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UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA - UNAMA

INSTITUTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS - ICJ


CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO

JOEL|D OLIVEIRA DE LIMA

O IMPACTO DA CRIMINALIZAÇÃO DA PIRATARIA DO AUDIOVISUAL NA


DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO À CULTURA BRASIL

BELÉM/PA
2023
JOELD OLIVEIRA DE LIMA

O IMPACTO DA CRIMINALIZAÇÃO DA PIRATARIA DO AUDIOVISUAL NA


DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO À CULTURA BRASIL

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado


como requisito parcial para obtenção de grau de
Bacharel em Direito, pela Universidade da
Amazônia.
Orientadora: Prof.ª Msc. Alexandra Rodrigues

BELÉM/PA
2023
JOELD OLIVEIRA DE LIMA

O IMPACTO DA CRIMINALIZAÇÃO DA PIRATARIA DO AUDIOVISUAL NA


DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO À CULTURA BRASIL

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado


como requisito parcial para obtenção de grau de
Bacharel em Direito, pela Universidade da
Amazônia.

DATA DA APROVAÇÃO: ______/______/______

CONCEITO: _____________________________

BANCA EXAMINADORA:

__________________________________________________
Orientadora: Prof.ª Msc. Alexandra Rodrigues
Universidade da Amazônia – UNAMA

_______________________________________________
Prof.
Universidade da Amazônia – UNAMA

__________________________________________________
Profº
Universidade da Amazônia – UNAMA

BELÉM/PA
2023
AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer a Deus, autor e consumador da minha fé.


A minha família e amigos pelo apoio.
E principalmente agradecer a minha namorada, Sara Caroline, por apoiar incondicionalmente e
pela motivação por ser uma guerreira fonte de minha inspiração, amor e orgulho.
E a todos os professores da UNAMA que participaram do meu processo de formação em
especial na pessoa da Prof.ª Msc. Alexandra Rodrigues, que me ajudou no processo de produção
deste trabalho.
O IMPACTO DA CRIMINALIZAÇÃO DA PIRATARIA DO AUDIOVISUAL NA
DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO À CULTURA DA POPULAÇÃO
HIPOSSUFICIENTE NO BRASIL
Joeld Oliveira De Lima¹
Alexandra Fonseca Rodrigues²

RESUMO
Este artigo tem como objetivo discutir o fenômeno da pirataria e seu uso como meio de acesso
à cultura no Brasil, observando seu processo histórico e cultural. Além disso, serão definidos
os aspectos legais relacionados ao tema, discutindo assim a cultura da pirataria e seu impacto
no acesso à cultura. Será realizada uma análise da dualidade criada entre os criadores de
conteúdos audiovisuais e os consumidores de conteúdos de formas não oficiais, abordando
aspectos do direito civil e penal relacionados à proteção da propriedade intelectual de
produtores do meio audiovisual. para atingir o objetivo deste artigo, o procedimento
bibliográfico documental com objetivo descritivo e método hipotético dedutivo com finalidade
básica estratégica e abordagem mista dos dados a serem elencados neste artigo. comprovando
a hipótese que a pirataria e a sua criminalização causam um impacto na democratização do
acesso à cultura no Brasil.

PALAVRAS-CHAVE: Pirataria. Acesso à Cultura. Brasil. Impacto. Criminalização


ABSTRACT
This article aims to discuss the phenomenon of piracy and its use as a means of accessing culture
in Brazil, examining its historical and cultural process. Additionally, legal aspects related to the
topic will be defined, thus exploring the culture of piracy and its impact on access to culture.
An analysis of the duality created between creators of audiovisual content and consumers of
unofficial content will be conducted, addressing civil and criminal law aspects related to the
protection of the intellectual property of audiovisual producers. To achieve the objective of this
article, a documentary bibliographic procedure with a descriptive goal and a hypothetical
deductive method with a basic strategic purpose and a mixed approach to the data to be listed
in this article will be employed. This aims to substantiate the hypothesis that piracy and its
criminalization have an impact on the democratization of access to culture in Brazil.
KEYWORDS: Piracy. Access to Culture. Brazil. Impact. Criminalization.

_____________________
¹Acadêmico do Curso de Bacharel de Direito, da Universidade da Amazônia – UNAMA.
²Professora Mestra do Curso de Direito, da Universidade da Amazônia – UNAMA
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO........................................................................................................................ 7

1 SOBRE A PIRATARIA ........................................................................................................9

1.1 CONTEXTO LEGAL........................................................................................................9

1.2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA- UM BREVE PANORAMA NACIONAL.......................11

1.3 CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS DA PIRATARIA.......................................................12

2 A PIRATARIA NO CONTEXTO ATUAL ………..........................................................15

2.1 DA METODOLOGIA APLICADA.................................................................................15

2.2 O CENÁRIO PÓS-PANDEMIA DAS PLATAFORMAS


DE STREAMING....................................................................................................................16
.
2.3 O IMPACTO SOCIAL DESSE CENÁRIO....................................................................18

3. A CRIMINAIZAÇÃO DA PIRATARIA E SEU IMPACTO NO ACESSO A


CULTURA...............................................................................................................................23

CONCLUSÃO.........................................................................................................................25

REFERÊNCIAS......................................................................................................................27
INTRODUÇÃO

A pirataria é uma prática bastante difundida na cultura e no imaginário popular


brasileiro, sendo realizada por uma parcela significativa da população, independentemente de
sua classe econômica ou social. Esse fenômeno, apesar do surgimento crescente de formas
oficiais de oferta de conteúdo em ambientes virtuais, como plataformas de streaming por
demanda, não diminui substancialmente. O tema ganhou destaque devido aos debates,
declarações e ações promovidas pelo governo.

Além disso, a discussão sobre o consumo não oficial de produtos audiovisuais tornou-
se prioritária para o governo, em resposta à crescente demanda de produtores de conteúdo e
detentores de propriedade intelectual, que buscam proteger seus direitos. Este artigo tem como
objetivo analisar essa conduta social por parte do consumidor hipossuficiente de baixa renda,
que não possui outros meios acessíveis para consumir esses conteúdos sem comprometer sua
subsistência e a de sua família. Pretende-se também discutir a relação entre a pirataria, os
indivíduos e como a criminalização dessa prática impacta a democratização do acesso à cultura
desses grupos.

A relação direta entre a criminalização da pirataria do audiovisual e a população


hipossuficiente é evidente, já que essa forma de acesso aos conteúdos muitas vezes é a principal
para esse grupo. Isso ressalta a relevância do tema não apenas pelo enfoque governamental,
mas também pela importância de estudar o impacto da crescente criminalização da pirataria na
democratização do acesso à cultura no Brasil.

Diante dessa lógica, torna-se necessário investigar o impacto da criminalização da


pirataria e como ela afeta a democratização do acesso à cultura da população hipossuficiente
no Brasil. O problema de pesquisa é definido como: Como a criminalização da pirataria do
audiovisual impacta a democratização do acesso à cultura da população hipossuficiente no
Brasil, com o objetivo geral de investigar os impactos dessa criminalização no processo de
democratização do acesso à cultura.

Os objetivos específicos incluem descrever as principais características da pirataria e


sua criminalização no contexto nacional, compreender como a criminalização impacta na
democratização do acesso à cultura da população hipossuficiente e analisar o impacto dessa
criminalização da pirataria no acesso à cultura no Brasil.

A hipótese deste estudo sugere que a criminalização da pirataria do audiovisual se torna


um obstáculo para a democratização do acesso à cultura da população hipossuficiente, uma vez
que o consumo oficial desses conteúdos é oneroso para esse grupo, sem afetar seu sustento.
Portanto, a pirataria, nesse contexto, surge como um meio eficaz de democratização ao acesso
à cultura.

Para atingir esses objetivos, será utilizado o procedimento bibliográfico documental


com objetivo descritivo e método hipotético dedutivo, com finalidade estratégica básica e
abordagem mista dos dados a serem elencados neste artigo. A estrutura do artigo será dividida
em três seções, com a primeira realizando uma análise bibliográfica do fenômeno da pirataria,
sua evolução histórica, no direito, e sua relação com o direito autoral e propriedade intelectual,
incluindo a classificação de suas causas e consequências. A segunda seção abordará uma
pesquisa bibliográfica documental, relacionando a pirataria com sua criminalização, através da
coleta de informações e dados para entender a problemática e sua afetação no processo de
democratização do acesso à cultura. Conclui-se que os objetivos da pesquisa foram atendidos
na busca da relação, comprovadamente embasada em dados e material bibliográfico,
confirmando a hipótese do artigo.
1. SOBRE A PIRATARIA:
1.1 CONTEXTO LEGAL:

A definição de pirataria perpassa por várias áreas e segmentos do conhecimento do direito


que embora pouco presente com essa terminologia no nosso ordenamento jurídico, o termo
"pirataria" teve sua origem por volta do século 13 A.C., associado ao comércio marítimo.
Proveniente da palavra grega "Peirates", que significa aquele que busca fortuna no mar ou que
saqueia navios. ela foi utilizada no Código Comercial Brasileiro de 1850 e está muito ligada ao
transporte marítimo, onde esse termo era mais conhecido, sendo assim, é importante definir
doutrinariamente:

“A pirataria se refere à apropriação não autorizada de produtos ou serviços que estejam


sob resguardo de direitos autorais. Esses produtos ou serviços podem ser relativos (...)
à produção audiovisual, mas também a qualquer outro artigo que tenha a possibilidade
de ser reproduzido, como música, software, roupas, aparelhos eletrônicos, etc.”
(FURINI e TIETZMANN, 2014).

Conforme mencionado, a pirataria fere o direito autoral do autor da obra pois há a


necessidade do resguardo do direito do autor em gozar dos benefícios de seu produto artístico
que é definido sob a luz do direito como a propriedade intelectual conforme infere Carlos
Alberto Bittar (1994, p. 8), o direito autoral é “o ramo do Direito Privado que regula as relações
jurídicas, advindas da criação e da utilização econômica de obras intelectuais estéticas e
compreendidas na literatura, nas artes e nas ciências”. Sendo assim, podemos concluir que a
propriedade intelectual é um de obras de arte tais como audiovisual é um bem jurídico que é
alvo da proteção sob a luz do direito, e sobre a necessidade dessa proteção desse bem jurídico
conforme o trecho:

“O direito autoral é um método de tutela legal que tem como principal objetivo o de
assegurar que a criação intelectual seja devidamente reconhecida e remunerada. Dessa
forma, visa a garantir que seus responsáveis possam, diante dos incentivos morais
derivados do reconhecimento de sua autoria e econômicos derivados da exploração
comercial de sua obra, permanecer a produzir” (BRANCO, 2006, p. 36).
Observa-se que para Branco (2006), o direito autoral é uma forma do autor reivindicar
o direito de deter a exclusividade do uso de sua propriedade e sua remuneração em face de
terceiros que essa segurança também serve como uma segurança artística que com o com a
devida proteção, estimula o produtor de bens artísticos a confeccionar mais obras devido a
segurança jurídica promovida pela lei direitos autorais. Essa proteção encontra-se na Lei nº
9.279/1996, conhecida como Lei de Propriedade Industrial (LPI), que define as propriedades
protegidas das quais: propriedade industrial e a propriedade intelectual o se confunde com o de
propriedade intelectual e industrial pois ambas vieram da mesma evolução histórica no que
tange a proteção de bens intelectuais, cabe ressaltar que essa proteção do direito autoral está
presente na Constituição Federal artigo 5º, incisos XXVII e XXVIII:

É necessário após a definição que a pirataria, e o entendimento da violação do direito


autoral, observar que a proteção engloba vários tipos de propriedades intelectuais de produção
humana, assim, é importante ressaltar o que as obras intelectuais e especificamente as obras
audiovisuais são alvos dessa proteção como se pode observar no Art. 7° da Lei nº 9.610, de
fevereiro de 1998, (BRASIL,1998).

Inerente a essa lógica, para o direito penal, surge a categorização do crime, no que tange a
proteção do bem jurídico tutelado e sua violação que já fora definido neste artigo, visa a
proteção desse bem e prever a punição pelo o descumprimento dessa proteção:

“CAPÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE INTELECTUAL:
Violação de direito autoral
Art. 184. Violar direitos de autor e os que lhe são conexos:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.
§ 1o Se a violação consistir em reprodução total ou parcial, com intuito de lucro direto
ou indireto, por qualquer meio ou processo, de obra intelectual, interpretação, execução
ou fonograma, sem autorização expressa do autor, do artista intérprete ou executante,
do produtor, conforme o caso, ou de quem os represente:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa”. (BRASIL,1940)

Entende-se que ao falar na “criminalização da pirataria” e seus impactos não


necessariamente estamos falando da falta de estipulação e definição do crime, pois ele já existe
uma tipificação penal e civil, mas entende-se pela “intensificação do combate” por parte de
autoridades públicas e órgãos privados visando a diminuição da prática.

Sendo assim, é evidente que cabe um interesse dos autores das obras na proteção desse
bem, entretanto, a dicotomia criada no contexto da pirataria praticada pelo grupo em pesquisa,
a população hipossuficiente, evidencia-se a importância do estudo do impacto que a
criminalização da pirataria causa no processo de democratização do acesso à cultura desse
grupo pois o acesso à cultura é um direito de fundamental importância, pois a arte e a cultura
têm a capacidade de realçar o melhor da condição humana e o acesso a ela torna os indivíduos
mais assíduos e atentos às transformações sociais e criando pessoas ávidas a buscar uma
subjetiva “evolução pessoal”, sendo a força motriz para diversas mudanças de expectativas de
pessoas hipossuficientes que veem a arte como uma forma de fugir das alienações e do futuro
incerto seu contexto pode oferecer.

1.2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA - UM BREVE PANORAMA NACIONAL:

Para o tema em tela é importante ressaltar pirataria é historicamente uma atividade


inerente ao contexto brasileiro seja qual for a modalidade de produto (filmes, jogos, livros,
músicas, artigos acadêmicos, softwares de computador, IPTV e afins) ou a forma de consumo
ela está intrinsecamente ligada à cultura e ao imaginário popular.

Esse pensamento surge devido a inúmeros motivos, sendo os principais, como resposta
para: a desigualdade tecnológica, desigualdade social, a falta de incentivo ao acesso a conteúdo
e o alto custo dos modelos oficiais de acesso a esses conteúdos, causados pela hiperinflação ou
elementos políticos, tais como a reserva de mercado implementada nos anos 80.

Remonta-se ao período do regime militar, em um cenário político movido por um


sentimento protecionista em relação ao mercado brasileiro resultando que resultou em proibir
a importação de produtos tecnológicos externos, fez com que fosse quase impossível ou
demasiadamente caro o consumo de produtos e mídias, com base em tecnologias que já eram
realidade nos países mais desenvolvidos tecnologicamente, tais como (VHS, BETAMAX,
LASER DISC, K7, CD e DVD, Cartuchos de Jogos, DISQUETE), mas também como seus
aparelhos de reprodução, causando uma enorme lacuna tecnológica entre o mercado
internacional e o contexto nacional, cujo o custo chegava a ser 3x maior do que o praticado no
comércio exterior. Surgindo assim alternativas para contornar esse cenário, como o mercado
cinza e a pirataria, que mesmo sendo de forma não oficial vinham como um meio de
democratização ao acesso aos meios de mídia para o consumo de audiovisual, não só o
internacional como o nacional (LUZIO e GREENSTEIN,2003, p.623).

1.3 CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS DA PIRATARIA:

No momento em que surge essa demanda pelo consumo de novas tecnologias de mídia
e o Brasil não possui meios de se produzir esses tipos de produtos, o mercado cinza e a pirataria
solucionaram em partes esse problema, apresentando uma maneira mais barata de se consumir
os produtos audiovisuais no território nacional, no que tange essa questão é importante frisar:

“Todo mundo pode ser lançado na moda do consumo; todo mundo pode desejar ser um
consumidor e aproveitar as oportunidades que esse modo de vida oferece. Mas nem
todo mundo pode ser um consumidor. Desejar não basta; para tornar o desejo realmente
desejável e assim extrair prazer do desejo, deve-se ter uma esperança racional de chegar
mais perto do objeto desejado” (BAUMAN, 1999, p. 94).

No enxerto, o autor observa que nem todos podem consumir algo que está na moda, isso
pode ser por fatores econômicos ou tecnológicos e a pirataria surge como a alternativa a sanar
essa demanda de consumo que surge que outrora era inalcançável. Cabe ressaltar que, nesse
contexto, a pirataria já vinha sendo incentivada pelo próprio governo com o argumento
protecionista defendido ao instalar a política de reserva de mercado Lei n. 7.232, de 29 de
outubro de 1984, a Lei de informática. As indústrias tecnológicas nacionais recebiam
incentivos para a confecção de “clones” de consoles de videogames, microcomputadores e
aparelhos de reprodução de mídias físicas de audiovisual, onde era comum a prática engenharia
reversa por empresas nacionais e se produzindo produtos baseados nessas tecnologias, através
do contrabando (um tipo de contrabando institucionalizado) sem que houvessem pagamentos
de royalties às empresas fabricantes (SILVEIRA,2022), inerente a esse contexto cabe citar:

“Na mesma época, uma lei para o mercado de produtos eletrônicos e de


informática passou a vigorar no Brasil. Para prosperar neste mercado, os videogames
precisavam superar dificuldades financeiras – e também os governos militares. A Lei
da Reserva da Informática tentava proteger os criadores locais diante dos novos
produtos vistos no exterior controlando a venda local, sobretudo através de políticas
para importação e exportação. Estas regras para a informática eram marcadas pela
busca de uma autonomia tecnológica e a exclusão quase absoluta de empresas de outros
países. O escopo da proteção começou com micro e minicomputadores, mas
gradualmente expandiram para uma variedade maior de aparelhos de processamento de
dados e seus formatos de entrada.” (PASE, 2013, p. 50).

Observa-se que, nesse cenário, o pagamento de impostos sobre circulação de produtos


e outros eram corretamente pagos a luz do direito brasileiro sem que houvesse nenhuma
ilegalidade, entretanto no que se refere à propriedade intelectual dos fabricantes originais, eram
ignoradas e que na realidade o foco não era a violação da propriedade alheia em si, mas o
sentimento de pertencimento aos avanços que o mundo já conhecia. Esses clones eram vendidos
em grandes lojas de departamento nacionais e assim criando um modus operante baseado na
cultura da cópia não necessariamente, o uso da cópia ilegal como algo considerado errado ou
imoral era irrelevante na época sendo que o intuito em si era atender uma demanda que fora
criada pela reserva de mercado gerou no contexto de consumo atual era algo que era
solucionado em partes pelos produtos clonados. Essa era uma prática muito comum no que
baseia e norteia o imaginário popular acerca da pirataria, que vem sendo uma prática que se
confunde com uma forma correta de se contornar esse cenário ou até uma forma de luta contra
os preços abusivos ou concorrência desleal provocada pelo capitalismo e que foi fortemente
alavancado com o advento da revolução tecnológica que encurtou fronteiras tecnológicas e
finalmente o mundo já poderia observar a globalização provocada pela mesma. Entretanto,
essas políticas nacionais de falta de acesso aos meios de mídia e às tecnologias físicas de
reprodução do audiovisual provocaram o crescimento da prática da pirataria como uma
alternativa dos consumidores brasileiros e da indústria no geral se sentirem parte da evolução
que ocorria no momento. (PRIMEIRO CONTATO,2022).

Esse assunto é de extrema relevância para o direito na atualidade pois vem se


discutindo medidas contra essa prática, diante desse cenário, é necessário citar as ações
desenvolvidas pelo ministério da justiça evidenciada na fala do ministro da justiça Flávio Dino¹
:

"Temos trabalhado na esfera administrativa e também na esfera penal. Com certeza,


esse tema é um dos focos do Ministério da Justiça. Trabalho contínuo no ministério.
Temos o setor administrativo no ministério e na PF e temos uma diretoria criada em
janeiro para cuidar de crimes cibernéticos de modo geral, abrangendo inclusive
violações direitos de tela, propriedade intelectual e pirataria. Sabemos que esses crimes
são bastante abrangentes", DINO, Flávio. Dino diz que combate à pirataria é um dos
focos do Ministério da Justiça e que o trabalho é contínuo.”
Dessa forma, é de suma importância analisar o papel que o Estado como operador do
Direito detém n a abordagem desse tema pois , além de possuir a obrigação legal de desestimular
e punir aqueles que se utilizam de conteúdos ilegais para realizarem o consumo ou distribuição
dos conteúdos não oficiais como meio de acesso à cultura, também possui constitucionalmente
a atribuição de garantir de forma democrática o acesso à cultura à população, sendo esse
definido pela Constituição Federal como direito fundamental o direito à cultura e o lazer
disciplinado no artigo Art. 215.

Nesse sentido, evidencia-se o surgimento da dicotomia da função estatal entre o


fomento ao acesso a esses conteúdos e a defesa os produtores que também são incentivados
demonstrando a importância do tema e do estudo a ser elaborado visando expor as influências
da prática e como o Estado pode ter um papel amenizador ou fomentador na problemática,
assim disciplina Dias( 2012) :

“Há que se encontrar um ponto de equilíbrio entre a necessária proteção dos direitos
autorais e a necessidade de socialização do conhecimento, também direito
fundamental.”

É necessário ressaltar que as obras artísticas mesmo sendo propriedade intelectual tem
como centro a natureza cultural e nesse aspecto uma certa função social que deve ser exercida
mesmo com a vontade do seu criador no que tange a busca por remuneração, após a criação de
sua obra ela possui um caráter público não só de divulgação mas como uma necessidade de
acesso ela se torna uma obrigação a fim que se garanta a devida democratização do acesso à
cultura toda a população é necessário uma solução a fim de se amenizar essa problemática.

_____________________
¹ [Entrevista cedida a] Fabio Amato.TV Globo, Brasília, setembro. 2023. Disponível em: link.
https://g1.globo.com/politica/noticia/2023/09/13/dino-diz-que-combate-a-pirataria-e-uma-das-prioridades-do-
ministerio-da-justica.ghtml Acesso em: 28/10/2023.
2. A PIRATARIA NO CONTEXTO ATUAL

2.1 DA METODOLOGIA APLICADA

Para a elaboração da pesquisa, será utilizada uma abordagem de finalidade estratégica,


empregando o procedimento bibliográfico-documental com objetivo descritivo e método
hipotético-dedutivo. A pesquisa será de natureza básica estratégica, e os dados serão abordados
de maneira mista.

Inicialmente, para analisar a pirataria e seu impacto na democratização do acesso à


cultura, buscou-se uma definição teórica por meio de uma análise histórica do fenômeno,
utilizando fichamentos de trabalhos acadêmicos e textos de obras doutrinárias atualizadas,
abrangendo diversas áreas do direito. Além disso, realizou-se uma pesquisa para levantar obras
documentais nos textos das legislações nacionais vigentes, abordando o tema da pirataria e suas
interpretações doutrinárias e jurisprudenciais correspondentes.

Posteriormente, com base nessas informações, buscou-se construir um texto dissertativo


para testar a hipótese e responder ao problema proposto. Conforme Gil (2010, p. 27), pesquisas
voltadas à aquisição de novos conhecimentos direcionados a amplas áreas com vistas à solução
de reconhecidos problemas práticos têm a classificação de básica estratégica.

Assim, o artigo pretende contribuir para a ciência, testando hipóteses que poderiam
apresentar soluções ao problema, caracterizando-se como uma pesquisa básica estratégica.

No que diz respeito ao objetivo, foi elaborado um levantamento bibliográfico para


descrever o que já é conhecido sobre a pirataria, utilizando os conhecimentos mais atuais
disponíveis sobre o tema, principal foco da pesquisa.

Ressalta-se que a primeira parte do texto se encaixa na definição de pesquisa descritiva


proposta por Duarte e Furtado (2014, p. 50). Para continuar a pesquisa e coletar informações
mais aprofundadas, deu-se início a uma pesquisa exploratória, conforme Gil (2010, p. 27), com
o propósito de proporcionar maior familiaridade com o problema e torná-lo mais explícito ou
construir hipóteses. A segunda seção do artigo tem como objetivo elucidar melhor a
problemática, apresentando suas particularidades para uma análise mais criteriosa do que foi
apresentado na primeira parte.

Além disso, a pesquisa se desenvolveu a partir da hipótese de que a intensificação do


combate e criminalização da pirataria do audiovisual torna-se um empecilho à democratização
do acesso à cultura da população hipossuficiente, causando impacto no acesso desse grupo
como consumidor final de obras do audiovisual, devido à alta onerosidade desses produtos. A
pirataria nesse contexto é vista como um meio eficaz de democratização do acesso à cultura no
Brasil. Para testar essa hipótese, utilizou-se o método hipotético-dedutivo, visando a coleta de
dados que possibilitaram aferir a validade da hipótese ao final do artigo, conforme sugerido por
Marconi e Lakatos (2011, p. 73).

Em resumo, a pesquisa adota uma abordagem qualitativa, diferenciando-se do método


quantitativo não apenas pela ausência de instrumentos estatísticos, mas também pela forma de
coleta e análise dos dados, conforme Marconi e Lakatos (2011, p. 269). O trabalho envolve a
aplicação prática desse conjunto de métodos e técnicas dessa metodologia, organizado em três
capítulos distintos: referencial teórico, coleta e análise de dados, e apresentação e análise dos
resultados.

2.2 O CENÁRIO PÓS-PANDEMIA DAS PLATAFORMAS DE STREAMING

No contexto atual, enfrenta-se nova fase de mudança abrupta na forma de consumo


dessas mídias audiovisuais com o grande avanço das plataformas de streaming por demanda,
que modificaram o mercado e foram aceleradas no cenário pós-pandêmico da COVID-19
(SARS-CoV). Esse novo contexto surge como resposta à falta de facilidade de acesso
preexistente, anteriormente corroborada pela mudança de tecnologia, que antes era baseada em
mídias físicas e hoje, em sua maioria, é digital.

Entretanto, esse cenário, que em seu início era caracterizado por uma relativa
democratização no acesso a produtos audiovisuais devido a um certo "monopólio benéfico" de
sites como o Netflix, o primeiro, maior² e mais famoso a surgir, que detinha em seu catálogo
uma grande variedade de títulos a preços acessíveis, viu surgir uma nova parcela de um novo
mercado a explorar. Isso levou à criação de inúmeras outras plataformas de streaming cada vez
mais segmentadas por estúdios ou produtoras, e agora cada uma tem sua própria plataforma,
tornando assim muito oneroso para o consumidor hipossuficiente o acesso a todos os conteúdos
conforme ressalva The Conversation (2021) “Mas à medida que o mercado de streaming se
desenvolve, a perda de agregação de conteúdos parece estar a levar de volta à pirataria.” como
também alega Sandvine (2021), onde:

“Quando a Netflix agregou conteúdo, vimos um declínio no compartilhamento de


arquivos em todo o mundo, especialmente nos EUA, onde a biblioteca da Netflix era
grande e abrangente. Como o novo conteúdo original se tornou mais exclusivo para
outros serviços de streaming, os consumidores estão se voltando para o
compartilhamento de arquivos (pirataria) para ter acesso a esses produtos exclusivos,
uma vez que não podem ou não querem pagar apenas por alguns programas.”

Nesse sentido, é evidente que se cria uma nova demanda de consumo de um mercado
que mais uma vez não engloba uma parcela da população hipossuficiente que vê a pirataria
como forma de participar desse novo contexto onde se é possível acessar o conteúdo assim que
ele é disponibilizado pelos meios digitais evidenciando mais uma vez o caráter democratizador
da pirataria no consumo de obras audiovisuais.

Essa evolução tecnológica não é tão nova, o advento da internet possibilitou a pirataria
em meios digitais desde seus primórdios o que foi se atualizando e renovando para o que temos
nos dias atuais. Sendo assim, as plataformas de streaming causam também uma grande
transformação na forma de consumo de produtos não oficiais alavancando mais a pirataria
digital, como Leandro Kovacs define esse novo modo de consumo: “[...] a pirataria digital é a
comercialização ou distribuição de conteúdos digitais que possuam direitos intelectuais –
copyright– ou mesmo que não sejam digitais em sua origem, mas utilizem meios digitais para
a prática do ato ilícito.”

É necessário entender que, nesse processo, outrora realizado por meio de cópias físicas
e hoje através da quebra de sistemas de segurança de sites dessas plataformas por hackers, que
conseguem o conteúdo ao invadir os sites oficiais de streaming por demanda. Dessa forma,

_____________________
² CANALTECH. Netflix e Spotify dominam o mercado de streaming pelo celular no Brasil. Disponível em:
https://canaltech.com.br/apps/netflix-e-spotify-dominam-o-mercado-de-streaming-pelo-celular-no-brasil-
252010/. Acesso em: 15 nov. 2023.
obtêm arquivos de excelente qualidade que são rapidamente difundidos em sites para download
ou assistir online. Só agora, em sites ilegais, a pirataria digital está se tornando quase impossível
de ser combatida, e medidas para amenizar essa conduta são desafiadoras.

2.3 O IMPACTO SOCIAL DESSE CENÁRIO.

Somado a isso, o crescimento da oferta de plataformas de streaming ocasiona um


fenômeno que se tornou muito mais latente no cenário pós pandemia, pois para o consumo
dessas plataformas é necessário não só aos pagamentos dos preços das assinaturas, é necessário
assinar inúmeras plataformas para assistir um conteúdo que foi pulverizado, para assistir um
filme é necessário saber em qual plataforma ele se apresenta tornando assim muito oneroso a
assinatura de variadas plataformas. Abaixo, há uma tabela exemplificando os valores das
assinaturas das principais plataformas de streaming por demanda atualizada em 12/10/2023:

Fonte: Própria (2023)

No cenário atual, onde o salário mínimo em média é de R$ 1.320,00, um gasto de R$


224,24 representaria aproximadamente 17% da renda mensal de um trabalhador. Apesar de uma
das funções do salário ser proporcionar o lazer, para os hipossuficientes, seria uma onerosidade
significativa, comprometendo todo o sustento da família. Além disso, cabe mencionar as
transformações tecnológicas que, ao mesmo tempo que tornam mais acessível o consumo desse
tipo de conteúdo, o qual no passado só era encontrado de forma física ou em salas de cinemas,
acabam afastando uma grande parcela de um público incapaz de consumir o produto
apresentado dessa maneira. Esse fato deveria, em tese, ser um elemento de barateamento para
o consumo, com o desaparecimento das mídias físicas, por exemplo, mas esse cenário não se
torna uma realidade devido à política predatória que visa apenas os lucros dessas empresas,
contribuindo para o aumento da desigualdade e a dificuldade de acesso aos consumidores
hipossuficientes.

Esse fato tem relação direta com o aumento do consumo de pirataria pois as políticas de
constante aumento de preço movidos pela inflação no cenário pós pandêmico além de novas
políticas como a proibição de compartilhamento de senhas acarretam na diminuição de
assinantes de acordo com uma matéria recente, a Netflix perdeu quase 1 milhão de assinantes
devido esses praticas, (Tecnoblog, 2022). isso acaba resultando no comportamento do usuário
que não conseguem mais ou não veem mais atrativo a manutenção da assinatura comparado a
possibilidade de pirataria.

Inerente a essa lógica cabe analisar o estudo realizado pela MUSO, empresa britânica
de consultoria e rastreamento antipirataria, que analisou durante oito meses, de janeiro a agosto

de 2022, o acesso a sites que oferecem conteúdos ilegais na internet e indicou o Brasil como o
5º maior consumidor de conteúdo ilegal na internet conforme pode-se ver abaixo:
Consumo de conteúdo ilegal na internet (MUSO,2022)

Consoante aos dados coletados em comparação ao ano de 2021 houve um crescimento


m todos os setores ao acesso a sites que oferecem conteúdo ilegal na internet evidenciando-se
o consumo de filmes que em comparação ao ano anterior cresceu cerca de 49,1%, conforme
pode analisar a seguir:

% de aumento da pirataria por indústria, janeiro-agosto de 2022 vs janeiro-agosto de 2021.


Dados do MUSO.com.

Ao analisar esses dados torna-se evidente que a cenário econômico pós pandemia
contribuiu para a saída dos consumidores de plataformas oficiais e o retorno ao acesso de
conteúdo audiovisual de maneira ilegal, evidenciado pela crescente demanda e acesso a
conteúdo que disponibilizam desse conteúdo de forma ilegal.

Além disso, no âmbito social, uma problemática enfrentada em relação ao consumo de


produtos audiovisuais por pessoas hipossuficientes é a precariedade na distribuição entre as
salas nacionais. Adicionalmente aos problemas citados, outra barreira que as produções
nacionais enfrentam é a falta de uma logística de distribuição abrangente. Há uma quantidade
reduzida de salas de cinema no Brasil, conforme indicado pelo último censo da Agência
Nacional do Cinema — ANCINE (2019), que identificou apenas cerca de 3.500 salas de cinema
no território nacional, como observado no gráfico:
Fonte: ANCINE (2019)

No tocante à distribuição geográfica de salas no Brasil, também se nota uma


problemática acerca da segmentação social. Isso ocorre devido ao fato de que a grande maioria
das salas de cinema no Brasil está localizada em grandes shoppings centers de centros urbanos,
que não fazem parte do contexto da população hipossuficiente no Brasil, criando mais um
entrave ao acesso de produtos audiovisuais e à participação ativa desses cidadãos em atividades
culturais. O consumidor hipossuficiente é condicionado a não participar das atividades nesses
locais devido ao alto preço das entradas no cinema e à não adequação ao espaço, expondo uma
problemática social que merece a atenção estatal.

Somado a isso, o filme, ao sair em cartaz, enfrenta outro problema quando se trata da
logística e distribuição, pois, após a obsolescência das tecnologias e das mídias físicas (CD e
DVD) e a mínima distribuição das produções nacionais em plataformas de streaming, os filmes
nacionais por exemplo, após algum tempo, enfrentam a escassez de oferta ao público,
dificultando o acesso às produções. Sendo assim, evidencia-se que a pirataria atua nesse caso
como um efetivo meio fomentador dessas produções, solucionando esse problema de
distribuição.

É evidente ressaltar que os entraves encontrados pela população hipossuficiente no


Brasil para consumir uma obra audiovisual de maneira oficial são de esferas econômicas
observadas no alto custo e ofertas demasiadas de plataformas das mais variadas no mercado,
entraves sociais evidenciados nas localizações geográficas dos espaços físicos dos cinemas
localizamos na sua maioria em capitais e em bairros de classe média alta que não são possíveis
o acesso por parte da população hipossuficiente no contexto em que vivem, além das barreiras
tecnológicas enfrentadas pelas precarização ao acesso à internet e a aparelhos reprodutores
desses tipos de conteúdos digitais que são mais caros e mais tecnológicos, além de mudanças
tecnológicas no que tange as formas oficiais de acesso aos conteúdos audiovisuais por mídias
físicas que são extremamente onerosas para os hipossuficientes. Os DVDs sumiram do
mercado devido a atualização de tecnologias e hoje são considerados “itens de colecionador",
causando uma inflação nos valores desses tipos de conteúdo. Além disso, as plataformas de
streaming, no cenário pós-pandemia, vêm se tornando cada vez mais caras para assinar devido
à concorrência e outros motivos.

Sendo assim, a pirataria do audiovisual é uma alternativa que vai de encontro a todas
essas problemáticas apresentadas, pois, devido ao seu acesso facilitado e acervo quase infinito
de conteúdos de extrema relevância, contribui para a democratização do acesso à cultura dessa
população e plataformas de streaming.

Inerente a essa lógica, é inegável a importância da pirataria como meio democratizador


do acesso à cultura de pessoas hipossuficientes e que essa prática embora a priori seja não
rentável para os produtores desses conteúdo, ela vem sendo uma única fonte de acesso à cultura
de uma grande parte da população do contexto nacional e que ao consumir um produto não
oficial uma pessoa hipossuficientes criam laços afetivos de afinidade com as obras que no
futuro, em outro contexto social, essa pessoa possa a consumir produtos de maneira oficial
devido a relação afetiva que foi nutrida durante uma infância ou juventude que só foi possível
mediante o consumo de um produto não oficial.

A pirataria vem se demonstrando um efetivo meio de acesso à cultura para a população


hipossuficiente no Brasil como já foi evidenciado no artigo em tela, a pirataria é o um
importante meio fomentador de acesso a cultura uma população privada do acesso a meios
oficiais desses conteúdos devido a isso, é inegável o impacto causado pelo crescimento do
combate ao acesso desse tipo de consumo por parte do Governo provoca um impacto negativo
para os hipossuficientes impossibilitando o acesso aos conteúdo, mas a proibição por si só não
é uma forma eficiente de se garantir o cumprimento da demanda que é provocada pela
dicotomia gerada pois ela só afeta uma lado dessa relação.
3. A CRIMINAIZAÇÃO DA PIRATARIA E SEU IMPACTO NO ACESSO A
CULTURA:

Ao realizar essa pesquisa, pode-se observar os impactos da criminalização da pirataria na


democratização do acesso à cultura no Brasil, onde foi observado desde a definição do terno
como os dispositivos legais que norteiam o fenômeno evidenciando o que a pirataria atinge, o
bem jurídico tutelado pelo Estado, que é a propriedade intelectual alheia.

Após essa definição, realizou-se uma pesquisa bibliográfica afim determinar o fenômeno
da prática da pirataria no seu contexto histórico e como se tornou prática cultual e o
levantamento de suas possíveis causas e consequências evidenciando que a prática da pirataria
faz parta da cultura no contexto nacional.

Prioritariamente é definido historicamente que a pirataria surge de uma demanda do


mercado provocada pela reserva de mercado em meados dos anos 80 por parte do governo
visando uma proteção que trouxe inúmeras consequências negativas por parte dos
consumidores. Que gerou uma lacuna tecnologia e uma demanda não correspondida de
produtos que a eram consumidos em outros países e a necessidade de se contornar essa
problemática através do mercado cinza, cópias ilegais, contrabando e depois por “clones”
incentivados pelo próprio governo.

Esse cenário perdurou pelos anos seguintes e com o advento da internet tornou-se mais
dinâmico e acessível e com as transformações tecnólogas e o fim de mídias físicas, a pirataria
assume outro patamar de relação no consumo de conteúdos audiovisuais.

O surgimento das plataformas de Streaming por demanda revolucionou a relação de


consumo de produtos audiovisuais através de uma revolução tecnológica que antes não existia,
houve uma certa democratização do acesso à cultura primordialmente e uma possível solução
para diminuir a pirataria, mas esse cenário não se mante por muito tempo.

Cenário esse alavancado pela pandemia do covid19 que acelerou a transformação do


consumo desses conteúdos pois, surge um novo mercado e uma nova demanda de consumo e
outras produtoras de conteúdo entram com suas próprias plataformas causando uma
pulverização dos conteúdos e uma consequente onerosidade resultada da necessidade de
assinatura de diversas plataformas. Esse cenário corrobora para o crescimento e retorno da
prática da pirataria evidenciado nos levantamentos realizados demonstrando o crescimento ao
acesso desses conteúdos ilegais.

Com esses dados em mãos pode-se analisar acerca do impacto da criminalização da


pirataria na democratização do acesso a cultura, evidenciando que há uma relação intrínseca
entre a prática da pirataria como um meio fomentador e eficaz de acesso à cultura da população
hipossuficiente no Brasil e o aumento de práticas visando a criminalização ou a punição para
essa prática é um fato que causa consequências negativas ao acesso dessa população.

A punição a essa forma de acesso causar danos irreparáveis a essa população causando
um impacto negativo no processo de construção social e cultural dos indivíduos pois o consumo
desse material artístico é de suma importância para a formação intitula dos consumidores além
dos laços afetivos criados entre o consumidor e a obra que provocam uma relação que pode
perdurar durante toda a vida do indivíduo.

É necessário ressaltar que o impacto negativo causado pela criminalização da pirataria


confirma a hipótese estabelecida no início da pesquisa, pois, após a análise dos dados é evidente
que a pirataria possui um papel importante como principal meio e o mais democrático de acesso
à cultura presente no momento e que essa forma de conduta praticada por parte do governo
visando a mitigação dessa conduta não é a ideal para a solução dessa dicotomia.

Para a solução dessa problemática é necessário que haja uma dupla solução que
beneficie as partes dessa relação, como a criação de plataformas de streaming governamentais
com conteúdo de domínio público e priori, mas com a parceria com produtores de conteúdos
oferecendo títulos nacionais e internacionais, com acesso gratuito e com a devida divulgação
por parte do Governo. Outra prática pertinente seria a criação de vales cultura para a população
hipossuficiente com o intuito de se garantir a efetividade do fomento ao acesso à cultura no
Brasil.
CONCLUSÃO:

A pesquisa teve o objetivo no início de se discutir a relevância do tema acerca do


impacto da criminalização da pirataria na democratização do acesso à cultura no Brasil, para
isso levantou-se dados bibliográficos e realizou-se pesquisas para determinar a veracidade e
relevância do tema.

Desse modo, constatasse que depois da realização da pesquisa comprovasse que de fato
a relevância do tema é comprovada pois a pratica da pirataria vem se tornando um meio
extremamente democrático de acesso à cultura evidenciado relevância do tema evidencia-se
devido ao grande número de população hipossuficiente no brasil que utiliza desse meio como
forma de acesso à cultura no Brasil e o impacto que a criminalização do acesso à cultura causaria
para esses indivíduos que se comprovou pelos dados coletados na pesquisa

Para isso, o trabalho partiu-se da ideia da hipótese que a criminalização da pirataria é


um empecilho ao acesso à cultura no brasil e através da pesquisa evidenciou-se que essa
afirmação é verdadeira pois a pirataria é um excelente meio de acesso à cultura no Brasil e a
crescente avanço de políticas contra pirataria causam um impacto negativo aos consumidores
eu não possuem meios de utilizar meios oficiais.

Para isso, foi definido como objetivos geral a investigação como a criminalização da
pirataria causa impactos a democratização do acesso à cultura no Brasil, com os objetivos
específicos descrever o fenômeno da pirataria como princípios históricos, legais, sociais e
culturais. Além de compreender atreves da pesquisa como a criminalização da pirataria impacta
o acesso à cultura no Brasil e analisar a relação da criminalização e a efetivação do acesso à
cultura e seus impactos negativos ao inviabilizar o acesso democrático de conteúdo dos
usuários.
Então, como ponto de partida definiu-se o problema de pesquisa: Como a criminalização
impacta a democratização do acesso à cultura que é promovida pela pirataria? E a partir da
pesquisa pode-se concluir que a crescente demanda em punir aqueles que acessam esse
conteúdo provocam danos ao acesso tanto pela via coercitiva em buscar mudar uma conduta
como também no caráter educacional pois as punições visam uma mudança para evitar novos
episódios de infrações, mas essas punições não resolvem a demanda desse grupo que utiliza da
pirataria como o principal meio de acesso à cultura. Com isso, conclui-se que a resposta do
problema de pesquisa foi satisfatória e solucionou o problema estipulado.

No que tange a metodologia, foi enfrentadas limitações na ordem da grandiosidade do


tema e do limitado tempo disponibilizado que evidentemente não é necessário para esgotar a
problemática, sendo assim uma alternativa ideal para a presentar dados mais conclusivos afim
de se absorver o mais próximo do real seria uma pesquisa de campo e entrevista com
delimitação de espaço geográfico afim de traçar o perfil do consumidor e motivações que levam
a utilizar da alternativa da pirataria para consumo de produtos audiovisuais.
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