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Resolução

BIOLOGIA Os quadrigêmeos obtidos nas clínicas de reprodução


1. (UNESP – 1.a FASE – 2012) resultam da união de quatro espermatozoides diferen-
tes fecundando quatro óvulos também diferentes, co-
mo se fossem nascidos em quatro gestações
independentes.
Resposta: D

Avaliação do professor sobre a questão


Questão bem atual com elegante formulação envol-
vendo, com muita propriedade, o processo de repro-
dução assistida.

2. (FUVEST – 2.a FASE 3.o DIA– 2012) – O diagrama


abaixo representa uma das hipóteses sobre a evolução dos
Nunca se viram tantos gêmeos e trigêmeos. As estatísticas animais metazoários. Nele, os retângulos com os números
confirmam a multiplicação dos bebês, que resulta da I, II, III e IV correspondem ao surgimento de novas
corrida das mamães às clínicas de reprodução. características morfológicas. Isso significa que os grupos
O motivo pelo qual a reprodução assistida favorece a de animais situados acima desses retângulos são
gestação de mais de uma criança é a própria natureza do portadores da característica correspondente.
processo. Primeiro, a mulher toma medicamentos que
aumentam a fertilidade e, em consequência, ela libera
diversos óvulos em vez de apenas um. Os óvulos são
fertilizados em laboratório e introduzidos no útero. Hoje,
no Brasil, permite-se que apenas quatro embriões sejam
implantados – justamente para diminuir os índices de
gravidez múltipla.
(Veja, 30 de março de 2011.)

Suponha que uma mulher tenha se submetido ao


tratamento descrito na notícia, e que os quatro embriões
implantados em seu útero tenham se desenvolvido, ou
a) Liste as características morfológicas que correspon-
seja, a mulher dará à luz quadrigêmeos.
dem, respectivamente, aos retângulos com os números
Considerando-se um mesmo pai para todas as crianças, I, II, III e IV.
pode-se afirmar que
b) Ordene as seguintes características dos cordados, de
a) a probabilidade de que todas sejam meninas é de 50%, acordo com seu surgimento na história evolutiva do
que é a mesma probabilidade de que todos sejam grupo, da mais antiga à mais recente: pulmões, ovo
meninos. amniótico, coluna vertebral, endotermia, cérebro.
b) a probabilidade de as crianças serem do mesmo sexo é Resolução
de 25%, e a probabilidade de que sejam dois meninos a) I) Tecido verdadeiro
e duas meninas é de 50%. II) Três folhetos germinativos (triblásticos)
c) embora as crianças possam ser de sexos diferentes, uma III) Deuterostômios enterocelomados
vez que se trata de gêmeos, serão geneticamente mais IV) Metameria (segmentação)
semelhantes entre si do que o seriam caso tivessem b) Cérebro – coluna vertebral – pulmões – ovo
nascidas de gestações diferentes. amniótico – endotermia
d) as crianças em questão não serão geneticamente mais
semelhantes entre si do que o seriam caso não fossem Avaliação do professor sobre a questão
gêmeas, ou seja, fossem nascidas de quatro diferentes Questão bastante seletiva por enfocar tópicos funda-
gestações. mentais e característicos da morfologia dos represen-
e) as crianças serão gêmeos monozigóticos, genetica- tantes dos principais filos do Reino Animal, bem como a
mente idênticos entre si e, portanto, todas do mesmo sua filogenia, ou seja, a evolução dos diversos grupos.
sexo.
–1
1) Conservação da quantidade de movimento entre
FÍSICA Maria e a bola:
Æ Æ Æ
QM + QB = 0
1. (FUVEST – 1.a FaSE – 2012)
Æ Æ
 QM  =  QB 

m
M  VM  = m  v  ⇒ VM = – ––– v
M

2) Conservação da quantidade de movimento entre


Luísa e a bola:

Maria e Luísa, ambas de massa M, patinam no gelo. Luísa


vai ao encontro de Maria com velocidade de módulo V.
Maria, parada na pista, segura uma bola de massa m e,
num certo instante, joga a bola para Luísa. A bola tem
Æ
velocidade de módulo v, na mesma direção de V. Depois
que Luísa agarra a bola, as velocidades de Maria e Luísa,
em relação ao solo, são, respectivamente,
a) 0 ; v – V Æ Æ
Qf = Q0
b) – v ; v + V / 2 mv–MV
(M + m) VL = m v – M V ⇒ VL = –––––––––––
c) – m v / M ; M V / m M+m
Resposta: D
d) – m v / M ; (m v – M V) / (M + m)
e) (M V/2 – m v) / M ; (mv – MV/2) / (M + m) Avaliação do professor sobre a questão
Enunciado claro com linguagem científica adequada e
abordando um dos princípios fundamentais de Física: a
NOTE E ADOTE conservação da quantidade de movimento em um
V e v são velocidades em relação ao solo. sistema isolado.
Considere positivas as velocidades para a direita.
Desconsidere efeitos dissipativos. 2. (FUVEST – 2.a FaSE – 2012) – Nina e José estão
sentados em cadeiras, diametralmente opostas, de uma
Resolução roda gigante que gira com velocidade angular constante.
Num certo momento, Nina se encontra no ponto mais alto
do percurso e José, no mais baixo; após 15 s, antes de a
roda completar uma volta, suas posições estão invertidas.
A roda gigante tem raio R = 20 m e as massas de Nina e
José são, respectivamente, MN = 60 kg e MJ = 70 kg.
Calcule
a) o módulo v da velocidade linear das cadeiras da roda
gigante;
b) o módulo aR da aceleração radial de Nina e de José;
c) os módulos NN e NJ das forças normais que as cadeiras
exercem, respectivamente, sobre Nina e sobre José no
instante em que Nina se encontra no ponto mais alto do
percurso e José, no mais baixo.
–1
Avaliação do professor sobre a questão
NOTE E ADOTE Questão de nível médio bem formulada, exigindo conhe-
=3 cimentos conceituais do aluno sobre o movimento cir-
Aceleração da gravidade g = 10 m/s2 cular uniforme e de força centrípeta com cálculos
simples. Perguntas claras e linguagem com rigor
Resolução científico.
a) 1) O tempo para meia volta é 15s e, portanto, o
período é T = 30s.

∆s 2R
2) v = ––– = ––––
∆t T

2 . 3 . 20m
v = –––––––––– ⇒ v = 4,0m/s
30s

b) Sendo o movimento circular e uniforme, a acele-


ração radial ou centrípeta é dada por:
v2 (4,0)2
aR = ––– = ––––– (m/s2) ⇒ aR = 0,8m/s2
R 20

c) Sendo o movimento circular


e uniforme, a força resultan-
te é centrípeta.
1)Para Nina:

mNv2
PN – NN = ––––––
R

60 . 16
600 – NN = –––––––
20

NN = 552N

mJv2
2) Para José: NJ – PJ = ––––––
R

70 . 16
NJ – 700 = –––––––
20

NJ = 756N

Respostas: a) v = 4,0m/s
b) aR = 0,8m/s2
c) NN = 552N e NJ = 756N

2–
Avaliação do professor sobre a questão
HISTÓRIA Questão que se distingue por estabelecer uma conexão
que nem sempre é abordada nos vestibulares: a relação
complementar entre comércio e religião em determi-
1. (FUVEST – 1.a FaSE – 2012) – Deve-se notar que a
nados momentos históricos – na questão em tela,
ênfase dada à faceta cruzadística da expansão portuguesa
durante a Expansão Marítimo-Comercial dos Tempos
não implica, de modo algum, que os interesses comerciais
Modernos.
estivessem dela ausentes – como tampouco o haviam
estado das cruzadas do Levante, em boa parte manejadas
2. (UNESP – 2.a FaSE – 2012) – O artista holandês
e financiadas pela burguesia das repúblicas marítimas da
Albert Eckhout (c.1610-c.1666) esteve no Brasil entre
Itália. Tão mesclados andavam os desejos de dilatar o
1637 e 1644, na comitiva de Maurício de Nassau. A tela
território cristão com as aspirações por lucro mercantil
foi pintada nesse período e pode ser considerada exemplar
que, na sua oração de obediência ao pontífice romano,
da forma como muitos viajantes europeus representaram
D. João II não hesitava em mencionar entre os serviços
os índios que aqui viviam.
prestados por Portugal à cristandade o trato do ouro da
Mina, “comércio tão santo, tão seguro e tão ativo” que o
nome do Salvador, “nunca antes nem de ouvir dizer
conhecido”, ressoava agora nas plagas africanas…

(Luiz Felipe Thomaz, “D. Manuel, a Índia e o Brasil”. Revista de


História (USP), 161, 2.º Semestre de 2009, p.16-17. Adaptado.)

Com base na afirmação do autor, pode-se dizer que a


expansão portuguesa dos séculos XV e XVI foi um
empreendimento
a) puramente religioso, bem diferente das cruzadas dos
séculos anteriores, já que essas eram, na realidade,
grandes empresas comerciais financiadas pela burgue-
sia italiana.
b) ao mesmo tempo religioso e comercial, já que era
comum, à época, a concepção de que a expansão da
cristandade servia à expansão econômica e vice-versa.
c) por meio do qual os desejos por expansão territorial
portuguesa, dilatação da fé cristã e conquista de novos
mercados para a economia europeia mostrar-se-iam
incompatíveis.
d) militar, assim como as cruzadas dos séculos anteriores,
e no qual objetivos econômicos e religiosos surgiriam
como complemento apenas ocasional.
e) que visava, exclusivamente, lucrar com o comércio
intercontinental, a despeito de, oficialmente, autori-
dades políticas e religiosas afirmarem que seu único
objetivo era a expansão da fé cristã.
Resolução
(Albert Eckhout. Índia Tarairiu (tapuia), 1641.)
a alternativa corrobora o texto transcrito, pois ambos
demonstram que a expansão ultramarina de Portugal Identifique e analise dois elementos da imagem que
atendia, declaradamente, a interesses econômicos e expressem esse “olhar europeu” sobre o Brasil.
também religiosos – estes últimos relacionados com a Resolução
expansão da fé cristã (“faceta cruzadística da Expan- a abordagem de motivos da fauna e flora locais revela
são Portuguesa”). a admiração que os europeus sempre experimentavam
Resposta: B diante da exuberância da Natureza nos trópicos; os
restos humanos transportados pela índia denotam a
–1
visão preconceituosa dos “civilizados” diante da “bar-
bárie” dos aborígines, considerados estereotipada-
mente como antropófagos – motivo de horror para o
etnocentrismo europeu; finalmente, o artificialismo
dos recursos utilizados pelo artista para cobrir a nudez
da personagem constitui um indicativo da moral
cristã, sobretudo calvinista, em relação a uma expo-
sição do corpo considerada pecaminosa (contrariando
a visão edênica dos primeiros descobridores da
américa, que associavam a nudez dos nativos com a
proximidade do paraíso terrestre).

Avaliação do professor sobre a questão


A questão aborda Artes, Antropologia Cultural e His-
tória. Apresenta uma tela de um dos artistas que compôs
a corte de Maurício de Nassau e se tornou um dos pri-
meiros retratistas do Brasil. Solicita ao candidato que
identifique diferenças culturais por meio de uma re-
presentação artística. Por fim, está contida no período
do Brasil Colônia no contexto do “Brasil Holandês”.

2–
Resolução
INGLÊS Bob Marley utiliza-se de sua arte para alertar sobre a
persistência da guerra enquanto houver diferenças
raciais e sociais.
1. (ENEM – 2011) – War
Em relação à diferença social, lê-se na primeira
Until the philosophy which holds one race superior estrofe:
And another inferior “Until the philosophy which holds one race superior
Is finally and permanently discredited and abandoned, And another inferior
Everywhere is war – Me say war. Is finally and permanently discredited and abandoned,
Everywhere is war – Me say war.”
Em relação à diferença racial, lê-se na segunda estrofe:
That until there is no longer “That until there is no longer
First class and second class citizens of any nation, First class and second class citizens of any nation,
Until the color of a man’s skin Until the color of a man’s skin
Is of no more significance than the color of his eyes – Is of no more significance than the color of his eyes –
Me say war.”
Me say war. Resposta: B
[…]
Avaliação do professor sobre a questão
Questão criativa, pouco usual em vestibulares. Utiliza
And until the ignoble and unhappy regimes
como texto, de forma inteligente, uma canção de Bob
that hold our brothers in Angola, in Mozambique, Marley.
South Africa, sub-human bondage have been toppled,
Utterly destroyed –
2. (UNICAMP – 2.a FAsE – 2012)
Well, everywhere is war – Me say war.

War in the east, war in the west,


War up north, war down south –
War – war – Rumors of war.
And until that day, theAfrican continent will not know
peace.
We, Africans, will fight – we find it necessary –
And we know we shall win
As we are confident in the victory.
[…]

MARLEY, B. Disponível em: http://www.sing365.com


Acesso em: 30 jun. 2011 (fragmento)

Bob Marley foi um artista popular e atraiu muitos fãs com


suas canções. Ciente de sua influência social, na música
War, o cantor se utiliza de sua arte para alertar sobre
a) a inércia do continente africano diante das injustiças
sociais.
b) a persistência da guerra enquanto houver diferenças
raciais e sociais.
c) as acentuadas diferenças culturais entre os países africanos.
d) as discrepâncias sociais entre moçambicanos e angola-
(Adaptado de
nos como causa de conflitos.
http://www.phdcomics.com/comics/archive.php?comicid=1017/.
e) a fragilidade das diferenças raciais e sociais como Acessado em 28/09/2011.)
justificativas para o início de uma guerra.

–1
a) Na “equação” apresentada no retângulo à direita do
cartum, o que “x” representa? Como saber o valor de
“x” nessa “equação”?
b) O que o cartum tem a dizer sobre quem se senta pró-
ximo à saída? E sobre quem se senta encostado à
parede?
Resolução
a) X representa a posição que o estudante escolhe
para sentar-se durante as aulas. seu valor resulta
da divisão entre o grau de interesse e seu sono.
b) Quem se senta próximo à saída está descompro-
missado ou desinteressado e quem se senta
encostado à parede seria sensível e estaria pedindo
para ser ignorado.

Avaliação do professor sobre a questão


Questão criativa, exigindo competência em Língua
Inglesa e boa capacidade de interpretação.

2–
MATEMÁTICA

1. (FUVEST – 1.a FaSE – 2012) – Francisco deve ela-


borar uma pesquisa sobre dois artrópodes distintos. Eles
serão selecionados, ao acaso, da seguinte relação: aranha,
besouro, barata, lagosta, camarão, formiga, ácaro,
caranguejo, abelha, carrapato, escorpião e gafanhoto.
Qual é a probabilidade de que ambos os artrópodes
escolhidos para a pesquisa de Francisco não sejam
insetos?
49 14 7 5 15
a) –––– b) ––– c) ––– d) ––– e) ––––
144 33 22 22 144
Dica: o volume de um tronco de cone pode ser obtido
Resolução
empregando-se a fórmula
Dos 12 artrópodes, exatamente 7 não são insetos (ara-
π
nha, lagosta, camarão, ácaro, caranguejo, carrapato e V = ––– h(R2 + Rr + r2),
3
escorpião).
a probabilidade de que ambos os artrópodes escolhi- em que R e r são os raios das bases e h é a altura do tronco.
dos não sejam insetos é: Resolução
a) I) 0,7 quilate = 0,7 . 200 mg = 140 mg = 0,14 g
7 6 7
––– . ––– = ––– 0,14 g
12 11 22 II) –––––– = 3,5 g/cm3 ⇔ V = 0,04 cm3 = 40 mm3
V
Resposta: C

Avaliação do professor sobre a questão b)


Uma questão multidisciplinar, com poucas contas, mas
exigindo conhecimento biológico sobre artrópodes e
insetos. Mostra como é possível fazer uso da Matemática
em outras disciplinas sem ter que recorrer a textos
longos, que, por vezes, pouco têm a ver com o raciocínio
a ser utilizado.

2. (UNICaMP – 2.a FaSE – 2012) – Um brilhante é um


diamante com uma lapidação particular, que torna essa
gema a mais apreciada dentre todas as pedras preciosas.
a) Em gemologia, um quilate é uma medida de massa, que
corresponde a 200 mg. Considerando que a massa espe-
cífica do diamante é de aproximadamente 3,5 g/cm3, O volume aproximado do brilhante é, em milí-
determine o volume de um brilhante com 0,7 quilate. metros cúbicos, igual a:
p 1
b) A figura a seguir apresenta a seção transversal de um –– . 0,6 . (22 + 1 . 2 + 12) + –– . π . 22 . 1,8 =
brilhante. Como é muito difícil calcular o volume exato 3 3
da pedra lapidada, podemos aproximá-lo pela soma do = 1,4p + 2,4p = 3,8p
volume de um tronco de cone (parte superior) com o
de um cone (parte inferior). Determine, nesse caso, o Respostas: a) 40 mm3 b) 3, 8p mm3
volume aproximado do brilhante.
Avaliação do professor sobre a questão
Uma questão contextualizada e de bom nível, que des-
creve um brilhante estilizado. Exige visão espacial e
–1
conhecimento de dois sólidos importantes da geometria
métrica (o cone e o tronco de cone) sem, contudo, se
preocupar com detalhes específicos ou contas exage-
radas. O próprio enunciado se incumbe de apresentar a
fórmula necessária para a resolução, o que de modo
algum facilita o exercício, pois é preciso saber usá-la.
Uma questão que, de fato, seleciona candidatos bem
preparados e está entre as melhores dos vestibulares de
2012.

2–
padrão, tal como prescrito pela gramática normativa,
PORTUGUÊS sendo errado e condenável tudo que se afastar das
normas que ela propõe. Tal concepção equivocada e
preconceituosa foi responsável pela polêmica recente
1. (FUVEST – 1.a FASE – 2012)
em torno de um livro paradidático abrigado pelo
MEC, no qual os usos linguísticos característicos de
Texto dialetos falados por pessoas pobres eram tratados sem
Todas as variedades linguísticas são estruturadas, e ânimo punitivo, o que pareceu intolerável a pessoas
correspondem a sistemas e subsistemas adequados às que falam outros dialetos. Todos os dialetos falados se
necessidades de seus usuários. Mas o fato de estar a afastam mais ou menos da norma culta, mas os “erros”
língua fortemente ligada à estrutura social e aos sistemas dos dialetos de pobres são vistos com desprezo e
de valores da sociedade conduz a uma avaliação distinta agressividade. Na prova da 2.a fase do vestibular da
das características das suas diversas modalidades FUVEST encontra-se uma excelente questão (a de
regionais, sociais e estilísticas. A língua padrão, por número 6), baseada em texto de Monteiro Lobato, em
exemplo, embora seja uma entre as muitas variedades de que se explora a mesma problemática.
um idioma, é sempre a mais prestigiosa, porque atua
como modelo, como norma, como ideal linguístico de uma
comunidade. Do valor normativo decorre a sua função
coercitiva sobre as outras variedades, com o que se torna 2. (UNICAMP – 2.a FASE – 2012)
uma ponderável força contrária à variação.
Os trechos abaixo foram extraídos de Dom Casmurro, de
(Celso Cunha. Nova gramática do português Machado de Assis.
contemporâneo. Adaptado.)
Eu, leitor amigo, aceito a teoria do meu velho
Depreende-se do texto que uma determinada língua é um Marcolini, não só pela verossimilhança, que e muita vez
toda a verdade, mas porque a minha vida se casa bem a
a) conjunto de variedades linguísticas, dentre as quais
definição. Cantei um duo terníssimo, depois um trio,
uma alcança maior valor social e passa a ser
depois um quatuor...
considerada exemplar.
Nada se emenda bem nos livros confusos, mas tudo se
b) sistema de signos estruturado segundo as normas pode meter nos livros omissos. Eu, quando leio algum
instituídas pelo grupo de maior prestígio social. desta outra casta, não me aflijo nunca. O que faço, em
c) conjunto de variedades linguísticas cuja proliferação é chegando ao fim, é cerrar os olhos e evocar todas as
vedada pela norma culta. cousas que não achei nele. Quantas ideias finas me
d) complexo de sistemas e subsistemas cujo funciona- acodem então! Que de reflexões profundas! Os rios, as
mento é prejudicado pela heterogeneidade social. montanhas, as igrejas que não vi nas folhas lidas, todos
me aparecem agora com as suas águas, as suas árvores, os
e) conjunto de modalidades linguísticas, dentre as quais seus altares, e os generais sacam das espadas que tinham
algumas são dotadas de normas e outras não o são. ficado na bainha, e os clarins soltam as notas que dormiam
no metal, e tudo marcha com uma alma imprevista.
Justificativa E que tudo se acha fora de um livro falho, leitor amigo.
A alternativa de resposta coincide com o que se afirma Assim preencho as lacunas alheias; assim podes também
no terceiro período do texto: “A língua padrão... preencher as minhas.
embora seja uma entre as muitas variedades de um
idioma, é sempre a mais prestigiosa, porque atua como (Machado de Assis, Dom Casmurro.
modelo...” Embora não fosse difícil, este teste se Cotia: Ateliê Editorial, 2008, p. 213.)
destaca por tratar de um assunto sobre o qual há
muitos mal-entendidos e preconceitos. A visão da a) Como a narrativa de Bento Santiago pode ser
língua como um conjunto de dialetos, dos quais um, relacionada com a afirmação de que a verossimilhança
por seu prestígio cultural e social, “atua como modelo, é “muita vez toda a verdade”?
como norma”, é estranha à concepção corrente. Se-
b) Considerando essa relação, explicite o desafio que o
gundo o entendimento vulgar, amplamente predo-
segundo trecho propõe ao leitor.
minante mesmo em setores educados e cultos da
sociedade, considera-se que a língua é o dialeto-

–1
Justificativa
a) Verossimilhança é a qualidade de ser semelhante à
verdade, parecer verdadeiro. Entende-se que a
afirmação de que a verossimilhança é “muita vez
toda a verdade” pode ou não aplicar-se ao relato
de Bento Santiago em Dom Casmurro. Nele, o
narrador toma como verdadeiro muito do que na
realidade pode não passar de aparência ou de
impressão. A questão da verossimilhança, asso-
ciada à da incerteza da vida – ou das repre-
sentações que fazemos dela –, é central em Dom
Casmurro e foi explorada com inteligência nesta
questão, mas foi grosseiramente desentendida pela
Banca Examinadora do ITA, que, num dos testes
da prova deste ano, impunha, por implicação, um
entendimento da obra que descartava sua
ambiguidade e incerteza, tomando a verossi-
milhança como se fora “toda a verdade”. O
examinador do ITA, portanto, não poderia res-
ponder, ou responderia erradamente, esta boa
questão da UNICAMP.

b) Dom Casmurro é baseado no que o seu narrador


considerou verossímil, o que torna seu relato frágil
e muitas vezes omisso. Assim, essa falha impõe ao
leitor o desafio de preencher as lacunas de Bento
Santiago, ou seja, completar o que faltaria na obra
ou mesmo tornar claro o que foi apresentado de
maneira difusa e ambígua. Tal consideração é
essencial para o bom entendimento do romance,
cercado de incertezas, dúvidas e lacunas desde o
título (pois fica dúvida até sobre se o narrador é, de
fato, casmurro, ou se são apenas os vizinhos que o
veem assim).

2–
III. Correta.
QUÍMICA O fluxo de íons na solução diluída de sais provoca
o movimento da perna da rã.
1. (FUVEST – 1.a FASE – 2012) – Na década de 1780, o
médico italiano Luigi Galvani realizou algumas Justificativa do professor
observações, utilizando rãs recentemente dissecadas. Em Entre as muitas questões bonitas nos últimos vestibu-
um dos experimentos, Galvani tocou dois pontos da lares está esse teste que relaciona a famosa experiência
musculatura de uma rã com dois arcos de metais de Luigi Galvani com o funcionamento de uma pilha
diferentes, que estavam em contato entre si, observando eletroquímica. Galvani conduziu estudos pioneiros sobre
uma contração dos músculos, conforme mostra a figura: eletricidade animal e produção química de corrente
elétrica.

2. (UNICAMP – 2.a FASE – 2012) – Em escala de


laboratório desenvolveu-se o dispositivo da figura abaixo,
que funciona à base de óxido de cério. Ao captar a luz, há
um aumento da temperatura interna do dispositivo, o que
favorece a formação do óxido de Ce3+, enquanto a
diminuição da temperatura favorece a formação do óxido
de Ce4+ (equação 1). Por conta dessas características, o
dispositivo pode receber gases em fluxo, para serem
transformados quimicamente. As equações 2 e 3
Interpretando essa observação com os conhecimentos ilustram as transformações que o CO2 e a H2O sofrem,
atuais, pode-se dizer que as pernas da rã continham separadamente.
soluções diluídas de sais. Pode-se, também, fazer uma
analogia entre o fenômeno observado e o funcionamento
de uma pilha.
Considerando essas informações, foram feitas as seguintes
afirmações:
I. Devido à diferença de potencial entre os dois metais,
que estão em contato entre si e em contato com a
solução salina da perna da rã, surge uma corrente
elétrica.
II. Nos metais, a corrente elétrica consiste em um fluxo equação 1 1/2 O2 (g) + Ce2O3 (s) Æ̈ 2 CeO2 (s)
de elétrons.
III. Nos músculos da rã, há um fluxo de íons associado
ao movimento de contração. equação 2 CO2 + Ce2O3 (s) Æ 2 CeO2 (s) + CO (g)

Está correto o que se afirma em


equação 3 H2O + Ce2O3 (s) Æ 2 CeO2 (s) + H2 (g)
a) I, apenas. b) III, apenas.
c) I e II, apenas. d) II e III, apenas.
a) Levando em conta as informações dadas e o
e) I, II e III.
conhecimento químico, a injeção (e transformação) de
Resolução
vapor de água ou de dióxido de carbono deve ser feita
I. Correta.
O surgimento da corrente elétrica nesse antes ou depois de o dispositivo receber luz? Justifique.
experimento é devido à diferença de potencial b) Considere como uma possível aplicação prática do
entre os metais ferro e cobre e à presença de uma dispositivo a injeção simultânea de dióxido de carbono
solução de íons nas pernas da rã. e vapor de água. Nesse caso, a utilidade do dispositivo
II. Correta.
seria “a obtenção de energia, e não a eliminação de
Nos metais, a corrente elétrica é causada pelo fluxo
de elétrons de um ponto de menor potencial poluição”. Dê dois argumentos químicos que justi-
elétrico para um ponto de maior potencial elétrico. fiquem essa afirmação.

–1
Resolução
a) A injeção (e transformação) de vapor de água ou
de dióxido de carbono deve ser feita depois de o
dispositivo receber luz.
O óxido de cério poroso é formado por uma
mistura de Ce2O3 e CeO2. Ao captar a luz, há um
aumento da temperatura interna do dispositivo, o
que favorece a formação do óxido de Ce3+
(equação 1), que vai ser usado na transformação
de vapor de água ou de dióxido de carbono
(equações 2 e 3).
æÆ 2 CeO (s)
1/2 O2 (g) + Ce2O3 (s) ¨æææ 2
T
b) A obtenção de energia é devida à produção de CO
e H2 , que são gases combustíveis (equações 2 e 3).
Não elimina a poluição, pois CO é um gás
poluente. Além disso, a queima do CO produz o
CO2.
CO + 1/2 O2 Æ CO2 + energia
H2 + 1/2 O2 Æ H2O + energia

Justificativa do professor
A questão apresenta um dispositivo que pode receber
gases em fluxo, para serem transformados quimica-
mente. A questão requer o conhecimento de desloca-
mento de equilíbrio, nomenclatura de óxidos,
combustíveis, poluentes e muito raciocínio.

2–
fino” de que falava Oswald de Andrade (“a massa
REDAÇÃO ainda comerá do biscoito fino que fabrico”), tem
festejado sua ascensão social e profissional por meio
do consumo indiscriminado: da revista que dá dicas
(ITA – 2012)
duvidosas de estética, passando por artigos de
INSTRUÇÕES PARA REDAÇÃO decoração de gosto igualmente duvidoso, até as
indispensáveis “publicações de fofocas de celebri-
dades”. A alienação substituiria, dessa forma, a cida-
dania de fato, contribuindo para manter a nova classe
emergente distraída com suas aquisições e emprés-
timos.

Avaliação do professor sobre a proposta de


Redação
A polêmica em torno da construção de uma estação de
metrô num bairro nobre da capital paulista,
decorrente dos protestos dos moradores ante a
possibilidade de atrair “mendigos, drogados, uma
gente diferenciada” para a região, foi escolhida como
www2.uol.com.br/angeli/ ponto de partida para discutir a postura de uma elite
Observe a charge. A partir dela, e considerando os textos que se mostra indiferente às necessidades das classes
desta prova cujos temas se aproximam ao da charge, redija menos favorecidas, mas paradoxalmente se sensibiliza
uma dissertação em prosa, na folha a ela destinada, diante das tragédias internacionais, reservando às suas
argumentando em favor de um ponto de vista sobre o vítimas toda solidariedade e compaixão.
tema. A redação deve ser feita com caneta azul ou preta. Cabe louvar a iniciativa da Banca Examinadora pela
Na avaliação de sua redação, serão considerados: ousadia de abordar – com certa irreverência – as
diferenças de classe não apenas na Redação, mas
a) clareza e consistência dos argumentos em defesa de um
também em toda a prova de Língua Portuguesa.
ponto de vista sobre o tema;
b) coesão e coerência do texto; e
c) domínio do português padrão. (Serão aceitos os dois
Sistemas Ortográficos em vigor, conforme Decreto
6.583, de 29/09/2008.)

Comentário à proposta de Redação


Solicitou-se a produção de um texto dissertativo que
argumentasse “em favor de um ponto de vista” sobre
o tema sugerido numa charge do cartunista Angeli e
presente em outros textos da prova de Português. A
polêmica em torno da construção de uma estação de
metrô num bairro nobre de São Paulo, que teria
gerado protestos dos moradores pela possibilidade de
atrair “drogados, mendigos, uma gente diferenciada”
para a região, ilustraria à perfeição a postura elitista
de uma classe indiferente às necessidades da popu-
lação. Paradoxalmente, essa mesma elite cumpriria
seu papel social por prestar ajuda às vítimas de
“tragédias internacionais”, estas, sim, “merecedoras”
de solidariedade.
Outro aspecto que poderia ser considerado pelo
candidato relaciona-se ao surgimento da “nova classe
média”, a classe C, que, longe de ter acesso “ao biscoito
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