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INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR (IES) DA ÂNIMA EDUCAÇÃO

VINICIUS CRUZ SANTOS

DIREITOS AUTORAIS NA INDÚSTRIA FONOGRÁFICA:


A VIOLAÇÃO DA PROPRIEDADE INTELECTUAL E A INFLUÊNCIA DO
STREAMING NO PLÁGIO E NA PIRATARIA

SÃO PAULO

1
VINICIUS CRUZ SANTOS

DIREITOS AUTORAIS NA INDÚSTRIA FONOGRÁFICA:


A VIOLAÇÃO DA PROPRIEDADE INTELECTUAL E A INFLUÊNCIA DO
STREAMING NO PLÁGIO E NA PIRATARIA.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Curso de Graduação Direito, da
Universidade São Judas Tadeu como requisito
parcial para obtenção do título de bacharel.

Orientador(a): Prof. Adriana Preti.

SÃO PAULO
2022

2
Santos, Vinicius.

Direitos autorais na indústria fonográfica:a violação da propriedade


intelectual e a influência do streaming do plágio e na pirataria. / Vinicius Cruz
Santos. - 2022.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Instituição de Ensino


Superior da Anima Educação,São Paulo, Direito, Campus, Mooca, 2022.

Orientador: Prof. Adriana Preti

1. Direito Autoral. 2.Plataformas Digitais. 3. Plágio. 4. Pirataria.

3
VINICIUS CRUZ SANTOS

DIREITOS AUTORAIS NA INDÚSTRIA FONOGRÁFICA:


A VIOLAÇÃO DA PROPRIEDADE INTELECTUAL E A INFLUÊNCIA DO
STREAMING NO PLÁGIO E NA PIRATARIA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Curso de Graduação Direito, da
Universidade São Judas Tadeu como requisito
parcial para obtenção do título de bacharel.

_____________, _______ de __________________ de 20____.


Local dia mês ano

_________________________________________________

Prof. e orientador(a) Adriana Preti


Universidade São Judas Tadeu

_________________________________________________

Prof. e orientador(a) Adriana Preti


Universidade São Judas Tadeu
4
Dedico este trabalho aos meus familiares e amigos,
que sempre me apoiaram e estiveram presentes
comigo em todos os momentos, desde os mais fáceis
até os mais difíceis.

5
AGRADECIMENTOS

Expresso minha gratidão ao meus pais, Roberta Mattos Cruz dos Santos e Claudio
Roberto dos Santos, que sempre me incentivaram, apoiaram e acreditaram em mim. Gostaria
também de agradecer a Isabelle Silva Rodrigues, que sempre esteve disponível e disposta a
me ajudar.
Ao Orientador(a) Prof. Adriana Preti , que me orientou com sabedoria

6
"Princípio moral é a fundação da lei." ( Ronald Dworkin, 2010)

7
RESUMO
O seguinte trabalho abordará leis e termos relacionados à proteção intelectual do músico,
através do direito autoral. Será explicado sua natureza jurídica e histórica, sua relação com o
direito conexo e quais situações cada um deve abordar e por fim, será falado sobre o registro,
o qual foi baseado na lei o artigo 18 da Lei 9.610/98 e no § 1º do art. 17 da Lei nº 5.988, de
14 de dezembro de 1973. Além do mais, poderá ser compreendido sobre o uso das
plataformas digitais, a influência do streaming na mesma e como isso transformou a
sociedade, será viável encontrar uma pesquisa própria, a qual foi desenvolvida para obter um
melhor entendimento sobre o streaming. Correlacionado a isso será possível observar o que é
o plágio e o que é a pirataria, e a interferência dos mesmos para a sociedade. Em suma, o
trabalho possui o objetivo principal de entender como é a relação dos músicos e quais são os
seus devidos direitos.

Palavras chave: Direito Autoral. Direito Conexo. Streaming. Sample. Pirataria.

8
ABSTRACT
The following work will address laws and terms related to the intellectual protection of the
musician, through copyright. It will be explained its legal nature and history, its relationship
with related rights and which situations each one should address and finally, it will be spoken
about the registration, which was based on the law in Article 18 of Law 9610/98 and in § 1 of
Article 17 of Law No. 5988 of 14 December 1973. Furthermore, in order to understand the
use of digital platforms, the influence of streaming on it, and how it has transformed society, it
will be possible to find one's own research, which was developed to obtain a better
understanding of streaming. Correlated to this, it will be possible to observe what plagiarism
and piracy are, and their interference in society. In short, the work has the main objective of
understanding how the relationship of musicians and what are their rights.

Key words: Copyright. Related Rights. Streaming. Sample. Piracy.

9
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Você escuta música todos os dias?...………………………..……………………21
Gráfico 2 - Quais situações você escuta música?..………………………………..…………22
Gráfico 3 - Por quais meios você escuta? ……………………………………………...……22
Gráfico 4 - Frequência de compra de produtos piratas...……………………..………...……30

10
LISTA DE SIGLAS
CD - Disco compacto/compact disc
LDA - Lei de Direitos Autorais
ECAD - Escritório Central de Arrecadação e Distribuição
Abramus - Associação Brasileira de Música e Artes
STJ - Sistema Tribunal de Justiça
ABPD - Associação Brasileira dos Produtores de Discos
Amar - Associação de Músicos,Arranjadores e Regentes
Assim - Associação de Intérpretes e Músicos
Sbacem - Sociedade Brasileira de Autores Compositores Escritores Música
Sicam - Sociedade Independente de Compositores e Autores Musicais
Socinpro - Sociedade Brasileira de Administração e Proteção de Direitos Intelectuais
UBC - UNião Brasileira de Compositores

11
SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO……………………………………………………………………………... 13

2.DIREITO AUTORAL ………………………………………………………………………. 14


2.1 HISTÓRIA E NATUREZA JURÍDICA DO DIREITO AUTORAL ………………………. 14
2.2 PROTEÇÃO AO DIREITO AUTORAL ………………………………………………… 17
2.3 DIREITO CONEXO…………………………………………………………………… 20
2.4 REGISTRO……………………………………………………………………………..20

3.PLATAFORMAS DIGITAIS………………………………………………………………... 21
3.1 STREAMING………………………………………………………………………….. 22
3.1.1 Divisão das plataformas digitais…………………………………………………… 23
3.1.2 Escritório central de arrecadação e distribuição…………………………………….. 24
3.2.OS LIMITES DA LEI DO DIREITO AUTORAL NO STREAMING …………………….. 26

4. PLÁGIO……………………………………………………………………………………. 27
4.1. ORIGEM DO TERMO………………………………………………………………… 27
4.2.NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA ……………………………………………………… 28
4.3.“SAMPLE”…………………………………………………………………………….. 30

5.PIRATARIA………………………………………………………………………………… 31
5.1. CONCEITO HISTÓRICO……………………………………………………………… 31
5.2 DECLÍNIO EM RAZÃO DO STREAMING…………………………………………….. 32

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS……………………………………………………………….. 33

7. REFERÊNCIAS……………………………………………………………………………. 34

12
1.INTRODUÇÃO

Desde os primórdios da humanidade o ser humano se deparou com a necessidade de se


manifestar, comunicar e se expressar. Uma das formas encontradas para tal foi através de
barulhos melódicos, rítmicos; assim então foi gerada a música.
Capaz de traduzir e expor valores, culturas e sentimentos, a música foi evoluindo e se
espalhando por continentes, culturas e povos se tornando uma linguagem tanto local quanto
universal.
Como disse Ludwig Van Beethoven Musik höhere Offenbarung ist als alle Weisheit
und Philosophie1, traduzindo o que a arte representa para a humanidade em sua forma de
cultura.
A importância da música no mundo atual é de grande valia, devido a época sombria
pela qual passamos, devido a restrição de contato, devido a pandemia, em decorrência do
coronavírus, a qual o mundo passou e ainda vivemos com as consequências de uma vida após
isolamento, uma das formas consolidadas de demonstração e exposição, conexão e contato
entre nós foi através da música, a qual teve um crescimento expressivo de 7,4% de músicas
gravadas. Sendo essa protegida pelo direito autoral.
O direito autoral é a proteção que o autor possui sobre a sua criação, assim efetivando
a garantia de sua obra, podendo gozar dos benefícios de sua obra. Dentro deste - o direito
autoral - podemos encontrar uma subdivisão em direitos morais e direitos patrimoniais. Sendo
esses, o direito moral do autor, possuindo por base a possessão da obra, tê-la por direito,
constituindo o princípio da personalidade e perpetuidade. Por outro enfoque, o direito
patrimonial se tratando do aproveitamento econômico de sua obra, possuindo natureza no
direito real e no aspecto monetário da obra, ou seja, do possível valor a se gerar com a
criação.2
Entretanto, a criação humana é a chave de ignição para tudo o que conhecemos tanto
concreto ou abstrato, sendo sempre embasado na propriedade intelectual, a área do direito que
protege qualquer tipo de criação por meio de legislações vigentes. Todavia, a existência de

1
Música é revelação mais sublime do que toda sabedoria e filosofia.
FRASES, Ludwig Van Beethoven. Disponivel em: https://citacoes.in/autores/ludwig-van-beethoven/
2
CAVALIERI FILHO, Sergio. Direito Autoral e Responsabilidade Civil. Disponível em: <
https://www.emerj.tjrj.jus.br/revistaemerj_online/edicoes/revista13/revista13_43.pdf > Acesso em 07: de
novembro de 2022.

13
obras que são ideias ou conceitos de outros, e foram replicados sem os devidos créditos que
são nomeados como plágio, propagação, venda ou até mesmo apropriação de uma criação
sem a devida autorização e legitimidade que é nomeado popularmente de pirataria moderna.
Diante desses aspectos podemos compreender e perceber o valor da música e da
indústria fonográfica - rede de distribuição e consumo de música gravada - e seus avanços e
adaptações ao mundo o qual vivemos. Perante tantos avanços, a forma de consumo tem
mudado e expandido seus meios, fato esse que gerou a necessidade de abordagem de uma
nova perspectiva, levando como fundamentação e fundamentos o ordenamento jurídico.
Portanto, com os focos norteadores já apontados veremos por meios de levantamentos
bibliográficos com fulcro na lei do direito autoral, as relações da área jurídica com a indústria
fonográfica e a criação musical, na era digital3, buscando exemplos em jurisprudências e
abordando a leitura.

2.DIREITO AUTORAL

2.1 HISTÓRIA E NATUREZA JURÍDICA DO DIREITO AUTORAL

A Evolução do ser humano culturalmente, se deu nos Impérios Romanos e Grego.


Devido ao acervo histórico de artes e obras antigas e seu pertencimento se dava pela
assinatura na própria obra, reivindicando sua autoria e visando a proteção de possível plágio,
impasse já existente na Grécia Antiga.
4
As consequências cabíveis para esse devido ato - o plágio - eram meramente morais e
públicas, não havendo consequência penal ou cível, pela falta e inexistência da lei de autoria.
O Direito autoral em sua essência como expõe Guilherme de Souza Nucci5: “É o ramo
que regula as relações jurídicas advindas das criações da utilização econômica das obras
intelectuais, na literatura, nas artes e nas ciências”.
Por sua vez, Valente (2013, p. 70) ressalta que o nascimento do direito autoral se deve ao
desenvolvimento da tecnologia, de certa forma, não há que se pensar em direito autoral antes
da publicação, pois o custo da cópia da obra era tão deveras alto que o autor não teria
3
A era digital, que hoje em dia tem sido definida como a era da informação, é o período de tempo que começa
na década de 1970, logo após a era industrial, em que são apresentadas inovações que alteram as formas de
trabalho, de comunicação e de pensamento.
4
JARDES, Tamara. A evolução histórica dos Direitos Autorais. Disponível em:
https://thajardes.jusbrasil.com.br/artigos/163165791/a-evolucao-historica-dos-direitos-autorais
5
Guilherme de Souza Nucci é um jurista e magistrado brasileiro, conhecido por sua obra voltada ao direito
penal e ao direito processual penal
NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal Comentado. 6. ed. São Paulo.
14
condição de se preocupar com o controle sobre o seu trabalho. Diz ainda que com a crescente
industrialização do mercado literário emergente, ou seja, o desenvolvimento da tecnologia
editorial e, por extensão, o desenvolvimento dos direitos autorais foi promovido.
Por conceito e relação jurídica, o Direito Autoral possui duas concepções distintas: as
quais são regularizar as situações jurídicas geradas pela criação e criatividade humana, os
quais englobam a propriedade intelectual e a propriedade industrial. Esse - a propriedade
intelectual - é o ramo do direito que estuda os direitos dos criadores e autores e suas
respectivas obras, descobertas ou invenções.6
O Direito Autoral sempre existiu, contudo com a evolução humana esse direito
evoluiu em conjunto.
As primeiras formalidades dos Direitos Autorais foram concedidos na época da
Monarquia, onde os Reis, através de requerimento dos autores, a juntada de um exemplar da
obra para a apreciação do conselho real, para sua possível aprovação, que caso fosse
concedida era dada ao autor o direito de exploração monetária de sua obra, e por prazo pré
estipulado era fixado um preço de venda7.
Durante período pré imprensa, o direito de propriedade acobertavam as obras e as
criações intelectuais, vez que essas não eram produzidas ainda em larga escala.

O autor de uma obra (manuscritos, escultura ou pintura) transformava-se em


proprietário de um objeto material e podia vendê-lo a outra pessoa. Durante a idade
média, a reprodução de uma obra era extremamente difícil. Os manuscritos somente
podiam ser reproduzidos à mão, o que limitava drasticamente o número de cópias
que podiam ser feitas. Por conseguinte, a utilização futura de uma obra não
prejudicava os direitos patrimoniais de autor, já que estes não dependiam da
produção e reprodução da obra em grandes quantidades. (AFONSO, Direito Autoral.
2009)

A primeira lei que abordou e garantiu a proteção ao Direito Individual de obra


impressa foi criada em 10 de abril de 1710, na Inglaterra, sendo nomeada e reconhecida como
Lei da Rainha Ana ou Ato do Direito de Cópia, logo, Copyright Act. Contudo essa Lei ainda
não abrangia autores de obras intelectuais, apenas obras impressas8. Todavia, durante a

6
WACHOWICZ, Marcos. Direito Autoral. Disponível em:
<https://www.gedai.com.br/wp-content/uploads/2014/07/artigo_marcoswachowicz_direitoautoral_6-1.pdf>.Aces
so em: 15 de novembro de 2022.
7
VIEIRA, Alexandre Pires. Direito Autoral na Sociedade Digital. Disponível em: <
https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=uIlbEAAAQBAJ&oi=fnd&pg=PT4&dq=direito+autoral
&ots=q_Gdq7QmQW&sig=cwRi_A3XSmfSZ5DoR4HLlKcGrJc#v=onepage&q=direito%20autoral&f=false >
Acesso em: 07 de novembro de 2022.
8
COPYRIGHT e direitos: a lei. COPYRIGHT, 2022. Disponível em:
<https://copyright.com.br/Direito-Autoral-Direito-Legal.html>.Acesso em: 16 de novembro de 2022.
15
Revolução Francesa um decreto sobre o Direito Autoral foi aprovado em 1791, sancionando o
direito de execução e reprodução e em 1793 a garantia do autor de exclusiva reprodução.
Em âmbito nacional a proteção ao autor era dada em conjunto com a lei abordada na
Europa, e mesmo após a declaração de Independência foi mantido o sistema de privilégios a
impressão, sendo abolido somente com a Proclamação da República. Todavia com o
privilegiamento de uma Lei Imperial onde foi instituído em Olinda, Pernambuco e na capital
de São Paulo, um artigo que garantiu a proteção de 10 (dez) anos a todas obras textuais
produzidas aos denominados “lentes”9.

A ampliação, então, dos direitos autorais patrimoniais e morais existentes, bem


como a internacionalização desses direitos, foi consequência direta da necessidade
de arrecadação de recursos para a assunção de riscos por parte da atividade
empresarial, e também da criação de suportes físicos de obras intelectuais mais
intensivos em capital, além da criação de condições para a difusão das obras, como o
desenvolvimento dos meios de transporte (VALENTE, 2013, p. 71).

Em meados de 1830, com o Código Criminal, surgiram as penalidades em razão do


desrespeito ao autor. Eram cabíveis sanções a qualquer gravação, impressão ou qualquer um
que fotografasse ou introduzisse obra já feita nacionalmente, ou seja, as sanções eram a
proteção contra o plágio.
A Lei 9.610/9810, que disciplina atualmente sobre o direito autoral, traz a seguinte
abordagem:
Art. 5º Para os efeitos desta Lei, considera-se:

I - publicação - o oferecimento de obra literária, artística ou científica ao


conhecimento do público, com o consentimento do autor, ou de qualquer outro
titular de direito de autor, por qualquer forma ou processo;

II - transmissão ou emissão - a difusão de sons ou de sons e imagens, por


meio de ondas radioelétricas; sinais de satélite; fio, cabo ou outro condutor; meios
óticos ou qualquer outro processo eletromagnético;

III - retransmissão - a emissão simultânea da transmissão de uma empresa por


outra;

IV - distribuição - a colocação à disposição do público do original ou cópia de


obras literárias, artísticas ou científicas, interpretações ou execuções fixadas e
fonogramas, mediante a venda, locação ou qualquer outra forma de transferência de
propriedade ou posse;

9
Professor catedrático (no Brasil também denominado professor titular) é a categoria mais elevada da carreira
docente universitária em Portugal e no Brasil, respectivamente. Antigamente, era chamado de lente (do termo
latino legente, "que lê").
10
.BRASIL. Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre os Direitos Autorais e as garantias do autor.
Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9610>. . Acesso em: 5 de novembro de 2022.

16
V - comunicação ao público - ato mediante o qual a obra é colocada ao
alcance do público, por qualquer meio ou procedimento e que não consista na
distribuição de exemplares;

VI - reprodução - a cópia de um ou vários exemplares de uma obra literária,


artística ou científica ou de um fonograma, de qualquer forma tangível, incluindo
qualquer armazenamento permanente ou temporário por meios eletrônicos ou
qualquer outro meio de fixação que venha a ser desenvolvido;

VII - contrafação - a reprodução não autorizada;

VIII - obra:

a) em co-autoria - quando é criada em comum, por dois ou mais autores;

b) anônima - quando não se indica o nome do autor, por sua vontade ou por
ser desconhecido;

c) pseudônima - quando o autor se oculta sob nome suposto;

d) inédita - a que não haja sido objeto de publicação;

e) póstuma - a que se publique após a morte do autor;

f) originária - a criação primígena;

g) derivada - a que, constituindo criação intelectual nova, resulta da


transformação de obra originária;

h) coletiva - a criada por iniciativa, organização e responsabilidade de uma


pessoa física ou jurídica, que a publica sob seu nome ou marca e que é constituída
pela participação de diferentes autores, cujas contribuições se fundem numa criação
autônoma;

i) audiovisual - a que resulta da fixação de imagens com ou sem som, que


tenha a finalidade de criar, por meio de sua reprodução, a impressão de movimento,
independentemente dos processos de sua captação, do suporte usado inicial ou
posteriormente para fixá-lo, bem como dos meios utilizados para sua veiculação

2.2 PROTEÇÃO AO DIREITO AUTORAL

Tais condições são aplicáveis à Lei de proteção ao direito autoral, visando a proteção do
autor, e de sua criação.
Ao que se relaciona ao Direito Patrimonial, a proteção dada ao autor, sob o uso
exclusivo de sua obra, sendo dependente de sua autorização a reprodução, edição e qualquer
outro meio de uso de terceiros sobre seu domínio. Com fulcro ainda na LDA11, a obra moral
do autor possui a proteção por toda sua vida e após a morte, por mais setenta anos12. vejamos:

11
BRASIL. Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre os Direitos Autorais e as garantias do autor.
Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9610>. . Acesso em: 5 de novembro de 2022 .
12
ALVES, Isabela de Sena Passau. Inciso XXVII - Direito Autoral. Artigo quinto, 2019. Disponível em:
<https://www.politize.com.br/artigo-5/direito-autoral/ >.Acesso em 07 de novembro de 2022.
17
Art. 41. Os direitos patrimoniais do autor perduram por setenta anos contados
de 1° de janeiro do ano subseqüente ao de seu falecimento, obedecida a ordem
sucessória da lei civil.
Parágrafo único. Aplica-se às obras póstumas o prazo de proteção a que alude o
caput deste artigo.
Art. 42. Quando a obra literária, artística ou científica realizada em co-autoria
for indivisível, o prazo previsto no artigo anterior será contado da morte do último
dos co-autores sobreviventes.
Parágrafo único. Acrescer-se-ão aos dos sobreviventes os direitos do co-autor
que falecer sem sucessores.
Art. 43. Será de setenta anos o prazo de proteção aos direitos patrimoniais
sobre as obras anônimas ou pseudomonas, contado de 1° de janeiro do ano
imediatamente posterior ao da primeira publicação.
Parágrafo único. Aplicar-se-á o disposto no art. 41 e seu parágrafo único,
sempre que o autor se der a conhecer antes do termo do prazo previsto no caput deste
artigo.

Não deixando o autor descendente, ou sendo desconhecido, após a prescrição do


prazo a obra se torna de pertencimento público. conforme artigo 45 da mesma legislação13:

“Art. 45. Além das obras em relação às quais decorreu o prazo de proteção aos
direitos patrimoniais, pertencem ao domínio público:
I - as de autores falecidos que não tenham deixado sucessores;
II - as de autor desconhecido, ressalvada a proteção legal aos conhecimentos
étnicos e tradicionais.”

Todavia, como toda legislação se não respeitada segue de punições com base penal, o
direito autoral não se isenta deste fato. O Código Penal sendo o norteador das penas e ao
direito autoral se cabe o artigo 184:

Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.

§ 1o Se a violação consistir em reprodução total ou parcial, com intuito de


lucro direto ou indireto, por qualquer meio ou processo, de obra intelectual,
interpretação, execução ou fonograma, sem autorização expressa do autor, do artista
intérprete ou executante, do produtor, conforme o caso, ou de quem os represente

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

13
BRASIL. Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre os Direitos Autorais e as garantias do autor.
Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9610>. . Acesso em: 7 de novembro de 2022.

18
§ 2o Na mesma pena do § 1o incorre quem, com o intuito de lucro direto ou
indireto, distribui, vende, expõe à venda, aluga, introduz no País, adquire, oculta,
tem em depósito, original ou cópia de obra intelectual ou fonograma reproduzido
com violação do direito de autor, do direito de artista intérprete ou executante ou do
direito do produtor de fonograma, ou, ainda, aluga original ou cópia de obra
intelectual ou fonograma, sem a expressa autorização dos titulares dos direitos ou de
quem os represente.

§ 3o Se a violação consistir no oferecimento ao público, mediante cabo, fibra


ótica, satélite, ondas ou qualquer outro sistema que permita ao usuário realizar a
seleção da obra ou produção para recebê-la em um tempo e lugar previamente
determinados por quem formula a demanda, com intuito de lucro, direto ou indireto,
sem autorização expressa, conforme o caso, do autor, do artista intérprete ou
executante, do produtor de fonograma, ou de quem os represente:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

§ 4o O disposto nos §§ 1o, 2o e 3o não se aplica quando se tratar de exceção


ou limitação ao direito de autor ou os que lhe são conexos, em conformidade com o
previsto na Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, nem a cópia de obra intelectual
ou fonograma, em um só exemplar, para uso privado do copista, sem intuito de lucro
direto ou indireto." 14

Em caso julgado em novembro de 2013, a 4ª Turma decidiu que o ordenado recebido


por artista em show ao vivo não representa valor devido a título de direitos autorais, ainda que
as músicas apresentadas sejam de sua autoria (REsp 812.763). A ministra Isabel Gallotti deu
autoria ao voto vencedor. Com informações da Assessoria de Imprensa do STJ.
Algumas questões que geraram conflitos controversos em relação à cobrança dos
direitos autorais do Escritório Central de Arrecadação e Distribuição, conhecido como Ecad,
quando os autores são os intérpretes da obra. Em julgamento de abril de 2014, na 3ª Turma, a
ministra Nancy alegou: “Esta corte tem entendimento pacífico no sentido da possibilidade do
Ecad cobrar os direitos autorais, independentemente da remuneração recebida pela execução
das obras musicais pelos seus próprios autores.”15
Perante a votação foi diferenciado pela relatora os benefícios monetários pelos artistas
e pelos direitos autorais: “Há uma clara distinção entre o cachê pago aos artistas, entendido
como direito conexo devido ao intérprete da obra, e o direito autoral propriamente dito,
entendido como a remuneração pela criação da obra artística e que é passível de cobrança pelo
Ecad”, esclareceu (REsp 1.219.273).

14
BRASIL. Lei nº 10.695, de 1 de julho de 2003. Dispõe sobre A Violação aos Direitos Autorais e as devidas
penas cabíveis . Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.695.htm >. Acesso em: 16
de novembro de 2022.
15
Avanço tecnológico provoca novas discussões sobre direito autoral. Disponivel em:
<https://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias-antigas/2017/2017-11-12_08-00_Avanco-tec
nologico-provoca-novas-discussoes-sobre-direito-autoral.aspx>
19
2.3 DIREITO CONEXO

Em virtude dos fatos mencionados, vale ressaltar a importância do Direito Conexo


dentro dos Direitos Autorais. O mesmo - direito conexo - pertence aos intérpretes, produtores
fonográficos e executantes dentro da obra. 16
Visto que, uma obra não é construída de maneira independente em sua maioria, e cada
qual recebe conforme sua participação, que normalmente contam com engenheiros de música,
musicistas e produtores.

2.4 REGISTRO

É natural que ao pensarmos em proteção ao direito autoral, pensarmos também em


meios práticos para efetivar essa tutela, contudo dentro da Lei de Direitos Autorais, vemos
que a proteção não se dá por documentos obrigatórios.
Conforme o artigo 18 da Lei 9.610/98 dispõe, não existe a necessidade do registro do
autor, para que se faça vigente a proteção pela lei em questão, como pode ser visto no “Art.
18. A proteção aos direitos de que trata esta Lei independe de registro.” 17
Entretanto, cabe somente ao autor a escolha de registro da obra. Aplicando-se do
registro, o mesmo deverá ser feito em órgão público estipulado por Lei no caput e no § 1º do
art. 17 da Lei nº 5.988, de 14 de dezembro de 1973.

Art. 17. Para segurança de seus direitos, o autor da obra intelectual poderá
registrá-La, conforme sua natureza, na Biblioteca Nacional, na Escola de
Música, na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro,
no Instituto Nacional do Cinema, ou no Conselho Federal de Engenharia,
Arquitetura e Agronomia.

§ 1º Se a obra for de natureza que comporte registro em mais de um desses


órgãos, deverá ser registrada naquele com que tiver maior afinidade.
§ 2º O Poder Executivo, mediante Decreto, poderá, a qualquer tempo,
reorganizar os serviços de registro, conferindo a outros Órgãos as atribuições
a que se refere este artigo.18

Visto a desnecessidade do registro, em caso de disputa judicial, a arguição se dá por


meio de prova de anterioridade, ou seja, é indispensável a existência de uma prova para que se

16
Eboli, João Carlos de. “Os Direitos Conexos”. Disponível em:
<https://core.ac.uk/download/pdf/211925998.pdf> .Página 2
17
BRASIL. Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre os Direitos Autorais e as garantias do autor.
Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9610>. . Acesso em: 7 de novembro de 2022.
18
LEI Nº 5.988, Planalto do Governo. Disponivel em:
<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5988.htm#art17%C2%A71>. >.Acesso em: 15 de novembro de
2022
20
dê a autoria. A prova de anterioridade19 se trata do registro, sendo ele em órgão público ou em
órgão privado. Para possuir sua validade presumida se faz indeclinável a comprovação da data
e do conteúdo criado visível no registro, de modo válido.

3.PLATAFORMAS DIGITAIS

A música sempre esteve presente na história da raça humana, porém em uma forma
presente e nunca transmitida até o desenvolvimento de meios de propagação como o
gramofone20, até que o rádio foi inventado e a música conseguiu impactar e ser propagada não
somente de uma forma presencial e em um número limitado de pessoas.
Com o decorrer dos anos, novos veículos transmissores foram criados, assim como os
discos de Vinil, seguidos pelos CD´s , aparelhos móveis como o mp321 até ao que
conhecemos hoje, os streamings.
E assim, foi perceptível a transição do mercado de música do meio analógico para os
meios digitais, isso se decorreu também a partir do surgimento dos computadores e
consequentemente o acesso a internet obteve um expressivo aumento e é partir deste momento
em que o meio digital começa a ganhar mais espaço e começa a ser reconhecimento
globalmente.

A digitalização gera um barateamento na circulação de músicas, obrigando


novo olhar sobre o papel do Direito Autoral, que, em suas primeiras leis, era
justificado exatamente pelos custos da materialização do suporte. Metaforicamente,
a garrafa era protegida, não o vinho. A indústria fonográfica, a partir do fenômeno
MP3, ainda que com certo atraso, inicia a vendagem de vinho (música digital) sem
garrafa (suporte físico) (MORAES, 2006, p. 345).

O mercado digital iniciou-se nos anos 80 com a produção de CD, porém alcançou um
mercado consistente apenas nos 90, dado que nesta mesma época ele se tornou o principal
meio de consumo de música.
Este mercado tomou uma proporção que não era esperada na época e o mesmo
tornou-se um produto substituto de seus anteriores (vinil e a fita cassete). Seu desempenho foi
melhor e obteve resultados mais positivos, pois estavam entrando em um mercado com uma

19
Disponível em:Prova de Anterioridade. < https://avctoris.com/prova-de-anterioridade/>
20
O gramofone é uma invenção do alemão Emil Berliner de 1887, que servia para reproduzir som gravado
utilizando um disco plano. É um disco giratório coberto com cera, goma laca, vinil, cobre, entre outros onde são
gravadas por uma agulha, as vibrações de um som emitido e afunilado em uma corneta, interligada a uma lâmina
(membrana) que sustenta a agulha.
21
MPEG 1 Layer-3 e se trata de uma forma de compreensão de áudio.
21
demanda elevada, porém com pouca oferta, e por ser um produto com preços mais atrativos a
sociedade acatou com facilidade este novo formato.
Na década de 90 com a chegada do MP3, a digitalização da indústria fonográfica dava
seus primeiros passos. Com o desempenho do avanço da sociedade, e da tecnologia, o
desenvolvimento alcançou a indústria fonográfica através da digitalização dos telefones
móveis, onde a acessibilidade foi crescendo e cada vez mais eram capazes de mais funções, e
uma dessas foi a reprodução de músicas através de aplicativos, onde ocorreu a substituição do
meio analogico para o digital.22

3.1 STREAMING

Em 1990 o Real Audio foi lançado pela empresa Progressive Network e foi o que
obteve destaque com streaming voltado para a música, porém a transmissão de som era
extremamente prejudicada, dado que os arquivos utilizados eram muito compactos e faziam
que com o som saísse prejudicado e consequentemente com baixa qualidade. Com o avanço
da música de digitais, em 2008 o iTunes Music Store se tornou o maior distribuidor de música
nos Estados Unidos..
No passar dos anos esse novo meio digital veio ganhando cada vez mais espaço no
mundo, segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD) em 2014 as
vendas físicas reduziram em 8,1%, enquanto as receitas da área digital aumentaram em 6,9%.
Atualmente o mercado digital representa 54% e só no Brasil o consumo de música por meio
do streaming cresceu 46%.
Para compreender melhor a influência do streaming na vida das pessoas, foi
desenvolvida uma pesquisa quantitativa, com ela foi possível obter 37 respondentes, a faixa
etária que apresentou maior destaque é entre 18 a 24 anos (75,7%), sendo 56,8% do gênero
feminino e 43,2% masculino. Vide gráfico 1, é possível identificar de 94,6% dos respondentes
escutam música todos os dias e a grande maioria escuta no carro e/ou arrumando a casa e/ou o
quarto e por fim 71,4% utiliza o Spotify como a plataforma de streaming, vide gráfico 2 e 3.

Gráfico 1: Você escuta música todos os dias?

22
A evolução do armazenamento de música. Disponivel em:
<https://www.tecmundo.com.br/infografico/30658-a-evolucao-do-armazenamento-de-musicas-infografico-.htm>
22
Fonte: Própria
Gráfico 2: Quais situações você escuta música?

Fonte: Própria
Gráfico 3: Por quais meios você escuta ?

Fonte: Própria

3.1.1 Divisão das plataformas digitais

Atualmente as plataformas digitais podem ser divididas em dois meios distintos, os


streamings e os downloads de música digital. Quando se trata do download de musicas
digitalmente, se trata sobre o armazenamento de conteúdo, ou seja o usuário paga por um
arquivo para o acesso a um conteúdo; porém quando nos referimos ao streaming, estamos
tratando de um serviço amplo, o qual proporciona não mais um arquivo, mas uma distribuição
online de dados, por meio de pacotes, não apenas de música, mas de diversos conteúdos.

23
Dito isso, cabe destacar que o uso do streaming seja pago ou gratuito, por se tratar de
não apenas de um arquivo, oferece uma gama muito maior de acessibilidade, gerando a
comodidade de inúmeros conteúdos e obras em uma só plataforma.

3.1.2 Escritório central de arrecadação e distribuição

Tratando-se da autoria, da criação e das músicas veiculadas nos streamings, se faz


necessário a representação desses artistas que é feita pelo ECAD. Essa entidade se trata de um
escritório privado composto, é administrado por 7 associações de música de sociedade
autoral, que são : Abramus, Amar, Assim, Sbacem, Sicam, Socinpro e UBC. Sendo estes
responsáveis por manter relações contratuais com autores e afiliados, participando do registro
de obras e fonogramas, e definindo o valor da arrecadação e distribuição dos direitos autorais.
Com fulcro na Lei 9.610/9823, e o entendimento dos ministros da 2ª Seção do STJ é
que essa forma de transmissão é uma exibição pública da obra musical, sendo assim, segundo
o relator do caso o Ministro Villas Bôas Cueva:

“É possível afirmar que o streaming, tecnologia que possibilita a difusão


pela internet, é uma das modalidades previstas em lei pela qual as obras musicais e
fonogramas são transmitidos; e também, por definição legal, reputa-se a internet
como local de frequência coletiva, caracterizando-se, portanto, a execução como
pública.”

Esclarecido pelo relator que, conforme a Lei 9.610/98, não se faz relevante a
configuração do local para frequência coletiva, a quantidade de pessoas no ambiente de
execução musical. “O que caracteriza a execução pública de obra musical pela internet é a sua
disponibilização decorrente da transmissão em si considerada, tendo em vista o potencial
alcance de número indeterminado de pessoas”, afirmou o relator (REsp 1.559.264).
O direito autoral sob a Lei 9.610/98, possui duas divisões: os direitos do autor
propriamente dito e os direitos conexos. O primeiro relaciona-se com os criadores de
determinada criação, já o segundo tange os produtores, ou seja, não necessariamente aquele
pessoa que criou, mas que possuem extrema importância para a implementação da ação.
Segundo a Associação Brasileira de Música e Artes, o salário em relação a essas
pessoas responsáveis por gravarem músicas sempre foi um impasse, dado que: dois terços são
de direitos autorais, um terço é de direitos conexos e desse um terço 41,7% vai para o

23
BRASIL. Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre os Direitos Autorais e as garantias do autor.
Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9610>. . Acesso em: 7 de novembro de 2022.

24
intérprete, 41,7% para o produtor e 16,6% para os músicos24. E com o avanço da tecnologia e
a facilidade da sociedade em obter acesso à ela, fez com que as vendas de CD tivessem uma
forte retração. Outra consequência, foi a elevação da desigualdade em relação à remuneração
dos músicos e isso se destacou ainda mais com a ascensão das plataformas de streaming e
cada vez mais o direito autoral vêm tendo um papel protagonista.
As taxas pagas por essas plataformas são extremamente baixas, segundo a Digital
Music News e The Trichordist em 2019, a Apple Music paga uma taxa por stream de US$
0,007, enquanto o Deezer e o Spotify possui taxas menores e por fim o YouTube paga US$
0,00069. Ou seja, para que seja atingido o valor de um salário mínimo seria necessário uma
média de 470.000 streams na Apple Music e cerca de 5.000.000 de visualizações no YouTube
(Broad Band Choice, 2020)25.
Outro fator que possui interferências nesta questão, é que o Escritório Central de
Arrecadação e Distribuição, não reconhece o streaming como um meio de reprodução de
fonogramas, com base no artigo 43 do Regulamento de Distribuição.

"A distribuição das rubricas Streaming de música e audiovisual será realizada de


forma direta, com base na programação encaminhada por cada usuário responsável,
por meio de arquivo eletrônico, e contemplará os titulares de direito de autor".

Consequentemente com esse dispositivo, os detentores de direitos relacionados


(intérpretes, produtores musicais e músicos acompanhantes) não são pagos pelos streams dos
quais participam. Essa situação impede que esses titulares sejam incluídos na já pequena
parcela dos pagamentos da plataforma
É um erro conceitual não reconhecer que os serviços de streaming façam a reprodução
de um fonograma, pois o que está disponível nesses serviços são justamente arquivos de
áudio, ou seja, gravações de uma determinada obra, sobre os quais residem direitos autorais e
conteúdos correlatos quanto os conexos. Além disso, diferentes entendimentos significam
tratamento desigual das peças que utilizam o mesmo produto, pois com relação ao rádio as
mesmas normas do ECAD estabelecem:

"Artigo 26 — A distribuição das rubricas de Rádios + Direitos Gerais será realizada


por região geográfica (Centro-Oeste, Nordeste, Norte, Sudeste e Sul) e contemplará

24
O papel de cada um no fonograma (ISRC). Disponivel em:
<https://www.abramus.org.br/noticias/10438/o-papel-de-cada-um-no-fonograma-isrc/>
25
CLIFFORD, Dan. Sing for your supper. Broadband Choices, 2020. Disponível em :
<https://www.broadbandchoices.co.uk/features/sing-for-your-supper.>Acesso em: 10 de novembro de 2022.
25
os titulares de direitos de autor e conexos das execuções musicais identificadas
automaticamente originárias, exclusivamente, das planilhas de programação
fornecidas pelas emissoras ou da gravação simultânea, realizada pelo Ecad, das
rádios que transmitem sua programação via internet, na forma de Simulcast". (grifo
do autor) [6].

3.2.OS LIMITES DA LEI DO DIREITO AUTORAL NO STREAMING

Com mérito pelo artigo 2º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, Lei
nº 4.657/4226, é que a Lei não pode ser alterada, e nem de vigência temporária, apenas uma
Lei feita pelo Poder Legislativo pode revogar uma Lei em vigor.
Todavia os streamings e os meios digitais que deveriam estar com fulcro na Lei dos
Direitos Autorais (nº 9.610/98), vem se auto regendo e trilhando domínios próprios, e a
legislação que deveria ser norteadora, se faz defasada no trato dos conflitos no mundo digital.
Um exemplo massivo dessa defasagem é a plataforma de compartilhamento de vídeos, o
Youtube. Que aos criadores de conteúdo de sua rede, dá a permissão de que os mesmos
decidam os limites de uso dos conteúdos criados e postados. Fazendo de tal forma sua própria
legislação de seu conteúdo autoral, ignorando a legislação brasileira de direitos autorais.
A Plataforma conta com o sistema de tecnologia nomeado de, Content ID27 ,
ferramenta essa de criação da plataforma para fazer uma varredura por toda plataforma
buscando infrações a direitos autorais, segundo padrões do próprio streaming, portanto,
qualquer conteúdo que viole, ou entre em desacordo com o "proprietário da obra” , que pode
ser utilizado apenas por grandes usuários, devido a grande infraestrutura por trás da
programação, poderá ter seu vídeo bloqueado ou a perda da monetização sendo passada para o
“dono da obra”, titular, sendo uma decisão totalmente unilateral.28
Isto é, alegando o pretexto de liberdade, o grande criador de conteúdo, seja música ou
qualquer outra obra (grandes empresas do ramo de entretenimento), aplica sobre o menor uma
imposição de interesse individual, tornando uma das plataformas mais acessadas do mundo
um lugar onde os direitos não de fato exercidos e de pouca liberdade.

26
BRASIL. Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942. Dispõe sobre a Lei de Introdução às normas do Direito
Brasileiro. . Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del4657.htm >
27
é um sistema de impressão digital desenvolvido pelo Google que é usado para identificar e gerenciar
facilmente o conteúdo protegido por direitos autorais no YouTube.
28
.DIREITO Autoral no Youtube: liberdade ou arbitrariedade? Vlex. Disponível em:
<https://app.vlex.com/#search/jurisdiction:BR/direito+autoral/p2/WW/vid/877126816>. Acesso em: 21 de
novembro de 2022.
26
O crescimento de decisões judiciais questionando e impedindo o poder da plataforma
de retirar da plataforma conteúdos que estão com base no artigo 4629 da Lei de Direitos
Autorais.

4. PLÁGIO
A ascensão da internet, e dos meios tecnológicos que estão presentes no
cotidiano, vem trazendo modificações ao cenário judiciário.
Pela vertente da facilidade da informação, esse avanço foi um benefício, e
gerou facilidade, porém sob outro enfoque facilitou o Plágio, em diversas áreas. As
cópias de construções, ideias, raciocínios e a apresentação como próprias foi
facilitado. E o seu crescimento exponencial com o decorrer dos anos.

4.1. ORIGEM DO TERMO

A palavra plágio surgiu no século II a. C, porém com outro significado e derivou-se da


palavra plagiarius, nas falas de Fonseca:

O termo “plágio” vem do latim “plagiarius”, um abdutor de “plagiare”, ou


seja, “roubar” [...]. A expropriação do texto de um outro autor e a apresentação desse
texto como sendo de cunho próprio caracterizam um plágio e, segundo a Lei de
Direitos Autorais, 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, é considerada violação grave à
propriedade intelectual e aos direitos autorais, além de agredir frontalmente a ética e
ofender a moral acadêmica. (Fonseca, s.d.)30

Porém seu significado foi alterado no século XVIII e até hoje usamos esta derivação,
segundo Obdália Silva,31 o plágio nos dias atuais possui o significado de: “apropriação de
linguagem e de idéias do outro”. E, com base no Dicionário Jurídico, plágio é:

“[...] S. m. (Lat. plagium) Dir. Autor. Ato ilícito de imitar


trabalho alheio, principalmente reproduzindo, no todo ou em parte,
obra científica, literária ou artística de outrem, sem o consentimento
desse ou com omissão da fonte32.

29
Artigo 46 da Lei nº 9.610. O que não constitui ofensa ao Direito Autoral.
30
KROKOSCZ,Marcelo. Outras Palavras para Autoria e Plágio. Grupo GEN, 2015. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788522497331/. Acesso em: 20 de novembro de 2022.
31
SILVA, Obdália. Entre o plágio e a autoria: qual o papel da universidade?. Revista Brasileira de Educação,
2008. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/rbedu/a/PK7VSKjhMWTqCrsPQrVYTDb/?format=pdf &
lang=pt>.Acesso em: 10 de novembro de 2022.
32
PLÁGIO. Dicionário Legal Jurídico. Disponível em:
<https://direito.legal/dicionario-juridico/plagio-significado/>. Acesso em: 20 de novembro de 2022.

27
Em suma, plágio é a ação de utilizar e nomear algo que não é de sua posse e até
mesmo algo que não seja resultado de seu próprio intelecto e criatividade, ou seja, é um ato de
apropriação de algo alheio como se fosse sua própria criação. Vale ressaltar que desde o
século II a.C, até os dias atuais, isto foi um impasse e que sempre esteve presente no cotidiano
da sociedade, desde acusações mais simples, até as mais complexas.

4.2.NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA


No ordenamento jurídico brasileiro vemos jurisdições que protegem o autor contra o
plágio na constituição federal vejamos (art. 5º XVII e XVIII), no código penal (art. 184) e na
lei de direitos autorais (art. 5º, 18, 22, 23, 24, 28,29 e 102 a 110):

Constituição Federal

“Art. 5º
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização,
publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros
pelo tempo que a lei fixar;
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
35
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à
reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades
desportivas;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que
criarem ou de que participarem aos criadores, aos intérpretes e às
respectivas representações sindicais e associativas;”33

Código Penal

“Art. 184. Violar direitos de autor e os que lhe são conexos:


Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.
§ 1o Se a violação consistir em reprodução total ou parcial, com intuito
de lucro direto ou indireto, por qualquer meio ou processo, de obra
intelectual, interpretação, execução ou fonograma, sem autorização
expressa do autor, do artista intérprete ou executante, do produtor,
conforme o caso, ou de quem os represente:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 2o Na mesma pena do § 1o incorre quem, com o intuito de lucro direto
ou indireto, distribui, vende, expõe à venda, aluga, introduz no País,
adquire, oculta, tem em depósito, original ou cópia de obra intelectual
ou fonograma reproduzido com violação do direito de autor, do direito
de artista intérprete ou executante ou do direito do produtor de
fonograma, ou, ainda, aluga original ou cópia de obra intelectual ou
fonograma, sem a expressa autorização dos titulares dos direitos ou
de quem os represente.

33
BRASIL. Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre os Direitos Autorais e as garantias do autor.
Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9610>. . Acesso em: 20 de novembro de 2022.

28
§ 3o Se a violação consistir no oferecimento ao público, mediante
cabo, fibra ótica, satélite, ondas ou qualquer outro sistema que permita
ao usuário realizar a seleção da obra ou produção para recebê-la em
um tempo e lugar previamente determinados por quem formula a
demanda, com intuito de lucro, direto ou indireto, sem autorização
expressa, conforme o caso, do autor, do artista intérprete ou
executante, do produtor de fonograma, ou de quem os represente:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa
§ 4o O disposto nos §§ 1o, 2o e 3o não se aplica quando se tratar
de exceção ou limitação ao direito de autor ou os que lhe são conexos,
em conformidade com o previsto na Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de
1998, nem a cópia de obra intelectual ou fonograma, em um só
exemplar, para uso privado do copista, sem intuito de lucro direto ou
indireto. “34

A existência de uma ampla proteção sobre o autor impede o dano tanto moral quanto
patrimonial. O dano moral dado pela usurpação de sua criação, fazendo com que de certa
forma, sua paternidade, sobre sua criação fosse roubada, e os créditos morais de sua obra
dados a outrem. Os Danos Patrimoniais, devido aos recursos gastos pelo autor com a sua obra,
e o plagiador, tendo proveito monetário, o qual é devido ao autor real.
Um exemplo de plágio que ganhou notoriedade e se tornou conhecido, foi o caso do
cantor nacional Jorge Ben Jor e sua música “Taj Mahal” que foi plagiado pelo inglês, Rod
Stewart em sua música, “Do Ya Think I´m Sexy”. No caso o plágio ocorreu nos oito
compassos do refrão da obra original, que estão também na obra plagiária35.
Jorge Ben ingressou com uma ação sobre o plágio, o qual o julgamento foi favorável,
porém não conseguiu o lucro que lhe era devido, pois antes da decisão o inglês cedeu os
direitos da música ao Fundo das Nações Unidas, após um show beneficente na ONU
(Organização das Nações Unidas).
Outro exemplo, neste porém, o plágio foi evitado, foi na música “Dançarina” do Pedro
Sampaio, onde os primeiros compassos de harmonia e ritmo eram plagio da musica “Dieu
merci” do cantor francês Dadju, para evitar o plágio a autoria da composição da música
“Dançarina” foi dada também a Dadju.

34
BRASIL. Lei nº 10.695, de 1 de julho de 2003. Dispõe sobre A Violação aos Direitos Autorais e as devidas
penas cabíveis . Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.695.htm >. Acesso em: 16
de novembro de 2022.
35
ROCHA, Fabiola. Plágio como Violação do Direito do Autor. Disponível
em:<https://www.jfrj.jus.br/sites/default/files/revista-sjrj/arquivo/263-998-3-pb.pdf> Acesso em: 22 de
novembro de 2022.

29
4.3.“SAMPLE”
A música é composta por ritmo, harmonia e melodia. Todavia, com a modernização
dos meios de compor, a tecnologia possibilitou o começo de uso de "samples".
Com base no dicionário Priberam, plágio é: “ Pequeno trecho sonoro retirado de obras
musicais ou de outras gravações, para posterior reutilização numa nova obra musical.”
Os samples são pedaços de músicas já criadas que podem ser reutilizadas em outras
obras de outros artistas. Contudo, o ponto que o distingue do plágio, é que a autoria da canção
passa a ser do dono desse sample juntamente com o da obra a qual utiliza.
Em meados de 1940 com Pierre Henry e Pierre Schaeffer, criaram uma técnica
chamada Musique Concrété, que possui o significado de música concreta. A técnica se tratava
de uma reunião de diversas amostras de som, o que hoje conhecemos como sample e assim se
deu a sua criação.36
Com o passar dos anos a técnica sofreu diversas alterações e aprimoramentos devido
ao avanço tecnológico,e o surgimento de outros estilos musicais nos anos 70, como a música
eletrônica, o Rap e o Hip-Hop, que tornaram o uso do sample popular, e apenas na década de
90 consolidou-se. O Sample foi muito importante para a inovação da música e de seu
processo criativo, até mesmo para o uso de novos sons e ritmos, gerando infinitas
possibilidades, e também o crescimento do plágio.
O uso do sample devidamente autorizado e creditado não configura plágio, porém caso
não, configura.
Um exemplo de uso de sample não autorizado foi o da cantora Olivia Rodrigo em sua
música “Good for you”, que utilizou trechos da música “Misery Business” da Banda
Paramore, ou seja, sampleou a música sem autorização dos compositores, os quais não foram
creditados na música e não receberam os direitos autorais, e para evitar a acusação de plágio,
Olivia Rodrigo, fez a inclusão dos compositores (Hayley Williams e Josh Farro) nos créditos
e os lucros sobre 50% da música “Good for you.”37
Por outro lado, temos um exemplo nacional do artista, cantor Matue, que em seu
álbum "Máquina do Tempo”, sampleou a música da banda Charlie Brown Jr. “Como Tudo
Deve Ser”, porém, no início sem autorização, e por isso a música que utilizava o sampler não
36
TEIXEIRA, A. L. Música Eletroacústica – In Itinere. Revista UFG, Goiânia, v. 9, n. 1, 2017. Disponível em:
<https://revistas.ufg.br/revistaufg/article/view/48168>
37
CAMPOS, Vitória. Good 4 u: por que Paramore aparece nos créditos da música de Olivia Rodrigo?. Rolling
Stone, 2021. Disponível em:
<https://rollingstone.uol.com.br/musica/olivia-rodrigo-devera-dividir-arrecadacoes-de-good-4-u-com-banda-para
more/>.Acesso em: 20 de novembro de 2022.

30
estaria no álbum. Após conseguir a autorização dos compositores, a música que dá nome ao
álbum "Máquina do Tempo” possui o sampler e foi lançada com os compositores
devidamente creditados.38

5.PIRATARIA

Abordando sobre direitos autorais e quais meios de proteção são necessários para a
segurança e a garantia de seus direitos seguros, um grande adversário do autor e suas obras, e
não somente de ambos, mas também da indústria , é a pirataria.

5.1. CONCEITO HISTÓRICO

A Pirataria se trata da violação do Direito Autoral, com a venda através da duplicação


de produtos, músicas, filmes, qualquer tipo de arte sem a devida autorização do Autor. A
origem da expressão, vem dos antigos ladrões navegantes conhecidos como “Piratas”; a
analogia com o roubo e a venda de artigos, produtos ilegais, assim como acontece até os
tempos modernos, todavia de modo desenvolvido.
A cópia não autenticada de obras começou juntamente com a indústria fonográfica,
onde por meados dos anos 50 se limitavam a cópias não autorizadas de partituras. Com o
crescente desenvolvimento tecnológico na indústria, os métodos de pirataria acompanharam,
e desde o surgimento do LP (Long Play) como formato de distribuição, o ato ilícito teve um
crescimento exponencial, contando com fábricas de discos não autorizados conhecidos na
época como “bootleg records” os discos piratas, entretanto os bootleg records, ofereciam
muito mais do que apenas musicas ja gravadas e disponíveis em discos "originais", se
tratavam também de conteúdos de certa forma exclusivos. E o caminho corrido pela pirataria
desde seus primórdios percorreu desde partituras início dos anos 30, até o CD´s5 na década de
90.
“No final dos anos 60, o termo “bootlegging” veio a ser usado em um
sentido mais especializado. Na medida em que aplicou as gravações, denota
não só a distribuição de músicas já existentes sem autorização, mas também a
distribuição não autorizada de material, de outra forma indisponível, tomado da

38
OLIVEIRA, Bruno. Matuê samplea clássico do Charlie Brown Jr. em seu novo álbum “Máquina do Tempo”.
Rap 24 horas, 2020. Disponível
em:<https://rap24horas.com.br/2020/09/11/matue-samplea-classico-do-charlie-brown-jr-em-seu-novo-album-ma
quina-do-tempo/>. Acesso em: 20 de novembro de 2022.

31
gravação de um concerto ou uma transmissão gravada, ou a partir de sessões inéditas
de estúdio (KERNFELD, 2011: 125).”39

Todavia, esse ato ilícito sempre possuiu respaldo jurídico e foi combatido da maneira
mais viável. Contudo com o uso da internet a pirataria se transformou em um problema de
maior magnitude devido a programas como utorrent, napster, limewire, ares, 4shared e outros
que facilitaram o usuário online a criar uma nuvem de dados e mídias onde todos contribuem
e compartilham dados como, músicas, filmes, séries, e etc. Fato este que gerou o crescimento
em massa da pirataria e gerou crise na indústria fonográfica.

5.2 DECLÍNIO EM RAZÃO DO STREAMING

Segundo o Código Penal, no seu artigo nº 184. da Lei 10.695, de 1 de Julho de 2003,
vemos os crimes contra a propriedade intelectual, o qual a pirataria se encaixa, vejamos: “Art.
184. Violar direitos de autor e os que lhe são conexos: Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1
(um) ano, ou multa.”
Contudo, com a chegada do streaming e das plataformas online, não apenas na
indústria fonográfica, foi possível notar que a pirataria em âmbito nacional diminuiu, e entrou
em um decrescente, como podemos ver no gráfico 4.

Gráfico 4: Frequência de compra de produtos piratas

Fonte: Confederação Nacional da Indústria/Reprodução, 2020

Em suma, mesmo com essa perceptível decrescente, a Pirataria não foi paralisada e
muito menos extinta, todavia, o caminho sendo trilhado pela indústria fonográfica gera cada
vez mais a diminuição do acesso a essa ilegalidade, pela facilidade que foi gerada ao acesso às
obras originais.

39
.PAIVA, José. Da Pirataria ao Streaming: Discutindo Novas Relações entre Artistas e o Mercado
Fonográfico. Revista Geminis, 2017. Disponível em:
<https://www.revistageminis.ufscar.br/index.php/geminis/article/view/285/256> Acesso em: 20 de novembro de
2022.

32
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o desenvolvimento desta monografia, foi possível compreender e ter o


entendimento sobre o conceito do Direito Autoral, quais princípios são tutelados, e até mesmo
seu surgimento, em âmbito nacional quanto internacional, sendo por meio desta que o acervo
cultural, não apenas nacional, é assegurado, e sua aplicabilidade perante a indústria
fonográfica, e perante ao nosso ordenamento jurídico, construindo um patrimônio comum
nacional.
Sendo assim, vimos que a evolução tecnológica, que afetou o mundo todo, afetou
positivamente a indústria musical, desde seus primórdios dos meios fonográficos, até os
meios analogicos e digitais, o qual possui falhas, mas também é ampla a defesa aos Direitos
Autorais e toda sua gama de legislações, garantindo a segurança não apenas monetária, mas
intelectual para todos os elos da cadeia criativa.
Constatando que o direito autoral e a indústria fonográfica, musical, estão conectadas,
pelo molde das leis com base nas relações existentes na sociedade, cultura e indústria.
O que se foi possível apurar foi dado através de pesquisas em sites/blogs, pesquisa
quantitativa de autoria própria, tanto jornalística, como acadêmica, jurisprudências, doutrinas,
legislações e artigos científicos.

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7. REFERÊNCIAS
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