Você está na página 1de 2

Entrevista 25 de Abril

Entrevistadora: Pérola Gaspar

Entrevistada: Luzia Do Céu (Avó materna)

Quantos anos tinha no 25 de Abril?

R: Tinha 26 anos.

O quê que se lembra desse dia?

R: Lembro de ouvir na rádio, e várias pessoas a gritar “viva ao Spínola Angola


será independente, Viva a independência das colónias” porque o regime
salazarista havia terminado. Os jovens faziam festa nas ruas de Luanda.

Como era a vida antes do 25 de Abril?

R: Era uma vida normal, eu trabalhava normalmente e tinha boas condições de


vida cá em Luanda, já que tínhamos acesso a tudo.

Como era a vida depois?

R: A vida depois tornou-se agitada, mas eu não fui diretamente afetada. Havia
muita confusão porque as pessoas queriam saber o que aconteceria depois da
independência, e acima de tudo tinham sede de vingança. Muitas angolanos
“brancos” foram mortos devido ao ódio do povo angolano.

O que representa o 25 de Abril para Angola?

R: Na minha opinião, a abertura de um novo horizonte porque muitos angolanos


viam-se presos no regime ditatorial da época principalmente a juventude, já que
os mais velhos tinham medo de confrontar, muitos jovens não tinham medo de
falar e perdiam as suas vidas.
Sabemos que durante o período do governo de Salazar morreram muitos
angolanos, e outros foram presos, Já foi presa? Conhece alguém que morreu
devido ao regime?

R: Nunca fui presa porque apesar de ter as minhas próprias opiniões em relação
á este péssimo regime não falava abertamente sobre e escolhia bem as pessoas
com quem falava e sim, conheço pessoas que morreram devido ao regime, por
exemplo, o meu pai.

O 25 afetou de forma positiva ou negativa?

R: De ambas formas, por um lado tornamo-nos independentes e nada se iguala a


isso, mas por outro lado houve muita revolta, destruição, ódio. E isso reflete-se
em bens públicos da nossa cidade.

O 25 de Abril afetou os jovens da época?

R: Acho que sim, porque muitos bens que podiam possuir não conseguiram devido
ás destruições de escolas universidades, postos médicos etc então acho que
houve uma subida de taixa de analfabetismo após o 25 de Abril. Acho que
também a euforia que o momento trouxe fez com que os jovens sentissem-se
livres e sem fronteiras, muitos comemoravam excessivamente sem pensar em
consequências.

Você também pode gostar