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SETOR DE CIÊNCIAS DA TERRA

DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA

FOTOGRAMETRIA E
FOTOINTERPRETAÇÃO PROFª MSC. ELAINE DE CÁSSIA DE LIMA FRICK
GEOGRÁFICA

TRABALHO DE FOTOGRAMETRIA E
FOTOINTERPRETAÇÃO GEOGRÁFICA:

MAPA DE USO E COBERTURA DO SOLO DO MUNICÍPIO DE


PIRAQUARA, 2016.

EDUARDO HENRIQUE TIMM


GRR20091978

ALINE GORISCH BUENO


GRR 20145005
SETOR DE CIÊNCIAS DA TERRA
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA

Fotogrametria e Fotointerpretação Geográfica


Profª Msc. Elaine de Cássia de Lima Frick

MAPA DE USO E COBERTURA DO SOLO DO


MUNICÍPIO DE PIRAQUARA, 2016.

EDUARDO HENRIQUE TIMM


ALINE GORISCH

CURITIBA
2016
1. INTRODUÇÃO

Neste trabalho proposto na disciplina de Fotogrametria e


Fotointerpretação Geográfica, ministrada pela Profª Msc. Dra. Elaine de Cássia
de Lima Frick, apresentamos o mapeamento e características de parte de dois
municípios, conforme alguns conceitos e técnicas trabalhos durante o primeiro
semestre de 2016. Primeiramente inicia-se com a observação os objetivos
gerais e específicos que estruturam este trabalho – apresentando onde se
pretendeu chegar com a sua proposição. Após, apresenta-se os procedimentos
metodológicos que orientaram a construção do mapa, desde a busca pelos
dados até a representação cartográfica ao final. No desenvolvimento será
discorrido sobre a fotointerpretação e fotoanálise que ocorreram mediante a
chave de interpretação. Em anexo será apresentado o Mapa de Uso e
Cobertura do Solo de Piraquara (2016), finalidade principal deste trabalho.

2. OBJETIVOS

São objetivos deste trabalho:

1º) Compreender a importância da disciplina de Fotogrametria e


Fotointerpretação Geográfica para a Geografia, sobretudo, como ferramenta
integrante da construção de mapas de uso e cobertura do solo;

2º) Compreender parte do processo para a construção de um mapa,


mesmo que realizado de formato não digital, por meio de uma imagem aérea,
obtida através de uma câmera fotogramétrica;

3) Identificar, interpretar e analisar os elementos ou temas contidos no


solo para mapeá-los afim de trazer uma realidade não necessariamente
fidedigna ou ipsis literis, no entanto mais próxima com a verdade identificada
pela equipe.

4º) Verificar as subjetividades contidas, compreender o processo


cartográfico como arte + ciência, e entender a generalização cartográfica como
parte do processo na hora da decisão por mapear ou não mapear
determinados polígonos.

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Como requisito parcial para a conclusão da disciplina de Fotogrametria e


Fotointerpretação Geográfica, da Universidade Federal do Paraná, no primeiro
semestre de 2016, foi proposta a construção de um mapa (temático) de uso e
cobertura do solo, onde se praticou alguns dos conhecimentos desenvolvidos
na disciplina – análise e interpretação da imagem para mapeá-la. Propôs-se, a
partir de uma imagem, construção do Mapa de Uso e Cobertura do Solo do
Município de Piraquara, a partir de uma foto obtida por procedimento
fotogramétrico aéreo, ou seja, por meio de uma aeronave.

A foto continha em seu cabeçalho as seguintes informações:

CABEÇALHO DA FOTO
Lat. 25º28'50'' S
Coordenadas
Long. 049º04'49'' W
Nº da Faixa de Vôo Faixa 007
Nº da Foto Foto 29
Empresa Contratante Suderhsa
Empresa Executante Base S.A.
Data do Vôo 07/06/2000
Escala 1:30.000
Distância Focal 152.55

3.1 Do busca e acesso dos dados

No dia 21 de maio de 2016, realizou-se uma Aula de Campo na área a


ser mapeada, com o intuito de observar a extensão da região e identificar os
tipos de uso e cobertura do solo presentes.

Munidos de uma imagem do Google Earth da localidade e/ou um


mosaico, saiu-se do Centro Politécnico da Universidade Federal do Paraná
pelo caminho da Rodovia BR-277 onde seguiu-se, posteriormente, no sentido
do contorno leste de Curitiba até a primeira parada, próxima à divida dos
municípios de Piraquara com São José dos Pinhais. Na imagem foram
sinalizados os pontos de parada que -- juntamente com a explicação do
professor -- forneceram as informações necessárias para elucidar as
classificações que o solo apresentava.

Realizaram-se sete paradas no caminho da Aula de Campo, das quais:

1ª Parada – Município de São José dos Pinhais : Beira da Rodovia: região que
continha uma planície de inundação, com possibilidade de visualização no horizonte
de culturas, campos e pastagens.
2ª Parada - Município de Piraquara: Beira da Rodovia: área de reflorestamento.
3ª Parada – Município de Piraquara: Loteamento Guarituba. Observação da
ocupação Guarituba que está em fase de asfaltamento. Observou-se no horizonte a
existência de reflorestamento de pinus e eucalipto.
4ª Parada – Município de Piraquara: Área Rural. Identifica-se uma área rural com
edificações isoladas, campos e patagens. As Araucárias são sempre vistas no meio
destes usos.
5ª Parada - Município de Piraquara: Borda da Represa de Piraquara: área onde
encontra-se a borda da represa com um pequeno vertedouro, na área mais baixa
segue uma estrada já asfaltada margeando a barragem.
6ª Parada - Município de Piraquara: Represa de Piraquara
7ª Parada - Município de Piraquara: Morro do Canal. observação da área de maneira
oblíqua vista de cima. A cidade de Curitiba é vista ao fundo.

3.2 Do Tratamento dos dados

Após a visualização tanto por meio da imagem quanto por visita in loco,
a dupla partiu para a determinação dos temas presentes. Foram identificados
15 temas dentro de 4 Classes Principais a saber:

▪ Corpos D’água: Rio, Represa/Lago/ Área de Inundação

▪ Malha Viária: Rodovias (Federal e Estadual) e Estradas Secundárias

▪ Cobertura Vegetal: Mata Ciliar, Campos e Pastagens, Vegetação Natural,


Vegetação Plantada (Reflorestamento), Culturas;

▪ Outros: Área Urbana, Edificações Isoladas, Solo Exposto e Área Industrial.

Para a produção do mapa, realizou-se de maneira prévia a chave de


interpretação juntamente com a preparação da legenda, escolhendo-se as
cores que representariam cada tema no mapa, se apareciam ou não.

Posteriormente, posicionou-se o papel vegetal (A3) sobre a imagem


fornecida (foto 29) e passou-se a circular os polígonos existentes,
independente do seu uso. A partir daí, identificaram-se quais polígonos
pertenciam a cada classe, para que então pudessem ser circulados com caneta
nanquim e pintados de acordo com a legenda.
O papel vegetal já pintado com os usos foi recortado no limite do
tamanho da imagem, para ser transpassado para uma folha (tamanho A3),
onde já continham as informações como legenda, escala gráfica e numérica,
quem produziu e as informações do cabeçalho da imagem. Efetuou-se uma
cópia colorida da folha (com o mapa colado) para que as nuances, cores com
pouco destaque, saliências da colagem pudessem desaparecer. Ao final, os
usos do solo tiveram a pintura reforçada, para esconder os espaços em branco
do mapa.

4. DESENVOLVIMENTO

A interpretação na fotogrametria liga-se com a geografia de uma


maneira imprescindível e necessária, porque o ato de interpretar vem antes da
mera medição (precisa) do terreno, porque este é um trabalho que caminha
mais para o âmbito da topografia. Para o Geógrafo a sua habilidade deve ser
praticada, e ao garantir experiência e tendo uma boa acuidade visual, garante-
se que a interpretação do que é apresentado nas imagens, seja correta e mais
confiável para produzir esta representação visual da realidade, que é o mapa.
Sendo assim, espera-se deste profissional a característica também de
identificar os elementos contidos no espaço tanto para mapeá-los quando para
que seu trabalho possa orientar políticas e ações públicas.

A fotointerpretação portanto, é o ato de examinar e identificar objetos (ou


situações) em fotografias aéreas (ou outros sensores) e determinar seu
significado (SUMMERSON apud FRICK).

4.1 Chave de Interpretação

Seguindo os conceitos trabalhados na disciplina, a fotointerpretação é


usada como um guia, auxiliando os foto intérpretes a identificar rapidamente as
características fotográficas. Este procedimento trabalha com a comparação,
onde são selecionados (visualmente) alguns exemplos que mais estão
correlacionados com a característica a ser identificada. É um procedimento
lento que precisa ser feito passo a passo, do geral para o específico.
CHAVE DE INTERPRETAÇÃO
Cor Cor
Nº Tema
Identificada Representada
Textura Forma Convergências e Evidências

Corpos D'agua
Iregular Presença da mata ciliar e
1 Rio Azul Azul Lisa
(Meandrante) sinuosidade do seu caminho
A represa não é identificada na
imagem, porém é representada.
Lagos ocorrem em pouca
2 Represa/ Lago Azul Azul Lisa Irregular
evidência nas propriedades
rurais, reflectância bem escura
aproximando-se do preto.
Contorno do Rio, estendendo-se
Área de
3 Inundação Verde Amarelo Claro Rugosa Irregular à mata ciliar, aparecendo em
evidência em poucos casos.

Malha Viária
Rodovia Irregular Largura da estrada, sinuosidade,
4 Federal Cinza Vermelho Lisa
(Sinuosa) e caminho.

Rodovia Irregular Largura da estrada, sinuosidade,


5 Estadual Cinza Vermelho Lisa
(Sinuosa) e caminho.

Estradas Irregular Partem das Rodovias, com


6 secundárias Bege Lisa
(Sinuosa) caminho de chão.
Pontilhado Preto
Cobertura Vegetal
Ao entorno do Rio (meandros).
7 Mata Ciliar Verde Escuro Verde Escuro Rugosa Irregular
Próximo à áreas de inundação.

Vegetação
8 natural Verde Escuro Verde Médio Rugosa Irregular Mata densa e heterogênea.

Vegetação Regular/
9 Plantada Verde Escuro Verde Turquesa Lisa
Geométrica
Mata densa e homogênea.

Indício de terra arada ou


10 Culturas Amarelado Amarelo Escuro Rugosa
plantada.
Irregular
Textura lisa, próximas à
Campos e
11 Pastagens Tons de Verde Verde Claro Lisa Irregular propriedades rurais em meio à
culturas

Outros
Arruamento estruturado com
12 Área Urbana Cinza/ Bege Bege Rugosa Irregular
edificações.
Propriedades rurais,
Edificações Circulares/
13 isoladas Cinza/ Outras Laranja
Pontuais
apresentando pontos em cores
Rugosa diferentes à
Coloração avermelhada próxima
14 Solo exposto Salmão Marrom à áreas de ocupação, seja
Rugosa Geométricos urbana ou industrial.
Cinza /
15 Área Industrial Prateado
Prata Estruturas extensas na cor cinza,
Rugosa Irregular proximidade com a Rodovia.

4.2 Fotoleitura e Fotoanálise

4.2.1 Retrospecto Geral das Áreas de Parada da Aula de Campo

Dentre as áreas em que o campo se conteve, identifica-se a Floresta


Ombrófila Mista, não considerada mais como “Mata de Araucárias”, sendo o
termo corrigido porque dentro desta área ao falar de mata, há uma diferença.
Houve, segundo FRICK (2016) em 1992, uma alteração na terminologia de
Mata de Araucárias para Floresta Ombrófila Mista. A correção no termo se dá
porque dentro desta área, ao falar de mata, dá-se a prerrogativa de conter
apenas araucárias (biodiversidade menor), quando na verdade o misto indicaria
dois tipos de flora, a araucária representando o pinheiro e as demais (lauráceas
ou folhosas) como o carvalho, a imbuia, a erva mate, entre outros.
A mata ciliar se enquadra dentro desta classificação de Floresta
Ombrófila Mista Aluvial, tendo características diferentes das que não estão na
área aluvial, com porte arbóreo mais baixo, com coloração verde um pouco
mais clara na imagem. Na realidade, é algo que depende da reflectância que
nem sempre permite identifica-la como tal.
Há uma rugosidade diferente na área de planície de inundação, não
tendo porte arbóreo não muito significativo – o que é característica de
vegetação aluvial. A subdivisão se caracteriza como Floresta Ombrófila Mista
montana por conta da altitude (500 a 1000 metros acima do nível do mar). Na
primeira parada, observou-se o que se chama área de recarga ou área de
influencia direta onde há recarga do lençol freático: um solo mais baixo, que se
encharca após períodos de chuva, tendo pouca drenagem.
A região mapeada, geologicamente caracteriza-se como Bacia
Sedimentar de Curitiba, com formação aluvionar – sedimentos arrastados pelo
rio. A Bacia Hidrográfica é a do Altíssimo Iguaçu, tendo diversos rios tributários
que deságuam no Rio Iguaçu para correr no sentido leste-oeste até desaguar
no Rio Paraná. Esta última é responsável por cerca de 80% do abastecimento
de água de Curitiba e sua região metropolitana – com uma dependência
grande deste local que sugere a necessidade de preservação de todos os
mananciais da região, mais por conta da qualidade da água do que pela sua
quantidade.
Já as áreas de cultivo nem sempre apresentam a mesma coloração na
imagem – dependendo do tipo da espécie, sua fase, de fatores climáticos,
entre outros. Ademais, de acordo com a distância do sensor até o solo junto
com a reflectância da própria vegetação de cultivo há a reflectância do solo
(com seus minerais) apresentando nem sempre um padrão igual, o que poderá
ser mapeado de uma forma que não corresponda com a realidade.
4.2.2 Informações Apresentadas na Imagem

a) Área Industrial: presente no norte da imagem, como um pequeno


aglomerado de uma ou não mais que três indústrias;
b) Área de Inundação: também chamada de planície de inundação, em
certos casos ultrapassa a mata ciliar sendo vista com evidência, em
outros é confundida com campos e pastagens por conta da tonalidade
de acordo com a refletância gerada. É mais visível ao centro da imagem;
c) Área Plantada: muito próxima a indústria, sugerindo quem sabe, possa
ter sido plantada através de captura de carbono, por meio das próprias
empresas da região;
d) Área Urbana: Em todo o norte do mapa aparece o loteamento
Guarituba e parte do município de Piraquara-PR;
e) Campos e Pastagens: Ao longo da imagem são apresentados, sendo
possível identificar com facilidade quando não se confundem com a
mata nativa. Geralmente ocorrem próximos às estradas, como mais à
sudoeste, do centro para o leste e na região nordeste da imagem;
f) Culturas: também próximas às estadas, no entanto, na maioria dos
casos parecem estar associadas às edificações isoladas, propriedades
rurais (chácaras, fazendas, sítios, etc);
g) Edificações isoladas: aparecem no centro da imagem em alaranjado, e
ao sul mais extenso;
h) Estradas secundárias: as estradas secundárias foram pontilhadas,
partem da rodovia (federal) principal;
i) Mata Ciliar: do centro seguindo no sentido leste acompanhando o
entorno do rio. Ao sudoeste também há presença de mata ciliar em outro
espaço aluvionar;
j) Represa/ Lago: representada de azul, a represa não estava visível na
imagem, haja vista que esta é dos anos 2000 e àquela é mais recente.
Foi necessário delimitá-la de acordo com as informações observadas em
imagem do Google Earth;
k) Rio: aparecem três rios, sempre próximos à rodovia. Um mais ao centro
– junto à bacia, outro ao norte e outro ao sul. A presença da mata ciliar e
dos meandros ajudou na sua identificação;
l) Rodovia: No sentido diagonal sudoeste/nordeste, ela faz uma curva ao
chegar no município de Piraquara, quando confluência com uma mata
ciliar;
m) Solo exposto: visível junto à indústria e próximo a área urbana;
n) Vegetação natural: presente em grande parte da imagem. É possível
visualizar alguns locais onde houve estratificação, tornando válido o
argumento de que há uma degradação dos locais tanto para a
construção de campos e pastagens quanto para a construção de
loteamentos. Sabe-se que o município de Piraquara já enfrenta
problemas para ordenar seu crescimento, visando impedir a expansão
urbana, sobretudo para áreas de recarga, ou vegetação rasteira, não só
pela degradação ambiental quanto, posteriormente à uma possível
construção, podendo gerar enchentes.

5. REFERÊNCIAS

FRICK, Elaine de Cássia de Lima. Fotogrametria e Fotointerpretação Geográfica:


Material Didático da Disciplina. Slides. Curitiba: UFPR, 2016. Color.

VÍDEOS da Aula de Campo para Município de Piraquara. Filmagem de Eduardo


Henrique Timm. Apresentação: Elaine de Cássia de Lima Frick. Piraquara:
Universidade Federal do Paraná, 2016.

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