Você está na página 1de 2

Disciplina: Literatura Brasileira II

Docente: Lucélia Canassa


Discente: Ashley Vitória Martins Pires

A porca
O livro “O Martelo” de Adelaide Ivánova publicado em 2016 pela Douda
Correria em Lisboa, possui alguns poemas de autoria que registram em seus
versos: resistência e resiliência. Alguns em destaque, como: A sentença; A mula;
A porca.

O poema “A porca” é no geral: um poema sobre alguém que sofreu um


crime grave, o estupro. É escrito em terceira pessoa e possui uma estrofe única.
Com relação ao ambiente, conseguimos perceber que se trata de uma delegacia,
visto que uma das personagens é uma escrivã e que faz perguntas à
personagem que sofreu o ato, isso fica explícito no quarto verso “pergunta-me
por que bebi”. Essa indagação, remete também ao cenário atual em que
vivemos, já que pessoas que sofrem abuso sexual sempre serão colocadas
como culpadas, principalmente se elas tiverem ingerido algum tipo de bebida
alcoólica ou até mesmo pelas suas vestimentas.

Além disso, em seu oitavo e nono verso a escrivã questiona o porquê da


personagem não ter gritado, já que não estava amordaçada, isso na tentativa de
à qualquer custo colocar a culpa em quem sofreu o abuso. No verso seguinte é
dito “já se nasce com a mordaça”, reforçando principalmente o fardo de ser uma
mulher, e sabemos que a personagem se trata de uma figura feminina
justamente pelo uso da palavra “amordaçada”, empregada no feminino. Esse
verso traz ao texto um pouco do que as mulheres sofrem com o machismo e a
falta de empatia de muitas pessoas.

Em seus versos finais conseguimos visualizar a escrivã através de


algumas caraterísticas ditas no texto “de camisa branca, engomada”, palavra
essa que faz com que o leitor sinta entre elas um certo conflito, além de
caracterizar a escrivã como uma personagem que se sente a um nível maior de
hierarquia com relação a outra. No último verso, “um animal, não lembro qual”
remete ao título do poema “porca”, apelido que a personagem que sofreu o ato
dá à escrivã, que não teve solidariedade nenhuma, sendo assim, uma pessoa
mau-caráter.

Você também pode gostar