente no rock/pop é o solo instrumental. No início do
rock’n roll a maioria das canções continham solos instrumentais, que variavam entre saxofone
tenor, guitarra e piano. A partir do final da década de 1950, os solos de guitarra passaram a
dominar as canções, deixando o saxofone de lado. Já na década de 60, o saxofone voltou a ser
utilizado, mas dessa vez em canções do estilo sweet soul, enquanto os solos de guitarra
dominavam os palcos e o piano desaparecia. No final da década de 70, com o rock
progressivo, alguns grupos musicais executavam solos de guitarra ou de sintetizadores que
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Assim, a música pop/rock começou com uma batida enérgica, vocal emotivo, a harmonia
simples do rock clássico e, em mais de três décadas, adicionou ou subtraiu instrumentos,
estilos vocais, formatos de solos improvisados e acordes. O tamanho das bandas aumentou, a
música ficou mais alta e poderosa (com a ajuda dos avanços a amplificação de som e
tecnologia de reprodução), e o ritmo ficou mais rápido. Elementos sociais e musicais -
incluindo reintrodução de antigos estilos e materiais - estavam constantemente se fundindo
com gêneros existentes para produzir novas sínteses. Quanto mais as coisas mudavam, mais
permaneciam iguais; a música de Elvis Costello and the Attractions no final dos anos 70
guardava muita semelhança com a do Chuck Berry de 1957 (Friedlander, p. 396, 2010).
Seguindo as características musicais do estilo, o autor faz uma análise histórica sobre
as letras do rock. De acordo com o autor, as letras do estilo causaram polêmica desde sempre,
por conta de suas temáticas de rebeldia, radicalismo, insinuação sexual e tudo o que ia contra
os costumes morais da sociedade da época em que surgiu, com grande apelo ao público
juvenil. Enquanto isso, alguns críticos e também defensores do rock classificavam as letras do
estilo musical como “revolucionárias”. Para o autor, é necessário ficar atento ao contexto em
que as letras foram escritas, pois existe uma mudança constante de valores dentro da cultura
popular.
Uma temática que permeia as letras das canções de rock desde o seu início nos anos
1950 é o amor romântico. Isso fica evidente quando se analisam as canções que ficaram nas
paradas de sucesso. Algumas delas, de artistas como Elvis Presley, Fats Domino e Buddy
Holly, eram canções ingênuas de um amor puro e juvenil, enquanto que outras, como de Little
Richard e Jerry Lee, traziam certos tipos de conotação sexual. Além disso, algumas canções
tratavam sobre o próprio rock e sobre as dificuldades do cotidiano dos adolescentes. Contudo,
letras que criticassem diretamente a sociedade não eram muito comuns no início do rock e não
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havia ataques diretos aos ideais conservadores. A rebeldia e inserção de “novos valores” eram
encontradas na sonoridade e nas apresentações.
Foi a partir dos anos 1960 que começaram a surgir letras que abordavam e em certas
situações até mesmo desconstruíam tabus, como atração física e sexo antes do casamento,
indo além de apenas relacionamentos amorosos. Além disso, começaram a ser produzidas
músicas que tinham outros objetivos além do sucesso comercial; eram discos longos, com
canções longas, fora dos padrões comerciais da época e que, portanto, não iam para as rádios.
O ano de 1967 foi extremamente importante em relação às letras do pop/rock. As letras
continham temáticas como a luta pelos direitos de minorias, a busca por mais direitos
humanitários e também sobre a guerra do Vietnã. Nos anos seguintes (1968 até 1971),
diversas canções que alcançaram as paradas de sucessos continham temática sobre filosofia,
política e cultura. Dando um salto aos anos 1980, as letras do heavy metal eram centradas no
universo masculino, tendo temáticas bastante variadas neste tópico.
Cada período que sucedia a outro expressava seu desafio de maneiras culturais específicas.
Dez anos depois, assuntos que não eram nem ao menos sussurrados nos anos 50 - drogas,
revolução e homossexualismo - faziam parte do diálogo rock/pop. O comportamento rebelde
e a reivindicação por mudanças sociais difundiram-se no panorama lírico junto com os
velhos e confiáveis sexo e amor. As décadas seguintes veriam canções espantosas falando de
tumultos, holocausto e escravidão sexual. Nas três primeiras décadas do pop/rock, a escala
de temas continuou a se expandir ao mesmo tempo que a polêmica tornou-se menos chocante
e novas confrontações tomavam seu lugar (Friedlander, p. 403, 2010).
Voltando aos anos 1950, as roupas dos artistas transmitiam ao público questões da
sua personalidade e identidade como artista que causava uma espécie de identificação,
complementando a performance do artista. Os movimentos no palco, como ficar de joelhos,
rebolar e dançar sem demonstrar vergonha faziam parte da interpretação de um jovem
rebelde. Já na década de 60, os Beatles, que estavam no início da carreira, passavam uma
imagem de “bons meninos”. Não dançavam e no máximo balançavam a cabeça e batiam os
pés. Suas roupas eram comportadas e exibiam um padrão estético que passava a imagem de
“limpo e carinhoso”. Contrastando com essa atitude, os Rolling Stones, por conta
principalmente de Mick Jagger, passavam a imagem de bad boys.
O final dos anos 1960 foi bastante criativo em relação às performances nos palcos.
Shows de luzes, balões, explosões e até mesmo animais estavam presentes. O extremo das
performances musicais foram os grupos de punk rock, que se automutilavam nos palcos e
faziam uma espécie de dança agressiva junto com o público (roda punk ou mosh). De acordo
com o autor, “cada atitude no palco - ou a ausência delas - transmite mensagens simbólicas
sobre os artistas, seus valores e a plateia que eles querem atingir” (Friedlander, p. 406, 2010).
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2. A MULHER E A MÚSICA
Apesar de este trabalho focar na relação da mulher com a música rock, é importante
ressaltar o papel que a mulher teve na música desde o início da História. Para este
subcapítulo, foi utilizado como referência Grout e Palisca (1994). Um grande nome feminino
que aparece quase despercebido na história da música medieval é o de Hildegard von Bingen
(1098 - 1179), que dentre outras ocupações, foi uma monja beneditina e também compositora
que rompeu os preconceitos à participação das mulheres na música durante o século XII. Ela
teve grande influência política e religiosa em seu tempo, relacionando o universo e a
humanidade em suas ideias, mas mantendo-se fiel ao catolicismo. No campo da música, ela se
mostrou bastante original, deixando peças de canto gregoriano bastante melódicas e
vanguardistas para a época. Fazia a utilização de modos, principalmente o frígio, além de
melismas e de texto em latim. Sua obra pode se resumir em canções voltadas para a liturgia
ou semi-liturgia, sendo compreendidas em duas coletâneas: Ordo Virtutum e a Symphonia
armonie, que contém cerca de 77 canções. É importante ressaltar que ela compunha canções
para serem cantadas especialmente por mulheres, diferente das obras feitas pelos homens da
época. Além disso, era comum que a temática de sua música estivesse relacionada com o
universo feminino.
Filha ilegítima do poeta Giulio Strozzi (1583 - 1652), uma importante representante
do gênero feminino na história da música durante o período barroco foi Barbara Strozzi (1619
- 1677). A cantora e compositora italiana estudou com Francesco Cavalli, compositor
próximo pessoal e artisticamente de Claudio Monteverdi (1567 - 1643). Sua obra é
exclusivamente vocal e composta para soprano lírico, sua própria tessitura. Strozzi compôs
canções seculares variando entre formas de cantatas, árias e duetos. Tem-se o registro de 125
composições em seu nome do período entre 1644 e 1664. Uma das suas importantes
composições do início de sua carreira é Il primo libro di madrigali, opus nº1 (1644). Apesar
de nunca ter sido casada, a cantora e compositora teve quatro filhos.
Também do período barroco é conhecida a musicista francesa Elisabeth Jacquet de
La Guerre (1665 - 1729). Nascida e influenciada por uma família de músicos e luthiers,
Elisabeth cresceu sendo considerada como um prodígio da música. Cravista desde criança, ela
foi aceita na corte francesa durante sua adolescência e lá permaneceu até que se casou com o
organista Marin de La Guerre, com quem se mudou para Versailles em 1684. Assim como
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Barbara Strozzi, Jacquet compôs em diversas formas musicais, tornando-se uma das poucas
mulheres compositoras e uma das mais conhecidas de sua época. Entre suas obras está a
notável Céphale et Procris (1694), a primeira ópera a ser escrita por uma mulher na França.
Além disso, compôs sonatas, cantatas e suítes.
No século XVII, houve o grande aparecimento de prima donnas, que era o papel
principal de uma ópera, geralmente dado a uma mulher ou a um castrati. Esta personagem era
quem mais cantava e tinha as principais partes da ópera, portanto, era considerada como a
mais importante. O termo prima donna do italiano pode ser traduzido para o português como
“primeira dama” ou ainda “primeira mulher”. Este termo derivou da comedia dell arte
italiana. A partir do século XVIII a expressão passou a ser utilizada não apenas a um papel
específico, mas também à cantora que o desempenhava. Essas mulheres eram consideradas
como narcisistas e exigentes tanto dentro quanto fora do palco (Harris, 2001).
Do período Romântico, podemos citar Fanny Mendelssohn (1805 - 1847), importante
compositora e pianista alemã. No início de sua formação musical, Fanny foi instruída por sua
mãe. Ainda adolescente, a musicista já conseguia tocar todas as 24 peças de O cravo bem
temperado, de Johann Sebastian Bach. Ela e o irmão, Felix Mendelssohn, estudaram piano
com Carl Friedrich Zelter. Apesar de ela ter tido acesso ao estudo da música, o pai de Fanny
afirmava que a atividade deveria ser considerada como um passatempo e não como uma
profissão, como era o caso do seu irmão. Por esse motivo, algumas de suas composições
foram publicadas no nome de Felix. Em 1829 a compositora se casou com Wilhelm Hensel,
que apoiava às suas práticas musicais e composições. Ao longo de sua vida, Fanny
Mendelssohn compôs cerca de 460 obras musicais.
Outra grande personalidade do período Romântico foi Clara Schumann (1819 -
1896), esposa de Robert Schumann. Nascida na Alemanha, ela estudou piano desde os cinco
anos de idade e com 13 anos já começou sua carreira como pianista. Após longa batalha com
seu pai, Clara casou-se com Robert Schumann com quem fez diversas colaborações musicais,
turnês e performances. Depois da morte do marido, Clara sustentou a família por meio das
suas atividades musicais, contando com o apoio do amigo e compositor Johannes Brahms. A
pianista compôs obras para piano, orquestra, música de câmara e lieder.
Já no século XX, a compositora e pianista Amy Beach (1867 - 1944) foi um grande
destaque. Sua sinfonia Gaelic (ou Sinfonia em Mi menor, Op. 32) foi a primeira sinfonia de
uma mulher americana a ser executada por uma orquestra (Orquestra Sinfônica de Boston, em
1896). Apesar de ser americana e com formação musical nos Estados Unidos, Amy conseguiu
projeção na Europa, mais especificamente na Alemanha. Amy Beach compôs peças para
piano, sinfonias, sonatas, entre outras formas musicais. Assim como ela, no século XX as
15
irmãs francesas Lili e Nadia Boulanguer construíram uma carreira musical de sucesso. Nadia
(1887 – 1979) era a irmã mais velha entre as duas, enquanto Lili (1893 – 1918) viveu apenas
24 anos e teve uma curta carreira musical. Contudo, ambas foram pianistas e professoras de
música. Nadia se dedicou a divulgar as obras da irmã falecida e foi uma grande professora de
música no Conservatoire Femina Musique, além de ser uma das primeiras mulheres regentes.
Algumas cantoras de música de concerto do século XX de grande destaque foram
Cecília Bartoli, Maria Callas e Jessye Norman. Nos estilos mais populares como jazz e soul,
são importantes Ella Fitzgerald, Billie Holiday, Aretha Franklin, Tina Turner e Nina Simone
(que além de cantora, foi uma grande pianista e compositora). Aretha Franklin (1942 - 2018)
foi a primeira mulher a integrar o Rock & Roll Hall of Fame, instituição dedicada a registrar
os artistas mais influentes do rock. É importante ressaltar também que na década de 1960
houve uma explosão de grupos vocais femininos, chamados de “girls groups”, principalmente
nos Estados Unidos. Alguns desses grupos que conquistaram maior destaque foram: The
Crystals, The Ronettes e The Shirelles.
Um dos grandes nomes femininos do rock’n roll é o de Sister Rosetta Tharpe,
considerada por muitos como a “princesa do rock”. De acordo com Wald (2007), além de ser
uma das poucas mulheres negras a ganhar destaque tocando um instrumento, Tharpe foi a
primeira artista gospel a assinar contrato com uma grande gravadora. Depois disso, veio o
grande sucesso como uma cantora pop e um pequeno desvio de sua carreira na música gospel.
De acordo com a autora, Tharpe gerou influências para grandes artistas como Little Richard e
Elvis Presley. Sua carreira como musicista iniciou ainda criança por fortes influências da sua
mãe. Mãe e filha se apresentavam em eventos evangélicos durante a juventude de Rosetta,
que desde então acumulava referências musicais. Misturando estilos seculares com a música
gospel, Rosetta começou algo novo que mais tarde se tornaria muito importante: o rock’n roll.
Ainda assim, a principal questão a se considerar é o seu virtuosismo na guitarra. Segundo
Wald (2007), Tharpe tinha habilidades extraordinárias e tocava muito rápido, qualidade que a
tornou uma grande influência musical para guitarristas que surgiram posteriormente.
Uma das mulheres representantes do rock é Joan Jett (1958 - ), que não apenas
cantava como também tocava guitarra, instrumento musical predominantemente masculino.
Nascida no ano de 1958, na Pensilvânia, Jett se tornou uma das mulheres mais importantes do
rock. Sua relação mais próxima com a música iniciou quando ela tinha 14 anos, quando
ganhou sua primeira guitarra. A vida profissional como musicista teve seu pontapé inicial aos
17 anos de idade, quando Joan Jett fundou o grupo musical de punk rock The Runnaways.
Após o sucesso dentro e fora dos Estados Unidos, principalmente no Japão, o grupo musical
formado apenas por mulheres se dissolveu e Jett começou uma carreira solo. Desde então, a
16
Por conta do contexto em que cada mulher aqui retratada se encontrava, é possível
considerar que elas romperam certas barreiras de preconceitos existentes sobre a mulher
fazendo música. Contudo, é válido ressaltar que existiram e ainda existem muitas outras
mulheres importantes na música em geral e no rock e que certamente influenciaram muitas
pessoas e musicalidades. Ainda assim, não é cabível para este trabalho todos os nomes e
citações. Por fim, é importante considerarmos a importância de cada uma dessas mulheres
para a presença das demais artistas do gênero feminino que surgiram na música
posteriormente.
Para que seja possível ter uma melhor compreensão da relação entre a mulher e a
música, é necessário que se tenha base sobre o movimento feminista. De acordo com Cusick
(2013), o feminismo é um conjunto heterogêneo de ideias que se baseia em três vertentes. A
primeira dessas vertentes tem como base uma oposição à distribuição hierárquica de poder
baseada na diferença de gênero. A segunda vertente consiste em acreditar que as condições do
cotidiano são resultado das construções sociais e não pré-estabelecidas por uma ordem
natural. A terceira e última vertente consiste na afirmação de que a mulher pode perceber a si
mesma e agir como um grupo social, enquanto respeita as diferenças que consistem na
participação em outros grupos sociais (como de classe, etnia, nacionalidade, religião etc).
O feminismo surgiu no século XIX como um movimento político e social e por pelo
menos 40 anos vem sendo tema de debates acadêmicos, contribuindo para mudanças
epistemológicas associadas ao Pós-modernismo (Cusick, 2013). O feminismo é comumente
dividido em “três ondas”. A primeira onda se refere ao movimento pelos direitos das
mulheres, que vai aproximadamente do final do século XIX até metade do século XX e está
fortemente associada à busca pelo direito de voto feminino. Com início na Inglaterra, as
mulheres que aderiram a essa luta eram denominadas como sufragistas, as quais faziam
passeatas e diversos tipos de greves (Pinto, 2010). Um dos ocorridos mais marcantes da época
foi a morte de Emily Davison, uma das militantes do movimento. Acredita-se que em forma
de protesto, a ativista se jogou na frente de um cavalo do Rei Jorge V na corrida de Derby
Watson Dows do ano de 1913, falecendo logo em seguida. O direito das mulheres ao voto foi
conquistado primeiramente na Nova Zelândia em 1893; em 1918 no Reino Unido; aos poucos
nos Estados Unidos e conquistando pleno direito ao voto a partir de 1920 (Pinto, 2010, p. 15).
18
No Brasil, o voto feminino passou a ser permitido a partir do ano de 1932. Após tal conquista,
a primeira onda do feminismo perdeu a sua força, na década de 1930 aproximadamente.
O movimento feminista voltou a efervescer na década de 1960 com chamada
“segunda onda” do feminismo. Naquele ano, os Estados Unidos estavam mandando os
homens à Guerra do Vietnã, enquanto surgia uma contracultura na Califórnia, pregando um
ideal de “paz e amor” por meio da arte e da política. Enquanto isso, lançavam-se as primeiras
pílulas anticoncepcionais no país e o mundo conhecia grupos musicais como os Beatles e os
Rolling Stones. Obras como O segundo sexo (1949) de Simone de Beauvoir e A mistíca
feminina (1963) de Betty Friednan se tornaram bastante influentes e estabeleceram bases para
a então nova onda feminista (Pinto, 2010, p. 16). A partir da década de 1960, começaram a
surgir as discussões sobre o espaço da mulher no mercado de trabalho, assim como sobre as
relações de poder entre homens e mulheres, enquanto as mulheres exigiam liberdade e
autonomia de escolha sobre o próprio corpo. Por meio da segunda onda do feminismo foi
verificado que a fase anterior do movimento não havia conquistado a igualdade total para
todas as mulheres. A segunda onda pode ser caracterizada como uma fase de luta pelos
direitos reprodutivos e pelas discussões acerca da sexualidade (Cusick, 2013).
A partir dos anos 1990 pôde-se observar um certo hibridismo no movimento
feminista. A terceira onda do feminismo está ligada ao surgimento de formas alternativas,
não-elitistas e hibridizadas de se fazer o movimento. O principal marco do início dessa onda
foram as garotas punk e pós-punk rock e do rap e hip-hop que pregavam as ideias com uma
ideologia que girava em torno da completa negação a corporativismos e da defesa do “faça
você mesmo” (do it yourself). Na mesma época se tornou bastante comum a confecção das
“zines”, que eram publicações independentes que abrangiam arte, quadrinhos, texto etc,
contendo frases de efeito que propagavam as ideias feministas (Cusick, 2013). Juntamente
com o movimento punk, surgiu a subcultura Riot grrrl, no início dos anos 1990 nos Estados
Unidos. De acordo com Amaral e Gelain (2017), tal movimento também ficou conhecido
como punk feminista. O termo Riot grrrl faz alusão a um tipo de “rosnado”, implicando ao
sentimento de raiva, sendo traduzido livremente como “garota rebelde”. O movimento foi
fundado por mulheres que buscavam confrontar o machismo dentro da música, especialmente
presente no punk rock.
As mulheres que organizaram as primeiras reuniões nas quais se formava a subcultura riot
grrrl, as “riot grrrls” ou “riots” (como também chamadas), entraram em debates já iniciados
pelos movimentos LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais) e feminista há
décadas, no entanto, trouxeram uma perspectiva inteiramente nova no que se trata da
juventude e da sexualidade através de conexões transnacionais. Desta forma, surge com o
19
A partir do final dos anos 1990, ainda dentro da terceira onda do feminismo, a era
digital deu início a uma nova forma de se fazer o movimento. A internet se tornou um
ambiente livre de comunicação e expressão, dando espaço à mulher, que passou a se tornar
também a criadora de seu próprio conteúdo. Dessa forma, surgiram diversos grupos
feministas que se comunicavam por meio da internet, criando laços entre mulheres do mundo
todo e construindo novos conceitos de se praticar o feminismo. No final da década de 1990,
esses intercâmbios de ideias eram feitos por meio de blogs, eventos científicos e pelo
crescimento da pesquisa acadêmica na área. Atualmente, o crescimento do movimento
feminista na internet se manifesta principalmente por meio das redes sociais, como grupos do
Facebook e Twitter. De acordo com Tomazetti e Brignol “o espaço social e virtual
dinamizado pelas redes digitais proporcionou experiências de ativismo mais livres e acentuou
as possibilidades de desenvolvimento de outros canais de comunicação e intercâmbio
informativo, ampliados para além dos contextos localizados entre as mulheres e suas
comunidades” (Brignol; Tomazetti, 2015, p. 6).
O grande marco do movimento feminista na última década é a “Marcha das Vadias”
(SlutWalk), que iniciou em 2011 em Toronto, no Canadá, como uma forma de resposta e
oposição a um ato machista de um policial canadense em relação às roupas das mulheres. A
partir de então, iniciou-se na comunidade feminista um movimento global de luta pela
liberdade e autonomia do seu próprio corpo. O objetivo da marcha é desconstruir as ideias de
objetificação do corpo da mulher, fazendo isso de forma “ofensiva”. As mulheres utilizam o
corpo como palco de expressão e extravagância da liberdade desejada, com caráter de protesto
(Brignol; Tomazetti, 2015).
Finalmente, quando se trata da relação das mulheres com a música, é importante se
considerar as três ondas do movimento feminista e todas as suas conquistas com relação aos
direitos das mulheres: a primeira onda, datada do final do século XIX até o final da Segunda
Guerra Mundial, que foi marcada pela luta pelo direito do voto feminino. A segunda onda,
reconhecida pela efervescência política dos anos 1960 e a busca por direitos reprodutivos das
mulheres. A terceira onda, mostra-se bastante ligada à música, pois era representada pelo
movimento punk rock, expresso principalmente por meio musical. Por fim, é importante
considerar que atualmente o feminismo apresenta-se como um movimento bastante
hibridizado e ramificado.
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21
3. METODOLOGIA
3.1 O método
contando com alguns tipos de premiações. Seu principal atrativo são os seus gráficos
construídos por meio dos resultados de venda e consumo musical. Além disso, também gera
conteúdo sobre últimas notícias, questões e tendências em diversos gêneros e estilos musicais.
Além da América do Norte, a empresa também trabalha no Brasil, Grécia, Japão, Coréia e
Rússia. A Billboard foi criada no ano de 1884 e operava em todo o ramo do mercado
publicitário. A partir dos anos 1950, a empresa passou a ter como foco apenas a indústria da
música. Ela pertence à Prometheus Global Media, empresa de mídia global. A Billboard tem
diversas categorias de rankings (ou gráficos), para cada gênero e estilos musicais. Contudo,
sua categoria de maior notoriedade é o Hot 100, que semanalmente aponta os artistas mais
ouvidos nos últimos dias. A plataforma aponta as músicas mais populares da semana em todos
os gêneros e estilos, classificadas por impressões de audiência de rádio, medidas pela Nielsen
Music, dados de vendas compilados pela Nielsen Music e dados de atividade de streaming
fornecidos por fontes de música on-line. Portanto, abrange dados de tempo de ar nas rádios,
vendas de discos e quantidade de streamings em plataformas digitais. Os dados gerados estão
gravados no site da Billboard e podem ser acessados por ano, gênero e estilo musical.
Os arquivos da Billboard foram utilizados como base para a comparação entre
homens e mulheres no pop e no rock e para a comparação da receptividade das artistas
femininas nos dois estilos. As categorias da Billboard utilizadas para a comparação foram
“Pop – Adult Contemporary” e “Rock Mainstream Songs” que são aquelas que têm maior
semelhanças na questão de presença na mídia e de público, buscando uma comparação justa.
As categorias dos rankings utilizadas fazem parte dos arquivos de gráficos gravados na
plataforma e demonstram os artistas que ficaram no topo das paradas durante as semanas. A
pesquisa abrange os anos 1981 até 2017, por conta da disponibilidade de arquivos. Para cada
ano e estilo, foram categorizados os artistas que ficaram em primeiro lugar nos gráficos por
pelo menos uma semana, conforme observado nos anexos 1 e 2.
De acordo Covach e Flory (2015), os melhores gráficos de popularidade de canções
são feitos pela revista e plataforma Billboard, que é bastante útil para fazer comparações, por
exemplo, de qual foi a popularidade de uma canção em um gráfico de blues ou gráfico de
música britânica. Estes gráficos ajudam a compreender qual foi a conclusão geral de
popularidade sobre uma música, álbum ou artista. Contudo, é importante considerar que esses
gráficos não são extremamente precisos a definir a popularidade e sucesso de uma canção,
principalmente no que se refere à sua influência. Alguns álbuns podem ter um alto nível no
ranking e não conseguir influenciar nada do que vem a seguir no cenário musical (Covach;
Flory, 2015). Além disso, é bastante comum acontecer manipulações nos números de vendas
de discos, um grande problema do mercado musical. Ainda assim, os autores afirmam que os
23
gráficos da Billboard são a ferramenta mais eficaz para medir o gosto popular e suas
mudanças.
Considerando a relevância dos dados encontrados na plataforma da Billboard, os
gráficos foram analisados e transformados em tabelas separadas por ano e estilo musical
(Anexo 1 - Rock e Anexo 2 - Pop). As tabelas contêm a quantidade de semanas que as
canções permaneceram no topo do ranking, o nome do artista, o nome da canção e o tipo
formação do grupo durante o ano do lançamento da música em questão. Na questão de
formação, foi apontado se os grupos musicais continham apenas homens (M), homens e
mulheres (M + F) ou apenas mulheres (F). No caso de um artista solo, a informação está
anexada logo ao lado (por exemplo: F – solo). Como forma de sintetizar as informações, logo
abaixo das tabelas de cada ano está o resumo quantitativo de tipos de formação dos grupos.
Após o levantamento de dados, foi feita a comparação entre os estilos aqui estudados
dentro de cada ano, apontando a formação dos grupos e artistas que conquistaram o topo dos
gráficos. As informações levantadas foram brevemente relacionadas com a fundamentação
teórica do presente trabalho, como uma forma de análise e discussão.
24
25
Como forma de sintetizar os dados, abaixo estão as tabelas separadas por década. O
objetivo das tabelas é cruzar os dados de acordo com os anos, separando-os por década, para
uma dimensão maior da questão. Cada tabela apresenta a quantidade de canções que tinham
mulheres na formação do grupo (Mulheres no rock / Mulheres no pop), o total de semanas que
canções com membros do gênero feminino ficaram no topo, para cada estilo musical (Total de
semanas), e da mesma forma para homens (Homens no rock / Homens no pop / Total de
semanas). Para a análise das tabelas, é importante se considerar que um ano tem 52 semanas.
Logo abaixo, encontra-se a tabela da década de 2010, resumindo os dados levantados (Tabela
1):
Conforme observado na Tabela 1, a década de 2010 teve uma média de uma canção
com mulheres na formação por ano no rock. A média de tempo no topo das paradas foi de
duas semanas e meia em um ano todo. Já no gênero masculino a média no rock foi de 13
canções com homens na formação, resultando em uma média de 52 semanas com homens no
topo dos gráficos no ano. Na música pop, a média de canções com mulheres no topo dos
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gráficos foi de 5,5 por ano, resultando em 29 semanas, em média. No caso dos homens, a
média foi de 6,2 canções e 38 semanas no ano.
Classificação 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000
Mulheres no rock 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00
Total de semanas 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00
Homens no rock 12 09 08 08 08 06 09 10 08 05
Total de semanas 52 52 52 52 52 52 52 52 52 52
Mulheres no pop 04 04 03 03 02 04 04 04 04 02
Total de semanas 31 40 10 11 23 15 20 35 34 18
Homens no pop 03 02 07 06 04 07 03 05 04 06
Total de semanas 21 14 41 41 28 38 28 18 18 35
Classificação 1999 1998 1997 1996 1995 1994 1993 1992 1991 1990
Mulheres no rock 00 00 00 00 00 00 00 00 00 01
Total de semanas 00 00 00 00 00 00 00 00 00 02
Homens no rock 07 12 11 14 11 09 12 13 09 12
Total de semanas 52 52 52 52 52 52 52 52 52 50
Mulheres no pop 02 05 05 03 04 04 05 08 08 08
Total de semanas 21 30 33 36 18 24 23 18 24 26
Homens no pop 03 04 04 03 08 05 08 12 10 11
Total de semanas 39 25 18 28 35 35 38 36 46 29
Classificação 1989 1988 1987 1986 1985 1984 1983 1982 1981 1980
Mulheres no rock 01 00 01 02 03 03 05 03 01 -
Total de semanas 01 00 02 05 06 06 12 08 01 -
Homens no rock 19 19 19 21 20 16 16 20 11 -
Total de semanas 50 52 50 47 46 46 40 44 40 -
Mulheres no pop 07 10 11 10 06 03 06 04 09 -
Total de semanas 17 19 24 24 14 09 19 09 22 -
Homens no pop 16 22 19 14 18 14 15 16 17 -
Total de semanas 42 45 44 43 49 41 42 48 45 -
28
4. 2 Discussão
estudadas do estilo. Este fenômeno pode indicar que a feminilidade não está completamente
relacionada com quem faz a música e sim para quem ela é feita. Dessa forma, podemos
constatar o predomínio dos homens em ambos os gêneros musicais aqui estudados.
Outro elemento identificado por meio deste trabalho foi sobre a questão de postura,
ou seja, a atitude do artista dentro e fora do palco. Em relação ao rock, Friedlander (2010)
aponta que a postura dos artistas desse gênero está frequentemente ligada a elementos que
demonstram robusticidade, agressividade e independência. Conforme observado no Anexo 1,
uma das artistas que chegou em primeiro lugar de vendas no rock foi Joan Jett, com a canção I
love rock and roll, de 1981 (utilizada como parte do título deste trabalho). De acordo com
Kennedy (2002), a guitarrista tem uma personalidade forte que expressa esta agressividade
que pode lembrar um comportamento previamente considerado como “masculino”. Além de
Joan Jett, o mesmo acontece com a vocalista e guitarrista do grupo The Pretenders, que com a
canção Don’t get me wrong (1986) e uma performance robusta chegou a ficar em primeiro
lugar na lista da Billboard.
Baseando-se na conceitualização de Friedlander por meio da Janela do Rock (2010),
podemos constatar que o estilo vocal da música rock é bastante emotivo e carregado por um
toque de agressividade. Este também é um elemento que pode contribuir para que uma canção
com formação feminina chegue no topo de vendas. Conforme podemos observar no Anexo 1,
artistas que apareceram no topo da Billboard em todas as décadas estudadas mostram
características de agressividade na voz. Podemos observar esse elemento com vocal feminino
na formação em canções como Black Velvet (1989) de Alannah Myles, Take me down (2016)
de The Pretty Reckless, Apocalyptic (2015) de Halestorm, por exemplo. Nesse caso, as
vocalistas utilizam uma técnica vocal chamada drive que gera distorções na voz, produzindo
um som rouco que pode passar a ideia de agressividade abordada por Friedlander como
característica do rock.
Novas categorias de feminismo começaram a surgir a partir dos anos 1990 por meio
do que foi nomeado como terceira onda do feminismo (Cusick, 2013). Influenciada
diretamente pelo movimento do it yourself que começou a surgir na década anterior, as
garotas que participavam do Riot grrrl buscavam a sua independência e seu lugar na música,
lutando contra o machismo presente especialmente no punk rock. Apesar disso, conforme
podemos observar no Anexo 1, nos anos 1990 houve o aparecimento de apenas uma artista do
gênero feminino no topo de vendas. Este fenômeno pode indicar que a efervescência das
mulheres na música aconteceu principalmente na cena underground, ou seja, não estava
diretamente relacionada com o aparecimento na mídia.
30
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo deste trabalho foi abordada a relação das mulheres com o rock e seu nível
de recepção em comparação aos homens e também em comparação à música pop. Foi
possível considerar que o rock é um gênero musical que apresenta diversas características que
estão ligadas a ideias de masculinidade. Podemos observar tais características na temática das
letras, no estilo vocal e nas performances de palco e em videoclipes. A mulher sempre
precisou lutar pelo seu espaço no mercado de trabalho e mais especificamente na música,
conforme o que foi acentuado na fundamentação teórica deste trabalho. Na música rock e pop
isso se afirma. Apesar da efervescência do movimento feminista ao longo dos anos, a
disparidade em níveis de recepção ainda é absurdamente grande no rock. Contudo, felizmente,
no pop este cenário está cada vez mais perto de ser uniforme.
Conforme apontado na introdução, o objetivo geral do trabalho era constatar a
disparidade de níveis de recepção entre mulheres e homens na música rock. Foi possível
atingir esse objetivo, constatando que de fato há uma disparidade muito grande nos níveis de
recepção entre homens e mulheres no rock. A presente pesquisa tinha como um dos objetivos
específicos o de compreender a relação da mulher com o rock e com o pop, fazendo uma
comparação dos resultados de vendas entre as mulheres e homens dos dois estilos. Esse
objetivo foi atingido por meio das tabelas de cruzamento de dados apresentadas no capítulo
quatro deste trabalho, que demonstra que na música pop se repete a predominância dos
homens no topo das listas da Billboard. O último objetivo específico do trabalho foi o de
associar alguns elementos do contexto social e de conceitos dos gêneros estudados com os
resultados de vendas das décadas analisadas. Este objetivo foi atingido, apresentando
brevemente as relações na discussão do trabalho.
A importância desta pesquisa está na constatação de que ainda há muitas restrições
para a mulher dentro do mercado musical, assim como na sociedade no geral. É necessário
estar ciente do cenário para que possa haver melhor compreensão sobre o mercado da música,
dando possibilidades para a mulher abrir seu espaço na música rock. Dessa forma, considera-
se que ainda existe muito a ser pesquisado sobre o tema, aprofundando-se nas décadas e em
seu contexto social e histórico. Além disso, deixa-se a sugestão de se pesquisar sobre as
mulheres no rock underground, cenário musical diferente do mainstream.
32
33
REFERÊNCIAS
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2005.
CAVALLINI, Marta. Mulheres ganham menos que os homens em todos os cargos e áreas,
diz pesquisa. Disponível em: <https://g1.globo.com/economia/concursos-e-
emprego/noticia/mulheres-ganham-menos-que-os-homens-em-todos-os-cargos-e-areas-
diz-pesquisa.ghtml>. Acesso em: 17/04/2018.
COVACH, John; FLORY, Andrew. What’s that sound? 4.ed. New York: W. W. Norton &
Company, 2015.
FEMINISM AND AMERICAN MUSIC. In: CUSICK, Suzanne G. Grove Music Online.
Oxford Music Online: Oxford University Press. 2013. Acesso em: 03/07/2018.
FRIEDLANDER, Paul. Rock and roll. 6.ed. Rio de Janeiro: Record, 2010.
FRITH, Simon; STRAW, Will; STREET, John. Pop and rock. Cambridge University Press.
Cambridge, 2001.
GROUT, Donald J.; PALISCA, Claude V. História da música ocidental. 1.ed. Lisboa:
Gradiva, 1994.
POP. In: WARWICK, Jacqueline. Grove Music Online. Oxford Music Online: Oxford
University Press. 2013. Acesso em: 09/06/2018.
POPULAR MUSIC. In: MANUEL, Peter; MIDDLETON, Richard. Grove Music Online.
Oxford Music Online: Oxford University Press. 2001. Acesso em: 17/07/2018.
34
PRIMA DONNA. In: HARRIS, Ellen T. Grove Music Online. Oxford Music Online: Oxford
University Press. 2001. Acesso em: 15/09/2018.
ROCK. In: MIDDLETON, Richard. Grove Music Online. Oxford Music Online: Oxford
University Press. 2001. Acesso em: 09/06/2018.
ROCK. In: FAST, Susan. Grove Music Online. Oxford Music Online: Oxford University
Press. 2013. Acesso em: 09/06/2018.
WALD, Gayle. Shout, Sister, Shout!: the untold story of rock-and-roll trailblazer Sister
Rosetta Tharpe. 1. ed. Boston: Beacon Press, 2007.
35
FONTE
1 Metallica Hardwired M
3 Godsmack 1000hp M
2 Device Vilify M
2016
M = 17
M + F = 2 (sendo uma delas no vocal e a outra no baixo)
Total de 13 artistas.
12 Shinedown Bully M
4 Shinedown Unity M
1 Seether Tonight M
M = 12
Total de 11 artistas.
41
2 Metallica Cyanide M
1 Cavo Champagne M
M = 12
Total de 12 artistas.
7 Seether Fake it M
3 Shinedown Devour M
7 Seether Fake it M
6 Godsmack Speak M
6 Nickelback Animals M
5 Shinedown Save me M
8 Seether Remedy M
7 Audioslave Be yourself M
7 Nickelback Photograph M
6 Shinedown Save me M
1 Mudvayne Happy? M
M=9
Total de 8 artistas.
1 Trapt Headstrong M
6 Creed My sacrifice M
5 Aerosmith Jaded M
3 Creed My sacrifice M
1 Godsmack Awake M
1 Tantric Breakdown M
M=9
Total de 8 artistas.
45
7 Metallica I disappear M
2 Creed Higher M
14 Creed Higher M
3 Buckcherry Lit up M
4 Aerosmith Pink M
M = 14
Total de 13 artistas.
3 Silverchair Tomorrow M
4 ZZ Top Pincushion M
6 Aerosmith Cryin’ M
48
9 U2 Mysterious ways M
2 U2 One M
6 Yes Lift me up M
4 Rush Dreamline M
49
3 U2 Mysterious ways M
5 ZZ Top Doubleback M
2 U2 Angel of harlem M
1 R.E.M. Stand M
5 U2 Desire M
3 U2 Angel of harlem M
2 Steve Winwood Don’t you know what the night can do M - solo
Total de 16 artistas.
2 ZZ Top Stages M
4 Foreigner Urgent M
COLETA DE DADOS
POP
1 Brett Eldredge ft. Meghan Trainor Baby, it’s cold outside M + F vocal
1 Indina Menzel Duet with Michael Baby it’s cold outside M+F
Buble
1 Maroon 5 Maps M
3 MAGIC! Rude M
2 Indina Menzel Duet with Michael Babi it’s cold outside M+F
Buble
1 Train Drive by M
11 Daughtry Home M
1 Jim Brickman with Kristy Starling Sending you a little christmas M+F
4 Patty Smyth with Don Henley Sometimes just love ain’t enough M+F
2 George Michael ft. Elton John Don’t let the sun go down on me M
2 Patrick Swayze ft. Wendy Fraser She’s like the wind M+F
1 Gloria Stefan & Miami Sound Can’t stay away from you M+F
Machine
4 Bill Medley & Jennifer Warnes (I’ve had) The time of my life M+F
3 Michael Jackson with Siedah Garrett I just can’t stop loving you M+F
2 Peter Cetera with Amy Grant The next time I fall M+F
4 Kenny Rogers duet with Dolly Parton Islands in the stream M+F
4 Christopher Cross Arthur’s Theme (Best that you can do) M - solo