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Apesar da real prevalência de sinusite em crianças não seios paranasais, que foram mais freqüentes nos seios ma-
ser bem estabelecida, acredita-se que 20% delas apresen- xilares e etmoidais. Esses autores observaram que os acha-
tam rinorréia mucopurulenta crônica durante uma fase da dos incidentais foram mais freqüentes nos pacientes com
sua infância(1). O diagnóstico de sinusite em pacientes pe- idade entre um e dois anos.
diátricos é dificultado por fatores como: dificuldade da crian- Havas et al.(4) observaram anormalidades em um ou
ça de verbalização dos sintomas e quantificação de sua gra- mais seios paranasais em 42,5% das crianças que realizaram
vidade, similaridade dos sintomas da sinusite com outras TC de crânio e que eram assintomáticas em relação a sinu-
condições extremamente comuns como infecções virais não site.
complicadas das vias aéreas superiores, rinite alérgica, hi- Alguns estudos mais recentes utilizaram o sistema de
pertrofia das tonsilas e adenóide e disfunção da tuba audi- pontuação Lund-Mackay, que foi proposto pela American
tiva. Devido a esses fatores, métodos objetivos para deter- Academy of Otolaryngology Task Force on Rhinosinusitis,
minação da sinusite, como a tomografia computadorizada para quantificação das alterações dos seios paranasais(7).
(TC), tornam-se importantes para avaliação da criança com Neste sistema, cada cavidade paranasal (seios maxilares,
suspeita clínica de sinusite(2,3). frontais, esfenoidais e células etmoidais anteriores e poste-
A TC é, atualmente, considerada o padrão ouro dos mé- riores) e os complexos óstio-meatais recebe uma pontuação,
todos de imagem para avaliação de sinusite, por permitir sendo 0 quando está normal, 1 quando está parcialmente
adequada avaliação tanto das estruturas ósseas como de obliterada e 2 quando está totalmente obliterada. A soma-
partes moles, possibilitando a visualização das cavidades ção dos pontos varia de 0 a 24.
paranasais e também de suas vias de drenagem, incluindo Em pacientes adultos, Bhattacharyya e Fried(8) propu-
o complexo óstio-meatal, o recesso frontal e o etmoido-es- seram que pacientes com pontuação de 4 ou mais, de acordo
fenoidal. Além disso, a TC pode identificar variantes ana- com o critério de Lund, sejam considerados positivos para
tômicas relacionadas a sinusites, e nos pacientes que serão sinusite, enquanto nos pacientes com pontuação de 2 a 3
submetidos a procedimentos endonasais permite o adequa- deva haver maior correlação com critérios clínicos e endos-
do mapeamento anatômico das fossas nasais e seios para- cópicos.
nasais. Em crianças, Bhattacharyya et al.(2) propuseram a pon-
Porém, diversos estudos mostram alterações inciden- tuação de 2 a 8, com base no mesmo critério de Lund, para
tais, caracterizadas tanto na TC como na ressonância mag- caracterização de sinusite. Por exemplo, segundo esses au-
nética (RM), em pacientes assintomáticos adultos(4) ou em tores, uma criança com pontuação de 4 deveria representar
crianças, resultando em resultado falso-positivo no diagnós- um caso de sinusite.
tico de sinusite(2,5,6). É importante salientar que alterações Lim et al.(6), utilizando o sistema de Lund modificado,
fisiológicas como o ciclo nasal podem provocar alterações observaram que 31% das crianças assintomáticas tinham
nos seios paranasais, principalmente nos seios etmoidais, que alterações nos seios paranasais caracterizadas à RM.
podem ser caracterizadas na RM. Neste número da Radiologia Brasileira, Araújo-Neto
Diament et al.(5) avaliaram as alterações dos seios para- e colaboradores avaliaram a prevalência e características das
nasais caracterizadas na TC de crânio e órbita em 137 pa- alterações incidentais dos seios paranasais em crianças sem
cientes pediátricos sem sintomas de sinusite e observaram quadro clínico de rinossinusite, submetidas à TC de crânio
que quase metade dos pacientes apresentava alterações nos ou órbitas. Os achados incidentais ocorreram em 72% dos